Dentro da Betoneira - Thiago Cervan
-
Upload
thiago-cervan -
Category
Documents
-
view
325 -
download
9
description
Transcript of Dentro da Betoneira - Thiago Cervan
-
1| .dentro da betoneira. || .thiago.cervan. |
-
2 2014 - Thiago Cervan
-
3la estrella de la esperanzacontinuar siendo nuestra
| .Vctor Jara. |
-
4
-
5Para Otto Ren Castillo
-
6
-
7| .pedra. |
-
8_ideia fixa
a facafere com a lmina& iluminaa carneexposta do mortode bucho mostra. a bala perfuraa peleinimiga & abriga-se debaixodo umbigo do morto: navio atracado ao porto.
a poesia que no arma [nunca foi & nunca ser]no fura,no sangra, no mata. no mximo, diz sobre omortoou sobrecoisas vivas que tambm morrerode facade bala de no.
-
9_upp
e eles chegarusem espelho [nenhunzinho]tudo vestido de preto. sdava pra ver os zoio. chegaru sem cruz, sem catecismo.foi tudo limpo. sem engano.s subiru e mandarutodo mundo entr e quiet e oi sem v. no comeo teve uns que gostaru delesacharu que ia melhor. tevequem deu at gua [v se pode] e no mais o geiselo generalfaz tempo.e diz que o nome outro. acho que antes terminavacom ura urro urraagoratermina com cia algo assimno sei.
-
10
_anhangaba
camels vendem dvds pornsenquanto travestis de um metro e noventa& pirocas de trinta centmetros exibem-se como mesmo rigor dos soldados da guarda-realbritnica. god save the queen. vende-se tudo:milho transgnico no pratinho da china,guarda-chuvas de meteoritos e erva cidreirade plstico & em um canto qualquer seresamontoados tem os dorsos cobertos por caixasde papelo com impresses metalingusticas: frgil,manusear com cuidado, made in brazil .vmitos de anjos & pedrinhas que no esto noaqurio compe o cenrio da maldio dapelcula que no entrar para a lista dos filmes deterror mais importantes da ltima dcada.vagabundos em geral levam a vida como d,entre um puto & uma puta, uma boatee um bote certeiro & os estagirios & executivos& todos os tipos possveis rumam s catracasnuma fila indiana do carrossel infinito que se seguesobre o vale da sombra dos autctones nus
-
11
_rattus norvegicus
em plena luz vespertinaa ratazana de metal cinza chumbosegue lentamente sua rotapelas ruas do centro
curiosos observamosa atrao que ostentaem letras garrafais:
el gran mamferoo roedor dos moradoresdos extremos do mapa
permanecemos caladose atnitos ao desfile
-
12
_inho
gostam dos cultos. dos cults. cala social, sapato, suspensrio, culos.
acham bonitinho.
gostam dos que sabem de herzog e dominam o francs.
gostam dos blass: testa franzida,bocejo para o caos e bach na vitrola.
no gostam dos maloqueiros, so agressivos demais. olha me, pode jogar maconha pra ele?
gostam dos que se assemelham a eles.gostam dos que passam um pano no passado.no adianta passar pano: o pano rasga.
no gostam dos que remexem a tez aberta, repleta de pus. ptrida.
-
13
_do exemplo
voam
maisberramdo que voamas maritacasque trafegamlivrementee mesmo assimrasgam a manh[o tecer pertenceaos galos]
transitam
mais pagamque transitamos bpedes que calamsuas matracasperante as catracasdo rotineiro af
as maritacasvoam porqueberrame no berrar incansvel acordam rvores de razes centenrias
-
14
_rondas
rbitas de bitoseclipses& um buraco no negro
-
15
_luz mau
o profeta brio recitaapocalipses e apcrifos
rouco e invencvel continua a pregar
aguarda acarruagem de fogorumo translaona plataforma lotadados que somenteesperam a salvaopela baldeao
-
16
_alemo & outras etnias
personificadoem trabalhadorcom o hades naponta do dedoo palcio paladinosobe o terreiro comseu robusto maquinrio, varrendo-o. e, assim, emblemtico, finaliza os servios de terraplenagem& assepsia no cho onde mulheres e homensde bano equilibraram-se em pirambeiras desonhos com tijolos nos lombos e carriolas de exausto
-
17
_galdino & outros
no menos um graupulmes sem pulveresdormem na gora [agora calada]
os pombos com seus arrulhosanunciam as sombras dos nazis que se agigantam nas paredes da urbe e depois se refugiamdebaixo das togas
-
18
_antinatural
razes arrebentam caladas onde ondas rebentaram
onde sandlias arrebentaram
onde rebentos sem guias sem sais sem solas
permanecem arrebentados
-
19
_na calada
a casa acordada emmeio madrugadapelo bico do coturnoestatal tem gavetascom peaspudas e armriosvazios revirados.procuram a boca.vira-latas latemluzes vizinhasacendem procurade decifrar o enigma.ningum sabeningum viu no choos dentes fora da boca
arcada forjada no diorangendo revanche
-
20
_encosta
a cozinha onde se preparava o feijo com coentro e o suco da acerola colhida do p do quintalzinho dos fundos
o banheiro dos primeirosbanhos, os sofs deformadospelo calor dos corpos que assistiam melodramas e filmes de ao
tudo marrom
os cadernos de liesincompletas as camisas de golas frouxas as bermudas coloridas
tudo marrom
no quarto ps sem chineloscobertos de telhas vermelhase um lamento marrom
-
21
_declive
disseca o absoluto nada[leva-o mxima importncia]coteja barbries barbies & exibe o mximo domnioda flor do lcio ao lanar ohexmetro dactlico no tabuleiro da vaidade. exige o reconhecimentonobilirquico lexical.aparta-se do partomundano onde a placentaenvolve o feto na caamba.fecha os olhos e abstrai o vasto campo improdutivo,a acumulao palacial etc.e pergunta retoricamente[e de forma ingnua]o que o poder.no sente a mordidado co que vigia acasa e rasga a tbia.no sente as correntes que rosa sentiu. frgil, estril. til a falsa rtila.
-
22
-
23
| .gua. |
-
24
escolher as roupas, a mudana de forma. comunicar os prximose os longnquos. pensar antecipadamente & cremar a angstia da possibilidade deir depois dos que deveriam ir depois
-
25
_lmina
foi preciso certo tempo para o reconhecimento
a tmida nitidez contornoua ris e paralisou as plpebras
a memria do passado refletiuao timbre das batidas na piae no rodamoinho de gua, espuma e pelos
um ano a menos& vermelhido
-
26
o beb de macacozinho rendado dorme na tranquilidade das mantas& de tempos em tempos desperta com sua minscula cavidade oral procura da aurola guardadora da seiva& esse movimento [do cordo bucal] faz escorrer deliciosamentepela face de todos os outros presentes na salaa baba quente do encanto
para lavinia
-
27
_gnese
quatro geraes reunidas no cmodo de quatro por quatro:
o primeiro menor mama, a segunda menor correos outros falam sobre o passado tirando o p das imagens mveis
o pai do ateu crente e discursa sobre a famlia& o comprometimento do filho com a instituiodiz que a mudana deve comear em casa
o ateu e comunista reluta em debater sem revelar sua descrena[para evitar desavenas] mas no se contm e afirma:famlia doena
a segunda menor brinca com os cachorros
a bisav v novela
as fotos desgastam do mesmo modo de antes pb amarelado, carcomido pelas bodas
-
28
_seco
o semblante carregadopor ossos protuberantes e terminaes nervosas nada conclusivas
coberto de pelos que indiciam trinta ou maismas que no chegaram ainda a idade de hendrix
suporte de culos e marcas amargasmoldado pela poeira pesada em meio ao suordos poros fechados para o riso
-
29
_hc
na sala alvasilenciosas e transparentes cobras plsticas retorcem nossas gargantas em n
os tubos no so de nenhum rgo porm tocamdolorosamenteo corpo pianssimo de minha av
-
30
o vendedor na praialembra um rei de maracatu em meio aocolorido das cangas
o vendedor de cangassamba no compasso da mercadoriae no brinca maracatu:
nego, a vidano alegoria
mandacaru
-
31
_tampa branca
quando as cordas comearam a descer o esquife
o hino da harpa crist das assembleias de deusfoi entoado pelos irmos da igreja do jardim cambu
mais perto quero estarmeu deus de ti
a f da criana de sete anos fingiu resistire a gaveta arquivou a matria do ato atro
minha irm,seis anos no era idade pra isso
-
32
a palavra no tocacomo uma mo tocao seio novio & rijo
a palavra no tocacomo uma mo tocao saco de lixo
a palavra no tocacomo uma mo tocaa lata no ato do picho
a palavra no tocacomo uma mo tocao piano com capricho
a palavra no tocacomo uma mo tocaos pelos do bicho
a palavra no toca& entoca -se:esconderijo
-
33
_alice
pelo espesso vidro:as meias e as luvasescondiam os ps e as mosque lutavam com o arna estreia dos sentidos
vamos no compassodos olhos [poucoacostumadoscom a claridade]o fulgor virgem e singeloromper uma tarde inteirade um mundo lacrado
-
34
_carretel
durante a rajadade pass & ar no firmamento das frias
gametas coloridos guiados por mozinhas brincam de pega-pega& transmutam-se em peixinhos & arraiasque sobre os mastros de luz [ornados com rabiolasde outros tempos]
bailam
-
35
_no com roberto baggio
limpa a cal do terreno & com passos de caranguejo busca o eixo do equilbrio | mira, apenas mira | no universo do rito somente o silvo de metal sensibilizaos tmpanos | mira com a respirao suspensa |& faz o ngulo engolir a esfera liberta em apoteose
-
36
_cmara clara
a objetiva objetiva
[tal qualo peixe a iscano anzol]
fazer o olho de peixefisgar o sol
-
37
_p diablico
para marcelo pereira surcin
o pequeno pemerge na batida:vai e volta ao verde ponto de partida & prximo meia-lua brancapequena, diurna
observa o voo gerador dosculo entre estranhos
olhos suados invadem o tobog: escorregam na glria
-
38
o nomeno a coisaembora toda coisatenha um nomee todo nome seja tambmuma coisa da linguagemessa coisacentro&margemque saltado alto das virgens origens:vertigemselvagem
-
39
_pito
a perna de grilochameja na noitecomo se vaga-lume fosse. di um tapinha no di a servio do papo de plumaa baforada se esvai por entre a toalha j seca[feito a boca]penduradano varal dos fundos
um sorriso incenso na fotografia que ningum fez
-
40
-
41
| .cimento. |
-
42
_2:17 am
as plpebras carregam o peso do diae abertas sonegam o sono que por parasos de outros olhosa essa hora viaja sem malasas plpebras carregam o peso do diae abertas sonegam o sono que no estupor de outros olhosviaja em noites senzalas
-
43
_reificao
a fachada misteriosa da fbrica beira da marginal taiocafabricava assombraes em minha imaginao
seu terreno cercado por bambuse lacrado por um espesso porto pretoparecia guardar enigmas indizveis
anos depois descobri que no havia nada demaisnaquele lugar: era uma simples fbrica de mveisde tamanho mediano
de onde saiam sofs, camas, mesase trabalhadores exaustos em srie
-
44
_sem milagre
os corpos imveis estavam submersosnas guas temperadasdo quadriltero transparente
e ento foram retirados do fundo forrado de cascalhopara serem sepultados na sacola plstica onde os detritos orgnicos aguardama ressurreio decompositria
-
45
_uma tarde na praia
a chuva destrona o voo do urubu reique aguarda o fim do temporalsobre a pedra rasgada pelasondas que nascem l longe onde a linha do horizonte amarra o mistrio do ritmo martimonas mos dos pescadores querecolhem seus saveiros & apetrechoscom a mesma naturalidadedos siris que cavucam na areiacheia de rastros do labor caiara[sem sabor de melao]
-
46
_ponto
a jornada insalubresuportada dentro dos quentesmacaces azuis
diariamente salpicados pelo espesso leo das mquinas escandalosas
encobre o ranger dos ossosdaqueles que gastam a reserva do petrleo vital nas engrenagensemperradas fabris
mantenedora dos dias febris
-
47
_moenda
cana-de-acar - cano de metal - cana-de-acar - cano de metal pastoso melado goteja provoca eroses [na cavidade peitoral]cana-de-acar - cano de metal - cana-de-acar - cano de metal pinga sofrido na terra forma crateras [e cobre com cal]cana-de-acar - cano de metal - cana-de-acar - cano de metal
-
48
_retrato aos oitenta e quatro
sentada sob o sol da manhela conta, impvida, os mortos do anoe continua a bordar seus novos temposde remdios dirios e alimentos inspidosas falas misturam fatos & focos na bocado corpo de carnes frouxas e equilbrio capenga. na rouquido das horas: o desfiladeiro e a fragilidade dos dias de vidro
-
49
_oito por cinco [s vezes por seis]
sorrir passando aperreiosem pelejas alheias de escritrios& negcios quaisquer
pra no simulacro do naco de vidade fim de semanadesvincar- se
-
50
_invaso
e da rispidez do murosaltavam percevejos [forasteirosdos terrenos fartosde tijolos quebrados,mato e derivados de petrleo]
os hempteros no voavame continuavam amide na procisso que encontrava as solas de nossas sandliasou as tiras gastas da piaavana curva do fim
-
51
_eixo
flexionar os ps sob a obrigatoriedadeda pontualidade
carga pesada pendendo sobre as costas cansadas de encostas retorcidas
o medo de cortar a curvaou cerrar os olhos na serraou perder -se na saudade sem freioda fotografia exposta no painel
ou o medo dedeixar que as vsceraspeream feitoos cortes do ba
garantir a carne alheia
moer a prpria
-
52
_hlice
o trnsito quase inerte do cerrado ptreo no maior amontoado de cimento & ferrosulamericano revela populaes enguiadasnas engrenagens do modo de produo da explorao pulsam & fritam no leo das mquinas que traz o odorptrido s narinas [agora fechadas no ar condicionado]ouvidos atados rdio atentos s enchentese s sirenes e inflao no escutam o somdos corpos gemendo fora da redoma de metal onde o vento lamina a carne desagasalhada
-
53
_pausa
semicerrado pela hiptese do comeo do labor ps quentinha
o olhar acompanha as brechas que surgem e apontamcaminhos de fuga e estrelas do meio-dia
debaixo das claraboias mnimas no tecido gasto do bon
a face proletria descansa sob o universo
-
54
o sangueaspergidona face do mamferosem meescorre porparedes surdas
sanguneoo bichocambaleiae fogeda vida
inertegrunhe na memriado outro bicho
-
55
| .areia. |
-
56
_guia
no caminho da pedra grande - na ris da mata -h uma cachoeira formada de outras pedrasmenores. para se chegar a ela precisocaminhar alguns minutos. [talvez quinzeou vinte]. & tambm preciso colocar o p nalama [por vezes atolar]. se faz necessrio seguir o som & driblar os galhos para, assim, perceber a proximidade da gua.dica: ao avist-la, feche os olhos & retire a indumentria.esvazie as algibeiras. de preferncia, fique nu. subalentamente pelo piso mido e adentre no ventre doenigma mineral que irrompe a existncia.
-
57
devastar a garganta em debatesde decibeis estridentes parasensibilizar a audiode surdez resoluta
raspar a lngua no palatofeito peixe na areiada prainha da represadebatendo-sedebalde
-
58
_bauru on the road
as margens da rodovia amargamno ardor da garapa
vento levando por quilmetros & quilmetros esverdeados o cheiro do solo, oprbrio do desenvolvimento
de dentro do carro e sem constrangimento algumnossos narizes confortveisreclamam do odor movedor [e inebriante]dos dias de passeio
-
59
_vrgula amor
os filmes continuam com beijos ardentes casas no campo cachorros saltitantes & sobremesas de damascos assistimos no frio de junho a maisuma histria algodo doce enrolados no edredom vermelho groselha e sequer notamos a tensoo ponto de virada o desfecho fundo preto letrabranca no sof o mocinho & a mocinha com aspernas entrelaadas balbuciando ais
-
60
_refgio
a mo gira a chavee impulsiona quaseimediatamente a aodos corpos antes largados na preguia do fim de tardea correrem ao encontro do torx cansado[mas aberto]que massageadopelos pulos abruptos das cadelas danantesque sapateiamnos dias de co
& eu no sou cachorro nopra viver assim to humilhado
-
61
_maria joana
o chocolate-verde ancestral adoa a manh de preguia junto com a cia das rvoresde razes profundas que erguem caladassem esforo. o aperitivo faz o estmago abrir aboca da fome e os olhos desejarem o formigamento da pele. lnguas saltam do quarto da neblina que beija & saliva o crnio.& de frente pra rua habitada de gigantes vegetaiso estilhao das nuvens rodopiantes acontece em cmera lenta
-
62
_paira
na prxima curva quase perto de casa. nos ps suados das multides.na quina do lavabo branco encardido. no dedo trmulo do p-de-pato. no espasmo pulmonar. na sncope cardaca. em cada timoem cada tomo.
-
63
_ritornello
a brevepara a semibreve
a fusapara a semifusa
a mnima para a semnima
respiraostacatto
fermatapra musa
com Osvaldo Pena
-
64
_ida
nas rugas da face as lgrimasempoam
as mos dbeisseguem o rito: sugam com as pontas dos dedos o tempo
os sulcos represam o passadorememorado de gracejos e lnguas montanhas-russas
a falta do abrao esticadoaumenta a taquicardia:
a partida do agora uma plataforma abissal
-
65
_baianinho de mau
a esfera cruza subvertical e desliza no plano plano
trpegabate bbada nas quinas
concentra aquieta
para
se apoia no canto
observa
corre
rodopia por entre cores sortidas
cambaleia e se rende ao descanso da rede
a perus, malagueta e bacanao
-
66
_espinha de bacalhau
retirar a flanela laranja do corpo fragmentado de madeiraunir campnula, corpos superior & inferiorbarrilete & boquilha no adgio, molto tranquiloumedecer a palheta com a lngua gildo stacatto & prend-la com a borboleta prateada& com o pulmo de mil fumantes crnicos& com os dedos atrofiados pela poeirados fechos enferrujados da maletareviver com pouco brilho o clarinete de anos atrs
-
67
_brotas
a cada estralo de gravetouma fagulha de lembranapulava na conversa queacontecia em terra de refgio ondeo fogo da memria cozinhavalentamente o passado: meninas,quimbanda, cirandas sem sapatos& a lngua indecifrvel dosantigos que, qual o quilombo,silenciou.
-
68
_ararapira
quase tudo fora deixado para trsno vilarejo de ararapira
somente o cemitrio centenriocontinua a ser til para os moradoresda regio [ex-moradores do vilarejo]
quando precisamenterrar um novo mortocavam com suas prprias psas covas
& no so raras as vezesque defrontam -se com ossos & caixesde mortos sem nomes, sem rostos
de mortos que precisam ceder lugar aoutros mortos
mortos que esto comotodos os mortos um dia ficaro:
esquecidose desgastados pela erosodo silncio daqueles que vivos -ainda- esto
-
69
fazer o poema bi ou trans. o poema amorquia do andr. o poema poliamor do z. o poema que no precise se explicar se, de repente, virar cano. o poema que pound no conseguiu colocar nas prateleiras do abc. o poema que embale tanto a decapitao das cabeas dos fascistas quanto a luz que incide sobre a tarde. o poema molotov: facho de luz. o poema imperfeito feito este. o poema feito feitio de orao do caf-com-po-caf-com-po. o poema cru: nu a pelo pelo povo nu arrastado por sculos pelos cabelos pixaim & sarar na sarjeta da histria. o poema sem mito, sem eruditos perdidos na pharmcia hermtica do fala-fala-e-no-diz-nada. o poema de co : um poema do poeta do no [a fazer].
-
70
| . Com carinho . |
A Renato Barros pelo empenho e elaborao caprichosa de todo o pro-jeto grfico. A Osvaldo Pena pela leitura dos poemas, reviso e conversas que ajudaram a compor este livro. A Caroline Aikawa pela ajuda na organi-zao dos poemas. A Incubadora de Artistas pelo financiamento do projeto. Aos amigos do Sarau do Manolo pela companhia na luta. A Laura Aidar pelo amor.
-
71
| . Sobre . |
Thiago Cervan nasceu em So Bernardo do Campo/SP em 1985. Mora em Atibaia/SP. Em 2012 publicou Sumo Bagao (Edies Maloqueirista). Dentro da Betoneira seu segundo livro. Contato: [email protected]
-
72
| . Apoio Cultural . |