Declaração de voto do PS sobre as contas da CMP em 2013
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DECLARAÇÃO DE VOTO
Os vereadores do Partido Socialista abstiveram-se na votação dos documentos de prestação
de contas referentes ao ano de 2013, em coerência com a avaliação que fazemos da gestão
municipal nesse ano e ao longo dos três mandatos de maioria PSD/CDS.
Não questionamos, naturalmente, o rigor das contas, mas o que está em apreciação é muito
mais do que essa apreciação contabilística.
Não nos compete fazer, aqui e agora, a avaliação histórica dos três primeiros mandatos
municipais do século XXI. Esse processo exige maior distância histórica e isenção, que, para
este efeito, assumidamente não possuímos.
Fazemos um balanço muito negativo do que estes anos significaram para o Porto.
É verdade que foi realizado um notável esforço de reabilitação dos bairros municipais. Mas é
notório que esse trabalho não foi acompanhado do correspondente investimento na
promoção social dos seus moradores e na criação de condições para um melhor
desenvolvimento pessoal e familiar. Com a feliz exceção da Obra Diocesana de Promoção
Social, a ação das instituições e associações dos Bairros foi ignorada e, frequentemente,
hostilizada.
O Bairro do Aleixo e o seu dramático cortejo de problemas humanos continua de pé seis anos
depois do início do seu processo de demolição, com a Câmara transformada em promotor
imobiliário de luxo, por via da sua participação de 30% no fundo imobiliário criado para o
efeito. Vários Bairros de Lordelo do Ouro, incluindo um construído de novo e começado a
ocupar precisamente no início de 2002 (Pasteleira Nova), foram abandonados ao tráfico de
droga.
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A cidade é hoje mais desigual e mais pobre do que no início do milénio. Nos últimos anos
cresceu avassaladoramente o número de sem-abrigo, cidadãos despojados de todos os
recursos e forçados a (sobre)viver nas ruas, perante a quase total indiferença do poder
municipal.
O ritmo de perda de população manteve-se, com diminuição de mais de 25 mil pessoas entre
os Censos de 2001 e 2011. Isto é, em cada dia o Porto perdeu 7 habitantes.
Foi dado impulso à reabilitação urbana, mas com uma orientação política que afasta as
pessoas de menores recursos do centro histórico da cidade. Aliás, no mesmo intervalo de uma
década, as quatro freguesias do Centro Histórico perderam 46% da sua população, vendo
acelerar o processo de desertificação. A Câmara Municipal participou activamente nesse
movimento, deslocando centenas de pessoas que viviam em casas municipais para os bairros
da periferia.
O emblemático Mercado do Bolhão, a cair e cada vez com menor actividade comercial,
simboliza de forma exemplar uma década de estagnação.
O Teatro Municipal Rivoli, abandonado a uma programação errática e, muitas vezes, pindérica,
falhado o sonho provinciano de uma espécie de «Parque Mayer tripeiro», assinalou o divórcio
entre a governação municipal e os agentes culturais do burgo, elementos essenciais da nossa
identidade e de um projecto de afirmação para o presente e para o futuro.
Vezes de mais a cidade apareceu dividida e incapaz de fazer ouvir a sua voz perante o poder
centralista dos sucessivos governos. Vezes de mais a governação municipal preferiu encontrar
«inimigos internos» para disfarçar a falta de um projecto claro, que fica bem patente na muito
escassa utilização do quadro comunitário 2007/2013.
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No último ano, em dossiers como os da SRU, essa atitude foi alterada de forma positiva. Mas
era já tarde de mais!
Avaliamos como positivo o equilíbrio das contas municipais. Contas à moda do Porto, com
prazos de pagamento aos fornecedores abaixo dos 30 dias, são motivo de elogio e de orgulho.
Ainda assim, também aqui ficou muito por fazer, designadamente na optimização de receitas
relacionadas com a penalização fiscal dos imóveis degradados e em ruína, medida que tem
resultados ridículos, se comparados com a degradação do edificado portuense.
Entre 2001 e 2013 o endividamento total do município reduziu-se em 87 milhões de euros, de
184 para 97 milhões de euros. Mas, no mesmo período de 12 anos, o município alienou
terrenos e edifícios no montante de 85,6 milhões de euros.
Ao participar na actual governação municipal, de forma leal, o Partido Socialista e os seus
vereadores ambicionam conseguir melhores resultados, muito melhores resultados, para a
cidade e para os portuenses. É nesse trabalho que estamos empenhados.
Porto, 22 de Abril de 2014