Degradação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego...

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1 PROGRAMA DE MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL Arnaldo Rosa Degradação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego Taquara do Reino, Município de Guarulhos (SP): reflexos na qualidade da água Guarulhos 2014

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PROGRAMA DE MESTRADO EM ANÁLISE GEOAMBIENTAL

Arnaldo Rosa

Degradação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego

Taquara do Reino, Município de Guarulhos (SP): reflexos

na qualidade da água

Guarulhos 2014

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Arnaldo Rosa

Degradação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego

Taquara do Reino, Município de Guarulhos (SP): reflexos

na qualidade da água

Guarulhos 2014

Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos para obtenção do título de Mestre em

Análise Geoambiental.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Roberto Saad

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A Comissão Julgadora dos Trabalhos de Defesa de Dissertação de MESTRADO,

intitulada “Degradação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego Taquara do Reino,

Município de Guarulhos (SP): reflexos na qualidade da água” em sessão pública

realizada em 30 de Abril de 2014, considerou o candidato Arnaldo Rosa aprovado.

A Banca Examinadora foi composta pelos seguintes pesquisadores:

Prof. Dr. Antonio Roberto Saad

Orientador

Universidade Guarulhos - UnG

Prof. Dr. Jean Prost Moscardi

Universidade Federal de Teresina - UFT

Prof. Dr. Reinaldo Romero Vargas

Universidade Guarulhos – UnG

Guarulhos

2014

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Dedico esta pesquisa aos meus filhos, netas, amigos, professores e, em especial, a

minha esposa Wania Bolognesi, que além de incentivar-me soube superar meus

períodos de isolamento dedicados aos trabalhos de pesquisa em busca desse

objetivo, a todos vocês desejo e rogo pelas bênçãos de DEUS.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS a quem louvo e dou graças por me permitir mais este conhecimento.

Agradeço ao digníssimo Prof.º Dr. Antonio Roberto Saad, baluarte do MAG da Universidade Guarulhos, competentíssimo orientador desta dissertação de mestrado, que sabiamente orientou, colaborou e coordenou os trabalhos de pesquisa de maneira tranqüila, firme e gentil, como lhe é peculiar tratar seus neófitos a caminho do conhecimento.

Ao Prof.º Dr. Reinaldo Romero Vargas que com sua formação e conhecimentos de química, dispôs do seu tempo para coletar e analisar as amostras de água bem como registrar em planilhas os resultados obtidos em laboratório, orientando-me e ensinando-me a analisar os resultados em consonância com os objetivos propostos.

A Prof.ª Dra. Regina Oliveira de Moraes Arruda que gentilmente se propôs a ajudar-me na verificação, correção e análise dos aspectos microbiológicos, além de orientar-me quanto à escrituração dos textos.

Aos professores do Programa de Mestrado em Análise Geoambiental pelos ensinamentos compartilhados, em especial cito os professores: Prof.ª Dra. Ana Olivia Barufi Franco de Magalhães, Prof.º Dr. Mario Lincoln De Carlos Etchebehere, Prof.º Dr. Marcio Roberto Magalhães de Andrade, Prof.º Dr. Décio Luis Semensatto Junior.

Ao profissional William de Queiroz, técnico do Laboratório de Geoprocessamento, pela maneira pronta e gentil que sempre atendeu as minhas necessidades demandadas durante os trabalhos de pesquisa; aos técnicos do Laboratório de Geociências Fabio, Carla, Daniela e Ricardo pela colaboração que prestaram ao ceder literaturas, mapas e outros materiais quando por mim solicitado.

A assistente administrativa do MAG, Gisele da Silva Dueñas de Souza pela colaboração e pronto atendimento com que sempre atendeu meus pedidos relacionados com os trabalhos de pesquisa.

Ao amigo e compadre Prof.º Dr. Zoroastro de Miranda Boari em quem me inspirei para iniciar essa jornada do saber. O Prof.º Zoroastro e sua esposa Heloisa são exemplos de dignidade, caráter e educação, ele um incansável estudante e educador, sempre incentivou-me na busca do conhecimento.

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar. A beleza de ser um eterno aprendiz...” Gonzaguinha

A minha mãe, Maria Aparecida de Oliveira Rosa que nunca duvidou da minha capacidade em prosperar tendo como base a educação e o trabalho.

Aos meus filhos Juliana, Otavio, Lívia, Gabriel e Letícia, para que tenham em mim um exemplo no tocante a busca pelo conhecimento.

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EPÍGRAFE

“Deus deu a Terra ao homem para sujeitá-la e protegê-la”

(Genesis 24:30)

“Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa

mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de

Deus.” (Romanos 12:2)

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RESUMO

A finalidade dessa pesquisa é avaliar a qualidade da água do Córrego Taquara do

Reino, numa extensão de aproximadamente 800m, partindo da sua nascente,

localizada no município de Guarulhos/SP, no bairro de nome Invernada, onde se

inserem as comunidades urbanas denominadas Recreio São Jorge e Jardim Novo

Recreio, no período compreendido entre maio/2013 a março/2014, em função do

aumento da população e dos diferentes usos da terra na região. Foram coletadas

amostras de água em três diferentes pontos e utilizou-se para fins de análise os

seguintes parâmetros físico-químicos e microbiológicos: coliformes fecais

(Escherichia coli); fósforo total (Pt); demanda química de oxigênio (DQO); oxigênio

dissolvido (OD); potencial hidrogeniônico (pH); condutividade elétrica; temperatura e

turbidez. O Índice de Estado Trófico - IET tem por finalidade classificar os corpos

d’água em diferentes graus de trofia, avaliando a qualidade da água quanto ao

enriquecimento por nutrientes, das variáveis usadas para o cálculo do IET, foi

aplicada nesta pesquisa apenas o fósforo total (Pt), por ser o principal nutriente que

atua como agente causador do processo de eutrofização. A variável microbiológica

Escherichia coli, também analisada, auxiliou no entendimento da contaminação fecal

do corpo d’água, implicando em sérios riscos de contaminação da comunidade local.

Os resultados demonstram o elevado grau de degradação ambiental do Córrego

Taquara do Reino que parte de um estado ultraoligotrófico em sua nascente, ponto

1, para um estado hipereutrófico no seu exutorio, ponto 3, e também no ponto 2. Os

demais resultados dos parâmetros físico-químicos como oxigênio dissolvido, turbidez

e condutividade elétrica confirmam a diminuição da qualidade da água nos pontos 2

e 3. Observou-se correlação da condutividade elétrica com os parâmetros de fósforo

total e E.coli, o que possibilita o uso desta medida como análise imediata da

qualidade da água na bacia estudada.

Palavras - chave: Micro bacia do Córrego Taquara do Reino. Qualidade da água.

Índice de Estado Trófico. Degradação do Meio Ambiente.

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ABSTRACT

The purpose of this research is to evaluate the water quality of the Taquara do

Reino, a distance of approximately 800 meters, starting from its source, and located

in Guarulhos / SP, in the neighborhood called Recreio São Jorge e Jardim Novo

Recreio, in the period from may 2013 to march 2014, due to the increase of

population and different land uses in the region. Water samples were collected at

three different points and used for analysis the following physico-chemical and

microbiological parameters: fecal coliform bacteria (Escherichia coli); total

phosphorus (Pt); chemical oxygen demand (COD); dissolved oxygen (DO); hydrogen

potential (pH); electrical conductivity; temperature and turbidity. The Trophic State

Index (TSI) aims to classify water bodies at different trophic degree, assessing water

quality as to nutrient enrichment, the variables used to calculate the TSI , was

applied in this study only the total phosphorus (Pt), to be the main nutrient that acts

as an agent of eutrophication. Microbiological variable Escherichia coli also analyzed

to better understand the fecal contamination of the water, resulting in serious risk of

contamination of the local community. The results demonstrate the high degree of

environmental degradation of Taquara do Reino stream that part of an

ultraoligotrophic state in its source, point 1, for a hypereutrophic state in its discharge

at point 3, and including point 2. The other results of physico-chemical parameters

such as dissolved oxygen, turbidity and conductivity confirm the decline of water

quality in points 2 and 3. There was correlation between conductivity and the

parameters like total phosphorus and E.coli, which enables the use of this measure

as an immediate analysis of water quality in the basin studied.

Keywords: Taquara do Reino Stream micro basin. Water quality. Trophic State

Índex. Environmental Degradation.

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 01: Macrocompartimentos do município de Guarulhos ..................................14 FIGURA 02: Formas de relevo do município de Guarulhos..........................................15 FIGURA 03: Bacias hidrográficas .................................................................................18 FIGURA 04: Exemplos de inter-relação entre uso da terra e focos alteradores da qualidade da água ....................................................................................19 FIGURA 05: Ponto 1 de coleta de água nascente do córrego Taquara do Reino ........36 FIGURA 06: Ponto 2 de coleta, intermediário do córrego Taquara do Reino ...............36 FIGURA 07: Ponto 3 de coleta de água, exutorio do córrego Taquara do Reino .........37 FIGURA 08: Registro fotográfico da coleta no Ponto 1.................................................37 FIGURA 09: Registro fotográfico da coleta no Ponto 2.................................................38 FIGURA 10: Registro fotográfico da coleta no Ponto 3.................................................38 FIGURA 11: Registro fotográfico da coleta de amostras para análise em laboratório ..39 FIGURA 12: Registro fotográfico das análises físico-químicas.....................................40 FIGURA 13: Localização da área de estudos, bairro Invernada, Bacia Hidrográfica do córrego Taquara do Reino, loteamentos Recreio S. Jorge e Jd. Novo Recreio .....................................................................................................43 FIGURA 14: Mapa litológico da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino.........................44 FIGURA 15: Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino..................45 FIGURA 16: Perfis topográficos da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino ...................46 FIGURA 17: Mapa Geomorfológico da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino .............47 FIGURA 18: Mapa de uso da terra, Bacia Hidrográfica Taquara do Reino...................49 FIGURA 19: Ocupação urbana de alta densidade no Recreio São Jorge ....................50 FIGURA 20: Crescimento do loteamento Jardim novo Recreio....................................50 FIGURA 21: Criação de arruamento e de ocupação em forma de lotes.......................51 FIGURA 22: Existência de escolas ...............................................................................51

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FIGURA 23: Existência de áreas de comércio..............................................................52 FIGURA 24: Ravinamento em arruamento ...................................................................53 FIGURA 25: Presença de lixo e entulho na beira do córrego Taquara do Reino..........53 FIGURA 26: Ocupação de fundo de vale......................................................................54 FIGURA 27: Ocupação urbana precária .......................................................................54 FIGURA 28: Presença de esgoto a céu aberto.............................................................55 FIGURA 29: Movimento de massa do tipo escorregamento.........................................55 FIGURA 30: Mapa de degradação ambiental da Bacia Hidrográfica do Taquara do Reino .......................................................................................................56 FIGURA 31: Estado trófico do Córrego Taquara do Reino nos pontos de coleta 1, 2 e 3 em 2013 .............................................................................................59 FIGURA 32: Correlação entre condutividade elétrica e fósforo total para os pontos 1, 2 e 3 em três meses .................................................................................60 FIGURA 33: Gráfico Boxplot dos valores de condutividade elétrica da água de maio/13 a março/14..................................................................................61 FIGURA 34: Correlação entre condutividade elétrica e Escherichia coli para os pontos 1, 2 e 3 em três meses .................................................................61 FIGURA 35: Análise microbiológica (E. coli) do Taquara do Reino em 2013/2014 ......62

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 01: Parâmetros morfométricos da Bacia Hidrográfica do Taquara do Reino.42 TABELA 02: Valores das medidas físico-químicas e microbiológica das amostras de

água em campo/laboratório e padrão CONAMA 357/05......................58 TABELA 03: Valores médios da DQO ao longo do córrego Taquara do Reino no mês de setembro de 2013.......................................................................63

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ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 01: Meio e componentes ambientais que podem ser degradados ...............22 QUADRO 02: Principais impactos ambientais da urbanização.....................................24 QUADRO 03: Efeitos da eutrofização...........................................................................30 QUADRO 04: Classe de estado trófico dos cursos d’água...........................................32 QUADRO 05: Classificação do Estado Trófico para rios segundo Índice de Carlson...34 QUADRO 06: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos e seus respectivos métodos de análise e local da análise....................................................39

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................13 1.1 Objetivos .................................................................................................................17 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................18 2.1 Bacia hidrográfica como unidade de análise ...........................................................18 2.2 Degradação ambiental ............................................................................................21 2.3 Parâmetros físico-químicos da água .......................................................................24 2.4 Parâmetros microbiológicos - Escherichia coli ........................................................28 2.5 Eutrofização – Índice de Estado Trófico – IET ........................................................29 2.6 Legislação sobre a classificação dos corpos d’água...............................................34 3. MÉTODOS E TÉCNICAS..........................................................................................35 3.1 Pesquisa Bibliográfica .............................................................................................35 3.2 Seleção dos pontos de amostragem .......................................................................35 3.3 Registro fotográfico da metodologia de coleta de campo........................................37 3.3.1 Ponto 1 .................................................................................................................37 3.3.2 Ponto 2 .................................................................................................................38 3.3.3 Ponto 3 .................................................................................................................38 3.4 Amostragem e registro das análises físico-químicas em campo.............................39 4. CARACTERÍSTICAS GEOAMBIENTAIS DA ÁREA DE ESTUDO ..........................41 4.1 Características do Meio Físico ................................................................................41 4.2 Condições Socioeconômicas ..................................................................................48 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................57 6. CONCLUSÃO ...........................................................................................................64 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................65 ANEXO .........................................................................................................................70

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, pesquisadores que tem se dedicado ao estudo do

município de Guarulhos, sob a ótica da análise geoambiental, chamam a atenção

para o fato de que o modelo de urbanização adotado para esse município resultou

num processo de degradação ambiental que afetou a maior parte dos bairros e

loteamentos localizados em sua parte norte (ANDRADE, 1999, 2009; GRAÇA, 2007;

OLIVEIRA et al., 2005, 2009; SATO, 2008; MESQUITA, 2011; PORTO, 2013;

LOPES, 2013).

Para se entender melhor essa constatação, é necessário analisar os

condicionantes geoambientais da paisagem do município de Guarulhos,

notadamente aqueles afeitos às formas de relevo. Graça (2007) subdividiu esse

município em dois macrocompartimentos, separados entre si pela Falha do Rio

Jaguari (Figura 1). No macrocompartimento norte predominam as unidades de

relevo consubstanciadas em serras, morros altos e morros baixos, enquanto que, no

sul, tem-se os morrotes, colinas e planícies fluviais, conforme pode ser observado na

Figura 2 (ANDRADE; OLIVEIRA, 2008).

Assim, tem-se na região sul áreas mais planas e de fácil acesso, onde se deu

o início do processo de urbanização. Atualmente, essa região é densamente

ocupada com residências, indústrias muito bem instaladas às margens de grandes

rodovias, aeroporto internacional, dentre outras classes de uso da terra. A região

norte, por sua vez, composta por terrenos com alta declividade e inadequados do

ponto de vista geotécnico, assiste a uma urbanização desordenada com

loteamentos formais e informais, muitas vezes clandestinos (MESQUITA, 2011).

Conforme já relatado por Graça (2007) e Oliveira et al. (2009), as áreas localizadas

no macrocompartimento norte do município são carentes de infraestrutura básica e

apresentam problemas relativos à processos erosivos acentuados, que associados a

um crescimento urbano sem planejamento, geram um alto índice de degradação dos

meios físico e biótico.

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Figura 1: Macrocompartimentos do município de Guarulhos. Fonte: Graça, 2007.

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Figura 2: Formas de relevo do município de Guarulhos. Fonte: Andrade e Oliveira, 2008.

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Mesquita (2011) selecionou três loteamentos localizados em três diferentes

bairros, inseridos em três Bacias hidrográficas distintas, a saber: Bairro Invernada

(Bacia do Taquara do Reino – Loteamentos Recreio São Jorge e Jardim Novo

Recreio); Bairro Fortaleza (Bacia Córrego do Entulho – Loteamento Jardim

Fortaleza); e Bairro Água Azul (Bacia do Ribeirão Guaraçau – Loteamento Água

Azul), todos localizados num cenário geomorfológico caracterizado por relevos

declivosos, para elaborar mapas de degradação ambiental frente ao processo

expansionista urbano do município de Guarulhos, cujo vetor de crescimento aponta

em direção a sua porção norte desde a década de 80.

Os resultados obtidos indicaram que as três bacias hidrográficas apresentam

degradações ambientais materializadas em questões de dinâmica superficial, tais

como escorregamentos nas regiões declivosas e assoreamento das planícies

aluvionares, além da disposição inadequada de resíduos sólidos, ocupações

urbanas precárias e retirada da vegetação nativa.

Em situações similares a essas, Porto (2013) e Lopes (2013) encontraram

condições de eutrofização das águas do córrego Capão da Sombra e ribeirão

Tanque Grande, respectivamente, localizados igualmente no macrocompartimento

norte do município de Guarulhos. As causas da eutrofização apontadas por esses

estudos indicaram como principal fonte poluidora os esgotos domésticos não

tratados, provenientes de dejetos orgânicos.

Via de regra, quando a expansão urbana alcança às áreas de mananciais a

qualidade da água decai, principalmente quando resíduos urbanos e esgoto são

lançados diretamente nos rios e reservatórios (IBGE, 2010). Dessa forma, dentro

desse contexto e da temática Águas Urbanas, a Bacia Hidrográfica Taquara do

Reino constitui-se num palco excelente e propício para estudos voltados ao reflexo

da qualidade das águas do córrego homônimo, frente às classes de uso da terra,

associadas às condições precárias que se verificam nessa porção do território

guarulhense.

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1.1 Objetivo

O objetivo geral desta dissertação é o de avaliar a qualidade das águas do

córrego Taquara do Reino, em função das condições de degradação ambiental

verificadas nos loteamentos Recreio São Jorge e Jardim Novo Recreio. Para tanto,

foram analisados os parâmetros físico-químicos: fósforo total (Pt), pH, temperatura,

oxigênio dissolvido (OD), e demanda química de oxigênio (DQO); além do parâmetro

microbiológico: Escherichia coli num período de 12 meses. A partir dos dados de

fósforo total (Pt), os valores de IET (Senso CETESB, 2012) foram calculados e

avaliados criticamente para três pontos distintos ao longo da Bacia Hidrográfica.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Bacia Hidrográfica como Unidade de Análise

A Bacia Hidrográfica é considerada a unidade territorial de planejamento e

gerenciamento das águas. Por definição, representa o conjunto das terras

delimitadas pelos divisores de água que drenam para um rio principal, por meio de

seus vários tributários, desde as nascentes, passando pelos córregos, até atingir

cursos d’água de maior volume (rios). Os escoamentos se dão sempre dos pontos

mais altos para os mais baixos (ANA, 2013). A Figura 3 ilustra diversos cursos

d’água, que compõem as bacias hidrográficas numa determinada paisagem, desde

suas nascentes até o deságue no mar.

Figura 3: Bacias Hidrográficas. Fonte: ANA (2013).

Desde os tempos mais antigos, as comunidades têm demonstrado um

vínculo muito estreito com as bacias hidrográficas, ocupando-as para fins rurais,

urbanos ou híbridos. Dentre os múltiplos usos, destacam-se o abastecimento para

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uso doméstico, dessedentação de animais, irrigação na agricultura, processos

industriais, produção de energia elétrica, navegação para transporte de produtos e

pessoas, e a conservação ambiental.

Na análise geoambiental integrada de uma Bacia Hidrográfica é preciso

ponderar os impactos dos diferentes usos da terra sobre a qualidade da água, tais

como: presença de contaminação biológica ou química, alterações na temperatura

da água, impactos na flora e fauna aquáticas ou ribeirinhos, dentre outros (Figura

4).

Figura 4: Exemplos de inter-relação entre uso da terra e focos alteradores da qualidade da água. Fonte: Von Sperling (2005).

A obediência à legislação ambiental vigente é o caminho adequado para

garantir de forma sustentável o consumo da água tanto para os chamados usos

consuntivos (abastecimento humano, dessedentação de animais, a irrigação e o uso

industrial) como para os não consuntivos (geração de energia, navegação e lazer),

evitando-se sua escassez para atender às demandas e usos futuros de uma

determinada região.

Sobre o território definido como Bacia Hidrográfica é que se desenvolvem as

atividades humanas. Todas as áreas urbanas, industriais, agrícolas ou de

preservação fazem parte de alguma bacia hidrográfica. Pode-se dizer que, no seu

exutório, estarão representados todos os processos que fazem parte do seu

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sistema. O que ali ocorre é conseqüência das formas de ocupação do território e da

utilização das águas que para ali convergem. A bacia hidrográfica compõe-se de um

conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos

de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (TUCCI, 1997).

A gestão de recursos hídricos baseada no recorte territorial das bacias

hidrográficas ganhou força no início dos anos 1990 quando os Princípios de Dublin

foram acordados na reunião preparatória à Rio-92. Diz o Princípio n.1 que a gestão

dos recursos hídricos, para ser efetiva, deve ser integrada e considerar todos os

aspectos, físicos, sociais e econômicos. Para que essa integração tenha o foco

adequado, sugere-se que a gestão esteja baseada nas bacias hidrográficas (WMO,

1992). A questão central que deve reger a gestão é a integração dos vários

aspectos que interferem no uso dos recursos hídricos e na sua proteção ambiental.

A bacia hidrográfica permite essa abordagem integrada, e, diz Yassuda (1993), "a

bacia hidrográfica é o palco unitário de interação das águas com o meio físico, o

meio biótico e o meio social, econômico e cultural".

Em realidade, bem antes de ter ocorrido esse reconhecimento de princípios

amplamente aceitos, várias iniciativas de sucesso na área de gestão de recursos

hídricos foram baseadas no recorte geográfico da bacia hidrográfica.

Há experiências registradas sobre tratados de utilização do Rio Danúbio que

datam de 1616, o tratado Brasil-Peru sobre a navegação do Rio Amazonas em 1851

e o tratado entre o Brasil e a República das Províncias Unidas do Rio da Prata em

1928, entre outros (GRANZIERA, 2001).

No Brasil, o reconhecimento da crescente complexidade dos problemas

relacionados ao uso da água levou ao estabelecimento, em 1976, de acordo entre o

Ministério das Minas e Energia e o governo do Estado de São Paulo para a melhoria

das condições sanitárias das bacias do Alto Tietê e Cubatão. O êxito dessa

experiência fez com que, em seguida, fosse constituída, em 1978, a figura do

Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas (CEEIBH), e a

subseqüente criação de comitês executivos em diversas bacias hidrográficas, como

no Paraíba do Sul, no São Francisco e no Ribeira de Iguape. Esses comitês tinham

apenas atribuições consultivas, nada obrigando a implantação de suas decisões, e

dele participavam apenas órgãos do governo. Mesmo assim, constituíram-se em

experiências importantes e foram embriões para a evolução futura da gestão por

bacia hidrográfica.

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A Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) mobiliza-se e produz,

com grande repercussão no meio técnico, as Cartas de Salvador, em 1987, e de

Foz do Iguaçu, em 1989. Ambas conclamam a criação de um sistema organizado

de gestão, e, em particular, a Carta de Foz do Iguaçu delineia os princípios básicos

que deveriam ser seguidos no estabelecimento da Política Nacional de Recursos

Hídricos. São eles, por exemplo, a gestão integrada, a bacia como unidade de

gestão, o reconhecimento do valor econômico da água e gestão descentralizada e

participativa.

A Lei n. 9.433, de 08/01/1997, que deu ao Brasil uma nova política de

recursos hídricos e organizou o sistema de gestão, concretizou então a gestão por

bacias hidrográficas. Desta forma os recursos hídricos têm sua gestão organizada

em todo o território nacional, seja em corpos hídricos de titularidade da União ou

dos Estados. Há certamente dificuldades em se lidar com esse recorte geográfico,

uma vez que os recursos hídricos exigem a gestão compartilhada com a

administração pública, órgãos de saneamento, instituições ligadas à atividade

agrícola, gestão ambiental, entre outros, e a cada um desses setores corresponde

uma divisão administrativa certamente distinta da bacia hidrográfica.

2.2. Degradação Ambiental

Sanchez (2008), em sua obra a respeito de avaliação de impactos

ambientais, conceitua a degradação ambiental como um impacto ambiental

negativo, causado por ações antrópicas indevidas no meio ambiente.

O Quadro 1 sintetiza os principais meios e respectivos componentes do meio

ambiente passíveis de serem degradados.

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Quadro 1: Meios e componentes ambientais que podem ser degradados.

MEIO COMPONENTES

Fauna BIÓTICO

Flora

Ar

Água FÍSICO

Solo

Saúde

Segurança

Bem estar

Atividades sociais

Atividades econômicas

Condições estéticas

ANTRÓPICO

Condições sanitárias

Fonte: Sanchez (2008).

A caracterização de degradação ambiental encontra-se, igualmente,

fundamentada na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938,

de 31 de Agosto de 1981), ao abordá-la, em conjunto, com os conceitos de poluição

e poluidor. Segundo essa lei, poluição corresponde a qualquer degradação

ambiental que resulte de atividades que direta ou indiretamente:

• Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

• Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

• Afetem desfavoravelmente a biota;

• Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

• Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

O poluidor representa a pessoa física ou jurídica, de direito público ou

privado, responsável pela atividade causadora da degradação ambiental.

A recuperação de uma área degradada pode ser espontânea ou exigir a

necessidade de intervenções capazes de eliminar ou mitigar a fonte de perturbação.

A capacidade que um sistema natural tem em se recuperar de um impacto negativo

imposto é denominada de resiliência (SANCHEZ, 2008). Segundo esse autor, tal

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conceito não deve ser confundido com o de estabilidade, definida como sendo a

capacidade de um sistema retornar a um estado de equilíbrio, após, cessado o

efeito de uma perturbação temporária.

Um dos melhores exemplos de degradação ambiental refere-se ao processo

da urbanização que pode ser definido como o aumento do percentual da população

urbana em relação à total (TUCCI, 2010). Segundo esse autor, os principais

problemas relacionados à infraestrutura e a urbanização nos países em

desenvolvimento, em especial na América Latina e na qual o Brasil se inclui, são:

• Grande concentração populacional em pequena área geográfica. Como

conseqüência, tem-se deficiência no sistema de transporte, falta de

abastecimento e saneamento adequado, poluição do ar, da água, e

inundações. Em resumo, criam-se condições ambientais inadequadas;

• Aumento da periferia das cidades. Essa situação é provocada pela migração

rural em busca de emprego nos centros urbanos. Os bairros formados,

geralmente, são desprovidos de segurança, de saneamento básico, coleta de

resíduos sólidos e drenagem das águas urbanas;

• Urbanização espontânea, isto é, o planejamento urbano efetuado pelo Poder

Político é realizado somente para a cidade ocupada pela população de

rendas média e alta. Para áreas ilegais e públicas, existe invasão e a

ocupação ocorre em áreas essencialmente de risco.

Nessas circunstâncias, não há como negar que a água no ambiente urbano

sofre severos impactos, dos quais destacam-se (TUCCI, 2008):

• Falta de tratamento de esgoto e de efluentes industriais;

• Ocupação do leito de inundação ribeirinha;

• Impermeabilização e canalização dos rios urbanos;

• Ocupação das áreas de mananciais, comprometendo sua qualidade;

• Entulhos e resíduos sólidos jogados às margens dos córregos e rios.

De acordo com Braga e Carvalho (2003), as cidades são as intervenções

humanas de maior impacto na superfície terrestre, notadamente aquele de caráter

negativo. A urbanização modifica todos os elementos da paisagem natural: o solo,

as formas de relevo, a vegetação, a fauna, a hidrografia, o ar e, finalmente, o clima.

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O Quadro 2, apresenta, na visão desses autores, os principais impactos

ambientais decorrentes do processo de urbanização.

Quadro 2: Principais impactos ambientais da urbanização

Elementos do Meio Principais Efeitos/Processos

Impermeabilização

Contaminação Solo

Erosão

Movimento de massa Relevo

Subsidência

Enchentes

Poluição de mananciais Hidrografia

Contaminação dos aqüíferos

Ar Poluição atmosférica

Efeito estufa

Ilhas de calor Clima

Desumidificação

Desmatamento

Redução da diversidade Vegetação

Plantio de espécies inadequadas

Redução da diversidade

Proliferação da fauna urbana Fauna

Zoonoses

Estresse

Doenças urbanas (infecciosas, degenerativas, mentais) Homem

Violência urbana

Fonte: Braga e Carvalho (2003).

2.3 Parâmetros Físico-Químicos da Água

Para essa pesquisa serão apresentados sete parâmetros físico-químicos e

um microbiológico que foram analisados neste trabalho. O texto apresentado a

seguir foi uma compilação do “Significado ambiental e sanitário das variáveis de

qualidade das águas e dos sedimentos e metodologias analíticas e de amostragem”

apresentado na série de relatórios anuais da CETESB (CETESB, 2009).

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• Temperatura: A temperatura superficial é influenciada por fatores tais como

latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade.

A elevação da temperatura em um corpo d’água geralmente é provocada por

despejos industriais (indústrias canavieiras, por exemplo) e usinas

termoelétricas. A temperatura desempenha um papel crucial no meio aquático,

condicionando as influências de uma série de variáveis físico-químicas.

Organismos aquáticos possuem limites de tolerância térmica superior e

inferior, temperaturas ótimas para crescimento, temperatura preferida em

gradientes térmicos e limitações de temperatura para migração, desova e

incubação do ovo. A Cetesb no entanto, adota o valor zero na determinação da

variação de temperatura de um corpo hídrico.

• Potencial Hidrogeniônico (pH): Por influir em diversos equilíbrios químicos

que ocorrem naturalmente ou em processos unitários de tratamento de águas,

o pH é um parâmetro importante em muitos estudos no campo do saneamento

ambiental. A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se

diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies.

Também o efeito indireto é muito importante podendo, em determinadas

condições de pH, contribuírem para a precipitação de elementos químicos

tóxicos como metais pesados; outras condições podem exercer efeitos sobre

as solubilidades de nutrientes. Desta forma, as restrições de faixas de pH são

estabelecidas para as diversas classes de águas naturais, tanto de acordo com

a legislação federal quanto pela legislação do Estado de São Paulo. Os

critérios de proteção à vida aquática fixam o pH entre 6 e 9. Nos sistemas

biológicos formados nos tratamentos de esgotos, o pH é também uma condição

que influi decisivamente no processo de tratamento. Normalmente, a condição

de pH que corresponde à formação de um ecossistema mais diversificado e a

um tratamento mais estável é a de neutralidade, tanto em meios aeróbios como

nos.

• Oxigênio Dissolvido (OD): O oxigênio proveniente da atmosfera dissolve-se

nas águas naturais devido à diferença de pressão parcial. A quantidade de

oxigênio presente na água depende da temperatura do corpo hídrico como

também da altitude. É muito comum em livros de química, a apresentação de

tabelas de concentrações de saturação de oxigênio em função da temperatura,

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da pressão e também da salinidade da água. Outra fonte importante de

oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas. Esta fonte não é muito

significativa nos trechos de rios à jusante de fortes lançamentos de esgotos. A

turbidez e a cor elevadas dificultam à penetração dos raios solares e apenas

poucas espécies resistentes às condições severas de poluição conseguem

sobreviver. A contribuição fotossintética de oxigênio só é expressiva após

grande parte da atividade bacteriana na decomposição de matéria orgânica ter

ocorrido, bem como após terem se desenvolvido também os protozoários que,

além de decompositores, consomem bactérias clarificando as águas e

permitindo a penetração de luz. Num corpo d’água eutrofizado, o crescimento

excessivo de algas pode “mascarar” a avaliação do grau de poluição de uma

água, quando se toma por base apenas a concentração de oxigênio dissolvido.

Sob este aspecto, águas poluídas são aquelas que apresentam baixa

concentração de oxigênio dissolvido (devido ao seu consumo na

decomposição de compostos orgânicos), enquanto que as águas limpas

apresentam concentrações de oxigênio dissolvido elevadas, chegando até a

um pouco abaixo da concentração de saturação. No entanto, um corpo d’água

com crescimento excessivo de algas pode apresentar, durante o período

diurno, concentrações de oxigênio bem superiores a 10 mg/L, mesmo em

temperaturas superiores a 20°C, caracterizando uma situação de

supersaturação. Isto ocorre principalmente em lagos de baixa velocidade da

água, nos quais podem se formar crostas verdes de algas à superfície.

• Fósforo Total (PT): O fósforo aparece em águas naturais devido,

principalmente, às descargas de esgotos sanitários. A matéria orgânica fecal e

os detergentes em pó empregados em larga escala domesticamente

constituem a principal fonte. Alguns efluentes industriais, como os de indústrias

de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, conservas alimentícias,

abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam fósforo em quantidades

excessivas. As águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas também podem

provocar a presença excessiva de fósforo em águas naturais. O fósforo pode

se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os fosfatos orgânicos são

a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas, como a de um

detergente, por exemplo. Os ortofosfatos são representados pelos radicais,

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que se combinam com cátions formando sais inorgânicos nas águas e os

polifosfatos, ou fosfatos condensados, polímeros de ortofosfatos. Esta terceira

forma não é muito importante nos estudos de controle de qualidade das águas,

porque sofre hidrólise, convertendo-se rapidamente em ortofosfatos nas águas

naturais. Assim como o nitrogênio, o fósforo constitui-se em um dos principais

nutrientes para os processos biológicos, ou seja, é um dos chamados macro-

nutrientes, por ser exigido também em grandes quantidades pelas células.

• Turbidez: A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de

intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la (esta redução dá-se por

absorção e espalhamento, uma vez que as partículas que provocam turbidez

nas águas são maiores que o comprimento de onda da luz branca), devido à

presença de sólidos em suspensão, tais como partículas inorgânicas (areia,

silte, argila) e detritos orgânicos, tais como algas e bactérias, plâncton em

geral, etc. A erosão das margens dos rios em estações chuvosas, que é

intensificada pelo mau uso do solo, é um exemplo de fenômeno que resulta em

aumento da turbidez das águas e que exige manobras operacionais, tais como

alterações nas dosagens de coagulantes e auxiliares, nas Estações de

Tratamento de Águas. Este exemplo mostra também o caráter sistêmico da

poluição, ocorrendo inter-relações ou transferência de problemas de um

ambiente (água, ar ou solo) para outro. Os esgotos domésticos e diversos

efluentes industriais também provocam elevações na turbidez das águas. Um

exemplo típico deste fato ocorre em conseqüência das atividades de

mineração, onde os aumentos excessivos de turbidez têm provocado formação

de grandes bancos de lodo em rios e alterações no ecossistema aquático. Alta

turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e algas. Esse

desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a

produtividade de peixes. Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades

biológicas aquáticas. Além disso, afeta adversamente os usos doméstico,

industrial e recreacional de uma água.

• Condutividade elétrica: A condutividade é a expressão numérica da

capacidade de uma água conduzir a corrente elétrica. Ela depende das

concentrações de íons e da temperatura, sendo, portanto uma medida indireta

da concentração de poluentes. Em geral, níveis elevados na condutividade

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indicam corpos hídricos alterados pela ação antrópica. A condutividade, no

entanto, não fornece nenhuma indicação das quantidades relativas dos vários

componentes.

• Demanda Química de Oxigênio (DQO): É a quantidade de oxigênio

necessária para oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de

um agente químico, como o dicromato de potássio. Os valores da DQO

normalmente são maiores que os da DBO5,20, sendo o teste realizado num

prazo menor. O aumento da concentração de DQO num corpo d’água deve-se

principalmente a despejos de origem industrial. A DQO é um parâmetro

indispensável nos estudos de caracterização de esgotos sanitários e de

efluentes industriais. A DQO é muito útil quando utilizada conjuntamente com a

DBO para observar a biodegradabilidade de despejos. Sabe-se que o poder de

oxidação do dicromato de potássio é maior do que o que resulta mediante a

ação de microrganismos, exceto raríssimos casos como hidrocarbonetos

aromáticos e piridina. Desta forma, os resultados da DQO de uma amostra são

superiores aos de DBO. Como na DBO mede-se apenas a fração

biodegradável, quanto mais este valor se aproximar da DQO significa que mais

biodegradável será o efluente.

2.4 Parâmetro Microbiológico – Escherichia coli

A água serve de veículo para a transmissão de uma variedade de doenças

causadas pelos microrganismos. A microbiologia sanitária trata de controle desse

problema enfocando particularmente as enfermidades decorrentes da contaminação

fecal. Estas doenças são resultantes da ingestão de água e alimentos contaminados

ou de água poluída para irrigação, pesca e recreação (ROITMAM, 1983). Além dos

microrganismos entéricos, outros patogênicos responsáveis por doenças de pele,

ouvido e garganta são relevantes quando a água destina-se a atividades que

envolvem contato corporal. A detecção dos agentes patogênicos, principalmente

bactérias, protozoários e vírus, em uma amostra de água é bastante difícil em razão

das baixas concentrações. Portanto, a determinação da potencialidade de um corpo

d’água ser portador de agentes causadores de doenças pode ser feita de forma

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indireta, através dos organismos indicadores de contaminação fecal do grupo

coliformes (FRANCO, 2003).

Os coliformes estão presentes em grandes quantidades nas fezes dos seres

humanos e dos animais de sangue quente. A presença de coliformes na água não

apresenta, por si só, um perigo à saúde, mas indica a possível presença de outros

organismos causadores de problemas à saúde. Os principais indicadores de

contaminação fecal são as concentrações de coliformes totais e coliformes fecais,

expressa em número de organismos por 100 ml de água. De modo geral, nas águas

para abastecimento o limite de coliformes legalmente toleráveis não deve

ultrapassar de 4000 unidades em 100 ml de água, isso em 80% das amostras

colhidas em qualquer período do ano (FRANCO, 2003).

Os níveis de contaminação toleráveis e os padrões sanitários de qualidade

da água são estabelecidos em função do uso pretendido. Os microrganismos

também estão envolvidos nos processos naturais de purificação da água poluída

tanto no ambiente livre quanto em processos controlados nas instalações de

tratamento de água e esgoto (ROITMAM, 1987). A água é essencial para todas as

atividades, sejam elas urbanas, industriais ou agropecuárias. O ser humano

necessita de água com qualidade adequada e em quantidade suficiente, não só

para a proteção de sua saúde como também para o seu desenvolvimento

econômico. Assim, a água destinada ao consumo, comunidades aquáticas,

recreação e irrigação entre outros devem estar nos parâmetros microbiológicos,

físicos, químicos e radioativos que atendam aos padrões para não oferecer riscos à

saúde.

2.5 Eutrofização – Índice de Estado Trófico (IET)

Eutrofizar significa nutrir, (palavra que vem do Grego – “eu” – o que significa

BOM, verdadeiro; “trophein” – nutrir), assim, eutrófico significa “bem nutrido”. Trata-

se de um processo normalmente de origem antrópica, caracterizado pela gradativa

concentração de matéria orgânica acumulada nos ambientes aquáticos. Os

nutrientes encontrados nos corpos d’água são fatores impactantes, contribuindo

com a crescente taxa de poluição das águas, provem dos despejos de dejetos

domésticos (esgoto), fertilizantes agrícolas e efluentes industriais, propositalmente

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jogados ou percolados em direção aos cursos hídricos (rios e lagos, por exemplo)

(ESTEVES, 2011).

Durante a eutrofização, a quantidade excessiva de minerais (nitrogênio e

fósforo) induz a multiplicação de microrganismos (algas eucariontes e

cianobactérias) que habitam a superfície da água, formando uma camada densa,

impedindo a penetração da luminosidade. Isso implica na redução da fotossíntese

nas camadas inferiores, ocasionando o déficit de oxigênio suficiente para atender a

demanda respiratória dos organismos aeróbios (os peixes e mamíferos aquáticos),

que em virtude das condições de baixo suprimento, não conseguem sobreviver e,

ao morrer, aumentam ainda mais o teor de matéria orgânica no meio aquático. Em

consequência, o número de agentes decompositores também se eleva (bactérias

anaeróbias facultativas), atuando na degradação da matéria morta, liberando

toxinas que agravam ainda mais a situação dos ambientes afetados,

comprometendo toda a cadeia alimentar, além de alterar a qualidade da água,

também imprópria ao consumo humano. O processo de eutrofização também ocorre

naturalmente por conta da descarga normal de nutrientes contidos nos solos e que

são levados pelas chuvas que lavam a superfície terrestre, além de outros

mecanismos naturais (ESTEVES, 2011).

Atualmente, a eutrofização é reconhecida mundialmente como um dos

problemas mais graves e importantes concernentes à qualidade de água.

Os efeitos potenciais da eutrofização causados pela entrada excessiva de

nitrogênio e fósforo em lagos, reservatórios e rios, são mostrados no Quadro 3.

Quadro 3: Efeitos da eutrofização

Aumento da biomassa do fitoplâncton;

Crescimento de espécies de algas potencialmente tóxicas ou não comestíveis;

Crescimento da biomassa de algas bentônicas e epifíticas;

Crescimento excessivo de macrófitas aquáticas;

Aumento da freqüência de mortandade de peixes;

Diminuição da biomassa de peixes e moluscos cultiváveis;

Redução da diversidade de espécies;

Redução da transparência da água;

Depleção de oxigênio dissolvido e,

Redução do valor estético do corpo de água.

Fonte: Adaptado de Smith e Schindler (2009).

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A eutrofização resulta em aumento nos custos do tratamento da água para o

abastecimento público devido ao aumento no uso de coagulantes e alcalinizantes

para ajuste do potencial hidrogeniônico (pH) de coagulação. Também é necessário

destacar a possibilidade de crescimento de bactérias nos sistemas de distribuição,

devido ao aumento da matéria orgânica que serve de substrato com ocorrência de

sabor e odor provocados por algumas espécies de algas e aumento na deposição

de ferro e manganês (SMITH; SCHINDLER, 2009).

Conhecer a qualidade da água disponível é fundamental para a gestão dos

recursos hídricos. Sendo assim, foram desenvolvidos vários índices e indicadores

ambientais para sua avaliação, com base nas características físico-químicas e

biológicas. O índice de estado trófico (IET) é amplamente utilizado em diversos

trabalhos, ele estabelece níveis de trofia em relação à concentração de fósforo total,

e clorofila (A), possibilitando a classificação das águas em classes tróficas. Segundo

Lamparelli (2004), dentre as variáveis estabelecidas para cálculo do IET o fósforo

total é a mais importante, pois este nutriente é, na maioria das vezes, o fator

limitante para a produção primária.

O estado trófico de um corpo de água pode ser classificado como oligotrófico,

mesotrófico e eutrófico, podendo haver subdivisões. Ambientes oligotróficos são

aqueles que apresentam baixas concentrações de nutrientes e, baixa produtividade

primária; ambientes mesotróficos apresentam produtividade intermediária, com

possíveis implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis na

maioria dos casos; já os ambientes eutróficos apresentam alto nível de

produtividade e são ricos em matéria orgânica e elementos minerais (nutrientes),

tanto em suspensão quanto na região bentônica (MANSOR, 2005). As categorias de

estado trófico de um corpo de água e suas características podem ser melhor

compreendidas observando-se o Quadro 4 no qual são propostas subdivisões em

relação à classificação básica (CETESB, 2009).

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Quadro 4: Classes de estado trófico dos cursos d’água

Estado Trófico Características dos corpos d’água

Ultraoligotrófico

Corpos de água limpos, de produtividade muito baixa e concentrações

insignificantes de nutrientes que não acarretam em prejuízos aos usos da

água.

Oligotrófico Limpos, de baixa produtividade, em que não ocorrem interferências

indesejáveis sobre os usos da água, pela presença de nutrientes.

Mesotrófico Com produtividade intermediária e possíveis implicações sobre a

qualidade da água, mas em níveis aceitáveis, na maioria dos casos.

Eutrófico

Com alta produtividade e redução da transparência, afetados por

atividades antrópicas, ocorrendo alterações indesejáveis na qualidade da

água decorrentes do aumento da concentração de nutrientes e

interferências nos seus múltiplos usos.

Supereutrófico

Corpos de água com alta produtividade, de baixa transparência, em geral

afetados por atividades antrópicas, com freqüentes alterações indesejáveis

na qualidade da água, como florações de algas e interferências nos seus

múltiplos usos.

Hipereutrófico

Corpos de água afetados pelas elevadas concentrações de matéria

orgânica e nutrientes, com comprometimento acentuado nos seus usos,

associado a florações de algas ou mortandades de peixes, com

conseqüências indesejáveis para seus múltiplos usos, inclusive sobre as

atividades pecuárias nas regiões ribeirinhas.

Fonte: Adaptado de CETESB (2009).

O IET funciona como um registro das atividades humanas nas várias bacias

hidrográficas, além de oferecer subsídios para a formulação de planos de manejo e

gestão de ecossistemas aquáticos, por meio de estratégias que visem à

sustentabilidade dos recursos hídricos e que garantam os usos múltiplos da água,

em médio e longo prazo. Para o cálculo do IET pode-se usar duas variáveis, o

fósforo para o IET_(PT) e a clorofila a para o IET_(CL), modificados por Lamparelli

(2004), sendo estabelecidos para ambientes Lóticos - Rios, segundo as equações:

IET (CL) = 10x(6-((-0,7-0,6x(ln CL))/ln 2))-20

IET (PT) = 10x(6-((0,42-0,36x(ln PT))/ln 2))-20

onde:

PT: concentração de fósforo total medida à superfície da água, em µg.L¯¹;

CL: concentração de clorofila a medida à superfície da água, em µg.L¯¹;

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ln: logaritmo natural.

Quando disponíveis os dados de ambas variáveis, o resultado apresentado

nas tabelas do IET será a média aritmética simples dos índices relativos ao fósforo

total e a clorofila a, segundo a equação:

IET = [ IET ( PT ) + IET ( CL) ] / 2

Em virtude da variabilidade sazonal dos processos ambientais que têm

influência sobre o grau de eutrofização de um corpo hídrico, esse processo pode

apresentar variações no decorrer do ano, havendo épocas em que se desenvolve

de forma mais intensa e outras em que pode ser mais limitado. Em geral, no início

da primavera, com o aumento da temperatura da água, maior disponibilidade de

nutrientes e condições propícias de penetração de luz na água, é comum observar-

se um incremento do processo, após o período de inverno, em que se mostra

menos intenso. Nesse sentido, a determinação do grau de eutrofização médio anual

de um corpo hídrico pode não identificar, de forma explícita, as variações que

ocorreram ao longo do período anual.

De acordo com Lamparelli (2004), para ambientes lóticos são encontradas

maiores concentrações de fósforo e pequenas concentrações de clorofila a, devido

à grande relação entre o volume de água e a região das margens, bem como a

grande velocidade de suas águas. Em função disto, na presente área de estudo,

para um ambiente lótico e de terreno de grande declividade, o IET será calculado

somente para o fósforo, e será expresso nesta dissertação como IET (Pt).

Os limites estabelecidos para as diferentes classes de trofia para rios estão

descritos no Quadro 5.

Quadro 5: Classificação do Estado Trófico para rios segundo Índice de Carlson Modificado.

Classificação IET (Rios) P (µg/L)

Ultraoligotrófico IET ≤ 47 P ≤ 13

Oligotrófico 47 < IET ≤ 52 13< P ≤ 35

Mesotrófico 52 < IET ≤ 59 35 < P ≤137

Eutrófico 59 < IET ≤ 63 137< P ≤ 296

Supereutrófico 63 < IET ≤ 67 296 < P ≤ 640

Hipereutrófico IET > 67 640 < P

Fonte: CETESB (2009).

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2.6 Legislação sobre a classificação dos corpos d’água

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), do Ministério do Meio

Ambiente, no uso das suas competências que lhe são conferidas pela Resolução n.º

357 de 17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais

para o enquadramento dos corpos d’água superficiais e estabelece as condições de

padrões de qualidade (lançamento de efluentes), segundo seu artigo 4º. As águas

doces são classificadas aos parâmetros com limites estabelecidos pelo órgão

ambiental competente.

O Decreto do Estado de São Paulo n.º 10.755 de 22 de novembro de 1977

dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água receptores na classificação

prevista no Decreto n.º 8.468 de 8 de setembro de 1976 e estabelece no seu anexo

que o rio Baquirivu Guaçu e todos os seus afluentes são de classe 3. O córrego

Taquara do Reino, objeto do presente estudo é um afluente do rio Baquirivu.

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35

3. MÉTODOS E TÉCNICAS

Para alcançar os objetivos propostos nesta dissertação foram realizadas as

seguintes atividades descritas a seguir.

3.1. Pesquisa bibliográfica

Nesta etapa procurou-se aprofundar em informações referentes à área de

estudo e aos temas abordados, especificamente àqueles relativos à eutrofização.

Para tanto, foram pesquisadas dissertações de mestrado, teses de doutorado,

relatórios técnicos, periódicos, livros e sites na internet. Visitaram-se também,

bibliotecas de universidades (Instituto de Geociências da Universidade de São

Paulo; Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual

Paulista, campus Rio Claro; e Universidade Guarulhos), bibliotecas de instituições

públicas (Instituto de Pesquisas Tecnológicas; Companhia de Saneamento Básico

do Estado de São Paulo) e da Prefeitura Municipal de Guarulhos.

3.2. Seleção dos Pontos de Amostragem

Mesquita (2011) estabelece a comparação do uso da terra sob o aspecto das

condições sócio-ambientais das ocupações urbanas do Recreio São Jorge e Jardim

Novo Recreio, onde se encontram os três pontos de coleta das águas do córrego

Taquara do Reino.

Conforme se pode observar nas figuras 6, 7 e 8, a escolha desses pontos

deve-se ao fato de abrangerem, ao mesmo tempo, o perfil topográfico do córrego e

diferentes densidades do uso urbano da terra, a saber:

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1. Nascente, coordenadas UTM - 345240 W / 7411570 S; altitude aproximada 820m; endereço: Viela Quatro de Março, s/n.º, Recreio São Jorge, Guarulhos/SP (Figura 5).

Figura 5: Ponto 1 de coleta de água, nascente o córrego Taquara do Reino. Foto do autor

2. Ponto intermediário, coordenadas UTM - 345534 W / 7411257 S; altitude 790m; endereço: Rua Santana dos Montes, s/n.º, Recreio São Jorge, Guarulhos/SP (Figura 6).

Figura 6: Ponto 2 de coleta de água, ponto intermediário do córrego Taquara do Reino. Foto do autor

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37

1. Exutorio, coordenadas UTM - 345834 W / 7411055 S; altitude 780m; endereço: Rua Restinga, s/n.º, Jardim Novo Recreio, Guarulhos/SP (Figura 7).

Figura 7: Ponto 3, exutorio do córrego Taquara do Reino. Foto do autor

3.3. Registro fotográfico da metodologia de coleta em campo

3.3.1. Ponto 1. No Ponto de coleta número um a coleta foi realizada diretamente no

cano onde sai a água oriunda de poço (Figura 8).

Figura 8: Registro fotográfico da coleta no Ponto 1. Foto do autor

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3.3.2. Ponto 2 No Ponto de coleta número dois a coleta foi realizada coletando a

água do córrego, com recipiente metálico (Figura 9).

Figura 9: Registro fotográfico da coleta no Ponto 2. Foto do autor

3.3.3. Ponto 3. No ponto 3, semelhante ao realizado no ponto 2, a coleta foi

realizada coletando a água do córrego, com recipiente metálico (Figura 10).

Figura 10: Registro fotográfico da coleta no Ponto 3. Foto do autor

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39

3.4. Amostragem e registro das análises físico-químicas em campo

As amostras foram coletadas a cada dois meses durante o período de seis

meses (maio/2013 a março/2014), e seguindo os padrões estabelecidos pelo Guia

Nacional de Coleta e Preservação de Amostras (ANA, 2013). Foram realizadas as

análises das águas em Campo (C) e em Laboratório (L) para os parâmetros

especificados no Quadro 6. Os equipamentos de campo utilizados foram: oxímetro

portátil Digimed DM-4, pHmetro portátil Digimed DM-2, condutivímetro portátil

Digimed DM-3 e turbidímetro portátil Quimis Q279P.

Quadro 6: Parâmetros físico-químicos e microbiológicos e seus respectivos métodos de análise e local da análise

Parâmetro Método de análise Quem fez e Local

Fósforo Total SM* 22a Ed, 2012-3120B Controle Analítico** (L)

Escherichia coli EPA, SW 1603, 2009 Controle Analítico (L)

Oxigênio dissolvido SM* 20th Ed – método 4500-O Equipe (C)

Condutividade elétrica SM* 20th Ed – método2510 Equipe (C)

Turbidez SM* 20th Ed – método2130 Equipe (C)

pH SM* 20th Ed – método 4500 H+ Equipe (C)

DQO SM* 20th Ed – método 5220-B Lab Águas UnG (L) * Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW)

** Empresa Controle Analítico Análises Técnicas Ltda. (contratada para as análises de fósforo total e E.coli).

C = campo L = laboratório

As coletas e as medições, Figuras 11 e 12, foram devidamente registradas

nas Fichas de Campo, cujo modelo encontra-se no Anexo 1. As análises de campo

foram feitas em triplicata e as análises de laboratório em duplicata.

Figura 11: Registro fotográfico da coleta de amostras para análise em laboratório. Foto do autor

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Figura 12: Registro fotográfico das análises físico-químicas.

Foto do autor

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4. CARACTERÍSTICAS GEOAMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA TAQUARA DO REINO

A Bacia Hidrográfica Taquara do Reino, localizada na porção centro-norte do

município de Guarulhos, está contida na Bacia Hidrográfica Cachoeirinha –

Invernada, segundo Oliveira et al. (2009). Conforme pode ser observado na Figura

13, nesta bacia situam-se os loteamentos Recreio São Jorge e Jardim Novo Recreio,

pertencentes ao Bairro Invernada, os quais foram estudados do ponto de vista

geoambiental por Mesquita (2011).

A Bacia Hidrográfica Taquara do Reino dista 15 km do centro da cidade de

Guarulhos e possui uma área de 44 hectares (QUEIROZ, 2005). Sua população

estimada em 2009 era de aproximadamente 35.500 habitantes (GUARULHOS,

2010).

4.1 Características do Meio Físico

Do ponto de vista litológico, na Bacia Hidrográfica Taquara do Reino

predominam rochas metassedimentares (metapelitos), intercaladas a rochas

metavulcânicas (metabásicas) e ígneas (granitoides). À jusante da drenagem

principal ocorrem sedimentos quaternários na forma de aluviões. A Figura 14 ilustra

a distribuição dessas litologias na área de estudo.

As altitudes que ocorrem na área variam de 150m a 900m (Figura 15). Os

perfis topográficos exibidos na Figura 16 evidenciam que há uma assimetria entre as

encostas. Na encosta da margem esquerda (Jardim Novo Recreio), o topo é mais

amplo e apresenta declividade elevada em toda sua extensão até a base. Na

margem direita (Recreio São Jorge), o topo é mais estreito e as declividades são

crescentes até a base.

A Tabela 1 exibe os principais parâmetros morfométricos dessa bacia

hidrográfica, de acordo com Mesquita (2011).

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Tabela 1: Parâmetros morfométricos da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino.

CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

Área da Bacia 43,82 ha

Perímetro 2.973,73 m

Comprimento 1090 m

Largura máxima 580 m

Altitude máxima 880 m

Altitude mínima 770 m

Amplitude 110 m

Declividade média 32\%

Declividade máxima 65%

ÍNDICES MORFOMÉTRICOS

Comprimento da rede de drenagem 1.392 km

Comprimento do talvegue principal 1.128,10 km

Declividade do talvegue principal 4%

Circularidade 0,62

Densidade de drenagem 3,17 km/km2

Desnível do talvegue 45 m

Fonte: Mesquita (2011).

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Figura 13: Localização da área de estudo, Bairro Invernada, Bacia Hidrográfica Taquara do Reino, loteamentos Recreio São Jorge e Jardim Novo Recreio (OLIVEIRA et al., 2009).

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Figura 14: Mapa litológico da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino (MESQUITA, 2011).

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Figura 15: Mapa Hipsométrico da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino (MESQUITA, 2011).

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Figura 16: Perfis topográficos da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino (MESQUITA, 2011).

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De acordo com os dados geomorfológicos, esta bacia hidrográfica encontra-

se assentada num relevo de morros, apresentando uma forma alongada e uma

drenagem encaixada de forma retilínea no substrato geológico, formando um típico

perfil em “V”. Os topos de morros encontram-se alinhados nos interflúvios das

margens direita e esquerda, quase paralelos ao fundo de vale do córrego Taquara

do Reino. Esses aspectos podem ser observados na Figura 17.

Figura 17: Mapa Geomorfológico da Bacia Hidrográfica Taquara do Reino (OLIVEIRA et al., 2009).

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No que se refere às condições climáticas, Andrade (1999) interpreta que o

município possui um clima do tipo úmido, com domínio de massas de ar com origem

tropical e polar; em termos de domínio climático, esse mesmo autor classifica-o

como Mesotérmico Brando Úmido, no qual se tem alguns meses mais secos.

Coutinho et al. (2003), ao realizarem uma relação entre clima e topografia no

município verificaram diferentes domínios climáticos em relação à altitude: as áreas

altas, com valores entre 700 e 800m, correspondem ao Clima Tropical Úmido de

Altitude do Planalto Paulista; as áreas mais altas (800 a 1.400 m) corresponderiam

ao Clima Tropical Úmido Serrano da Cantareira.

De acordo com a Estação Agroclimatológica nº 8.3075 da Universidade

Guarulhos/Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, nos meses de maio de 2013

a março de 2014, os valores acumulados de chuva/mês foram:

• Maio - 45,6 mm

• Julho - 94,9 mm

• Setembro - 60,2 mm

• Novembro – 95,8 mm

• Janeiro – 137,9 mm

• Março – 195,2 mm

4.2 Condições Socioeconômicas

Conforme pode ser observado na Figura 18, referente ao uso da terra, a

classe predominante é a urbana, subdividida em áreas com alta, média e baixa

densidades, onde predominam casas, loteamentos, áreas comerciais, escolas e

praças, (MESQUITA, 2011). As figuras 19, 20, 21, 22 e 23 ilustram as diferentes

formas de ocupação urbana.

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50

Figura 19: Ocupação urbana de alta densidade no Loteamento Recreio São Jorge (Setembro/2013). Foto do autor

Figura 20: Crescimento do Loteamento Jardim Novo Recreio. Foto do autor

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Figura 21: Criação de arruamento e de ocupação em forma de lotes. Foto do autor

Figura 22: Existência de escolas. Foto do autor

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52

Figura 23: Existência de áreas de comércio. Foto do autor

Os loteamentos Recreio São Jorge e Jardim Novo Recreio possuem vários

arruamentos com pavimentações inadequadas, tornando-se por vezes intransitáveis

notadamente nas épocas de chuvas intensas; a manutenção dos serviços públicos

para toda a população torna-se de difícil atendimento, em função da alta declividade

dos terrenos, ficando restrita às áreas mais altas, onde se encontram os locais de

comércio, circulação do transporte público e a coleta de lixo.

Os loteamentos apresentam, ainda, de acordo com Mesquita (2011), vários

outros tipos de problemas ambientais, tais como falta de saneamento básico,

entulho às margens do córrego e diferentes formas de processos erosivos, conforme

pode se observar nas figuras 24, 25, 26, 27, 28 e 29.

Com base nesse quadro geoambiental, Mesquita (2011), de forma inédita,

elaborou o mapa de degradação ambiental para a Bacia Hidrográfica Taquara do

Reino, que pode ser visualizado na Figura 30.

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Figura 24: Ravinamento em arruamento. Foto do autor

Figura 25: Presença de lixo e entulho à beira do Córrego Taquara do Reino. Foto do autor

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Figura 26: Ocupação de fundo de vale. Foto do autor

Figura 27: Ocupação urbana precária. Foto do autor

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Figura 28: Presença de esgoto a céu aberto. Foto do autor

Figura 29: Movimento de massa do tipo escorregamento. Foto do autor

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30:

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos das análises de campo para os parâmetros pH,

temperatura, oxigênio dissolvido (OD), condutividade elétrica (CE), turbidez, bem os

parâmetros fósforo total (Pt) e E. coli determinados em laboratório estão

apresentados na Tabela 2, juntamente com o padrão de limites estabelecidos pelo

CONAMA 357/05 (BRASIL, 2005) para os corpos hídricos de classe 3.

Segundo Decreto nº 10.755 de 22 de novembro de 1977 (BRASIL, 1977) que

dispõe sobre o enquadramento dos corpos d’água receptores na classificação

prevista no Decreto n.º8.468, de 08 de setembro de 1976, têm-se que o rio Baquirivu

Guaçu e todos os seus afluentes são enquadrados como Classe 3, como no caso do

córrego Taquara do Reino. A única exceção é o Reservatório do Tanque Grande e

seus afluentes que se enquadram como Classe 1.

Cabe destacar que, apesar da Demanda Química de Oxigênio (DQO) e

condutividade elétrica (CE) não serem utilizadas como parâmetros de qualidade da

água em termos de legislação, eles são úteis, pois podem ser relacionados a

parâmetros estabelecidos por lei e podem ser usados como indicadores de

degradação de um corpo hídrico.

O fósforo aparece em água natural devido, principalmente, às descargas de

esgotos sanitários. A matéria orgânica fecal e os detergentes em pó empregados em

larga escala doméstica constituem sua principal fonte (MANSOR, 2005). Nas

análises de fósforo total referentes aos Pontos 2 e 3 observa-se na Tabela 2, valores

bem acima do limite estabelecido pelo CONAMA 357 para um curso d’água de

Classe 3. Isto demonstra a total falta de saneamento básico existente na região e

seu impacto no meio ambiente quando se analisa o índice de estado trófico referente

ao parâmetro fósforo [IET(Pt)]. Os resultados correspondentes ao IET(Pt) devem ser

entendidos como uma medida do potencial de eutrofização do meio, visto que este

nutriente atua como o agente causador do processo. De acordo com Lamparelli

(2004), o IET(Pt) pode ser calculado segundo a equação:

IET (Pt) = 10x(6-((0,42-0,36x (ln Pt))/ln 2))-20

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59

Os limites estabelecidos para as diferentes classes de trofia para rios estão

descritos no Quadro 5 (CETESB, 2009), já apresentada anteriormente. De acordo

com os resultados de fósforo total obtido para os pontos 1, 2 e 3 para os três meses

estudados, o IET(Pt) foi calculado e apresentou no ponto 1 um estado

ultraoligotrófico, e para os demais pontos, 2 e 3, um estado hipereutrófico, conforme

pode ser observado na Figura 31.

Figura 31: Estado trófico do córrego Taquara do Reino nos pontos 1, 2 e 3 de maio/13 a março/2014.

Os resultados demonstram que o Córrego Taquara do Reino parte de um

ambiente naturalmente equilibrado, ponto 1, para um ambiente com alto estado de

degradação do meio, pontos 2 e 3. Como a bacia hidrográfica apresenta grande

declividade, a carga de fósforo é carreada para as partes mais baixas chegando até

o rio Baquirivu-Guaçu.

A medida de condutividade elétrica expressa a capacidade da água em

conduzir a corrente elétrica, portanto, dependente das concentrações de íons

presentes em um corpo d’água. Cabe destacar que cada região apresenta uma água

com condutividade elétrica característica, dependendo principalmente dos tipos de

rochas pelo qual ela permeia. Sua determinação, apesar de não ser prevista em

legislação, pode representar uma medida indireta da concentração de poluentes.

Neste sentido, as medidas de condutividade realizadas nos pontos 1, 2 e 3 foram

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60

correlacionadas com as análises de fósforo total, que como visto anteriormente

apresenta graus de trofia extremos. De acordo com a Figura 32, observa-se uma

correlação linear entre estes dois parâmetros, cujo coeficiente de correlação foi de

0,86. Tal estudo de correlação necessita de um maior número de dados, e também

de estudos em outras bacias hidrográficas da região, mas já sinaliza como uma

medida rápida, a condutividade elétrica, que pode auxiliar na avaliação da qualidade

de um corpo hídrico.

Figura 32: Correlação entre condutividade e fósforo total para os pontos 1, 2 e 3.

Em análise gráfica do tipo boxplot observa-se que valores de condutividade

da ordem de 190 µScm-1 referem-se a uma água não degrada para a região

estudada, Figura 33, e valores de condutividade superiores a 300 µScm-1 existe

grande indício da ação antrópica no corpo hídrico.

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61

Figura 33: Gráfico Boxplot dos valores de condutividade elétrica da água de maio/13 a março/14

Similar coeficiente de correlação foi obtido quando se analisou a função

logarítmica da concentração da E. coli com a condutividade, conforme pode-se

observar na Figura 34. As mesmas observações feitas anteriormente para a

correlação fósforo e condutividade também se aplicam neste caso.

Figura 34: Correlação entre condutividade e E.coli para os pontos 1, 2 e 3.

Com relação ao parâmetro oxigênio, somente no mês de maio ele apresentou

valor pouco abaixo do limite de 4,0 mgL-1 estabelecido pelo CONAMA 357. Apesar

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62

do corpo d’água receber grande quantidade de esgoto doméstico, o terreno

apresenta grande declividade (MESQUITA, 2011), o que faz com que o processo de

aeração seja facilitado. Inclusive nas proximidades do ponto 3, existe uma queda

d’água o que favorece o aumento do oxigênio dissolvido. Para o mês de setembro

de 2013, os valores de oxigênio dissolvido foram elevados, e cabe destacar que nos

dias anteriores chuvas intensas caíram sobre a região, favorecendo o processo de

oxigenação das águas.

Os aspectos microbiológicos das águas do Córrego Taquara do Reino

também foram considerados determinando-se a bactéria E. coli. Este microrganismo

é de origem exclusivamente fecal, estando sempre presente nas fezes de humanos,

mamíferos e pássaros, sendo raramente encontrada na água ou solo que não

tenham recebido contaminação fecal. Novamente, conforme apresentado na Tabela

4, pode-se observar valores extremamente elevados nos pontos 2 e 3, devido a

descarga direta do esgoto doméstico no corpo d’água. A Figura 35 ilustra os valores

extremamente altos de contaminação fecal para os pontos 2 e 3, estando os valores

da concentração de E.coli muito acima do limite estabelecido em legislação.

Figura 35: Análise microbiológica (E. coli) do córrego Taquara do Reino em 2013/2014.

Outra confirmação do aporte de matéria orgânica ao córrego proveniente da

falta de saneamento foi observada a partir dos dados de demanda química de

oxigênio (DQO), conforme pode ser observado na Tabela 3. Os valores ilustram um

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63

aumento significativo de matéria orgânica para os pontos 2 e 3. Cabe destacar que

no dia anterior ao da coleta, fortes chuvas caíram na região, o que causou uma

diminuição da turbidez das águas comparativamente ao mês de maio, um período

com poucas chuvas.

Tabela 3: Valores médios da DQO ao longo do Córrego Taquara do Reino no mês de setembro de 2013.

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

DQO (mg O2L-1) 18 ± 1 65 ± 5 73 ± 7

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64

6. CONCLUSÃO

A qualidade das águas do Córrego Taquara do Reino foi estudada entre o

período de maio de 2013 a março de 2014, em função das condições da degradação

ambiental verificadas nos loteamentos Recreio São Jorge e Jardim Novo Recreio.

Após análises físico-químicas e microbiológica de três diferentes pontos, constatou-

se elevado grau de degradação ambiental do Córrego Taquara do Reino que parte

de um estado ultraoligotrófico em sua nascente, ponto 1, para um estado

hipereutrófico no seu exutorio, ponto 3. A variável microbiológica Escherichia coli,

também analisada, auxiliou no entendimento da contaminação fecal do corpo

d’água, implicando em sérios riscos de contaminação da comunidade local. Os

demais resultados dos parâmetros físico-químicos como oxigênio dissolvido, turbidez

e condutividade elétrica confirmam a diminuição da qualidade da água nos pontos 2

e 3. Observou-se uma correlação da condutividade elétrica com os parâmetros de

fósforo total e E.coli, o que possibilita o uso desta medida como análise imediata da

qualidade da água na bacia estudada.

Apesar do fornecimento de água pelo SAAE para os bairros Recreio São

Jorge e Jardim Novo Recreio, a comunidade local utiliza a água do ponto 1 para

lavar roupa, e até para cozinhar e beber. Felizmente, após um ano de análises,

pôde-se constatar que a água do ponto 1 não possui contaminação fecal. No

entanto, a falta de rede coletora de esgoto na região implica na contaminação

hídrica do Córrego Taquara do Reino, sendo, portanto, um agente causador de

enfermidades, principalmente para a população infantil.

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ANEXO

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71

FICHA DE CAMPO

Equipe de coleta: Arnaldo Rosa, Reinaldo Vargas e Antonio Saad

Identificação da amostra: Ponto 1

Data Hora Latitude Longitude

Chuvas Sim ( ) Não ( ) Chuvas nas últimas 24hs Sim ( ) Não ( )

Parâmetros organolépticos Descrição

Odor Sim ( ) Não ( )

Espuma Sim ( ) Não ( )

Material Flutuante Sim ( ) Não ( )

Cor Incolor ( ); Verde ( ); Pardo ( ); Outros ( )

Análises de Campo

Equipamento Marca Modelo

Oxímetro Digimed DM-4

Condutivímetro Digimed DM-3

pHmetro Digimed DM-2

Turbidímetro Quimis Q279P

Resultados das análises de campo

Medida 1 Medida 2 Medida 3

Temperatura (oC)

pH

Condutividade elétrica

(S/cm)

Oxigênio Dissolvido (mg/L)

Turbidez (UNT)

Amostra para Laboratório

Parâmetro Preservação Volume

(mL)

Número do frasco

DQO H2SO4 (1:1) 10 gotas e refrigeração 300 DQO 1

Fósforo HNO3 (pH<2) e refrigeração 300 PT 1

E. coli EDTA e refrigeração 500 Ec1

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ROSA, Arnaldo P583a Degradação ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego Taquara do Reino, município de Guarulhos (SP): reflexos na qualidade de água. / Arnaldo Rosa. Guarulhos, 2014.

71f.: il.; 31 cm Dissertação (Mestrado em Análise Geoambiental) –

Centro de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Guarulhos, 2013. Orientador: prof. Dr. Antonio Roberto Saad Bibliografia: f. 65-69. 1. Microbacia do Córrego Taquara do Reino. 2. Qualidade

de Águas. 3. Índice de Estado Trófico. 4. Degradação do Meio Ambiente. I. Título. II. Universidade Guarulhos.