Degustação Talita Cumi

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Talita Cumi

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Sinopse: A presente obra está estruturada em 37 capítulos apresentando: diversas passagens da vida do Cristo; importantes parábolas ensinadas pelo Mestre; algumas bem selecionadas curas por Ele promovidas; finalizando com Sua prisão, julgamento, crucificação e a ressurreição vitoriosa. É um livro de leitura fácil, agradável e edificante. Embora profunda em sua essência, é dessas obras que começamos a ler e não queremos parar.

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Sergito de Souza Cavalcanti

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Sumário

Apresentação ................................................................ 11 Prefácio .......................................................................... 131- Talita cumi ...................................................................... 192- A tentação de Jesus ........................................................ 263- O Menino Jesus entre os doutores ................................ 314- A aparição de Jesus na praia de Genezaré ................... 355- Jesus é rejeitado pelos samaritanos .............................. 396- A parábola da pérola ...................................................... 437- Olhos bons ...................................................................... 478- Maria de Madalena ........................................................ 519- A cura dos leprosos ........................................................ 5710- A parábola do semeador .............................................. 6211- Condição para seguir Jesus ......................................... 6712- As bodas de Caná ......................................................... 7113- Pescadores de homens ................................................. 7514- Fuga de Jesus para o Egito .......................................... 7915- Mulheres que seguiram Jesus ..................................... 8316- Os trabalhadores da última hora ................................. 8817- A parábola do avarento ................................................ 9418- Jesus faz da canoa de Pedro seu púlpito ..................... 9819- Ambição egoísta .......................................................... 10320- O segundo advento de Jesus ..................................... 10821- A pesca maravilhosa .................................................. 11222- Jesus prediz a sua morte ............................................ 11623- A cura do surdo-mudo ............................................... 12024- A súplica da mulher cananéia ................................... 124

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25- O Precursor ................................................................ 11826- Jesus rejeita bebida entorpecente .............................. 12327- Apascenta as minhas ovelhas .................................... 12728- As mulheres choram por Jesus ................................. 13029- A cura de uma mulher encurvada ............................ 13430- I.N.R.I. ........................................................................ 13831- A parábola das dez virgens ........................................ 14332- A morte do grão de trigo ............................................ 14833- As últimas frases de Jesus no Gólgota ...................... 15134- A parábola do dois filhos ............................................ 15535- Pilatos lava suas mãos ............................................... 15936- A incredulidade de Tomé ........................................... 16337- Túnica não rasgada .................................................... 167

Posfácio (Biografia dos doze apóstolos de Jesus)

- Pedro ............................................................................... 173- André ............................................................................... 177- Tiago Maior .................................................................... 179- João ................................................................................. 182- Filipe ................................................................................ 186- Bartolomeu ..................................................................... 188- Tomé ................................................................................ 190- Mateus ............................................................................. 192- Tiago Menor ................................................................... 195- Judas Tadeu .................................................................... 197- Simão, o Zelote ............................................................... 198- Judas Iscariotes .............................................................. 199- Bibliografia ...................................................................... 219

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ApresentaçãoPalavras do autor

Talita Cumi é o quarto livro de estudos evangélicos pu-blicado pela Editora Itapuã. De nossa autoria, três outros o precederam: Rabboni, Emaús e Getsêmani. Sentimos por isso uma gostosa sensação de dever cumprido, ao finalizar-mos mais uma obra.

Ao publicarmos esses títulos, moveu-nos tão-somente o intuito de contribuir na urgente e impostergável tarefa de difundir os ensinos de nosso Mestre, esclarecidos pelas luzes da doutrino maravilhosa que tem nos facilitado o entendi-mento.

(...)A sociedade atual vive uma crise de caráter, em de-

corrência da ignorância espiritual que assola nosso orbe. Vivemos numa época de conturbação e esvaziamento de valores espirituais. A violência, os vícios, o desregramento e a sexualidade irresponsável vêm nos causando inúmeros malefícios. Nossa maior carência não é a de homens cultos e eruditos, mas, principalmente, de sábios, pessoas boas e honradas, educadas à luz da mensagem libertadora do Ho-mem de Nazaré.

(...)

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Prefácio

A semente do Espiritismo foi semeada nos corações em meados do século XIX, inicialmente nos Estados Unidos, a partir do fenômeno de Hydesville (vilarejo situado próximo da cidade de Rochester, no condado de Wayne, no Estado de New York, nos Estados Unidos). Algum tempo depois, foi transplantada para a França, país que pouco antes havia levantado a bandeira da liberdade, igualdade e fraternidade. Em território francês, encontrou no missionário Allan Kar-dec o seu maior expoente. Esse discípulo de Pestalozzi, em cerca de quinze anos, deu à Terceira Revelação uma sólida estrutura doutrinária, com base na filosofia, na ciência e na religião, codificando-a sob o nome de Doutrina Espírita, a respeito da qual publicou, dentre outros, os seguintes livros básicos de sua autoria: O Livro dos Espíritos, em 1857; O Livro dos Médiuns, em 1861; O Evangelho Segundo o Es-piritismo, em 1864; O Céu e o Inferno, em 1865; A Gênese, em 1868, considerados como o “Pentateuco do Espiritismo”.

Antes de continuarmos falando de Kardec, vale lem-brar que os quatro Evangelhos de Jesus, inseridos no Novo Testamento, estão contidos em 89 capítulos e 3778 versí-culos, dos quais o Evangelho de Mateus contribuiu com 28 capítulos e 1071 versículos; o de Marcos com 16 capítulos e 678 versículos; o de Lucas com 21 capítulos e 1151 versí-culos, e o de João com 21 capítulos e 878 versículos.

(...)Ao surgir na arena humana, a Doutrina Espírita, por

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um lado, despertou logo o interesse daquelas pessoas pre-ocupadas em obter respostas às indagações do tipo “quem sou?”, “de onde venho?” e “para onde vou?”; por outro lado “deparou com uma surda oposição junto às autoridades reli-giosas. Mas a guarida encontrada nos corações e mentes de milhões de pessoas, fez com que a semente da novel doutri-na germinasse, brotasse, crescesse, florescesse e produzisse frutos “a cem, sessenta e trinta por um”, conforme a pará-bola do semeador, ensinada por Jesus.

(...)A Doutrina dos Espíritos nos orienta que a humanida-

de, nesses últimos 3500 anos foi beneficiada com três revela-ções do alto. A primeira delas, conhecida como “Revelação da Justiça”, foi recebida por Moisés, sob a forma de decálo-go, o qual, para coibir os abusos de então, limitou o direito de cada pessoa e estabeleceu, como obrigação de cada um, o respeito ao direito do próximo. A segunda, a “Revelação do Amor a Deus e ao próximo”, no século I da Era Cristã, trazida, ensinada, vivida e exemplificada pelo próprio gover-nador espiritual do nosso planeta, Jesus, aquele a quem cru-cificamos. A terceira revelação foi-nos prometida pelo Mes-tre antes de ser preso e crucificado. Preveniu Ele aos seus apóstolos que ainda tinha muito a lhes dizer que, então, eles não poderiam compreender. Mas, quando viesse o Espírito da Verdade, ele os conduziria à verdade plena (ver Jo 16,13). Disse mais: “O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse (Jo 14,26)”, “e vos anunciará as coisas futuras (Jo 16,13).”

O Espírito Emmanuel, através do saudoso médium Chico Xavier, em sua obra intitulada O Consolador, ques-tão 271, relembra-nos de que, já tendo sido iluminada com três revelações do Alto, não pode a humanidade se esquecer de que, no centro dessas intervenções espirituais, fulgura Je-sus, o Cristo de Deus, “como o fundamento de toda a luz e de toda a sabedoria.” Ora, em sendo assim, compreende—se

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perfeitamente que o Espiritismo, na sua feição de “Terceira Revelação”, veio com a missão de recordar tudo o que Je-sus havia ensinado, para conduzir a humanidade à compre-ensão da “verdade plena” contida no Evangelho e também para anunciar as coisas futuras, prometidas pelo Cristo de Deus.

(...)Tudo o que dissemos até agora foi para justificar o nos-

so entusiasmo e alegria, ao ver esta obra de autoria do pro-fessor Sergito de Souza Cavalcanti, da UFMG, amigo nosso de longa data e que, nos últimos anos, vem se dedicando a pesquisas sérias em torno da Boa Nova, já tendo nos brin-dado com três obras por ele publicadas, com os sugestivos títulos Rabboni, Getsêmani e Emaús e agora nos presenteia novamente com outra pérola, intitulada Talita cumi, todas elas voltadas para o exame de passagens evangélicas, à luz da Doutrina Espírita. São páginas em que o autor elucida, com clareza e simplicidade, diversos ensinamentos de Jesus, revelando ao leitor sutilezas nem sempre encontradas em outros autores.

(...)Esta obra certamente fortalecerá as convicções reli-

giosas de seus leitores e contribuirá, positivamente, na luta pela conquista da reforma íntima de cada um, auxiliando a todos nessa milenar batalha diuturna de fazer crescer em nós uma nova criatura, repleta de justiça, amor e caridade em relação ao nosso próximo.

João Martins e Martins da SilvaCenáculo Espírita Thiago Maior

Belo Horizonte - Minas Gerais

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“E tomando a mão da menina disse-lhe: Talita cumi, que traduzido é: menina, a ti te digo, levanta-te.”1

Sempre foi muito intensa a movimentação de Jesus, a fim de cumprir a missão delegada por seu Pai celestial. Vin-do da região de Gadara, onde libertara dois endemoninha-dos que viviam dentre os sepulcros, atravessou novamente o Lago de Tiberíades, desembarcando em Cafarnaum. Nes-ta cidade, uma grande multidão já o esperava ansiosa. Sua fama já ia longe e, onde quer que fosse, enfermos e sofredo-res de todas as espécies O buscavam, para receberem alívio e alento para seus males.

“E, eis que chegou um dos principais da Sinagoga, por nome Jairo e, vendo-O, prostrou-se aos seus pés.2

Jairo, cheio de fé, movimentando seus recursos, procu-ra Jesus. Apesar do alto posto que ocupava, prostra-se aos pés de seu Mestre, reverenciando-o humildemente. Jairo, de alguma maneira, corria algum risco político ao se expor assim publicamente aos pés de Jesus, pois, naquela fase, já havia acontecido o rompimento das sinagogas com o Mes-tre. A dor, porém, falava mais alto e era necessário apelar para Jesus, para que salvasse sua única filhinha que esta-va à morte. “E rogava-lhe muito dizendo: ‘Minha filha está moribunda rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para

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que sare e viva.’”3

O chefe da Sinagoga sabia ser Jesus um grande mani-pulador de fluidos, sabia que sua mediunidade de cura era excepcional. Lucas assim dizia Dele: “Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermo de várias moléstias lhos traziam e Ele os curava, impondo as mãos sobre cada um.”4

Era grande a aflição de Jairo, pois sua filhinha morria. Era necessário fazer alguma coisa para salvá-la. O Mes-tre, movido de misericórdia, dirige-se à sua casa, seguido de grande multidão que o comprimia.5

Aconteceu que certa mulher que sofria já há doze anos de uma hemorragia, tendo ouvido falar sobre a fama de Je-sus, desvencilha-se da multidão e toca nas bordas de seu manto. O Mestre percebe, que ao toque da mulher saíram, Dele jatos de fluidos magnéticos, poderosos e curativos, atraídos pelo imã da fé grandiosa daquela mulher.

Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multi-dão e tocou no seu vestido, porque dizia:

“Se tão-somente tocar nos seus vestidos, sararei. E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. E ele lhe disse: ‘Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada desta enfermidade.”6

“Estando Ele ainda falando com a mulher, chegaram alguns dos principais da sinagoga, a quem disseram: ‘A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre?”7

Antes que Jesus terminasse de falar com a mulher curada, algumas pessoas vieram avisá-lo que era inútil inco-modar o Mestre, pois a menina já havia falecido. Nada mais se podia fazer.

“E Jesus tendo ouvido estas palavras disse ao principal da Sinagoga: não temas, crê somente”.8

Era como se Jesus tivesse dito a Jairo: “Pare com seus temores, não temas, continue apenas confiando. Tudo é pos-sível ao homem que crê.”

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“Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim.”9

Continuando o seu caminhar em direção à casa de Jai-ro, “Não permitiu que ninguém o seguisse a não ser Pedro, Tiago e João, irmãos de Tiago.”10

Esses três apóstolos, ao que parece, formavam uma espécie de círculo esotérico de colégio apostólico escolhido por Jesus. Eram sempre escolhidos para missões especiais, principalmente aquelas que exigiam apurada sensibilidade mediúnica, sendo até citados por Paulo como as “colunas da comunidade”.11 Sempre que as circunstâncias exigiam, esta-vam os três medianeiros reunidos. “Chegando até à casa do chefe da Sinagoga, viu Jesus um alvoroço em que choravam e lamentavam muito”.12

Era hábito antigo, entre os israelitas, contratar tocado-res de flauta e carpideiras para velar o morto e acompanhar os funerais.

Por mais pobre que fosse a família, esses elementos não podiam faltar. Quanto mais abastada era a família mais “barulho” era necessário para exprimir “uma dor maior”. Um chefe da sinagoga, que perdia sua filha única de doze anos, por certo, teria de contratar bom número deles. Daí os evangelistas falarem em “multidão em alvoroço”. Um veló-rio, naquela época, era algo tétrico e muito macabro. Os que choravam, rasgavam as vestes em sinal de desgosto e suja-vam a face com poeira e cinzas. Alguns chegavam a ponto de rasparem a cabeça e a barba.

“Entretanto, porém, na casa, disse-lhes Jesus: ‘Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme”.13

Possuindo o Mestre o poder da dupla visão, observou que não havia ali, com efeito, mais do que sono natural, uma espécie de letargia também chamada de catalepsia, ou esta-do de morte aparente.

Esse distúrbio talvez fosse pouco conhecido, naquela época de poucos recursos médicos, porém perfeitamente

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aceitável nos dias de hoje. A catalepsia é uma síndrome nervosa, de índole histéri-

ca, caracterizada pela suspensão total ou parcial da sensibi-lidade externa e dos movimentos voluntários, caracterizados principalmente por extrema rigidez muscular. (Dicionário Michaelis)

O espírito da filha de Jairo não havia abandonado o corpo. Completamente desprendido deste, que se achava imerso em profundo sono, estava a ele preso pelo cordão flu-ídico do perispírito, invisível aos olhos humanos. Graças a essa ligação do espírito com o corpo, a vida continuava a ser mantida, mas se achava suspensa pelo estado de catalepsia completa, que dava aos homens a impressão de morte real.

Casos idênticos ocorreram com Lázaro e com o filho único da viúva de Naim.14

“E riam-se dele porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina e os que com ele estavam e entrou onde a menina estava deitada”.15

É fato comprovado que o recolhimento e a comunhão de pensamentos elevados são fatores preponderantes para as curas e que, quanto menor o número de curiosos, melhor. Grupos menores comungando ideais superiores sempre sur-tem mais efeito do que grupos maiores e barulhentos. (Kar-dec, A. – O Livro dos Médiuns, item 332)

Atitude natural e muito compreensiva foi o das pessoas rirem e caçoarem do Mestre, pois os curiosos já tinham a menina como morta.

É próprio dos ignorantes criticar aquilo que não co-nhecem, por isso caçoavam Dele. Como, no estado evoluti-vo em que se encontravam, poderiam entender questões tão transcendentais?

Quantas vezes nós mesmos não tratamos com ironia algo dito por alguém, porque nos parece uma inverdade no momento e que, mais tarde revela-se aos nossos sentidos como verdade? Não é próprio dos ignorantes criticar aquilo que não conhecem?

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A sabedoria da ciência do mundo é vã e vazia daquilo que é eterno. O que, para a ciência dos homens, é morte, para o espírito, pode ser vida em abundância.

“E tomando a mão da menina, disse-lhe: ‘Talita cumi’, que traduzido é: ‘menina, a ti te digo, levanta-te.’”16

A sós no quarto com as pessoas escolhidas, com toda a simplicidade, Jesus segura a mão da menina e diz: “Menina, levanta-te ” “Talita cumi” é transliterado do aramaico que o apóstolo Marcos faz questão de manter no versículo.

O pegar na mão da menina é uma atitude não só de ca-rinho, mas também de transmissão de fluidos medicamen-tosos.

Para os homens, a filha de Jairo estava morta, pois tal era sua aparência. Aos olhos de todos, a morte ali era indu-bitável, inexorável. Na realidade, a morte era apenas apa-rente, de natureza a iludir os mais hábeis peritos.

O estado cataléptico em que se prostrou a menina deu lugar à crença numa morte real e, por conseguinte, numa “ressurreição”, no sentido que entre os homens essa pala-vra representa.

Por sua vontade poderosa, Jesus fez voltar o espírito de Talita à sua prisão carnal e, pela ação magnética, restituiu a saúde ao corpo da menina.

O “Talita cumi” é a convocação, o chamado de Jesus para que todos nós possamos levantar de nossa inércia exis-tencial. É o “levanta-te” que precisa encontrar eco nos co-rações dos que, apesar de vivos, estão mortos para as coisas espirituais. É o chamado para que levantemos nossas cabe-ças e caminhemos resolutamente rumo a Jesus de Nazaré, esquecendo-nos de todas as coisas fúteis e transitórias deste mundo.

“E logo a menina se levantou e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto”.17

Completamente refeita a menina reagiu a ordem de Je-sus, levantando-se do seu leito e pondo-se a andar.

Encheram-se de pasmo indizível os pais e todos os cir-

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cunstantes se quedaram, estupefatos em face de semelhante prodígio.

“E mandou-lhes expressamente que ninguém o sou-besse; e disse que lhe dessem de comer.”18

Mais uma vez, Jesus pede que não se divulguem seus feitos. Talvez sabendo o que o futuro lhe reservava, não que-ria que a notícia de seus prodígios chegasse aos ouvidos das autoridades romanas e judaicas.

A preocupação do Mestre pela necessidade de se ali-mentar a menina provavelmente tivesse o propósito de tra-zer à realidade as pessoas que estavam na sala. O fato de alimentar a garota iria ajudá-los a se acalmarem e a obe-decerem à ordem que Jesus dera de não saírem alardeando seu feito a todo mundo.

Essa bela passagem evangélica enfatiza a fé do pai de Talita e dos poderes divinos de Jesus sobre as enfermidades. A verdadeira fé se alia à humildade, e aquele que a possui coloca sua confiança em Deus mais do que em si mesmo, porque sabe que, simples instrumentos da vontade do Pai, não pode nada sem Ele. Por isso os bons espíritos vêm em sua ajuda.

Absolutamente nada é impossível ao homem que crê. Tudo podemos, se estivermos harmonizados com o Cristo, por isso Jesus nos afiançou: “Porque eu vo-lo digo em ver-dade se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: ‘Transporta-te daqui para ali’, e ela se transpor-taria e nada vos seria impossível.”19

Como esses, foram todos os prodígios que Jesus ope-rou. Em nenhum houve mais do que um fenômeno abso-lutamente natural, regido apenas por leis naturais que os homens desconheciam e que, na sua generalidade ainda desconhecem, mas das quais chegarão um dia a ter conheci-mento perfeito, tanto que Ele não hesitou em afirmar: “Fa-reis as mesmas coisas que eu faço e outras ainda maiores.”20

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1Mc 5,412Mc 5,223Mc 5,234Lc 4,405Mc 5,246Mc 5,24-9; 5.347Mc 5,358Mc 5,369Jo 14,110Mc 5,3711Gal 2,912Mc 5,3813Mc 5,3914Jo 11,1-45; Lc 7,11-715Mc 5,4016Mc 5,4117Mc 5,4218Mc 5,4319Mt 17,2020Jo 14,12

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