De coração 27

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De coração 027 JULHO 2012 AnoVII Matobra certifica Qualidade do Atendimento Nova linha de mobiliário de cozinha em vidro lacado Peças de hoje, inspirações de ontem Grandes ideias para espaços pequenos

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revista da Matobra

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De coração 027JULHO 2012 AnoVII

Matobra certifica Qualidade do Atendimento

Nova linha de mobiliário de cozinha em vidro lacado

Peças de hoje, inspirações de ontem

Grandes ideias para espaços pequenos

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30... 30 anos de história falam por si

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“O senhor sabe lá o que é a vida?!”

A interpelação foi dirigida por um deputado da Assembleia da República ao Primeiro-Ministro. E no meio

de tanta verborreia, no esgrimir de argumentos e teorias, a frase de tão simples chamou à minha atenção.

Em quase todas as situações “menos é mais” e este foi mais um desses exemplos.

Estamos habituados a ouvir os nossos políticos com discursos preparados e pensados por um staff

especialista em criar os sound bites certos, para nos fazer crer na genuinidade e credibilidade do político

em questão, nomeadamente no que respeita à sua sensibilidade para as questões sociais.

Mas estou certo que esta mesma genuinidade ficaria abalada se alguém os surpreendesse com uma

pergunta tão simples como: Quanto custa um litro de leite? Ou um pão?

É esta falta de proximidade com as rotinas do país real que se torna evidente na nossa classe política.

Parece fácil olhar para um relatório e concordar com um parecer que recomenda o despedimento de

n funcionários. Basta uma assinatura e a capacidade de enfrentar durante alguns dias as perguntas de

alguns jornalistas mais incómodos. A decisão é cirúrgica e quase asséptica.

Mas bem diferente é a posição de quem enfrenta, olhos nos olhos, alguém que faz parte da vida de uma

empresa há anos para o dispensar. Essa é uma experiência real, acompanhada pela proximidade de se

saber quem é aquele indivíduo em particular - com família, encargos…

Nos últimos tempos, momentos como este são cada vez mais frequentes na vida de muitas empresas, mas

de um modo particular nas que são nossas parceiras, ligadas ao sector da construção.

A obsessão pelas finanças não pode destruir a economia real, que precisa urgentemente de ser estimulada.

Acredito que daqui a uns anos o presente português será visto como um case study, um exemplo para os

teóricos da economia de um erro flagrante que não se pode repetir.

Quanto mais tempo teremos de persistir numa estratégia falhada?

Chega de sermos cobaias em laboratório. Voltemos ao país real.

Presidente do Conselho de Administração da Matobra

... 30 anos de história falam por si

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FICHA TÉCNICA

Entidade proprietária | Matobra - Materiais de Construção e Decoração, S.A.

Coordenação | Marta Rio-Torto

Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto

Fotografia | Pedro Ramos

Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva

Tiragem | 2000 exemplares

Periodicidade | Trimestral

Impressão | Joartes, Lda | Águeda

Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar 8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)

Índice

3 Editorial

7 Entrevista De coração | Norberto Pires

16 Com assinatura Matobra

16 | Nova linha de mobiliário de cozinha em vidro lacado 18 | Ambiente com assinatura Matobra recupera objectos esquecidos 20 | Peças de hoje, inspirações de ontem 22 | Matobra com nova linha de mobiliário

26 Ideias e soluções 26 | Correio do leitor: grandes ideias para espaços pequenos

28 | Natural como só a cortiça pode ser 30 | Recrie este estilo no outlet da Matobra

32 Em foco | Matobra reconhecida pela qualidade do seu atendimento

34 Entrevista | Manuel Barroso Tavares 40 Estilus

40 | Carbon reinventa a habitabilidade 42 | Glam, da Sanitana 43 | Deck Plus da Revigres premiado 47 Entrevista | Carlos Pereira

54 Galeria Matobra

54 | Jacob Delafon: Banho de Champanhe

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ENTREVISTA 07

Norberto Pires

Considera-se um homem polémico?

Foi com esta pergunta que encerrámos

a entrevista feita a Norberto Pires e

à luz dos recentes acontecimentos

a questão tornou-se mais do que

pertinente, quase premonitória.

Antes do fecho desta edição, o

entrevistado De coração deste

número pediu a demissão do cargo

de Presidente da Comissão de

Coordenação da Região Centro

(CCDRC).

Não se verificando a premissa que

levou à entrevista, poderia ter sido

substituída ou refeita, mas entendemos

que a pertinência do texto se mantinha

na mesma medida, se não tivesse

mesmo acrescido.

As justificações oficiais são conhecidas,

mas outras poderão não o ser…

Acreditamos que Norberto Pires tinha

um rumo e ousou não transigir do

caminho em que acreditava. Defendeu

a Região com convicções, dando um

exemplo que nos dias de hoje não será

comum e que habitualmente não deixa

de ter custos.

As opiniões caberão ao leitor e em

nome de um melhor esclarecimento,

aqui lhe deixamos o nosso contributo,

com a última grande entrevista de

Norberto Pires enquanto Presidente da

CCDRC.

“Dou o peito às balas em demasia, faço-o de forma evidente. Seria mais inteligente da minha parte se me mascarasse”

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08 ENTREVISTA

Tem afirmado que enquanto Presidente da CCDRC o seu primeiro grande desafio é a criação de uma “consciência regional”, isto é, o sentimento de pertença à Região Centro deve ir para além do mapa. É um objectivo muito ambicioso. Como pode ser concretizado?É ambicioso mas é necessário, caso contrário não existe um ponto de partida. A Região Centro, naquilo que é essencial para criar uma Região que seja mais do que a soma de partes, tem falhado, porque funciona de maneira desgarrada. Dou-lhe um exemplo: é mais fácil chegar de Coimbra a Lisboa do que de Coimbra a Figueira de Castelo Rodrigo ou à Pampilhosa da Serra. Mais facilmente se vai para fora da Região do que se caminha cá dentro.Paralelamente, existe uma enorme assimetria entre o litoral e o interior da Região no que diz respeito à densidade populacional e ao nível de actividade económica.Ora se essa consciência regional fosse mais apurada, provavelmente não se teria permitido chegar a estas assimetrias.Na reorganização da região que está a ser feita, até pensando no novo quadro comunitário, é preciso ter em linha de conta estes problemas e de alguma forma integrá-los nos novos projectos a apresentar.O próximo quadro define com clareza que os projectos têm que ter dimensão, têm que mostrar cooperação de toda a Região e não só de um local, que foi a estratégia do passado.Depois também é preciso ter em conta que só uma Região que funcione em conjunto pode ser capaz de atrair investimento estrangeiro, que é outra valência muito importante para nós.A Região Centro tem uma capacidade exportadora muito considerável e é das poucas em Portugal que tem um diferencial positivo entre exportações e importações. 20% de exportação portuguesa tem origem cá e somos responsáveis por 10% das importações. Qual é a região portuguesa que consegue dizer isso? Portanto, temos capacidades mas precisamos de ver essas capacidades desenvolvidas e isso implica consciência da necessidade de funcionar em conjunto.

A Região Centro é, como disse, marcada por grandes assimetrias.Há um desequilíbrio grande entre o interior e o litoral que teve a ver com a deslocalização de pessoas.Mas a verdade é que há um défice de oportunidades no interior. Como é que se pode intervir para inverter esta

tendência?Há várias formas. Nos últimos quadros comunitários cuidou-se de resolver questões que tinham a ver essencialmente com infra-estruturas.Faltou tudo o resto, não se cuidou de várias fileiras que podiam ter sido desenvolvidas no sentido de tirar partido dos recursos endógenos e criar oportunidades no local. Factores de competitividade como por exemplo os centros de conhecimento, nomeadamente as Universidades e os politécnicos, não aparecem nos locais onde há esses problemas porque não vêm ali oportunidades. Mas estes são os motores de desenvolvimento que temos.Depois, o financiamento que houve, essencialmente vocacionado para empresas, apostou mais em locais para instalação de empresas e menos em identificar aquilo que eram mais valias.É fundamental que se procure responder à pergunta: Porque razão alguém deve investir no sitio em que estou? O que é que eu tenho para oferecer a uma família jovem que se queira instalar aqui? E esse exercício não foi feito. É por isso que temos por toda a região uma série de incubadoras e parques industriais com excelentes condições, mas vazias.E isso aconteceu porque se achou que bastava apresentar algo ao nível da infra-estrutura para todo o resto vir por acréscimo. Esta estratégia tem que mudar.

A região necessita de captar investimento fora do país para poder dar o salto competitivo ao nível de qualidade de vida, da capacidade de fixar pessoas. A grande questão é porque é que uma empresa de fora do país haveria de escolher, por exemplo, Coimbra, Aveiro ou Leiria, para investir? Temos um grupo de trabalho que envolve quase todos os organismos nacionais ligados a esta questão de promoção de Portugal e captação de investimento estrangeiro e que visa colocar todas as áreas de influência em cooperação. A seguir ao Verão, vamos tornar pública uma iniciativa em que estamos a trabalhar e que se chamará Investe Centro.A ideia é responder a essa pergunta de forma prática. Porque razão um investidor poderá escolher um concelho da Região Centro para se instalar? E não pode ser só porque há sol, há mar, as pessoas são hospitaleiras e come-se bem. Há tantos outros sítios onde estas características também se verificam. O ponto de partida foi identificar as áreas onde somos bons: a saúde, as TIC, a biotecnologia, tudo o que está ligado com

“ A Região Centro, naquilo que é

essencial para criar uma Região que

seja mais do que a soma de partes, tem

falhado, porque funciona de maneira

desgarrada. ”

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o mar, as questões ligadas aos centros de saber... Temos 3 universidades - Coimbra, Aveiro e UBI - e um conjunto de politécnicos de dimensão interessante. Temos um pedigree de transferência de tecnologia conhecido, com empresas que nasceram a partir dos centros de saber e se tornaram empresas globais. E temos também a melhor incubadora do mundo e outras incubadoras noutros sítios que também funcionam bem.Nós somos responsáveis por 20% das exportações portuguesas e à cabeça estão maquinaria e equipamentos eléctricos e electrónicos. Isto é exportação de 1º mundo. Para além disto, é preciso mostrar o tipo de cultura, a nossa história, os costumes e os recursos endógenos.Depois, montámos uma rede por município, com um responsável local que permite a uma empresa, se decidir ir para aquele município, saber com quem contactar para ser previsível o processo de licenciamento e de instalação.Pelos olhos do investidor, queremos ter uma ferramenta que lhe permita rapidamente encontrar um local e aí ver o que é que tem à volta e com quem falar. Isto é, se eu quiser constituir uma empresa de criação de camarões, como é que eu faço para a licenciar? Começo por onde? Qual é o prazo previsível? E com quem devo contactar? Está em fase de criação para todos os concelhos este tipo de informação. Temos de transmitir a noção de que somos uma região preparada para este tipo de investimento, evitando que o possível investidor se desinteresse.Portugal diz que quer atrair investimento estrangeiro mas, por exemplo, não tem um resumo técnico, preparado para pessoas que têm pouco tempo, sobre legislação laboral ou fiscal.Portanto, quando alguém pensa em Portugal, pensa pelo sol e depois desiste. O investidor não tem tempo a perder, pelo que acaba por optar por outro sítio que esteja melhor preparado para o receber.

O sistema de transportes é fundamental para melhorar a competitividade. Neste contexto, a questão do Metro é incontornável…O Secretário de Estado das Obras Públicas deu-nos mais um balão de oxigénio ao dizer que o projecto é para avançar e que no âmbito do QREN será disponibilizada uma verba de 15 milhões de euros, que é um valor muito reduzido. Num processo que já teve tantos avanços e recuos acredita que desta vez é a sério?Eu sinceramente ainda não percebi como

é que o projecto vai ser financiado, mas é importante que seja resolvido o problema das populações, ou seja, o transporte entre 3 municípios e depois dentro da cidade de Coimbra.A minha maior preocupação é relativa às populações que tiveram uma determinada expectativa, viram a sua realidade alterada e agora estão numa situação de impasse que tem que ser resolvida.Mas também entendo que o Metro Mondego deveria ser um projecto pensado num contexto mais geral de mobilidade dentro da Região. Não pode pensar-se só no problema destes 3 municípios, tem que haver a tal consciência regional de que falávamos.Se isso tivesse acontecido provavelmente estes problemas de financiamento não se tinham manifestado. Se calhar não se tinham construído tantas auto-estradas e ligações paralelas que acabam por não ter o efeito desejado.

O turismo representa uma fatia muito importante da atividade económica da Região. Como é que vê o trabalho que tem sido desenvolvido nesta matéria?A Entidade Regional do Turismo fez um trabalho muito importante de identificação e depois promoção das mais valias. Apostou não só na oferta turística ao nível da infra-estrutura, mas também nos recursos endógenos.Acho que o trabalho desenvolvido tem sido muito bem feito. Os números falam por si. Há um decréscimo da actividade turística em todo o país e na Região Centro tem subido. É uma região que mostrou que com esta coordenação tem muitas potencialidades, portanto só tenho que felicitar o trabalho que tem sido feito.

Mais uma vez, a questão das verbas é decisiva. A Região irá perder verbas que estavam previstas como resultado da operação limpeza do QREN”? A operação limpeza do QREN tinha como objectivo olhar para os projectos que estavam finaciados pelo PO Regional e identificar aqueles que eventualmente tivessem deixado de ser viáveis. Nós no Centro já fazíamos isso, não foi novidade, portanto é natural que não tivéssemos desactivado grande coisa. Concluída a operação limpeza, o governo iniciou uma reprogramação e pediu-nos para libertar o dinheiro que teria ficado disponível para financiar novos programas, nomeadamente 60 milhões de euros para as novas iniciativas Impulso Jovem e

“ Portugal diz que quer atrair

investimento estrangeiro mas, por

exemplo, não tem um resumo técnico

(...) sobre legislação laboral ou fiscal.

Portanto, quando alguém pensa em

Portugal, pensa pelo sol e depois

desiste. ”

“ A Região Centro tem uma capacidade

exportadora muito considerável e é

das poucas em Portugal que tem um

diferencial positivo entre exportações e

importações. ”

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Revalorizar.A ideia era retirar esse dinheiro e aplicá-lo nessas novas medidas aqui, na Região Centro. Portanto, o dinheiro nunca sairia daqui, seria apenas reorientado para novos programas.A questão é que este PO Regional utilizou como medida de gestão só fazer contrato com projectos que já tinham algum tipo de certeza que se iriam realizar e portanto logo que eram contratados avançavam. Nós temos uma taxa média de realização de 60% e em muitos municípios acima disso. Há municípios com taxas de realização acima dos 95%. Os projectos estão quase no fim, portanto, descativar estes projectos nesta fase seria impossível.Assim, o exercício que nos pediram para fazer era muito complicado. A nossa contribuição é muito inferior a esse valor que foi pedido e que, repito, será aplicado na região.

O tema da Reforma da Administração Local está na ordem do dia. Como é que vê este projecto? A forma como nos organizamos em distritos, municípios e freguesias, é no essencial uma matriz do século XIX que recebeu uma muito ligeira reforma em 69.Faz todo o sentido que se reflicta se esta estrutura ainda se adapta ao nosso tempo. Fazer este trabalho não é contra ninguém, pelo contrário, é muito positivo e determinante para o futuro do país. Além de que a Troika impunha uma reorganização. Temos um orçamento curto que tem que ser suficiente para os recursos todos. Não se pretende baixar a qualidade dos serviços, mas torná-los mais eficientes e é com este objectivo que esta matriz tem que ser revista.O eng. Paulo Júlio tem uma grande capacidade de diálogo com os agentes locais e pode fazer com que esta seja uma aposta séria no futuro. Ele é a pessoa certa para liderar este projecto.

Tem defendido um alargamento de competências da CCDRC, nomeadamente com a integração dos serviços de Educação, Cultura e Desporto...Para uma região funcionar em conjunto tem que ter uma entidade reguladora e a coordenação não pode estar pulverizada.Se quisermos ter uma estratégia de atracção de investimento temos que abarcar várias áreas e essas áreas precisam de uma coordenação próxima, já que todas elas convergem para o mesmo objectivo.Por exemplo, na área educativa o governo

transferiu parte das competências para os municípios e desactivou as Direcções Regionais de Educação.Também para a cultura e para o desporto faz sentido pensar se estaremos a ser eficientes. Ou será que não temos aqui n entidades pulverizadas, cada uma com a sua tutela quando deveriam estar a trabalhar em conjunto com um chapéu de coordenação comum?

Quais são as áreas estratégicas em que Coimbra deve apostar para o seu desenvolvimento?A cidade tem que trabalhar em áreas que permitam atrair e fixar pessoas. Pela sua Universidade já é uma cidade com capacidade de atracção, mas depois não consegue fixar essas pessoas. Portanto, é aqui que temos que trabalhar. Eu diria que deve fazê-lo nas áreas de localização empresarial que está a fazer, parques de ciência e tecnologia, incubadoras, etc que também trabalham para este tipo de estratégia, mas também tem que apostar nas zonas históricas, nomeadamente a Baixa e a Alta. Os investimentos a fazer na requalificação e reabilitação destes espaços têm que assumir uma perspectiva que terá que adicionar mais-valias para além da recuperação do edifício. A capacidade de criar oportunidades de negócio, de instalar lá pessoas. Tem que haver uma economia associada que vai depois pagar essa reabilitação.Cidades históricas como as de Coimbra têm que se perspectivar assim, sob pena de assistirmos a uma decadência contínua.O próximo quadro comunitário para Portugal vai continuar a ter sensivelmente a mesma verba que o anterior, cerca de 21 mil milhões de euros. Mas os projectos têm que estar associados a um plano de negócios, recebemos o dinheiro para o realizar e temos que retornar a comparticipação pública no final.Isto é uma maneira completamente diferente de pensar face aos anteriores quadros comunitários.

Como é que vê o estado do país? Que balanço faz de um ano de governo?A situação que este governo encontrou era muito complicada. Portugal tem um acordo para cumprir que o faz viver com um espartilho que o obriga a fazer um determinado conjunto de reformas.O governo encarou isso com muita responsabilidade, mas com algumas falhas na forma como comunica as medidas que têm que ser tomadas.

“ Os investimentos a fazer na

requalificação e reabilitação destes

espaços [Baixa e Alta de Coimbra] têm

que assumir uma perspectiva que terá

que adicionar mais-valias para além

da recuperação do edifício. Tem que

haver uma economia associada que vai

depois pagar essa reabilitação. “

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Mas conseguiu que passado um ano Portugal não estivesse visto como um país na bancarrota, mas antes como um país que está a passar por uma situação muito difícil, mas que tem um rumo que tem dado resultados. Muitas vezes, ouve-se a crítica de que o povo português é muito brando, não se revolta. Eu não vejo isso assim. As pessoas perceberam que todos nós temos responsabilidade no que aconteceu, não é só responsabilidade de governantes. Porque há uma dívida pública, mas também há uma dívida privada que nos criará muitos problemas neste futuro mais próximo.As pessoas têm noção de que estávamos num caminho de insustentabilidade que tinha que ser resolvido.

Mas não faltam mais estímulos à economia, nomeadamente às empresas?Na situação de emergência que vivemos o problema era financeiro e portanto faz sentido que as finanças tenham tido prioridade. No entanto, no ministério da economia também há a noção de que é preciso estimular as áreas em que somos bons.Genericamente, penso que o caminho é este. Primeiro resolver o problema das contas públicas mas ao mesmo tempo resolver o problema da economia procurando que o desemprego não atinja níveis tais que “coma “ toda a estratégia. Daí achar muito importantes estas novas medidas do governo, especialmente o Impulso Jovem que visa ajudar a combater o desemprego.O governo fez o trabalho certo para este primeiro ano em que tinha uma situação de emergência para resolver. Agora é uma legislatura para 4 anos, portanto tem mais 3 para mostrar que também é capaz de estimular a economia.

E como é que vê o sector da Construção civil?As empresas de construção vão ter que alargar serviços e competências, mas também procurar novos mercados. Isto é fundamental para fazer face a estes altos e baixos da economia.O país já tem as infra-estruturas de que precisa, agora necessita de tirar partido delas.Em Coimbra existem 11.750 casas vazias, portanto não faz sentido construir mais.O momento é de desafio para que estas empresas se adaptem e diversifiquem as suas áreas de actividade.É alguém que não tem medo das palavras. Coimbra não está habituada a

esse tipo de postura... Considera-se um homem polémico?Não tenho medo de dizer o que penso e se entender que o melhor caminho para atingir um objectivo é aquele sigo-o, o que não significa que não tenha capacidade de diálogo e de cooperação. Nada se faz sem a cooperação dos outros, mas também não vou dizer o contrário daquilo que penso só para agradar a este ou aquele.Se com isso crio polémica? Sim, pode acontecer, mas não quer dizer que aja com a intenção de ser polémico.

“ As pessoas perceberam que todos

nós temos responsabilidade no que

aconteceu, não é só responsabilidade

de governantes. Porque há uma

dívida pública mas também há uma

dívida privada que nos criará muitos

problemas neste futuro mais próximo.”

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De perfil….

Uma referência? Sá Carneiro.

A música que não se cansa de ouvir? “Sei de um

rio”, de Camané.

O filme que o marcou? “A lista de Schindler”.

Um livro? “A viagem do elefante”, de José

Saramago.

Um objecto de que não se separa? O meu IPAD.

Quando tem tempo gosta de…? Andar de mota.

O prato a que não resiste? Qualquer prato que

tenha bacalhau.

Uma bebida? Vinho branco, verde, de Monção,

Alvarinho.

Destino de férias? Tavira.

Uma viagem que o tenha marcado? China,

onde estive 3 semanas a percorrer de mota a parte

sul continental do país.Foi uma viagem cheia de

peripécias.

Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito

que não possa negar?

Sou intrasigente e isso para mim é uma qualidade.

Como defeito, dou o peito às balas em demasia,

faço-o de forma evidente. Seria mais inteligente da

minha parte se eu me mascarasse.

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EXCLUSIVO MATOBRA PARA O DISTRITO DE COIMBRA

NOVA LINHA DE MOBILIÁRIO DE COZINHA EM VIDRO LACADO

Para quem gosta de ambientes modernos e diferenciados, o mobiliário de cozinha com frentes

em vidro é uma solução a ter em conta, criando um visual contemporâneo e sofisticado.

Mas esta é uma opção habitualmente dispendiosa, que a torna menos ajustada a orçamentos

mais reduzidos. Num exclusivo Matobra, o que a empresa propõe aos seus clientes é uma linha

de preço muito competitivo face às restantes opções existentes no mercado.

Ao efeito clean e esteticamente interessante do vidro associam-se características de facilidade

de limpeza e manutenção e natural resistência à humidade.

Neste modelo, o design com acentuação horizontal nunca se torna enfadonho. E adapta-se a

todas as exigências, tornando a cozinha o espaço ideal até para receber os amigos.

A elevada gama de cores inclui desde o clássico branco ou preto, a opções como o pistáchio,

morango, beringela, laranja, cereja, fuxia, entre outras, permitindo uma grande diversidade de

ambientes com inspiração fresca e irreverente.

No showroom da Matobra tem ao dispor uma proposta para cozinha completa.

Venha descobrir…

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18 COM ASSINATURA MATOBRA

AMBIENTE COM ASSINATURA MATOBRA RECUPERA OBJECTOS ESQUECIDOS

Proposta Matobra: Reutilizar para personalizar os seus espaços

Quem não se lembra das tardes no sótão dos avós à procura de brinquedos antigos? E do gozo que dava descobrir aqueles tesouros

recuperados do fundo das caixas?

Foi esse sentimento que serviu de inspiração à nova montra da Matobra, uma instalação que recria a nostalgia das antigas casas de banho,

reinterpretadas à luz das tendências mais actuais.

O ambiente é um convite à imaginação dos clientes, desafiando-os a reutilizar objectos antigos, muitas vezes heranças de família,

integrando-os com peças mais contemporâneas que garantem a actualidade do espaço.

Num momento em que a fusão de estilos é uma tendência forte em decoração, a proposta da Matobra associa às linhas estilizadas do

lavatório e da estante, os sanitários de inspiração retro.

Nas torneiras, destaque para o colorido dos modelos mais clássicos – amarelo, azul, vermelho e creme – combinados com o chuveiro de

parede Drop, da Galindo, uma peça de borracha em forma de gota, disponível nas cores azul, branco, preto e laranja.

A equipa da Matobra presta apoio aos seus clientes na personalização dos ambientes pretendidos, garantindo o aconselhamento de

profissionais com experiência e formação em arquitectura e design de interiores e a possibilidade de antecipar as suas escolhas com um

projecto em 3D.

Recordamos que a Matobra está aberta durante a semana entre as 9h30 e as 19h00 e aos sábados entre as 10h00 e as 19h00, com

interrupção para almoço entre as 13h00 e as 14h00.

Para completar a sua visita, sugerimos que passe também pelo Mercado Popular, o outlet da Matobra.

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Peças de hoje, inspirações de ontem

Para o projecto desta sala, a equipa de decoração da Matobra teve que partir do

sofá em pele e do papel de parede, dois elementos que já existiam no espaço.

Ambas as peças remetiam para uma inspiração retro, que se traduziu na escolha

de uma linha de mobiliário que reinterpreta as linhas arredondadas dos anos 60,

com uma visão mais contemporânea.

O mobiliário da zona de refeições e o móvel de apoio aos sofás são assinados pela

portuguesa Cláudia Melo, que para estas peças se baseou nas suas influências

musicais. Um observador atento reconhece facilmente a adequação dos nomes:

Twist para o aparador e Swing para o móvel de apoio.

Todo o mobiliário é em mutene, uma madeira que é especialmente apreciada

para objectos decorativos e peças de arte pelo efeito criado pelos veios da

madeira.

Para os estofos, predominância para os azuis em tecidos de algodão, um material

que combina resistência com um toque leve.

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MATOBRA COM NOVA LINHA DE MOBILIÁRIO

Acabamento lacado mate ou com brilho em todas as cores

São uma alternativa ao acabamento natural da madeira que transforma por

completo o aspecto geral de uma peça de mobiliário.

O acabamento em lacado pode ser aplicado em qualquer cor e nas opções

mate ou brilho, mas para esta proposta a equipa de decoração da Matobra

seleccionou o branco, um tom elegante e de aspecto limpo que permite criar

ambientes mais luminosos.

Funciona especialmente bem para espaços pequenos, mas não deixa de

ser uma opção a considerar para qualquer ambiente, ao permitir criar uma

atmosfera única: serena, leve, elegante, minimizando o impacto visual criado

por peças maiores como aparadores ou louceiros, permitindo comportar mais

elementos no mesmo espaço de forma harmoniosa.

Nesta proposta, a equipa de decoração da Matobra apresenta 3 soluções para

sala de jantar que alternam entre uma linha assumidamente contemporânea,

uma proposta clássica e uma reinterpretação mais depurada do clássico.

A descobrir no showroom da Matobra.

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26 IDEIAS E SOLUÇÕES

Correio do leitor GRANDES IDEIAS PARA ESPAÇOS PEQUENOS

Adquiri recentemente um T0 no centro de Coimbra.Fiquei encantada pela atmosfera daquela zona e pela comodidade de estar perto de tudo, mas agora preciso de encontrar a melhor solução para organizar um espaço que tem apenas 45m2.Neste momento o espaço está vazio e ainda não tenho mobília. O que me sugerem? Luísa Santos

Cara leitora,

Em áreas pequenos, o espaço sai valorizado se for mantida uma linguagem homogénea e depurada, evitando-se o efeito de “confusão visual” que algumas misturas podem provocar.No caso, a equipa de decoração da Matobra optou por criar uma estrutura única de madeira que reúne funções de mobiliário e separação dos espaços. As linhas são estilizadas e o material é carvalho, por se tratar de uma madeira clara.E porque numa casa pequena é mais difícil manter a organização, apostou-se num sistema de arrumação oculta, em que todos os recantos são aproveitados.

O espaço foi dividido em 3 zonas – kitchenet, quarto e sala.A cozinha foi reduzida à função essencial de preparação das refeições. Ao criar 2 zonas paralelas de arrumação, com móveis até ao tecto e em coluna, consegue-se num curto espaço a mesma arrumação que a maioria das cozinhas. E para isso não é preciso mais do que um corredor de 1,40m, o suficiente para o utilizador se movimentar, mas sem desperdício de espaço.Na traseira dos móveis, propõe-se criar uma estrutura em mezanino para o quarto.Mais uma vez, foi dado acesso a toda a zona esconsa, inclusivamente as escadas, permitindo reforçar os espaços de arrumação.Em alternativa, a cama pode ficar ao nível do chão e servir também de sofá, quando necessário.O espaço de refeições parece emergir da própria estrutura. Mantém-se a coerência e uma uniformidade no mobiliário. De notar que a entrada em casa é feita a meio do corredor, pelo que é importante preservar a intimidade na zona do quarto. No caso, a estrutura criada já cumpre esta função.No hall poderá ser colocado um espelho e um bengaleiro que ajudam a tornar o espaço mais confortável.

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Na casa de banho, a um comprimento de 1,60m, por 90 cm de largura acresce o problema do tecto esconso. A solução passou por transformar todo o chão em zona de duche, o que foi possível com a base Elax da Fiora, que se destaca por ser recortável e flexível, permitindo desenhar o contorno dos sanitários no material, que desta forma se ajusta na perfeição. Esta opção tem também a vantagem de facilitar a limpeza da casa de banho, uma vez no final do duche, basta uma passagem rápida com o chuveiro para manter o espaço limpo.

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28 IDEIAS E SOLUÇÕES

Natural como só a cortiça pode ser

A Wicanders, através da Amorim Revestimentos, tem apostado na cortiça em nome de um pavimento

mais confortável, silencioso, saudável, duradouro e sustentável.

O Corkcomfort FastConnect, tem incorporado uma cola sensível à pressão e o revolucionário sistema

Grip-Strip proporciona uma simples e inovadora forma de instalação, tão simples e prático, como se

de um post-it se tratasse em forma de flutuante.

Já para não falar do tempo ganho e da vantagem na diminuição nos custos de mão-de-obra e de

materiais de aplicação, já que cada peça é colada à seguinte e não ao chão e vem pronto a ser

instalado. É o faça você mesmo, o puzzle mais fácil ao serviço dos seus pés.

Os pavimentos em cortiça são um produto natural, amigo do ambiente e produzido a partir de

um recurso renovável. A acrescer a isto, são antiestaticos, acusticamente absorventes e isolantes e

proporcionam alívio a quem sofre de alergias.

O sistema FastConnect está disponível nas cores Identity Timide, Identity Moonlight, Identity

champagne, Identity Tea, Identity Harmony, Originals Harmony, Originals Accent, Identity Chestnut e

Identity Nightshade e com o formato de 600x45x5,5mm.

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35,00€

Quer renovar a sua casa de banho, mas está preocupado com o seu orçamento?Não espere mais!

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IDEIAS E SOLUÇÕES 31

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32 EM FOCO

Matobra reconhecida pela qualidade do seu atendimento1ª Empresa do país, no setor, a receber a certificação LAC

Qualidade de serviço e bom atendimento são os requisitos desta Certificação Inovadora em Portugal

O coração sorridente estampado à entrada da Matobra é o reconhecimento do bom atendimento e qualidade do serviço prestado pela

empresa, a primeira no país no setor do comércio de materiais de construção e decoração a conseguir o selo LAC – Atendimento Amigo

do Cliente.

A certificação foi atribuída pelo Instituto Português de Relações com o Cliente (IPRC), depois da organização ter sido rigorosamente

avaliada pelos auditores LAC.

Esta certificação promove a excelência do serviço ao cliente como pilar central de toda a atuação organizacional. Criada para avaliar

e aprimorar o atendimento e servindo como parâmetro de qualidade e de diferencial para quem a possuir, contempla 19 critérios de

avaliação, em 4 áreas distintas: lei de defesa do consumidor, apresentação da loja, apresentação dos profissionais e o ato de atendimento.

De acordo com o relatório produzido pelo IPRC “Ao longo da visita o auditor verificou que os profissionais conheciam os produtos que

vendiam, focalizavam-se nas necessidades do cliente, na procura de produtos que o cliente referenciou necessitar. Os profissionais foram

simpáticos, educados e pró-ativos, demonstrando disponibilidade e evidenciando que conheciam os serviços da empresa.”

Com este selo, a Matobra vê premiado o seu empenho na prestação de um serviço de excelência, associando à experiência adquirida ao

longo de 45 anos de actividade, o apoio de uma equipa com formação em arquitectura, decoração e design de interiores.

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34 ENTREVISTA

A Fé também se Constrói

Manuel Barroso Tavares foge ao perfil de construtor civil, já que se assume como um homem de dons imateriais que se

complementa na atividade de construir melhores condições na vida das pessoas. Autor de dois livros editados, endireita,

espiritualista, ervanário é um construtor de mente aberta às energias que nos chegam dum mundo de pernas para o ar.

São as suas sensações e visões que lhe saem da alma, mas também as percepções reais de uma crise que atravessamos sem

precedentes. Sem medo das palavras, critica os bancos e o estado, as politicas autárquicas e a desonra de se mexer nos

ordenados das pessoas, criando mais miséria e escravidão, fruto de uma Europa sem rumo. Sem otimismo e a colocar o dedo

na ferida, antes que seja tarde de mais porque os milagres só acontecem a quem corre atrás deles.

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ENTREVISTA 35

Onde nasceu e por onde passou a infância?Nasci no concelho do Fundão, na freguesia de Alpedrinha numa família de agricultores com cinco filhos e onde me mantive até aos dezassete anos. Era uma vida difícil, já que tínhamos de cuidar das ovelhas e das cabras, semeávamos batatas e milho, cuidávamos das oliveiras, das frutas. Enfim, nascemos a trabalhar a terra sem grandes ambições materiais, mas o certo é que éramos mais felizes.

É mais dado às memórias da infância ou às lições que ainda hoje o acompanham?As memórias lembram uma vida de muito trabalho mas vivíamos relativamente desafogados porque também sabíamos viver com pouco. Mais tarde, quando tivemos de sair da alçada dos pais é que viajámos para outras paragens, uns para França e outros para Lisboa, onde eu e um irmão começámos a trabalhar nos Comboios de Portugal (CP), depois de ter estado em Angola. Das lições que ainda hoje estão presentes ficaram o respeito pelos outros, a devoção a Deus e a responsabilidade de trabalhar para ganhar o pão-nosso de cada dia.

Antes de se dedicar à construção civil foi militar e esteve, em Angola. Pode falar-nos um pouco dessa experiência?Fui para Angola numa comissão durante cerca de dois anos e guardo recordações de um povo fraterno e de grande hospitalidade, tivemos várias operações mas nunca tive contato com o inimigo, daí que tenha sido uma experiência enriquecedora, até porque existiam momentos que mais pareciam férias. Fiquei a gostar daquele país extraordinário, parece que o cheiro da terra e daquela gente se entranha na pele e acaba por fazer parte de nós, porque é um povo de grande caráter. Ainda tenho presente a enorme tristeza que senti quando assisti ao abandono das colónias que se verificou e que não favoreceu ninguém, os que regressaram a Portugal não trouxeram nada, os que ficaram lá tiveram a guerra durante mais tempo e os que estavam em Portugal também ficaram mais pobres porque tiveram de dividir o pouco por muito mais gente. O processo deveria ter decorrido de forma diferente, por um período de dez anos para que se salvaguardasse vários aspetos com maior segurança das pessoas.

Depois foi funcionário na CP. Durante quanto tempo e que tipo de funções exerceu?Entrei para as oficinas dos Comboios de

Portugal (CP) com responsabilidades de reparar as maquinas a vapor, já que era uma área que eu gostava e, dois anos depois, fui para desenhador de eletrónica, até porque tinha tirado um curso de eletromecânica, que terminei em Luanda, pelo que estive na CP doze anos.

Porque é que resolveu apostar no setor da construção civil?Nascemos com aptidão para diferentes áreas, de forma que sempre senti motivação na atividade de construir e de proporcionar melhores condições de vida às pessoas, ainda que sinta que estou numa fase de me reformar e de me dedicar a outras iniciativas como a escrita, mas as contingências do mercado e da realidade atual obrigam-me a exercer durante mais uns tempos. Entrei no ramo num momento conturbado do país e lembro-me, por exemplo de, no dia 25 de Abril de 1974, ir à Rua do Ouro, em Lisboa, depositar dinheiro no banco, pois andava a fazer uma obra a titulo individual, já que ainda era funcionário da CP, em Santa Apolónia.

Lembra-se da sua primeira obra?Foi a minha primeira casa, juntamente com outra para a minha irmã, no Casal do Grelo, num terreno que ambos comprámos.

Qual é a área de atuação da Manuel Barroso Tavares, Lda?A empresa surge em 1982 e a nossa atividade tem ocorrido mais na zona do Entroncamento. Agora estamos a fazer o Edifício da Luz, em Fátima, de frente para o Santuário. Tive algumas experiências no Algarve mas, sinceramente, considero-as negativas porque nunca correram bem, isto em 1987, um ano em que o setor também passava por uma crise profunda.

Em que tipo de mercado está inserida a empresa?Na construção de raiz e na compra e venda de terrenos. Para lá destas atividades, já fui proprietário de um cinema, de uma rádio e tenho uma ervanária.

Quais as obras com mais simbologia que empreendeu?Sinto que todas elas são únicas e têm a sua importância porque foi feito sempre o melhor trabalho possível com a regra de uma qualidade superior e isso vê-se na preocupação de escolher materiais de qualidade elevada, juntamente com a mão de obra devidamente preparada.

Como é que a empresa se tem movimentado em tempos tão difíceis?Estamos a passar por grandes dificuldades e não há que esconder essa realidade, até porque este setor está muito dependente do circuito de capitais e do dinamismo levado a cabo pelos bancos que, neste momento, só complicam a vida das empresas e das famílias. Quando estávamos num bom momento da construção, existia um equilíbrio entre juros dos depósitos e dos empréstimos, o que não acontece actualmente e torna-se impossível contrair credito, numa altura em que as vendas são diminutas e em que as margens dos bancos não param de subir quando deveria ser o contrario. As instituições bancárias são como os governos, se um está em dificuldades pede ajuda aos outros países que cobram juros maiores, daí que entre ajuda e exploração não haja assim tanta diferença.

São criticas duras só ao setor bancário?Estão no setor bancário os grandes senhores do dinheiro, que influenciam os políticos. Se nós pertencemos a um grupo de países que se juntaram precisamente para estarmos mais protegidos e se esses países acabam por nos explorar, eu pergunto onde está a união? Não nos enganemos, países como a Grécia e Portugal não têm condições para pagar juros tão altos e isso mais não é do que exploração a quem pede e precisa de ajuda, quase que nos obrigam a passar fome e a trabalhar de borla para aqueles mesmo senhores que nos emprestam o dinheiro e combate-se este estado de coisas com ordenados mais baixos e isso é mexer com a alma das pessoas. O certo é que com menos poder de compra por parte das famílias, o resultado são menos receitas nos impostos, o que ainda prejudica mais o Estado. A filosofia deste governo está errada e pode ficar para sempre manchada pela miséria de um povo porque há muita gente a passar fome e com vontade de trabalhar.

A que nos pode levar tudo isto?...O que vejo são convulsões e revoluções sociais. Assistimos a Europa a deixar de comprar, a China começa a ter problemas com o endividamento, o Brasil esta a deixar de comprar porque vai vender menos, as produções são em grande escala e com taxas de produção elevadas por parte dos grandes grupos, o desemprego começa a alastrar. Acredito que o mundo se vai envolver num problema muito complicado porque quem detêm o poder nunca está satisfeito com o que tem. É uma democracia construída por alguns, que só interessa a muito poucos e

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magoa quase todos.

O que tem transmitido a quem trabalha consigo para que se combata esta crise da melhor forma?Os meus colaboradores não têm de trabalhar mais do que sempre fizeram porque não são responsáveis pelo momento que atravessamos. Antigamente existiam guerras para arranjar escravos, hoje em dia, arranjaram escravos através do sistema monetário, porque obrigam-se as pessoas a trabalhar a qualquer preço para ganhar alguma coisa e isso é pura escravidão. E esta crise pode ter esse fim, o de escravizar as pessoas, porque se analisarmos a historia da democracia verificamos que os trabalhadores sempre conseguiram aumentar os seus direitos e ganhar força e era muito difícil despedir um empregado e, de um momento para o outro, perderam grande parte dos seus direitos.

O que é que pode fazer a diferença nas empresas numa situação económica e social destas?Penso que as empresas pouco ou nada podem fazer, aqui o fator impulsionador tem de partir por parte do Estado que deve ter a força de não ser influenciado por interesses económicos que afetam as famílias, e se não se criar uma linha de crédito ou de bonificação para as pessoas comprarem a sua casa então a economia vai assistir a mais falências e insolvências. Por exemplo, este ano ainda consegui comprar material para acabar umas obras que tenho a cabo, mas durante o próximo ano não tenho previsto mais trabalho porque os bancos não emprestam dinheiro, porque o Estado não lhes cria linhas de crédito que as empresas e as famílias necessitam.

Prevê que a reconstrução pode se apresentar como uma alternativa?É um tipo de mercado que, a ser incrementado, vai levar dois ou três anos a arrancar e nós não temos esse tempo para impulsionar a economia, é bom que as pessoas já tenham essa noção. Mas não acredito nesse mercado porque não há circuito de capitais ou poder de compra nos proprietários das casas que têm de ser remodeladas.

Qual é a imagem que a empresa tem construído ao longo dos anos?É a imagem de uma empresa séria, que honra os seus compromissos e que vai continuar a cumpri-los para além das suas forças e enquanto nos deixarem trabalhar.

Como espera que o mercado se vá comportar nos próximos três anos?Está tudo nas mãos do governo porque tem de existir um verdadeiro impulso a este setor. Podíamos ter a alternativa de apostar na agricultura de uma forma sustentada, mas isso demoraria uma década sem termos qualquer rentabilidade. A agricultura é uma atividade que se manterá por toda a vida porque nós temos de comer, mas pode ser desenvolvida para outros fins, como a produção do biodiesel e que pode ser possível através da plantação massiva de vinhas e oliveiras, porque temos condições otimas para isso, o que iria ainda mais favorecer os nossos melhores produtos, como são o azeite e o vinho. Tenho algum conhecimento da realidade chinesa e faz-me muita impressão o facto de ver que a China só tem vinho de media qualidade e a preços exorbitantes e comem a comida com óleo quando poderiam importar azeite português. Outra possibilidade seria o cultivo do milho, que até é uma plantação que não necessita de gastar grandes quantidades de água.

O que aconselharia a um jovem empresário que se aventurasse neste setor?Não tem hipótese de se aventurar porque não há nada para começar, as obras em curso são as públicas que não dão rendimento ao país, não criam riqueza e só absorvem dinheiro. As auto-estradas ainda podem dar frutos devido às portagens mas até essas começam a ficar desertas. Assistimos, nos últimos anos, à construção de grandes pavilhões e parques desportivos, a escolas demasiado modernas, a um número de jardins por cidade incompreensível, porque estas obras obrigam a grandes custos de conservação e a uma grande despesa de agua tratada, que sai dos bolsos dos munícipes, para lá de não respeitarmos as reservas do planeta. Nunca existiu a coragem politica de se criar um pulmão verde, uma zona natural que não necessitasse de grandes custos, dentro das vilas e cidades. As autarquias criam um despesismo insustentável, através da incompetência de muitos dos seus quadros, aqueles que não se importam de serem insultados na rua.

Tem a preocupação de acompanhar toda e hecatombe económica e politica que tem acontecido…Tento ser o mais observador possível de todas as situações que afetam a nossa sociedade e vejo o erro que é a politica que a Europa tem seguido porque assistimos aos grandes

senhores, como a Alemanha e a Inglaterra, a quererem condicionar os outros países a seu bel prazer e nem sequer pensam que basta um país sair do euro para a moeda única acabar. Esses países nunca vão voltar a ter a força que já tiveram e é triste não terem a consciência de que esta divisão que está a ser levada a cabo vai destruir todos os países da Europa, já para não falar da Inglaterra e Suiça que se dão ao luxo de ter as suas próprias moedas.

Que outros setores o preocupam?O mercado da restauração que está a ser liquidado por uma ASAE em que muitos dos fiscais abusam do poder e não respeitam as pessoas e as empresas do setor. Somos um país sem graça, somos um povo pobre que quer viver à rica.

Para lá do empresário existe o homem com outros dons, entre os quais o de já ter editado dois livros… Quer falar um pouco disso?Sempre tive a preocupação pela vida do próximo e sou muito sensível à miséria dos outros porque as pessoas se sentem impotentes para resolver muitas situações que se deparam na sua vida e porque temos leis muito complicadas a obriga-las a fazer muitas coisas incorretas, daí que preste serviços na área da saúde, da espiritualidade e do aconselhamento.

E de onde vem essa vontade de escrever sobre o divino?Há coisas que estão marcadas no nosso destino e isso não é determinado pela minha vontade, até porque passei por graves problemas por causa desta minha aptidão. É um trabalho que tenho de fazer e sinto-me em paz por Deus me ter dado essa oportunidade.

Escritor, poeta, endireita, espiritualista e empresário. Em que é que estas actividades se cruzam?Deus é o caminho, sem ele nada somos. É dele que vem tudo e nele somos felizes. As coisas materiais são efémeras, só os valores espirituais nos fazem evoluir.

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De perfil

Uma obra ou monumento perfeito?

Pirâmides do Egipto.

Do que é que o mundo precisa?

Precisa de unir-se a Deus.

É possível definir a palavra vida?

O espírito em evolução.

Do que são feitos os sonhos?

De verdade e honestidade.

Uma filosofia de vida?

Respeitar o próximo é aproximarmo-nos

de Deus.

A noticia que mais gostaria de ouvir?

Que a crise teria terminado para o bem

de todos.

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Carbon reinventa a habitabilidade

O conceito da cerâmica ao serviço dos nossos sentidos tem mais um novo episodio por parte da Recer: Carbon.

Numa sociedade que se transforma e adota novas formas de habitar, em que a reabilitação se sobrepõe à procura de novos espaços e onde

a família é o principal e único fator de bem-estar, aposta-se na criação de atmosferas mais envolventes e versáteis.

Procura-se entender a natureza e os seus princípios, racionalizando a utilização da madeira e da pedra natural, cabendo à cerâmica recriá-

los e colocá-los ao serviço da sustentabilidade, saúde e conforto.

A RECER desenvolveu um novo pavimento porcelânico que ganha em performance sem perder em estética. Com uma elevada resistência física

e química, é ideal para áreas de alto tráfego, como aeroportos ou estações de transportes, hotéis ou ginásios, espaços comerciais ou residenciais.

Descubra como o design é eterno.

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Glam, da Sanitana

A Coleção Glam, da Sanitana, traz-nos a sofisticação que conquista os espaços,

para uma sensação de liberdade total dentro da própria casa. Cada peça Glam

deixa a sua marca pela singularidade que coloca em cada ambiente e que contagia

os espaços com formas únicas e que combinam elegantes linhas, curvas e retas.

Qualquer estilo de decoração ganha subtilmente um toque de sofisticação e

requinte, ao jeito da decoradora que há em si.

O glamour personalizado e versátil para qualquer casa de banho.

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Deck Plus da Revigrés premiado

O Deck Plus coloca de parte a necessidade de um chão nivelado e liso, tendo

sido premiado por esse fator inovador. Apresenta-se como um conceito em grés

porcelânico especialmente adequado para aplicação em pisos exteriores sobrelevados,

como estrados, e destaca-se pela elevada resistência ao atrito, às manchas, desgaste,

impacto e é de fácil manutenção. Esta coleção da Revigrés, produzida pela técnica

de impressão digital em cerâmica, permite reproduzir com fidelidade as texturas do

Deck natural, e encontra-se disponível em quatro cores (Teca, Ipê, Gris e Wenguê)

e em diversos formatos (15×120, 60×120, 60×60 e 11,5x60cm). Este produto foi

premiado pelo Espaço Inovação, que é um concurso realizado anualmente pela

Tektónica e dirigido a todas as empresas, tendo por objectivo valorizar os produtos,

serviços ou equipamentos inovadores e, por consequência, promover e distinguir as

empresas que apostam no desenvolvimento de novos produtos com características

inovadoras em termos técnicos, funcionais e estéticos.

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ENTREVISTA 47

Navegar por entre Ventos e Marés

Cliper foi um veleiro que se transformou numa marca

que quer continuar a percorrer os novos mares do

mercado global. Nascida e criada na Figueira da

Foz, esta fábrica quer produzir 2,5 milhões de m2,

prensados e cozidos com garantia de versatilidade

e tempo de reação, pelas novas exigências que se

colocam. Carlos Pereira é o homem do leme numa

viagem ainda curta e que se quer sustentada num

projeto singular que regenera o próprio setor

cerâmico português. Com uma capacidade de

comunicação direta e objetiva e um espírito de grupo

presente na sua conduta, este engenheiro mecânico

relativiza a crise global que hoje vivemos e coloca

a exigência de se lutar por causas comuns. Os seus

princípios andam à volta sempre do mesmo fim,

sermos competentes o mais possível e dar o melhor

de nós em prol de um bem que se quer de sucesso

e de todos.

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48 ENTREVISTA

O que o fez aceitar o projeto da Cliper,

dado a sua experiência e o seu vasto

currículo em empresas de grande

dimensão na cerâmica portuguesa?

O fato de ser uma aposta recente, traduzida

num projeto de raiz, feito exclusivamente em

Portugal. Destaco também a singularidade

do quadro acionista que agregou um grupo

de distribuidores de materiais de construção,

que teve a coragem de implementar um

projeto industrial num setor que é obrigado

a exportar, ou seja, assumem claramente

que querem estar num setor exportador

e não pensaram apenas num modo de se

auto-abastecer, pelo que de um modo geral

se verificaram as condições necessárias para

que eu me sentisse motivado a tomar esta

decisão.

A entrada deveu-se ao homem que

gosta de aventuras ou ao gestor que

acreditou no desafio?

Considero que é um desafio válido e com

grandes potencialidades, mas claro que esta

atividade envolve sempre um fator de risco,

que ainda a torna mais aliciante.

Nestes primeiros meses tem focado a

sua atenção em que aspetos?

O meu primeiro foco vai sempre para a

área industrial porque permite conhecer as

nossas forças e a nossa capacidade numa

perspetiva de sairmos para fora da fábrica

e percorrer um caminho de crescimento,

através das nossas práticas comerciais.

Só com essa atenção permanente no

âmbito industrial é que podemos ter a

definição clara das nossas potencialidades

o que, através do investimento em novos

equipamentos, tem permitido tirar partido

dessa aposta constante na modernização,

até porque estamos a lançar novos produtos,

com formatos diferentes e vamos continuar

a investir para que as bases estejam bem

alinhadas no caminho da sustentabilidade e

crescimento.

É um engenheiro mecânico apaixonado

por automóveis, para onde gostaria

de conduzir a Cliper no mercado dos

cerâmicos?

Temos a noção que a Cliper é uma marca

recente e que tem uma capacidade de

produção limitada mas que tem um

caminho a percorrer no mercado europeu,

que considero ser o mercado tipo e típico

para a empresa e é onde temos de centrar

os nossos esforços. Pelo que temos de saber

dar o passo seguinte, o de conseguir colocar

no mercado uma gama de revestimentos que

complemente os pavimentos, apostando na

diversidade e versatilidade de mais produtos,

com um formato maior.

Porquê a aposta no nome Cliper e qual o

seu significado?

Ao estabelecer-se na Figueira da Foz e

para contrariar a generalidade das marcas

nacionais que acabam por incorporar a

terminação “grés”, a empresa prestou uma

homenagem à terra e aos pescadores que lhe

deram muito. Cliper eram antigos veleiros

tecnologicamente evoluídos. É um nome

impulsionador e muito bem conseguido que

a marca espera prosperar e desenvolver.

O que significa o nascimento da Cliper

num contexto económico europeu tão

conturbado?

Com ou sem dificuldades, o setor da

construção civil vai continuar a existir,

não com a dimensão a que estávamos

habituados porque, fundamentalmente,

vivemos numa crise de abundância durante

muitos anos e o mercado estruturou-se para

uma dimensão que não era real e que nos

levou ao grave problema que estamos a viver.

Estão a desaparecer muitas empresas mas

acredito que vão ficar as mais competentes,

independentemente da sua dimensão.

Como descreve a marca Cliper e os cinco

primeiros anos de vida?

São os primeiros anos de uma empresa que

nasce de uma forma singular, é notoriamente

uma fase de fazer o caminho caminhando e

de sabermos aprender com uma perspetiva

que se perdeu neste setor, muito por culpa

de a gestão viver a uma alta rotação, que

é o método da sucessão “tentativa – erro”.

É uma aprendizagem em gestão um pouco

ignorada porque quando as coisas são

simples, mesmo com pouca competência,

é fácil chegar-se ao êxito, mas quando as

coisas são mais difíceis, só com índices de

enorme competência é que se consegue

chegar ao sucesso. E é bom que as empresas

se apercebam que a competência tem a

ver com formação e com aprendizagem

constante através de sabermos tirar dos

erros que fomos cometendo as ilações

próprias e é desta forma que a Cliper tem

encarado o mercado.

É um projeto inovador, dado a fusão

de forças que se conseguiu através

de um conjunto de empresas que se

apresentam como concorrentes entre

si (Emacor). Pode-nos falar mais sobre

esta nova filosofia?

É claramente uma empresa única em

Portugal e, mesmo no exterior, não sei

se existem com esta tipologia. Uma das

primeiras dificuldades que os acionistas

tiveram foi a de credibilizar a empresa, no

sentido de passar informação, a fim de que

o mercado percebesse que, quer fossem

acionistas ou não, os distribuidores iriam ser

tratados com a mesma equidade. E foi uma

luta ganha porque, com o tempo, o próprio

mercado e os distribuidores não acionistas

se aperceberam que a postura da empresa

era de seriedade e de isenção e com um

fio condutor sem quaisquer influências.

Claro que o fato dos próprios acionistas

serem distribuidores, permite à empresa

um conhecimento mais abrangente, o que

acaba por ser uma mais valia para todos os

intervenientes do processo.

O que os clientes devem saber dos

produtos da Cliper?

A Cliper tem uma linha de produção

composta por um conjunto de equipamentos

que é de última geração da cerâmica e,

portanto, tem obrigação total de produzir

com muita qualidade.

Produz apenas grés porcelânico que é

um produto de excelentes características

técnicas, destinado fundamentalmente

ao pavimento e que, em condições

particulares, pode também ser utilizado

como revestimento.

Neste contexto, estamos de acordo com

as exigências das normas europeias, no

que respeita à proteção do ambiente e à

segurança dos trabalhadores. É importante

realçar a eficácia conseguida com a aposta

dos novos equipamentos de ultima geração,

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que permitiram um ganho e eficácia notáveis

e que tornaram a Cliper mais competitiva

em termos de custos operacionais, possíveis

pelo desenvolvimento no que respeita à

dimensão e características das prensas

e do forno e tudo isso são ganhos de

competitividade e é pena que as empresas

não apostem mais nesta vertente.

Quais têm sido as apostas da marca na

conquista de novos clientes?

A Cliper apostou, fundamentalmente,

nos mercados francês, inglês, holandês e

belga e é uma tarefa árdua conseguir estar

presente e atuar em países próximos mas

muito diferentes em termos de gostos, pelo

que temos conseguido adaptar os nossos

produtos aos diferentes estilos e aspetos

culturais. Como resultado desta aposta

ganha, vamos lançar produtos com formato

60x60 e que visam ainda mais a aproximação

a esses mercados onde queremos estar com

produtos de gama media alta.

Qual tem sido o impacto da marca nas

feiras internacionais, como a CERSAIE?

Para quem quer trabalhar no mercado

europeu e quer conquistar novos clientes

é fundamental estar na CERSAIE, com

uma gama de produtos ao nível de

outros concorrentes, porque é a feira

mais representativa e mais importante de

materiais de construção a nível europeu

e, porventura, mundial. Atualmente, a

realidade do mercado não se compadece

com empresas que estejam muito longe

daquilo que fazem os melhores produtores

europeus, hoje trabalha-se numa faixa

muito estreita de mercado se compararmos

os diferentes produtores e isso obriga-nos

a estar muito perto dos melhores para

sermos competitivos. A Cliper tem tido,

sistematicamente, a entrada de novos

clientes, fruto dessa participação nas feiras

internacionais. Como exemplo temos o

mercado francês, extremamente importante

para a marca, e que foi uma conquista pela

gama de produtos que temos rentabilizado

nas feiras internacionais.

O logótipo da empresa representa

o símbolo de um povo sedento de

conquistas e de uma nação que quis

atravessar os limites. É esta a mensagem

que a marca quer percorrer?

Sem duvida que sim, uma marca cada vez

mais virada para fora e para mercados novos

e que tenha a consciência que só assim é

que conseguirá continuar a caminhar e a

crescer, porque não há alternativa.

Num mercado em recessão como é que

a Cliper pretende crescer?

O crescimento no mercado externo, em

2011, foi de 10%, o que é um excelente

trabalho feito pela exportação da Cliper

e, este ano, seguramente que vamos

continuar a crescer a esse nível. Uma das

nossas apostas, a certa altura, foi o mercado

espanhol, onde tivemos que ponderar a

nossa presença porque é um mercado que

talvez esteja pior do que o nosso e, dados

os últimos acontecimentos, ainda vai

ficar mais complicado. De modo que nos

vamos dirigir para mercados mais a norte

e penso que para a dimensão que temos

e para cumprirmos o nosso objetivo, o de

produzir cerca de 2,5 milhões de m2 por

ano, não é necessário mais do que isso.

Neste momento, exportamos 65% do que

produzimos mas pensamos atingir a meta

dos 75%, o que seria de assinalar numa

empresa jovem e ainda com uma dimensão

limitada.

É prioritário para a Cliper apostar, ao

máximo, no mercado externo?

Essa é uma questão que nem se coloca,

dizendo de outra forma, seria impossível

sobreviver sem o mercado internacional.

O que pode marcar a diferença das

empresas num mercado carenciado de

capitais?

A versatilidade para poderem trabalhar

em diferentes mercados com a mesma

competitividade e a rapidez de reação

para se adaptarem às próprias exigências

do mercado, sempre com um nível de

competência muito elevado. São duas

vertentes fundamentais e a Cliper tem essa

possibilidade porque o seu equipamento

permite a versatilidade e pode chegar muito

rapidamente ao mercado.

Alguém lhe chamou o “Mourinho dos

Cerâmicos”. Qual é a tática para vencer

este desafio?

Continuo a achar que o que faz a diferença

em tudo são as pessoas e eu aposto sempre

em grupos fortes. Reconheço que tenho

alguma facilidade em lidar com as pessoas

e retirar delas o que têm de melhor. Na

Cliper encontrei um grupo muito unido,

com muita vontade e que luta muito pela

camisola que veste. O que eu pretendo é

potenciar ainda mais este grupo. O facto de

as pessoas se sentirem utilizadas da melhor

forma possível é muito gratificante para

todos os intervenientes.

O que a equipa da Cliper pode esperar

do seu treinador?

Que me integre no grupo o mais rapidamente

possível e que consiga fazer que esse

espírito seja cada vez mais ganhador na

luta pelos mesmos objetivos. O treinador

é mais um elemento, com as suas próprias

responsabilidades, e uma delas é fazer com

que todo o grupo puxe para o mesmo lado.

E já agora, para que resultado joga

sempre?

Temos de jogar todos para ganhar, os

acionistas, os funcionários e a empresa.

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ENTREVISTA 51

Pole Position

O que o faz ter um brilhozinho nos olhos?

Acordar todos os dias com vontade de trabalhar.

Uma ação para melhorar o dia?

Ajudar alguém próximo.

Um vicio saudável de que não abdica?

O Tiro aos Pratos, ao fim-de-semana.

A melhor estoria de vida que conheceu?

A do meu avo paterno que, aos quarenta anos, se viu obrigado a fugir para uma pequena localidade em Moçambique e

começar do zero. O certo é que conseguiu cumprir dois sonhos que tinha: o de comprar um Mercedes e um relógio Patek

Philippe e o de ter conseguido uma vida bastante sólida para a família.

O automóvel que queria ter?

Um Aston Martin, DB9.

Como é que os sonhos se transformam em realidade?

Indo atrás eles todos os dias.

A cura para o desinteresse politico?

Políticos novos.

O titulo do livro da sua vida

O sonho.

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54 GALERIA MATOBRA

Jacob Delafon

Banho de Champanhe

A banheira de hidromassagem Sok,

da Jacob Delafon está concebida

com dupla estrutura que permite um

transbordamento permanente que

transforma o banho num local de

prazer para todos os sentidos, com

uma imersão total proporcionado

pelas “borbulhas” dos jactos, como

se estivesse a tomar banho numa taça

de champanhe. Para complementar,

os quatro Spots de cromoterapia e

um ambiente luminoso de oito cores

com possibilidade de eleger uma só,

mediante o estado relaxante que deseja.

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