David Sickmiller - Bons pais, bons filhos
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Bons pais, bons filhos
Orgulho e Preconceito de Jane Austen e Frankenstein de Mary Shelley são
dois clássicos da literatura que valem a pena estudar. Esse trabalho discutirá
as idéias e conceitos de parentesco em ambos os livros. Enquanto algumas
características são partilhadas entre eles, também existem diferenças. Os
tópicos específicos a serem discutidos são o que faz de alguém um bom
parente, o que os pais devem aos filhos, e o que estes devem aos pais. A
abordagem geral será a identificação de exemplos de bons e maus pais e filhos
e a determinação do que os faz ser assim.
O que faz de alguém um bom parente? Antes que possamos identificar quais
parentes são bons ou maus, temos que fazer uma distinção entre ambos. Bons
parentes são retratados como sendo compreensivos, provendo apoio material e
emocional e ouvindo seus filhos. Maus parentes são, por outro lado, aqueles
que não seguem esses preceitos.
Para determinar o que os autores consideram que faz de alguém um bom
parente, os exemplos de pais nos textos devem ser examinados. Existem
exemplos variados de parentes em Frankenstein. Os pais de Victor
Frankenstein, Alphonse e Caroline, são o caso mais aparente de parentes
naturais. Muitos argumentam que Victor é pai da criatura, mesmo que ela não
tenha nascido por meios naturais. Para nosso objetivo neste trabalho, Victor
será considerado pai da criatura já que ele deu a ela existência, e a criatura
age como humana em vários aspectos. Shelley tem outros exemplos de pais
incluindo o pai de Henry Clerval e o camponês De Lacey.
Os principais exemplos de pais em Orgulho e Preconceito são Mr. e Mrs.
Bennet. A presença deles no romance permite extensos comentários sobre
suas habilidades como pais. Também existem vários exemplos de
relacionamentos que são semelhantes aos existentes entre pais e filhos como
o relacionamento entre Mr. Collins e Lady Catherine de Bourgh. Também pode
ser dito que Mr. e Mrs. Gardiner são bons parentes para as irmãs Bennet. No
entanto, será dado foco em Mr. e Mrs. Bennet.
O que os pais devem aos filhos? Como parte de ser um bom pai, existem
algumas coisas que estes devem aos seus filhos. Enquanto esse assunto não
é mencionado nos livros, a cultura demanda certas provisões básicas e
materiais dos pais como alimento e abrigo. Existem somente dois parentes que
Bons pais, bons filhos
falham em cumprir com esses dois requisitos básicos. O primeiro é Victor
Frankenstein. Após dar vida à criatura, ele a abandona e nunca provê nem
casa ou comida para sua criação. Na verdade, é incrível que a criatura
sobreviva. O outro parente que não provê assistência material é De Lacey.
Enquanto possamos presumir que ele costumava suprir essas necessidades,
agora ele depende de seus filhos para sustentar a casa.
No entanto, os autores parecem estabelecer suas próprias opiniões sobre o
que os pais devem aos filhos. Em Orgulho e Preconceito, Mr. Bennet não é
considerado um bom pai porque é muito passivo. Quando poderia oferecer
conselhos para ajudar, ele se enterra em seu escritório. Ele deveria ter um
papel ativo na vida de suas filhas e oferecer orientação. Mrs. Bennet era o
oposto. Ela estava muito envolvida na vida de suas filhas e não permitiu que
elas desenvolvessem sua independência.
A expectativa do envolvimento ativo pode ser aplicada em Frankenstein?
Alphonse ainda era muito interessado em manter contato com seu filho, mesmo
durante a faculdade. Victor Frankenstein dificilmente se envolvia na vida da
criatura. O pai de Clerval desempenha um papel ativo em sua vida; seu pai
oferece opiniões sobre educação superior, mas também permite que Clerval
tome suas próprias decisões. De Lacey não é visto como conselheiro, per se,
mas ele desempenha um papel importante nas vidas de seus filhos e tenta
animá-los quando necessário. Parece que Shelley concorda com Austen sobre
o envolvimento dos pais com seus filhos.
O que os filhos devem aos pais? Para determinar o que o autor acredita que
os filhos devem aos seus pais, podemos olhar os “bons” e “maus” filhos nos
textos e ver o que eles deram aos seus pais. Jane e Elizabeth de Orgulho e
Preconceito são tidas como boas filhas, assim como Clerval e Elizabeth, filhos
de De Lacey, e Félix e Agatha de Frankenstein. Exemplos de maus filhos
incluem Victor Frankenstein e sua criatura em Frankenstein e Lydia de Orgulho
e Preconceito.
O que os maus filhos fizeram para merecer tal título? Frankenstein não é uma
criança horrível, mas tem algumas falhas. Seu maior defeito em relação aos
seus parentes é que depois de sair de casa e começar a trabalhar, ele ignora
sua família completamente. Ele talvez possa ser isento de ser considerado um
Bons pais, bons filhos
“mau” filho; ele dificilmente tem qualquer relação real com Frankenstein (pai).
Dificilmente poderia ser esperado que a criatura mantivesse contato com seu
criador, o qual não gostaria de vê-lo nunca mais. Mas em um nível rudimentar,
o processo da criatura de assassinar as pessoas que rodeiam Victor não é
maneira de tratar seu pai.
Em Orgulho e Preconceito, a única filha que faz algo significantemente ruim é
Lydia, que foge com Wickham. Enquanto é improvável que ela tenha como
objetivo ferir seus parentes ou sua família, ela acaba fazendo isso. Enquanto
Darcy tem sucesso em agir corretamente, Lydia arrisca envergonhar sua
família inteira.
Agora, vamos observar as boas filhas. Em Orgulho e Preconceito, Elizabeth é
um belo exemplo. Como ela trata seus parentes? Ela busca o conselho do pai
e concorda com os desejos de sua mãe. Apesar de ter suas próprias opiniões,
ela concorda com seus pais sempre que possível.
A Elizabeth de Frankenstein também é um bom exemplo de boa filha. Apesar
de Frankenstein tê-la adotado, a relação entre eles é tão boa quanto aquela
entre parentes de sangue. Quando Elizabeth contrai febre vermelha, sua mãe
Caroline toma conta dela. Enquanto Elizabeth se recupera, sua mãe contrai a
doença. Percebe-se o quanto ela é devotada enquanto Elizabeth cuida de sua
mãe.
Elizabeth não é a única criança boa em Frankenstein; Félix e Agatha são filhos
exemplares para seu pai, De Lacey. Diferentemente de outros filhos nos textos,
estes dois tomam conta de seu pai já que ele tem limitações.
Jane Austen e Mary Shelley definitivamente têm comentários a fazer sobre
parentesco. Existem evidências em ambos os livros. Enquanto algumas
características são partilhadas entre eles, também existem várias diferenças.
Parece que uma boa relação pai-filho envolve compromisso, participação ativa
e respeito. Os pais que não apresentam esses atributos, como Victor
Frankenstein, são considerados pais ruins. Uma exigência semelhante é feita
para os filhos. As conseqüências nos romances variam; enquanto o pior risco
em Orgulho e Preconceito é a desgraça social, o parentesco deficiente em
Frankenstein resulta em múltiplos assassinatos. Outras diferenças residem no
que os romances não dizem; enquanto Shelley introduz o conceito da criança
Bons pais, bons filhos
tomar conta do parente idoso, Austen nunca toca no assunto. Enquanto
Frankenstein e Orgulho e Preconceito foram ambos publicados no início dos
anos 1800, muitos devem concordar que seus comentários sobre parentesco
ainda são bastante relevantes.
REFERÊNCIA:
SICKMILLER, David. Good parents, good children. Disponível em:
<http://david.sickmiller.com/cribs/HUMN201/Essay%202%20-
%20Pride%20and%20Prejudice%20and%20Frankenstein.doc>