Defesa da Fé - Nº 99 - 2012 - Em Defesa de Adão

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Sumário

Seitas do Novo Testamento

Cartas

IlustraçãoA cruz cortada

Crise na CientologiaAcúmulo de escândalosabala o futuro da seita

666Uma análise crítica das especulaçõessobre o número da besta

Pais homossexuais sãoprejudiciais para as

Teoranias no AntigoTestamento

Você é um cristãofundamentalista?

Do EditorA cumplicidade entre Adão e Cristo

EntrevistaMentiras sobre Deus

O crescimento da classemédia brasileira e oimpacto sobre as igrejasevangélicas

A importância do preparomissionário

A Igreja PerseguidaA Isreia Perseguida na Jordânia

ICP Responde

crianças

Apologética com amor esem arrogância

VerboContinuo procurando candidatos paraa próxima eleição!

4 Defesa da Fé

Do Editor

A cumplicidade entreAdão e Cristo

Existe uma cumplicidade histórica entre Adão e Cristo. É contraditório a maneira como al-guns cristãos aceitam a historicidade de Jesus Cristo e sua encamação, mas negam esta mesmahistoricidade a Adão, o primeiro homem criado por Deus. Tais pessoas parecem não entenderas implicações dessa rejeição. Negar a existência de Adão compromete toda a história da reden-ção, pois subtrai o sentido central da mensagem do evangelho; isto é, em Adão, todos pecarame carecem da salvação divina. Se Adão não existiu, então, a doutrina do pecado original é umainvenção. Logo, a necessidade de um salvador toma-se desnecessária.

Os teólogos liberais costumam atacar os primeiros capítulos de Gênesis e classificar o enredoda criação e da queda do homem como algo mitológico, alegórico, simbólico, poético, entreoutros termos que visam exaurir o caráter histórico das Escrituras. Infelizmente, não são mui-tos os crentes capazes de defender a Bíblia dessas acusações infundadas, por isso publicamos,nesta edição de Defesa da Fé, uma matéria de capa em defesa de Adão, pois entendemos quedefender Adão eqüivale a defender a Bíblia.

Na referida matéria, escrita por Brian Schwertley, o autor desconstrói, de maneira perspicaz,os frágeis argumentos dos teólogos liberais. Segundo o autor, a principal razão pela qual esseseruditos desejam considerar os capítulos iniciais de Gênesis como mitologia é que eles nãoquerem encarar a realidade da queda da raça em Adão e a culpa que decorre dela. Inteligen-temente, Schwertley demonstra a incoerência entre uma expiação histórica para resolver umpecado original mitológico: "Você não necessita de uma expiação histórica para desfazer umaqueda ou transgressão mitológica. Tudo o que precisa é de outro mito. Mas, se Cristo precisavaser real para nos salvar, então, Adão foi igualmente real. E porque Adão foi real, Cristo tam-bém precisou ser real para fazer a expiação". Como os leitores podem concluir por meio desteexcerto, esta matéria merece uma leitura integral e concentrada.

Ainda "respirando os ares" veterotestamentários, trazemos um lúcido artigo do jovem teólogoPaulo Ribeiro sobre as teofanias no Antigo Testamento, episódios sobrenaturais que sempremereceram uma análise acurada, mas que nunca foram contemplados em nossas pautas. Acre-ditamos que o autor contribui eficazmente para preencher esta lacuna, que deve se desdobrarnas edições posteriores.

Na área da heresiologia, publicamos um artigo de Paulo Cristiano sobre as diversas interpre-tações do número da besta entre as várias seitas. O texto nos surpreende ao desvelar a imensacriatividade dos grupos religiosos no afã de identificar o detentor desse famigerado número.Afinal de contas, quem é a besta do Apocalipse? O leitor descobrirá que muitas seitas, equivo-cadamente, têm essa resposta "na ponta da língua".

Outro assunto que esta edição aborda ainda na área das heresias são as seitas que Jesus en-frentou em seu tempo, artigo escrito por João Flávio Martinez, que expõe oito grupos religiosose/ou políticos constantes nos evangelhos e que renderam debates apologéticos profundos como Mestre. Também vale a pena a leitura de uma notícia sobre a recente derrocada enfrentadapela cientologia, seita que ficou famosa pela adesão de astros hollywoodianos, como Tom Crui-se, por exemplo; um fenômeno religioso que surgiu com grande força, mas está arrefecendodevido aos escândalos envolvendo seus adeptos.

Por fim, compartilhamos também um instigante texto de Augustas Nicodemus sobre o que éser um cristão fundamentalista; um artigo reflexivo tratando da polêmica criação de criançaspor pais homossexuais; a associação que Rubens Muzio faz entre a ascensão do nominalismoevangélico e o crescimento da classe média no Brasil; e, ainda, uma excelente entrevista comErwin Lutzer sobre o que ele chama de "mentiras capitais sobre Deus".

Esperamos que nossos leitores sejam, mais uma vez, edificados com esta edição e pedimos asorações para que Deus nos abençoe e ajude a preparar, nos próximos dias, a 100a edição de

' Defesa da Fé, um marco para o nosso ministério.

Aguardem! \\

Defesa da FéRevista Brasileira de Apologética CristãPublicação Interdenominacional do ICPISSN 1516-9731* Ano 13 • N° 99 • setembro/outubro 2012

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EditorElvis Brassaroto [email protected](MTB41367/SP)

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Palestrantes voluntáriosRonaldo Aráujo, Alex Belmonte, Danilo Moraes,Paulo Sérgio, Amilton Rabelo, Robson Lima,Paulo Moraes, Luis Gustavo,Alexandre Farias, Rosimeire L. Souza,Silvio Lamego, RodrigoToledo,Jorge Gilberto S. Oliveira,Othoniel Rodrigues, Emerson Amida.

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Bênçãos para a minha vidaDefesa da Fé tem trazido bênçãos para a minha vida. Ao ler as matérias publicadas,percebi que todo o seu conteúdo é exatamente aquilo que a igreja precisa para defen-der a sua fé junto aos sectários. Os assuntos abordados são fundamentais para o nossocrescimento espiritual.Gilmar Silva

Valeu a pena o investimentoGanhei um exemplar da Defesa da Fé no seminário onde estudo teologia. A edição me

ajudou muito nos trabalho sobre heresiologia. No mesmo mês, fiz minha assinatura.

Cada revista que recebo percebo que valeu a pena o investimento.

Maria Júlia

Tem me ajudado muitoToda a equipe do ICP está de parabéns pela publicação de Defesa da Fé. O CD querecebi, quando fiz minha assinatura, tem-me ajudado muito. Sou professora de escoladominical e tenho usado esta revista, suas matérias, para sanar as dúvidas dos meusalunos. Que Deus continue dando sabedoria para todos os escritores!Ana Paula

Ensino na TV Boas-NovasA revista já é uma bênção. Agora, então, com o programa de ensino na TV Boas--Novas, ficou melhor ainda. Só não aprende quem não quer. Tenho divulgado cons-tantemente esta revista na igreja onde sou membro e o meu pastor, que também éassinante, tem nos dado total apoio.Walter Andrade

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Ilustração

A cruzcortada

Por Juanribe Pagliarin

Membro do ministério "Pregadores do Telhado"

www.pregadoresdotelhado.org.br

Certo moço foi convidado a fazeruma jornada ao paraíso. Para chegaraté lá, deveria carregar uma cruz nascostas. Puseram-lhe a cruz nas costas,mas ele a achou um pouco pesada.

Disseram-lhe: "Vá por este cami-nho reto e siga sempre subindo, até otopo. Nunca deixe a tua cruz no meiodo caminho. Vá até o fim, carregan-do a tua cruz". Ele começou. Emprincípio, a cruz não incomodava.Mas, conforme foi andando, o ombrocomeçou a doer e ele foi trocando acruz, ora para o lado direito, ora parao lado esquerdo. O ombro estavamachucando e ele foi carregando,carregando. Parava um pouquinho epensava: "Puxa, até quando vou terde carregar esta cruz? Será que faltamuito para chegar?". E ele olhava notopo, que parecia muito distante.

Então, teve a idéia de cortar umpedaço da cruz. Porque dizia: "Estacruz é grande demais e não precisaser deste tamanho". Então, foi à pon-ta da cruz e cortou, mais ou menos,meio metro. Colocou-a novamentesobre os ombros e ela lhe pareceumais leve.

Continuou subindo por aquelecaminho. Depois de andar alguns

quilômetros, a cruz lhe pareceu ex-cessivamente pesada. Disse, então:"Estou com as pernas doendo, os pésinchados e esta cruz é muito pesada.Se eu cortar mais um pedaço dela, fi-cará mais fácil para eu carregar". En-tão, cortou mais um pedaço da cruz,colocou nos ombros e, novamente,foi carregando.

E assim prosseguiu passando à fren-te de todo mundo que, com dificul-dade, carregava a cruz intacta. Elefoi o primeiro a chegar ao topo, maspercebeu que o topo não era ainda ofim do caminho. Havia um precipíciocom um rio lá embaixo e, do outrolado, o caminho continuava. Ele fi-cou observando aquele precipício atéque chegou um dos que carregavam asua cruz. Essa pessoa pegou a sua cruze, usando como ponte, colocou-a so-bre o rio, de uma a outra extremidadedo abismo, e foi andando por cima dacruz, usando-a como ponte.

Então, ele percebeu que o cumpri-mento da cruz havia sido calculadopara que as pessoas que chegassem aofinal da caminhada pudessem fazer atravessia. Percebeu, tardiamente, quea sua cruz, agora, não servia para fa-zer a ponte, porque a havia cortadovárias vezes. Contudo, resolveu ten-

tar assim mesmo, com a sua cruz re-duzida.

Acreditou que seria possível fazera travessia num lugar mais estreito,mas, ao pisar sobre a cruz, usando-acomo ponte num lugar assim, por es-tar muito justa ao barranco do outrolado, rompeu com a rocha. A cruzdespencou no rio, ele caiu junto eveio a se perder na correnteza.

Esta ilustração corresponde per-feitamente ao que o Senhor Jesusdisse: "Se alguém quer vir após mim,negue-se a si mesmo, tome a cada diaa sua cruz e siga-me".

Existe uma cruz para ser carregada.É uma cruz que o próprio Senhor Je-sus carregou. Jesus não recusou a cruze suportou a cruz. Ele não reduziu umsó pedaço da cruz. Ele não recusou opecado de uma só pessoa. E assumiuo pecado de toda a humanidade. Damesma forma, a nossa cruz não é paraser carregada de vez em quando, poiso próprio Senhor Jesus especificou:"tome a cada dia". Ê todo o dia. Nãoé uma vez ou outra que devemos es-tar dispostos a carregar a nossa cruz.Se assim agirmos, ao final, consegui-remos fazer a grande travessia quenos conduzirá à vida eterna, i i

Nossa Declaração Doutrinária!1. As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testa-mentos, são inteiramente inspiradas por Deus, infalíveis na suacomposição original e completamente dignas de confiança emquaisquer áreas que venham a se expressar, sendo também aautoridade final e suprema de fé e conduta; 2. Há um só Deuseterno, poderoso e perfeito, distinto em sua trindade: Pai, Fi-lho e Espírito Santo; 3. Jesus Cristo nasceu do Espírito Santo eda virgem Maria, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem eo único mediador entre Deus e o homem. Somente Ele foi per-feito em natureza, ensino e obediência; 4. 0 Espírito Santo é oregenerador e santificador dos redimidos, o doador dos dons efrutos espirituais, o Consolador permanente e Mestre da Igreja;5. Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhançade Deus. Devido à queda de Adão, a humanidade tornou-se ra-dicalmente corrupta e distanciada de Deus. 0 essencial para ohomem é a restauração de sua comunhão com Deus, a qual ohomem é incapaz de operar por si mesmo; 6. A salvação eterna,

dom de Deus, tem sido providenciada para o homem unicamen-te pela graça do Senhor e pela morte viçaria de Cristo Jesus. Féé o meio pelo qual o crente se apropria dos benefícios da salva-ção da Sua morte; 7. Jesus Cristo ressuscitou fisicamente den-tre os mortos, ascendeu aos céus e voltará na consumação dosséculos para julgar os homens; 8. A punição eterna, incluindoa separação e perda de comunhão com Deus, é o destino finaldo homem não regenerado e Satanás com todos os seus anjos;9. A Igreja cristã, o corpo e a noiva de Cristo, é consagrada àadoração e ao serviço de Deus através da proclamação fiel daPalavra, a prática de boas obras e a observância do Batismo eda Ceia do Senhor; 10. A tarefa da Igreja é ensinar a todas asnações, fazendo com que o Evangelho produza frutos em cadaaspecto da vida e do pensamento. A missão suprema da Igrejaé a salvação das almas. Deus transforma a natureza humana,tornando-se isto, então, o meio para a redenção da sociedade.

Os anúncios de obras teológicas e filosóficas publicados nesta edição não se conformam, necessariamente, a esta declaração doutrinária. Aos nossos leitores,cabe a maturidade e responsabilidade de pesquisar e recepcionar as obras de maneira crítica, retendo a ortodoxia (ICo 2.15; lTs 5.21).

8 Defesa da Fé

Uma análise críticaespeculações sobrenumero da besta

I

o

"Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o

número da besta; porque é o número de um homem,

e o seu número é seiscentos e sessenta e seis"(Ap 13.18)

Por Paulo Cristiano SilvaSociólogo e vice-presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas

Especulações popularesMuitas coisas já foram identificadas com o número

666. Exemplos foram extraídos do código da Internet:www, onde convertem o W em número romano VI =6; VI VI VI = 666. O sinal da besta seria o computadorna testa (com o monitor) e na mão direita (com omouse). Também encontraram o número na frase "Viva,Viva, Viva a Sociedade Alternativa", da música do ex-roqueiro Raul Seixas, onde transformaram a sílaba VIem algarismo romano V + I = 6. Então, Viva VivaViva, virou 666. "Marquei um X, um X, um X no seucoração", da cantora Xuxa, também se enquadraria nafamosa continha. Segundo dizem, a letra X pronunciadaem português seria XIS, lendo de trás para frente viraSIX, que em inglês é 6. Então, SIX,SIX,SIX = 666.

Especulaçõesescatológicas

É notório a todos que literaturas orientais,principalmente as antigas, quando vertidas para oocidente, tendem a apresentar não só dificuldadeslingüísticas.9 Isso porque, quando lemos tais livros,não estamos apenas lendo simples caracteres, masabsorvendo também seus costumes, crenças, filosofias,enfim... toda uma bagagem cultural diferente e estranhaa nós, ocidentais. Em se tratando de matéria religiosa, acoisa tende a complicar ainda mais. A Bíblia, o livro dos cristãos, é uma literatura também oriental com uma riquíssimalinguagem simbólica, poética e cultural, não fazendo exceção à regra.

Não obstante, há de se esclarecer que a Bíblia, como portadora da mensagem de salvação, em sua essência, é de fácilcompreensão (Is 35.8). Mas, à margem da mensagem essencial, que é o evangelho, existem as exceções que se encontramno livro sacro. Essas exceções são passagens não tão claras que, por vezes, envolvem o conhecimento do contextosociocultural e religioso da época para uma real compreensão. Quando não, são passagens no campo das profecias a seremainda cumpridas num futuro próximo. Quanto a essa última categoria, entendemos que poucas passagens merecem tantaatenção quanto Apocalipse 13.16-18, quando o assunto é especulação.

Os intérpretes que se aventuram a decifrar o número e o nome da besta, geralmente, procuram se basear em grandespersonagens da história mundial para impingir o famigerado título bestial. As interpretações, como não poderiam deixarde ser, são as mais variadas possíveis, assim como os métodos utilizados para decifrar o enigma apocalíptico.

No afã de se conseguir tal intento, às vezes, os pressupostos empregados forçam tais intérpretes (até mesmo os maiscautelosos) a sair do eixo bíblico, tornando suas interpretações um verdadeiro malabarismo, destituídas de qualqueranálise contextual mais lata. Os princípios fundamentais da boa exegese bíblica são deixados de lado em detrimento deinterpretações forçadas, oriundas de uma mentalidade preconceituosa. A história mundial é forçada ao máximo, para nãodizer adulterada, a fim de se encaixar em pressupostos doutrinários.

Defesa da Fé 15

"Os pressupostos empregados por alguns intérpretes são forçados etornam suas interpretações um verdadeiro malabarismo, destituídas

de qualquer análise contextual"

A matemáticacomo ferramentaespeculativa

Os estudiosos em geral entendemque João estava usando a gematria,um sistema criptográfico (ato deescrever em cifra ou em código),que consiste em atribuir valoresnuméricos às letras.

É sabido que o latim, o grego e ohebraico usavam letras em lugar dealgarismos para compor números.

Assim sendo, as letras funcionavamcomo números. Troca-se as letraspelos números e consegue-se chegarao famigerado 666.

Na época de João, este era ummétodo vulgar. Foi descoberto pelaarqueologia o nome de moças emvalores numéricos. Na cidade dePompeia, sobre um muro, aparece ainscrição: Phílo hes arithmós phme("Amo aquela cujo número é phme",onde ph=500 + m = 40 + e = 5total = 545). Tanto pagãos como

judeus e cristãos usavam o simbolismonumérico. Os "Oráculos sibilinos" doséculo 2° d.C. apontavam o valor donome de Cristo como sendo 888. Jáos gregos invocavam o deus Júpiter,cujo número do nome era 717. Osgnósticos viam no número 365 algode místico, pois, transferidos para oalfabeto grego, traduzia a palavraAbrasaks, "o senhor dos céus".10

Por seu turno, Clemente e Orígenesjogavam com o significado do número318, que seria a abreviação do nomede Cristo - IHT.11

O que é a gematria?É o método hermenêutico de análise das palavras bíblicas somente em hebraico, atribuindo um valor numérico definido

a cada letra. É conhecido como "numerologia judaica" e existe na Torah (Pentateuco). A cada letra do alfabeto hebraicoé atribuído um valor numérico, assim, uma palavra é o somatório dos valores das letras que a compõem. As Escriturassão, então, explicadas pelo valor numérico das palavras. Tal lógica estava presente na produção de Midrash e consolidou-se durante a Idade Média, próximo à época das cruzadas, mas ainda é utilizada, compilada primeiro no Talmude e,posteriormente, em tratados da Cabala.

Especulações entreos cristãos primitivos

Parece que o primeiro escritorcristão a tentar decifrar a besta doapocalipse usando este método foi

Ireneu, em sua obra "Adv. Haer.V, 30,3". Ele sugeriu vários nomesque supostamente poderiam se"enquadrar", dentre os quais"lateinos" (latino) e "teitan" (titã). A

transliteração desses nomes somadosresulta no valor 666. Também o nomeNeron Caesar (César Nero) em gregovertido para o hebraico resulta em666. Vejamos:

2,00 200 400

Em forma latina (tirando-se o"n"), o número varia para 616.12

Parece que esta era a interpretaçãomais convincente para os cristãosprimitivos. Tanto é assim que doispequenos manuscritos do Apocalipse,

que hoje já não mais existem, traziam616 no lugar de 666.u

Com a chegada da ReformaProtestante, alguns reformadoresviam no papa a figura do anticristo,

a besta do Apocalipse.14 A propósito,a expressão Italika Ekklesia ("IgrejaItaliana") daria o número 666, o quefaziam muitos pensar que a bestasairia dessa igreja. Lutero chegoua conjecturar: "São seiscentos e

16 Defesa da Fé

sessenta e seis anos; é o tempo quejá dura o papado secular".13 Aindaoutras expressões contextualizadasao catolicismo romano como"signal da crvx" (sinal da cruz),"latinvs rex sacerdos" (rei esacerdote latino) e "Ioannes PavlvsSecvndo" (J°ão Paulo Segundo)também resultam em 666.

Em seu livro, Guerra e paz, LeonTolstoi, escritor russo, especulasobre a idéia de NapoleãoBonaparteser a besta com o número 666.16

O teólogo Petrelli aplicou essenúmero a Joseph Smith, fundadorda Igreja mórmon. Diocleciano,Lutero, Calvino, Hitler e outrosforam igualmente vítimas dosmatemáticos do Apocalipse. Oúltimo grande nome cogitado paraengrossar essa lista foi Bill Gates,dono da Microsoft, que, segundodizem, também daria 666.17

E a lista parece sem-fim.Constantino, reverendo PatRobertson, reverendo Moon,Yasser Arafat, Aiatolá Khomeini,Saddan Hussein, Kennedy,Mussolini, Balaão, Ronald Reagan,César, Calígula, Juan Carlos (rei daEspanha), Ismet (o pai da Turquiamoderna), imperador FredericoII (da Alemanha), George II (reida Inglaterra), Nikita Kruschev,Joseph Stalin e Mussolini. Atémesmo o nome Jesus de Nazaréem hebraico (YRSN VSY) dá 666.Também, o próprio termo "besta"em grego (thérion) escrito comletras hebraicas (TRYVN) soma666.

Especulaçõesentre as seitas

Como já dissemos, a Bíblia,

de fato, possui alguns pontosobscuros. As seitas aproveitam essa"dificuldade" usando justamenteessas passagens para extrairdelas novas revelações até então"desconhecidas" para o mundo.As seitas alimentam essa utopiateológica baseadas na suposição deque Deus esteja, por meio delas,revelando "mistérios" para ostempos do fim. Isso é sintomáticoentre esses movimentos e figuracomo patologia teológica incurávelem algumas seitas que têm feitoespeculações absurdas sobre onúmero 666. Vejamos algumas:

O número da bestae o adventismo dosétimo dia

Segundo esse grupo, o papa é abesta. Para os adventistas, o papa éinquestionavelmente o anticristo.Embora não se possa achar nadade concreto nos escritos de EllenGould White18 sobre este cálculo,alguns pioneiros adventistas,como Uriah Smith, em seu livro,As profecias do Apocalipse, já

trazia o cálculo do número 666aplicando-o ao papa.19

Fazem isso partindo da premissade que o papa mudou a lei deDeus, principalmente o quartomandamento, então, chegam àconclusão de que ele deve ser oanticristo, conforme fala Daniel7.25. Para confirmar tal fato, foipreciso forjar uma ligação entre onome do papa e o número 666.

Como não conseguiram oresultado usando o nome denenhum papa, inventaramum título latino que o papa,supostamente, usaria em suatiara, o "VICARIUS FILII DEI"

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A melhor revistade teologia 1 fapologétical I

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(21)[email protected]

"Com a chegada da Reforma Protestante, alguns reformadoresviam no papa a figura do antfcristo, a besta do Apocalipse"

("Vigário do Filho de Deus")- Daí a famosa soma que passou a fazer parte da teologia adventista até hoje:

V 1 C

5 A \Q0

A R 1

* * 4

V S F

5 * *

1

4

L

50

1

4

1 J> B

A $0° 2

1r r r\OKOKO

Ocorre, porém, que essa soma incontornáveis. A primeira delas é 666, mas em 664. Veja o cômputoenfrenta algumas dificuldades que a soma correta não resulta em correto:

V

5

I

4

C A R

* *!

i V s*

F 1

4

L

5 0 !i 1

1

4

1

I

i3) ! E• i

__| | ( r hÍÍÍÍT

<

A segunda questão é que isso não éo "nome de um homem", mas o títulode uma suposta função que o lídercatólico exerce. Além disso, temosde levar em consideração que nãose pode provar que tal título existiade fato na tiara papal. E, ao que tudoindica, nem mesmo este correspondeao nome correto do título, o qual

seria, corretamente, chamado de"Vigário de Cristo" e não "Vigário doFilho de Deus".

Ainda é importante destacar queo Apocalipse foi escrito em grego enão em latim. Consequentemente,o cálculo deveria ser feito por letrasgregas e não latinas. É temeroso

acreditar que os destinatários deJoão conhecessem o latim, já queeste era um idioma usado apenas nosterritórios do Ocidente Europeu.

Por fim, por mais paradoxal quepareça, usando este mesmo cálculopode-se até encaixar a profetisa dosadventistas nele.20 Vejamos:

e L

* ; 50-

L e:50 *

Kl Gi\

* *

Oj

V

5

L

50

í

D w 14 1 j T1 5f f fKololo

Diante disso, atualmente, muitosteólogos adventistas já não maisassociam o número da besta como título papal.21 Curiosamente, alição da Escola Sabatina de 20 a27/05/2000, que tratava sobre afamosa tríplice mensagem angélica,omitiu que a besta do Apocalipse é

o papa. Os termos "falsos sistemasreligiosos" e "falsos sistemas deadoração" são utilizados parasubstituir os costumeiros termos"Roma" e "poder papal", tãomarcantes no livro O grande conflito,um dos principais escritos de EllenGould White.

O número da besta eo jeovismo

Segundo esse grupo, a besta é osistema político do mundo. Depoisde mudarem diversas vezes suasdoutrinas a respeito do Apocalipse,as testemunhas de Jeová chegaram

18 Defesa da Fé

à conclusão, no livro Revelação: seugrande clímax está próximo22, que abesta seria apenas o mundo em suaforma organizada politicamente,sendo a ONU a imagem da besta.Afirmam, ainda: "Assim, como seisé inferior a sete, assim 666 - seis emtrês estágios — é um nome apropriadopara o gigantesco sistema político domundo".

E claro que esta interpretação édescabida e vai contra o próprio textoque diz que é o "nome de um homem"e não de um sistema político. O quemuitos não sabem é que hoje a ONU

já não é mais vista como a imagemda besta pelas testemunhas de Jeová.Essa mudança ocorreu porque aSociedade Torre de Vigia, entidadejeovista, tentou se filiar à ONU. Éa velha tática da seita de reciclarconstantemente sua doutrina.23

O número da bestae o movimento donome sagrado

Para esse grupo, o nome Jesusrepresenta a besta. A principalpreocupação desse movimento é

com o homônimo escrito e oral donome sagrado: Yahweh para Deus eYahshua, para Jesus. Dessa ênfase,deriva o nome desse movimento,cujos representantes principaisaqui no Brasil são conhecidos como"testemunhas de Yehoshua".

Como o grupo repugna o nomeJesus, seus adeptos resolveramencontrar o equivalente numéricopara o nome fatídico da besta emcima do nome do Filho de Deus.Demonstram isso empregando aexpressão latina lesus Cristvs FilüDei ("Jesus Cristo Filho de Deus").

Em primeiro lugar, gostaríamosde lembrar que IESVS CRISTVSFILII DEI é IESVS CRISTVS +FILII DEI, ou seja, trata-se de uma

frase que vai muito além de umnome. Em segundo lugar, o nomeIESVS CRISTVS, sozinho, eqüivaleapenas a 112. Em terceiro lugar, FILII

(genitivo masculino singular) deveriaser FILIVS (nominativo masculinosingular). Assim sendo, teríamos:

500552

Logo, temos I E S U S C R I S T VS = 112 + F I L I V S D E I = 558= 670, um número bem diferentede 666. Percebemos, portanto, anecessidade da presença de títulos ouapostos - sem contar com a presença

de FILII, ao invés da forma corretaFILIVS - para se chegar ao número666.24

Outros, no entanto, levados poruma obstinação mórbida, preferem

usar apenas o nome Jesus e transliterá-Io em caracteres hebraicos, fazendovaler 666. Esse foi o artifício expostopor outra variante deste movimento,conhecida como ComunidadeJudaica Messianitas.23 Vejamos:

Não existe, evwhebraico

BMão possui valor

vutvwéiico e*vcUebruLco

S l

(o ,C(o0 sewt o zero)

; s

L(o0 sew». o zero)

(0(0(0

"Os crentes que estiverem passando pela tributação, quando lhes forsugerido que recebam o número 666 na fronte ou na mão direita,

deverão rejeitá-lo, mesmo que isso signifique a morte"

Não é necessário ser teólogopara perceber que os erros e asinterpretações forçadas neste cálculoestão às escancaras. Primeiro, porquea soma correta desses números é 126e não 666. Segundo, porque essecálculo faz arbitrariamente 60 valer 6e, depois, usa uma palavra portuguesa,transformando-a em numeraishebraicos. Isso é simplesmenteinaceitável para a aplicação dosistema de numeração hebraica.-.

Quem é a besta,afinal?

Há comentaristas que acreditamque a figura de Nero preencheperfeitamente o cumprimento daprofecia.26 Contudo, o Apocalipseé uma revelação para o futuro. Oalcance dos eventos descritos nesselivro terão um cumprimento bem maisamplo do que qualquer um já visto nahistória. Nesse caso, acreditamos queNero pode ser visto apenas como maisum tipo do anticristo e não como opróprio anticristo.

Por outro lado, há os que enxergamnesse número apenas um simbolismoda imperfeição humana. Assim, onúmero da besta seria só o número dohomem, ou seja, do homem terreno,em contraste com o divino, mastambém significa a imperfeição e arebelião contra Deus. Satanás semprequis imitar a Deus. Como o número deDeus é sete, o número da perfeição,

o inimigo de Deus também terá seunúmero. Enquanto Deus marca nastestas de seus servos o seu nome, abesta deixará sua marca naqueles quea servirão, significando que o anticristoprocurará chegar à perfeição, massempre ficará aquém dela.

Mas, o que essa sabedoria e esseconhecimento permitem que oscrentes façam? A passagem diz quepodemos "calcular". Mas, calcular oquê? Podemos calcular o número dabesta. O principal propósito de alertaros crentes sobre a marca é permitirque saibam que, quando em formade número, o nome da besta será666. Assim, os crentes que estiverempassando pela tribulação, quando lhesfor sugerido que recebam o número666 na fronte ou na mão direita,deverão rejeitá-lo, mesmo que issosignifique a morte.

Outra conclusão que podemos tiraré que qualquer marca ou dispositivooferecido antes dessa época nãoé a marca da besta, que deve serevitada. Todos saberão e aderirãoconscientemente a ela, enquantooutros a rejeitarão e sofrerão asconseqüências por isso.27 O que onome e o número da besta significamserá conhecido dos santos queestiverem na terra na época em quea besta estiver aqui em pessoa. Assim,de uma coisa temos certeza: ninguémna terra, atualmente, tem sabedoriasuficiente para compreender o númeroda besta.28

Consideraçõesfinais

Admitimos que, no momento, éimpossível averiguar a identidadedesse diabólico personagem, pelosmotivos já expostos. Quanto àsinterpretações mencionadas nesteartigo, é praticamente inútil tentarabordar, ainda que por alto, todos osaspectos ou analisar suas contradições.Todos os cálculos que se apresentaramaté agora se mostraram falhos. Issoporque, com um pouco de criatividade,é fácil impingir o número da besta emqualquer um. Se não funciona comletras hebraicas, troca-se por latinasou gregas. Acrescentam-se e tiram-se títulos. Existem vários modos dese obter o número, principalmentequando usamos líderes mundiais, osquais possuem vários títulos. Mas,até mesmo aplicado a um nome tãocomum quanto João da Silva essenúmero pode se encaixar. Os váriosrecursos disponíveis tornam as chancesbastante altas. É o malabarismo do"estica-encolhe exegético", a fim deforçar o número 666 a se encaixarno personagem de sua escolha. Issoposto, repudiamos tal irresponsávelteologia escatológica especulativaque serve mais para confundir doque para elucidar a questão. Eis umacaracterística típica de quase todosos "caçadores da besta": preferemignorar os fatos a abdicar de suas idéiaspreconcebidas, i i

20 Defesa da Fé

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. PERSCH, Léo. A segunda vinda de Jesus. Campinas: Ed. Raboni, 1995, p. 155.

2. MALGO.Wim. Terá chegado o Um de todas as coisas? Porto Alegre - R S : Obra Missionária Chamada da meia-Noite, p. 35.

3. A Kia Motors do Brasil é, desde maio de 1992, representante oficial da montadora sul-coreana no país. No site oficial http://www.kia.com.br/empresa.php encontramos a frase: "O sucesso foi tão expressivo que, ainda hoje,

vinte anos após o seu lançamento, a besta ainda é sinônimo deVan no mercado brasileiro".

4. Para saber mais sobre o uso desse número em nosso século, ver"O controle total - 666",Wim Malgo,"Obra Missionária Chamada da Meia-Noite"- Porto Alegre-RS.

5. Para ver uma defesa do próprio inventor do código de barras George J. Laurer contra esta neurose religiosa, acesse o site na sessão de perguntas e repostas http://www.laurerupc.com/.

6. Revista Adonay, sob o titulo A marca da besta. Ano 4 - n° 23 -julho e agosto de 2000, pp. 26-29.

7. O site http://www.relatorioalfa.com.br/ garante que empresa americana está pronta para marcar 75 mil brasileiros com um micro chip transmissor.

8. Deve-se ter em mente que o original grego não trazia a divisão em capítulos e versículos. A primeira Bíblia que trouxe esta divisão foi ãVulgata, em 1555.

9. Exemplos desse tipo podemos encontrar no Corão muçulmano e no Bhagavad Gita indiano.

10. CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo - vo). 6, São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, p. 560-2.

1 1 . Ele alegorizaos 318 servos de Abraão (9:8), ao se referirá morte de Cristo na cruz, na base de que a letra grega para 300 tem a forma de cruze que os numerais gregos para 18 são as duas primeiras letras do nome de

Jesus.

12. Os manuscritos usados porlreneu são conhecidos como manuscrito C (Codex Ephraemi Rescríptus) do séc. 5o d.C; e o ITZdoséc. 8o d.C. Curiosamente, o manuscrito conhecido como ITAR, do séc.9° Xd.C.trazo n°646.

13. CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo • vol. 6, São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, p. 560-2.

14. Uma defesa ardorosa deste ponto de vista foi feita pelo Dr. Aníbal Pereira dos Reis, em seu livro "O número 666 de Apocalipse 13.18", da editora Caminho de Damasco.

15. Citado em "Profetas e prognósticos-visionários otimistas e pessimistas de Delfos até o Clube de Roma", Helmut Swoboda, São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1980, p. 70.

16.T0LT0I, Leon. Guerra e paz, p .72.

17 . Para uma defesa de Bill Gates veja o site http://www.dgol.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1116.

18. Alguns estudiosos adventistas afirmam que Ellen White atribuiu o número 666 não a Besta, mas à sua imagem. Para mais informações ver o livro A Word to the Little Flock, extraído do site www.jovemadventista.com/

religiao/666/666.

19. WHITE, Ellen Gould. 45 profecias do Apocalipse. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1991, p. 214.

2 0 . Neste caso,W é =V +V = 5 + 5.

2 1 . Para ver mais sobre esta omissão consultar: 1) "As profecias do fim", p.316-318, do autor Hans K. La Rondelle, professor emérito deTeología da Universidade de Andrews, publicado pela ACES em 1999; 2) "Apocalipse: suas

revelações", p.413-415, do autor C. Mervyn Maxwell, diretor do departamento de História Eclesiástica e professor de História da igreja na universidade de Andrews, também publicado pela ACES, em 1991.

2 2 . "Revelação - seu grande clímax está próximo, 1998, p. 196.

2 3 . Para mais informações http://www.geocities.com/osarsif/

2 4 . Revista Defesa da Fé, Edição Especial 2000, p. 278.

2 5 . Panfleto "666", de autoria de D. Mathyas Pynto, líder de uma facção deste movimento. Cópias dos originais nos arquivos do CACP

2 6 . Para uma defesa desta tese, ver "Comentário bíblico pentecostal - Novo Testamento", Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2003, pp. 1891-1893.

2 7 . Revista Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2004.

28 . HERBERT, Sr. Lockyer. Apocalipse. O Drama dos Séculos. Miami, Flórida EUA: Ed.Vida, 1982, pp. 141-142.

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Pais homossexuaissão prejudiciais paraas crianças?

Em seu novo estudo, publicadopelo Social Science Journal, MarkRegnerus faz uma pergunta: "Quãodiferentes são os adultos criados porpais que possuem relacionamentoshomossexuais?". A resposta paraisso — tanto na literatura acadêmicaquanto no imaginário do públicoamericano — mudou dramaticamenteem menos de uma geração. "Quinzeanos atrás", explicou Regnerusem um evento no neutro Institutefor American Values, "famíliasbiológicas heterossexuais eramconsideradas reflexivamente comoo melhor ambiente para crianças".Subseqüentemente, isso deu lugar ànoção de que não havia "qualquerdiferença significativa" na criação de

22 Defesa da Fé

crianças em arranjos familiares nãotradicionais. Finalmente, sugeriu-se que crianças "podem se sairmelhor sendo criadas por um casalhomossexual".

Ainda que existam pouquíssimasevidências que dão suporte a essaconclusão, defensores do casamentoe da adoção homossexual declararamque a ciência já o provou. Talvez, amais famosa dessas declarações sejaum artigo de 2010, escrito peloscientistas sociais Judith Stacey eTimothy Biblarz, que propalouque: "baseado estritamente empublicações científicas, pode-seargumentar que duas mulheres criamuma criança melhor do que uma

Por Charles C.W. CookeEditor associado da National Review

Tradução: Felipe Melo

mulher e um homem, ou pelo menosuma mulher e um homem comuma divisão tradicional de papéisfamiliares".

Esse argumento — de quepais homossexuais são iguais oumelhores do que as estruturasfamiliares tradicionais — encontrouseu caminho em nosso diálogoacadêmico, legal e cultural, eraramente é questionado. Daí,a declaração da Nona Corte deApelação: "Crianças educadas porpais homossexuais podem ser tãosaudáveis, bem-sucedidas e bemajustadas quanto crianças educadaspor pais heterossexuais. Pesquisasque apontam para essa conclusão são

indubitavelmente aceitas no campoda psicologia do desenvolvimento".

O estudo de Regnerus foidesenvolvido para reexaminar essaquestão - uma tarefa difícil, para dizero mínimo - ao expandir a amostragemanalisada e aprimorar a metodologiadas pesquisas anteriores. O Censodos EUA, por exemplo, coleta umaporção de informações úteis, mas, pornão conter questões sobre orientaçãosexual, muito de sua contribuição aoassunto deve ser inferido. Da mesmaforma, muitos estudos acadêmicosque utilizam a "técnica bola deneve" de amostragens pequenas— um processo no qual os sujeitosque participam do estudo recrutampessoas conhecidas para participaremdele — podem ser confusos. Umdesses estudos, abordado no artigode Regnerus, analisou mulheres queliam jornais e freqüentavam livrariase eventos lésbicos; o problema comessa abordagem popular é que elarestringe a amostragem aos maiseducados, ricos e socialmentesimilares, resultando em umacompreensão limitada. Estudos assimpulularam nos últimos anos.

Em busca de suas respostas,Regnerus entrevistou 15.088pessoas. Destas, os entrevistadoresencontraram 175 pessoas que foramcriadas por mães que estavamem um relacionamento lésbico e73 pessoas que foram criadas porpais que tiveram relacionamentoshomossexuais — ainda assim, umgrupo relativamente pequeno.

A primeira coisa que Regnerusdescobriu foi que residências dehomossexuais com crianças sãolocalizadas nas mesmas áreasgeográficas que os lares de casaisheterossexuais com crianças. Aocontrário do que se pensa, não háconcentração real de crianças ondehomossexuais vivem em massa. Porexemplo, como há poucas criançasnas residências de San Francisco,há também poucas crianças vivendocom homossexuais em San Francisco.De fato, a Geórgia é o Estado dos

EUA com mais crianças vivendocom casais do mesmo sexo. Apesarda fama de serem menos amigosdos homossexuais, alguns Estadosamericanos estão bem representadosna medição demográfica de casaishomossexuais com crianças. E,fazendo jus à tendência geral, casaishomossexuais latinos têm maiscrianças do que casais homossexuaisbrancos.

Regnerus descobriu que as criançasdo estudo raramente passaram ainfância inteira na casa de seus paishomossexuais. Apenas dois dos 175sujeitos que declararam que sua mãevivia em um relacionamento lésbicopassaram toda a sua infância com ocasal. Nenhuma criança estudadapassou toda a sua infância com doishomens homossexuais. Os númerostambém caem bastante quanto aotempo decorrido: por exemplo, 57%das crianças passaram mais de quatromeses com mães lésbicas, mas apenas23% passaram mais de três anoscom elas. Isso é muito interessante,mas tem implicações sérias para oestudo - implicações sobre as quaisvoltaremos a comentar depois.

Por último, Mark Regnerus buscouresponder se as crianças com paisem relacionamentos homossexuaisexperimentaram desvantagensquando comparadas com criançascriadas por seus pais biológicos.A resposta, contra o zeitgeist("espírito da época"), parece ser umretumbante sim. Crianças com paisem relacionamentos homossexuaispossuem baixo desempenho emquase todos os quesitos. Algumasdessas diferenças podem serrelativamente inofensivas — comoem que presidente votaram naúltima eleição, por exemplo —mas a maioria não é. Um déficité particularmente preocupante:menos de 2% das crianças defamílias biológicas intactas sofreramalgum tipo de abuso sexual, mas onúmero correspondente às criançasde casais homossexuais é 23%.Igualmente perturbador é que 14%das crianças de casais homossexuais

passaram algum tempo em abrigostemporários, comparado com 2%do total da população americana,índices de prisão, contato com drogase desemprego são bem maiores entreos filhos de casais homossexuais.

O conceito de espírito de épocaremonta a Johann Gottfried Herder eoutros românticos alemães, mas ficoumelhor conhecido pela obra de Hegel,Filosofia da história. Em 1769, Herderescreveu uma crítica ao trabalhoGenius seculi, do filólogo ChristianAdolph Klotz, introduzindo a palavrazeitgeist como uma tradução paragenius seculi (Latim: genius: "espíritoguardião", e saeculi: "do século"). Osalemães românticos, normalmentevoltados à redução filosófica dopassado, às essências, trataram deconstruir o "espírito da época" comoum argumento histórico de sua defesaintelectual.

O que podemos concluir disso?Bom, é aqui que a coisa se complica.Comparar filhos de pais homossexuaiscom o "padrão-ouro", ou seja,pais biológicos que permaneceramcasados, é problemático. Dado comoo estudo foi feito, alguém poderiaperguntar justamente se a questão nãoé tanto a comparação entre criaçãohomossexual e criação heterossexual,mas entre instabilidade e estabilidadena infância. Por definição, qualquerfilho de duas pessoas do mesmo sexosentirá falta de pelo menos um deseus pais biológicos e, provavelmente,experimentará alguma instabilidadeem mudar da díade biológica paraqualquer arranjo que a substitua. E,como explicado antes, a maior partedos sujeitos do estudo passou apenasalguns anos com pais do mesmo sexo,o que torna provável que seu arranjofamiliar mudou mais de uma veze, assim, resultou em uma infânciainstável.

Além disso, visto que o estudo éo retrato de um período de tempoque precedeu a legalização docasamento homossexual (em alguns

i Defesa da Fé 23

Apologéticacom amor e semarrogância

DalIasWilIardProfessor de filosofia na University of Southern Califórnia

e autor de livros sobre apologética e discipulado cristão

Quando ministramos na áreade apologética, fazemos isso comodiscípulos de Jesus, portanto,fazemos da maneira como Elepróprio faria. Isso significa, emprimeiro lugar, que ensinamos paraajudar as pessoas, especialmenteaquelas que desejam ser ajudadas.Apologética é um ministério deajuda.

No contexto de lPedro 3.8-17, os discípulos estavam sendoperseguidos por sua dedicaçãoem promover a bondade. Deacordo com o que Jesus tinhaensinado para eles, tal perseguiçãodeveria ser fonte de regozijo. Essaatitude levava os observadores aquestionarem o motivo que faziaque os discípulos se sentissemesperançosos e alegres em taiscircunstâncias. Num mundoirado, desesperançado e triste, essaquestão era inevitável.

Por isso, Pedro exortou osdiscípulos a estarem "semprepreparados para responder commansidão e temor a qualquer quevos pedir a razão da esperançaque há em vós; tendo uma boaconsciência..." (lPe 3.15,16); ouseja, consciência que se tem por seter feito o que é correto.

Assim, a nossa apologéticaé feita como um ato de amorfraternal, sendo "prudentes comoas serpentes e símplices como aspombas" (Mt 10.16). A sabedoriada serpente está em ser oportuna,baseada em uma observaçãovigilante. A pomba, por sua vez, é

incapaz de falsidade ou de enganaralguém. Assim devemos ser.

Amor para com aqueles comquem lidamos será necessáriopara que os compreendamoscorretamente e para que evitemosmanipulá-los, ao mesmo tempo quedesejamos e oramos intensamentepara que reconheçam que JesusCristo é o Senhor do cosmos.

O amor também nos purificará detodo e qualquer desejo de vitória,como também de toda presunçãointelectual ou desdém para comas opiniões e habilidades dosoutros. O evangelista para Cristoé caracterizado pela humildade(Cl 3.12; At 20.19; lPe 5.5),principalmente intelectual - umconceito vital do Novo Testamentoque a palavra humildade por si sónão expressa totalmente.

Desse modo, a chamada aoministério de apologética não épara forçar pessoas relutantes àsubmissão intelectual, mas umachamada na qual servimos aosnecessitados e, freqüentemente,àqueles que são escravos de seupróprio orgulho e presunçãointelectual, muitas vezes reforçadapelo ambiente social.

Em segundo lugar, fazemos otrabalho de apologética comoservos incansáveis da verdade.Jesus disse que veio "ao mundo afim de dar testemunho da verdade"(Jo 18.37), e Ele é chamado de "atestemunha fiel e verdadeira" (Ap3.14).

É por isso que temos "temor"quando ministramos. A verdaderevela a realidade, e a realidadepode ser descrita como aquilocom o qual nós, humanos, nosdeparamos quando estamoserrados. Quando ocorre tal colisão,sempre perdemos.

Enganos com relação à vida, àscoisas de Deus e à alma humana sãoassunto seriíssimos, mortais. É porisso que o trabalho de apologética étão importante. Falamos "a verdadeem amor" (Ef 4.15). Falamos comtoda clareza e racionalidade quepodemos demonstrar, ao mesmotempo contando com o Espírito daverdade (Jo 16.13) para realizarmosaquilo que está muito além denossas habilidades limitadas.

A verdade é o ponto de referênciaque compartilhamos com todosos seres humanos. Ninguém podeviver sem a verdade. Ainda quepossamos discordar em pontosespecíficos, a fidelidade à verdade -seja ela qual for - permite que nosrelacionemos com qualquer pessoacomo honestos companheirosde investigação. Nossa atitude,portanto, não é de divisão, masde agregação. Estamos aqui paraaprender e não somente ensinar.

Assim, sempre que for possível— ainda que, por vezes, devido aosoutros, não seja — "respondemos"numa atmosfera de investigaçãomútua, motivada pelo amorgeneroso. Ainda que possamosser firmes em nossas convicções,não nos tornamos arrogantes,desdenhosos, hostis ou defensivos.

Por sabermos que o próprioJesus não agiria assim, temos dereconhecer que não podemosajudar pessoas de uma maneiraarrogante. Jesus não tinhanecessidade disso e nós tambémnão. Em apologética, como emtudo, Ele é nosso modelo e Mestre.Nossa confiança reside totalmentenele. Esse é o lugar especial quedamos a ao Senhor Jesus emnosso coração — a maneira com aqual "santificamos a Cristo comoSenhor em nosso coração" — noministério crucial de apologética. 11

26 Defesa da Fé

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Por João Flávio Martinez

Historiador e presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas

O Novo Testamento usa a palavragrega hairesis para identificar as seitascontemporâneas a Jesus. O apóstoloPaulo disse: "Conforme a mais severaseita da nossa religião, vivi fariseu"(At 26.5). Essa mesma palavra éusada para identificar os saduceus:"E, levantando-se o sumo sacerdotee todos os que estavam com ele (eeram eles da seita dos saduceus),encheram-se de inveja" (At 5.17).Observamos, portanto, que ojudaísmo, que era a religião de Sauloantes de sua conversão, conformeGaiatas 1.13,14, congregava em seubojo esses grupos religiosos que opróprio Novo Testamento chama deseitas.

Vejamos, a seguir, um brevedelineamento de alguns dessesgrupos.

Os publicanosEra uma classe imposta aos judeus

pelos dominadores romanos com amissão de lhes coletarem os impostos.Os publicanos eram funcionáriosromanos odiados e escorraçadospelos judeus. Apesar disso, muitosjudeus se tornaram publicanosdevido à rentabilidade da profissão:o chefe dos publicanos, em Roma,impunha uma taxa e distribuía aosseus subordinados que, por sua

28 Defesa da Fé

vez, quadruplicavam e repassavamas taxas, e assim sucessivamente.Mateus, também chamado Levi,antes de se tornar um dos apóstolosde Cristo e evangelista do NovoTestamento, erapublicano (Mt 10.3).

Podemos observar o caráterdepreciativo de um publicano paracom os judeus nesses ditos de Jesus:"Ora, se teu irmão pecar contra ti, vaie repreende-o entre ti e ele só; se teouvir, ganhaste a teu irmão. Mas, senão te ouvir, leva ainda contigo umou dois, para que, pela boca de duasou três testemunhas, toda palavraseja confirmada. E, se não as escutar,dize-o à igreja; e, se também nãoescutar a igreja, considera-o comogentio e publicano" (Mt 18.15-17).

Os escribasExistiram no Antigo Testamento,

porém, no Novo Testamento,aparecem formando uma classereligiosa. Quando voltou daBabilônia, Esdras se tornou umimportante escriba: "Este Esdrassubiu de Babilônia. E ele era escribahábil na lei de Moisés, que o Senhor,Deus de Israel, tinha dado; e,segundo a mão de Senhor, seu Deus,que estava sobre ele, o rei lhe deutudo quanto lhe pedira" (Ed 7.6).

Quando apareceram os fariseuse os saduceus, os escribas ficaramcom os primeiros. Nos dias de Jesus,eram chamados de "doutores dalei": "Ele [Jesus], porém, respondeu:Ai de vós também, doutores da lei,que carregais os homens com fardosdifíceis de suportar, e vós mesmosnem ainda com um dos vossos dedostocais nesses fardos" (Lc 11.46). Osescribas que se ocupavam do ensinoeram conhecidos como rabi ourabinos.

Os zelotesA seita foi estabelecida por Judas,

o galileu, que liderou uma revoltacontra a dominação romana noano 6 d.C, rejeitando o pagamentode tributo pelos israelitas a umimperador pagão, sob a alegação deque tal ato era uma traição contraDeus, o verdadeiro rei de Israel.Foram denominados como zelotes porseguirem o exemplo de Matatias, seusfilhos e seguidores, que externaram oseu zelo pela a lei de Deus quandoAntíoco IV tentou suprimir a religiãojudaica, assim como o exemplo de

, Fineias, que também demonstrouo seu zelo no deserto, durante umaépoca de apostasia (Nm 25.11; SI106.30).

Um dos apóstolos de Jesus Cristo

é referido como "Simão, chamadoZelote" (Lc 6.15; At 1.13), ou porcausa de seu zeloso temperamentoou por causa de alguma associaçãoanterior com o partido dos zelotes.Paulo de Tarso, referindo a si mesmo,afirma que foi um zelote religioso(At 22.3; Gl 1.14), enquanto queos muitos membros da igreja deJerusalém são descritos como "todossão zelosos da lei" (At 21.20).

Os herodianosFormavam um partido mais

político que religioso. Uma espéciede fraternidade em honra a Herodes,o Grande, iniciada com a morte dele.Pregavam incondicional fidelidade aHerodes quanto ao pagamento dostributos. Julgavam que a lei de Moiséspodia ser violada para se construirtemplos de idolatria aos romanos eseus imperadores - uma espécie demistura de judaísmo com romanismopagão. Eram aliados aos fariseus emoposição a Jesus, o que podemosver em diversas ocasiões, uma delas,registradas no evangelho de Marcos:"E os fariseus, saindo dali, entraramlogo em conselho com os herodianoscontra ele, para o matarem" (Mc3.6).

Os essêniosOs essênios viviam afastados da

sociedade, no deserto, concentradosem estudar o Pentateuco, jejuar,orar e realizar rituais de purificação,numa espécie de comunismoprimitivo, no qual todos os benseram de propriedade coletiva. Emsuas sociedades, que, em geral,excluíam mulheres, observavamrigorosamente os mandamentos deMoisés e obedeciam a uma estritaregra de disciplina, codificada emmanuscritos, que regulava todos osdetalhes da vida diária. O surgimentoda seita ocorreu numa época emque a classe alta de Jerusalém, naPalestina, estava sob forte influênciada cultura grega — racional e paga.Uma das conseqüências da influênciafoi o afastamento do governo judeulocal de alguns grupos religiosos, quepregavam a defesa de costumes mais

tradicionais desse povo.

No final da década de 1940,a descoberta de centenas demanuscritos atribuídos aos essêniosem cavernas na região do marMorto despertou a esperança deque o material pudesse confirmarfinalmente a ligação entre a seita e osprimeiros cristãos. Entretanto, apósdécadas de trabalho e controvérsias, atradução integral dos manuscritos domar Morto foi completada em 2002,mas não havia nenhuma referênciadireta a Jesus, a João Batista e/ouaos primeiros cristãos. Os essênios,provavelmente, foram exterminadospelos romanos ou obrigados a deixarsuas comunidades e fugir para salvarsuas vidas, por volta do ano 68 d.C.

Os fariseusVem de parushim, que significa,

literalmente, "separados". Observavamrigidamente os preceitos da lei deMoisés, tanto oral como escrita.Nos dias de Jesus, gozavam degrande prestígio entre o povo. Eramconsiderados, pelos judeus, grandesmestres e homens piedosos. No seuzelo fanático pela lei das purificaçõese as regras que a tradição (mishnah)lhes acrescentara, evitavam todocontato com os "pecadores", pessoasque, segundo eles, violavam a "lei".Jesus exprobrou os pecados dessaseita e responsabilizou-a por muitoscrimes, injustiças e hipocrisiasnos seus dias. Acreditavam naressurreição e na imortalidade daalma.

Um dos discursos de censura maiseloqüentes de Jesus foi a eles dirigido:"Ai de vós, escribas e fariseus,hipócritas! Pois que sois semelhantesaos sepulcros caiados, que por forarealmente parecem formosos, maspor dentro estão cheios de ossos e detoda imundícia" (Mt 23.27).

Os samaritanosEra a classe mais odiada pelos

judeus. Sargão, rei da Assíria, levoucativos os judeus do norte e, paraSamaria, levou povo estrangeiro.

Esse povo era idolatra. Nos temposde Jesus, aumentou o conflito,tendo-se em vista a construção deum templo rival no monte Gerizim.De tal maneira se acentuaram asrivalidades entre eles, que os judeusconsideravam os samaritanos comocães. Essa dissensão entre judeuse samaritanos fica explícita nodiálogo de Jesus com uma mulherperto do poço de Jacó: "Disse-lhe,então, a mulher samaritana: Como,sendo tu judeu, me pedes de bebera mim, que sou mulher samaritana?(porque os judeus não se comunicamcom os samaritanos)?" (Jo 4.9).Também é sintomático o fato deJesus ter escolhido samaritanos paraprotagonizarem algumas narrativas,como, por exemplo, a parábola dobom samaritano.

Os saduceusA seita dos saduceus era pequena,

porém muito conceituada, poisos membros que a integravameram ricos e influentes. Eram maispolíticos do que religiosos, e tinhambastante conceito entre os romanos.Eram os céticos, os materialistas, oslivres pensadores dos dias de Jesus.Não acreditavam na ressurreição,na imortalidade da alma, nos anjos,na providência divina; rejeitavama tradição oral e interpretavam alei e os profetas diferentementedos outros. Foram arduamenterepreendidos por João Batista: "Mas,vendo ele muitos dos fariseus e dossaduceus que vinham ao seu batismo,disse-lhes: Raça de víboras, quem vosensinou a fugir da ira vindoura?" (Mt3.7).

Quanto à crença dos saduceus,é explicitada num diálogo comJesus em que o mestre, de maneiramuito inteligente, responde auma arguição sobre a ressurreiçãoenfatizando também a existênciados anjos: "Respondeu-lhes Jesus:Porventura, não errais vós em razãode não compreenderdes as Escriturasnem o poder de Deus? Porquanto,ao ressuscitarem dos mortos, [aspessoas] nem se casam, nem se dãoem casamento; pelo contrário, sãocomo os anjos nos céus" (Mc 12.18-25).JJ

Defesa da Fé 29

Por Paulo Ribeiro

Teólogo e articulista do blogSF

Em contraste com as mitológicasinterações retratadas entre os deusese os humanos nas religiões pagas,o Deus das Sagradas Escrituras,ao longo do tempo, vividamenteevidenciou estruturas de umrelacionamento pessoal para coma humanidade. Diversas foram asmaneiras pelas quais o Deus bíblicose revelou ao homem. No entanto,apesar da grandiosidade de suasrevelações naturais e especiais, oSenhor, por vezes, revelou-se ao seupovo de forma ainda mais enfática.

Houve ocasiões em que Deus,a fim de transmitir mensagensespeciais aos seus escolhidos, emmomentos decisivos da história daredenção, optou por revelar-se aohomem rompendo modelos habituaisde contato e autorrevelação eestabeleceu uma comunicação muitomais próxima, divorciada das leisnaturais e imbuída no sobrenatural.Essas distintas interações entreo Criador e sua criatura ficaramconhecidas como teofanias.

A natureza dasmanifestaçõesteofânicas

Popularmente, se tem definidoas teofanias simplesmente comoaparições encarnadas ou visíveis deDeus, geralmente restritas ao AntigoTestamento.1 Contudo, a naturezadas manifestações teofânicas é bemmais abrangente e não se restringeaos termos da definição popular. Emprimeiro lugar, o Novo Testamentotambém relata teofanias (emboraas teofanias neotestamentáriasnão sejam o foco deste artigo). Emsegundo, subjaz ao significado dapalavra "teofania" um fenômeno cujaqualidade parece compreender muito mais.

A palavra teofania vem do gregotheopháneia, que, mediante a uniãode dois vocábulos, theos (Deus)e phaínein (aparecer), se definecomo "manifestação de Deus". Essadefinição traz, obviamente, umconceito desconfortavelmente vago;e, infelizmente, ele é. Isso devido aofato de que, a rigor, a "manifestação

de Deus" pode contemplar umagrande variedade de fenômenos. Atémesmo a outorga sobrenatural desonhos proféticos a certo personagembíblico pode, neste caso, ser chamadade teofania (Gn 20.3-7). Todavia,estudiosos como R. N. Champlin têmdemonstrado, mediante um criteriosoestudo do Antigo Testamento,que as manifestações teofânicas,em sua forma mais completa, são,geralmente, acompanhadas de certoselementos característicos2, de formaque tipos de manifestações comosonhos ou visões, por exemplo, são,por assim dizer, revelações parciais ouincompletas.

De modo geral, há textosveterotestamentários que mostrammanifestações teofânicas ligadas afenômenos naturais^ encontrados,por exemplo, em Êxodo 3.2'6 e20.18. Em outros textos, como nosde Êxodo 23.20-23 e Isaías 63.9,manifestações teofânicas na formado personagem Anjo do Senhor sãonarradas. A maioria das referências,no entanto, traz em comum um oualguns dos seguintes elementos:

<Y.

Temporaneidade

Salvação e julgamento

Atribuição de santidade

Parcialidade das revelações

Resposta temerosa

Mutação no ambiente

Escatologia esboçada

Palavras teofânicas

Assim, as teofanias, em sua formamais completa, apresentam-se comuma grande riqueza cenográfica.Obviamente, não são em todas asnarrações de teofanias que esseselementos estão, ao mesmo tempo,presentes, mas, definitivamente, épossível identificar um padrão nosgrandes eventos teofânicos. Portanto,como podemos ver, a naturezadas manifestações teofânicas noAntigo Testamento não pode sercerceada pelas definições popularesde teofania, de forma que umacompleta definição de "teofaniaveterotestamentária" deveriacomportar a realidade audível damanifestação, sua temporaneidade e,principalmente, seu propósito.

Exemplos deacontecimentosteofânicos

Embora diversos textos narremfantásticas ocorrências teofânicas,cabe-nos ilustrar esse fenômenopor meio de acontecimentossignificativamente distintos, entreos quais selecionamos aA perícopede Gênesis 16.7-13, de Êxodo 19e de IReis 19.9-19. A primeirapassagem mostra uma teofania naforma do Anjo do Senhor, figuraque discutiremos mais adiante. Asegunda narra um grande distúrbiona natureza, devido à presença deDeus. E a terceira contraria toda aexpectativa do profeta Elias sobre amaneira como a presença do Senhordeveria se configurar.

As aparições de Deus serviam a um propósito específico e, tão logo essepropósito era alcançado, o Senhor se retirava.

As aparições de Deus eram freqüentemente realizadas para fins de libertaçãode seu povo e, às vezes, para fins de julgamento.

Os locais em que Deus aparecia tornavam-se, temporariamente, locais santos.

Os humanos não são capazes de contemplar Deus em sua totalidade, logo, osvislumbres de Deus e sua glória sempre se mostraram parciais.

Uma vez que os humanos se davam conta de que presenciavam umamanifestação de Deus, sua resposta psicológica instantânea era o medo.

As manifestações divinas freqüentemente promoviam um distúrbio noambiente natural em que ocorriam.

As teofanias permitiram uma antevisão do papel de Deus no fim dos tempos.

O único motivo para as aparições de Deus era a transmissão de uma mensagem;Deus só aparecia por ter a intenção de transmitir uma mensagem específica.

O trecho de Gênesis 16.7-13 nosaponta uma típica manifestaçãoteofânica: a figura do Anjo do Senhor.Nesta passagem, o anjo de Javéencontra Agar (escrava de Sarai)no deserto e, em uma demonstraçãode graça divina (v. 11), a instrui aretornar à sua dona e humilhar-se(v. 9), uma vez que, legalmente, acriança pertencia a Abraão. O texto,no versículo 13, identifica o anjocom o próprio Deus, embora outrosindícios do caráter sobrenatural doser que a abordou já tivessem sidodemonstrados, como no momentoem que ele a chama pelo nome sema conhecer (v. 8) e em seu discursoprofético (v. 10-12). A indagação deAgar, no versículo 13, pode sugerirtemor, uma vez que sua frase pode serinterpretada em outros termos: "Seráverdade que eu vi Deus e, depoisdessa visão, ainda estou viva?".

Por sua vez, a perícope de Êxodo19 caracteriza-se como uma das maisvislumbrantes narrações bíblicasde teofania que dispomos. Nessapassagem, um cenário perturbador édescrito sendo claramente associadoà magnitude da presença divina. Anarrativa se inicia com instruçõesiniciais de Deus a Moisés que diziamrespeito à consagração individualde cada pessoa, sem a qual seriaimpossível presenciar o momentoem que haveria de vir (v. 10-15).Por fim, a tenebrosa manifestação deDeus é descrita em meio a trovões,raios, fumaça, nuvem, fogo e somde trombeta (v.16-19). A reaçãodos presentes foi, novamente, deterror (v. 18-19). Aqui, claramente

a teofania ocorre em meio afenômenos naturais; há a indicaçãoda santificação do local em queocorre; a manifestação é audível e,obviamente, o pronunciamento depalavras teofânicas torna-se o cumeda manifestação.

Finalmente, a passagem de IReis19.9-19 mostra o profeta Elias em umacaverna no Sinai (talvez, a mesma naqual Moisés se refugiou durante aaparição divina de Êx 33.22). Nessacircunstância, diferentes distúrbiosnaturais ocorrem como precursoresda presença de Deus. Mas Deusnão estava nesses fenômenos (v.11,12) que, precisamente em Êxodo19, caracterizaram a presençadivina. Com efeito, Deus falou aElias mediante um "sussurro" ouum "murmúrio de uma brisa suave"(v. 12,13). Embora seja comum ainterpretação de que tal suavidaderepresenta o agir de Deus, osversículos 15 a 17 parecem contrariaressa idéia. Portanto, a suavidadedo "murmúrio" pode simbolizar,na verdade, a intimidade do tratode Deus para com seus profetas.Tal intimidade, então, não precisanecessariamente trazer a idéiade suavidade. O fato de Elias tercoberto o rosto diante da presençadivina (v. 13) pode, antes, indicarsua consciência temerosa ligada àmagnitude da presença de Javé.

O Anjo do SenhorNenhum estudo que mencione

"teofanias" deveria ser empreendido

Defesa da Fé 31

sem considerar especificamente oenigmático personagem Anjo doSenhor. Este ser, que, na literaturahebraica, é freqüentementeconfundido com o próprio Deus,tem sido um típico representantedos eventos teofânicos, de modoque uma correta definição de suanatureza pode ser de grande valiapara o estudo das teofanias.

O Anjo do Senhor é, por vezes,indiscriminadamente qualificadocomo uma pré-encarnação deCristo; e as passagens em que estepersonagem aparece costumam sercitadas como textos-prova para adoutrina trinitária. No entanto,apesar da antiquíssima tradiçãocristã em interpretá-lo dessa forma,a abordagem que se seguirá mostraráque tal interpretação não devenecessariamente constituir-se em umdogma.

Ê verdade que muitos exegetasconsideram o Anjo do Senhoruma pré-encarnação de Cristo.Alguns, inclusive, sequer enxergamoutra opção para a identidadedesse personagem, e a obra norte-americana The Dictionary of the Biblesintetiza a teologia por trás dessalinha de interpretação.

Em exposição sobre o verbete"anjos", o Dictionary of the Bible diz:"Deve ser observado também que,lado a lado com essas expressões['anjo de Javé', 'Javé' e 'Deus'], nósvemos Deus sendo manifestado emforma de homem [...] já que sabemosque 'nenhum homem viu Deus' (oPai) 'em qualquer tempo', e que 'oDeus unigênito, que está no seio doPai, é quem o revelou' (Jo 1.18), ainferência inevitável é que o Anjodo Senhor' nessas passagens se referea Ele, que é, desde o princípio, o'Verbo'".3

Evidentemente, essa maneira deconcebermos a figura do Anjo deJavé é antiga e conta com muitosdefensores. Contudo, é fato que,para um responsável estudo dasteofanias no Antigo Testamento,o assentimento de que as laudasveterotestamentárias componhamuma coleção de documentos cujateologia foi, aos poucos, sendoerigida, é necessário.

Buckland nos diz propriamenteque "não achamos uma teologia noAntigo Testamento; achamos umareligião [...]. Somos nós próprios quefazemos a teologia, quando damos a

32 Defesa da Fé

essas idéias e convicções religiosasuma forma sistemática ou metódica.Portanto, o método deve serhistórico".4 Westermann corroboracom a assertiva ao declarar: "Nãoexiste diferença [no AntigoTestamento] entre história e religião;Deus é a realidade e a realidade éDeus".5

Logo, aoabordarmosexegeticamenteos textos do Antigo Testamento, épreciso levar em consideração suahistoricidade em cujo bojo repousauma teologia primeva, a teologiados povos orientais dos primeirosmilênios antes de Cristo; alémdisso, faz-se necessário conhecer oscostumes daqueles povos, costumesque se mostram maravilhosamenteretratados em seus documentos.

No Antigo Oriente Próximo,qualquer mensageiro real eratratado como um substituto do rei.Podemos ver exemplos dessa práticanos textos de Juizes 11.13, 2Samuel3.12,13 e IReis 20.2-4- Esses textosbíblicos mostram, inclusive, que osmensageiros falavam em nome dosreis. E falavam na primeira pessoa.Sendo o ser angelical um mensageirode Deus (anjo, no hebraico, significa"mensageiro"), nada seria maisnatural que essas criaturas, aoexecutarem as tarefas por Deusdesignadas, falassem em nome deDeus e portassem sua autoridade. Emúltima análise, poderíamos tambémconcluir que, sendo designados porDeus para o cumprimento de tarefasextraordinárias, os anjos fossemespecialmente capacitados compoderes para executar tais tarefas.

Assim, podemos ver que, emboraalguns estudiosos concluamque o Anjo do Senhor seja umamanifestação pré-encarnada deCristo, "outros acreditam que ele éestreitamente identificado com Deuspor ser o representante de Deus".6

Isso justificaria o fato de ele seridentificado, em várias ocasiões, comDeus, enquanto, de alguma forma,mostra-se distinto dele (Gn 18.1-21;Jz 5.23; Ml 3.1).

Portanto, a usual interpretaçãodo Anjo do Senhor como uma"cristofania" não se constitui emN O T A S :

1. Bible.org, OTTheophanies.

2. Disponível em: http://bible.org/illustration/ot-theophanies (acessado em julho de 2012).

3. SMITH.William (ed.). Dictionary of the Bible. New York: Fleming H. Revell Company, 1998, p. 46.

4. BUCKLAND, A. R. Dicionário Universal. São Paulo:Vida, 2007, p. 39.

5. WESTERMANN, Claus. Fundamentos da teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Academia Cristã, edição de 2005, p. 20.

6. BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009, p. 1198.

7. CHAMPUN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofa. São Paulo: Candeia, 1997,6o volume, p. 463-4.

uma verdade irrefutável, emborapossa, em certo sentido, continuarestabelecida como um tipo demanifestação teofânica.

Finalmente, resta-nos enfocaro elemento mais importante nasocorrências teofânicas: a razão de taismanifestações.

A importânciadas teofanias

A razão das ocorrências teofânicas,como se pode deduzir, nãoestava ligada à satisfação dacuriosidade humana com relaçãoao transcendental, nem às merasretratações visuais de manifestaçõesdivinas. O principal motivo queensejou os eventos teofânicos foia necessidade de Deus em chamara atenção do homem para asmensagens que acompanhariam asmanifestações. A ênfase das teofaniasnunca foi seu aspecto visual, mas suamensagem.

A "própria Bíblia nunca [se] dáênfase à maneira da manifestaçãodivina sob a forma de teofania", dizChamplin. E prossegue: "O que aliimporta é o que Deus fez e disse.Normalmente, a teofania visa daruma mensagem, ao passo que a formavisível meramente atrai e fixa aatenção [...] Os aspectos físicos estãoali a fim de magnificar e autenticara revelação, mas esta última é querealmente importa".7

Portanto, a despeito do quantonos empenhemos em estudar esistematizar os eventos teofânicos,o que realmente importa nelesé a mensagem que está sendotransmitida. Deus, em sua sabedoriae soberana determinação, optou porrevelar-se contundentemente aohomem por meio de manifestaçõesextraordinárias (e, às vezes,terríveis), a fim de que, justamentepelo impacto de tais manifestações,sua mensagem fosse entendida,guardada e registrada com um únicofim: tornar o homem sábio para asalvação por meio da fé em CristoJesus (2Tm 3.15).• •

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Ailton Bezerra é pastor, escritor, professor de Novo Testamentoe T e o l o g i a G e r a ! e p e s q u i s a d o r das c i ê n c i a s H u m a n a s .É um dos debatedores assíduos do programa Antenados na Geral na TV Boas Novas.É também pastor presidente da 1a Igreja Batista em Parque Eldorado,Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, RJ- Rio de Janei ro.É casado com a Pedagoga Geruza Bezerra e pai de Ana Caroline Bezerra. j^

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Você é um cristãofundamentalista?

Por Augustus NicodemusMestre em Novo Testamento pela Universidade Reformada de Potchefstroom (África do Sul) e

doutor em interpretação bíblica pelo Seminário Teológico deWestminster (EUA)

O termo "fundamentalista"está entre os rótulos maismalcompreendidos e mal-empregadosnos meios evangélicos. É o rótulopreferido por alguns para se referir,sempre com viés pejorativo, a quemadere com firmeza a determinadasdoutrinas consideradas antigas eultrapassadas.

Nada mais natural do que procuraresclarecer o significado do termo.Entendemos que a primeira coisa aser feita é lembrar que o vocábulo"fundamentalista" tem sido usadopara diferentes grupos através dahistória e, também, no presente.Vejamos os mais comuns, segundo onosso ponto de vista:

O fundamentalistacristão histórico

O fundamentalista cristão históriconão existe mais. Ele existiu no iníciodo século 20, durante o conflito como liberalismo teológico que invadiue tomou várias denominações eseminários nos Estados Unidos. J. G.Machen, John Murray, B. B. Warfield,R. A. Torrey, Campbell Morgane, mais tarde, Cornelius Van Til eFrancis Schaeffer, são exemplos defundamentalistas históricos.

O fundamentalistacristão americano

o fundamentalista cristão

americano ainda existe, mas perdeumuito de sua força. Embora tenhasurgido ao mesmo tempo em que ofundamentalismo cristão histórico,separou-se dele quando adotou umaescatologia dispensacionalista, aliou-se à agenda republicana dos EstadosUnidos e exerceu uma militânciabelicosa contra tudo que considerasseinimigo da fé cristã. Defendia epraticava o separatismo institucionalde tudo e de todos que estivessemligados, direta ou indiretamente, aesses inimigos. Pouco tempo atrás,faleceu o que pode ter sido o últimogrande representante desse gênerode fundamentalista, Carl Mclntire.Alguns consideram que Pat Robertsoné seu sucessor, embora haja muitasdiferenças entre eles.

O fundamentalistadenominacional

O fundamentalista denominacionalé aquele membro de denominaçõescristãs que se consideramoficialmente fundamentalistas etrazem, até mesmo, o rótulo nadesignação oficial. Após um períodode grande florescimento no Brasil,especialmente no Nordeste e em SãoPaulo, as igrejas fundamentalistas,presbiteriana e batista, sofreramuma grande diminuição em suasfileiras. Grande parte das igrejasfundamentalistas presbiterianasregressou à Igreja Presbiteriana doBrasil, de onde saíram na década de 50.

Em alguns casos, o fundamentalismodenominacional do Brasil foi marcadopor laços financeiros e ideológicos comMclntire. Hoje, até onde sabemos,não há mais esse laço. No Brasil, ofundamentalismo denominacionalque sobrou desenvolveu, em algunsde seus grupos, uma síndromede conspiração mundial para osurgimento do reino do anticristo pormeio do ocultismo, da tecnologia,da mídia, dos eventos mundiais,das superpotências. Acrescente-se,ainda, o desenvolvimento de umamentalidade de censura e apego aitens periféricos como se fossem ocerne do evangelho e critério deortodoxia (por exemplo, só é bíblicoe conservador quem usa versões daBíblia baseadas no Texto Majoritário,quem não assiste aos desenhos daDisney e Harry Potter).

O fundamentalistacristão xiita

O fundamentalista cristão xiitaé sinônimo de intransigência,inflexibilidade, ser dono da verdadee patrulhamento teológico. Essaconotação do termo ganhoupopularidade após o avanço ecrescimento do fundamentalismoislâmico. Esse tipo tem mais a ver comatitude do que com teologia. Nestecaso, é melhor inverter a ordem echamá-lo de xiita fundamentalista.Na verdade, xiitas podem serencontrados em qualquer dos campos

34 Defesa da Fé

protestantes. A propalada tolerânciados liberais e neo - ortodoxos é um mito.Há xiitas liberais, neo-ortodoxos e,obviamente, xiitas fundamentalistas.Teoricamente, alguém poderia ser umfundamentalista e ainda não ser umxiita.

O fundamentalistacristão teológico

Por fim, o fundamentalistacristão teológico, outro sentidoem que o termo é muito usado esignifica simplesmente ortodoxoou conservador em sua doutrina.O fundamentalista teológico seconsidera seguidor teológico dosfundamentalistas históricos esimpatiza com a luta deles. Sempretender ser exaustivo, acreditamosque podem ser consideradosfundamentalistas teológicos atualmenteos que aderem aos seguintes conceitosou parte deles:

Inerrância da Bíblia

Divindade de Cristo

Nascimento virginal de Cristo

Realidade e historicidade dosmilagres narrados na Bíblia

Morte de Cristo como propiciatória,isto é, por nossos pecados

Ressurreição física de Cristo dentreos mortos

Retorno público e visível de Cristo aeste mundo

Ressurreição dos mortos

Outros pontos associados como fundamentalismo histórico são:o conceito de verdades teológicasabsolutas, o conceito de que Deus serevelou de forma proposicional e aaceitação dos credos e confissões daIgreja cristã.

Numa esfera mais periférica sepoderia mencionar que a maioria dosfundamentalistas históricos prefereo método gramático-histórico deinterpretação bíblica e tem umaposição conservadora em assuntoscomo aborto e eutanásia, porexemplo. Muitos, ainda, preferem apregação expositiva. E todos rejeitamo liberalismo teológico.

Em linhas gerais, o fundamentalistateológico acredita que a verdaderevelada por Deus na Bíblia nãoevolui, não cresce e não muda.Permanece a mesma através dotempo. A nossa compreensão destaverdade pode mudar com o tempo;contudo, essa evolução nunca chegaao ponto radical em que verdadesantigas sejam totalmente descartadase substituídas por novas verdades que,inclusive, contradigam as primeiras.

O fundamentalista teológicoreconhece que erros, exageros eabsurdos tendem a ser incorporados,através dos séculos, na teologiacristã e que o alvo da Igreja é sempre

reformar-se à luz dos fundamentosda fé cristã bíblica, expurgando esseserros e assimilando o que for bom.Admite, também, que existe umacontinuidade teológica válida entre osistema doutrinário exposto na Bíbliae a fé que abraça hoje.

Entendemos que é aqui queestá a grande diferença entre ofundamentalista teológico e o liberal.Esse último acredita na evoluçãoda verdade, a ponto de sentir-secomissionado a reinventar a Igreja eo próprio cristianismo.

Na categoria de fundamentalistasteológicos, encontramos presbiterianos,batistas, congregacionais, pentecostais,episcopais e, provavelmente,muitos outros. É claro que nemtodos subscrevem todos os pontosacima e ainda outros gostariam dequalificar melhor sua subscrição.Contudo, no geral, entendemosque os fundamentalistas teológicosnão fariam feio numa pesquisade opinião sobre o que crêem osevangélicos brasileiros. Por essemotivo, e por achar que o assimchamado fundamentalismo teológicoé simplesmente outro nome paraa fé cristã histórica, não ficamosenvergonhados quando nos rotulamdessa forma, embora prefiramos otermo "reformados". 11

Entie os mais caluniados, desacreditados e distorcidos trechos da Bíblia encontram-se os três primeiros capítulos de

Gênesis. A alguém que freqüentasse qualquer universidade secular, ou alguma igreja liberal ou modernista, lhe seria

dito que os primeiros capítulos de Gênesis não relatam fatos reais. O professor de uma faculdade secular humanista e

o pastor modernista argumentariam que essas primeiras narrativas são mitos, lendas, contos ou parábola. Em outras

palavras, que não existiu um Adão e uma Eva literais, ou uma queda literal e histórica no tempo e no espaço. Devido

à freqüente e largamente divulgada negação de um Adão e de uma Eva literais e históricos (e sua conexão com a

exposição do evangelho no Novo Testamento), é muito importante compreender os ensinos bíblicos sobre a historicidade

de Adão. Para examinar a historicidade de Adão, precisamos considerar os seguintes tópicos:

Em primeiro lugar, precisamosconsiderar o fato de que a rejeiçãomodernista e neo-ortodoxada historicidade de Adão éfundamentada em axiomas secularese apóstatas.1 Cristãos liberais ebarthianos (seguidores da filosofiade Karl Barth - um neo-ortodoxo)chegaram às suas posições sobreAdão não por causa de cuidadososestudos exegéticos da Bíblia, masdevido às suas pressuposiçõesmodernistas, racionalistas eantibíblicas. Não podemos esquecerque esses homens não formulam suasteorias de forma isolada e objetiva.Eles têm seus pontos de partida, suaspressuposições. Por isso, ignoramas abundantes e claras evidênciasbíblicas de que Adão foi uma figurahistórica, real e literal.

Em segundo lugar, precisamosexaminar resumidamente osargumentos usados para negara historicidade de Adão. Issoprovará que tais argumentos nãopassam de falácias, que são, tantofundamentados sobre mentirasgrosseiras (macroevolução, posiçõessobre o Pentateuco baseadas naAlta Crítica, etc.) como sobre puraespeculação humana.

Em terceiro lugar, devemosconsiderar a impressionanteevidência bíblica de que Adãorealmente existiu. Então, veremosque a historicidade de Adão e deuma queda literal, ocorrida no tempoe no espaço, são tão teologicamente

interligadas com o ensino doevangelho e do segundo Adão (JesusCristo), que negar a historicidade doprimeiro Adão logicamente conduzà negação do próprio cerne doevangelho.

Alguns princípiosgerais da teologialiberal

Antes de apresentarmos asevidências bíblicas da historicidadede Adão, devemos considerar aseguinte questão: se a evidênciabíblica de um literal, real e históricoprimeiro homem criado chamadoAdão é tão forte, então, por queessa verdade foi rejeitada por tantosteólogos e eruditos no século XX?A resposta a essa questão é muitosimples. Chegou um tempo nahistória (desde o século 19 e atravésdo século XX) em que a maioriados eruditos rejeitou a revelaçãoinspirada, inerrante e infalível (aBíblia) de um Deus vivo e verdadeiro.Se examinarmos os pais da Igreja,os teólogos escolásticos medievais,os reformadores protestantes(Lutero, Zwínglio, Calvino, Knox),as confissões reformadas e todosos grandes teólogos puritanos epresbiterianos dos séculos 16, 17e 18 e início do 19, veremos umaperfeita unanimidade a respeito dahistoricidade de Adão.

As teorias críticas modernas arespeito de Adão cresceram no soloda incredulidade. A priori, houveuma rejeição da revelação divinaem favor, em primeiro lugar, de umracionalismo secular e hipercríticoe, em segundo, de uma concepçãoevolucionista do mundo. Dessamaneira, alguém poderia argumentarque as duas diferentes posições sobreAdão (isto é, a histórico-literal e amitológico-poética) são, em essência,expressões de duas visões de mundodiametralmente opostas.

A primeira acredita e recebe aBíblia como Palavra de Deus. Porconseguinte, permite que a Bíblia,por si mesma, determine suaspróprias pressuposições, metodologiae interpretação de vários textos.Essa abordagem crente da Bíblia échamada de tradicional' ou "pré-crítica", e dominou o cenárioteológico por mais de mil e oitocentosanos.

A segunda versão (modernismo ouliberalismo cristão) crê que o pontoinicial para se chegar à verdade é aautonomia humana. Essa posição,portanto, assume que a Bíblia éfalível e que precisa ser tratada comoqualquer outro documento humano.Em outras palavras, homens deveriamaplicar técnicas "científicas" a essesfalíveis documentos humanos paradescobrirem a "real" autoria, os váriosmitos, redações, erros científicos ehistóricos, e assim por diante.

38 Defesa da Fé |

É necessário ter esses fatosem mente ao considerarmos ahistoricidade de Adão, desde queos argumentos modernistas paraum Adão mítico ou parabóliconão são baseados em uma exegesebíblica aceitável. Os cristãos liberaissimplesmente impõem ao texto seusparadigmas altamente críticos. Oseruditos da alta crítica são incrédulosque, sem uma evidência objetiva,submetem as Escrituras ao seu moldenaturalista e apóstata.

Para entender os paradigmas daalta crítica que têm direcionado oseruditos à crença em um Adão mítico,devemos considerar brevemente ateoria básica de Julius Wellhausen(1844-1918) sobre o Pentateuco. Aposição de Wellhausen, com relaçãoao Pentateuco, tem dominado

Diferentes nomes da deidade

Narrativas duplicadas

Estilos diferentes

Teologias diferentes

Há uma série de razões pelasquais a abordagem da hipótesedocumentária sobre o Pentateucoconduz diretamente à negação dahistoricidade de Adão.

Primeiro, a idéia bíblica derevelação especial é rejeitada em favorde pressuposições evolucionistas."Wellhausen combinou a sua dataçãodos vários documentos citadoscom uma particular reconstruçãoevolucionista da história de Israel,uma reconstituição baseada nafilosofia hegeliana".6 Uma vez quea revelação especial e o caráterhistórico de Gênesis são negados,Adão e Eva tornam-se figurasnebulosas que podem ser encaixadasarbitrariamente em qualquerconcepção da história primitiva.

Segundo, a hipótese documentária

completamente a forma da erudiçãobíblica modernista do AntigoTestamento desde os anos 80 doséculo 19 até o presente momento.2

"Ele ocupou uma posição no campoda crítica do Antigo Testamentocomparada à de Darwin na área daciência biológica".3 "Ele é para aerudição moderna o que Abraão épara os judeus, o pai da fé. Mais lúcidae convincentemente do que qualqueroutro, ele legou o que muitos têmconsiderado a formulação definitivada hipótese documentária".4

Mas, o que é a hipótesedocumentária?

Wenhan oferece um excelentesumário dessa teoria. Ele escreveque, de acordo com essa posição, oPentateuco é composto de quatro

fontes distintas. Vejamos:

Fontes Localização temporal

] século 9o ou 10°

E século 8° ou 9o

D século 7°

P século 5° ou 6°

Essas fontes foram reunidasde forma muito bem-sucedida,culminando na composição do atualPentateuco por volta do século 5°a.C. No que diz respeito ao livro deGênesis, ele foi compilado de trêsfontes principais: J (compreendendocerca de metade do material), E(cerca de um terço) e P (cerca de umsexto). Essas fontes foram separadaspor cinco principais critérios:5

Especificidade

J fala de Yahweh, o Senhor, E e P falam de Elohim, Deus

Diferentes relatos da criação, Gênesis 1 e 2; repetição acerca da história dodilúvio nos capítulos 6 e 9; narrativas patriarcais similares, Gênesis 12.10-20; e

todo o cap. 20

J e E contêm narrativas vividas. P é repetitivo e cheio de genealogias

De acordo comP, Deus é distante e transcendente; em J e E, Deus é antropomórfico, etc.

apresenta o Pentateuco como umafraude gigantesca. A Bíblia declaraexplicitamente que Deuteronômioe o que os liberais chamam de"legislação sacerdotal" foramproferidos e escritos por Moisés (cf,Êx 24.4-8; Nm 33.2; Dt 4.1; 31.9-24;Js 1.7-8; 8.31,32; 23.6,7; 2Rs 14.6;entre outros). Os liberais afirmam quesacerdotes coniventes e com sede depoder atribuíram várias leis a Moiséspara conseguirem uma audiênciapara a sua própria versão da lei. Sealguém aceita a idéia de que grandeparte do Pentateuco é fraudulento,é lógico, para essa pessoa, assumirque Adão e a queda são meramentefolclóricos ou um artifício literário.

Terceiro, a hipótese documentáriasepara o teólogo ou exegeta do textobíblico e coloca a maior parte doestudo e investigação diretamente

sobre as teorias subjetivas, arbitráriase especulativas do homem incrédulo.7

A arrogância e estupidez doentendimento liberal do Pentateucosão verdadeiramente assombrosas.Em nome da objetividade e daciência, os liberais se precipitaram emdireção a uma quantidade de teoriastotalmente especulativas, subjetivase improváveis. Na verdade, à medidaque as descobertas arqueológicas vãoavançando, mais e mais as afirmaçõesdos liberais provam ser falaciosas. "Eevidente que a sua [de Wellhausen]teoria da origem do Pentateucoteria sido bastante diferente (sehouvesse sido, de fato, formulada) seWellhausen tivesse escolhido levarem conta o material arqueológicodisponível para estudo na épocae se ele tivesse subordinado suasconsiderações filosóficas e teóricas auma sóbria e racional avaliação das

"Em nome da objetividade e da ciência, os liberais se precipitaramem direção a uma quantidade de teorias totalmente especulativas,

subjetivas e improváveis"

evidências factuais como um todo".8

Quando homens rejeitam a inspirada,perfeita e suficiente rocha sólida dasEscrituras pelo espúrio e imaginativosistema dedutivo dos teólogosliberais, estão, na verdade, rejeitandotanto a Deus como a verdade.

Argumentos contraa historicidade deAdão

Tendo considerado os princípioselementares gerais da teologia liberalque têm resultado na rejeição doAdão histórico, deve-se, também,considerar brevemente os argumentosespecíficos usados para rejeitar aposição cristã ortodoxa. Há quatroargumentos principais comumenteusados contra a historicidade deAdão. Vejamos:

1. O absurdo deuma serpentefalante

O primeiro argumento é baseadono fato de que serpentes não podemfalar. Argumenta-se que o registro datentação e da queda, obviamente,não podem ser tomados como umrelato literal e histórico, não apenaspelo fato de encontrarmos ali umacobra falante (o que é impossívele inacreditável), mas porque Eva eAdão nem sequer consideram umaserpente falante algo incomum.

Assim, considera-se todo o registroda queda e, por sua vez, o próprioAdão, como mítico ou simbólico. Aserpente simboliza o mal e o relatoda queda é meramente uma formamítica ou simbólica do autor e/ouredator primitivo explicar a presençado mal no mundo. Há várias razõespor que esse argumento é falacioso e

precisa ser rejeitado:

a) O fato de a cobra haver faladoe tentado Eva não é impossívelnem absurdo se considerarmos ocontexto das Escrituras como umtodo. Em Números 22.28, Jeováfalou pela boca de uma jumenta. Nasnarrativas dos evangelhos, pode-seencontrar demônios falando pelainstrumentalidade de seres humanospossessos (Mt 8.29, 31; Mc 5.12;Lc 4-41; 8.28). Há, ainda, o registrode Satanás entrando em Judasimediatamente antes de sua traição aJesus (Jo 12.27). Se demônios podemapossar-se e falar por meio de sereshumanos caídos, então, Satanás (o

condenada a rastejar sobre o seuventre. Se a referência é ao diabo oua algum poder mais elevado que umaserpente, por que essa condenaçãono verso 14?'°

Um liberal esperto poderiaargumentar que o verso 15, naverdade, comprova todo o seu pontode vista (de que a narrativa da quedaé mítica ou simbólica) mostrandoque a sentença que diz: "Ele lhe feriráa cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar"é uma profecia extremamente nãoliteral a respeito da vitória de Cristosobre Satanás. Esse argumento,no entanto, cai por terra, quandose considera que a revelação

"Por que os críticos não aplicam suas técnicasa Platão, Aristóteles ou Shakespeare? A

resposta é simpies. Tais obras não requerem féem Deus e obediência à sua Palavra"

príncipe dos demônios) certamentepode fazer uso de uma simplescriatura como uma cobra. A idéia deque uma cobra falou em Gênesis sóé impossível se rejeitarmos o carátersobrenatural das Escrituras.

b) Em Gênesis 3.14, Deusproclama uma maldição contraa serpente e, então, no verso 15,apresenta o conflito entre o povo deDeus e a descendência de Satanás,juntamente com uma predição davitória de Cristo sobre o diabo. Aidéia de que Deus amaldiçoou umametáfora poética ou um símboloimaginário é absurda. "A condenaçãoextraordinariamente vigorosa pronunciadapor Deus nos versos 14 e 15 parecequase sem sentido se todo o relatoé meramente a história de uma lutainterna por parte de Eva".9 Alémdo mais, no verso 14, a serpente é

subsequente afirma muito claramenteque a queda de Adão no pecado foium evento literal e histórico (Rm5.12-21; lTm 2.13; ICo 11.8) e queo esmagar da cabeça da serpenterepresenta a vitória sobre Satanás(Rm 16.20). Não podemos negar quehá poesia, simbolismo e alegoria nasEscrituras. Mas isso não nos permiterelegar, arbitrariamente, certa porçãoda Escritura ao nível da poesia,símbolo ou alegoria. A verdadeiraquestão aqui é: o que o texto sagradopretende por si mesmo? Quando asEscrituras pretendem registrar umahistória, não se pode simplesmentedeclará-la como poética, simbólicaou alegórica.11 Em outras palavras,devemos nos submeter à Bíbliaquando ela identifica uma porçãodas Escrituras como uma narrativahistórica e literal e outra (porção)

40 Defesa da Fé I

"A idela de que uma cobra falou em Gênesis só é impossível serejeitarmos o caráter sobrenatural das Escrituras"

como uma verdade expressa emlinguagem poética. Se alguém nãoestá disposto a se submeter ao claroensino das Escrituras nos assuntosimportantes da interpretação bíblica,então, essa pessoa não é mais umverdadeiro teólogo, mas, sim, ummero filósofo especulativo.

Mas (diz o liberal), não é estranhoque Eva não tenha se surpreendidoou se chocado com o fato de que umacriatura bruta como uma serpentepudesse falar e fazer inferênciaslógicas? Ainda que saibamos quehomens e mulheres, nos dias dehoje, obviamente, ficariam chocadoscom uma cobra falante, deve-se terem mente a ingenuidade de Evaque, embora sem pecado, boa einteligente, existia há apenas um oudois dias antes da tentação. ComoEva poderia saber que havia algo

de errado com esse episódio, semuma observação empírica prévia outreinamento pessoal dado por Adãoou por Deus? O fato de Eva não haverse surpreendido não é, de maneiraalguma, uma objeção significativa.

2. A criação comume as histórias dodilúvio

O segundo argumento contra ahistoricidade de Adão é baseado nossupostos paralelos e surpreendentessimilaridades entre o relato da criaçãoe do dilúvio em Gênesis e nas antigasnarrativas mesopotâmicas (isto é, oEnuma elish e a Epopéia de Gilgamish).Esse argumento também deve serrejeitado pelas seguintes razões:

a) Embora haja algumas

similaridades entre Gênesis e oEnuma elish (ambas as narrativascomeçam com algo parecido comum caos aquático e terminamcom o Criador em descanso. Há,também, similaridades na seqüênciada criação), as diferenças são bemmaiores e mais significativas. "Vistoque uma comparação cuidadosacom a mitologia paga revela apenasalguns paralelos casuais entre osrelatos mesopotâmico e hebreu dacriação, e, tendo em vista o fatode que nenhum dos elementoscaracterísticos dos mitos babilônicosaparece nas narrativas de Gênesis,não parece sábio empregar o termo'mito' para descrever o relato bíblicoda criação, da queda, e assim pordiante...".12 Além disso, ambos osregistros decorrem de visões demundo bastante antitéticas.

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"A evolução é uma fé religiosa baseada numa filosofia subjetiva eimaginária das origens. É um engano imaginativo e ateísta"

Harrison escreve: "Embora osescritores bíblicos mostrassem uminteresse distintivo pela natureza,eles não a consideravam como sendonecessariamente parte constitutivada vida de Deus, o qual erainvariavelmente considerado um serindependente. Diferentemente dosdeuses do politeísmo mesopotâmicoou egípcio, o Deus dos hebreusdemonstrava sua personalidade esenso de propósito por meio de atoscontínuos e significantes na história.O próprio homem era uma criaturade Deus, provido de um senso dedestino e orientado a formularo padrão de sua vida dentro docontexto da promessa divina e do seucumprimento na história. Assim, oAntigo Testamento nunca pode serconsiderado como uma mitologiatipológica, nem em parte, nemtotalmente, porque ele proclama aDeus como o Senhor da história, emcontraste com os padrões politeístas,que faziam a vida e a história, emgeral, dependerem do ritmo dasforças naturais.13

b) Há uma tendência quaseuniversal entre os teólogos liberaise neo-ortodoxos em assumir, semabsolutamente nenhuma evidência,que as narrativas bíblicas da criação edo dilúvio foram, de alguma maneira,baseadas nos mitos mesopotâmicosao invés de vice-versa. Dessa forma,mais uma vez, os liberais exibem suastendências antissobrenaturais. Aidéia de que o autor da narrativa dacriação em Gênesis foi emprestado damitologia panteísta do oriente médioé uma suposição gratuita que trai oclaro ensinamento das Escrituras.

3. Teoriasevolucionistas

O terceiro argumento contra ahistoricidade de Adão é que o relatoda criação em Gênesis contradiz

totalmente os ensinos da ciência,particularmente o da macroevolução.Se a evolução fosse verdade, esta seriauma boa objeção. No entanto, comoa evolução é tanto profundamenteantibíblica como anticientífica (seapropriadamente definida), esseargumento é facilmente rejeitado.Por que a evolução não é científica/Por que a evolução é um mito ateístae imaginativo? Vejamos as seguintesrazões:

a) A evolução é uma impossibilidadebioquímica. Não apenas a idéia dageração espontânea foi refutada hámais de cem anos, mas, à medidaque os cientistas descobrem maissobre organismos unicelulares, ficaevidente que a primeira etapa daevolução é tão provável de ocorrercomo a criação de um submarinonuclear num ferro-velho durante umtornado.14

b) A coluna geológica refuta ouniformitarianismo15 e contradizos gráficos e mapas seqüenciaisencontrados em todos livros secularesde ciência.

c) Os fósseis contradizemtotalmente a evolução. Eles nãoapenas têm sido encontrados emáreas "erradas" da coluna geológica(os supostos buracos estratigráficos),como, também, sempre apareceminteiramente formados com completaausência de formas em transição."Esse fato é absolutamente fatal paraa teoria geral da evolução orgânica.Mesmo o próprio Charles Darwin,o grande campeão da evolução,reconhecia essa falha fatal".16

Poderíamos multiplicar as provascontra a evolução; entretanto,a restrição de espaço requer quepassemos adiante. A evolução é umafé religiosa baseada numa filosofiasubjetiva e imaginária das origens. Éum engano imaginativo e ateísta.

4. Gênesis comopoesia

O quarto argumento baseia-se na idéia de que os primeiroscapítulos de Gênesis são poéticos enão prosa propriamente dita. Poesia(argumenta-se) indica uma históriasimbólica e não literal. Portanto,deve-se aceitar a doutrina dessescapítulos, mas não cometer o enganode recebê-los como história real.Embora possamos achar elementospoéticos nos primeiros capítulos deGênesis (a declaração de Adão em2.23 com relação à sua nova esposa,Eva), não há evidência real parasustentar a alegação de que essescapítulos são poesia.

O estudioso em hebraico EdwardJ. Young diz: "Confessamos estarficando um pouco cansados de lerafirmações dogmáticas sobre comoGênesis 3 deve ser interpretado,quando essas afirmativas nãosão acompanhadas de evidênciaalguma. A mera declaração de queestamos entendendo mal o capítulose pensarmos que Adão era umapessoa real que viveu em um jardimnão é um argumento suficiente quenos leve a concordar com elas. E oerro, constantemente reiterado, deque a verdade absoluta não podeser dada ao homem em declaraçõesproposicionais, deveria, ao menosocasionalmente, ser apoiado porevidência. Por outro lado, háevidência suficiente para mostrar-nos que deveríamos ler o terceirocapítulo da Bíblia como prosa e nãocomo poesia. Em primeiro lugar, ascaracterísticas da poesia hebraicaestão ausentes nesse capítulo. Seo escritor, que, acreditamos, foiMoisés, quis escrever poesia, por queele não o fez? Por que ele fez comque seus escritos parecessem tantocom prosa, de modo que os homensnaturalmente a interpretassem como

44 Oefesa da Fé

tal? A poesia hebraica é caracterizadapelo paralelismo em que duas linhasou partes de linhas sustentam umarelação paralela uma com a outra.Esse paralelismo não aparece namaior parte desse capítulo três...Tudo nesse capítulo leva à conclusãode que o escritor está escrevendoclaramente em prosa. Ele acreditaque está escrevendo sobre certas

coisas que realmente aconteceram".17

Além do mais, em todo o AntigoTestamento não há exemplos de poesiahebraica sendo usada para apresentarhistórias mitológicas. Emboraa poesia do Antigo Testamentocontenha descrições metafóricas enão literais de Deus (como tendoasas) e suas atividades (cavalga sobre

Argumentos contra ahistoricidade de Adão

as nuvens), essas ilustrações poéticassão muito fáceis de ser identificadas.A única razão pela qual os eruditosliberais se referem a Gênesis 3 comopoesia ou parábola (sem nenhumaevidência textual) é pelo simples fatode que eles próprios não acreditamque os eventos desse capítulo sejamverdadeiros ou históricos. Eles apenastentam justificar sua incredulidade.

0 absurdo de umaserpente falante

A criação comume as histórias

do dilúvio

Teoriasevolucionistas

A poesiaem Gênesis w

A possessão deSatanás e a

ingenuidade de Eva

Narrativaspagas similares

Ensinos damacroevolução

Simbolismos ealegorias

A evidência bíblicada historicidadede Adão

Tendo já observado que os típicosargumentos contra a historicidadede Adão não são fundamentados emnenhum argumento honestamenteracional, exegese biblicamente sólidaou em evidência histórica, agora éhora de examinarmos as abundantesevidências da historicidade de Adão.Há vários argumentos que precisamser considerados. Vejamos:

1. As genealogiasbíblicas

O primeiro argumento é baseadonas genealogias bíblicas. Todas asgenealogias bíblicas remontam a raçahumana a um homem: Adão (cf. Gn5.3; lCr 1.1; Lc 3.38). Embora umaanálise cuidadosa das genealogiasbíblicas prove conclusivamenteque as genealogias na Bíbliasão freqüentemente abreviadaspela omissão de nomes menos

importantes, os homens listadosforam, sem dúvida, consideradospessoas históricas reais pelosescritores divinamente inspirados.18

Existe uma série de razões pelas quaisas genealogias sustentam um Adãohistórico.

a) Como observamos, os homensem questão foram, obviamente,citados nas genealogias para seremconsiderados figuras históricas reais.Em Gênesis 5, é dito até mesmo aidade em que um desses homensgerou seus filhos e a idade e o númerode anos que o pai viveu após onascimento do seu filho. Até a idadeem que o pai morreu está registrada.

b) As listas que apresentam alinhagem dos que temiam a Deuse a origem da verdadeira religiãodo culto a Yahweh são dadas, emparte, para focar a atenção na graçade Deus e ressaltar a contribuiçãosignificante dessa linhagem para omundo. Este seria um propósito semsentido e desonesto se esses homensfossem figuras mitológicas.

c) Se a lista genealógica em Lucas

3, que traça a linhagem de Jesus atéAdão, é fraudulenta, então, o livrode Lucas e o próprio evangelhosão baseados em mito ou mentira.Tal visão iria, basicamente, serum repúdio ao próprio evangelho.Repare, ainda, como o relato emLucas diz "o filho de Adão, o filho deDeus" (3.38). Lucas, escrevendo soba inspiração do Espírito Santo, deixabem claro que nenhum ser humanoprecedeu Adão; ele veio diretamenteda obra criativa de Deus. "Lucas(como Paulo em Rm 5.12-21 e emICo 15.22,45-49), obviamente,considerava Adão como uma pessoahistórica".19

2. Uma declaraçãoexplícita de Paulo

O segundo argumento para ahistoricidade de Adão baseia-se noensino explícito do apóstolo Paulo.Quando Paulo pregou e escreveu, sobinspiração divina, ele ensinou sobreum Adão histórico e literal. Para osfilósofos atenienses (que rejeitavama unidade original da raça humana),Paulo declarou: "De um só fez toda a

IDefesada,Fév .4.5^

"A nossa união com Adão é a causa da nossa morte. E a nossa uniãocom Cristo é a causa da nossa vida"

raça humana para habitar sobre todaa face da terra" (At 17.26).20 QuandoPaulo pregou o evangelho aospagãos que não tinham familiaridadenenhuma com o Antigo Testamento,ele, em primeiro lugar, lhes apresentouo Deus criador de todas as coisas e,particularmente, criador de toda ahumanidade pela criação de um únicohomem. De um só homem, ou de umsó sangue, vieram todas as nações daface da terra.21 Paulo está dizendoaos atenienses que o seu conceitopagão de que teriam surgido do solonativo e a sua visão de superioridaderacial fundada neste mito sãocompletamente falsos. Porque todasas nações provêm de um só homemcriado pelo Deus vivo e verdadeiro,todos os homens são responsáveispor obedecer a este Deus para tratara cada um como igualmente criadosà imagem de Deus. Se alguémargumenta que Paulo inicia a suaapresentação do evangelho com ummito, por que, então, acreditaria nelequando apresenta a ressurreição (cf.At 17.31) no mesmo sermão? Ensinarque a criação de Adão é um mito e aressurreição é verdadeira, é ilógico earbitrário.

3. A comparaçãoentre Adão e Cristo

Outra passagem queexplicitamente ensina a historicidadede Adão é Romanos 5.12-21. Essetrecho da Escritura é uma passagemprimordialmente destinada a expora doutrina do pecado original. Paulocompara e contrasta Adão e Cristo(o segundo Adão). "Os dois Adãossão os cabeças de dois pactos. Umé representativo de todos que estãosob o pacto das obras, comunicandosua imagem a eles; o outro érepresentativo de todos os que estãosob o pacto da graça, comunicandosua imagem a eles. Pela obediênciade um homem, muitos se tornaram

pecadores, e, pela obediência dooutro, muitos se tornarão justos".22

Naquela passagem, Paulo baseiatoda a argumentação a respeito darealidade do pecado e da morteno mundo como tendo origem natransgressão do homem Adão. "Oapóstolo coloca o seu referendo sobrea autenticidade desse relato [Gn3]. A importância que ele atribuiuaos acontecimentos de Gênesis3 é declarada pelo fato de que odesenvolvimento subsequente doseu argumento está ligado a eles.O fato de que o pecado entroupor meio de um só homem é nossoelemento integral (suficiente) decomparação ou paralelo sobre oqual deve ser construída a doutrinade Paulo sobre a justificação".23 Emseis ocasiões diferentes, Paulo afirmaexplicitamente que o pecado e amorte reinam sobre todos por causado pecado de um só homem, Adão:"Por um só homem entrou o pecadono mundo" (v. 12), "pela ofensa deum homem muitos morreram" (v.16), "pela ofensa de um e por meiode um só, reinou a morte" (v. 17),"por uma só ofensa veio o juízo sobretodos os homens para a condenação"(v. 18), "pela desobediência deum só homem muitos se tornarampecadores" (v. 19).

Há uma série de razões pelas quaisos liberais não podem se esquivar dofato de que esta porção da Escritura,inequivocamente, ensina que Adãofoi uma pessoa real e histórica.

a) Paulo, escrevendo sob ainspiração divina, assume ahistoricidade de Adão em suaargumentação. Se alguém não aceitaa narrativa de Gênesis 3 comouma história genuína, então, todoo argumento de Paulo a respeitode Cristo como o cabeça daquelespor quem Ele morreu cai por terra."Visto que o Novo Testamento éa Palavra de Deus, o que quer que

ele afirme é a verdade, e quando oNovo Testamento fala de Adão e Evacomo históricos, a questão já estáresolvida".24

b) O objetivo dessa seção deRomanos é mostrar que a obra deCristo remedeia a queda de Adãoe ainda concebe bênçãos que emmuito sobrepujam o dano causadopelo pecado. "O evangelho da graçade Deus se demonstrou muito maiseficaz na produção do bem do queo pecado na produção do mal".23

Se Adão e a queda são mitos, oargumento de Paulo (a obediência deum versus a desobediência de outro)é equivocado e ilusório. "Você nãonecessita de uma expiação históricapara desfazer uma queda mitológicaou uma transgressão mitológica.Tudo o que precisa é de outro mito.Mas, se Cristo precisava ser realpara nos salvar, então, Adão foiigualmente real. E porque Adão foireal, Cristo também precisou ser realpara fazer a expiação".26 Por causado pecado de Adão, a culpa real ea corrupção moral passaram à raçahumana. Mas Cristo (o segundoAdão), por seu ato histórico deobediência (seu sofrimento, mortee ressurreição), removeu a culpa, ocastigo e a corrupção do pecado parao pecador crente. "Esta passageminsiste em que aceitemos o relato deGênesis como fato e história literale real. Você não pode compreenderrealmente a necessidade de salvaçãoa menos que você acredite nessahistória e entenda o que aconteceuem Adão, e nossa relação com Adão.Então, esta é uma seção da maiorimportância e somente aqueles quetêm entendido o seu ensinamentoé que não têm permitido que certoscientistas os façam debandar eaceitar a teoria da evolução".27 Comoalguém pode ter fé em Cristo como osegundo Adão, o cabeça de uma novahumanidade, quando o primeiro

46 Defesa da Fé I

Adão é considerado um mito ouuma metáfora poética/ A questãode um Adão histórico não pode serconsiderada sem importância porquesua negação afeta o próprio cerne doevangelho.

4. Adão e aressurreição

Paulo também ensina ahistoricidade de Adão quandoexamina sobre a ressurreição emlCoríntios. Ele escreve: "Mas defato Cristo ressuscitou dentre osmortos, sendo ele as primícias dosque dormem. Visto que a morteveio por um homem, também porum homem veio a ressurreição dosmortos. Porque assim como em Adãotodos morrem, assim também todosserão vivificados em Cristo [...]Semeia-se corpo natural, ressuscita-se corpo espiritual. Se há corponatural, há também corpo espiritual.Porque assim está escrito: O primeirohomem, Adão, foi feito alma vivente.O último Adão, porém, é espíritovivificante. Mas não é primeiro oespiritual, e, sim, o natural: depoiso espiritual. O primeiro homem,formado da terra, é terreno; o segundohomem é do céu. Como foi o primeirohomem, o terreno, tais são tambémos demais homens terrenos; e comoé o homem celestial, tais também oscelestiais. E, assim como trouxemosa imagem do que é terreno, devemostrazer também a imagem do celestial"(ICo 15.20-22, 44-49).

Paulo, em uma longa discussãosobre a importância e realidade daressurreição, compara Adão e Cristo.Ele observa que há uma relação causaientre a morte de Adão e a morte deseus descendentes. Há, também, umarelação causai entre a ressurreição deCristo e a ressurreição do seu povo.Então, Paulo mostra que a união comAdão é a causa da morte e que a uniãocom Cristo é a causa da vida. TantoAdão como Cristo são cabeças erepresentantes de grupos de pessoas.Todos os que permanecem em Adão

estão condenados; e todos os queestão em Cristo estão justificados erecebem a ressurreição para a vida.

Paulo continua o contraste entreo primeiro e o segundo Adão noseu debate sobre a natureza daressurreição. Note os paralelos:alma vivente — espírito vivificante;formado da terra — homem do céu.Antes da ressurreição, os cristãostrazem a imagem de homem daterra, mas, depois da ressurreição,levarão a imagem do homemcelestial. Não se pode considerarAdão uma figura mítica semtambém destruir completamente aargumentação de Paulo. Será quePaulo utilizaria um mito ou umamentira como fundamento paraestabelecer a necessidade de se crernuma ressurreição literal do corpopara a salvação? Nem pense nisso!Se uma metade do paralelo não érealmente verdadeira ou histórica,por que alguém iria considerar aoutra metade como sendo verdade(ou uma realidade futura) ?

Além disso, se Paulo está erradono que se refere a Adão, não serialógico concluir que ele também estáerrado no que diz respeito a Cristo eà ressurreição? Se Adão não foi umafigura literal e histórica, então, Pauloestava enganado. Se Paulo estavaenganado, então, a doutrina dajustificação e da ressurreição não éobjeto de fé digno ou apropriado. Seo esquema dos liberais for verdade, ocristianismo está acabado. "RemovaAdão e sua historicidade dessesversos e todas as profundas verdadesque Paulo está ensinando se perdem.Elas, então, não são verdades, demaneira nenhuma, e as palavras dePaulo devem ser abandonadas. Adãose vai, mas também Cristo".28

5. O ensino dePaulo a respeitodas mulheres

Há outras doutrinas importantesque se baseiam em um entendimento

literal e histórico das narrativas dacriação e da queda. Quando Paulodiscorre sobre a questão das mulheresno culto público, ele pressupõe umavisão literal e histórica de Gênesis 2e 3. Paulo escreve: "Porque o homemnão foi feito da mulher, ma, sim, amulher do homem. Porque tambémo homem não foi criado por causada mulher, mas, sim, a mulher porcausa do homem" (ICo 11.8,9). "Enão permito que a mulher ensine,nem exerça autoridade de homem;esteja, porém, em silêncio. Porque,primeiro, foi formado Adão, depoisEva. E Adão não foi iludido, mas amulher, sendo enganada, caiu emtransgressão" (lTm 2.12-14).

Com respeito ao cobrir a cabeça e ànecessidade de aprender em silêncio,Paulo recorre a dois fatos registradosna história da criação. Primeiro,que Eva foi formada do homem; elase originou dele. Esse é um apelodireto a Gênesis 2.21-23. Adão foicriado primeiro, do pó da terra. Evafoi criada do homem para lhe seruma auxiliadora. "Paulo claramenteespecifica que a mulher foi 'tiradado' homem e criada para ajudar, 'porcausa' do homem".29 Hodge escreve:"Dessa maneira, o Novo Testamento,constantemente, autentica, nãomeramente as verdades morais ereligiosas do Antigo Testamento, masseus fatos históricos; e faz desses fatosos fundamentos ou provas de grandesprincípios morais. É impossível,portanto, para qualquer cristão quecrê na inspiração dos apóstolos,duvidar da autoridade divina dasEscrituras do Antigo Testamentoou confinar a inspiração dosantigos escritores às suas exposiçõesdoutrinárias e legais. A Bíblia inteiraé a Palavra de Deus".30

Ao tratar do papel da mulher naIgreja, na passagem de Timóteo,Paulo apela à queda como um eventohistórico que demonstra as terríveisconseqüências da inversão dos papéisde liderança. O apóstolo "apresenta,por meio de um exemplo negativo,a importância de observarmos os

48 Defesa da Fé

"porque não querem encarar a realidade da queda da raça em Adão e,principalmente, a culpa que decorre dela"

respectivos papéis estabelecidos porDeus ao formar Eva de Adão".31

"Se queremos seguir o raciocíniode Paulo, devemos lembrar que,assim como outros exegetas, judeuse cristãos, ele considera Adão e Evacomo pessoas históricas, mas tambémarquétipos da raça humana".32 Sealguém argumentar que Paulo estavaenganado em seu entendimento dasnarrativas da criação e da queda, ouque Paulo considerava esses eventoscomo mitos, mas deliberadamenteenganou seus leitores ao apresentaruma opinião teológica, então (comoobservado acima), esse alguém develogicamente negar a inspiração e aautoridade das Escrituras.

6. O testemunhode Cristo

Não somente o apóstolo Pauloensina sobre um Adão literal ehistórico ao analisar várias doutrinas,mas o próprio Jesus Cristo baseia seuensinamento a respeito do divórcionuma compreensão literal e históricade Gênesis 1.27; 2.24. Nosso Senhordisse: "Não tendes lido que o Criador,desde o princípio, os fez homem emulher e que disse: Por esta causa,deixará o homem pai e mãe e se uniráà sua mulher, tornando-se os dois

uma só carne? De modo que já nãosão mais dois, porém uma só carne.Portanto, o que Deus ajuntou nãoo separe o homem" (Mt 19.4-6; Mc10.6-8).

Cristo argumenta contra acompreensão frouxa dos judeus dosmotivos para o divórcio, apelandopara a instituição original docasamento. Na criação, Deus fezapenas um homem (Adão) e umamulher (Eva). Esses foram unidos emmatrimônio por Deus. Fica claro queJesus via Gênesis 2.24 (juntamentecom Gn 1.27) como uma ordenançada criação.33

Se alguém não aceita a historicidadede Adão, então, é deixado comapenas duas alternativas a respeitodo ensino de Jesus em Mateus 19.4-6e Marcos 10.6-8. Pode-se argumentarque Cristo era meramente humanoe estava simplesmente enganadoquando considerou Adão o primeirohomem criado, histórico e literal.Em outras palavras, Jesus era finito,limitado em conhecimento e sujeitoa erros de julgamento, do mesmomodo como qualquer outra pessoa.Esse ponto de vista é grosseiramentecontra as Escrituras, é anticristãoe ímpio. Outra abordagem éargumentar que Jesus estava se

Argumentos a favorda historicidade de Adão

acomodando à cultura e sociedade emque vivia. Ele sabia que as Escrituraseram cheias de erros, mentiras emitos, mas Ele fingia que elas eraminerrantes, porque Ele não queriadesapontar seus ouvintes do primeiroséculo. Esses argumentos (que sãoexemplos típicos da incredulidadeliberal) devem ser enfaticamenterejeitados por todos os cristãosprofessos. A idéia de que Jesus Cristo(que é Deus [Mt 1.23; Jo 1.1-3,14;Rm 9.6] e onisciente [Hb 4.13; Rm11.22]) iria recorrer a uma mentira,ou a um mito, ou a uma invenção desacerdotes corruptos e enganadorespara estabelecer uma doutrina ouensino ético e apresentar aqueleensino como a Palavra de Deus, queé absolutamente verdadeira, é umanegação explícita do cristianismo.

Se Jesus não tinha consciênciada natureza mitológica do relato dacriação ou mentiu propositalmente aopovo (para satisfazer ensinos judaicoserrôneos sobre Adão), então, Ele nãopode ser o Messias ou o Filho de Deus.Um Jesus que não era Deus, que eraum homem mentiroso e pecador,não pode ser a propiciação pelospecados dos eleitos. Ou acreditamosnas palavras de Cristo ou colocamoso cristianismo de lado. Não há meiotermo nesse assunto.

As genealogiasbíblicas

Umadeclaração

explícitade Paulo

A comparaçãoentre

Adão e Cristo

Adão e aressurreição

0 ensino dePaulo sobreas mulheres

0 testemunhode Cristo

Consideraçõesfinais

A evidência bíblica da historicidadede Adão é tão clara, abundante e

entrelaçada com o ensino de Pauloe de Cristo que é impossível enredarpor esse ensino sem também redefinire rejeitar as doutrinas de Cristoe o evangelho. O entendimentohistórico e literal do relato de Adão

e de sua queda é rejeitado hoje nãopor causa de evidências bíblicas ouaté mesmo por evidências científicasverdadeiras, mas porque os homensnão querem acreditar no claro ensinodas Escrituras. Por que os homens

estão tão dispostos a abandonar aPalavra de Deus em favor de teoriasespeculativas fundadas apenas sobrea opinião humana? A resposta resideno fato de que muitas pessoas nãoestão dispostas a abaixar suas armas esubmeterem-se a Cristo. Os homensnão querem encarar a realidade dopecado e de suas conseqüências:a morte e o inferno. Os homensconsideram os primeiros capítulosde Gênesis como mito, lenda, saga,entre outras coisas, para que possamsustentar a autonomia humana. Elesquerem definir, por si próprios, o que

é bom e o que é mau. Tais homensestão no caminho largo que conduzà destruição.

Os cristãos que crêem na Bíblianão são enganados por essas tolices.Sabem que Adão foi tão real comoeles o são. Eles também sabem queJesus Cristo, o segundo Adão, ocabeça do pacto da humanidaderedimida, derrotou Satanás, o pecadoe a morte. "Todavia, não é assim odom gratuito como a ofensa; porque,se, pela ofensa de um só, morrerammuitos, muito mais a graça de Deus

e o dom pela graça de um só homem,Jesus Cristo, foram abundantes sobremuitos. O dom, entretanto, não écomo no caso em que somente umpecou; porque o julgamento derivouuma só ofensa, para a condenação;mas a graça transcorre de muitasofensas, para a justificação. Se, pelaofensa de um e por meio de um só,reinou a morte, muito mais os querecebem a abundância da graça e odom da justiça reinarão em vida pormeio de um só, a saber, Jesus Cristo"(Rm5.15-17). ii

F O N T E :

Os Puritanos. Acesse o site: www.puritanos.com.br/

N O T A S :

1. Escritores Barthianos (seguidores de Barth) e neo-ortodoxos colocam Adão e a queda em um mundo supra-temporal ou supra-histórico Para eles. Adão e a queda não ocorreram no tempo e no espaço, ou seja, Adão não éuma pessoa histórica, no sentido normal e tradicional do termo. A queda e a narrativa da criação (argumentam eles) são, por natureza, parabólicas ou espirituais. (Emil Brunner utiliza o termo "mito", enquanto Kari Barth prefere"saga"). Harrison escreve: "É mérito dos teólogos neo-ortodoxos o fato de eles terem repudiado a posição pueril que considera o relato de Gênesis como sendo um conglomerado de narrativas meramente destinadas a explicar certascircunstâncias da sociedade humana e do comportamento animal. Entretanto, foram incapazes de aceitar o conceito da queda como um evento histórico, assunto sobre o qual Barth, em particular, foi bastante evasivo. Em vez disso,insistiram em que o método existencial era incompatível com a posição da queda como tendo acontecido em um passado remoto, sustentando que isso é algo que todos cometem. Por essa razão, foi de suprema importância teológicapara qualquer um que estivesse preparado para ter uma visão realista da natureza humana. Para os pensadores neo-ortodoxos, a tradição do Novo Testamento, como apresentada por Agostinho e Calvino, gerava um conflito com aopinião científica moderna"'.{Introduction to the OldTestament Grand Rapids:Eerdmans, 1969, p. 458).2. Embora as teorias deWellhausens (hipótese documentária) continuem sendo geralmente aceitas em todos os seminários e universidades liberais, desde o final dos anos 60, muitos estudiosos liberais do Antigo Testamento têmdesafiado e discordado abertamente de algumas das opiniões dele. Esses desentendimentos entre as fontes críticas, no entanto, são meramente diferenças de opinião dentro do paradigma de Wellhausen. Os eruditos discordam sobrea fonte de várias passagens (e.g., J ao invés de P)."Os típicos comentários críticos e introduções ao AntigoTestamento que tratam de Gênesis tendem a assumir a teoria JEDP numa forma razoavelmente tradicional e esta forma aindacompõe o cerne da maioria das palestras e cursos sobre o Pentateuco. Nenhum novo consenso tem se desenvolvido a fim de substituir a teoria de Wellhausen, assim, ela continua sendo adotada por vários estudiosos, apesar de agorahaver um reconhecimento generalizado do caráter hipotético dos resultados da crítica moderna" (Gordon J.Wenham, Gênesis 1—15 (Waco.TX:Word Books, 1 987], p. xxxiv-xxxv).3. Roland Kenneth Harrison. Introduction to the OldTestament ÍGranà Rapids, Ml: Eerdmans, 1969), p. 21 .«.Victor R Hamilton. The Bookof Gênesis Chapters i-J7(Grand Rapids, Ml: Eerdmans, 1990), p. 13,14.5. Gordon J.Wenham, Gênesis 1-15, p. xxvi.6. Edward J.Young. An Introduction to the OldTestament (Grand Rapids, Ml: Eerdmans, 1960 11949]), p. 137.7. 0 absurdo da hipótese documentária se torna evidente quando ela é aplicada a documentos que reconhecidamente têm um só autor. Se, por exemplo, um livro contivesse diversos nomes de Deus (Jeová, Deus), repetições,mudanças no vocabulário, narrativas duplicadas e assim por diante, o crítico que possuísse uma fonte consistente iria argumentar que tal livro teve múltiplos autores ou redatores. Contudo, a verdade é que um único autor usoudiferentes palavras e sutis variações a fim de fazer a história mais interessante para prender a atenção do leitor. Bons escritores usam variações propositadamente. Além do mais, narrativas históricas freqüentemente usam a repetiçãopara enfatizar ou examinar um evento de uma perspectiva diferente. Por que os críticos não aplicam suas técnicas a Platão, Aristóteles ou Shakespeare? A resposta é simples.Tais obras não requerem fé em Deus e obediência à suaPalavra. G. Ch. Alders acrescenta outra crítica pertinente à hipótese documentária. Ele escreve: "Quando estudamos a literatura que se relaciona ao Pentateuco, toma-se evidente que a teoria de fontes separadas nos conduz a umexercício quase interminável de criar novas distinções e identificar porções.Tem sido corretamente mostrado que os extremos a que a aplicação dessa abordagem tem levado, acabaram por fazer com que o método das fontes distintaspareça totalmente absurdo.Todo pesquisador sábio e equilibrado deve perguntar a si mesmo se nós estamos realmente lidando com uma preciosa realidade ou com nada mais que a mostra de uma aguda ingenuidade. Seria fácilfornecer exemplos daqueles que têm levado esta teoria a extremos tais, que têm perdido o contato com realidades simples e óbvias" (Gênesis - Grand Rapids: Zondervan, 1981,1:18).

8. Veja Roland Kenneth Harrison. Introduction to the OldTestament, p. 509.9. Edward J.Young. Gênesis 3: A Devotionaí and Expository Study (Car\is\e, PA:The BannerofTruthTrust, 1966), p. 15.10. Ibid.1 1 . G, Ch. Alderc, Gênesis (Grand Rapids: Zondervan, 1981), 1:45: Que o objetivo de Gênesis é relatar fatos históricos, isso não é difícil de afirmar. Não existe um argumento sólido que prove o contrário.Todos os argumentos quetêm, de tempos em tempos, sido apresentados para questionar esse intento do livro são, na melhor das hipóteses, tênues. 0 plano inteiro do livro indica que o seu verdadeiro propósito era apresentar a história real. Isso está deacordo com a natureza do Pentateuco como um todo, do qual Gênesis faz parte, e que é, indubitavelmente, uma obra histórica. Isso é confirmado pela sua própria autodenominação como tôledôt- "história"ou "relato" em Gn 2.4;6.9; 11.27; 37.2. Isso está de acordo com a impressão geral que o livro inteiro fornece.Também há o uso constante de uma forma vertal que, em Hebreus, serve para descrever eventos históricos" (Ibid.).12. Roland Kenneth Harrison. Introduction to the OldTestament, p. 456.13. Ibid.,p.457.14.Veja Michael J. Behe. ftintmsBlack BoxiTheBiochemicalChallenge toEvolution (NewYork, NY: Simon and Schuster, 1996).15.Teoria segundo a qual as grandes modificações ocorridas na terra, no passado, resultaram não de catástrofes em grande escala, mas de processos geológicos contínuos, como os que ocorrem no presente. (N. do escritor).16. Scott M. Huse. The Collapse of Evolution (Grand Rapids, Ml: Baker, 1983), p. 41.17. Edward J.Young. Gênesis 3, p. 54,55.18. Veja William Henry Green. Primeval Chronology in Bibliotheca Sacra, ifl (1890), p.285-303.19. Robert H. Stein. Luke (Nashville.TN: Broadmas Press, 1991), p.142.20 . Textos críticos que, de modo geral, baseiam-se em textos alexandrinos ou egípcios, omitem a palavra sangue no verso 26 .0 versículo é traduzido, então, como "um só" ou "um só homem", ao invés de "um só sangue". 0significado em todos os casos é essencialmente o mesmo.2 1 . John Stott observa que as descobertas científicas sustentam o ensino das Escrituras sobre o assunto. Ele escreve: "Todos os seres humanos compartilham da mesma anatomia, fisiologia e química, e dos mesmos genes. Emborapertençamos a diferentes, assim chamadas, raças (caucasóide, negróide, mongolóide e australóide), cada uma adaptada ao seu próprio meio ambiente, ainda assim, nós constituímos uma única espécie, e pessoas de diferentes raçaspodem casar-se e gerar filhos. Essa homogeneidade da espécie humana é melhor explicada ao assumirmos que descendemos de um ancestral comum. 'As evidências genéticas indicam', escreve o Dr. Christopher Stringer, do Museude História Natural de Londres, 'que todos os seres humanos estão intimamente relacionados e compartilham um ancestral comum recente'".22 . Robert Haldane. Romans (Carlisle, PA:The BannerofTruthTrust, 1958 (1874], p. 213.23. John Murray. The Epistle to the Romans (Grand Rapids, Ml: Eerdmans, 1968), 1:181.24. E. J.Young, Gênesis 3, p.57.25. Charles Hodge. Romans (Carlisle, PA: The Banner ofTruthTrust, 1989 11835]), p. 177.26. James Montgomery Boice. Romans (Grand Rapids:Baker 1992), 2:583. Boice acrescenta este ponto importante: "Estou convencido de que a principal razão pela qual os eruditos liberais desejam considerar os capítulos iniciaisde Gênesis como mitologia é que eles não querem encarar a realidade da queda da raça em Adão ou a culpa que decorre dela. Se não houvesse a queda, então todo este assunto sobre Adão e Eva, a serpente e o Jardim do Édenteria como propósito apenas descrever nossa desafortunada, mas inevitável condição humana. Serviria apenas para dizer que vivemos em um mundo imperfeito e que devemos, portanto, lutar continuamente contra a imperfeição.Em vez de mostrar a nossa culpa, uma idéia como essa, na verdade, nos dá motivo de orgulho e uma falsa estatura de herói. Assim, não podemos ser culpados de coisa alguma. Nós simplesmente herdamos a imperfeição e devemosaté ser louvados por estarmos lutando tão bem contra ela. Na verdade, pode-se dizer que estamos fazendo cada vez melhor" (Ibid.).27. D. Martyn Lio yd-Jones. Romans, Exposition of Chapter 5 (Grand Rapids, Ml: Zondervan, 1971), p. 181.28. Edward J.Young. Gênesis 3, p. 60.29. GeorgeW. Knight III. The Pastoral Epistles (Grand Rapids, Ml: Eerdmans, 1992), p. 143.30. Charles Hodge, IandIICorinthians(Carlisle, PA:The BannerofTruthTrust, 1974 [1857,59]), p. 210.3 1 . GeorgeW. Knight III. The Pastoral Epistles, p.144.32 . J. N. D. Kelly, The Pastoral Epistles (Peabody, MA: Hendrikson, 1960), p.68.33. As ordenanças da criação são normas éticas que são baseadas na obra criadora de Deus. Elas "retratam' a constituição das coisas do modo como elas foram concebidas pela mão do Criador. Elas contêm e regulam toda a escalada vida: gerar filhos, cuidar da terra como mordomo responsável diante e abaixo de Deus, governar responsavelmente as criaturas, encontrar realização e satisfação no trabalho, no labor, no descanso, e, gozar o casamento como umdom do alto (WalterC. Kaiser, Jr. Toward OldTestament Ethics. Grand Rapids: Academic Books, 19831, p. 311.

50 Defesa da Fé I

"As Escrituras exigem que vejamos as outras religiões como tentativasfracassadas que o homem empreendeu para alcançar Deus por meio de

esforços humanos e iluminação intelectual"por meio do autoconhecimento. Osentimento de uma pessoa é maisimportante, digamos, que as palavrasde Jesus. Nossa cultura pluralistarejeita abertamente a afirmação deque só se pode chegar a Deus porum único caminho. A unificação detodas as religiões parece um objetivotão digno de ser alcançado que os quese opõem são vistos como arrogantese, obviamente, intolerantes. Mas,a Bíblia deixa claro que Deus lidaconosco por meio de Jesus Cristo.Permanecer na presença de Deussem a representação de Cristoseria como ficar a apenas algumascentenas do sol: a santidade de Deusnos consumiria. Não podemos tera ousadia de, sequer, pensar que épossível entrar na presença de Deussozinho. O texto bíblico é claro: "Poishá um só mediador entre Deus e oshomens: o homem Cristo Jesus, oqual se entregou a si mesmo comoresgate por todos" (lTm 2.5).

Defesa da Fé: Considerando arelação metafórica que traçou entreo sol e a santidade divina, não seriamesmo incorreto afirmar que Deusestá mais tolerante do que costumavaser no passado?

Erwin Lutzer: Certamente. Naverdade, quem pensa assim costumaentender que há dois deuses distintos:um Deus irado no Antigo Testamentoe outro benevolente no NovoTestamento. Descobri cerca de dozediferentes pecados ou transgressõesque a lei judaica considerava crimescapitais nos tempos do AntigoTestamento. Hoje, tudo mudou. Oshomossexuais são convidados a vir àsnossas igrejas; os pais são instruídosa amar incondicionalmente seusfilhos rebeldes; adúlteros passampor sessões de aconselhamento. Nãoouvimos mais histórias como a deNadabe e Abiú, feridos mortalmentepor oferecerem "fogo profano" aoSenhor (Nm 26.61). Não lemosmais sobre pessoas como Uzá, quetocou a arca em desobediência àsinstruções dadas por Deus e foimorto instantaneamente (2Sm

6.7). Hoje em dia, aparentemente,as pessoas podem ser irreverentes eblasfemadoras o quanto quisereme, ainda assim, chegam à velhice.Esta questão nos atinge porquequeremos saber se temos a liberdadepara pecar arcando com o mínimode conseqüências e também porquequeremos saber se podemos dependerde Deus para nos vingar quandoalguém peca contra nós. Defendo aidéia de que, conforme a humanidademuda, mudam também nossas idéiassobre Deus.

Defesa da Fé: Mas isso nãoimplicaria em admitir que Deus émutável?

Erwin Lutzer: De forma alguma!A natureza de Deus não muda.A verdade de Deus não muda,pois Ele nunca precisa revisar suasopiniões ou atualizar seus planos. Ospadrões de Deus não mudam, masa administração de Deus mudou.Deixe-me ilustrar o que quero dizer.Quando um menino de quatro anosde idade foi pego roubando docesde uma loja, seu pai deu-lhe umasurra. Suponhamos que o mesmorapaz roubasse doces com doze anos.Provavelmente, seu pai escolheriaoutra forma de castigo, como, porexemplo, a privação ou perda dealgum privilégio. Se o rapaz repetissea prática aos vinte anos, é possívelque o caso fosse discutido em umtribunal. O que quero dizer é quea opinião de Deus não mudou. Suaspenalidades ainda são severas, masexiste uma mudança no momentoem que são aplicadas e no métodode punição. Em nossos dias, Deuspermite que o pecado se acumulee "retarda" seu julgamento, mas,quanto maior a graça, maior apunição por recusá-la. A graça divinadá a alguns a ilusão de tolerância.Essas pessoas confundem a paciênciade Deus com leniência. A quemacha que Deus é mais tolerante hoje,convido a imaginar Jesus se curvandoante o peso de nosso pecado. Pelocalvário aprendemos que devemossuportar pessoalmente a pena por

nossos pecados ou, então, devemosdeixá-los sobre os ombros de Cristo.Em qualquer um dos casos, as penasapropriadas e justas serão exigidas.O filho de Deus suportou o fogoque estava vindo em nossa direção.Somente os que servem ao Senhorestarão livres das chamas eternas.

Defesa da Fé: Se Deus não está maistolerante, então, Ele não é obrigadoa salvar os adeptos das demaisreligiões, diferentes do cristianismo,como muitos acreditam?Erwin Lutzer: Logicamente quenão! As Escrituras exigem quevejamos as outras religiões comotentativas fracassadas que o homemempreendeu para alcançar Deuspor meio de esforços humanose iluminação intelectual. Paulofez duas considerações sobre opaganismo. Em primeiro lugar, disseque os que adoram ídolos estão,na verdade, adorando a demônios(ICo 10.20,21). Em segundo, Pauloensinou que as religiões prosperamporque o homem não honra overdadeiro Deus. Por causa darebelião, os homens "trocaram a glóriado Deus imortal por imagens feitassegundo a semelhança do homemmortal, bem como de pássaros,quadrúpedes e répteis" (Rm 1.23).Uma das características da idolatriaé sempre confundir a criatura com oCriador. Satanás orquestrou as falsasreligiões, oferecendo uma infinidadede opções, mas todas contrários aoevangelho de Cristo.

Defesa da Fé: Nesse contexto, nãoexistiriam religiões mais próximas docaminho apontado na Bíblia?

Erwin Lutzer: Não posso negar queexistam alguns bons ensinamentoséticos em outras religiões. Obudismo, em particular, enfatizauma forma de devoção altruístaque parece ter alguma coisa emcomum com o cristianismo. Isso éde se esperar, já que todas as pessoasforam criadas à imagem de Deus etêm consciência moral. Mas umareligião não precisa ser totalmente

Defesa da Fé 53

"Deus planejou a cruz nas distantes eras da eternidade porque planejounossa redenção antes mesmo de nos criar"

falsa para que seja desastrosamenteerrada. As outras religiões fracassamna questão mais importante, ou seja,a maneira pela qual os pecadorespodem se reconciliar com Deus.Independentemente do nosso desejode ver os não cristãos salvos, devemoster cuidado quanto a sermos maisbrandos do que o ensinamentobíblico permite.

Defesa da Fé: Entendido! Vamosmudar de tópico. De que formaentende que Deus poderia serresponsabilizado pelos desastresda natureza, desde que o contráriodisso, segundo o senhor, seria umamentira?

Erwin Lutzer: Bom, alémde trabalhar com a idéia deresponsabilidade, adiciono a noçãode controle. Deus está no controle detudo. As Escrituras deixam claro quea natureza está decaída (Gn 3.17,18).Se quisermos beleza e simetria,devemos cuidar do jardim, o que nãotemos feito. Muito pelo contrário!Quando Deus amaldiçoou o homem,também amaldiçoou a natureza.Assim como após a queda passamosa ter o nosso lado bom e ruim, anatureza também os tem. Agora anatureza aguarda a nossa redenção,de modo que possa ser redimidajuntamente conosco. Felizmente, amaldição será revertida um dia (Rm8.19-21). Todos os dias, vemos oresultado da maldição: maremotos,terremotos, tornados, furacões, secase inundações. Mas quando pensamosnisso, precisamos fazer distinçãoentre as causas imediatas e a causafinal desses acontecimentos.

Defesa da Fé: Poderia dar umexemplo sobre essa distinção?

Erwin Lutzer: Logicamente. Acausa imediata de um terremoto,por exemplo, é a falha abaixo dacrosta terrestre. A causa imediatade um tornado, por exemplo, são osventos de um determinado padrãode temperatura. Mas a causa final deambos os exemplos é Deus. O Senhor

governa a natureza diretamente oupor causas imediatas. Mas, seja qualfor a maneira de agir, Deus está nocontrole, pois Ele é o Criador esustentador de todas as coisas. ODeus que permite a existência decatástrofes naturais pode optar pornão permitir que aconteçam Qó1.12). Algumas vezes, as Escriturasmostram Deus como quem controlaa natureza, mesmo que não existamcausas imediatas (Mc 4.39). Se éverdade que o Senhor revela seusatributos por meio da "manifestaçãopositiva" da natureza (e sabemosque é!), por que as calamidades nanatureza também não revelariamalguma coisa sobre seus outrosatributos? Se a natureza serve paranos dar uma visão equilibrada sobreDeus, também devemos ver nela seujulgamento, embora não possamostransformar isso num dogma (Gn6.17, Nm 16.31-33, Jn 1.4). Se vocêencontrar um cristão que se oponhaà idéia de que Deus seja a causa finaldas condições do tempo, verá essapessoa mudar sua teologia quandoestiver no meio de uma tempestadede relâmpagos e trovões. Podemostentar distanciar Deus dessesacontecimentos, mas, no momentoem que curvarmos a cabeça emoração, saberemos que o Senhor estáno controle!

Defesa da Fé: No contexto destasoberania divina, fale um poucosobre a mentira de Deus não saberquais decisões iremos tomar.Erwin Lutzer: A origem desta idéiaabsurda está na existência de umDeus finito, no qual não podemosacreditar, pois é diametralmentediferente daquele que as Escriturasapresentam. Ele próprio declara:"Desde o início faço conhecido ofim, desde os tempos remotos, o queainda virá" (Is 46.9,10). Nosso Deuszomba dos ídolos que não conhecemo futuro (Is 41.21-23). Deus éonisciente e totalmente confiável,sendo a precisão das profecias a provamais cabal dessa minha afirmação.Deus não precisa ler um jornal diário

junto conosco para ficar atualizadosobre a situação do mundo. Deus nosconhece plenamente (SI 139.1-3).Deus nos conhece continuamente(SI 139.7,8). E Deus nos conheceprofeticamente (SI 139.13-16).

Defesa da Fé: Então, a queda dohomem no Éden não arruinou osplanos de Deus?

Erwin Lutzer: Absolutamente!Muitos indagam por que Deus criouo Universo e o homem se conhecia asconseqüências da queda do homem.Para os tais, a criação do homem sófaz sentido se aceitarmos que Deusnão conhecia o futuro. Ledo enganoantibíblico! Jonathan Edwards foimuito feliz (ou melhor, inspirado)quando afirmou que Deus criou tudopara o "transbordar da sua glória".John Piper destaca que Deus servecontinua e incansavelmente a simesmo, e tudo o que existe contribuipara a sua glória. A cruz de Cristofoi planejada desde a eternidade (At2.23, 4.27,28). Deus esquematizou acruz nas distantes eras da eternidadeporque planejou nossa redençãoantes mesmo de nos criar (2Tm 1.9).O Deus que criou todas as coisasplanejou que a Igreja disseminassesua sabedoria e este foi seu "eternoplano"! Não é de surpreender quenão consigamos separar a criação daredenção. O propósito inicial de Deusera redimir e a criação era o passonecessário para que isso se realizasse.Sem criação, não haveria criaturasredimidas para mostrar a sua glória.Sem uma Igreja, sua multiformesabedoria na salvação não teria sidomanifesta. Desde eras inimagináveis,Deus sabia que derramaria sua graçaa nós. Colocando de outra forma, sevocê é redimido, nunca houve umaépoca em que Deus não o tivesseamado. Ê por isso que João pôde dizerque os nossos nomes estavam escritosno livro da vida "desde a criação domundo" (Ap 13.8). Havia uma cruzno coração de Deus muito antes deuma cruz ser levantada no monteCalvário! i í

54 Defesa da Fé

O crescimento daclasse média brasileira e oimpacto sobre asigrejas evangélicas

Por Rubens MuzioMestre em teologia pastoral pelo Calvin Thelogical Seminary e

doutor em teologia pastoral pelo WestminsterTheological Seminary

O crescimento contínuo daeconomia brasileira, aliada auma estabilidade nunca antesexperimentada, fez surgir um novoconceito de classe média. A classe"C" é a classe média, acima dasclasses "D" e "E" e abaixo das classes"A" e "B". E possui casa própria,carro, computador, crédito, carteiraassinada, viaja de avião e até mesmofaz cruzeiros marítimos, coisasinimagináveis alguns anos atrás.

A renda familiar mensal calculadapara essa faixa da população estáentre R$ 1.064,00 e R$ 4.561,00.Isso pode parecer pouco numa cidadecomo São Paulo ou Rio de Janeiro,cujos aluguéis ultrapassam facilmentea casa dos quatro dígitos. Contudo,a renda média brasileira é alta emrelação a muitos países, onde 80% dapopulação vive em níveis de rendaper capita menor que a brasileira.

A Fundação Getúlio Vargasrealizou, em 2008, um grandeestudo sobre a nova classe médiabrasileira baseado no PNAD(Pesquisa Nacional por Amostra deDomicílios) do IBGE. Esse estudoacurado também serviu para abrir osolhos para a enorme diminuição damiserabilidade no Brasil, explicando,ainda, algumas das razões quelevaram a ONU (Organização dasNações Unidas) a incluir o Brasilentre os países com alto índice dedesenvolvimento humano (IDH).

Mas, o que isso tem a ver coma família evangélica brasileira/ Afamília evangélica brasileira é maisrica, mais urbana e mais consumista.Amamos o mundo do tênis Nike, dos

56 Defesa da Fé

perfumes do Boticário, dos sorvetesHaagen-Dazs, das lojas elegantesdos Shoppings, dos jeans GAP, dostapetes persas, do Audi e da Ferrari,da Disney, do Spa, das férias na praia,do cruzeiro marítimo, da iminênciada Copa do Mundo de 2014 e assimpor diante.

Tal qual uma boa parte da sociedadebrasileira, nos aprisionamos numlabirinto frenético de eventos eencontros, festas e conferências,entretenimento e muita comida.Testados pelo congestionamentourbano crescente, ansiosamenteforçados a calcular a agenda, tempoe distância em relação a minutose segundos, guiados por laptops,controlados por GPS, Ipods, Ipads etodo tipo de parafernália eletrônica,buscamos nossos próprios projetospessoais e, por conta disso, temosmenos tempo para a igreja emantemos nossas interações humanassuperficiais e individualistas.

A nossa concentração éfreqüentemente interrompida pelocelular tocando, mesmo durante oscultos do domingo, e pelas reuniões

sempre urgentes. Bombardeadospelas crises emocionais e sociais, compouquíssimo tempo para responder àsprioridades diárias mais importantes eàs pessoas mais próximas de maneirahumanizada, levantamos já cansadosquando o relógio determina,insensíveis às trágicas manchetesde jornais que parecem próximas eremotas ao mesmo tempo.

Sem tempo para orar a Deus emeditar na Palavra, nos lançamosà atividade, à busca do sucesso, aoconsumo e à produtividade, esgotadospor inúmeras operações mecânicase técnicas. Sufocados, apressados,confinados, temos pouco tempo paracelebrar a vida, pouco tempo parabeijar e abraçar a esposa e tomarcafé juntos com os amigos. Temospouco tempo para adquirir sabedoria,pouco tempo para encontrar alegria,pouco tempo para aumentar o vigorespiritual da alma.

Assimilamos prazerosa eentusiasticamente os princípios queregem o estilo de vida do mercadomoderno. Diante da competitividade,da busca pela excelência e da

A Supremacia da classe CScptndb<i H">\', * i»ttM\%i dnpneea èa& ><V2. C<nw issv«mfol» J« pfrtmsA- ctw».i«

Em 2002sgoft *; maí̂ fía abs

Remediado» — j H(classe D)

"A verdade é que a família evangélica brasileiraé hoje maior, mais superficial

e mais nominalista"felicidade, a família está mais emais insatisfeita e exigente com aqualidade dos ministérios, pregaçõese cultos na igrej a local. A mentalidadeconsumista fermenta a igreja. Muitasigrejas e ministérios tornaram-severdadeiras empresas, repletas de"crentes clientes", produtoras dosbens religiosos que competem entresi para atrair consumidores empotencial. Muitas delas passaram adisputar a fidelidade dos membros,desenvolvendo estratégias depropaganda e marketing para garantirsua permanência. Querem satisfazerseus desejos oferecendo produtosdiferenciados das igrejas vizinhase específicos às suas necessidadesfísicas, emocionais, profissionaise espirituais. Dominadas por umaprática de vida autocentrada,egoísta, gerencial e mercadológica,essas igrejas e ministérios estão maispreocupados com a edificação deseus impérios pessoais do que com aexpansão do reino de Deus.

A verdade é que a famíliaevangélica brasileira é hoje maior,mais superficial e mais nominalista.O nominalismo já era comumentre os católicos, quando muitosse declaravam assim, mas nãopraticantes. A própria CNBBreconheceu que o nominalismocatólico é um problema sério.Da mesma forma, estão surgindoevangélicos nominais, nãopraticantes. Deus encontra-se naperiferia de suas decisões principais.Eles não vivem regularmente a vidada igreja, mas também não seguemoutra religião.

Devido à superficialidade daevangelização e do cristianismo,infelizmente presenciaremos em

/anos futuros o abandono da fé emmassa, tal como ocorreu na Américado Norte e na Europa. A Igrejabrasileira realizou um excelentetrabalho de parteira, de obstetra,mas ainda falta aprofundamentona vida cristã e no discipulado.A porcentagem daqueles que seafirmam "sem-religião" já chega a10%.

Normalmente, os períodoshistóricos em que o povo cristãomais se desenvolveu foramtambém eras de sofrimento,perseguição e dificuldades sociais.Com o crescimento econômico,necessidades mais básicas, comoa falta de saúde, bens materiais e

doenças, tendem a diminuir. A fépassa a ser a razão existencial paraviver e não a solução dos problemasdiários. Talvez, o cristianismo leveà prosperidade, mas a prosperidadeenfraquece e ameaça o cristianismo.

Com a classe média mais forte,vemos uma aceleração da dualidadeentre "vida religiosa" e "vidasecular". Isso se deve principalmenteao que Gerd Theisen chama defunção compensatória da religião.(Gerd THEISEN, Sociologia domovimento de ]esus, p. 128). Essafunção se mostra na formação deuma imagem contrária da realidade

"Com a classe médiamais forte, vemos uma

aceleração da dualidadeentre vida religiosa e

vida secular"social. Ou seja, qualquer impulsohumano gerado pela insatisfaçãodos níveis político, econômico ousocial pode ser desviado para objetosreligiosos. Assim, a insatisfação nãoé externada com revoltas sociais,mas interiorizada com objetosreligiosos, como cultos, cursos,orações, músicas, e assim por diante.

Nesse sentido, a igreja localpode funcionar para "descarga eneutralização das tensões sociais",perdendo sua visão missionáriae missão integral. O desafio paraa família evangélica brasileiraserá a transição da transformaçãoespiritual para uma transformaçãosocial e cultural. A sociedade mudaa partir do momento em que a pessoamuda. As igrejas evangélicas, hoje,têm mais universitários, professores,mestres, doutores, empresários emuitas outras pessoas colocadasem funções sociais estratégicas.As famílias cristãs têm, assim, aoportunidade para causar tremendoimpacto na sociedade brasileiracom os valores cristãos, como, porexemplo, justiça, retidão e paz,mediante a vocação transformadorade homens e mulheres, filhos e filhasque entendam sua profissão comodádiva divina e façam tudo para aglória do Senhor e expansão do seureino na terra! J j

A importânciado preparomissionário

Neste texto, o apóstolo Paulo dáalgumas orientações ministeriais aoseu bom discípulo e amigo Timóteoacerca de seu relacionamento comDeus e sua Palavra. Paulo enfatizaa necessidade da continuidade dotrabalho por meio do ensino a outrosdiscípulos, quando diz: "E o que demim, entre muitas testemunhas,ouviste, confia-o a homens fiéis,que sejam idôneos para tambémensinarem os outros" (2Tm 2.2).

Observamos que Paulo estápreocupado com a continuidade deseu ministério após a sua morte e,por isso, admoesta Timóteo para quetransmita todo o conselho de Deusa homens fiéis e esses, por sua vez,transmitiriam a outros, e assim pordiante.

Paulo seguia o exemplo de Jesus,demonstrando coragem e disposiçãoem investir tempo com seus discípulos,a fim de prepará-los para uma obraque deveria ser expandida. Jesus nosdeu um grande exemplo em comopreparar pessoas, ficando três anoscom os seus discípulos, ensinando-os dia a dia, até que pudessem levaradiante a obra de Deus. O resultadodesse investimento é que todos osdiscípulos (com exceção de Judas,é claro) tornaram-se missionários e,por conta disso, o evangelho chegouaos cantos mais longínquos da terra.Esses discípulos, seguindo o exemplodo Mestre, plantavam igrejas e faziamdiscípulos, preparando-os para quedessem continuidade à missão depregar as boas-novas a toda criatura.

Infelizmente, com o passar dostempos, a Igreja deixou de sepreocupar com o ministério —

60 Defesa da Fé

Por Florencio Moreira de AtaídesBacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano Renovado e

mestre em missiologia pelo CEM - Centro Evangélico de Missões

principal motivo do seu chamado,que é a proclamação do reino deDeus, considerando-o secundário.Para o exercício do ministério, deacordo com o que Deus deseja,a Igreja precisa ter discípulosdevidamente preparados, imbuídosde uma visão correta de sua missão.A Igreja deve ter a consciência de quejamais realizará o projeto de Deus senão investir no preparo daqueles quesão chamados.

Há algum tempo, pouco era ditosobre a capacitação, principalmentede missionários, mas estudos recentestêm mostrado a urgente necessidadede um bom preparo, a fim de evitartranstornos no campo, inclusive oretorno prematuro dos missionários.Existe uma corrente de pensamentoque alega que o preparo missionárionão é necessário. De acordo com essalinha de pensamento, é fácil falar deJesus com quem não temos nenhumtipo de relacionamento ou vínculo;ou seja, com um desconhecido. Ê sófalar de Jesus! A conseqüência, aolongo da história da Igreja, tem sidoperdas irreparáveis de obreiros queabandonaram a obra de Deus pornão suportarem as pressões e outrosreveses do campo transcultural.

No campo, o missionário enfrentamuitos problemas, como, por exemplo,costumes diferentes, língua, cultura,estresse, depressão, desânimo,além da saudade da família ou país,entre outros fatores. Sem o devidopreparo, tudo isso será insuportável.As agências missionárias do Brasiltêm se preocupado cada vez maisem preparar adequadamente oscandidatos à obra missionária,

evitando-se, assim, o seu retornoprematuro.

A capacitação visa preparar ocandidato para a complexa tarefa deadaptação cultural e comunicaçãoeficaz do evangelho em outra cultura.Quando há um bom preparo, omissionário, além de estar ciente dospossíveis choques, consegue fazeruma contextualização correta paracomunicar a Palavra de Deus comfidelidade, evitando o sincretismoou o transporte de sua culturapara o povo em meio ao qual estátrabalhando.

Está provado que, quanto melhoro preparo, menor o perigo de retornoprematuro e outras conseqüênciasdesagradáveis ao campo, à agência,à igreja enviadora e ao própriomissionário. Adotar novos costumesé extremamente estressante e geracrise em qualquer pessoa, e essa crise,por sua vez, é comparada à mesmaque um soldado experimenta quandovai à guerra. Em razão dessa situaçãoestressante, é preciso que ele tenhauma âncora, pois, caso contrário,perderá facilmente o referencial efracassará.

Segundo Taylor, em média 5% dosmissionários voltam prematuramentee, infelizmente, o Brasil é um dospaíses que possui a maior taxa deretorno prematuro do mundo, ouseja, 8,5%. A principal causa é a faltade preparo. Esse problema faz partedas causas evitáveis e as agênciasmissionárias podem contribuir paradiminuir esse índice investindo numbom preparo de seus candidatos aocampo missionário.

As desistências acontecem porqueo missionário não agüenta as pressõesdo campo e aqueles que não foramtreinados ficam evidentemente emdesvantagem. Por quê? Entre váriosmotivos, isso ocorre pela falta deconsciência das dificuldades que vaienfrentar. Como praxe, as escolas demissões preparam os candidatos emvárias áreas:

• Espiritualmente: investimentono crescimento e relacionamento doaluno por meio da oração, do jejum eda leitura bíblica, por entender queestes quesitos são imprescindíveis navida do missionário.

• Relacionamento: aprender aviver em comunidade é fundamentalpara o desenvolvimento do trabalhomissionário bem-sucedido. Éimportante que o aluno aprendaa viver em comunidade, pois, ali,ele é confrontado e resolve seusconflitos. Isso é necessário para queconheçamos as pessoas que irãopara o campo. Se o candidato temdificuldades em relacionar-se, precisaser tratado antes de sair, pois, nocampo, pode gerar vários problemas.

• Psicologicamente: as escolastrabalham o lado psicológico doscandidatos visando conscientizá-losdas dificuldades que enfrentarão e,por meio do pastoreio do missionário,dá o acompanhamento específicopara ajudá-lo a superar os possíveistraumas e outros problemas.

• Culturalmente: o problema dochoque cultural tem sido a causa demuitos retornarem do campo. Naescola, ele vai ser conscientizadodas dificuldades que pode enfrentare como lidar com o choque que,inevitavelmente, em maior ou menorproporção, ocorrerá.

A doutora Antonia Leonora vander Meer di:: "O preparo cultural domissionário é a chave para uma boa

>,

adaptação, integração no campo e obom êxito do seu ministério" (revistaCapacitando, p. 25). A preparaçãonão elimina automaticamente osproblemas de adaptação, mas diminuio impacto dos mesmos, deixando omissionário mais sensível à realidade.

Mas, quando começa o preparodo missionário? Na igreja,evidentemente, mas continua com ocurso teológico e a escola de missões.A igreja local deve cumprir o seupapel de preparar e indicar pessoasqualificadas para estudarem e seremenviadas ao campo. Raramente,pensa-se na igreja como um lugar depreparo, no entanto, ela deve ser oprimeiro seminário do missionário,depois, sim, o preparo formal. Aigreja não pode se esquivar do papelde educação cristã, preparando osseus membros para desempenhar oministério (Ef 4.12).

O candidato à obra missionáriaprecisa ter maturidade espirituale emocional, e, acima de tudo,compromisso com Deus. Êimprescindível que o candidatoconheça bem a Palavra de Deus etenha forte convicção do chamadode Deus para a sua vida. Deus nãochama missionários simplesmente,mas servos que estejam dispostos adedicarem-se inteiramente a Ele.

Amado leitor, você tem umchamado de Deus para a sua vidae quer que Ele o use na sua obra?Então, "procura apresentar-te a Deusaprovado, como obreiro que não temdo que se envergonhar e que manejabem a palavra da verdade!" (2Tm2.15).;;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:ADIWARDANA, Margaretha N. Missionários, preparando-os para

preservar. Londrina/PR: Descoberta Editora, 1999.

TAYLOR.William D. Valioso demais para que se perca. Londrina/PR:

Descoberta Editora, 1998.

TOSTES, Silas. Missões brasileiras em resposta ao clamor do mundo.

João Pessoa/PB: Betei Publicações, 2009.

REVISTA Capacitando para missões transculturais, n° 6,1998.

CFTCONSELHO FEDERAI DETEÓLOGOS DO BRASIL

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Igreja Perseguida

A IgrejaPerseguidana Jordânia

40- posição na classificação de países por perseguição

Missão Portas Abertashttp://www.portasabertas.org.br

A Jordânia é um país do MédioOriente, limitado a norte pela Síria,a leste pelo Iraque, a leste e a sulpela Arábia Saudita e a oeste peloGolfo de Aqaba (por meio do qualfaz fronteira marítima com o Egito),por Israel e pelo território palestinoda Cisjordânia. Sua capital é a cidadede Amã.

Geografiajordaniana

A Jordânia é essencialmenteum grande planalto cuja altitudevai decrescendo desde as serrasrelativamente baixas da zonaocidental (altitude máxima de 1754metros no monte Ramm, a sudoeste)

Motivos deOração:

até as fronteiras orientais. A parteocidental é a mais acidentada, nãosó devido às cadeias montanhosas,mas, também, por conta da descidaabrupta até a depressão que liga omar Vermelho ao mar Morto e ao rioJordão.

Todo o país é desértico ousemidesértico, sendo a zona menosárida também aquela onde se aglomeraa maior parte da população: a regiãonoroeste, separada da Cisjordâniapelo Jordão. As maiores cidades sãoAmã e Irbid. O país possuía o Oásisde Azrad, que se reduziu a pó apósprojetos de irrigação.

História e políticajordaniana

Considerada uma das regiões maisantigas do mundo, lar de diversospovos e dominada por muitosimpérios, a Jordânia conta comuma rica história, demonstrada pelaruínas de cidades como Petra. Muitospovos citados na Bíblia habitaram

Para que o grupodos alavitas, seita detradição xiita, diminua e

perca influência.I

as terras da atual Jordânia, como osedomitas, os moabitas e os amorreus.Suas terras foram dominadas pelosgrandes impérios da antigüidade,como os assírios, babilônios, persas esírios selêucidas.

No final do século 2° a.C, tornou-se província do império romano e, noséculo 7° d.C, foi conquistada peloárabes. No século 16, a Jordânia foidominada pelos turco-otomanos eassim permaneceria até a Ia GuerraMundial, quando os britânicos atomaram. Nesse período, a áreaque hoje corresponde a Israel, Faixade Gaza, Cisjordânia e Jordâniafoi denominada pelo Emirado daTransjordânia.

A Jordânia envolveu-se em trêsconflitos árabe-israelenses e perdeutodos. No entanto, foi a Guerra doGolfo, em 1990, que provocou o maiorimpacto negativo no país, devidoao grande fluxo de refugiados e àdeterioração da economia. A enormepopulação palestina pressiona ogoverno jordaniano para que mostremaior interesse no processo de pazentre árabes e israelenses.

A Jordânia se tornou independenteem 1946. Atualmente, é umamonarquia constitucional, governadapelo rei Abdullah II.

Populaçãojordaniana

A Jordânia é o lar de grandenúmero de refugiados. Dos iraquianosque fugiram da guerra, entre 250e 450 mil estão no país, muitos dosquais não têm documentos ou vistode turismo. Os refugiados palestinos,fugindo da ocupação israelense,já somam 1,8 milhão. A maioriados jordanianos é muçulmana,principalmente de tradição sunita.Existe um pequeno grupo de alavitas(seita de tradição xiita) que habita aregião fronteiriça com a Síria.

2 Para que a economia sejafortalecida e melhorem

# os índices de pobreza,desemprego e inflação.

Economiajordaniana

A economia da Jordânia estáentre as mais fracas do OrienteMédio. É muito dependente daexploração de fosfatos, carboneto depotássio, turismo e comercializaçãode fertilizantes. O país sofre com oalto nível de desemprego, pobreza einflação.

O país tem reservas insuficientesde água, petróleo e outros recursosnaturais. A pobreza, o desempregoe a inflação são os principaisproblemas. A taxa de desempregooficial é de 13%, mas outras fontesestimam que, na realidade, seja de30%. Tais condições de pobreza e aderrocada geral da economia têmgerado conflitos políticos no país.

A Igreja jordanianaSegundo a tradição, escrita pelo

historiador da Igreja, Eusébio, apósa guerra judaica em 66-70 d.C, naqual o templo judeu foi destruído e osjudeus e os cristãos foram dispersos,estes últimos fugiram da Palestinapara uma cidade chamada Pella, quefica a leste do rio Jordão, onde hoje éa Jordânia.

Portanto, os primeiros cristãoschegaram ao país durante a épocados apóstolos, e seus descendentesresistiram até os dias de hoje,mantidos pelo zeloso clero ortodoxo.As cidades de Husn, no norte, eFuheis, perto de Aman, a capital, sãopredominantemente cristãs.

As cidades de Madaba e Karak,ambas no sul da capital, tambémtêm populações cristãs importantes.Os cristãos estão em todos osgrupos da sociedade jordaniana, masespecialmente entre os comerciantese trabalhadores.

A perseguiçãoaos cristãos

Na Constituição do país, oislamismo consta como religiãooficial, mas garante o livre exercíciode outras crenças e proíbe adiscriminação religiosa. A liberdadereligiosa no país piorou entre 2007e 2008. O governo abriu casosjudiciais contra apóstatas (pessoasque abandonaram o islamismo) eexpulsou cerca de trinta obreiroscristãos estrangeiros.

Membros de grupos religiosos nãoregistrados e ex-muçulmanos sofremdiscriminação legal e correm o riscode perder seus direitos civis. Algunsindivíduos, e até famílias inteiras,têm sido ameaçados.

Os tribunais regidos pela sharia(lei islâmica) têm autoridade deprocessar evangelistas e pessoas queabandonam o islamismo. Quandoum muçulmano se converte aocristianismo, o ato não é legalmentereconhecido pelas autoridades, demodo que ele continua a ser tratado

como muçulmano perante a lei. Osfilhos menores de um muçulmanodo sexo masculino que se converteao cristianismo continuam sendolegalmente muçulmanos.

Como o cristianismo é uma religiãoreconhecida e os não muçulmanospodem professar e praticar a fécristã, as igrejas devem receberreconhecimento legal do governo.Em verdade, precisam disso para terdireito à posse de um terreno e paraministrar os sacramentos, inclusiveo matrimônio. As igrejas e outrasinstituições religiosas solicitam oregistro ao primeiro-ministro.

O governo leva em contaos seguintes critérios parareconhecer as igrejas cristãs: a fénão deve contradizer a naturezada Constituição, nem a ética, oscostumes ou as tradições públicas;deve ser reconhecida pelo Conselhode Igrejas do Oriente Médio; nãodeve se opor à religião nacional; eo grupo deve ter alguns jordanianoscomo membros. O governo nãointerfere no culto público da minoriacristã. • i

Região: Oriente Médio

Líder: rei Abdallah II

População: 6,5 milhões (79% urbana)

Religião: cristãos: 6%; islamismo 92%, outras 2%

Governo: Monarquia Constitucional

3 Para que o governo tenhaequilíbrio para mediar o processode paz entre árabes e israelenses. 4 Para que o governo deixe de

abrir casos judiciais contra os# "apóstatas" que abandonaram o

islamismo e se tornaram cristãos.

Defesa da Fé 63

simples razão de que os discípulossabiam que havia sido o próprioSenhor que o havia pronunciado.

^) \ Outros estudiosos críticos// J consideram o dito como sendouma autêntica profecia de Jesus,porém equivocada. Acham queJesus se enganou. Na opinião dessesestudiosos — e entre eles estava ofamoso teólogo, médico e músicoalemão Albert Schweitzer — Jesusesperava realmente que, por meio damissão dos doze apóstolos entre osjudeus, o reino de Deus se manifestasseem toda a sua plenitude e Jesus fosseclaramente manifestado por Deuscomo Filho de Deus e o Messias deIsrael diante da nação que o haveriade reconhecer e aceitar. Daí ter feitoessa promessa aos discípulos. Quandoos discípulos voltaram e o reino nãose manifestou, Jesus resolveu forçara sua vinda indo para Jerusalém,como Rei de Israel. Mas, conformeensinou Schweitzer, foi rejeitado peloslíderes da nação, foi traído por Judas,abandonado pelos demais discípulose morreu crucificado, sem entenderporque Deus o havia desamparadoe porque a sua expectativa foifrustrada ("Deus meu, Deus meu,por que me desamparaste?" — Mt

3):

27.46). Entretanto,essa solução, como aanterior, cria problemasgraves, pois sugereque Jesus nada maisera que um profetailudido com suaprópria megalomania.A grande questão é:por que os discípulosmantiveram esse dito"equivocado" de Jesusno evangelho, vistoque serviria apenaspara desacreditar amensagem cristã/ Alémdisto, como explicarque os discípuloscontinuaram a crer ea seguir a Jesus apósuma prova tão evidentede que Ele havia seequivocado e, portanto,era um homem falívelcomo qualquer outro?

Outros estudiososc o n s i d e r a m

que a promessa deJesus se cumpriucom a destruição deJerusalém, em 70 d.C.A "vinda" do Filho doHomem teria sido ojulgamento e o juízo

da nação de Israel pelarejeição do Messias. Jesus "veio"na pessoa dos exércitos romanos e,assim, cumprindo cabalmente a suapromessa. Ainda outra interpretaçãoacha que a "vinda" aconteceu no diade Pentecostes. Essas respostas pelomenos partem do pressuposto deque a Bíblia é inspirada e verdadeira,ao contrário das anteriores, queadmitem erros e enganos em Jesus ena Bíblia; porém, essas duas soluçõesnão satisfazem plenamente. Uma dasmaiores dificuldades contra elas é ofato de que a expressão "a vinda doFilho do Homem" é usada em Mateuspara se referir à segunda vinda deCristo, em glória visível, a estemundo (Mt 24.27,37,39), bem comooutras expressões similares, como,por exemplo, "quando vier o Filho doHomem" (Mt 25.31). Interpretar otexto como se referindo à destruiçãode Jerusalém ou ao dia de Pentecostesé forçado.

A \ Essa última interpretação| í entende que Jesus estava se

referindo à missão mundial e futurade evangelizar os judeus, a qualainda não se completou. A ida dosdoze para pregar nas vilas de Israelapenas inaugurava essa missão, que

continuou com Paulo e o modernomovimento missionário e ainda nãose concluiu. Em outras palavras, oque o Senhor quis dizer aos discípulosfoi que a evangelização de Israelnão se completaria antes do fim daera presente, que será marcada pelavinda do Filho do Homem. E, queaté lá, haveria perseguições. Algumasevidências fazem dessa interpretaçãouma das menos complicadas.

No texto paralelo em Marcos, oSenhor disse: "Mas é necessário queprimeiro o evangelho seja pregadoa todas as nações" (Mc 13.10).Muito embora, aqui, o Senhor tenhaincluído gentios e judeus, o princípioé claro: antes do fim do mundo, asnações — inclusive Israel — serãoevangelizadas. O próprio Mateusregistrou algo similar: "E será pregadoeste evangelho do reino por todo omundo, para testemunho a todas asnações. Então, virá o fim" (Mt 24.14).

O apóstolo Paulo mencionouainda que "todo o Israel" seria salvoantes da consumação (Rm 11.25-27). Muito embora a interpretaçãodesta passagem seja disputada poralguns, uma forte corrente reformadadefende que ela se refere à conversãodos judeus antes da vinda do Senhor.

Se tomados juntos, esses versosensinam que, antes da vinda doSenhor, a Igreja deverá ter anunciadoo evangelho a todas as nações, Israelinclusive. A passagem "difícil" deMateus 10.23 é mais bem entendidaassim. Naquela ocasião, o SenhorJesus se referiu somente a Israel,pois era esse o contexto da comissãoevangelizadora que Ele deu aosapóstolos.

Conforme a teologia reformada,há passagens na Bíblia que não sãoclaras em si mesmas nem igualmenteclaras a todos (Confissão de Féde Westminster, 1.7). Os "ditosdifíceis" de Jesus se enquadramnessa categoria. Portanto, mesmoentre os reformados poderá haverdiferença de interpretação quanto aeles. Entretanto, há interpretaçõesaceitáveis e outras inaceitáveis.As primeiras partem da premissade que não há erro nas Escriturase de que o dito é difícil por falta deconhecimento nosso. E, também, quenem sempre teremos respostas paratodas as dificuldades da Bíblia. Asinterpretações inaceitáveis partem dapremissa de que a dificuldade podeter sido criada por um erro de Jesusou dos autores dos evangelhos, o querejeitamos, veementemente! n

Defesa da Fé 65

Verbo

Continuoprocurando

candidatos para apróxima eleição!

Nestes últimos anos, por meio daimprensa, temos lido e ouvido sobreo comportamento e envolvimentode alguns políticos evangélicos emdiversos esquemas de corrupção.As nomenclaturas são muitas e,às vezes, até criativas: mentiras,corrupção nas estatais, escândaloda cueca, mensalão, sanguessuga,dança da impunidade, CPI da pizza,nepotismo, desvio de verbas públicas,etc. Mas, apesar disso tudo, continuoacreditando na democracia comosendo a melhor forma de governopara um país.

Pensando dessa maneira, e jáescrevi faz alguns anos sobre isso,acredito que posso contribuir commeu voto sendo ainda mais criteriosono momento da escolha de meuscandidatos para o próximo pleito.Nesta eleição, farei exigências paraa escolha de políticos mediante ovoto, tentando, dessa forma, nãosofrer as decepções que tenho tidocom algumas escolhas em eleiçõesanteriores.

Os primeiros requisitos, entremuitos outros que utilizarei paraescolher meus candidatos, serão osseguintes:

Para prefeito1) O candidato pode estar

tentando reeleição, porém não podeter sofrido denúncias no ministériopúblico sobre corrupção contra seuatual governo, exceto se as mesmasforam apuradas e tenha ficadocomprovado que o denunciado nãoteve qualquer tipo de envolvimentocom as mesmas.

2) Caso o candidato esteja tentandopela primeira vez o cargo de prefeito,será necessário que já tenha algumtipo de experiência no executivo;exemplo: secretário, diretor, etc.

66 Defesa da Fé

Por Antônio Fonseca

3) Se o candidato já foi prefeito,precisa, obrigatoriamente, terconcluído seu primeiro mandato.Não votarei, em hipótese alguma,em candidatos que interrompemmandatos aos quais foram eleitospelo povo.

4) Precisa ter recebido nota mínimade sete, numa classificação de zeroa dez, nas pesquisas que avaliam odesempenho do cargo eleito queocupou ou ocupa no executivo.

Para vereador1) Para candidatos que tentarão

reeleição, também é necessário quetenham obtido nota no mínimo sete,numa classificação de zero a dez, naspesquisas que avaliam o desempenhodo candidato no exercício domandato.

2) O candidato a vereador queparticipa da eleição pela primeira vezprecisa ter envolvimento com algumaatividade social do seu domicílio;exemplo: associação de moradores,escola, creche, esporte, etc.

3) O candidato não pode terqualquer tipo de denúncia decorrupção junto ao ministério públicocontra seu desempenho durante suagestão política, exceto se as mesmasforam apuradas e tenha ficadoprovado que o denunciado não tevequalquer tipo de envolvimento comas mesmas.

Para candidatosque exercemalgum tipo decargo eclesiástico

1) Para qualquer um dos cargospretendido pelo candidato, ele não

pode, desde julho, estar ocupandocargo eclesiástico.

2) O candidato deverá apresentaratestado constando que não estaráexercendo função ministerialreligiosa remunerada até o términode seu mandato, caso seja eleito.

3) Também não votarei emcandidato que esteja utilizando aigreja como trampolim eleitoral.

Sobre a religiãodo candidato

1) Não terei como fator decisivoa religião do candidato, porémpreciso ser informado, pelo própriocandidato, o que ele pensa da fécristã.

2) Preciso, também, saber o que ocandidato pensa sobre temas como:aborto, eutanásia, pena de morte,homossexualidade, células-tronco,clonagem, etc.

Meu compromissocomo eleitor

1) Comprometo-me a ajudar oscandidatos selecionados divulgando,voluntariamente, sempre quepossível, o desempenho dos mandatosanteriores e incentivando as pessoasdo meu convívio a votarem nessescandidatos na próxima eleição.

2) Caso os candidatos escolhidospor mim sejam eleitos e tenhambom desempenho no exercíciodo mandato, prometo continuarvotando neles em eleições futuras.

Quanto às pesquisas eleitorais,não levarei em conta, jamais, seusresultados para escolher meuscandidatos. Candidatos interessadosem meu voto deverão enviare-mail para pr.antoniofonseca®hotmail.com fazendo constar planocom propostas de governo para oExecutivo ou o tipo de Projeto de Leique apresentarão ou defenderão, casosejam candidatos para o Legislativo.

Acredito que com esses cuidadosajudarei na construção da democraciade nosso país e na melhoraria daimagem de nossos políticos que,ultimamente, anda muito desgastadapela opinião pública.

Observação: aos candidatos quenão preenchem os critérios exigidosneste artigo, afirmo que é perda detempo pedir o meu voto.

Perda de tempo! JJ