Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) · Dr. Madson Freitas Prof. Ms....

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca Prof. José Maria Araújo da UEPA, Santarém – PA

III Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida (2.:2015: Santarém-PA) Anais do 3º Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida: a humanização

no contexto da saúde, 18 à 22 de maio de 2015/ Organizado por Luiz Fernando Gouvêa

e Silva e Edna Ferreira Coelho Galvão. Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará,

2015.

1 CD-ROM

ISBN: 978-85-88375-70-3

1. Saúde - Congresso 2. Qualidade de Vida 3. Ciclo da Vida I. Gouvea-e-Silva, Luiz

Fernando II. Galvão, Edna Ferreira Coelho III. Título.

CDD 610.73

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

JUAREZ ANTÔNIO SIMÕES QUARESMA

Reitor da Universidade do Estado do Pará

RUBENS CARDOSO DA SILVA Vice-Reitor da Universidade do Estado do Pará

DOUGLAS RODRIGUES DA CONCEIÇÃO Pró-Reitor de Pesquisa e Graduação (PROPESP)

ANA DA CONCEIÇÃO OLIVEIRA Pró-Reitora de Graduação (PROGRAD)

CARLOS CAPELA Pró-Reitor de Gestão (PROGESP)

MARIANE CORDEIRO ALVES FRANCO Pró-Reitora de Extensão (PROEX)

EDNA COELHO FERREIRA GALVÃO Coordenadora do Campus XII – Santarém

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LUIZ FERNANDO GOUVÊA E SILVA Presidente da Comissão Organizadora

MARIA GORETH FERREIRA

RODRIGO LUIS FERREIRA DA SILVA

EDNA FERREIRA COELHO GALVÃO Comissão Científica

VERIDIANA BARRETO DO NASCIMENTO

MARYLIN NEVES NOGUEIRA Secretaria

PATRÍCIA REYES DE CAMPOS FERREIRA

YARA MACAMBIRA SANTANA LIMA Cursos e Oficinas

ELIDIANE MOREIRA KONO

MARCELA REIS

SILVANIA YUKIKO LINS TAKANASHI Infraestrutura e Logística

JUAREZ DE SOUZA

ROBERTO MENDES DE LIMA

CHRISTIAN LEÃO BENTES Divulgação/Arte

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PROGRAMAÇÃO

18 a 22 de maio de 2015 DATA TEMA CONVIDADO

18/05 A saúde no contexto da vida:

realidades e perspectivas Prof. Dr. Nilson Penha Silva

19/05

A saúde do adulto Prof. Ms. Osvaldo da Silva Peixoto

A saúde do adulto na região

oeste do Pará

Prof. Ms. Valter Pinheiro Sinimbú

Profa. Dra. Adjanny Estela Santos de Souza

Profa. Ms. Maura Cristiane Figueira

Profa. Ms. Vera Rodrigues Branco

20/05

A saúde dos escolares Profa. Dra. Nanci Maria de França

A saúde dos escolares na

região oeste do Pará

Prof. Dr. Luiz Fernando Gouvêa e Silva

Prof. Ms. Juliana Machado Portela

Dra. Rilda Jati

Dr. Osmar Ribas

21/05

A saúde do idoso Profa. Dra. Maria Izabel Penha de Oliveira Santos

A saúde do idoso na região

oeste do Pará

Psicóloga Adélia Maria Bezerra Carvalho

Prof. Dr. André dos Santos Cabral

Profa. Ms. Karen Cristini Yumi Maestri

Dr. Heitor Onoda Luiz Caldas

22/05 Características das doenças

tropicais na região oeste do

Pará

Prof. Dr. Rodrigo Ferreira

Profa. Dra. Richelma Barbosa

Profa. Dra. Silvania Yukiko

Prof. Dr. Juarez Sousa

Oficinas

22/05

15h30 às 17h - As relações de

opressão no contexto do

futebol

Prof. Dr. Hergos Ritor Fróes de Couto

16h às 18h – Sessão de

Cancerologia Clínica

Dra. Nayarah Pontiara Santos Castro

Dra. Vivian Silva da Costa Pontes

Dra. Zilene Lameira de Medeiros

16h às 18h – Sessão de

Anestesiologia Dr. Abraham José Benchimol

14h às 17h – Sessão de

Cirurgia Geral Dra. Manuela Ortiz Rocha

14h às 17h – Sessão de

Clínica Médica Dra. Nádia Carolina de Lima Vinagre

14h às 16h – Sessão de

Neurocirurgia Dr. Feliciano Cordeiro Vassoler Macedo

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14h às 17h – Sessão de

Oncologia Cirúrgica Dr. Heber Esquina Lessa

14 às 16h – Assistência

imediata ao politraumatizado Ft. Jorge Carlos Menezes Nascimento Junior

16 às 17h30 – Avaliação do

desenvolvimento infantil Profa. Dra. Silvania Yukiko Lins Takanashi

15 às 16h – Cirurgia segura

salvam vidas! Enf. Mirelli Ferreira Nobre

15 às 17h – Prevenção da

doença renal – ações de

enfermagem

Enf. Sílvia Aparecida Somera

14 às 16h – O papel do gestor

de Enfermagem Enf. Vanja Mayra Kzan Colares Neves

14h30 às 17h – Biossegurança

Hospitalar Prof. Ms. Elzo Everton de Sousa Vieira

CURSOS

CURSO VAGAS PALESTRANTES

EDUCAÇÃO FÍSICA

Treinamento Funcional e Ginástica de

Academia 40

Prof. Esp. Sérgio Sardinha

Profa. Esp. Ellen Tamara Meneses Sousa

Nutrição Aplicada à Saúde 60 Dra. Leonice Almeida

Dr. Rennã Verde

Controle de Peso e Treinamento

Resistido 40 Prof. Dr. Luiz Fernando Gouvêa e Silva

MEDICINA

Urgência e Emergência 30

Dr. Carlos Sinimbú

Dr. Luciano Imbiriba

Acad. Nicola Oliva

Acad. Alisson Torres

Sutura 20

Dr. Willian

Dr. Fernando Mendes

Acad. Rudá Ávila

Acad. Mônica Nogueira

Acad. Luciana Corrêa

Acad. Jonata Sousa

Acad. Wagner Almeida

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Interpretação de Exame 200

Dr. Alan Soares

Dr. Bruno Moura

Dr. Leonardo Barretta Moreira Alves

Dr. Madson Freitas

Prof. Ms. Cassiano Junior Saat Konp

FISIOTERAPIA

Fisioterapia Pélvica 20 Ft. Marina Silva Nicolau

Curso de CIF 40 Profa. Dra. Richelma Barbosa

Conceitos Básicos de Pilates 30 Ft. Giovana Valente

ENFERMAGEM

Atualização em Saúde da Mulher 40

Profa. Dra. Yara Macambira

Profa. Ms. Maria Mônica Aguiar

Profa. Esp. Adalgisa Lima

Profa. Esp. Francisca Cavalcante

Profa. Esp. Maria Naceme

Profa. Esp. Simone Aguiar

Atualização em Urgência e

Emergência 120

Profa. Esp. Erli Reis

Profa. Esp. Mônica Vojta

Time de Resposta Rápida do HRBA

Prof. Dr. Juarez de Souza

Prof. Ms. Cassiano Saatkamp

Prof. Wilsivaldo Viana de Sousa

Atualização em Saúde da Criança 40

Profa. Ms. Conceição Farias

Profa. Esp. Irinéia Bacelar

Profa. Esp. Francydaiane Gonçalves

Profa. Ms. Zilma Pimentel

Enf. Izabela dos S. Cabral

Fono. Daniely Cássia Martins

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SUMÁRIO

ARTIGOS TÍTULO DO TRABALHO AUTORES Página

A INFLUÊNCIA DO WII-NINTENDO NO EQUILIBRIO NA DOENÇA DE PARKINSON

Kárita Juliana Sousa Silva; Rômulo Amorim da Silva; Richelma de Fátima de Miranda Barbosa; Elizabeth Willott Pereira; Monique Natálle Silva Pereira; José Alexandre da Silva Júnior

14

ANÁLISE DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR E DO EFEITO HIPOTENSIVO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE CORRIDAS

Glauber Marinho; Wellington da Silva Valentim; Tomé Edson dos Reis Moda; Paulo Otávio Miranda Brasil; Adriano Lopes Lemos; Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva

22

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE VERMINOSES EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA EM ALTER DO CHÃO, SANTARÉM-PARÁ

Carla Suellem Sousa Araújo; Erika Fonseca De Sousa; Izabele Pereira da Silva; Jessica Clintiane Corrêa da Silva; Yane Santos Almeida 31

CRENÇAS E PRÁTICAS PARENTAIS SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL DE FILHOS NA FAIXA ETÁRIA DE 10 A 14 ANOS

Antônio Vitor Campelo Ribeiro; Gabriela Sousa Dourado; Herica Silvania Lima; Iani Dias Lauer Leite

41

EFEITOS DO ULTRASSOM TERAPÊUTICO SOBRE A LESÃO MUSCULAR INDUZIDA EM RATOS

Helen Soares de Lima; Adriana Caroprezo Morini; Waldiney Pires Moraes; Elaine Cristina Pacheco de Oliveira

48

FISIOTERAPIA E ACESSIBILIDADE: UM LEVANTAMENTO SOBRE ACESSIBILIDADE FÍSICA NO SISTEMA REGULAR DE ENSINO DE SANTARÉM-PARÁ

Camila Gomes da Silva; Daliane Ferreira Marinho

54

LEVANTAMENTO QUANTO A SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA SAÚDE ATUANTES EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PARÁ

Daliane Ferreira Marinho; Elizabeth Willott Pereira; Monique Natalle Silva Pereira; Thalyanne Evelyn Do Amaral Siqueira

60

O COTIDIANO EM UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA: OCUPAÇÕES, CULTURA E QUALIDADE DO VIVER

Luana Teixeira Pereira; Layara Sarges Siqueira; Otávio Augusto de Aráujo Costa Folha

67

PERCEPÇÕES DE CUIDADORES SOBRE A ROTINA VIVIDA POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES INSTITUCIONALIZADOS, EM UM ABRIGO NA REGIÃO OESTE DO PARÁ

Antônio Vitor Campêlo Ribeiro; Iani Dias Lauer Leite

76

PERFIL CLÍNICO FUNCIONAL DOS PACIENTES PÓS-AVC INTERNADOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DE SANTARÉM NO PERÍODO DE JULHO A SETEMBRO DE 2014.

Milena de S. Vasconcelos; Richelma de F. M. Barbosa; Samia S. T. Albertoni; Luciana R. do V. Correa; Nátaly K. M. Carvalho; Isadora S. Lopes

86

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE EM PACIENTES ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA DE SANTARÉM-PA, NOS ANOS DE 2013 E 2014

Brenda dos Santos Coutinho; Andreza Dantas Ribeiro; Anderson de Costa Alencar; Adjanny Estela Santos de Souza

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS IDOSOS PARTICIPANTES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO, NO PERÍODO DE OUTUBRO E NOVEMBRO DE 2014, EM SANTARÉM-PA

Isabela dos Santos Alves; Patrícia Braga Pereira; Isabela Soraia Figueiredo da Silva; Michele de Castro Leão; Fábio Henrique Dolzany Rosales

101

PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES PÓS AVC APÓS A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PERÍODO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SANTARÉM-PA

Milena de Sousa Vasconcelos; Bruna Raquel Macena de Avelar; Cíntia Naira Souza de Lima; Ítala Narjara Pereira Amorim; Luana Caroline Leitão Serique; Richelma de Fátima de Miranda Barbosa

109

PITIRÍASE VERSICOLOR: INCIDÊNCIA EM CRIANÇAS QUILOMBOLAS DA COMUNIDADE TAPAGEM ATENDIDAS PELO PROJETO QUILOMBO DURANTE JANEIRO DE 2011 A JANEIRO DE 2013

Renata Simões Monteiro; Dannuza da Silva Lima; Josielma de Jesus Gomes; Tatiana Ferreira Bastos; Ethel Fernanda de Oliveira Soares; Veridiana Barreto do Nascimento

116

PRINCIPAIS MOTIVOS DE EQUÍVOCOS QUANTO AO PREENCHIMENTO DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÕES DE CASOS DE HANSENÍASE EM SANTARÉM

Rodrigo Luis Ferreira da Silva; Ana Cláudia Gehlen Almeida; Márcia dos Santos Sousa

127

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE ENTRE FUNCIONÁRIOS DE UM HOSPITAL PÚBLICO NO OESTE DO PARÁ

Geysiane Rocha da Silva; Orácio Carvalho Ribeiro Júnior; Juliana Oliveira da Silva; Suzana Maria da Silva Ferreira; Tatiane Silva de Araújo; Adriene Freire Silva

137

RISCO ISQUÊMICO NOS PACIENTES HIV/AIDS SOB USO DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA

Cíntia Naira Souza de Lima; Jackson Nogueira Uchoa; Raíssa Samara de Alencar Valentim; Eric Rangel de Sousa Pereira; Ilmara Mudy Sousa; Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva

146

SAÚDE DO IDOSO: UMA ANÁLISE SOBRE OS BENEFÍCIOS QUE A ATIVIDADE FÍSICA PROPORCIONA AOS IDOSOS QUE PARTICIPAM DO CRAS NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE/PA

Delcilene de Freitas Silva; Izabel Alcina Soares Evangelista

153

TREINO PROPRIOCEPTIVO NA PREVENÇÃO DE REBAIXAMENTO DO ARCO PLANTAR DOS PÉS DE PACIENTES HANSENIANOS COM DANO NEURAL

Rodrigo Luis Ferreira da Silva; Marília Brasil Xavier

159

RESUMOS TÍTULO DO TRABALHO AUTORES Página

A ATIVIDADE FISICA ADAPTADA NA QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE LESÃO MEDULAR

Richelma de Fatima de M. Barbosa; Glauber Marinho; Neônne Angelo Seixas de Souza; Benedito Alves Guimarães Neto

172

ANÁLISE DO EFEITO HIPOTENSIVO E DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR EM EXERCÍCIO CONTÍNUO E INTERVALADO NO ELÍPTICO

Luana Caroline Leitão Serique; Mardson Danilo Sousa de Lima; Airton Matheus Escossio Farias; Aline da Silva Andrade; Gabriela de Castro Oliveira dos Santos; Luiz Fernando Gouvea-e-Silva

173

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ATUAÇÃO DOS EGRESSOS DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – CAMPUS SANTARÉM – NA REGIÃO DO OESTE DO PARÁ

Clara N. M. Pereira; Victor M. da Silva; Elidiane M. Kono

175

ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM SÍNDROME DE STEVENS JOHNSON E NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA COM ÊNFASE NA TERAPIA FARMACÊUTICA E FISIOTERÁPICA: RELATO DE CASO

Anderson da S. Oliveira; Francisca L. X. da S. Aguiar; Nathalie F. Silvestre; Arimar C. de Almeida

178

AVALIAÇÃO E ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE DERRAME PLEURAL: RELATO DE CASO

Jorge Carlos Menezes Nascimento Junior; Armélio Vasconcelos de Siqueira Neto; Wanderson Fernandes Silva; Bruno Pereira Bandeira; Guilherme Marques da Rocha; Edna Ferreira Coelho Galvão

182

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NO PACIENTE COM DPOC: RELATO DE CASO

Jorge Carlos Menezes Nascimento Juniro; Armélio Vasconcelos de Siqueira Neto; Wanderson Fernandes Silva; Bruno Pereira Bandeira; Guilherme Marques da Rocha; Edna Ferreira Coelho Galvão

184

CLUBE DE LEITURA NA CASA DE ACOLHIMENTO REVIVER, SANTAREM–PA

Antônio Vitor Campelo Ribeiro; Iani Dias Lauer Leite

186

COMPARAÇÃO ENTRE OS TESTES MARCHA TANDEM CONVENCIONAL E MARCHA TANDEM COM CONTROLE CERVICAL EM IDOSOS SAUDÁVEIS

Thalita de Andrade Almeida Moura; Cíntia Naira Souza de Lima; Samia Sayury Tapajós Albertoni; André dos Santos Cabral 189

DELINEAMENTO CLÍNICO DA TUBERCULOSE EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM – PARÁ, NO PERÍODO DE 2004 A 2013

Audelaine Miranda Da Cruz; Claudilene Sousa Dos Reis; Eliana Maciel da Silva Cavalcante; Sâmella Silva De Oliveira; Adjanny Estela Santos de Souza

192

DELINEAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM – PARÁ, NO PERÍODO DE 2004 A 2013

Audelaine Miranda da Cruz; Claudilene Sousa dos Reis; Eliana Maciel da Silva Cavalcante; Sâmella Silva de Oliveira; Adjanny Estela Santos de Souza

195

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DO 5º ANO DE ESCOLA PARTICULAR E PUBLICA DE SANTARÉM: UM ESTUDO EXPLORATORIO

Tatiane de Oliveira Lopes; Elias da Silva Melo; Bárbara Polini Pinheiro de Sousa; Lucélia Neves Vieira; Edna Ferreira Galvão

198

EFICÁCIA DO TREINO MUSCULAR RESPIRATÓRIO COM O USO DE MARCA-PASSO DIAFRAGMÁTICO ASSOCIADO AO MODO VOLUME ASSISTIDO COM PRESSÃO DE SUPORTE: RELATO DE CASO

Jorge Carlos Menezes Nascimento Juniro; Armélio Vasconcelos de Siqueira Neto; Wanderson Fernandes Silva; Bruno Pereira Bandeira; Guilherme Marques da Rocha; Edna Ferreira Coelho Galvão

201

HANSENÍASE EM ESCOLARES: IDENTIFICAÇÃO DE CASOS NOVOS ATRAVÉS DE EXAME CLINICO E SOROLÓGICO.

Andréa Nunes Figueira; Lúcio Tadeu Macêdo Meireles; Marcos José Silva Baia; Andréa Leite de Alencar; Guilherme Augusto Barros Conde; Cláudio Guedes Salgado

203

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HIPERDIA: MITOS E VERDADES NA ADESÃO E MANUTENÇÃO DO TRATAMENTO.

Ana Paula G. Monteiro; Elidiane M. Kono; Hellen S. Leal 207

INTEGRAÇÃO SENSORIAL NA SÍNDROME DE PATAU: RELATO DE CASO NA INTERVENÇÃO TERAPEUTICA OCUPACIONAL

Luana Teixeira Pereira; Tereza Cristina Feijão Tavares; José Walderly Rocha Aguiar Filho

210

MÚSICA E RITUAIS DO SONO NA PRIMEIRA INFÂNCIA: CRENÇAS E PRÁTICAS DE PAIS DE BEBÊS DE 0 A 3 ANOS, EM SANTARÉM, PARÁ

Iani Dias Lauer Leite; Herica Silvania Lima; Irani Lauer Lellis 212

O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE COMO FACILITADOR DA ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA AO POLITRAUMA NA REGIÃO AMAZÔNICA

Cláudia Ribeiro de Souza; Jonata Ribeiro de Sousa; Júlia Freire Souza Leal; Alessandro Santos Bonfim de Almeida; Maria Tatiane Gonçalves Sá; Mônica Karla Vojta Miranda

215

PANORAMA CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO E FUNCIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM 2014

Francisca Fabiana D. Monteiro; Richelma de Fatima de M. Barbosa; Axell Timotheo lima A. Lins; Brenda Cláudia S. dos Santos

219

PERFIL CLÍNICO E PATOLÓGICO DE GRÁVIDAS ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DA MULHER EM SANTÁREM-PARÁ”

Luiz Saraiva Rabelo Neto; Gustavo dos Reis Oliveira; Axell Timotheo Lima Acioli Lins; Lidiberg da Costa Araújo 222

PERFIL DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CRIANÇAS PARTICIPANTES DA ESCOLINHA DE GINÁSTICA GERAL DA UEPA

Victoria Andrade; Elizandra Carvalho; Laenna Silva; Luilma nunes; Patrícia Ferreira; Rosiely Miranda

225

PERFIL DOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS, INSCRITOS NO HIPERDIA DO CENTRO DE SAÚDE DA NOVA REPÚBLICA NO ANO DE 2012 – SANTARÉM - PARÁ

Dannuza da Silva Lima; Jeane da Silva Facioni; Pâmela Giovanna Bacelar Batista; Cláudia Costa do Nascimento; Renata Simões Monteiro; Veridiana Barreto do Nascimento

227

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE TUBERCULOSE EM PACIENTES ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PARÁ, BRASIL NO PERÍODO DE 2013-2014

Luana Almeida dos Santos; Dayana Costa de Souza; Adjanny Estela Santos de Sousa

230

PERFIL POSTURAL DE INDIVÍDUOS DEFICIENTES VISUAIS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO COM O MÉTODO PILATES

Daniela Cristina Pantoja Neves; Patrícia Reyes de Campos Ferreira; Axell Timotheo Lima Acioli Lins; Suzana Silva Lima; Líbia Daniele Oliveira Jaty; Kelly Cristina Rodrigues da Silva

234

PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO E O HISTÓRICO GESTACIONAL DE GRÁVIDAS ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DA MULHER

Luiz Saraiva Rabelo Neto; Gustavo Dos Reis Oliveira; Axell Timotheo Lima Acioli Lins; Lidiberg Da Costa Araújo 237

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E VALORIZAÇÃO DA CULTURAL LOCAL: UM OLHAR PARA AS CLASSES MULTISSERIADAS

Cláudia Neves Nascimento; Gilvandra Santos Odani; Rosenilma Branco Rodrigues; Francisco Robson Alves da Silva

240

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QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO CENTRO DE SAÚDE DA COMUNIDADE DO TABOCAL NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM

Maria Adriana Soares Rebelo; Brenda Reis; Marinaldo Oliveira; Renata Monteiro; Rair Silvio Saraiva; Veridiana Nascimento 242

RELATO DE EXPERIÊNCIA: SOBRE A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO CONTEXTO DA SAÚDE DA CRIANÇA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTARÉM-PA

Jéssica Dalyane de Sousa Ferreira; Luana Almeida dos Santos; Rodrigo Cunha Gastaldi; Maria Conceição Cavalcante Farias 246

SENTIDOS E SIGNIFICADOS DA DANÇA PARA ALUNOS DO 6º ANO DE UMA ESCOLA PUBLICA ESTADUAL DE SANTARÉM

Dennis da Silva Rodrigues; Andressa Karoline Santana Teixeira; Carla Alvina Duarte Castro; Francisca Vieira de Souza; Edna Ferreira Coelho Galvão

248

TREINAMENTO CONCORRENTE EM UM INDIVÍDUO PORTADOR DE HIV

Ana Karine da Silva Ribeiro; Benedito Alves Guimarães Neto; Karolen Tayla de Lima Fernandes; Djane Dantas de Lima; Maria Raquel Sampaio Alves; Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva

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A INFLUÊNCIA DO WII-NINTENDO NO EQUILIBRIO NA DOENÇA DE PARKINSON Kárita Juliana Sousa Silva1; Rômulo Amorim da Silva1; Richelma de Fátima de Miranda Barbosa1; Elizabeth Willott Pereira1; Monique Natálle Silva Pereira1; José Alexandre da Silva Júnior1 1Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus XII, Santarém-PA, Brasil. [email protected] RESUMO Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma desordem neurodegenerativa prevalente mundialmente, de caráter debilitante e progressiva, que acomete a faixa etária dos 50 a 70 anos, com maior incidência nos homens, causando sinais motores como tremor de repouso, rigidez, bradicinesia, e instabilidade postural, e nos seus estágios mais avançados gera incapacidades funcionais e diminui a qualidade de vida. O presente estudo buscou verificar a influência da realidade virtual com Wii-nintendo no equilíbrio na Doença de Parkinson. Métodos: Trata-se de um estudo experimental, quantitativo classificado como relato de casos, realizado no município de Santarém-Pará, em 5 portadores da Doença de Parkinson, os quais foram atendidos em seus domicílios. Foram avaliados previamente pela Escala de Hoehn & Yahr para o estadiamento da doença, Exame Mini-mental para avaliar a cognição, teste de acuidade visual, teste de Alcance Funcional e Teste Time get up and go. Posteriormente, foram submetidos a 20 sessões de realidade virtual com o Wii-nintendo, 3 vezes por semana com total de 50 minutos, através de jogos que enfatizassem o equilíbrio Antero-posterior e latero-lateral, e movimentos funcionais. Após as 20 sessões foram reavaliados e as variáveis foram tratadas estatisticamente pelo Bioestat 5.0, pelo teste t de Student, considerando-se um nível de significância ≤0,05. Resultados e discussão: Houve melhora estatisticamente significativa no Alcance Funcional após o protocolo com o Wii, diminuindo o risco de quedas nos referidos pacientes. Os pacientes obtiveram uma diminuição significante do tempo médio para a execução do Teste Time get up and go, demonstrando melhora na velocidade e coordenação da marcha. Observou-se que nossos achados foram similares com a literatura a respeito da aplicabilidade do Wii-nintendo no treino de equilíbrio e coordenação nos portadores da Doença de Parkinson. Sugere-se a utilização da realidade virtual, através do Wii-nintendo, como uma ferramenta terapêutica auxiliar na reabilitação funcional não somente de pacientes com Parkinson, mas também em outras desordens neurológicas. Palavras-chaves: Doença de Parkinson. Equilíbrio. Coordenação motora. Realidade virtual em saúde.

INTRODUÇÃO

A Doença de Parkinson (DP) é uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes no mundo,

acomete cerca de 85 a 187 casos em 100.000 habitantes, principalmente na faixa etária dos 50 aos 70 anos

de idade, com maior incidência nos homens. É caracterizada por quatro sinais clínicos essenciais: tremor de

repouso, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. E como manifestações secundárias, apresenta a

incoordenação motora, micrografia, embaçamento de visão, disartria, edema, sialorréia, face em máscara,

deformidade de mão e pés, distonia, escoliose, cifose, demência e depressão (HAASE et al., 2008;

CHRISTOFOLETTI et al., 2010).

Uma vez que quase 80% dos neurônios da substância negra foram perdidos, a DP vai tornar-se

evidente e os sintomas e as características serão inúmeras, acarretando uma multiplicidade de dificuldades

para o individuo (BAHRAM et al., 2009; CHIAPPETA, 2003).

Os déficits de equilíbrio e coordenação são os sintomas mais comuns em indivíduos com DP, pois

são incapazes de realizar movimentos compensatórios para readquirir a estabilidade estática e dinâmica,

gerando em grande frequência a ocorrência de quedas nesses portadores (CHASTAN et al., 2009).

Assim, a DP danifica as estruturas e o funcionamento do corpo, restringindo o paciente de executar

tarefas simples do dia-a-dia. A fisioterapia tem como meta, então, diminuir os problemas motores,

possibilitando uma melhor qualidade de vida para o paciente (MORRIS, 2006).

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15

A Fisioterapia na DP tem atuado no sentido de reabilitar movimentos funcionais, melhorar o padrão

postural, treino de equilíbrio estático e dinâmico, treino de coordenação, treino de marcha com dupla tarefa

orientada e pistas visuais, exercícios na bola, terapia em grupo, musicoterapia e exercícios que visam a

prevenção de quedas (HAASE et al., 2008).

O avanço tecnológico com os jogos virtuais como o Wii-Nintendo, surge como um agente inovador

no cenário da neuroreabilitação, pois o ambiente virtual, por meio de jogos, gera interação do paciente,

através da ativação de inúmeras reações de equilíbrio e proteção pelo fato do indivíduo estar

experimentando um ambiente diferente com obstáculos visuais (ALBUQUERQUE; SCALABRIN, 2007),

contrastando com o fato de que, nos protocolos de tratamento convencionais, ocorre grande índice de

abandono da terapia por conta do longo tempo demandado na realização dos protocolos e na pouca

motivação gerada pelos métodos tradicionais, gerando pouca motivação do paciente e falhas terapêuticas.

Como a literatura científica aponta o uso da realidade virtual na reabilitação de pacientes com

desordens de equilíbrio e coordenação a exemplo da ataxia (DIAS et al., 2009).

Na intenção de melhorar o atendimento fisioterapêutico, o objetivo desse artigo é avaliar e testar o

uso da realidade virtual através do Wii-Nintendo no treino de equilíbrio e coordenação e funcionalidade de

portadores de Doença de Parkinson, haja vista que se trata de um distúrbio neurodegenerativo frequente e

incapacitante, gerando repercussões cinético-funcionais, que necessita de atendimento eficaz e inovador.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo experimental, exploratório, de caráter quantitativo e comparativo, do tipo

relato de casos. Esta pesquisa faz parte do projeto intitulado “A influência do wii-nintendo no equilibrio e

funcionalidade na Doença de Parkinson.”, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética e pesquisa em seres

humanos da Universidade do Estado do Pará-UEPA/Santarém-Pará, conforme protocolo nº 083/2010.

Foram selecionados 5 portadores da Doença de Parkinson atendidos no setor de Fisioterapia da

Unidade Especializada em Saúde do Baixo Amazonas - UEASBA, em Santarém-Pará. Com diagnóstico

clínico de Doença de Parkinson Idiopática; Estadiamento da Doença de Parkinson entre 1 e 3 na Escala de

Hoehn & Yahr; Pontuação no Exame Mini-Mental igual ou superior a 24; Ambos os sexos; Visão normal

avaliada pelo Teste de Acuidade Visual e Capacidade de assumir a bipedestação sem apoio.

Para avaliação da velocidade da marcha e risco de quedas foram utilizados os testes Time Get up

and Go e o teste de alcance funcional, respectivamente. No teste de alcance funcional foi instruído ao

indivíduo que permanecesse na seguinte posição: em pé, descalço, com a região dorsal perpendicular à

parede, com os pés paralelos numa posição confortável, sem tocar a parede, com o ombro fletido em 90° e

o cotovelo estendido. A mão ficou cerrada.

A fita métrica foi presa à parede, paralela ao chão, posicionada na altura do acrômio do voluntário. A

medida inicial correspondeu à posição em que o 3° metacarpo se encontrava nessa fita. A medida final foi a

posição final do 3º metacarpo. O voluntário foi, então, instruído a inclinar-se para frente, o máximo possível,

sem perder o equilíbrio ou dar um passo. Realizou-se a subtração da medida final pela inicial (cm), após

três tentativas, e após foi realizada a média aritmética das mesmas (SILVEIRA et al., 2006).

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No teste do Time Get up and Go utilizado para verificar o equilíbrio dinâmico na execução da

marcha foi realizado da seguinte forma: o paciente encontra-se sentado numa cadeira com encosto, e o

paciente é orientado a levantar da cadeira andar uma distância de 3 metros e retornar e sentar novamente,

sendo que esta atividade é cronometrada. Pacientes que percorrem a distância em 10 segundos,

apresentam desempenho normal, de 11 a 20 segundos apresentam limitações nas suas atividades básicas,

e acima de 30 segundos apresenta risco potencial de quedas. Foi utilizado um cronômetro e 1 cadeira com

encosto.

A amostra foi submetida a 10 sessões de realidade virtual com o Wii-nintendo, 3 vezes por semana

com total de 50 minutos, através de jogos que enfatizassem o equilíbrio Antero-posterior e latero-lateral, e

movimentos funcionais. Os jogos utilizados na terapia foram: WII-FIT PLUS: Table fit; Balance Buble;

Soccer Heading; Tightrope-Walk; Sky-Slalom; Penguim-Slide: WII-RESORTS:- Swordplay; Boliche; - Tennis

de mesa; - Cannoeing. As avaliaçoes para velocidade da marcha e risco de quedas foram realizadas antes,

durante e após a última sessão do protocolo de wii reabilitação.

Na análise estatística, foram utilizados o programa Bioestat 5.0, pelo teste t de Student,

considerando-se um nível de significância ≤0,05.

RESULTADOS

A amostra total do estudo foi composta de 5 pacientes com DP submetidos ao protocolo de Wii

Nintendo, sendo 3 do sexo masculino e 2 pacientes do sexo feminino, com faixa etária média de 70,2 ±8,2

anos. Quanto ao tempo médio de lesão foi de 6,2±3,0 anos, o estadiamento geral da Doença de Parkinson

pela Escala de Hoehn & Yahr foi de 1,8±0,8 pontos, classificando a amostra pertencente ao estágio 2 com

doença bilateral sem comprometimento grave do equilíbrio. Quanto ao status cognitivo dos pacientes, de

acordo com o Exame do Mini-mental, foram classificados com a pontuação 28,0±2,7 pontos, revelando um

padrão de normalidade cognitiva.

Os pacientes estudados foram avaliados antes, durante e após as 10 sessões protocolo de

realidade virtual com Wii-nintendo, pelo Functional Reach Test, como um importante preditor de quedas.

Houve um aumento nos valores em cm do deslocamento anterior na posição em pé, em todas as sessões

com significância estatística pelo ANOVA (um critério) p-valor<0,05. Comparando-se a evolução em

centímetros antes e após a 1ª e a 10ª sessão, pelo teste t student p-valor 0,0001 houve alta relevância

estatística, pois os pacientes com DP evoluíram em 11,8±4,3cm de deslocamento anterior na posição,

representando uma diminuição do risco da ocorrência de quedas após o protocolo de wii-reabilitação.

Os pacientes foram avaliados quanto à velocidade da Marcha antes, durante e após o protocolo de

realidade virtual com Wii-nitendo através do Teste Time get up and go. O tempo gasto na execução da

tarefa foi classificado da seguinte forma: desempenho normal (10 segundos), Limitação funcional moderada

(11 a 20 segundos), potencial risco de quedas (acima de 30 segundos). Os pacientes iniciaram o protocolo

com um tempo médio de 20 segundos e ao final da 10ª sessão executaram o TGUG em 7,6±4,7 segundos

com significância estatística pelo teste t student p-valor<0,05.

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DISCUSSÃO

O presente estudo foi composto por uma amostra de 5 pacientes portadores da Doença de

Parkinson, predominantemente masculina (3) e (2) do sexo feminino. Sustentada pelo estudo de Flores e

colaboradores (2011) que encontraram a predominância de pacientes portadores de Parkinson do sexo

masculino (58%) seguida de 42% do sexo feminino em 12 indivíduos com DP na Universidade de Santa

Maria-RS. A literatura enumera que existe uma relação de 3:2 no que tange ao maior acometimento do sexo

masculino em relação ao feminino (HAASE, 2008; OKAMOTO, 2008; LANA et al.,2007).

Encontramos uma média de idade de 70,2 anos na população de Parkinson estudada. Yamashita et

al.. (2005) encontraram uma média de idade em torno dos 74 anos de idade em portadores de Parkinson

em Londrina (PR) similar ao presente estudo.

O tempo de curso da doença é referido na literatura como importante preditor das incapacidades

funcionais provenientes pelo Parkinson, encontrou-se um tempo médio de lesão de 6,2 anos nos pacientes

estudados, corroborando com alguns estudos (DIAS et al., 2005; LANA et al., 2007), porém se contrapõe a

Christofoletti et al. (2010) que encontraram um tempo médio de lesão de 3 anos em 23 pacientes com DP.

Pacientes com tempo de curso de doença maior que 5 anos apresentam as piores pontuações nas

Atividades de vida diária quando comparados com pacientes com tempo inferior de lesão (SOUZA, 2011).

O Estadiamento da doença pela escala de Hoehn e Yahr nos mostra os diversos graus de

comprometimento em que a Doença de Parkinson acomete os pacientes, e neste estudo com 5 pacientes

com DP houve predomínio médio de 1,8, os quais representam incapacidade leve e moderada. Dados estes

semelhantes ao estudo de Lana et al. (2007) que notaram a prevalência de incapacidade leve e moderada

em 33 indivíduos portadores com DP ao serem avaliados a qualidade de vida dos mesmos. Enquanto que

Dias et al. (2005) utilizaram uma amostra de 16 pacientes com Parkinson os quais se enquadravam no grau

1 de estadiamento da doença que significa a presença de uma doença unilateral.

Nesse sentido percebe-se a importância da reabilitação focada na recuperação do equilíbrio,

coordenação e funcionalidade dos referidos pacientes, fato considerado no protocolo de tratamento deste

estudo. A literatura nos mostra que existe uma relação entre o estadiamento da Doença de Parkinson e

alterações de equilíbrio corporal, pois o estadiamento entre 1 a 3, interfere substancialmente no equilíbrio

estático, dinâmico e na eficácia da marcha nos parkinsonianos (CANAVER, 2005; CHRISTOFOLLETI et al.,

2010). Essa afirmação da literatura, reforça o estadiamento da nossa amostra em relação a perda de

equilíbrio, coordenação e funcionalidade dos pacientes estudados.

A presente amostra obteve uma pontuação média de 28 pontos no Exame Mini-mental, significando

a normalidade da cognição e da orientação tempo-visuo-espacial dos pacientes em questão, fato este de

importante relevância para a aplicabilidade da realidade virtual como modalidade terapêutica. Contrapondo

autores como Galhardo et al. (2009) que afirmam que a Doença de Parkinson acomete os indivíduos com

quadros demenciais que envolvem as seguintes funções corticais superiores: prejuízo da percepção visuo-

espacial, perda de memória, orientação temporal, lentificação psicomotora dentre outros (MELO et al.,

2007).

A preservação da cognição em indivíduos idosos é um dos critérios de inclusão em estudos que

envolvem a aplicabilidade da realidade virtual, a exemplo de Kwok et al.. (2011), que utilizaram como critério

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de inclusão em seu estudo a normalidade cognitiva de idosos hospitalizados inseridos num protocolo de

prevenção de quedas com o Nintendo-Wii.

A medida do teste de Alcance funcional revelou que os pacientes portadores de Parkinson do

presente estudo apresentavam risco de quedas no momento da admissão terapêutica. Sendo apoiado pela

literatura que nos mostra que o teste de alcance funcional também denominado de Functional Reach Test é

utilizado para mensuração do equilíbrio dinâmico que é de fundamental importância para atividades

funcionais como marcha e levantar de uma cadeira, atuando desta forma como um preditor de quedas na

população idosa (CAMARA et al., 2008).

É importante salientar que a manutenção da postura em pé depende da ação de um centro de

massa dentro de uma base de suporte estável, e o corpo pode sofrer oscilações antero-posteriores e latero-

laterias no sentido de manter o equilíbrio corporal (SILVEIRA et al., 2006). Este conceito sustenta os dados

encontrados em nossa amostra a respeito dos valores do Functional Reach Test abaixo dos valores da

normalidade nos portadores de Parkinson, uma vez que na Doença de Parkinson ocorre dificuldade na

manutenção e alteração da estabilidade postural em virtude das alterações no comando do controle motor

em áreas subcorticais, mesmo diante de uma musculatura com força muscular íntegra, dificultando as

reações de equilíbrio e proteção (MORRIS, 2006).

Silveira et al. (2006) realizaram a validação do Functional Reach Test no Brasil com uma amostra

de 98 indivíduos saudáveis, de ambos os sexos, com idade de 20 a 87 anos, onde se verificou que com o

aumento da idade, houve um decréscimo do alcance funcional, e em relação ao sexo as mulheres

apresentavam valores inferiores aos dos homens. Contrariando com o presente estudo onde o sexo

feminino se equiparou ao sexo masculino nas medidas do Alcance funcional.

Houve melhora estatisticamente significativa nos valores do AF após o protocolo de realidade virtual

com o Wii-nintendo, interferindo na melhora substancial do equilíbrio dinâmico e diminuindo o risco de

quedas nos indivíduos. Esses resultados são justificados pelo fato de que os jogos do Wii-nintendo

utilizados simulam atividades funcionais que requerem o deslocamento ântero-posterior e reações de

equilíbrio no indivíduo.

Similar ao estudo de Schiavinato et al. (2011) que utilizaram o Wii-fit em um paciente com ataxia

cerebelar, utilizando os mesmos jogos referenciados em nosso estudo, como o Balance Bubble e o Penguin

Slice onde observaram que o paciente obteve melhora no equilíbrio estático e dinâmico na Escala de Berg

após 9 sessões com terapias de 30 minutos.

A realidade virtual pelo Wii-nintendo promove a interação do indivíduo e imersão do paciente no

ambiente virtual, uma vez que o computador percebe as ações motoras do usuário e reage

instantaneamente modificando respostas em relação ao cenário virtual e facilitando a ação motora

(MONTEIRO, 2011).

Nesse contexto, pode-se considerar que a realidade virtual produz inúmeros feedbacks ao paciente:

visual (imagens em movimento na tela); proprioceptiva (movimentos realizados na plataforma Fit Board;

vibração do controle remoto) e vestibular (movimentos cefálicos), e a literatura defende que a reabilitação

de equilíbrio, coordenação e vestibular tanto em indivíduos saudáveis como em idosos não saudáveis, deve

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enfatizar a mesclagem de estímulos sensoriais, proprioceptivos, visuais e vestibulares no sentido de

estimular as estratégias de equilíbrio e proteção (CARR; SHERPHED, 2010; LENT, 2005).

Vale destacar que os jogos utilizados exigiram ajustes posturais rápidos e em sequência dos

pacientes, com variação de velocidade e ritmo frente a uma variedade de estímulos, acompanhados pelo

comando verbal e pelo toque proprioceptivo do terapeuta frente as dificuldades de execução dos pacientes.

CHRISTOFOLETTI et al. (2010) defende a importância de se trabalhar com variedade ambiental e de

tarefas na recuperação do equilíbrio em pacientes com Parkinson, uma vez que estes sofrem de prejuízos

motores e cognitivos, ao contrário de nossa amostra que não apresenta prejuízos cognitivos, soma-se a

isso a questão de que a realidade virtual ativa áreas corticais de atenção, memória e aprendizagem motora.

Em nosso estudo, propiciou-se continuamente o feedback verbal ao paciente sobre suas respostas

motoras bem como seus erros e acertos durante a aplicação do Wii, esta estratégia de reabilitação através

do comando verbal é defendida por Galdino e Varise (2008) em que afirmam sobre os efeitos do comando

verbal na aprendizagem motora, pois é uma ferramenta complementar e eficiente para facilitar as tarefas

motoras executadas pelo paciente. Os sistema nervoso possui inúmeras formas de obter informações e

intervir ativamente na memória e no planejamento motor, e neste contexto o comando verbal atua como um

reforço para a correção da ação motora e até mesmo para a participação ativa do paciente na reabilitação

(GALDINO; VARISE, 2008).

Observamos uma redução significativamente relevante no tempo de execução do teste Time Get up

and go (TGUG) nos pacientes com Doença de Parkinson após as 20 sessões com o Wii-nintendo. Similar

ao estudo de Kwok et al.. (2011) onde aplicaram o protocolo com Wii em 8 idosos institucionalizados em

comparação com a prática de exercícios convencionais, em 24 sessões de 20 minutos, tiveram como

resultado a melhora na performance dos idosos no TGUG.

O TGUG é uma ferramenta utilizada para mensurar a mobilidade de idosos no que tange a

velocidade na execução da tarefa de levantar e andar. Morris et al.. (2001) realizaram a aplicação do teste

TGUG em 12 indivíduos com Doença de parkinson em dois momentos, sem o uso de levedopa e com o uso

de levedopa, e verificaram que o TGUG é capaz de mensurar com fidedignidade a mobilidade funcional em

Portadores de Parkinson com e sem o uso de levedopa. Valendo assinalar que todos os pacientes do nosso

estudo estavam sob uso medicamentoso da Levedopa.

Os jogos virtuais do pacote Wii-nintendo utilizados em nosso estudo principalmente do pacote Wii-fit

plus, trabalham o tempo de reação, posturas semelhantes ao sentar e levantar, velocidade e equilíbrio

estático e dinâmico. Apoiado pela literatura que nos mostra que na Doença de Parkinson o desempenho

nessas tarefas pode ser afetado pelo tempo de reação, força muscular de membros inferiores, equilíbrio

estático e dinâmico e marcha independente (CAMARA et al., 2008).

CONCLUSÃO

Partindo da análise dos resultados encontrados neste estudo, pode-se concluir que a Realidade

Virtual através do Wii-nintendo exerceu influências benéficas no equilíbrio de portadores de Doença de

Parkinson, envolvendo velocidade da marcha e risco de quedas.

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Percebeu-se que houve uma melhora relevante no tempo de execução da marcha dos indivíduos da

pesquisa, analisado pelo teste Time Get Up and Go, onde os pacientes demonstraram melhor performance

para executar a marcha em menos tempo e com mais controle sobre seus movimentos, assim como uma

melhora nos resultados de teste de Alcançe Funcional, denotando que a Realidade Virtual através do Wii-

nintendo pode colaborar substancialmente no equilíbrio estático e dinâmico dos pacientes parkinsonianos.

De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, que corroboram com os achados da literatura,

conclui-se que a realidade virtual através do Wii-nintendo pode ser eficaz na reabilitação de pacientes

neurológicos, uma vez que oferece a oportunidade de participação ativa do paciente dentro do contexto

terapêutico, mesmo apresentando limitações físicas ou cognitivas, proporcionando um ambiente motivador

para a aprendizagem motora dos pacientes.

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ANÁLISE DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR E DO EFEITO HIPOTENSIVO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE CORRIDAS Glauber Marinho1,2; Wellington da Silva Valentim1,2; Tomé Edson dos Reis Moda1,2; Paulo Otávio Miranda Brasil1,2; Adriano Lopes Lemos1,2; Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva1,2. 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade do Estado do Pará – UEPA, Campus XII – Santarém, Pará; 2Grupo de Estudo em Respostas Morfofisiológicas e Metabólicas – GERMET; Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO O manuscrito objetivou analisar o efeito hipotensivo em um treinamento de corrida contínua. Participaram do estudo 15 mulheres, normotensas, que foram divididas em dois grupos aleatoriamente, da corrida variável e invariável. O treinamento foi realizado duas vezes por semana por um período de 12 semanas. As variáveis cardiovasculares (frequência cardíaca – FC; pressão arterial sistólica e diastólica – PAS e PAD; duplo produto – DP) foram analisados pré e pós-exercício, através de um treino teste que consistiu em uma corrida contínua a 70% da FC de treino, por 20 minutos. Os dados foram analisados através de uma estatística inferencial para realizar as comparações intra e intergrupo, adotando-se o nível de significância de p<0.05. Os resultados demonstraram que a FC elevou-se pós-exercício e continuou elevada até o 40º minuto pós-exercício, em relação ao pré-exercício, tanto pré como pós-treinamento, para as duas corridas. O DP também aumentou pós-exercício e manteve-se elevado, em média, por mais de 20 minutos pós-exercício, tanto pré como pós-treinamento, nas duas corridas. A hipotensão da PAS pós-exercício somente foi evidenciada ao 40º minuto da corrida invariável, pré-treinamento. A PAD não demonstrou alteração estatística, bem como as análises entre grupos. Conclui-se, conforme metodologia adotada, que os programas de treinamentos de corrida, invariável e variável, foram capazes de oferecer sobrecarga ao sistema cardiovascular, onde notou-se que o DP necessitou mais de 20 minutos para retornar aos valores basais, bem como, a FC que necessitou mais de 40 minutos. Já quanto à hipotensão pós-exercício, somente ao 40º minuto da corrida invariável, pré-treinamento, foi observada. Palavras-chave: Corrida invariável. Corrida variável. Efeito hipotensivo.

INTRODUÇÃO

É perceptível a grande mudança de hábito da sociedade com o passar dos anos no que se refere às

práticas de atividades físicas e seus respectivos resultados benéficos no organismo humano, pois como

menciona Weineck (2003) em decorrência das ações da vida moderna, o homem torna-se cada vez mais

“tecnológico” e sedentário, contrariando os hábitos dos ancestrais que percorriam longas distâncias por dia

efetuando a caça, a pesca e a coleta de alimentos, e agora, estima-se que em suas atividades rotineiras

urbanas caminham-se apenas cerca de 2 km por dia.

Com a conscientização da necessidade, por consequência dos benefícios advindos de uma prática

metodológica regular de exercícios físicos, o número de indivíduos que estão buscando a prática de algum

tipo de atividade física vem se tornando cada vez mais expressivo na atualidade, dentre os quais, observa-

se o desenvolvimento das mesmas ao ar livre, como as caminhadas e as corridas (SALGADO; CHACON-

MIKAHIL, 2006).

Na busca de melhorias para a saúde, há uma procura acentuada por algum tipo de atividade física,

como as corridas que são consideradas atualmente a atividade física popular, por ser acessível a sua

prática pela maioria dos indivíduos, em vários espaços e por não possuir custos financeiros (SALGADO;

CHACON-MIKAHIL, 2006). No entanto, ainda existem diversos fatores que colaboram para o aparecimento

de doenças hipocinéticas como cardiopatias, hipertensão arterial, problemas articulares e lombálgicos que,

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segundo (SALGADO; CHACON-MIKAHIL, 2006) são aquelas provenientes da inatividade física e, logo,

frequente em indivíduos considerados sedentários.

Segundo Polito et al. (2003), Maior et al. (2007) e McArdle, Katch e Katch (2008) a prática regular

de atividades físicas é capaz de diminuir os valores pressóricos, ou seja, torna-se um importante

instrumento para minimizar os riscos de possíveis doenças coronarianas. Tais doenças podem ter diversas

origens como fatores genéticos, sobrepeso, sedentarismo, ingesta excessiva de álcool e sódio (BATTAGIN

et al., 2010).

Por tal motivo, justificam-se pesquisas no âmbito da prescrição de exercícios buscando, neste caso,

maiores conhecimentos que envolvam a prática da corrida e sua influência nas respostas cardiovasculares.

Desta forma, o manuscrito objetivou analisar o efeito hipotensivo em dois diferentes métodos de corrida

contínua.

METODOLOGIA

Tipo de Estudo

O estudo possui cunho quantitativo por propor análise estatística entre modelos e dados obtidos das

corridas (TEIXEIRA; RANIERI, 2004) e classifica-se também, de acordo com seus objetivos, como

descritiva, que segundo Gil (1991) possui descrição das características das respostas cardiovasculares das

corridas e estabelece relações entre variáveis.

Amostra

Participaram 15 mulheres divididas em dois grupos, aleatoriamente. O grupo que realizou o

treinamento da corrida variável contou com 8 voluntárias (27±7 anos; 59±8 kg; 160±0,04 cm). O segundo

grupo, da corrida invariável foi composto por 7 voluntárias (28±7 anos; 62±9 kg; 159±0,08 cm). Todas

participantes possuíam prática de algum tipo de atividade física e como item de exclusão as mesmas não

poderiam possuir patologias com limitações osteomioarticulares e negatividade no questionário de PAR-Q.

As participantes foram convidadas a participarem da pesquisa e, após explicação e esclarecimentos

solicitados, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém, sob identificação

CAAE: 00990912.0.0000.5168.

Instrumentos de coleta de dados

As participantes inicialmente preencheram uma anamnese juntamente com o questionário de PAR-

Q, para que fosse observado do perfil das mesmas e o risco cardiovascular. Com as informações pré-

treinamento coletadas, deu-se inicio à corrida teste, que ficou como padrão para verificar as variáveis

cardiovasculares. A corrida teste consistiu na participante realizar a corrida contínua invariável por 20

minutos a uma frequência cardíaca de treinamento de 70%.

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Resposta cardiovascular e efeito hipotensivo

A pressão Arterial (PA) foi utilizada principalmente para análise do efeito hipotensivo das

participantes. Para a mensuração da PA utilizou-se o método auscultatório por ser não-invasivo/indireto e

possível de ser realizado pelos executores do projeto (POLITO; FARINATTI, 2003). Já para a aferição da

FC utilizou-se um monitor cardíaco da marca Polar®.

As mensurações da PA e FC foram realizadas no dia da avaliação física, no pré e pós-exercício, e

ao 10°, 20°, 30° e 40° minuto pós-exercício.

Ressalta-se que as mensurações das variáveis cardiovasculares foram aferidas utilizando uma

corrida teste, que foi realizado pré e pós-treinamento.

Programa de Treinamento das Corridas

O programa de treinamento de corrida teve duração de três meses (3 mesociclos) composto de

doze semanas. O treinamento foi realizado duas vezes por semana, tendo inicialmente 20 minutos de

corrida e finalizando com 50 minutos. Sendo que este tempo foi dividido em aquecimento (5 minutos), volta

à calma (5 minutos) e o restante ao desenvolvimento da corrida.

Quadro 1. Programa de treinamento de corrida contínuo invariável.

PROGRAMA TREINAMENTO DE CORRIDA CONTÍNUO INVARIÁVEL

1° MÊS (MESOCICLO)

SEMANA DURAÇÃO INTENSIDADE RECUPERAÇÃO ATIVA FREQUÊNCIA

1° semana 20min 60% FC X 2x por semana

2° semana 25min 60%FC X 2x por semana

3° semana 25min 70%FC X 2x por semana

4° semana 25min 70%FC X 2x por semana

2° MÊS (MESOCICLO)

1° semana 30min 70%FC X 2x por semana

2° semana 35min 70%FC X 2x por semana

3° semana 35min 70%FC X 2x por semana

4° semana 40min 70%FC X 2x por semana

3° MÊS (MESOCICLO)

1° semana 40min 70%FC X 2x por semana

2° semana 45min 70%FC X 2x por semana

3° semana 45min 70%FC X 2x por semana

4° semana 50min 70%FC X 2x por semana

Programa de treinamento de corrida contínua invariável

As participantes do programa de treinamento realizaram por todo o período de três meses as

corridas contínuas invariáveis. No entanto, iniciaram com 20 minutos e finalizaram o programa com 50

minutos de corrida. A intensidade da frequência cardíaca das participantes variou de 60 a 70% da FC de

treinamento (Quadro 1).

Ressalta-se que a frequência cardíaca de treinamento foi identificada pela seguinte equação:

FC treinamento = % (FCmáx – FCrep) + FCrep

Onde “%” representa a intensidade da corrida, FCmáx é a equação de Karvonen para identificação da

frequência cardíaca máxima predita (220-idade) e FCrep é a frequência cardíaca pré-exercício, que foi

identificada durante a avaliação física, após 10 minutos de repouso em ambiente arejado.

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Programa de treinamento de corrida contínua variável

O programa de corrida contínua variável teve inicialmente um período de quatro semanas de

aclimatação/adaptação de corrida de modo invariável para as participantes. Já nas oito semanas restantes,

realizaram as corridas variáveis, onde eram induzidas a correr a uma determinada intensidade (Quadro 2),

que quando alcançada, reduziram a corrida até que a FC alcançasse 120 bpm, quando realizavam um novo

tiro/corrida na intensidade alvo do treino. A frequência de 120 bpm foi utilizada como forma de recuperação

do tiro/corrida na intensidade alvo do treino.

Quadro 2. Programa de treinamento de corrida contínuo variável

PROGRAMA TREINAMENTO DE CORRIDA CONTÍNUO VARIÁVEL

1° MÊS (MESOCICLO)

SEMANA DURAÇÃO INTENSIDADE RECUPERAÇÃO ATIVA FREQUÊNCIA

1° semana 20min 60% FC X 2x por semana

2° semana 25min 60%FC X 2x por semana

3° semana 25min 70%FC X 2x por semana

4° semana 25min 70%FC X 2x por semana

2° MÊS (MESOCICLO)

1° semana 30min 80%FC 120bpm 2x por semana

2° semana 35min 80%FC 120bpm 2x por semana

3° semana 35min 85%FC 120bpm 2x por semana

4° semana 40min 85%FC 120bpm 2x por semana

3° MÊS (MESOCICLO)

1° semana 40min 90%FC 120bpm 2x por semana

2° semana 45min 90%FC 120bpm 2x por semana

3° semana 45min 90%FC 120bpm 2x por semana

4° semana 50min 90%FC 120bpm 2x por semana

Análise dos dados

Os dados foram tabulados e processados através de recursos da estatística descritiva (média e

desvio-padrão), mediante utilização do programa Excel (Microsoft Windows-2010). Posteriormente, foram

analisados pelo software GRAPHPAD PRISM, quanto à normalidade (Shapiro-Wilk) e feita a estatística

inferencial. A análise das variáveis foi através do teste de Wilcoxon para comparar as variáveis estudadas

pré e pós-treinamento e o teste Mann-Whitney para comparação entre grupos, pois os dados não

apresentaram normalidade. O nível de significância adotado foi de p<0.05.

RESULTADOS

Após a conclusão da análise estatística dos dados, observou-se que a FC pré-exercício apresentou-

se menor que a FC pós-exercício, que do 10º ao 40º minuto pós-exercício, para todas as corridas e nas

situações pré e pós-treinamento (p<0.05), ou seja, foi necessário mais de 40 minutos para que a FC

pudesse retornar aos valores basais. A Tabela 1 também demonstra que a FC pós-exercício, pré-

treinamento, foi maior que a FC pós-exercício no pós-treinamento, na corrida invariável.

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A Tabela 2 aponta as alterações da PAS ocorridas nas corridas invariável e variável. Observou-se

que a PAS pré-exercício foi menor que o pós-exercício no pré-treinamento e pós-treinamento da corrida

invariável e no pós-treinamento da corrida variável, além do 10º minuto pós-exercício dessa corrida

(p<0.05). Quanto à hipotensão pós-exercício, notou-se que a mesma foi presente somente ao 40º minuto

pós-exercício do pré-treinamento da corrida invariável (p<0.05).

A análise da PAD (Tabela 3), não demonstrou nenhuma alteração estatística nas situações

analisadas.

Tabela 1. Demonstrativo dos valores médios da frequência cardíaca (FC) no treinamento invariável e variável.

CORRIDA INVARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO

FC pré FC pós FC 10 FC 20 FC 30 FC 40

MÉDIA 69,57 143,29 a 107,57 a 101,71 a 90,71 a 90,71 a Dp 7,35 9,14 9,98 9,21 17,12 9,93 CORRIDA INVARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 72,00 137,50 a,b 99,67 a 95,00 a 89,50 a 88,17 a Dp 6,03 7,42 16,67 10,56 10,60 12,14 CORRIDA VARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO MÉDIA 76,50 148,88 a 103,50 a 99,88 a 91,63 a 87,25 a Dp 6,85 16,70 11,64 9,31 6,57 8,55 CORRIDA VARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 75,38 a 151,75 a 98,88 a 94,63 a 89,50 a 90,75 a Dp 8,30 17,50 11,67 15,31 9,55 15,35 Legenda: pré = pré-exercício; pós = pós-exercício; 10 = décimo minuto; 20 = vigésimo minuto; 30 = trigésimo minuto; 40 = quadragésimo minuto pós-exercício; Dp = desvio padrão; aDirefença estatística dos valores pré-exercício na mesma situação analisada; bDiferença estatística do pré-treinamento na mesma corrida; p<0.05.

Tabela 2. Demonstrativo dos valores médios da pressão arterial sistólica (PAS) no treinamento invariável e variável.

CORRIDA INVARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO PAS pré PAS pós PAS 10 PAS 20 PAS 30 PAS 40 MÉDIA 115,7 138,6a 120,0 118,6 111,4 107,1a Dp 5,35 3,78 11,55 16,76 13,45 4,88 CORRIDA INVARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 111,67 133,33a 113,33 113,33 105,00 105,00 Dp 7,53 8,16 12,11 10,33 16,43 16,43 CORRIDA VARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO MÉDIA 113,75 131,25 113,75 105,00 107,50 105,00 Dp 11,88 9,91 10,61 9,26 10,35 9,26 CORRIDA VARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 108,33 137,50a 120,00a 110,00 105,00 100,00 Dp 8,35 10,35 9,26 11,95 10,69 14,14 Legenda: pré = pré-exercício; pós = pós-exercício; 10 = décimo minuto; 20 = vigésimo minuto; 30 = trigésimo minuto; 40 = quadragésimo minuto pós-exercício; Dp = desvio padrão; aDirefença estatística dos valores pré-exercício na mesma situação analisada; p<0.05.

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Na Tabela 4 são demonstrados os valores médios dos DP encontrados nas corridas invariável e

variável. Notou-se que o DP pré-exercício foi menor que no pós-exercício e do 10º ao 40º minuto pós-

exercício na corrida invariável, pré e pós-treinamento (p<0.05), exceção para o 30º e 40º minuto do pós-

treinamento. Para a corrida variável, encontrou-se que o DP pré-exercício foi menor que o pós-exercício,

10º e 20º minuto pós-exercício do pré-treinamento e do pós-exercício, 10º, 20º e 30º minuto pós-exercício

do pós-treinamento (p<0.05).

DISCUSSÃO

De acordo com as respostas hemodinâmicas analisadas, foram observadas alterações significantes

na frequência cardíaca, na pressão arterial sistólica e no duplo produto.

Santos et al. (2005) expõe que uma aplicação fisiológica que possibilita o uso da FC como indicador

de intensidade de esforço é a sua ligação com valores relativos de captação do consumo máximo de

oxigênio. Portanto, esta comparação demonstra o comportamento de uma em relação a outra. A FC oferece

base, como indicador facilmente mensurável, para prescrição de exercício baseado na mesma. Desta

forma, observou-se no manuscrito que foi totalmente viável a utilização da mesma como indicador de

Tabela 3. Demonstrativo dos valores médios da pressão arterial diastólica (PAD) no treinamento invariável e variável.

CORRIDA INVARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO PAD pré PAD pós PAD 10 PAD 20 PAD 30 PAD 40 MÉDIA 80,00 78,57 75,71 62,86 72,86 81,43 Dp 8,16 14,64 9,76 24,30 9,51 14,64 CORRIDA INVARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 83,33 80,00 76,67 83,33 80,00 83,33 Dp 10,49 11,69 8,16 10,49 11,69 13,29 CORRIDA VARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO MÉDIA 72,50 75,00 77,50 71,25 73,75 70,00 Dp 8,86 9,26 10,35 8,35 9,16 7,56 CORRIDA VARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 72,50 77,50 77,50 72,50 76,25 75,00 Dp 10,35 14,88 7,07 8,86 10,61 9,26 Legenda: pré = pré-exercício; pós = pós-exercício; 10 = décimo minuto; 20 = vigésimo minuto; 30 = trigésimo minuto; 40 = quadragésimo minuto pós-exercício; dp = desvio padrão.

Tabela 4. Demonstrativo dos valores médios do duplo produto (DP) no treinamento invariável e variável.

CORRIDA INVARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO DP pré DP pós DP 10 DP 20 DP 30 DP 40 MÉDIA 8040,00 19848,57a 12971,43 a 12128,57 a 10134,29 a 9722,86 a Dp 842,52 1274,88 2248,23 2385,78 2456,32 1155,66 CORRIDA INVARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 8006,67 18363,33 a,b 11310,00 a 10745,00 a 9403,33 9295,00 Dp 340,04 1890,20 2326,46 1354,80 1864,09 2047,06 CORRIDA VARIÁVEL / PRÉ-TREINAMENTO MÉDIA 8738,75 19540,00 a 11833,75 a 10512,50 a 9868,75 9175,00 Dp 1492,38 2724,03 2245,70 1651,63 1362,32 1304,56 CORRIDA VARIÁVEL / PÓS-TREINAMENTO MÉDIA 8177,50 20900,00 a 11857,50 a 10505,00 a 9415,00 a 9251,25 Dp 967,84 3149,44 1636,87 2675,24 1571,86 2932,20 Legenda: pré = pré-exercício; pós = pós-exercício; 10 = décimo minuto; 20 = vigésimo minuto; 30 = trigésimo minuto; 40 = quadragésimo minuto pós-exercício; Dp = desvio padrão; aDirefença estatística dos valores pré-exercício na mesma situação analisada; bDiferença estatística do pré-treinamento na mesma corrida; p<0.05.

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intensidade. Além do mais, destaca-se que esta demonstrou, em ambos os programas de treinamento, que

o treino teste impôs alta demanda ao organismo, pois até o 40º minuto pós-exercício a FC ainda não havia

retornado aos valores basais, tanto no pré como no pós-treinamento.

No estudo de Miranda et al. (2005), comparando exercícios aeróbios e resistido, mencionaram que

nos diversos estudos buscados sobre resposta hipotensiva aguda com ênfase no duplo produto, este estava

associado a menores valores nos exercícios resistidos se comparados aos aeróbios, ou seja, os autores

chegam a conclusão de que os exercícios resistidos, independente da intensidade, impõe menor trabalho

ao sistema cardiovascular que a atividade aeróbia. Notou-se no estudo em questão que o duplo produto

elevou-se pós-exercício, em ambas as corridas e no pré e pós-treinamento. Além disso, notou-se que em

média foram necessários mais de 20 minutos para as funções cardiovasculares retornarem aos seus

valores basais.

Referindo-se à PAD, a análise estatística não apresentou alterações, assim como relataram Maior e

Lima (2008), pois a atividade física proporciona elevação da FC, da ejeção sanguínea e aumento na

resistência periférica que interferem na pressão arterial sistólica, contudo a PAD se mantém inalterada ou

em queda.

Enfatizando a manutenção da PAD, Fisher (2001 apud GURJÃO et al., 2009) analisou mulheres,

tanto normotensas quanto hipertensas, com pouca experiência de treino onde os exercícios realizados em

forma de circuito, de moderada intensidade, foram capazes de demonstrar significativas características

hipotensoras apenas na PAS e neutras na PAD. Contudo, em desacordo com a ideia que não há alterações

na PAD, Forjaz et al. (1998) mencionaram, de acordo com seu estudo, que uma única sessão de exercício

aeróbio foi capaz de apresentar diminuição da PA pós-exercício, corroborando com Maior et al. (2007) que

encontrou hipotensão de 3 e 5% para PAS e PAD, respectivamente, através de exercícios resistidos.

Entretanto, o presente estudo demonstrou hipotensão pós-exercício somente ao 40º minuto da

corrida invariável, na situação de pré-treinamento. De certa forma, Medina et al. (2010) relataram que os

índices de hipotensão podem diminuir em média de 3,0/2,4 mmHg e 6,9/4,9 mmHg para, respectivamente,

normotensos e hipertensos pós-exercício aeróbio. Mencionaram ainda, que tais decréscimos independem

do gênero e são atribuídos maiores valores a atividades que trabalhem com grandes grupamentos

musculares (caminha/corrida/ciclismo), intensidades menores e volume de treinamento mais elevados, em

maior frequência por semana e/ou maior duração das sessões. Contudo não observou-se nenhuma

diferença estatística entre dos grupos pesquisados.

São diversas as justificativas que comprovam o efeito hipotensivo através do exercício físico como

ocasionado pela redução do débito cardíaco e da resistência vascular periférica (JESUS; MOHR;

REBELATO, 2009). Outros autores aprofundam a análise como Gurjão et al., (2009) que de uma forma

generalizada aos exercícios explica que um decréscimo agudo da PAS pode estar ligada fortemente a

diminuição da resistência periférica do que alterações no débito cardíaco. Tal diferenciação da resistência

após atividades físicas podem ser influenciadas pela inibição simpática, modificação no ponto de operação

do barroreflexo arterial e responsividade vascular. No entanto, há outros fatores que podem influenciar no

efeito hipotensivo das diversas atividades físicas, como a utilização de grandes grupamentos musculares, o

nível de aptidão física e a intensidade das mesmas.

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A utilização do exercício aeróbio como um meio a busca de reduções pressóricas é demonstrada

por Forjaz et al. (1998), Cunha et al. (2006) e Lizardo et al. (2007), contudo não observou-se isso nas

corridas propostas, pré e pós-treinamento, com exceção do 40º minuto pré-treinamento da corrida

invariável.

CONCLUSÃO

Os programas de treinamentos de corridas, invariável e variável, foram capazes de oferecer

sobrecarga ao sistema cardiovascular, onde notou-se que o DP necessitou mais que 20 minutos para

retornar aos valores basais, bem como, a FC que necessitou mais que 40 minutos. Já quanto à hipotensão

pós-exercício, somente ao 40º minuto da corrida invariável, pré-treinamento, foi observada.

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE VERMINOSES EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA EM ALTER DO CHÃO, SANTARÉM-PARÁ Carla Suellem Sousa Araújo¹; Erika Fonseca de Sousa¹; Izabele Pereira da Silva¹; Jessica Clintiane Corrêa da Silva¹; Yane Santos Almeida² Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém, PA, Brasil¹; Faculdades Integradas do Tapajós – Santarém, PA, Brasil² RESUMO As enteroparasitoses são doenças prevalentes em países com nível de desenvolvimento relativamente baixo, representando um grave problema na saúde pública do Brasil, principalmente em crianças com idade escolar, pois essas possuem hábitos precários que facilitam a infecção e reinfecção. O objetivo foi avaliar o nível de conhecimento dos estudantes de 3º e 4º ano do ensino fundamental da Escola Antônio Pedroso, em Alter do Chão, Santarém-Pará, no período de outubro a novembro de 2014, identificando os fatores de risco aos quais estão expostos, e estabelecendo a importância da Enfermagem na prevenção de novos casos. Esse estudo baseou-se na metodologia da problematização, seguida de levantamento estatístico com base nos dados coletados através da aplicação de questionários. Os resultados mostram que os alunos já possuíam um excelente conhecimento prévio acerca do assunto abordado e a ação educativa serviu para consolidá-los. Quando perguntados sobre “O que é verminose?”, antes da ação, 93,3% (28/30) dos alunos marcaram ser uma doença causada por verme, e após a ação, houve 100% de acertos. Em relação aos sintomas, antes da ação, 73,3% (22/30) assinalaram a opção falta de apetite e dor de barriga, e 96,6% (29/30) após a ação. Constatou-se que, um dos instrumentos utilizados pelo enfermeiro deve ser a educação, promovendo palestras lúdico-didáticas que colaborem para aquisição de hábitos saudáveis pela população, com a finalidade de prevenir o aparecimento de novos casos. Palavras-chave: Enteroparasitoses. Crianças. Escolas.

INTRODUÇÃO

As verminoses representam uma das principais dificuldades na saúde pública do Brasil, ocorrendo

em diferentes regiões do país e afetando pessoas de distintas faixas etárias (BEZERRA, 2011). No entanto,

há maior ocorrência entre os indivíduos em idade escolar, principalmente crianças, pois estas apresentam

inconscientemente, hábitos precários de higiene, como levar as mãos sujas à boca (FERREIRA, 2008).

Assim, a verminose é um problema relacionado às baixas condições de saneamento básico,

contribuindo para o aumento no número de óbitos. O aumento ocorre principalmente em locais onde as

condições de vida são sub-humanas, relacionando-se a não erradicação desses helmintos patológicos.

Uma condição favorável é o clima tropical que propicia condições adequadas para a sobrevivência dos

parasitas fora do hospedeiro.

Observa-se, então, que só o tratamento medicamentoso não é suficiente na resolução total desse

problema, é importante realizar ações preventivas, pois essas são as principais aliadas no combate à

infecção e reinfecção (CASTRO, 2002). Dentre essas parasitoses intestinais, destacam-se principalmente a

Ascaridíase, Enterobíase e Ancilostomíase.

A Ascaridíase é uma parasitose humana produzida pelo nematóide Ascaris lumbricoides,

popularmente conhecido como lombriga. (NEVES, 2014) A maioria das infecções envolve pequeno número

de parasitas adultos e é assintomática, diagnosticada em exames coproparasitológicos ou através da

eliminação de parasitos nas fezes (BEZERRA, 2011). A transmissão geralmente ocorre através da ingestão

de água e alimentos contaminados com ovos contendo a forma larvária infectante. Os sintomas mais

frequentes são febre, tosse, dispneia, eosinofilia, Síndrome de Loeffler. Ocorre também ação espoliadora,

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tóxica, mecânica e localização ectópica, e o aparecimento de manchas brancas na pele. Nas complicações

mais graves pode haver oclusão intestinal, peritonite, perfuração intestinal, abscesso hepático e pancreatite

aguda hemorrágica (NEVES, 2014).

A Enterobíase, causada pelo Enterobius vermiculares, tem como sintoma mais frequente o prurido

anal, principalmente à noite, provocando nervosismo e perda de sono. Os pacientes que coçam a área anal

freneticamente podem provocar escoriações na mucosa, facilitando a infecção das feridas por bactérias. Em

infecções maiores, pode provocar enterite catarral por ação mecânica e irritativa. Seu modo de transmissão

ocorre pela ingestão de ovos presentes nos alimentos, roupas contaminadas. No ato de coçar o ânus, esses

ovos podem aderir nos dedos e então serem levados à boca (NEVES, 2014).

A Ancilostomíase, popularmente conhecida como amarelão, é uma parasitose causada pelo Necator

americanus, Ancylostoma duodenale ou Ancylostoma ceylanicum. Sua transmissão ocorre normalmente

pela penetração ativa das larvas presentes no solo através da pele ou mucosas e ingestão de alimentos ou

água contaminados com as mesmas. Os sintomas apresentam-se inicialmente com um prurido com eritema

edematoso no local da penetração da larva, após alguns dias a pessoa infectada pode apresentar tosse

seca com expectoração e este devido o ciclo pulmonar da evolução larvária. Em altas parasitemias, surgem

alterações do trato intestinal, flatulência, dor epigástrica, náuseas e vômitos, alteração do apetite, podendo

haver episódios de diarreia e constipação. Em infecções maciças pode ocorrer um quadro de anemia grave,

podendo levar a complicações cardíacas e a morte (CASTRO, 2003).

A Organização Mundial da Saúde recomenda quatro drogas – Albendazol, Mebendazol, Levamisol e

Pamoato de Pirantel – para o tratamento e controle de helmintos transmitidos pelo solo (NEVES, 2014).

Para a prevenção dessas parasitoses, a educação é um elemento eficaz para o trabalho do Enfermeiro na

saúde da comunidade-alvo, devendo estar direcionada para a promoção e manutenção residuais de

doenças. O profissional não pode apenas se restringir ao atendimento hospitalar, ele deve também buscar o

entendimento dos fatores de risco que estão associados ao prejuízo da saúde humana, possibilitando o

desenvolvimento de medidas preventivas satisfatórias. Sendo assim, o enfermeiro, no papel de um

educador, pode ir além do simples método clássico de transferência de informação, ele deve levar o

indivíduo a querer ir à busca da aquisição de hábitos saudáveis (DIAS, 2009).

A utilização de aspectos lúdicos pode facilitar o desenvolvimento dessas medidas educativas que

estão direcionadas à prevenção das parasitoses, representando, assim, uma boa estratégia de aprendizado

para o aprimoramento do conhecimento coletivo. Pode-se, então, analisar que a educação em saúde dá

ênfase tanto às atividades direcionadas ao desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas visando

à formação de um ser sadio, como para aquelas dirigidas aos profissionais da saúde, possibilitando a

formação contínua de um excelente trabalhador (ORLANDINI, 2008).

Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar o nível de conhecimento sobre verminoses dos

alunos de 3º e 4º ano da Escola Professor Antônio Pedroso, bem como estabelecer o papel da Enfermagem

na prevenção de novos casos.

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METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo qualitativo e quantitativo que, segundo Rodrigues (2006),

fundamenta-se na utilização de estatística para o investimento de um fenômeno ou objeto de estudo e

qualitativa, pois a temática vivenciada pelo pesquisador deve ser realmente problemática.

Está baseado na metodologia da problematização na qual o Arco de Marguerêz é a principal

ferramenta utilizada diante de pressupostos teóricos de Paulo Freire para exercitar a cadeia dialética de

ação-reflexão-ação (EVANGELISTA, 2012). Sendo assim, Berbel (1996) apud Novaes (2013), afirma que o

Arco de Marguerêz é composto por cinco etapas que são observação da realidade e definição do problema,

pontos-chaves, teorização, hipóteses de solução e aplicação a realidade. A primeira etapa consistiu em ir ao

local da pesquisa: em outubro foi realizada uma reunião com o diretor da escola e foi identificado o

problema relacionado à verminose. Depois foi realizada outra reunião agora com os responsáveis pelas

crianças, seguida da aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com a

resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, contendo todas as informações necessárias a respeito

da ação e com a garantia do anonimato dos alunos. Após esse momento, houve a aplicação de um

questionário fechado contendo oito questões que foram adequadas à linguagem do público alvo, e que

envolveram aspectos da etiologia, transmissão, sintomatologia e profilaxia das verminoses. Na segunda

etapa foi realizada a reflexão a respeito das informações colhidas dos questionários aplicados.

Na terceira etapa foi realizado um levantamento teórico utilizando as fontes bibliográficas

disponíveis para confirmação da importância do estudo. A quarta etapa prosseguiu com o levantamento de

hipóteses a partir das informações colhidas nos questionários aplicados e das informações literárias

levantadas na etapa anterior. Por fim, quinta etapa, aplicou-se, na prática, as hipóteses formuladas, diante

da realização de uma ação preventiva, em novembro, com paródia musical, teatro, jogos educativos com

brindes, e um painel informativo voltado à higienização pessoal e profilaxia das parasitoses; também houve

visualização no microscópio de lâminas contendo vermes e frascos contendo parasitas adultos, finalizando

com aplicação novamente do mesmo questionário para verificar se a ação realizada conseguiu atingir o seu

objetivo.

Este estudo foi realizado durante o período de Outubro a Novembro de 2014, com 30 crianças do

3º e 4º ano do ensino fundamental da Escola Professor Antônio Pedroso, que fica localizada em Alter do

chão, uma vila centrada na margem direita do Tapajós, distante cerca de 30 km de Santarém, por estrada

pavimentada (PA-457).

Foram analisados dados referentes aos questionários respondidos pelas crianças antes e depois da

ação acerca do conhecimento que se obteve. As informações foram organizadas em tabelas e gráficos com

a utilização do pacote estatístico do Excel 2010, para melhor compreensão e análise dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O referido estudo compreendeu um total de 30 crianças do 3º e 4º ano do ensino fundamental da

Escola Antônio Pedroso, sendo que 20 (66,7%) eram meninas e 10 (33,3 %) meninos. Suas idades

variaram de 8 a 13 anos como mostrado na tabela 1. Em um estudo feito por Araújo (2014), no município

de Igarapé Miri, Pará, notou-se que o maior número de infecções por enteroparasitoses ocorria entre as

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96,7 %

3,3%

0

5

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15

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Sim Não

Antes

Antes

idades de 1 a 12 anos, sendo as meninas mais acometidas. Acredita-se que isso ocorra devido elas

morarem em locais desprovidos de saneamento básico, isso evidencia como a má qualidade nos serviços

sanitários, influência no desenvolvimento de parasitoses (BORGES, 2012).

Tabela 1. Quantidade de crianças por sexo e faixa etária participantes do estudo e que responderam ao questionário, antes e depois da ação educativa.

Série Feminino % Masculino % Idade

3ª ano 7 23,30% 7 23,30% 8 a 10 anos

4ª ano 13 43,30% 3 10% 9 a 13 anos

Total 20 66,60% 10 33,30% - Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

O percentual mostrado no Gráfico 1 é referente ao nível de conhecimento das crianças em relação

às verminoses antes e depois da ação. A opção “sim” foi mais marcada antes da ação correspondendo a

29 (96,7 %) alunos, e apenas 1 (3,3 %) ainda não tinha ouvido falar do assunto. Após a ação, notou-se que

100% dos estudantes marcaram “sim”. Diferente disso, no estudo realizado por Magalhães et al.., (2010),

sobre a abordagem da temática “Parasitoses Intestinais no Ambiente Escolar”, constatou-se que 76,47%

dos alunos disseram nunca ter ouvido falar de verminoses. Supõe-se que isso ocorra devido ao pouco

empenho de ensinarem as crianças nas escolas. Segundo Ferreira (2008), a ausência de conhecimento

associado aos fatores de riscos favorece a infecção. Atribui-se então que a diminuição das helmintíases só

acontecerá quando medidas educativas forem aplicadas.

Gráfico 1. Quantidade de crianças que já ouviram falar de verminose antes da ação. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

No Gráfico 2 os alunos foram questionados sobre “O que são verminoses?”. Antes da palestra, 28

(93,4%) alunos responderam ser uma doença causada por vermes, 1 (3,33%) aluno marcou que é causada

por minhocas e 1 (3,33%) marcou ser causada por porcos. Depois da ação educativa, observou-se que

100% dos alunos marcaram a alternativa “verme”. Esses dados revelam que a maioria das crianças já

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20%

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3,3% 3,3%

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0

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20

25

30

Pela boca e olhos Pela boca e orelhas Pela boca e pele

AntesDepois

possuía um conhecimento prévio e a ação educativa serviu para consolidá-lo. A pesquisa feita por

Magalhães (2010), com alunos do ensino fundamental de um colégio da cidade de Cascavel sobre

parasitoses intestinais no ambiente escolar, constatou que 88,24% dos alunos responderam ter

conhecimento sobre o que são verminoses, corroborando assim com o presente estudo. Estima-se que isso

ocorra devido ao uso do termo “verme” ser frequentemente usado com as crianças.

Gráfico 2. Respostas dos alunos participantes da ação sobre “O que é verminose?” Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

Gráfico 3. Respostas das crianças participantes da sobre “Como se adquiri verminose?”. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

Quando perguntado para os alunos, antes da ação, sobre “Como se adquiri verminose?”, observou-

se no gráfico 3 que a forma mais conhecida de transmissão pelos estudantes foi pela boca e pele com 22

(73,3%) marcações, 06 (20%) pela boca e olhos e 02 (6,7%) pela boca e orelha. Depois da ação, percebeu-

se que a opção mais marcada foi “pela boca e pele”, totalizando 28 (93,4%) acertos; “pela boca e olhos” foi

assinalada por 1 (3,33%) aluno e “pela boca e orelha” com 1(3,33%) marcação. Colaborando para o

presente estudo, o trabalho realizado por Silva e Leda (2012), em Duque de Caxias, com 38 alunos da

escola Nova América, constatou que 75% dos alunos responderam que o contágio acontece pela boca e

pele. Supõem-se que isso esteja relacionado ao fato do helminto mais comum, Áscaris lumbricoides,

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96,7%

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Sim Não

Antes

Antes

30%

70%

0

5

10

15

20

25

Sim Não

Antes

Antes

infectar as pessoas principalmente através da ingestão de água ou alimentos contendo ovos com larvas

infectantes, no entanto, outros helmintos como a Ancylostoma contaminam pessoas por meio da penetração

da pele (NEVES, 2011).

O Gráfico 4 mostra a resposta dos alunos antes da ação, quando foi perguntado se eles brincavam

na terra e andavam descalços. Antes da ação 21 (70%) alunos responderam que não brincavam na terra

enquanto 09 (30%) brincavam. Na pesquisa realizada por Magalhães (2010), evidenciou-se que 5,88%

responderam andar descalços diariamente, 11,76% disseram nunca andar descalços e 82,35%

responderam que andam descalços às vezes. Acredita-se que o contato com a terra ou solo contaminado

com verminoses, aumenta a probabilidade de infecção parasitaria, já que o ambiente torna-se favorável

para o seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2009).

Gráfico 4. Quantidade de crianças que responderam a pergunta “Você brinca na terra?”. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

O Gráfico 5 mostra as respostas dos estudantes quando questionados se eles tinham o hábito de

lavar as mãos antes de comer. Evidenciou-se que 29 (96,7%) pesquisados lavam as mãos e 1 (3,3%) não.

No estudo realizado por Chazan et al., (2007), constatou-se que no 99% das crianças realizavam a

higienização das mãos. Isso demostra que as crianças possuem noções básicas sobre hábitos de

higienização, sendo importante para a prevenção de verminoses, pois a não lavagem das mãos é

considerada um fator de risco para enteroparasitoses (BARBOSA et al., 2013).

Gráfico 5. Respostas dos alunos à pergunta "Você lava as mãos?”. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

O Gráfico 6 mostra as respostas dos alunos quando indagados sobre a origem da água que eles

utilizavam para o consumo. Observou-se que, antes da atividade educativa, 15 (50%) alunos marcaram que

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23,3%

50%

13,3% 13,3%

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Do rio Do microssistema Do poço Da cacimba

Antes

Antes

16,6%

73,3%

10%3,3%

96,7%

00

10

20

30

40

Dor de ouvido e dor nascostas

Falta de apetite e dor debarriga

Falta de ar e dor de cabeça

Antes

Depois

a água provém do microssistema, 07 (23,3%) marcaram do rio, 04 (13,3%) do poço e 04 (13,3%) da

cacimba. Diferente dessa pesquisa, o trabalho de Bezerra et al., (2011), demostrou que 80,9% de 110

famílias do estado do Maranhão bebiam água do poço, e o único tratamento realizado era a coagem.

Estima-se que essa situação aconteça em decorrência da falta de recursos financeiros que impedem o

acesso à água potável (DIAS, 2009).

Gráfico 6. Resposta relacionada à origem da água que os participantes consumiam. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

O Gráfico 7 aborda os principais sintomas que pessoas com verminoses manifestam. A maioria dos

alunos marcou ser a falta de apetite e dor de barriga as principais manifestações clínicas correspondendo a

22 (73,3%) dos pesquisados. Enquanto que dor de ouvido e dor nas costas somaram 5 (16,6%) marcações,

falta de ar e dor de cabeça corresponderam a 3 (10%). Depois da ação foi verificado que houve acréscimo

no conhecimento a respeito da sintomatologia dessa doença, pois 29 (96,6%) marcaram falta de apetite e

dor de barriga e apenas 1 (3,3%) relacionado à dor de ouvido e dor nas costas. Em estudo realizado por

Siqueira (1999), no município de Alfenas, foi feito um questionamento com os pais e seus filhos, que eram

de uma escola de ensino fundamental, sobre quais os sintomas que pessoas infectadas com vermes

apresentam. As principais respostas consistiram em fraqueza, desnutrição, emagrecimento, falta de apetite,

mancha na pele e anemia, além disso, foram citados também sintomas gastrointestinais como dor de

barriga, diarreia, aumento do volume abdominal e vômitos. Segundo Borges (2012), é importante orientar as

crianças sobre os sintomas, pois o conhecimento deles induz ir à procura do serviço de saúde para a

confirmação dos casos através do diagnóstico e tratamento das parasitas.

Gráfico 7. Respostas marcadas pelas crianças participantes sobre a sintomatologia de pessoas infectadas com verminoses. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

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46,7%

53,3%

13

14

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Sim Não

Antes

Antes

O Gráfico 8 refere-se à transmissão de vermes de uma pessoa para outra. Antes da realização da

ação educativa, 16 (53,3%) crianças não acreditavam ser possível haver contaminação direta, e 14 (46,7%)

acreditavam. Segundo Castro (2003), os locais fechados são considerados um fator de risco para a

transmissão de verminoses de pessoa para pessoa, devido o maior contato entre as crianças. Em relação a

isso, o estudo feito por Zômpero & Júnior (2003) com 30 estudantes da 6ª série de uma escola pública

situada na periferia de Londrina-PR, mostrou que os alunos tiveram dificuldade em falar quais doenças são

transmitidas entre pessoas. No entanto, as principais doenças citadas foram as infecciosas como gripe.

Gráfico 8. Quantidade de alunos por resposta em relação ser ou não possível ocorrer à transmissão de helmintos entre pessoas. Fonte: Dados dos pesquisadores (UEPA).

CONCLUSÃO

Através dos dados deste artigo, observou-se que antes da ação 93,3% dos alunos sabiam o que era

verminoses e após a ação 100% sabiam. Em relação aos sintomas, antes da ação, 73,3% assinalaram a

opção falta de apetite e dor de barriga, e 96,6% após a ação. Apesar dos pesquisados terem

conhecimentos prévios do assunto abordado, houve um acréscimo no conhecimento dos alunos, as

crianças que presenciaram a ação obtiveram resultados positivos. Observa-se a importância da educação

em saúde sobre verminoses em escolas, principalmente de ensino fundamental, pois se sabe que a

permanência de hábitos de higiene é essencial para que não ocorram esse tipo de doença, devendo-se

prevenir desde os primeiros anos, já que há maior prevalência da doença em crianças dessa faixa etária (8

a 13 anos). É indispensável à educação em saúde efetiva para medidas profiláticas, sugere-se que sejam

intensificadas as ações preventivas de cunho lúdico/didático, pois esta é uma ferramenta valiosa em áreas

onde ainda se tem educação e saneamento precários. Consistindo em reponsabilidade não apenas do

governo, mas também das instituições com cursos da área da saúde capacitados para realizar essas ações.

Porém, acredita-se que a eficácia é maior quando há parcerias com projetos relacionados ao combate de

verminoses. Mas essas propostas só serão eficientes com a real prática de hábitos corretos por parte da

população alvo.

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CRENÇAS E PRÁTICAS PARENTAIS SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL DE FILHOS NA FAIXA ETÁRIA DE 10 A 14 ANOS Antônio Vitor Campelo Ribeiro1, Gabriela Sousa Dourado1; Herica Silvania Lima1, Iani Dias Lauer Leite1

1Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, Pará, Brasil

RESUMO Sabendo que a família é o primeiro segmento de educação sexual e que os pais exercem uma influência significativa na sexualidade de seus filhos, contribuindo no desenvolvimento da criança no plano psicológico, afetivo e emocional. Pretendeu-se nesta pesquisa identificar as crenças e práticas parentais sobre a educação sexual de crianças na faixa etária de 10 a 14 anos. Trata-se de um estudo qualitativo cujos relatos foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada e individual, com perguntas abertas sobre o assunto. Na coleta de dados foi aplicado um formulário de descrição sociodemográfica e o roteiro de entrevista focal. O universo populacional da pesquisa é composto por 21 pessoas (18 mulheres e 3 homens) que possuem filhos com idade entre 10 a 14 anos. Da análise dos discursos, emergiram 15 ideias centrais que foram divididas em 6 categorias assim nomeadas: 1) Crenças e práticas a respeito da necessidade de se falar sobre educação sexual no âmbito familiar, 2) Crenças dos pais sobre as dificuldades e fatores que os impedem de falarem sobre educação sexual com os filhos, 3) práticas e crenças efetivas dos pais sobre a sexualidade de seus filhos, 4) Abordagem prática familiar sobre educação sexual: fatores que influenciam os pais a tratarem do tema, 5) Crenças e práticas a propósito da Educação Sexual na Escola, 6) Crenças e práticas sobre Educação Sexual e os Meios de Comunicação. Palavras-chave: Crenças. Práticas. Pais. Educação Sexual. Crianças. INTRODUÇÃO

Este trabalho objetivou levantar um estudo sobre as crenças e práticas dos cuidadores sobre temas

relacionados a educação sexual. A educação sexual pode ser compreendida como um elemento essencial

para uma vivência saudável da sexualidade. Dentro desse contexto, a família ocupa um papel relevante,

uma vez que de acordo com Reunaud (1999), a educação para a sexualidade é reservada em primeiro

lugar à família, vista como um espaço privilegiado de desenvolvimento da criança no plano psicológico,

afetivo e emocional. De tal modo, a família exerce a função de instância social com papel mais determinante

no desenvolvimento e na educação da sexualidade da criança, quer pela importância dos vínculos afetivos

entre filhos e pais, quer pela influência destes como modelos de observação quotidiana, nomeadamente

enquanto casal (MARQUES et al.., 2000). Assim sendo, torna-se necessário averiguar a maneira como é

realizada, verdadeiramente, a interação entre crenças e práticas no âmbito da relação entre pais e filhos ao

tratarem de educação sexual. De modo a analisar como está versado o preparo paternal ao abarcar um

tema complexo e amplo como a sexualidade.

Objetivo

Averiguar as crenças e práticas quanto à educação sexual de crianças na faixa etária de 10 a 14

anos.

METODOLOGIA

Amostra

Participaram da pesquisa 21 pais, na faixa etária entre 20 a 70 anos, com filhos entre 10 e 14 anos,

sendo 18 (86,71%) do sexo feminino e 3 (14,29%) do sexo masculino, com rendimentos entre 01(R$

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678,00) e 03 (2.034,00) salários mínimos com diferentes ocupações profissionais, residentes na cidade de

Santarém, Estado do Pará.

Protocolos utilizados

Trata-se de um estudo qualitativo cujos relatos foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada

e individual, com perguntas abertas sobre o assunto. Sendo também aplicado um formulário de descrição

sociodemográfica composto por 7 variáveis. A entrevista que foi gravada e transcrita na íntegra, através da

qual foi possível coletar dados sobre a identificação dos pais e o modo como realizam a educação sexual de

seus filhos crianças/adolescentes.

Análise dos dados

Para analisar os dados obtidos através da entrevista utilizou-se o método do Discurso do Sujeito

Coletivo (DSC) proposto por Lefévere e Lefévere, o qual possibilita a pesquisa do pensamento coletivo e a

construção de algumas categorias do pensamento coletivo e a construção de algumas originadas a partir

das expressões-chave retiradas dos discursos dos entrevistados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação aos dados sócio-demográficos, a maior parte dos entrevistados era: casado (47, 62%),

com ensino médio completo (38,10%), mães (47,62%), na faixa etária de 41 a 50 anos (33,33%).

A partir da análise dos dados segundo a análise textual do Discurso dos sujeitos, através da fala dos

participantes emergiram quinze ideias centrais que por apresentarem similaridades entre si foram dispostas

em seis categorias.

Categoria 1: ‘Crenças e práticas a respeito da necessidade da educação sexual no âmbito familiar’.

Nessa categoria, está incluída a ideia central “A” em que os pais ou responsáveis ressaltam a importância

de se tratar sobre o tema no seio familiar. Assim, no discurso é expressa a crença dos progenitores de que

devem abordar a Educação Sexual para evitarem indesejadas consequências na vida das crianças, tais

como, doenças sexualmente transmissíveis e/ou uma gravidez precoce. Na ideia central subsequente, a

priori os pais expressam a crença de que devem falar sobre educação sexual com os filhos em virtude de

outras informações que circundam “erroneamente” fora do âmbito familiar. E como prática, os progenitores

executam o estabelecimento de assuntos como DSTs, preservativo (“camisinha”) e pedofilia para prover

conhecimentos aos filhos.

Ideia central tipo A: Importância de se tratar sobre o tema no âmbito familiar

Discurso A: Toda idade é importante para se falar sobre educação sexual

“Antigamente a gente não recebia essa educação, hoje eu vejo assim que toda a idade é importante para se falar sobre isso, desde quando a criança começa a ter interrogação. Rapaz, eu acredito que temos que chegar e falar com eles porque hoje em dia do jeito que tá as coisas você não pode facilitar. Pois acho que se a gente esconder isso deles vai ser muito pior, quanto mais cedo falar, melhor, porque a gente vive num mundo hoje em dia... todo mundo expõe tudo”.

Ideia central do tipo B: Como os pais tratam a questão da sexualidade com os filhos

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Discurso B: Explanam o assunto com abertura e clareza

“Então, eu trato assim com muita abertura, conto tudo pra elas. A gente tenta esclarecer, eu e meu esposo, de uma maneira normal mesmo, como se tivesse falando com uma mocinha de 13, 14 anos...eu converso com a minha filha normalmente. Sabe, eu não vou buscar rodeio pra mim falar porque se escondo deles a clareza aqui dentro da minha casa do jeito que eu acho que deve ser, lá fora eles vão entender de maneira errada. Eu falo sobre camisinha e das doenças sexualmente transmissível, também falo sobre pedofilia. Então ele já sabe também a diferença da camisinha feminina da camisinha masculina, e sabe que é um ato sexual entre um homem e uma mulher [...]”.

Categoria 2: ‘Crenças dos pais sobre as dificuldades e fatores que os impedem de falarem sobre

educação sexual com os filhos’. Nessa categoria os pesquisados assinalam dificuldades em estabelecer um

diálogo sobre educação sexual e apontam fatores de sua própria personalidade como obstáculo para um

melhor relacionamento com os filhos. Assim, as ideias centrais contidas nesta categoria ilustram

primeiramente (Ideia central C) a crença de que as crianças seriam mais informadas e conhecedoras do

assunto e em seguida (Ideia central D) denotam que a dificuldade em estabelecer tal diálogo deve-se ao

constrangimento que o assunto trás diante da curiosidade dos filhos.

Ideia Central do tipo C: Dificuldades em estabelecer um diálogo sobre educação sexual

Discurso C: Reconhecimento das limitações de se falar sobre o assunto

“Eu não falava nada não porque eu era muito nova e eu não sabia conversar e até agora eu não tive uma conversa bem com ela mesmo porque hoje em dia as crianças são mais ‘sabidas’ do que eu que não tenho estudo”.

Ideia Central do tipo D: A curiosidade do filho como um fator que causa constrangimento no

estabelecimento de um diálogo

Discurso D: A curiosidade causa constrangimento

“Tem coisas às vezes que é difícil de falar, né? Outra vez ele me perguntou: “mamãe, a senhora já usou camisinha feminina?”. Risos. Aí eu disse: “não, ainda não usei camisinha feminina”... Aí ele disse assim: “Por que que a camisinha é igual um saco?”, “Por que tem aquelas duas rodas?”. Sabe uma curiosidade assim que às vezes dá vontade de dizer: Para, esquece tudo!”.

Categoria 3: ‘Práticas e crenças efetivas dos pais sobre a sexualidade de seus filhos’. A essa

categoria englobam-se as ideias centrais do tipo E, F, G e H. A primeira corresponde à apreensão com o

ato sexual precoce dos filhos norteando-os para a não execução do mesmo. Assim, o diálogo é

estabelecido como prática voltada a não iniciação de uma vida sexual precoce pelos filhos, denotando-se,

além disso, como crença a de que o sexo seria ideal dentro do casamento. Na ideia central do tipo F,

executam a orientação como prática preventiva ligada às amizades, acreditando na crença de que seus

filhos possam ser influenciados através de segundos a cometerem atos que ultrapassem os limites

permitidos. No que concerne à ideia seguinte, veem os estudos como prioridade e meio de efetivar maior

entendimento aos filhos. A crença desses pais baseia-se na importância e na prioridade dos estudos como

meio para a formação de um indivíduo capaz de tomar decisões e escolhas responsáveis. Desse modo,

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utilizam como prática a recomendação para que os filhos priorizem os estudos. Na ideia do tipo H, os pais

denotam a crença de que falar sobre educação sexual pode fornecer subsídios para a prática sexual dos

filhos, e consequentemente despertar o interesse destes em iniciá-la.

Ideia Central tipo E: Apreensão dos pais com o ato sexual precoce

Discurso E: Educar para que não tenha uma relação sexual precoce

“Hoje, a gente vê uma criança de nove anos que a gente pensa que ainda é alguma coisa e não é mais, porque ninguém anda junto com ela, não sabe o que elas fazem longe da gente. Então, eu tento conversar para evitar que tome uma decisão precipitada no caso, eu faço de tudo por eles assim, pra não caírem numa tentação dessa. No meu termo assim de falar com eles a respeito da sexualidade, que eles não procurem, tem muita gente que vem na maldade e sexo é bom dentro do casamento.”

Ideia Central do tipo F: Orientação quanto às amizades

Discurso F: As amizades como fonte de má influência

“Eu procuro é... orientar ela, que ela não, não vá muito por esse caminho de ir na conversa de ninguém também se afastar das más amizades ‘né’ que tem muitas ‘né’ que são as amizades que levam as vezes nossos filhos à perdição”.

Ideia central do tipo G: Os estudos como prioridade e meio de efetivar maior entendimento aos filhos

Discurso G: Os estudos possibilitam maior conhecimento e precaução

“Eu acho que os ‘estudo’ dela é mais importante pra ela, ela vai ter filhos pela vontade dela. Então eu sempre focalizo primeiro os estudos, a primeira coisa que eu ensino é que não namore antes de se formar porque geralmente a juventude de hoje quando completa aquela idade de 13/14 anos já tá namorando e esquece os estudos”.

Ideia Central do tipo H: Falar sobre Educação sexual pode ser um incentivo ao início da vida sexual dos

filhos

Discurso H: Educação sexual pode ser um incentivo para a prática do sexo

“Isso só é um incentivo porque o jovem em si se abrir uma portinha pra ele, ele vai, mesmo que tu diga que vai ter o tempo dele, ele vai querer saber logo, né?!. E fica naquela curiosidade mesmo de querer fazer, mas como eu sempre ponho pra ele que ele tá muito novo pra isso, que vai chegar o tempo dele”.

Categoria 4: ‘Abordagem prática familiar sobre educação sexual: fatores que influenciam os pais a

tratarem do tema’. Na categoria, as ideias centrais I, J e L demonstram as razões apontadas por esses pais

para a abordagem da Educação Sexual no contexto familiar. Sendo estas vinculadas ao receio de Doenças

Sexualmente Transmissíveis-DSTs, gravidez não planejada e a pedofilia. Nesse contexto denota-se a

prática dos pais no que concerne a orientação para a prevenção dos fatores supramencionados.

Ideia Central do tipo I: Esclarecimento de DSTs e Gravidez Não Planejada

Discurso do tipo I: Ponderar sobre educação sexual para evitar DSTs e Gravidez não planejada

“Tento explicar a situação, como que tá acontecendo sobre doenças e gravidez indesejada, também sobre AIDS, das outras doenças e por enquanto sobre camisinha. Com 15 anos, 14, 12 e 13 as meninas aí, a maioria aí estão tudo... né?!. Falta de orientação, falta de uma boa oportunidade de ter alguém mais capacitado

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para explica ou a gente mesmo como mãe com vergonha de falar sobre o sexo, falar como é que vai engravidar, o que tem que usar para não engravidar...tudo isso!. Então, tem que pedir para que tomem cuidado, né?!. Porque nessa fase geralmente acho que ainda não tá adequado, a pessoa tem que ter noção do que vai fazer...porque geralmente quando a pessoa age sem pensar com certeza no futuro, né? Dá problema!. Por isso, dou muitos conselho pra eles em termo disso daí, que acontece muitas doenças que a pessoa tem que se preservar. Tem vários meios pra gente se privar, pra não pegar doença. Hoje em dia tem os preservativos pra não dar prejuízo mais tarde com um monte de filho pra criar. É por isso que a prevenção... isso é muito bom até mesmo pra eles não gerarem filhos”.

Ideia Central do tipo J: Educação sexual conforme as transformações biológicas (menarca)

Discurso J: Discorrer sobre educação sexual quando ocorre a menarca

“Com 12 ou 13 anos deve se falar sobre educação sexual porque nessa idade já estão se formando, alguns já estão menstruando ou já menstruaram. Tem uma de treze anos que ela já ficou menstruada, aí eu chamei, conversei, expliquei a situação pra ela, né?!. Porque aí, quando elas ficam menstruadas pela primeira vez, aí elas têm mais...elas têm mais facilidade de gerar um bebê do que antes de elas menstruar, né?!”.

Ideia Central do tipo K: Articular sobre educação sexual devido à questão da pedofilia

Discurso K: Falar sobre educação sexual para evitar assédios de pedófilos

“No mundo que a gente tá vivendo hoje, acho que dos 9, 10 anos pode se começar a falar sobre educação sexual, ‘né’ ?!. Até porque nós estamos vivendo no mundo em que a presença da pedofilia é tão grande, ‘né’? Que nossos filhos são assediados até no caminho da escola. Acontece um abuso sexual, aí eu já falo pra ela, ‘né’! Eu converso com ela, pra ela ter cuidado na rua, não aceitar nada de ninguém. Eu sempre falo pra minhas meninas assim ó: olha minha filha quando chegar algum rapaz, algum homem à sua... ao seu lado, você não vai dar muita atenção a ele porque às vezes ele quer coisa boa, mas depois ele se torna numa coisa ruim ‘né”!. A gente não se confia mais, às vezes eu levo ela ‘pro’ colégio, vou buscar. No caso da minha filha é um desafio pra mim, eu não deixo ela ir sozinha para escola, eu não deixo ela voltar só”.

Categoria 5: ‘Crenças e práticas a propósito da educação sexual na escola’. Nessa categoria as

ideias centrais abarcam as crenças e práticas elencadas pelos pais sobre o papel da escola na educação

sexual e a forma como esta instituição deveria abordar esse tema de modo a não incentivar os discentes à

prática do ato sexual. De tal modo, é expressa na ideia central M, a crença de que a escola deve fornecer

educação sexual, pois além de ser um ambiente profícuo e facilitador para o estabelecimento de tal

assunto, esse meio também incentivaria os pais a estabelecerem a prática do diálogo familiar ao entorno

das dúvidas adquiridas nessa instituição. Na ideia central prosseguinte, os pais demonstram a crença de

que a escola é importante na abordagem sobre educação sexual, desde que não extrapole limites que

incentivem os filhos a praticarem o ato.

Ideia Central do tipo L: Visão dos pais sobre o papel da escola na educação sexual

Discurso L: Educação Sexual deve ser passada na Escola

“Sou a favor porque geralmente isso aí começa pelos colégios. Pra mim é fundamental porque se estão na escola não tem lugar melhor assim. A escola deve

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abrir a memória das crianças, porque o que a gente dá como experiência tá abrindo a memória deles, ‘né’, porque quando chegar pra elas, elas já conhecem e não vão fazer o erro. E também às vezes o filho tem vergonha de perguntar pra mãe e vemos muitos meninos fazendo coisa errada porque tem vergonha de conversar com os pais e com a mãe porque eles são muito antigos, e às vezes é mais fácil deles perguntarem lá na escola pra professora. Na escola eles já estão trabalhando sobre isso, muitas vezes, a professora fala... que no livro hoje em dia tem, mostrando como é que é passo a passo. Então mesmo nos livros, aí ele pergunta, né?, aí eu vou só encaixando o que tá faltando. É um ato assim de curiosidade porque quando eles colocam um assunto lá ele chega e vem me perguntar”.

Ideia Central do tipo M: A escola ao tratar sobre educação sexual não deve incentivar a prática

Discurso M: A escola deve educar para evitar uma relação sexual precoce

“Esse assunto na escola deve ser tratado, educado para que a criança não adiante a relação sexual, porque com certeza é prejudicial à saúde. Se for um posicionamento que a escola coloque e explique de forma certa, eu acho que a criança não vai ter uma... relação cedo. Apesar de ir mais dos pais. Assim, o papel da escola seria naquela parte mais científica da coisa, como era no meu tempo, mas não se aprofundava, eu ainda acho que isso é papel da família. Eu considero isso papel da família e não da escola totalmente, por isso que eu aconselho da minha maneira porque nas escolas eles ensinam muito. Eu acho até errado uma criança de sete a oito anos já saibam o que é sexo, eu acho isso um absurdo. Assim, quando ela for crescendo a gente vai explanando mais e se aprofundando mais, não assim falar logo, mas de acordo com o momento e a idade”.

Categoria 6: ‘Crenças e práticas sobre Educação Sexual e os Meios de Comunicação’. Nessa

categoria estão agrupadas as ideias centrais que demonstram as percepções dos pais a cerca do papel dos

meios de comunicação no contexto da Educação Sexual. Alguns vejam como um fator negativo enquanto

outros como fator positivo, porém deixam claro que tais mídias influenciam na construção do conhecimento

e da identidade do indivíduo. A partir da ideia central N nota-se no discurso a crença de que a televisão é

um instrumento de informação e conhecimento para a criança, bem como um meio de auxílio na prevenção

de prováveis situações críticas que a criança venha passar em seu dia-a-dia. Opinião dispare da contida na

ideia central O em que alguns pais ou responsáveis apresentam uma crença que contradiz o papel

educacional dessa mídia (a televisão). Assim, como prática, os pais desse estudo adotam uma postura de

orientação quanto os assuntos que as crianças veem nos meios de comunicação e especificamente na

televisão.

Ideia Central do tipo N: Os meios de comunicação como fator positivo na educação

Discurso N: A televisão não atrapalha

“A televisão muitas das vezes, até... o pessoal diz que atrapalha, mas eu acho que não atrapalha não [...] acho que serve como meio de informar a pessoa, ou faz uma coisa de bem ou de ruim... muita das vezes até pela informação evita certas coisas, né?! Serve muito!”.

Ideia Central do tipo O: Os meios de comunicação como um fator negativo

Discurso O: A televisão ensina muito sobre sexo

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“Não falo muito sobre sexo porque a televisão já ensina quase tudo porque menino assiste novela. Dessa forma a televisão ela influencia muito em relação a essas coisas. Eu deixo eles assistirem, e depois eu vou e converso, que muitas vezes não é isso... ‘né’...que muitas vezes não é assim. Porque não adianta hoje eu ‘tô’ com eles ‘né’, mas amanhã eu vou tá perto deles? eles podem assistir qualquer programa ‘né’ e eu não vou tá perto pra esclarecer. Assim, a gente protege da seguinte maneira: olhando, orientando cada coisa que se passa que às vezes até a própria criança vê, ‘né’, as coisas que se passam quando nos sentamos na sala para conversar, eu participo, meu esposo participa e ela também, até porque nessa faixa etária as crianças costumam ver certas coisas na televisão. Então, eles veem certas coisas na televisão, não é só ela não, todos os outros também, mas dela a gente se sente mais, assim, a vontade até para poder esclarecer. Por que ela ver pela televisão, pelos meios de comunicação...aí eu entro com esse assunto procurando passar pra ela realmente o que tá acontecendo e como ela pode se defender dessa situação que acontece como por exemplo a internet traz assim muitas coisas assim que a gente não ensina pros nossos filhos logo tem se multiplicado o sexo ‘né’... em todas e todas as área (...) vídeo pornô... em celular e tem tudo, enquanto tem acontecido. Tá quase impossível de quem tem seus filho adolescente ou pré-adolescente esconder isso”.

CONCLUSÃO

As opiniões paternas nos conduziram a reflexão de que todos os pais buscam criar, através de seus

posicionamentos e ideias, condições que acreditam ser as mais eficazes e corretas em possibilitar a melhor

criação aos seus filhos. Assim, a influência das crenças e das práticas se faz evidente no momento em

que, cada um dos entrevistados, contextualizou as perguntas com suas experiências de vida e opiniões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARQUES, et al. Educação Sexual em Meio Escolar – Linhas orientadoras, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, APF, CAN, 2000. REUNAUD, M. Sexualidade e ética. Novos desafios à bioética, Porto Editora Lda. Porto, 1999. SILVA, A.L.; JESUS, E.L.; MIKI, P.S.; BARBOSA, W.A.; PARENTE, R.P. Metodologia do desenvolvimento da pesquisa. Universidade do Estado do Amazonas, p. 17-105 ed. 2006.

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EFEITOS DO ULTRASSOM TERAPÊUTICO SOBRE A LESÃO MUSCULAR INDUZIDA EM RATOS Helen Soares de Lima1; Adriana Caroprezo Morini1; Waldiney Pires Moraes1; Elaine Cristina Pacheco de Oliveira1. 1Universidade Federal do Oeste do Pará. Santarém – Pará. RESUMO Introdução: O músculo esquelético é um tecido que apresenta alta suscetibilidade à lesão, o que leva a um quadro inflamatório. A continuidade desse processo por um longo período compromete a saúde e qualidade de vida do indivíduo, em decorrência disso, cada vez mais se vem buscando diferentes formas eficazes de reduzi-lo e otimizar o tempo de recuperação do tecido lesionado. Como alternativas de tratamento, o uso de terapias físicas vem sendo estimuladas, dentre elas, o ultrassom terapêutico (UST), um recurso comumente aplicado nos distúrbios do sistema músculo-esquelético para aceleração do reparo tecidual. Porém, apesar de ter seu uso bastante difundido, ainda existirem inconsistências sobre sua eficácia e os parâmetros a serem utilizados. Em decorrência disso, o objetivo desse estudo é analisar a ação do ultrassom terapêutico sobre o tecido muscular após uma lesão traumática. Material e Métodos: O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da UFOPA, protocolo nº 01001/2014. Foram utilizados ratos da espécie Rattus norvegicus albinus, machos, com 3 a 4 meses de idade, pesando entre 300 e 350 g. Os animais foram submetidos a um trauma muscular e divididos em dois grupos, o controle, que não recebeu tratamento e os grupo UST, tratado com UST pulsado, associado ao gel Carbopol durante um e seis dias. 24h após o fim do tratamento, o músculo gastrocnêmio dos animais foi extraído e submetido ao processo de rotina histológica, corados através da técnica hematoxilina-eosina e analisados em microscópio óptico. A análise qualitativa/quantitativa envolveu: células com núcleo centralizado, fibrose, edema, necrose e infiltrado inflamatório, graduados em: ausente (grau 0), discreto (grau 1), moderado (grau 2) e intenso (grau 3). Resultados e discussão: Após uma aplicação do tratamento o ultrassom terapêutico promoveu menor produção de edema, necrose, assim como, do infiltrado inflamatório no tecido lesionado quando comparado ao grupo controle. Já no sétimo dia, após seis aplicações de terapia, constatou-se que o grupo tratado com UST apresentava menos fibrose, edema, necrose e infiltrado inflamatório, quando comparado ao grupo controle. Através dos resultados é possível sugerir que os efeitos biológicos das ondas ultrassônicas produziram aceleração do curso normal da inflamação, e consequentemente recuperação mais eficiente, organizada e consistente do tecido muscular, esses achados corroboram os dados da literatura que afirmam que o UST tem a capacidade de auxiliar na recuperação dos tecidos. Conclusão: A partir dos resultados, foi constatado que o ultrassom terapêutico nos parâmetros utilizados na pesquisa otimizou a recuperação do tecido lesionado. Palavras-chave: Ultrassom terapêutico. Recuperação. Trauma.

INTRODUÇÃO

O músculo estriado esquelético é um dos tecidos de maior abundância no corpo humano e devido

sua intensa solicitação durante o cotidiano dos indivíduos apresenta alta suscetibilidade à lesão, que leva a

um quadro inflamatório, causando comprometimento funcional (ALFREDO et al., 2008; MATHEUS et al.,

2008; NOGUEIRA, 2006). Sob condições biológicas normais, os tecidos, quando lesionados, possuem

importante capacidade de autorreparo, porém, como o processo de recuperação tente a ser lento, diversos

tipos de tratamento para amenizar ou inibir os efeitos indesejados do processo inflamatório e promover a

aceleração dessa etapa tem sido estudados (HOLTERMAN; RUDNICKI, 2005).

Os processos inflamatórios decorrentes de trauma são, tradicionalmente, tratados com

antiinflamatórios esteroidais (AIEs) ou não-esteroidais (AINEs). Entretanto, cada vez mais se vem buscando

diferentes formas eficazes de reduzi-lo e otimizar o tempo de recuperação do tecido lesionado produzindo

menos efeitos colaterais (MAIA-FILHO et al., 2011).

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De forma a desenvolver tratamentos mais baratos e com efeitos colaterais menores, ou com

indicação terapêutica complementar às terapias existentes, as terapias físicas vêm ganhando espaço como

alternativas de tratamento. O ultrassom terapêutico (UST) é um recurso comumente aplicado nos distúrbios

do sistema músculo-esquelético para aceleração do reparo tecidual (AGNE, 2004; CAMARGO, 2006;

MATHEUS, et al., 2008). A vantagem desse tratamento se dá na sua ação localizado e diminuição ou

ausência de efeitos colaterais sistêmicos, além de ser um método indolor, não invasivo e de rápida

aplicação (CERUTTI, 2009).

Apesar de ter o uso bastante difundido, ainda existirem inconsistências sobre sua eficácia e os

parâmetros a serem utilizados (MAIA-FILHO, et al., 2011; RIBEIRO, 2009). Constatou-se então, a

necessidade de respostas científicas satisfatórias sobre seus efeitos biológicos, de modo a ser utilizado nos

parâmetros adequados a fim de se otimizar o tempo de recuperação do tecido lesionado.

Em decorrência disso, o objetivo desse estudo é analisar a ação do ultrassom terapêutico sobre o

tecido muscular após uma lesão traumática.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi submetida e aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da

UFOPA, sob o protocolo nº 01001/2014 e atendeu às normas internacionais de ética em experimentação

animal. Foram utilizados ratos da espécie Rattus novergicus, machos, adultos, com três a quatro meses de

idade, pesando entre 300 e 350 g, saudáveis e sedentários.

A sequência dos procedimentos da pesquisa foi: indução anestésica tricotomia, trauma muscular,

aplicação da terapia, eutanásia, preparo e análise histológica das lâminas. Inicialmente os animais foram

anestesiados, para isso, a técnica empregada foi o método de injeção intraperitoneal de quetamina (90

mg/kg) e xilazina (10 mg/kg) (CEUA UNINOVE, 2012). Após isso foi feita a tricotomia no membro posterior

do animal.

Para a produção da lesão muscular, foi utilizada a técnica descrita por Mcbrier et al.. (2009).

Consistiu na queda de um cilindro metálico com 267 g, de uma altura de 60 cm sobre região posterior do

membro posterior (esquerdo) do animal. Para isso, foi empregado um equipamento que consiste em uma

plataforma dupla de madeira, transpostas em seu centro por uma peça de policloreto de vinila (PVC). O

animal foi posicionado anestesiado e em decúbito ventral sobre a tábua de base do mecanismo lesional

com o membro esquerdo no centro da porção terminal da peça de PVC. O membro a ser lesionado foi então

posicionado de forma que o músculo gastrocnêmio ficasse voltado para cima. A lesão foi provocada pela

liberação de um cilindro metálico que percorreu o trajeto interior da peça de PVC e atingiu o ventre do

músculo gastrocnêmio do membro dos animais.

Todos foram submetidos a um único trauma e observados durante todo o experimento. Os que

apresentassem sinais macroscópicos de lesão de continuidade na pele ou infecção em decorrência do

trauma seriam retirados da pesquisa.

O tratamento foi iniciado 24 horas após a produção da lesão, com a primeira aplicação, sendo que

as seguintes ocorreram na mesma hora do dia, observado o período de vinte e quatro horas entre as

aplicações. Foram formados grupos experimentais para análise do 2º e 7º dias após o trauma.

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Grupos experimentais:

- Grupo I (Trauma): Lesão;

- Grupo II (US): Lesão + tratamento com US e gel convencional.

Aplicação das terapias

O protocolo de aplicação da terapia se deu: Grupo I (Trauma): Os animais foram submetidos ao

trauma e não receberam nenhum tipo de tratamento; Grupo II (US): Foi utilizado ultrassom terapêutico da

marca Ibramed®, com frequência de 1 MHz, na modalidade pulsado a 20%, com intensidade de 0,6 W/cm²,

duração de pulso de 2 ms, durante 1 minuto. Os parâmetros do ultrassom utilizados na pesquisa foram

baseados no estudo de feito por Camargo (2006), que após comparar diferentes parâmetros, constatou que

este é o mais efetivo para redução do processo inflamatório.

Eutanásia

Os dias de eutanásia dos animais foram: no segundo e no sétimo em decorrência da primeira

semana após a lesão corresponder ao período inflamatório. Dessa forma podem ser analisados os efeitos

iniciais do tratamento no processo inflamatório e fase inicial da recuperação do tecido lesionado (KUMAR et

al., 2010).

A técnica de eutanásia padronizada utilizada neste estudo foi o método de injeção intraperitoneal,

com aplicação de uma superdose (overdose) de pentobarbital sódico duas a três vezes a dose anestésica

(3 x 30 a 50 mg /kg) conforme recomenda a Resolução CFMV n.1000/2012 (CEUA UNINOVE, 2012).

Coleta das amostras e análise histopatológica

Depois de detectada a morte destes animais foi feita retirada cirúrgica do músculo gastrocnêmio. Os

músculos foram acondicionados em recipientes contendo paraformaldeido a 4%, e posteriormente foi feita a

obtenção das amostras através de cortes transversais e então levadas ao laboratório para análise. Para a

análise histológica, as amostras passaram por um processo de desidratação através de 6 banhos de álcool

de 1 hora de duração cada, em concentrações progressivas de 75%, 85%, 95%, 100%, 100% e 100%. Após

a desidratação as amostras foram submetidas à diafanização com dois banhos consecutivos em xilol de 1

hora de duração cada. Na fase seguinte realizou-se a parafinização onde as amostras foram imersas em

cubos de parafina líquida à 75ºC. As amostras foram então agrupadas e após o resfriamento e a

solidificação da parafina o bloco que foi levado ao micrótomo. No micrótomo foram realizados cortes

histológicos na espessura de 05 micrômetros que após a desparafinização foram corados pela técnica da

hematoxilina-eosina (HE), montados com lamínula, analisados ao microscópio óptico comum, fotografados

e analisados.

As amostras foram submetidas a exames microscópicos com avaliações cegas qualitativas e

quantitativas comparadas, observando-se o foco de maior atividade celular para definir o campo

microscópico a ser analisado. A análise histológica qualitativa dos cortes compreendeu parâmetros da

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recuperação tecidual envolvendo: células com núcleo centralizado, fibrose, edema, necrose e infiltrado

inflamatório. A análise quantitativa consistiu na graduação dos componentes teciduais descritos acima em

ausente (grau 0), discreto (grau 1), moderado (grau 2) e intenso (grau 3).

Análise dos dados

Os dados coletados foram registrados e armazenados em planilhas do programa Excel (Microsoft

for Windows® - EUA, versão 2010). Os resultados foram expressos como a média ± erro padrão da média e

analisados empregando-se o teste de Análise de Variância ANOVA one way e teste de Tukey, considerando

o valor de p ≤ 0,05 como nível de significância estatística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A contusão muscular é tipo mais frequente de lesão, ocorre quando o músculo é exposto a uma

forte compressão não penetrante, diretamente sobre o ventre muscular. Esse processo gera ruptura das

miofribilas e um quadro geral de inflamação com formação de hematoma, infiltrado inflamatório, edema e

necrose. O modelo de contusão é um dos métodos mais utilizados pelo fato de ser o mais próximo do que

ocorre com seres humanos, não ser invasivo e poder ser utilizado para avaliar a eficiência de métodos de

tratamento para inflamação e recuperação do tecido muscular como o ultrassom terapêutico, crioterapia e

uso de substâncias anti-inflamatórias (SOUZA; GOTTFRIED, 2013).

A partir da lesão induzida nos animais e o tratamento com o UST constatou-se que dois dias após o

trauma, com uma única aplicação da terapia, o ultrassom terapêutico promoveu menor produção de edema,

necrose, assim como, do infiltrado inflamatório no tecido lesionado quando comparado ao grupo controle

(Figura 1).

Resultado semelhante foi observado por Alfredo et al. (2008), que após fazer uso do UST pulsado

em uma área com incisão cirúrgica no tecido muscular, constatou através de análise microscópica, que

após três dias de tratamento houve regeneração muscular de forma avançada e maior organização do

*

Figura 1. Análise quantitativa dos parâmetros avaliados após uma única aplicação do tratamento. Os resultados estão

expressos em médias ± erro padrão da média, n= 5/grupo. *p < 0,05, **p < 0,01, quando comparados com o grupo controle, ANOVA, seguido de teste Tukey.

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tecido quando comparado ao grupo controle. Já Orellana e Kobayashi (2006), ao analisarem a ação o do

UST 72 h após o tratamento de edema induzido por trauma, verificaram que houve redução significativa do

volume do mesmo quando comparado com o grupo controle.

Estes dados podem ser justificados pela ação biológica do UST, segundo Maia-Filho et al. (2011) ao

penetrarem nos tecidos, as ondas ultrassônicas provocam vibração celular (micromassagem), produzindo o

aumento da permeabilidade da membrana, do movimento das partículas e taxa de fagocitose, acelerando

assim, a velocidade de difusão iônica através dela e consequentemente aceleração do curso normal da

inflamação.

Já no sétimo dia, após seis aplicações de terapia, constatou-se que o grupo apresentava menos

fibrose, edema, necrose e infiltrado inflamatório, quando comparado ao grupo controle (Figura 2). Esses

dados sugerem uma redução do processo inflamatório, em decorrência da aceleração da resolução desta

etapa. A menor quantidade de tecido necrótico desde o segundo dia, associada a aceleração de sua

remoção podem ter contribuído para a menor formação de tecido fibrótico e consequentemente um

processo de recuperação mais eficiente e organizado.

Esse dados corroboram os achados de Matheus et al. (2008), que tratou com UST pulsado por 6

dias ratas submetidas a um trauma muscular, e ao final, foi observado melhora significativa nas

propriedades mecânicas do músculo quando comparado a grupos lesionados e não tratados, sugerindo

aceleração do reparo tecidual.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados, foi constatado que o ultrassom terapêutico nos parâmetros utilizados na

pesquisa otimizou a recuperação do tecido lesionado.

Figura 2. Análise quantitativa dos parâmetros avaliados após seis aplicações do tratamento. Os resultados estão expressos em médias ± erro padrão da média, n= 5/grupo. *p < 0,05, **p < 0,01, quando comparados com o grupo controle, ANOVA, seguido de teste Tukey.

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FISIOTERAPIA E ACESSIBILIDADE: UM LEVANTAMENTO SOBRE ACESSIBILIDADE FÍSICA NO SISTEMA REGULAR DE ENSINO DE SANTARÉM-PARÁ

Camila Gomes da Silva¹; Daliane Ferreira Marinho2

1Fisioterapeuta graduada pela Universidade do Estado do Pará (UEPA); 2Fisioterapeuta especialista em Saúde do Trabalhador, docente da UEPA – Campus XII – Santarém – Pará – Brasil

RESUMO A acessibilidade é fundamental para as pessoas portadoras de necessidades especiais, pois promove qualidade de vida e garantia do exercício da cidadania, como o direito de ir e vir. Com a política de inclusão escolar, que definiu que todas as crianças e adolescentes com deficiências de qualquer natureza, dentre elas as portadoras de deficiências físicas ou com mobilidade reduzida devem estar inclusas na rede regular de ensino, surgiu à necessidade de adaptação desses espaços para receber esse público específico. Este trabalho tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico e a acessibilidade física dos discentes cadeirantes inclusos no sistema regular de ensino do município de Santarém-PA. A amostra da pesquisa foi constituída por 15 alunos, os questionários foram respondidos por seus pais e cuidadores. Nos questionários foram investigadas questões epidemiológicas, como gênero, faixa etária, histórico de saúde e tipo de deficiência, e questões de acessibilidade física escolar. As escolas municipais onde existiam cadeirantes matriculados foram analisadas de acordo com a NBR 9050 de 2004 e por outras leis e regulamentos específicos. Os resultados evidenciaram que as escolas ainda não estão totalmente adaptadas de acordo com as normas brasileiras de acessibilidade física. Os maiores problemas foram encontrados no acesso externo da escola, como ruas e calçadas, e dentro da escola os maiores problemas encontrados foram no acesso interno, como rampas e calçadas, bem como no tamanho dos corredores entre as carteiras nas salas de aula e na altura e disposição dos móveis no ambiente, além dos banheiros que não apresentam adaptações adequadas em sua maioria. Bem como a não existência de alguns espaços, como quadras de esporte e bibliotecas. Verificou-se, portanto, à necessidade de uma política municipal no sentido de promover a acessibilidade física e assim garantir o direito de todos ao acesso e circulação nas dependências das escolas municipais. Palavras chaves: Acessibilidade física. Discentes. Escola.

INTRODUÇÃO

A acessibilidade é altamente importante para as pessoas portadoras de necessidades especiais,

pois promove qualidade de vida e garantia do exercício da cidadania, como o direito de ir e vir. A

dificuldade de acesso e circulação não é somente uma realidade para as pessoas portadoras de

necessidades especiais, como os usuários de cadeiras de rodas, mas também às pessoas com mobilidade

reduzida como idosos, grávidas, deficientes visuais e auditivos (GOMES; FRANCISCO, 2008).

No Brasil, foi criada a lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000, com a finalidade de estabelecer

normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência física ou

com mobilidade reduzida. Contudo a ação de barreiras e de obstáculos nas vias e nos espaços públicos, no

mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios, nos meios de transporte e de comunicação ainda

não foi plenamente alcançada. O que podemos ver são ainda ações isoladas (BRASIL, 2000).

Segundo os dados do IBGE disponíveis através do censo de 2010, 45,6 milhões de pessoas com

deficiências, seja motora, visual, auditiva ou mental. O que corresponde a 24% da população brasileira. Isso

demonstra que uma parte da população ainda encontra-se à margem quando poderia estar atuando em

condições de igualdade dentro do meio social (BRASIL, 2010).

Com a política de inclusão escolar elaborou-se a seguinte problemática: que definiu que a partir de

2010 todas as crianças com deficiências de qualquer natureza, dentre elas as portadoras de deficiências

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físicas ou com mobilidade reduzida devem estar inclusas na rede regular de ensino, surgiu a necessidade

de adaptação desses espaços para receber esse público específico.

Passados três anos desde então, esta pesquisa vem no sentido de fomentar a discussão e

conhecer o perfil epidemiológico das crianças inclusas nas escolas municipais de ensino do município de

Santarém-Pará, formulam-se as seguintes questões: qual o perfil desse público? Quais são suas principais

dificuldades em relação ao nível de acesso físico aos ambientes escolares?

MÉTODOLOGIA

O estudo foi conduzido dentro de uma metodologia de pesquisa quantitativa. Trata-se de um estudo

descritivo e observacional centrado em fatos objetivamente detectáveis e observáveis. Trata-se de um

estudo epidemiológico de caráter transversal, que se deu por meio de aplicação de questionários. Foi

aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da UEPA, sob o protocolo No 650.970.

Amostra

A pesquisa teve como população-alvo 15 (quinze) discentes cadeirantes inclusos no sistema regular

de ensino de Santarém-PA, juntamente com seus pais ou cuidadores que participaram das entrevistas.

Estes foram convidados a participar da pesquisa e esclarecidos quanto aos objetivos da mesma, seu

conteúdo e finalidade. O público-alvo foi sensibilizado e em seguida assinaram o Termo de consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) a fim de participar da pesquisa.

Protocolos utilizados

Inicialmente foi obtida a autorização da Secretaria Municipal de educação (SEMED) para a

realização da pesquisa e as entrevistas foram agendadas mediante o conhecimento e intermediação dos

diretores das escolas municipais onde haviam cadeirantes matriculados, de acordo com o senso da SEMED

disponibilizado previamente aos pesquisadores. Para o levantamento dos dados foram utilizados

questionários pré-montados: um questionário epidemiológico e de histórico de saúde que incluía perguntas

quanto a dados pessoais, de escolaridade dos pais, renda familiar, histórico de saúde materna e dos

alunos, histórico de reabilitação e entre outras, bem como outro questionário de acessibilidade física, que foi

baseado no Manual de Acessibilidade Espacial para escolas do Ministério da Educação e da Secretaria de

Educação Especial e de acordo com a NBR 9050/2004. Este segundo questionário também foi adaptado

para ser aplicado aos discentes. No entanto, todos os questionários acabaram sendo aplicados aos pais

dos discentes, visto que os mesmos em sua totalidade não apresentaram capacidade para responder

sozinhos, visto que não podiam verbalizar ou não queriam responder as perguntas.

Método de análise de dados

Os dados foram tabulados e analisados através software Microsoft Excel/ word 2010 e

apresentados em forma de tabelas, com a análise percentual dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Como cadeirantes matriculados nas escolas municipais de Santarém foram encontrados 24

discentes de acordo como o senso da Secretaria Municipal de Ensino de Santarém (SEMED). Sendo que

desses, 5 não são realmente cadeirantes, pois não utilizam cadeiras de rodas. Assim, o total de cadeirantes

era composto de somente 19 cadeirantes, e destes foram entrevistados apenas 15 estudantes, sendo que

os outros 4 não foram localizados.

A amostra foi constituída por 15 alunos cadeirantes e dentre esses também foram contemplados

todos os alunos cadeirantes, independentemente de apresentarem deficiências múltiplas. Sendo nesse

público a física e mental.

De acordo com os dados obtidos no questionário epidemiológico a faixa etária dos discentes estava

assim distribuída: entre 5 a 11 anos (40%) e entre 12 a 15 anos (60%). Quanto à questão dos dados

financeiros e sociais, 7 pessoas (47%) recebem um salário mínimo, 13 pessoas (87%) recebe ou recebeu

algum auxílio de do governo.

Quanto aos dados de saúde foram relatados 9 discentes (60%) com diagnostico de deficiência física

e 6 pessoas (40%) relataram ter diagnostico de deficiência múltipla, 5 pessoas (30%) foram diagnosticadas

ao nascimento, 6 pessoas (40%) no período de um mês a um ano e 4 pessoas (27%) no período de dois

anos a seis anos da percepção dos sintomas.

Quanto ao histórico de reabilitação, 11 pessoas relataram fazerem Fisioterapia desde o nascimento

até atualmente e 2 pessoas (13%) relataram que fizeram de 1 a 2 anos de idade e 2 pessoas (13%)

disseram que a Fisioterapia foi realizada de 4 a 6 anos.

De acordo com o questionário de acessibilidade física utilizado, preconizado pelo Ministério da

Educação para portadores de necessidades especiais e baseado na NBR 9050/2004, a maioria das escolas

de Santarém não possuía os itens apresentados contidos no questionário, como: salas adaptadas,

banheiros, bibliotecas, auditórios, quadra de esportes, etc.

As salas de aula, 53% dos entrevistados relatou que as carteiras não permitiam à aproximação para

o cadeirante e que o espaço era muito estreito entre o quadro-negro e as carteiras para a circulação e

manobra de cadeira de rodas, o que gera aos mesmo constrangimento e afastamento da escola, pelos

discentes e pelos próprios pais.

Em relação aos corredores, 53% afirmaram que mais da metade da população não tem um corredor

acessível que possibilite a movimentação da cadeira em todas as direções e para efetuar curvas,

demonstrando que as escolas não estão seguindo um padrão totalmente correto na questão de

acessibilidade.

Em relação às calçadas, houveram relatados diversos de setores com falha na pavimentação ou até

mesmo ausência destas (74%).

De acordo com Paulino (2008), em um estudo realizado em escolas, estas também apresentavam

os corredores estreitos e empecilhos, pisos mal conservados, podendo prejudicar na locomoção, o que é

semelhante as escolas municipais de Santarém Pará.

As principais dificuldades foram encontradas nos banheiros, com relatos de ausência de dimensões

físicas adequadas a movimentação da cadeira de rodas e ausência de barras laterais e itens de segurança.

Os banheiros não apresentam lavatórios, vasos sanitários e descargas em altura adequada, (67%) das

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pessoas relataram não apresentar estes itens adaptados, mostrando-se que as escolas de Santarém não

estão totalmente seguindo o padrão da NBR 9050.

Alguns itens presentes no questionário elaborado pelo MEC estavam ausentes na grande maioria

das escolas, como bibliotecas (40%), sala de recurso multifuncional (40%) e quadras de esporte (100%). Na

ausência destes, demais perguntas do questionário não foram realizadas.

As bibliotecas nas escolas que existiam apresentam prateleiras muito altas para o alcance dos

livros. E 40% das pessoas relataram não ter prateleiras, dificultando o empréstimo para os cadeirantes.

As escolas municipais de Santarém (47%) não apresentam parada de ônibus acessíveis próximo à

entrada da escola, dificultando a chegada e acesso até a escola para os cadeirantes. As vias, (47%) não

apresentam alargamentos à para possibilitar o embarque e desembarque das pessoas, podendo ocasionar

até um acidente, pois além de não ser alargada, ocasiona à dificuldade de atravessar e chegar até a escola

e demostrando que o município de Santarém no item escola, ainda não está totalmente adaptado e

preparado para receber este público.

A ABNT, NBR 9050, aponta que nas esquinas e travessias de pedestres deve haver rebaixos de

meio-fio e rampas ou faixa de travessia elevada, de modo que a rota acessível não seja interrompida.

Existem vários tipos de rebaixo de meio-fio para travessia de pedestres, os quais devem ser escolhidos de

acordo com as características da via e da calçada (ABNT, 2004).

De acordo com a NBR 14022, todo ponto de parada acessível deve obedecer aos padrões e

critérios de acessibilidade. Recomenda-se que em todos os pontos de parada acessíveis sejam previstos

assentos para pessoas com mobilidade reduzida. O piso deve ser regular, firme, estável e antiderrapante

sob qualquer condição climática (NBR 14022,1997).

Sendo assim, os resultados apontam que as escolas municipais de Santarém- Pará, de acordo com

a NBR 14022 e os dados coletados, não estão seguindo o padrão da norma, o que prejudica o acesso das

pessoas portadoras de necessidade especial e com mobilidade reduzida. Não existindo paradas de ônibus

acessíveis (NBR 14022,1997).

Em um estudo de Remião (2012) a entrada de um cadeirante na escola estudada era bastante

difícil, pois a rua era sem pavimentação e tinha buracos, não plana e possuia declives, o que também foi

observado em algumas escolas do município de Santarém Pará. Em inconformidade com a NBR

9050/2004.

Os dados coletados demonstram que as escolas do município de Santarém-Pará ainda precisam

seguir os critérios da ABNT, e se basear na LEI 10.098. Nessa questão o objetivo é focar os pontos dos

semáforos e rebaixamento nas calçadas para a passagem deste público em questão. Demonstrando assim

o déficit de acessibilidade. Nas escolas foi observado que ainda faltam muitos pontos de acessibilidade,

sendo as travessias muito difíceis. Assim, as adaptações sugeridas são o rebaixamento de meio fio, faixas e

rampas de pedestres elevadas, ajudando assim para uma travessia segura, não só para os cadeirantes,

como para deficientes visuais, pessoas que andam com auxílio de muletas e etc.

Foram observados outros problemas também na circulação externa, como: em rampas de acessos

localizados dentro da instituição que foram relatadas a presença de buracos ou irregularidades do piso que

segundo os entrevistados acarretavam dificuldades ou até mesmo impossibilitavam o trânsito dos discentes

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cadeirantes. A maioria das ruas de acesso as escolas foram descritas como em condições precárias,

dificultando ou até mesmo impossibilitando o trânsito dos cadeirantes e em 100% dos relatos não existem

estacionamentos com vagas privativas para deficientes.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que as escolas ainda não estão adaptadas de acordo com a NBR 9050/2004.

Apesar de vários prédios dessas escolas terem sido construídos ou reformados após a edição da norma, ou

seja, após 2004. Os mesmos encontram-se com diversas inadequações referentes à acessibilidade

prescrita por aquela norma e por outras leis e regulamentos do MEC. Sendo assim, as escolas municipais

de Santarém-Pará não estão aptas para receber adequadamente e com segurança os discentes

cadeirantes.

Sugere-se a implementação de uma política municipal no sentido de promover a acessibilidade

escolar garantindo o direito de todos ao acesso e circulação às dependências das escolas municipais de

Santarém-Pará. E que o fisioterapeuta enquanto profissional da saúde competente participe da elaboração

e implementação dessa política dentro do âmbito municipal.

No entanto, sugerem-se estudos adicionais quanto à acessibilidade arquitetônica, pedagógica e

funcional dos educandos, bem como direcionados para educandos com outras classificações de

deficiências a fim de ter o conhecimento mais amplo sobre a temática no município e assim direcionar

adequadamente as ações de tal política municipal sugerida.

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LEVANTAMENTO QUANTO A SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DE TRABALHADORES DA SAÚDE ATUANTES EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PARÁ Daliane Ferreira Marinho1, Elizabeth Willott Pereira1, Monique Natalle Silva Pereira1, Thalyanne Evelyn do Amaral Siqueira1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará (CCBS/UEPA). Campus XII - Santarém - Pará, Brasil. RESUMO Assim como outras categorias de trabalhadores, os profissionais da saúde estão sujeitos a diversos riscos em seus ambientes de trabalho. Apesar disso, estes profissionais que estão diretamente ligados aos cuidados com a saúde da população são os que menos se beneficiam dessa atenção. Tanto que nos últimos anos tem se intensificado as políticas de atenção a saúde ocupacional dos trabalhadores da área da saúde. Através de estratégias diversas, que vão desde campanhas educativas até inclusive a maior cobrança a observância da gestão quanto à legislação trabalhista específica. Dentre os riscos a que estão expostos o risco ergonômico talvez seja o mais negligenciado, o que pode ser observado pelo aumento do aparecimento de doenças osteomioarticulares relacionadas ao trabalho (DORT) nessa população. Através dessa pesquisa pretendeu-se fazer um levantamento quanto à qualidade de vida no trabalho e a saúde osteomioarticular dos trabalhadores da saúde de Santarém, a fim de se obter dados indicativos quanto a situação atual da saúde dessa população trabalhadora. Para tanto foram observados todos os preceitos éticos quanto à realização de pesquisas envolvendo seres humanos. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados o Questionário de qualidade de vida no trabalho (QWLQ-78) e o Questionário Nórdico de sintomas osteomusculares (QNSO). A amostra foi composta por 52 profissionais da saúde de diversas áreas, que atuavam em seis unidades básicas de saúde da área urbana do município de Santarém. Quanto aos dados coletados, no QNSO, a região superior das costas foi a mais citada como local de problemas osteomusculares nos últimos 12 meses (23) e nos últimos 7 dias (16). Os motivos de impedimento para realizar atividades normais, nos últimos 12 meses mais citados foram os distúrbios na região de punho/Mão (11) e a região mais citada como aquela na qual o participante já realizou consulta a um profissional da saúde, nos últimos 12 meses, foi a dos cotovelos (36). Em relação aos dados coletados com o QWLQ-78, em todos os cinco domínios, a qualidade de vida dos participantes foi considerada “insatisfatória”. Para o domínio físico e saúde (40,3), domínio psicológico (39,3), domínio pessoal (38,5) e domínio profissional (38,4). Concluiu-se que a saúde ocupacional dos servidores da saúde apresentou um fator de risco considerável para o desenvolvimento de doenças ocupacionais, necessitando de intervenção preventiva o mais rápido possível. O que demonstrou a necessidade de maior atenção com a saúde desses profissionais a fim de garantir também a boa qualidade do atendimento prestado por eles aos usuários do SUS. Palavras-Chave: Saúde do trabalhador. Qualidade de Vida. DORT.

INTRODUÇÃO

O ser humano tem buscado como regras simples, maneiras para se obter uma vida mais

satisfatória. Entretanto, tal proeza não pode ser alcançada através de atitudes metódicas. Um exemplo

desse anseio é a busca pela qualidade de vida. Alcançá-la vem se tornando a grande ambição do ser

humano, que busca tudo que possa proporcionar maior bem estar e o equilíbrio físico, psíquico e social

(ALVES, 2011).

Para Alves (2011) a busca da qualidade de vida é encontrada em todos os setores da vida dos

seres humanos, como por exemplo, em sua vida profissional. Em especial aos trabalhadores da saúde o

autor relata que cada vez mais o mercado de trabalho se torna mais competitivo e como fruto do processo

acelerado da globalização, interpreta o trabalhador como uma potência movida pelo comprometimento e

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motivação e exige que o mesmo desempenhe cada vez melhor seus deveres, mas para isso é necessário à

manutenção da qualidade de vida desse trabalhador.

Cavalcante et al. (2008) ressaltam a existência tanto de desgaste físico quanto mental em todo

processo de trabalho. Os autores apontam o investimento na melhora da qualidade de vida dos

trabalhadores como um ponto de influência positiva em diversos fatores como na maior motivação e

disposição no desempenho não apenas das funções de trabalho como também melhorias nas relações

interpessoais no ambiente de trabalho e na própria relação consigo mesmo.

Segundo Limas, Aquilas e Junior (2009), uma forma de melhorar a qualidade de vida do trabalhador

são os exercícios físicos que podem ser desenvolvidos no próprio local de trabalho. Para os autores o

programa de exercícios feitos de forma adequada interfere positivamente na melhoria da qualidade de vida

dos trabalhadores, uma vez que diminuem a ocorrência de desconfortos musculoesqueléticos como dores e

lesões além de trazer benefícios para a saúde mental do trabalhador, como bom humor e vitalidade.

Ferreira e Santos (2013) citam a ginástica laboral como uma modalidade de exercício físico que

pode ser utilizada na saúde do trabalhador para a manutenção das condições físicas, posturais,

comportamentais e socioculturais. Os autores dividem a mesma em preparatória, compensatória, relaxante,

corretiva e ginástica de manutenção e ressaltam que a ginástica laboral funciona como um instrumento que

acarreta benefícios não somente para a produção da própria empresa pela melhora no ânimo do

trabalhador, por exemplo, mas a ginástica traz melhorias para o próprio trabalhador, como: melhora na auto-

estima, na postura, na relação com os colegas de trabalho, na disposição, diminuição de dores e ainda

auxilia na prevenção das Doenças Relacionadas ao Trabalho (DORT).

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo principal levantar situações quanto à qualidade de vida

no trabalho e a presença de sintomas osteomusculares, bem como proporcionar aos profissionais da saúde

de seis UBS’s da área urbana do município de Santarém-PA orientações ergonômicas, de promoção a

saúde e qualidade de vida e saúde laboral.

METODOLOGIA

Amostra

O estudo contou com a amostra de 52 profissionais da saúde atuantes em seis Unidades Básicas

de Saúde da área urbana do município de Santarém, das mais diversas categorias de profissionais da

saúde. Ocorreu nas dependências das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), situadas na zona urbana de

Santarém e próximas a Universidade do Estado do Pará – Campus XII Santarém. Sendo elas: UBS de

Santa Clara, UBS de Fátima, UBS de Aparecida/Caranazal, UBS do Jardim Santarém e UBS Mapirí. O

estudo foi feito após autorização do gestor da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA).

Protocolos utilizados

Para o levantamento dos dados foram aplicados dois questionários: os Questionários de qualidade

de vida no trabalho (QWLQ-78) e Questionário nórdico de sintomas osteomusculares (QNSO).

O QWLQ-78 é um questionário composto de quatro domínios, e tem por objetivo avaliar a qualidade

de vida no trabalho de múltiplas formas. Os domínios físico/saúde são compostos por 17 questões, o

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domínio psicológico por 10 questões, o domínio pessoal por 16 questões e o profissional por 35 questões,

totalizando 78 questões. A avaliação dos resultados foi feita através da avaliação da média separada dos

domínios com base num score de classificação sugerido por Reis Junior (2008) e com discreta adaptação

para esta pesquisa, conforme quadro comparativo abaixo (quadro 1).

Quadro 1. Score de classificação. Classificação Muito insatisfatório Insatisfatório Neutro Satisfatório Muito satisfatório

REIS JUNIOR (2008) 0 e 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100

Adaptação 0 e 22,5 22,6 a 45 46 a 55 56 a 77,5 77,6 a 100

Fonte: Reis Junior (2008); Autor (2013).

O QNSO foi validado em sua versão brasileira do Nordic Musculoskeletal Questionnaire – NMQ

(Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares – QNSO) por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002).

Este questionário visa padronizar o relato de sintomas osteomusculares. Para tanto utiliza um desenho

representativo do esquema corporal onde segmenta o corpo em áreas específicas e utiliza quatro perguntas

quanto a existência e localização de sintomas osteomusculares nos últimos 7 dias e nos últimos 12 meses,

a fim de facilitar a comparação dos resultados. Este questionário não tem o objetivo de realizar diagnóstico

clínico, apenas serve para identificação dos distúrbios e consequentemente dos ambientes de trabalho.

Em um primeiro momento realizou-se a sensibilização do público-alvo e em seguida os participantes

foram orientados e responderam os questionários.

Método de análise de dados

Os dados obtidos foram analisados de forma quantitativa e organizados e processados mediante a

utilização da estatística descritiva (frequência absoluta e relativa) através do programa Excel (Office 2013).

RESULTADOS

Este estudo foi formado por 52 profissionais de saúde de diversas categorias profissionais atuantes

em seis Unidades Básicas de Saúde (UBS) na área urbana no município de Santarém-Pa.

Com relação ao Questionário de avaliação da qualidade de vida no trabalho (QWLQ-78), os dados

obtidos no domínio físico e saúde, totalizou 40,3, domínio psicológico 39,3, domínio pessoal 38,5 e domínio

profissional 38,4, refletindo em uma qualidade de vida considerada “insatisfatória” em todos os cinco

domínios (Quadro 2).

Quadro 2. Resultados do QWLQ-78.

QWLQ-78

Domínios Média Resultado

Domínio físico e saúde 40,3

Insatisfatório Domínio psicológico 39,3

Domínio pessoal 38,5

Domínio profissional 38,4

Fonte: Autor (2013).

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No Questionário nórdico de sintomas osteomusculares (QNSO) a região superior das costas foi a

mais citada como local de problemas osteomusculares nos últimos 12 meses, com 44,23% das respostas, e

nos últimos 7 dias, totalizando 30,76%. Os motivos de impedimento para realizar atividades normais nos

últimos 12 meses mais citados foram os distúrbios na região de punho/mão, 21,15%, e a região mais citada

como aquela pelo qual o participante já realizou consulta a um profissional da saúde nos últimos 12 meses

foi a dos cotovelos, 69,23% (Quadro 3).

Quadro 3. Resultados do QNSO.

QNSO

Perguntas Áreas mais citadas

1. Nos últimos 12 meses você teve problemas como (dor, formigamento/dormência) em:

Região superior das costas (44,23%)

2. Nos últimos 12 meses você foi impedido de realizar atividades normais (trabalho, atividades domésticas e de lazer) por causa desses problemas em:

Punho/mão (21,15%)

3. Nos últimos 12 meses você consultou algum profissional da área da saúde (médico, fisioterapeuta) por causa dessa condição em:

Cotovelos (69,23%)

4. Nos últimos 7 dias você teve algum problema em: Região superior das costas (30,76%)

Fonte: Autor (2013).

DISCUSSÃO

Os profissionais de saúde tem uma atividade laboral que demanda esforço físico, posturas

inadequadas e repetitivas que associados ao estresse mental sofrido diariamente e a carga horária de

trabalho elevado podem ser considerados um fator de risco para LER/DORT. Além disso, é caracterizada

como uma atividade de alto risco de estresse e adoecimento por sua carga horária elevada e grande

responsabilidade, causando inúmeros afastamentos de trabalho (LELIS et al., 2012).

Neste sentido a presente pesquisa apontou que, quanto à prevalência de dor musculoesquelética,

44, 23% dos profissionais da saúde relataram dor na região cervical nos últimos 12 meses e 30, 76% nos

últimos 7 dias, o que difere da maioria dos estudos em que os trabalhadores referiram maiores queixas

álgicas na região lombar. Um estudo de Murofuse (2004) mostrou que a segunda maior causa de

adoecimentos de enfermeiros em um hospital minero foi de ordem musculoesquelética sendo que a maioria

das queixas foram na região lombar (71,5%), seguido de dores no pescoço (68%), ombros (62,3%) e pernas

(54,6%).

Outro estudo realizado com técnicos de enfermagem e enfermeiros também evidenciou que os

sintomas osteomusculares mais frequentes entre os trabalhadores de um hospital apresentaram-se na

região lombar e cervical, respectivamente nos 12 últimos meses e 7 dias após a coleta de dados. Outro

estudo realizado com enfermeiros nigerianos mostrou que os mesmos apresentaram grande proporção de

desconfortos musculoesqueléticos mais frequentes na região da coluna lombar (TINUBU, 2010; MONTOYA,

2008).

Na presente pesquisa, também pode ser constatada que entre os motivos mais citados para realizar

as atividades laborais normais nos últimos 12 meses foram os distúrbios na região de punho ou mão e a

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região mais citada como aquela pelo qual o participante já realizou consulta a um profissional da saúde nos

últimos 12 meses foi a dos cotovelos. Tais resultados corroboram com estudos de Alencar, Schultze e

Souza (2010) que evidenciaram que o grande quantitativo de licenças de saúde entre os profissionais da

área de enfermagem acontecem por conta de lesões musculoesqueléticas como cervicalgia, lombalgia,

tendinites e tenossinovites.

Outro estudo apontou que estes profissionais são, geralmente, acometidos por cervicalgias e

síndrome do túnel do carpo. Estes resultados mostram que tais profissionais apresentam bastante

comprometimento de membro superior devido ao cuidado direto com o paciente. Distúrbios

osteomioarticulares encontrados nestas pesquisas como pescoço, ombro ou parte alta do dorso e em região

lombar podem ser associados è demanda física, psicossocial e condicionamento físico destes profissionais.

(FREITAS et al., 2005; FONSECA; FERNANDES, 2010; VARELA; FERREIRA, 2004)

Em relação à qualidade de vida, todos os domínios mostraram-se insatisfatórios demonstrando um

descontentamento com sua qualidade de vida no trabalho. O domínio físico avalia aspectos como qualidade

do sono, qualidade da alimentação, sensação de cansaço, conforto, doenças crônicas, atividade física e

satisfação em relação às suas necessidades básicas fisiológicas. Segundo Nahas (2001), o estresse

representa um fator importante neste domínio, pois sintomas como cefaléias, dores na região lombar e

outros quadros álgicos poderiam diminuir a concentração e, portanto, diminuir sua qualidade de vida.

Já o domínio profissional aborda aspectos e atitudes organizacionais que podem afetar,

diretamente, a qualidade de vida do trabalhador. O domínio psicológico aborda todos os aspectos

relacionados á satisfação pessoal, motivação do trabalho e autoestima dos colaboradores e o domínio

pessoal que aborda os aspectos familiares, relacionamento com os colegas, crenças pessoais e culturais

que influenciam no trabalho e na integração social dos colaboradores (MEDEIROS, 2012; REIS JUNIOR,

2008).

Os resultados não satisfatórios podem ser explicados pelas condições inadequadas de trabalho em

que estes profissionais trabalham. Além de árduo e repetitivo podem provocar lesões irreversíveis. Devido

aos prejuízos que estas doenças acarretam a promoção e a prevenção e a ginástica ou cinesioterapia

laboral é apontada como um dos principais auxiliadores neste processo (BARBOSA et al., 2008).

CONCLUSÃO

Através da pesquisa realizada foi possível analisar que no trabalho desenvolvido pelos profissionais

da saúde das UBS de Santarém as situações quanto à qualidade de vida no trabalho e a presença de

sintomas osteomusculares representam um fator de risco considerável para o desenvolvimento de doenças

ocupacionais, necessitando de intervenção preventiva o mais rápido possível. O que demonstrou a

necessidade de maior atenção com a saúde desses profissionais a fim de garantir também a boa qualidade

do atendimento prestado por eles aos usuários do SUS.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALENCAR, M. C.; SCHULTZE, V.M., DE SOUZA; S.D. Musculoskeletal disorders and the care work of elderly in institutions. Fisioterapia em Movimento. v. 23, n 1, p. 63-72. 2010. Disponível em: <

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O COTIDIANO EM UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA: OCUPAÇÕES, CULTURA E QUALIDADE DO VIVER

Luana Teixeira Pereira1; Layara Sarges Siqueira2; Otávio Augusto de Aráujo Costa Folha3

1Residente de Terapia Ocupacional em Traumatologia e Ortopedia, Santarém, Pará, Brasil; 2Terapeuta Ocupacional. 3Docente de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará RESUMO Os seres humanos são ocupacionais, pois o envolvimento em ocupações constituí seu cotidiano. Diversos estudos hoje, no âmbito da Terapia Ocupacional e da Ciência da Ocupação, buscam investigar a influencia das ocupações na saúde, qualidade do viver e participação das pessoas na sociedade. No entanto, não há relatos sobre esta associação em comunidades tradicionais como as populações ribeirinhas da região amazônica. Sendo assim, o presente estudo buscou verificar a relação entre as ocupações de homens e mulheres de uma comunidade ribeirinha e sua qualidade do viver. Para tanto, foram realizadas entrevistas e aplicados questionários semi-estruturados com moradores da Ilha do Combú, Pará, no intuito de compreender suas percepções sobre qualidade do viver e caracterizar suas ocupações cotidianas. Os dados resultantes da pesquisa mostraram que as ocupações de homens e mulheres ribeirinhos são fortemente influenciadas pelo fator cultural, bem como pela natureza e ambiente em que vivem. Identificamos ainda, que os ribeirinhos apresentam, de maneira geral, um elevado nível de satisfação com o seu modo de viver na Ilha. Para eles, viver bem está diretamente ligado ao relacionamento que estabelecem uns com os outros e com o lugar em que vivem. Os dados quantitativos e qualitativos apontam também para a necessidade de ofertas de serviços de terapia ocupacional a essas populações, que por sua vez, devem levar em consideração as peculiaridades, valores culturais e o significado que os ribeirinhos atribuem às ocupações que desempenham. Palavras-Chave: Ocupações. Populações Ribeirinhas. Qualidade de Vida. Terapia Ocupacional

INTRODUÇÃO

Os povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente diferenciados, que possuem formas

próprias de organização social, e ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua

reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas

gerados e transmitidos pela tradição (BRASIL, 2007). Dentre deste grupo, destacam-se as comunidades

ribeirinhas presentes na região Amazônica.

As comunidades ribeirinhas apresentam um estilo de vida original e peculiar. São populações que

vivem na região Amazônica, em áreas próximas às áreas dos rios e seus muitos afluentes. Constituem-se

como grupos sociais específicos que estabelecem uma complexa relação com a natureza e seus ciclos, por

meio do uso sustentável dos recursos naturais, para a subsistência própria, da família e da comunidade

(CHAVES, SIMONETTI, LIMA, 2008).

Desse modo é pertinente conhecer o cotidiano dos povos ribeirinhos, isto é desvelar seu dia-a-dia,

sua rotina ocupacional, os traços culturais presentes nela e como esses elementos podem contribuir para

qualidade do viver dos mesmos. Embora seja bastante difundido na literatura o termo qualidade de vida,

nesta pesquisa, optou-se utilizar o termo qualidade do viver, pois de acordo com Alves, Souza, D’Agostini

(2013), este está ligado à aspectos mais subjetivos da satisfação no viver, como o significado e sua relação

com o ambiente.

Os ribeirinhos, ao longo de seu processo histórico de formação, foram constituídos, essencialmente,

por grupos indígenas, imigrantes portugueses, nordestinos e populações negras. Estas populações com

suas culturas, por sua vez, influenciaram diretamente na forma de organização social e cultural das

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comunidades ribeirinhas (BATISTA, 2011). Ao longo deste processo, as populações ribeirinhas adquiriram

valores e padrões de comportamento1 originários de diferentes culturas, principalmente, sua relação com a

natureza (CHAVES, SIMONETTI, LIMA, 2008). Na maioria dos casos, como nos povos ribeirinhos da

Amazônia, a principal forma de trabalho é a atividade agrícola e extrativista, voltada para a subsistência

familiar (DERGAN, 2006).

Sendo assim, a economia nessas comunidades não se caracteriza segundo a lógica do acúmulo de

capital, uma vez que ela se sustenta em bases predominantemente de subsistência, onde a solidariedade e

a cooperação constituem seus principais marcos. No entanto, é importante ressaltar que as relações sociais

de produção dos ribeirinhos são marcadas por peculiares condições de trabalho. Estes se encontram

submetidos a longas jornadas de trabalho, a extensas caminhadas e utilizam instrumentos de trabalhos

predominantemente manuais, que exigem bastante esforço físico e psicológico (OLIVEIRA, 2008).

Outro aspecto importante das comunidades ribeirinhas diz respeito às ocupações desempenhadas

por seus habitantes. É por meio delas que a população ribeirinha desvela sua cultura. Esse fato caracteriza

a vida cotidiana desta população (BATISTA, 2011). Os ribeirinhos possuem uma rotina característica do

espaço em que vivem: baldeiam água, lavam a roupa no rio, cuidam da casa, trabalham para o sustento da

família, entre outros aspectos (FERREIRA, BORDESTI, 2009). Essa rotina é definida por Oliveira (2008),

como cheia de valor e significado para os ribeirinhos, uma vez que se constitui como fator estruturante que

garante tranquilidade e segurança a essa população.

Esse processo reflete a cultura desse povo, o seu modo de ser, de viver, de se relacionar, de se

comportar e de produzir conhecimento (CHAVES, SIMONETTI, LIMA, 2008). Para Harris (apud Afonso,

2011) o modo de vida dos ribeirinhos encontra-se integrado pela agricultura e extrativismo vegetal ou

animal, vivendo em função da floresta e dos rios. Apresentam dessa forma, forte relação com os

ecossistemas em que vivem, demonstrando uma relação simbiótica com a natureza, seus ciclos e sua

dinâmica.

Neste contexto, pode-se exemplificar a cultura, como um aspecto das sociedades humanas que

permeia a qualidade do viver, uma vez que por meio dela o indivíduo pode perceber a si, podendo fazer

reflexões sobre seu modo de vida, bem como pode se perceber como pertencente a um grupo, no qual

compartilham valores e crenças (MEDEIROS et al., 2007).

A cultura é um conjunto de princípios sejam explícitos ou implícitos, os quais são herdados por

indivíduos membros de uma sociedade. Estes princípios norteiam o ser humano em seus comportamentos,

crenças2, valores, etc (HELMAN, 2003)

Dois elementos, portanto, marcam o modo de vida ribeirinho amazônico: a tradição e a dinâmica da

natureza. Os movimentos cíclicos da natureza como as estações do ano e as marés orientam e determinam

os fenômenos sociais. E nesse sentido, as ações rotineiras dos ribeirinhos se repetem ciclicamente, assim

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como os movimentos das marés (enchentes e vazantes) passando a regular os horários e

consequentemente os comportamentos dos moradores (CRUZ, 2008 apud AFONSO, 2011).

Além disso, o ambiente físico e cultural descrito é experienciado e ordenado pelo ribeirinho, com

uma divisão clara entre os gêneros. A população parece garantir a coesão social, dividindo tarefas, papéis

expectativas entre homens e mulheres. Assim, mulheres costumam desenvolver afazeres centralizados na

casa e no cuidado com os filhos, enquanto os homens são responsáveis pela subsistência, e, portanto

desempenham a maior parte de suas atividades fora de casa. Segundo os autores, essa divisão de tarefas

está associada aos diferentes status sociais estabelecidos na cultura da comunidade de modo que os

homens são detentores de maior poder (SILVA et al., 2011).

Essa determinação de papéis, por sua vez, é repassada aos filhos. Desta maneira, os filhos mais

velhos se tornam responsáveis pelo apoio aos seus progenitores nas tarefas que executam, dependendo do

gênero a que pertença. As meninas, portanto, aprendem muito cedo a exercer atividades relacionadas às

tarefas de suas mães e os meninos a exercer atividades relacionadas às tarefas de seus pais (SILVA et al..

B, 2010).

Os estudos acima mencionados são importantes para compreender possíveis relações entre

ocupações e qualidade do viver, bem como da importância dos aspectos culturais sobre os fazer cotidianos

no contexto ribeirinhos. Além disso, subsidiaram o transcurso metodológico desenvolvido nesta pesquisa,

bem como foram articulados aos dados obtidos na investigação.

METODOLOGIA

Este estudo é parte de uma pesquisa “Ocupações e Qualidade do Viver: Análise de uma

Comunidade Ribeirinha” de uma Tese de Conclusão do Curso de Terapia Ocupacional na Universidade do

Estado do Pará, Campus II, Belém, Pará.’ Neste artigo será abordado acerca das ocupações desenvolvidas

pelos ribeirinhos, o que elas refletem acerca da cultura e como contribuem para qualidade do viver.

No presente projeto utilizou-se uma abordagem quanti-qualitativa, com enfoque descritivo e

transversal. A perspectiva quantitativa foi utilizada para descrever por meio da distribuição de frequências

as ocupações desenvolvidas pelos participantes da pesquisa. Esta abordagem permitiu a organização e

visualização dos dados de acordo com sua ocorrência em tabelas, gráficos, etc (APPOLINÁRIO, 2006).

A abordagem qualitativa por sua vez permitiu compreender os significados que os participantes da

pesquisa atribuem a determinado fenômeno, possibilitando uma leitura sistemática e compreensiva de seu

contexto sócio-histórico. Além disso, permitiu a categorização das percepções dos sujeitos a posteriori em

unidades de significação que desvendaram singularidades e generalidades no campo de produção de

conhecimento sobre tema (APPOLINÁRIO, 2006; TURATO, 2005).

O enfoque descritivo permitiu a descrição de características da população possibilitando o

desenvolvimento de associações dos dados coletados (GIL, 2007), enquanto que o enfoque transversal foi

caracterizado pela coleta de informações em um único ponto no tempo para posterior a associação entre as

respostas obtidas (GIOLO, 2007).

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Amostra

Esta pesquisa ocorreu na Ilha do Combú, uma ilha de Belém-PA, nas áreas do Igarapé Combú,

margem do Rio Guamá, Igarapé do Piriquitaquara e Furo da Paciência. Esta comunidade ribeirinha está

localizada entre os inúmeros espaços insulares do município de Belém. Está situada ao sul da cidade, às

margens do rio Guamá, ao norte, e circundada ao sul pelo furo São Benedito.

O delineamento metodológico consistiu na revisão de literatura acerca dos estudos sobre ocupação,

qualidade do viver e populações ribeirinhas. Este levantamento foi feito em bases de dados, periódicos

científicos, livros, teses e dissertações, anais de congressos, sítios da internet, etc. A etapa posterior foi

constituída da pesquisa de campo, por meio da aplicação de questionários e da entrevista com os

participantes da pesquisa. Na última etapa, os dados foram analisados e articulados com a produção de

conhecimento do campo.

Além disso, no que cerne os participantes da pesquisa dados da Secretaria Municipal de Saúde de

Belém (SESMA) indicam que o número de famílias presentes nas comunidades dispostas na Ilha do Combu

é de 567, totalizando 2102 habitantes. Abordou-se 23 famílias (6,76%) da região. Este número é

aproximado a outras investigações na região (REIS et al., 2012; SILVA, 2006). Por conseguinte, abordou-

se, de forma aleatória, homens e mulheres maiores de 18 anos, mediante critérios de inclusão como:

disponibilidade, faculdades mentais preservadas e interesse em participar da pesquisa. Optou-se por tais

localidades, em virtude da viabilidade de infraestrutura e transporte para chegar à casa dos moradores.

Protocolos Utilizados

Os questionários utilizados foram: Questionário Sócio-demográfico, contendo questionamentos

acerca da vida cotidiana dos participantes da pesquisa, sendo que foram lidos os elementos constituintes do

questionário (nome, idade, gênero, estado civil, religião, renda, etc.) e os participantes ficaram à vontade

para responder às questões. O Questionário Sócio-demográfico foi elaborado pelos pesquisadores, os quais

tomaram como base o Inventário Sócio Demográfico (ISD), instrumento já anteriormente utilizado em uma

comunidade ribeirinha amazônica (AFONSO, 2011). Este questionário está dividido em 6 itens os quais vão

desde a identificação pessoal do sujeito pesquisado até a caracterização do seu sistema familiar (AFONSO,

2011).

Em seguida usou-se o Questionário sobre Ocupações e Uso do Tempo, o qual foi baseado no

Questionário de Rotina Familiar, instrumento usado em uma pesquisa realizada por Silva et al. (2010) para

investigar a rotina de famílias ribeirinhas, e no instrumento Daily Occupational Perfomance (IKIUGU, 2007),

utilizado para averiguar as ocupações desenvolvidas por sujeitos. Sendo o questionário, cujo os dados será

mais evidenciados.

Este questionário, é composto por questões que visam identificar o envolvimento das pessoas em

ocupações, o período do dia, o lugar onde ela ocorre e se o indivíduo estava acompanhado de alguém.

Além disso, busca identificar a satisfação do indivíduo ao realizar a ocupação referida, que foi medida

através de uma escala psicométrica Likert, usada comumente em questionários. É uma escala de simples

construção e oportuniza aos seus respondentes expressar sua verdadeira opinião, permitindo organizar de

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forma crescente a resposta do sujeito de acordo com sua magnitude (Ex: de 1 a 5, por exemplo) (ALMEIDA

et al., 2012).

Além destes instrumentos, em virtude de tratar-se um estudo descritivo, baseado na compreensão

das pessoas acerca das ocupações em seu cotidiano, optamos por compreender o que as pessoas

entendem como qualidade do viver. Portanto, foi proposta uma pergunta aberta ao final do questionário.

O presente estudo foi aprovado no Comitê de Ética (Parecer N° 498.079) Todos os participantes

foram abordados, respeitando as normas de pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução n° 466/ 2012)

do Conselho Nacional de Saúde. Antes de iniciar a coleta de dados, os participantes foram e esclarecidos e

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido –TCLE.

Os dados obtidos por meio dos Questionários Sócio demográfico e de Ocupações e Uso do Tempo

foram tabulados e categorizados à posteriori por meio da distribuição das frequências de acordo com a

ocorrências das variáveis analisadas.

Os dados obtidos através da pergunta aberta foram sistematizados e categorizados, permitindo a

identificação e visualização de singularidades e generalidades nas percepções dos sujeitos (GOMES,

1994).

Os sujeitos a serem mencionados, terão nomes de lendas amazônicas como forma de preservar

identidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o processo de Coleta de dados foi separada as informações obtidas dividindo

didaticamente as ocupações com base na Classificação da Associação Americana de Terapia Ocupacional

(2010) que divide estas em: AIVD, AVD, Trabalho, Brincar, Lazer, Descanso e Dormir, Educação E

participação Social, e acrescentou-se o tópico ócio para descrever momentos apontados pelos sujeitos, os

quais não realizavam nenhuma ocupação descrita anteriormente (“não tinha o que fazer”). Sendo assim os

dados obtidos, que referem-se à algumas ocupações apontadas e consideradas mais relevantes para

discussão, são mostrados no quadro abaixo:

Ocupações AVD’s AIVD’s Trabalho Lazer Educação Part. Social Ócio

Homens e Mulheres 30,06% 32,91% 7,91% 10,44% 0,86% 1,26% 2,53%

Observou-se assim que as ocupações mais realizadas foram as Atividades de Vida Diária, que se

voltam principalmente para a alimentação e as Atividades Instrumentais de Vida Dária que se voltam para o

preparo de refeições e o gerenciamento das atividades do lar. Esses dados configuram a relação que os

ribeirinhos estabelecem com a família, baseados em uma estrutura socioeconômica voltada para o

extrativismo, pesca, a fim de possibilitar o cuidado e a sobrevivência de seus membros (SILVA, 2009).

Outro ponto observado foi a importância que o trabalho estabelece para o cotidiano dessas

comunidades, principalmente os homens que possuem o papel ocupacional de provedor do sustento da

casa, determinado pelos hábitos e culturas locais (SIQUEIRA; PEREIRA, 2014). Cabe acrescentar que

dentre as ocupações realizadas somente por homens, aproximadamente 21% se referiam ao trabalho,

enquanto que esta ocupação para as mulheres referia-se aproximadamente, 3%. Esses valores

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representam uma nítida diferença de papéis de gênero, tão característica culturalmente nas comunidades

ribeirinhas.

No que diz respeito ao lazer, observou-se que consiste no hábito de assistir televisão

majoritariamente e de preferência a noite, junto com a família. Essa ocupação é realizada pela presença de

transmissão de energia elétrica na comunidade. No entanto, percebeu-se que há interesse das pessoas em

realizar outras práticas de lazer:

“Nossa diversão é novela, televisão. Pra cá não tem outra...” (Muiraquitã) “Eu queria que pra cá tivesse mais opção de lazer sabe? Pra gente, entendeu? Infelizmente não tem ne?” (Marupiara)

Desse modo, esse fato pode afetar a qualidade do viver da comunidade, uma vez que algumas

moradoras se mostram insatisfeitas com a demanda de lazer local. Entende-se a satisfação com a vida, a

relação de equilíbrio entre o que se quer e o que o meio oferece, favorecendo o equilíbrio ocupacional,

entendido neste estudo, como o equilíbrio na participação em ocupações que as pessoas precisam e que

querem fazer e aquelas que esperam que façam. Este equilíbrio está diretamente ligado à promoção da

saúde e bem-estar dos indivíduos (WILCOCK, 2006).

Outras ocupações foram pouco evidenciadas como a educação, identificamos o baixo envolvimento

dos ribeirinhos (0,86%), sendo somente referidas por mulheres. Uma justificativa para este achado pode

estar relacionada ao fato das escolas da Ilha oferecerem apenas o ensino fundamental. Nesse sentido, para

dar continuidade aos estudos, os moradores precisam frequentar escolas fora da comunidade, na região

metropolitana de Belém, o que pode constituir um entrave à sua execução. Alguns estudos apontam que a

educação de ribeirinhos é bastante deficitária, em virtude, principalmente, de condições financeiras, de

transporte, de violência e até mesmo ambientais (MOTA, OLIVEIRA, 2004; REIS et al.., 2012; SANTOS,

SALGADO, PIMENTEL, 2012; SILVA, 2006).

Outra ocupação pouco mencionada foi a participação social dos moradores, explicada

possivelmente por questões ligadas ao distanciamento das casas e pouca acessibilidade entre elas, Diante

disso, destacamos a influência do ambiente nas relações interpessoais dos indivíduos. Hamilton (2010)

afirmam que o ambiente influência nas ocupações em que o indivíduo se envolve. A distância entre os

lugares influencia no cotidiano das pessoas. Nesse sentido, observamos que no contexto ribeirinho, o

envolvimento em ocupações relacionadas a participação social é limitada pelo ambiente devido a sua

estrutura geográfica. Vale ressaltar, no entanto, que a participação social é um aspecto diretamente ligado à

qualidade do viver das pessoas, pesquisas identificaram que idosos com maior com envolvimento em

ocupações relacionadas à participação social, apresentavam melhora na percepção de sua qualidade de

vida (MATUSKA et al. 2003).

Diante disso, considera-se que embora não tenha sido observado relatos dos moradores que

demonstrassem insatisfação em relação a esse aspecto negativo do ambiente em que moram (isolamento),

há o questionamento se as mulheres, idosos e crianças da comunidade também poderiam ter sua qualidade

de vida e redes sociais beneficiadas com o fomento da participação social por meio de programas, centro

comunitários, etc.

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Por fim, também foi observado o relato de pessoas apontado o ócio (entendido por momentos em

que as pessoas definem, não ter o que fazer, tempo livre). Estudos sobre ócio e tempo livre indicam que

estes, são considerados sinônimos, porém podem se diferir. A palavra ócio vem do latim othium que quer

dizer fruto das horas vagas, do descanso e da tranquilidade (AQUINO, MARTINS, 2007). Por outro lado, o

tempo livre caracteriza-se por períodos em que o indivíduo está provisoriamente afastado de seu trabalho,

para fazer uso do tempo com total liberdade. Neste sentido, entendemos que ócio é uma opção de

ocupação em um tempo livre (AQUINO, MARTINS 2007).

O ócio e o tempo livre não são bem vistos pela sociedade, pois ameaçam a moral, bem como

contradizem a conduta defendida pelo capitalismo, de que temos que ser ativos, participar de ocupações,

principalmente aquelas que sejam assalariadas, a fim de facilitar o consumo. Essa forma de pensar foi

intensificada com o advento da industrialização (CONSTANTINIDIS, 2012; KANTARTZIS, MOLINEUX,

2010).

Observou-se que as mulheres são as que mais relatam o ócio, caracterizado pelo momento em que

as ocupações pertinentes à realização delas, foram concluídas. Averiguou-se também, que nem sempre o

“não fazer nada”, entendido pelas pesquisadoras como ócio ou até mesmo como tempo livre, refere-se a

algo negativo, uma vez que as mulheres podem se sentir confortáveis em relação à isso. Por outro lado,

esse aspecto pode representar um empobrecimento em seu repertório ocupacional.

CONCLUSÃO

Logo este estudo é parte de uma pesquisa que possibilitou explorar diversos dados acerca do dia-a-

dia dos ribeirinhos moradores de uma ilha em de Belém-PA, propondo compreender como as ocupações

realizadas por eles, marcadas por aspectos culturais, repassados de gerações por gerações podem afetar o

nível de satisfação com a vida e consequentemente oferecer qualidade do viver.

Foi analisado que as ocupações realizadas pelos ribeirinhos, estruturam a relação deles entre si, e

com o meio. Pois observou-se a divisão de papéis de gênero, em que cada um realiza uma determinada

função no ambiente familiar e isso reflete uma relação de cuidado e de organização sócio histórica,

presentes nessas famílias. Além disso foi observado que muitas ocupações acontecem dependendo das

condições ambientais, em virtude do rio ser a via de deslocamento, assim como ele pode ser o obstáculo e

isolamento. Afinal se não tiver um barco, por exemplo, fica difícil sair de casa para ir em outro lugar.

Sendo assim, este trabalho evidencia uma realidade característica da região Amazônica e possibilita

enxergar possibilidades de atuação junto à comunidade para propiciar saúde e bem-estar, bem como

evidencia a atuação do terapeuta ocupacional quanto profissional da ocupação, conferindo-lhe

possibilidades de intervenção intervindo com atividades significativas, saudáveis e que promovam o bem-

estar físico e emocional.

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PERCEPÇÕES DE CUIDADORES SOBRE A ROTINA VIVIDA POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES INSTITUCIONALIZADOS, EM UM ABRIGO NA REGIÃO OESTE DO PARÁ. Antônio Vitor Campêlo Ribeiro1; Iani Dias Lauer Leite2

1Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) / Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF) / Biotecnologia; 2Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) / CFI RESUMO Este trabalho objetivou identificar as percepções de cuidadores de uma Casa de Acolhimento na região Oeste do Pará sobre a rotina vivida no contexto de menores abrigados. Participaram da pesquisa 8 cuidadores, 2 homens, 6 mulheres. O tempo relativo ao exercício dessa função é de um ano.. Os dados foram coletados mediante entrevistas individuais e preenchimento de questionário. Os dados foram analisados utilizando-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo(DSC). Foram feitas 7 perguntas e encontradas 56 ideias centrais com a seguinte disposição: P1(pergunta 1) = 4 ideias; P2= 8 ideias; P3 = 11 ideias; P4= 6 ideias; P5= 8; P6=7 ideias e P8= 12 ideias. Observou-se nos discursos que a relação cuidador-acolhido extrapola a função e obrigação, surgindo assim preocupações por parte dos cuidadores relacionadas a estrutura física e pessoal do abrigo e sua influência na execução do abrigo como medida provisória. Portanto através dessa pesquisa se fez evidente a necessidade não só de medidas educacionais, mas também de ações de capacitação de pessoal e reformas estruturais que busquem aprimorar a Casa de Acolhimento como medida provisória, tornando-a mais apta para exercer sua função. Palavras-chave: Casa de Acolhimento. Rotina. Desenvolvimento Bioecológico. INTRODUÇÃO

As atuais teorias do Desenvolvimento que tem como base os conceitos propostos por Vigostky,

mantém o foco na interação sujeito-ambiente como propiciador do processo desenvolvimental. Perspectivas

como o nicho de Desenvolvimento (SUPER & HARKNESS, 1986) e a abordagem bioecológica apontam a

interrelação entre o contexto de desenvolvimento e o indivíduo. Nesse sentido, o trabalho em questão,

apoiado nessa ideia, compreende Abrigos ou Casas de Acolhimento como parte do contexto

desenvolvimental de crianças e adolescentes institucionalizados, que passam a habitar nesses locais.

Dessa maneira, será realizada uma breve conceituação sobre abrigos, a seguir uma apresentação sobre a

Teoria Bioecológica do Desenvolvimento, que embasa teoricamente o trabalho.

A crença social define os abrigos como: o instrumento de proteção social mais eficaz. Tendo em

vista a preconcepção da população sobre estas instituições, constroem-se conceitos leigos acerca do

significado destas, definindo o abrigo como um ambiente de recolhimento e/ou internação, uma vez que

muitos ainda associam o termo abrigo ao sentido de internato, denominação usada antigamente para definir

uma política de proteção social semelhante a dos abrigos, só que com regras mais voltadas, literalmente, a

internação do indivíduo e não ao seu desenvolvimento como visam as políticas atuais que regem os abrigos

em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente.

De acordo com Magalhães e Cavalcante (2007), essa modalidade de proteção é caracterizada por

ser: 1) instrumento da política de proteção social à infância, 2) instituição asilar infantil, 3) ambiente coletivo

de cuidado e 4) contexto ecológico do desenvolvimento humano.

Com outra conotação, Silva e Aquino (2005) fazem alusão ao sentido de abrigo como:

Abrigos – ou orfanatos, educandários e casas-lares – são instituições responsáveis por zelar pela integridade física e emocional de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos desatendidos ou violados, seja por uma situação de abandono social, seja pelo risco pessoal a que foram expostos pela negligência de seus responsáveis.

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A tese do Desenvolvimento bioecológico defendido por Brofrenbrenner (1999) serviu de base teórica

para os estudos em relação aos abrigados, pois o modelo “processo-pessoa-contexto e tempo” por ele

abordado torna-se aplicável e fornece subsídios para compreender a relação de desenvolvimento das

crianças abrigadas e ambiente de abrigo.

Assim, de acordo com essas proposições, a Casa de Acolhimento Reviver é um ambiente de

desenvolvimento bioecológico, pois é o contexto no qual as crianças passam maior parte de seu tempo e

criam interações com outras pessoas e com o próprio meio onde vivem.

Este trabalho objetivou averiguar as percepções de cuidadores de uma Casa de Acolhimento na

região Oeste do Pará, sobre a rotina vivenciada pelas crianças e adolescentes que lá residem, tendo como

base teórica a ideia de que o local e as pessoas com quem as crianças convivem, influenciam seu

processo desenvolvimental.

METODOLOGIA

Participantes:

Participaram 8 sujeitos, cuidadores da Casa de Acolhimento reviver, sendo 6 mulheres e 2 homens.

Procedimentos metodológicos

A pesquisa foi realizada através de entrevistas individuais em que primeiramente o indivíduo

preenchia um formulário com seus dados pessoais pertinentes a pesquisa e posteriormente, enumeravam

por ondem de prioridade um questionário com itens relacionados a rotina dos abrigados. Após a aplicação e

preenchimento desse formulário/questionário foi feita a coleta de dados através de gravação em que o

sujeito em estudo respondeu a um série de perguntas relacionadas à rotina dos abrigados, sendo todas as

respostas posteriormente transcritas.

Análise dos dados

Para analisar os dados obtidos através da entrevista utilizou-se o método do Discurso do Sujeito

Coletivo (DSC) proposto por Lefévere e Lefévere (2005), que consiste na análise dos discursos individuais

objetivando gerar discursos generalistas capazes de unir opiniões semelhantes sobre um tema especifico,

destes são buscadas as expressões mais recorrentes capazes de representar de forma coerente o discurso

original, após definir as expressões chaves é feito o uso dessas para gerar e agrupar as ideias centrais por

similaridade, posteriormente formando os discursos do sujeito coletivo, o qual possibilita a pesquisa e a

construção de algumas categorias do pensamento coletivo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a análise das respostas da primeira pergunta “Como é a rotina das crianças

abrigadas?” foram encontradas 4 ideias centrais:

A primeira ideia central A: “A rotina é boa e promove atividades” representa o discurso que descreve

a rotina sendo boa por promover atividades essenciais, conforme o discurso: A rotina é bom, eles vão pra

escola, tem lazer eles brincam, tem atividades as vezes, participam de brincadeiras.

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A ideia central B: “Descrição da rotina” agrupa os discursos que descreveram de forma sistêmica a

rotina das crianças acolhidas, eis o discurso: “A rotina adotada com as crianças ao amanhecer e assim por

diante os educadores assumem, aqueles que vão pra escola, já dão o café da manhã cedo, e os que não

vão pra escola permanecem no salão, pra fazer a higiene bucal e depois do almoço o descanso, do

descanso eles acordam três horas e vão lanchar, vão fazer atividade, ver um filme, toma banho novamente

e ficam aguardando no salão até a troca de plantão novamente, ai vem a janta e voa dormir. A rotina é

acorda de manhã as 5 da manhã ai os que vão pra aula já tomam café e ficam pronto pra aula, ai 7 e 15

eles saem pra aula, uns vão pro medico outros pra escola, e outros já ficam esperando pra tomar café de

sete e meia as oito, que é a norma do abrigo, fazem atividade, as vezes pinta, tem dever de casa, a gente

faz as atividades escolares com ele. Elas acordam pela manhã, tomam café, tem as atividades, quem vai

pra aula estuda, quem não vai almoça, tem seu descanso, ai novamente a alimentação. A rotina é pela

manhã eles levantam fazem a higiene, ai logo após vem tomo o café da manhã, algumas vão pra escola e

outras ficam, nos finais de semana geralmente vamos pra frente porque eles gostam de ver o movimento.

Higienização dentro da condição do abrigo, o lazer, e também faz parte da vida cotidiana desses abrigados

o lazer, o entretenimento.

“Aqui é uma rotina, porque nós temos uma organização desde que acorda até a hora que vai

dormir. De manhã elas fazem a higienização bucal e essas coisas, onze horas o almoço, lá em torno do

meio dia vão pro descanso e ficam lá até três horas , volta pro salão pro lanche se não tem tarefa faz algo,

tipo assistir um filme, vê alguma coisa interessante, brincam ai a tarde começam o banho novamente , ai

vem a janta para as crianças e depois os adolescentes jantam e se recolhem pra dormir. ”

A ideia central C: “Rotina normal como se estivesse em casa” agrupa os discursos que comparam a

rotina dos abrigados com a rotina de casas comuns, eis o discurso: A rotina é como se fossem crianças de

um lar comum ,rotina normal como se estivesse em casa, nada diferente disso.

A ideia central D: “Importância da Espiritualidade para o equilíbrio emocional” representa o único

discurso que indicou a importância da presença da espiritualidade, eis o discurso: Depois eles também em a

espiritualidade aos finais de semana que é muito importante porque sem ela é impossível tem um equilíbrio

emocional.

Após analisar as repostas da segunda questão que era, “Qual sua contribuição nessa rotina?”,

foram obtidas 8 ideias centrais, descritas na sequência:

A ideia E: “Observação, proteção e sigilo” representou o discurso que ressaltou a importância do

sigilo na proteção das crianças tendo em vista que estas não podem ser expostas a situações as quais

possam prejudicar seu desenvolvimento, de acordo com o discurso: A minha participação na rotina é

sempre tá observando as crianças, pra ter proteção e sigilo.

A ideia F: “Descrição da colaboração nas atividades diárias”, agrupou os discursos que

descreveram de forma sistemática a contribuição diária na rotina, eis o discurso: Minha contribuição é o

trabalho de educadora em ajudar, colocar as crianças pra tomar banho, escovar os dentes, ou se veste, vai

pra escola, ou vai fazer a atividade escolar e nos como educadoras vamos ter que ajudar, e assim por

diante, vai buscar o menino na escola, traz ele. Minha contribuição é olha de tudo um pouco, a minha

contribuição na rotina é ajudar a fazer o dever, as vezes eles não sabem a gente vai e ajuda, uns a pintar

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outros a escrever. Minha contribuição como eu sou educador nós temos que orientar, assim ajudar como

fazer as coisas, tem que está auxiliando as menores, se escovou o dente, se vai pra escola, fardamento.

A ideia G: “Presença de atividades complementares e profissionais que ajudam no desenvolvimento

cognitivo”, representa o discurso que ressaltou a importância das atividades complementares e profissionais

que possibilitam que a rotina se torne atrativa, contribuindo assim para o desenvolvimento das crianças,

como pode ser observado no discurso a seguir: As atividades complementares nós temos e fazemos isso

justamente porque eu sei que é necessário ai nos trazemos pessoas especializadas de fora, da música,

musicalização com instrumentos, dança corporal que eles gostam muito tudo que nos trazemos de fora eles

aprendem e apresentam aqui para eles próprio porque eles tem vergonha e acaba indo por agua baixo em

termos ai sai um pouco, mas temos também os cursos de artesanato que nos damos aqui , tudo isso nos

trazemos pra desenvolver a mentalidade que alguma coisa que eles aprenderão quando sair daqui, pra não

ter ficado aqui só por ficar.

A ideia central H: “Manter a organização, o comportamento e ajudar em atividades” , representa o

discurso que descreveu e enfatizou a função na rotina, eis o discurso: Minha função é organiza-los manter o

comportamento de todos, ajudar nas atividades que são necessárias.

A ideia central J: “Auxilio conforme o sexo”. Representa o discurso que esclarece uma regra da

rotina que é o auxílio durante a rotina apenas de pessoas do mesmo sexo que a criança, eis o discurso:

Minha contribuição é com as meninas, pois os homens cuidam dos meninos e as mulheres cuidam das

meninas.

A ideia central K: “Tratamento como se fossem filhos”. Representa o discurso que demonstra e

equipara o cuidado com os abrigados semelhantes aos próprios filhos, eis o discurso: enfim a gente cuida

como se fosse nossos filhos na rotina de casa.

A ideia central L: “Orientação e Transmissão de valores positivos”. Representa o discurso que

prioriza passar valores positivos ao abrigado expondo suas melhores características, conforme o discurso:

Minha contribuição é fazendo com o que o melhor de nós seja exposta pra eles e também orienta-los a num

futuro ser pessoas melhores.

A ideia central M: “Resgate da dignidade”. Representa o discurso que acredita que o abrigado irá

recuperar sua dignidade no decorrer de seu desenvolvimento, eis o discurso: ser humano que conseguiu

através de trabalhos inúmeros dentro do abrigo a sua posição como uma pessoa que resgatou sua

dignidade.

Após a análise das respostas da pergunta 3: em sua opinião, qual a influência de uma rotina

saudável no desenvolvimento da criança, foram encontradas 11 ideias centrais.

Ideia central N: “Proteção”, que representa o discurso que relaciona a importância da rotina no

papel de proteção da criança, eis o discurso: Sobre a importância, acho que é sobre as crianças serem

protegidas e guardadas.

A ideia O: “Sigilo para não atrapalhar o desenvolvimento”. Representa o discurso que relaciona o

sigilo com o desenvolvimento, defendendo que a falta de sigilo prejudica o desenvolvimento. Eis o discurso:

porque pra eles deve ser doloroso então ficar em sigilo, não comentar muito, não fazer muitas perguntas

porque isso atrapalha o desenvolvimento deles.

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A ideia central P: “A rotina não como obrigação e sim como parte da vida”. Representa o discurso

que relaciona o fato da rotina deixar de ser obrigação e ser incorporada a vida cotidiana da criança, eis o

discurso: Uma rotina saudável não é questão daquela criança ser obrigada a fazer aquilo todo dia, mas faz

parte da vida delas, elas se sentem bem.

A ideia central Q: “Criatividade para tornar a rotina algo mais agradável”. Representa o discurso que

defende que a criatividade é a solução para as crianças esquecerem a rotina como regra. Eis o discurso:

aquele momento de se divertir para tentar esquecer essas regras.

A ideia central R: “Ausência da rotina convívio familiar”. Representa a crença que a rotina se fazia

ausente no ambiente familiar, portanto sua inserção no cotidiano dos abrigados se torna um ganho para

eles, eis o discurso: A importância da rotina é porque lá fora era difícil para eles, eles não tinham isso lá no

convívio familiar dele, pois foi desestruturado.

A ideia central S: “Transmissão de valores positivos”. Representa a ideia que é necessário que eles

como cuidadores repassem bons valores aos abrigados, eis o discurso: Por isso aqui a gente faz tudo por

eles, da tudo do bom e do melhor pra poder passar alguma coisa de bom da gente pra eles.

A ideia central T: “A importância é a mais importante possível”. Representa o discurso que adere a

rotina a importância máxima possível, eis o discurso: A importância é a mais importante possível, pois se

não houver essa influência ela não vão seguir já que eles estão precisando da nossa ajuda.

A ideia central U: “Rotina para ajudar a melhorar o ânimo”. Representa o discurso que defende a

rotina como parte do processo de adaptação gerando animo a rotina, eis o discurso: Influência da rotina,

ajuda na questão assim, quando eles tão tristes logo quando chega aqui porque se separa da família e por

vários motivos, a gente procura conversar, procura brincar com eles para que eles procurem melhorar o

ânimo deles.

A ideia V: “Rotina é importante para dar limites”. Representa o discurso responsável por conferir a

rotina a função de impor limites, eis o discurso: Influência da rotina, ajuda na questão assim, quando eles

tão tristes logo quando chega aqui porque se separa da família e por vários motivos, a gente procura

conversar, procura brincar com eles para que eles procurem melhorar o ânimo deles.

A ideia X: “A rotina é sufocante mas ajuda no aprendizado”. Representa o discurso que defende que

mesmo a rotina sendo sufocante ela tem sua contribuição para o aprendizado, eis o discurso: A rotina é

sufocante mas é bem favorecido a eles melhora bastante porque muitos quando chegam aqui não estão

prontos e acostumados com a rotina e aprendem muita coisa.

A ideia Z: “Da condição de permanecem conscientes”. Representa o discurso que dá importância ao

fato de conscientiza os abrigados de modo a sempre mantê-los ativos, eis o discurso: A importância é a

influência ela dá as crianças uma condição para que eles permanecem conscientes não é um lugar que elas

vão envelhecer mas ter consciência que é uma preparação para desenvolver na sociedade seu dever de

cidadão.

Após analisar as respostas da quarta questão: Se possível quais as medidas poderiam ser adotadas

visando uma maior eficácia na rotina das crianças? Encontrou-se seis ideias centrais, sendo elas:

A ideia AA: “Tudo o que não tinham nas suas casas aqui eles tem”. Essa ideia representa o discurso

ressalta a presença de atividades inexistentes na casa dos abrigados. Eis o discurso: aqui eles tem estudo,

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lazer, agente ensina a maneira correta de se prostra, de comportar, de agir, porque o que eles não tiveram

lá fora, aqui eles tem, amor, carinho e proteção da gente.

A ideia AB: “Mais acompanhamento especializado”. Essa ideia defende a presença de profissionais

que possam complementar o acompanhamento no abrigo. Eis o discurso: Acho que para aumentar a

eficácia da rotina é bom um acompanhamento além do pedagógico, do psicólogo, das técnicas em si ,

deveria ter mais a contribuição.

A ideia central AD: “Melhoria na estrutura”. Essa ideia defende que a maior eficácia da rotina esta

liga a melhorias na estrutura permitindo faze mais atividades e com melhor suporte. Eis o discurso: Com

certeza a estrutura da instituição deve ser melhorada pois deixa a desejar bastante a gente precisa disso

pra poder trabalhar, os ambiente são muito apertados para gente trabalhar com eles deveria ser maior, uma

área maior de lazer, mas o que nos sempre pedimos aqui é uma nova estrutura, um estrutura melhor.

Porque aqui é muito pequeno, o espaço que nós temos pra quantidade de pessoas que temos aqui, que

não é só de Santarém mas também de todos os municípios vizinhos então o espaço se torna pequeno

temos que o reflexo dessa estrutura precária é a paralização de certos trabalhos porque nós não temos

suporte.

A ideia central AE: “Mais dinâmicas e artesanato”. Essa ideia defende que a incorporação de mais

dinâmicas e atividades ligadas a artesanato melhoraria a eficácia da rotina. Eis o discurso: Pra melhorar tem

que ter mais dinâmicas, mais brincadeiras, mais artesanato.

A ideia central AH: “Atividades em outros ambientes”. A ideia defende a realização de atividades em

ambientes variados para não reforçar a ideia de confinamento. Eis o discurso: As melhorias seriam sair um

pouco ao invés de ficar enfornado aqui dentro, sair um pouco, ir na praça essas coisas, não ficar confinado

aqui, levar a passeios.

A ideia central AI: “espiritualização para fornecer equilíbrio espiritual”. Essa ideia defende que o

setor que deve ser melhorado é a espiritualização. Eis o discurso: Melhorias devia ser mais focado a parte

espiritual.

Após a análise das respostas da questão 5: Qual sua visão sobre a aceitação da rotina pelas

crianças acolhidas? Encontrou-se 8 ideias centrais, sendo elas:

A ideia central AJ: “Inexistência ou diferenciação dos hábitos ensinados no abrigo”. Nessa ideia

percebe-se que os cuidadores acreditam na inexistência dos hábitos e rotinas empregados no abrigo. Eis o

discurso: Aceitação da rotina muito boa porque eles aprendem muita coisa, porque eles vem de fora sem

habito ou com habito diferente, e sai daqui com outro habito diferente, uma maneira de como eles devem se

comportar lá fora.

A ideia central AK: “Preparação para o trabalho”. Essa ideia defende que o abrigo prepara eles para

a futura cadeia profissional. Eis o discurso: porque agente prepara eles pra trabalhar.

A ideia central AL: Dificuldade em trabalhar com criança e adolescentes. Essa ideia defende a

limitação do trabalho com as crianças e adolescentes na execução da rotina. Eis o discurso: A aceitação da

rotina é bem difícil, pois eles são bem difíceis de trabalhar, bem difícil mesmo, mexer com adolescente

criança não é fácil, é complicado.

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A ideia central AM: “Revolta ao ser retirado do convivo familiar e ser inserido na rotina do abrigo”. A

revolta se deve ao fato da quebra com o convívio familiar e a inserção da rotina ao chegar no abrigo. Eis o

discurso: Muitos recebem a rotina logo que chegam revoltados porque pra sair do vínculo. É meio difícil

porque quando você chega aqui você pensa poxa, vou ter que morar com um bando de desconhecidos.

A ideia central AP: “A rotina é mais aceita pelas crianças do que pelos adolescentes”. Essa ideia

explicita o fato da rotina ser mais bem recebida por crianças do que por adolescentes. Eis o discurso:

Aceitação da rotina, as crianças até que gostam mas os adolescentes eles colocam um pouco de

empecilho.

A ideia AR: “Ausência da rotina na família gera dificuldades em aplica-la na abrigo”. Essa ideia

defende que a relutância em aceitar a rotina se deve ao fato dessa se fazer ausente na sua casa. Eis o

discurso: muitas quando chegam não aceitam porque não tinham isso em casa.

A ideia AS: “Dialogo ajuda na adaptação”. Essa ideia diz que o dialogo possibilita uma melhor

aceitação da rotina fazendo com que os abrigados se adaptem de maneira mais natural, eis o discurso: A

reação deles é se adaptar a um novo convívio a uma nova realidade, o dialogo ajuda a se adaptar.

A ideia AT: “Responsabilidade do cuidador”. Essa ideia explicita as responsabilidades e funções do

cuidador na execução da rotina. Eis o discurso: Para nos educadores que tentamos criar o melhor ambiente

possível para o trabalho mais cauteloso, porque a gente é tipo um pai aqui, somos educador, mas pra ele

somos tipo um pai e também a gente por ter a responsabilidade de se adequar as normas e orienta-los.

Após analisar as respostas da sexta questão: Quais os fatores que definem a rotina? Encontrou-se

sete ideias centrais, sendo elas:

A ideia central AV: “Rotina é igual e geral”. Representa os discursos que descrevem a rotina sendo

geral a todos. Eis o discurso: Não, é tudo igual e geral de 0 a 18 anos. A norma da rotina é tudo pra todo

mundo, tudo é igual, geral. A rotina é pra todos as mesmas coisas. A rotina é geral pra todos, eu acho que

é bom porque você aprende pontualidade, a sua higienização. A rotina é geral porque se botar pra um e não

pra todos eles reclamam.

A ideia central AX: “Reação especifica a rotina”. Representa a rotina que defende que mesmo a

rotina sendo geral cada criança tem sua própria reação. Eis o discurso: Mas cada criança tem seu jeito e

sua maneira de receber a rotina, mas enfim cada um reage ao seu jeito.

A ideia central AY: “Diferenciação somente dos deficientes”. Representa os discursos que explicitam

que a única diferenciação da rotina se dá entre os ditos normais e os deficientes. Eis o discurso: A

diferenciação é só entre os deficientes e os ditos normais que sabem andar com suas próprias pernas que

tem que ter uma diferenciação, já os deficiente tem que ter um maior cuidado em alimentação, higienização,

os medicamentos, e assim por diante.

A ideia central AZ: “Rotina especifica”. Defende que cada criança deveria ter uma rotina especifica.

Eis o discurso: mas acho que cada criança devia ter uma rotina

A ideia central BA: “Pouco funcionários para a demanda”. Explicita a pouca quantidade de

funcionários para a realização das rotinas. Eis o discurso: mas a demanda não deixa ne, de funcionários.

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A ideia central BB: “Aprende pontualidade e higienização”. Representa o discurso que enfatiza

fatores melhorados com a rotina. Eis o discurso: eu acho que é bom porque você aprende pontualidade, a

sua higienização

A ideia central BC: “Em questão de higiene e espiritualidade é geral”. Representa o discurso que

cita as atividades gerais na rotina. Eis o discurso: Essa rotina em termo de higiene e espiritualidade é geral,

não se especifica quem vai passar, todos são submetido a rotina, tem que desenvolver para que as crianças

se vejam melhor.

Após analisar as respostas da sétima questão: Qual sua avaliação da rotina? Encontrou-se doze

ideias centrais, sendo elas:

A ideia central BD: “Dificuldades de aceitação pois a rotina tem regras”. Esse discurso relaciona a

dificuldade na aceitação ao fato da existência das regras que regem a rotina. Eis o discurso: aqui é

completamente diferente porque aqui tem regras e normas então as vezes eles não gostam de receber as

regras que agente manda.

A ideia central BE: “Execução excelente por parte dos cuidadores”. Esse discurso, avalia de forma

excelente, pois cada cuidador exerce sua função de forma correta durante a execução da rotina. Eis o

discurso: A execução por parte dos cuidadores eu acho excelente não tenho o que reclamar porque cada

um faz seu papel.

A ideia central BF: “Não há reclamações sobre os abrigados”. Esse discurso defende que em

relação a execução da rotina os abrigados colaboram ficando ausentes de reclamações. Eis o discurso: dos

abrigados não tenho o que reclamar também.

A ideia central BG: “Rotina é ótima”. Representa o discurso que defende a ótima execução da rotina

mas que ressalta que as vezes alguns não aceitam tornando o a aproveitamento da rotina não excelente,

apenas ótimo. Eis o discurso: Minha avaliação é uma rotina até ótima porque as vezes tens um que não

aceitam que a gente chame a atenção

A ideia central BH: “União”. Esse discurso defende que a união gera mais resultados positivos e

aproveitáveis. Eis o discurso: Porque aqui não é pra ter ninguém contra gente, tem que ser junto com

agente.

A ideia central BI: “Tratamento como filhos”. Esse discurso defende que o tratamento empregado

pelos cuidadores aos abrigados é semelhante ao cuidado paternal. Eis o discurso :pois agente trata eles

igual filho da gente.

A ideia central BJ: “Execução de forma geral”. Esse discurso é responsável por explicitar o caráter

geral na execução a rotina, ou seja, os cuidadores tem funções gerais na rotina. Eis o discurso: A minha

avaliação sobre a execução da rotina é que por parte dos cuidadores é que todos fazem de forma geral.

A ideia central BK: “Execução dos abrigados apresenta barreiras”. Esse discurso defende que a

execução das rotinas por parte dos abrigados apresenta limitações. Eis o discurso: já dos abrigados temos

essa barreira que a gente bate, que uns não querem fazer, mas sempre acabam fazendo na verdade, é um

pouquinho difícil mas faz.

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A ideia central BL: “A execução da rotina é boa porque ainda há limitações”. Esse discurso defende

que a execução da rotina não é plena em sua totalidade pois apresenta limitações. Eis o discurso: Minha

avaliação é boa , não é assim cem por cento , não é aquela coisa toda mas a gente faz o que pode.

A ideia central BM: “Organização e formalização refletem em respeito e paz”. Esse discurso defende

que o cuidador ao organizar e formalizar seu trabalho terá retornos positivos. Eis o discurso: Eu avalio

assim que se o educador sabe organizar e formalizar o seu trabalho juntos com os acolhidos, ele vai ter o

retorno e justamente esse retorno é eles entenderem o que tu está fazendo e não ter bagunça ou falta de

respeito, não brigar.

A ideia central BN: “Oferecer o melhor para aceitar a rotina”. Essa ideia defende que a boa

execução da rotina é apenas o resulta/reflexo de um bom trabalho. Eis o discurso: Avaliação da rotina, o

reflexo é oferecer o melhor pra aceitação da rotina ser melhor, terminando tudo em paz.

A ideia central BO: “O reflexo é a resposta gratificante”. Essa ideia se baseia no fato que os

resultados de tornam gratificantes ao cuidadores e aos abrigados. Eis o discurso: Minha avaliação o reflexo

desse trabalho a gente percebe que eles não só acham gratificante mas agente de ver o resultado quando

eles percebem e assumem pra si essa dedicação o de nos cuidadores que estamos aqui nesse trabalho

para ajudar a eles.

CONCLUSÕES

Este trabalho objetivou identificar as percepções de cuidadores de uma Casa de Acolhimento na

região Oeste do Pará sobre a rotina vivida no contexto de menores abrigados. No decorrer da análise dos

discurso obteve-se em unanimidade a descrição da rotina, constatando não só o uso dessa como método

de organização, mas também visando agregar habilidades como responsabilidade e pontualidade. Além da

descrição básica de alguns sujeitos, outros acrescentaram e defenderam o uso da rotina por promover

atividades de forma ordenada facilitando o fluxo diário. Observou-se no discurso que muitos desses

cuidadores extrapolam sua função de cuidador, havendo a formação de vínculos e afetos similares àqueles

construídos em um contexto parental. Houve também a preocupação quanto ao resgate da dignidade dos

acolhidos. Um discurso apenas defendeu o uso da espiritualidade como fonte de equilíbrio emocional,

tendo em vista os acolhidos possuírem esse momento agregado a outras atividades, enquanto outros

defendiam atividades voltadas a artes e educação, porem enfatizaram que as mesmas não eram realizadas

por problemas de cunho estrutural e ausência de profissionais capacitados. O trabalho em questão trouxe

contribuições para a compreensão das percepções de cuidadores quanto à rotina que os acolhidos vivem.

Dentro da Perspectiva da Psicologia Parental vários trabalhos tem demonstrado a ligação entre

crenças/percepções e as práticas adotadas. Nesse sentido, observou-se que as percepções exteriorizadas

pelos participantes da pesquisa coadunam-se com suas práticas. Além disso, os resultados apontaram

possibilidades de inserção, na visão dos cuidadores, de atividades que enriqueçam a rotina, cuidando-se

não apenas das questões físicas e intelectuais dos acolhidos, mas também dos aspectos emocionais e

cognitivos desses. Finalmente, ficou evidente a necessidade não só de medidas educacionais, mas também

de ações de capacitação de pessoal e reformas estruturais que busquem aprimorar a Casa de Acolhimento

como medida provisória, tornando-a mais apta para exercer sua função.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BHERING, Eliana; SARKIS, Alessandra. Modelo bioecológico do desenvolvimento de Bronfenbrenner: implicações para as pesquisas na área da Educação Infantil. CAVALCANTE, Lília Iêda Chaves; MAGALHAES, Celina Maria Colino; PONTES, Fernando Augusto Ramos. Abrigo para crianças de 0 a 6 anos: um olhar sobre as diferentes concepções e suas interfaces. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza, v. 7, n. 2, set. 2007. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151861482007000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acessado em 23 de janeiro de 2014. SILVA, Enid Rocha Andrade da; AQUINO, Luseni Maria Cordeiro de. Os abrigos para crianças e adolescentes e o direito á convivência familiar e comunitária ; disponível em www.ipea.gov.br . Acessado em 23.Jan.2014. SUPER, C.; HARKNESS, S. (1986). The developmental niche: a conceptualization at the interface of child and culture. International journal of development, 9, 545-569.

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PERFIL CLÍNICO E FUNCIONAL DOS PACIENTES PÓS-AVC INTERNADOS NO HOSPITAL MUCINIPAL DE SANTARÉM NO PERÍODO DE JULHO A SETEMBRO DE 2014 Milena de S. Vasconcelos¹, Richelma de F. M. Barbosa¹, Samia S. T. AlbertonI¹, Luciana R. do V. Corrêa¹, Nátaly K. M. Carvalho¹, Isadora S. Lopes¹ ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA. E-mail: [email protected] Resumo O Acidente Vascular Cerebral (AVC), de acordo com a World Stroke Organization (2012), fere letalmente uma pessoa a cada 5 minutos no Brasil. Dado esse que se torna ainda mais relevante devido às comorbidades presentes e frequentes na população brasileira em si, tal como a Hipertensão e a Diabetes Mellitus, e que podem levar ao ocorrimento de um AVC, caso não identificadas e tratadas, além das inúmeras incapacidades cognitivas e/ou motoras que essa doença pode gerar àquele que dela sofrer. Observando tal realidade, o presente trabalho tem por objetivo esclarecer e traçar o perfil clínico funcional dos pacientes acometidos pelo AVC, mensurando o grau de incapacidade gerado através da Escala de Rankin. Participaram deste estudo 7 pacientes diagnosticados com AVC e internados no Hospital Municipal de Santarém, no período de Julho a Setembro de 2014, obedecendo sempre as normas prescritas para realização de estudos em seres humanos, passando também pelo Comitê de Ética em Pesquisa desta instituição (CEP UEPA/STM). A coleta de dados foi realizada através de questionário para os pacientes e seus cuidadores, onde foram obtidas informações como idade, procedência, presença de comorbidade (Hipertensão e Diabetes) e lado de acometimento. A aplicação da Escala de Rankin sobre esses dados concluiu que houve prevalência de acometimento severo (57,14%), com grau de incapacidade, portanto, elevado. Com base nesse resultado, pode perceber a necessidade de adequação no atendimento e serviço de saúde direcionado ao AVC, lançando mão de manobras e recursos afim de minimizar as consequências e sequelas que possam vir a atingir o paciente em questão. Palavras-chave: AVC. Incapacidade. Escala de Rankin.

INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral pode ser definido, segundo a World Health Organization (WHO,

2014), como uma interrupção súbita do suprimento sanguíneo em parte do cérebro, geralmente causado

pelo rompimento ou oclusão por um coágulo, de um vaso sanguíneo.

Segundo a World Stroke Organization (2012), 1 em cada 6 pessoas no mundo terá um AVC durante

a vida. No Brasil, o AVC é a principal causa de morte. A cada 5 minutos, um brasileiro morre em decorrência

desta doença (REDE BRASIL AVC, 2011).

Segundo Fontes (2007), dentre os acidentes vasculares encefálicos, destacam-se: o ataque

isquêmico transitório (AIT), o acidente vascular encefálico isquêmico (AVCI) e o acidente vascular encefálico

hemorrágico (AVCH). Ataque isquêmico transitório caracteriza-se por episódios súbitos de déficit

neurológico atribuído a isquemia, localizada em porção do sistema nervoso suprida por determinado vaso,

com duração total de minutos até 24 horas. Na grande maioria das vezes são fugazes, com rápida

recuperação. O Acidente vascular isquêmico caracteriza-se por déficit neurológico abrupto decorrente de

oclusão trombótica ou embólica de vaso sanguíneo cerebral. O Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico

consiste em sangramento no interior do parênquima cerebral, com formação de um hematoma.

São inúmeras as possíveis alterações que podem ocorrer em um individuo vítima de AVC, como

alteração no nível de consciência e comprometimentos nas funções sensoriais, motoras, cognição,

percepção e linguagem (O`SULLIVAN, 2004).

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Na cidade de Santarém-Pará, as doenças cerebrovasculares são motivo de grande parte das

internações em hospitais da cidade, principalmente no Hospital Municipal de Santarém, que é a porta de

entrada de uma grande parcela da população local e de cidades próximas.

Durante a fase de internação no hospital, a porcentagem de pacientes acometidos por AVC que

apresentam complicações clínicas é grande, cerca de 60 a 85% dos casos. Sabe-se que adequar os

serviços de atendimento desses pacientes, contando com a atuação coordenada de profissionais

especializados, entre eles o fisioterapeuta, parece ser o quesito necessário para melhorar a qualidade no

atendimento, prevenindo e minimizando tais complicações com eficiência, diminuindo o tempo de internação

e, consequentemente, reduzindo os custos para assistência (FONTES, 2007).

Conhecer o perfil destes pacientes torna-se necessário para melhor adequação dos serviços e

direcionamento de tratamento adequado e específico. Neste contexto, este trabalho objetivou traçar o perfil

clínico funcional dos pacientes pós-AVC internados no Hospital Municipal de Santarém no período de Julho

a Setembro de 2014, através da escala de Rankin.

METODOLOGIA

Participaram deste estudo ao todo 7 pacientes com diagnóstico de AVC internados nas clínicas

médica e cirúrgica do Hospital Municipal de Santarém no período de Julho a Agosto de 2014. Foram

respeitadas todas as normas éticas de pesquisa com seres humanos e só foi iniciada perante aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP UEPA/STM) com número de parecer 617.998, datado de 16/04/2014.

Procedimentos

As avaliações foram realizadas no primeiro dia de internação dos participantes nas clínicas,

individualmente. Inicialmente foram feitas perguntas aos pacientes e seus cuidadores sobre os dados dos

pacientes como idade, procedência, presença de comorbidade (Hipertensão e Diabetes) e lado de

acometimento. Após, foi realizada a avaliação dos pacientes para classificação pela Escala de Rankin.

Análise estatística

Os dados foram organizados e processados mediante a utilização da estatística descritiva (média,

desvio padrão, frequências absolutas e relativas) mediante a utilização do aplicativo Microsoft Excel 2013.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 01 encontramos os dados de caracterização da amostra. Esta foi composta por 7

pacientes do gênero feminino, em sua maioria procedentes de Santarém (42,85%), na faixa etária de 51 a

83 anos (57,14%), hipertensas (85,71%), não diabéticas (85,71%), sendo a maioria (71,43 %) acometido

por AVC hemorrágico e tendo como principal acometimento hemiplegia á direita (57,14%).

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Tabela 01. Caracterização epidemiológica dos pacientes internados por AVC

Pacientes (n=7) (%)

Gênero

Feminino 7 100

Masculino 0

Faixa Etária

40-55 anos 2 28,57

56-70 anos 1 14,29

71-83 anos

4 57,14

Média± Desv. Pad. 65,42±16,76

Procedência

Santarém 3 42,85

Monte Alegre 2 28,57

Rurópolis 1 14,29

Breves 1 14,29

Hipertensos

Sim 6 85,71

Não 1 14,29

Diabéticos

Sim 1 14,29

Não 6 85,71

Acometimento:

Hemiplegia a D 4 57,14

Hemiplegia a E 3 42,86

Tipo Hemorrágico 5 71,43

Isquêmico 2 28,57

Fonte: Autor (2014).

Após a análise destes dados, pode-se observar que a amostra de pacientes foi composta somente

por mulheres. O estudo de Moro et al. (2013) ao analisar o perfil dos pacientes acometidos por AVC

isquêmico internados em um hospital público em Florianópolis, também encontrou mulheres como as mais

afetadas (53,2%). Este resultado pode estar ligado ao fato de que as mulheres têm alguns fatores de risco

exclusivos como o uso de anticoncepcionais orais, estar realizando terapia de reposição hormonal ou ter a

circunferência abdominal acima do indicado, sendo que este último combinado ao fato da mulher estar na

pós-menopausa pode aumentar em 5 vezes o risco de ter um AVC (NATIONAL STROKE ASSOCIATION,

2014). Segundo o estudo de Carvalho et al. (2011) que realizaram estudo epidemiológico de AVC em

Fortaleza, estes evidenciaram a maior prevalência do sexo feminino (51,8%). Pinheiro e Vianna (2012)

mostraram maior prevalência de óbito em mulheres quando comparadas a homens. Já os estudos Costa et

al. (2010) e Rolin e Martins (2011), que realizaram estudos com pacientes acometidos por AVC em hospitais

públicos, apontam o sexo masculino como maioria dos afetados (52,3% e 53%, respectivamente)

Com o aumento do envelhecimento da população, o aparecimento de doenças cerebrovasculares

torna-se cada vez mais evidente. O AVC tem pico de incidência entre a sétima e oitava década de vida,

quando se somam com as alterações cardiovasculares e metabólicas relacionadas à idade (MORO et al.,

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2013). O aumento e o envelhecimento da população, associados aos fatores de risco mais prevalentes

nessa faixa etária fazem com que o AVC se torne a principal causa de morte e de incapacidade entre os

adultos (SRIDHARAN, 2009). Neste estudo 57,14 % dos participantes encontram-se na faixa etária de 71 a

83 anos, com média de idade de 65,42±16,76 anos. Fato semelhante ocorreu nos estudos de Langhorne et

al. (2010) e Rodrigues et al., (2013) cujo objeto de estudo eram pacientes pós-AVC internados em hospitais

públicos na Austrália e no Brasil, respectivamente; encontraram entre seus participantes, a mesma média

de idade.

Outro item a ser observado é a procedência desses pacientes. A grande maioria é advinda do

próprio município de Santarém (42,85%), o que pode facilitar o suporte às necessidades deste paciente.

Como veremos a seguir, os cuidadores são em sua maioria familiares e o fato de residirem na mesma

cidade facilita a atenção a estes pacientes. Discordando deste estudo, Bruch, Claudino e Ghizoni (2010)

encontraram que a maior parte dos pacientes atendidos com AVC em um hospital do sul de Santa Catarina

(70%) não eram advindos do mesmo município onde o hospital está localizado.

A HAS foi encontrada em 85,71% dos casos, corroborando com o estudo de Bernhardt et al. (2008).

85,71% não apresentam diabetes, como no estudo de Cumming et al. (2011), onde apenas 21% dos

participantes apresentaram diabetes. É comprovado que fatores de risco modificáveis, como história de

hipertensão e diabetes mellitus, estão associados com 90% das causas de AVC (O’DONNELL, 2010).

Outro achado interessante é que 57,14 % da amostra apresentaram acometimento no lado direito.

Fato este similar aos achados de outros estudos (OLIVEIRA,2012 com 52,8% e BERNHARDT et al., 2004

com 55,2%). Sendo este o lado de maior uso nas atividades funcionais, a incapacidade torna-se ainda

maior e a reabilitação mais difícil, visto que muitas funções serão perdidas. Ao ter um lado afetado, o lado

contralateral torna-se sobrecarregado de funções, e aprender a realizar atividades com um membro antes

pouco utilizado dificulta a realização das AVD’s por esses pacientes. A reabilitação deverá focar não

somente no lado afetado, mas também na funcionalidade do lado não afetado, ensinando o paciente a ter o

máximo de independência nas AVD’s.

Existem relatos de maior prevalência de AVC do tipo isquêmico (CARVALHO et al., 2011 com

72.9% e POLESE et al., 2008 com 85,55%). Neste estudo foi verificado resultado discordante, sendo o AVC

hemorrágico, o tipo mais prevalente com 71,43% dos casos. Este é um dado preocupante, pois AVC do tipo

hemorrágico é o que mais leva a óbito e deixa incapacidades mais severas nos atingidos. Uma explicação

para a ocorrência maior de AVC hemorrágico pode ser o fato de que grande parte da amostra é hipertensa,

sendo este o fator de risco mais comum para a ocorrência de tal evento (NATIONAL STROKE

ASSOCIATION, 2009).

Tabela 02. Pontuação geral das Escala de Rankin

Escala n=7 (%)

Rankin

5 3 42,86

4 4 57,14

Fonte: Autor (2014).

Na tabela 2, pode-se observar prevalência de acometimento severo( 57,14%)pela Escala de Rankin,

sendo que não houve nenhum paciente com acometimento leve no momento da avaliação. Este dado

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demostra que o grau de acometimento e consequente dependência desses pacientes são graves,

evidenciando a necessidade de medidas que busquem reverter esse quadro.

Houve concordância com o estudo de Mendes et al. (2013), ao avaliarem a capacidade funcional de

pacientes internados em uma Unidade de AVC no interior do Ceará, encontraram que 55,5% dos pacientes

estavam com incapacidade funcional moderadamente severa na admissão, pela Escala de Rankin.

CONCLUSÃO

Através deste estudo, nota-se que esta doença causa grande incapacidade aos pacientes,

embasado pelos resultados da avaliação pela Escala de Rankin. Com o AVC sendo uma patologia cada vez

mais frequente no cotidiano dos profissionais de saúde, torna-se imprescindível a adequação de serviços

para melhor e mais adequado atendimento.

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE EM PACIENTES ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA DE SANTARÉM-PA, NOS ANOS DE 2013 E 2014 Brenda dos Santos Coutinho¹; Andreza Dantas Ribeiro¹; Anderson de Costa Alencar¹; Adjanny Estela Santos de Souza¹,² ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; ²Unidade de Referência Especializada – URE Ismael Araújo, Santarém – PA, Brasil. RESUMO A hanseníase ou hansenose é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta e crônica, causada pelo Mycobacterium leprae e constitui um importante problema de saúde pública no Brasil. O estudo objetivou verificar a ocorrência de baciloscopias positivas para a hanseníase em pacientes atendidos pela Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo, no período de 2013 e 2014. Este é um estudo de natureza descritiva, retrospectivo com uma abordagem quantitativa em que os dados foram coletados nos livros de registros do Laboratório de Análises Clínicas da unidade, e tabulados no programa Microsoft Excel 2010. Foram atendidos 261 pacientes com solicitação para a realização do exame de baciloscopia para hanseníase, sendo que 81 pacientes obtiveram o diagnóstico positivo para a doença. Dos 81 pacientes, a maioria era pertencente ao sexo masculino correspondendo a 55 (67,90%) casos, na faixa etária de 41-59 anos com 29 (35,80%) ocorrências, e advindos principalmente na zona urbana. Deste modo, é visualizada a hanseníase como um problema de saúde pública no Brasil, como observado no oeste do estado do Pará, que apresenta uma alta endemicidade. Também foi constatada a necessidade de melhorias relacionadas ao preenchimento das fichas dos pacientes, para a obtenção de informações mais fidedignas possíveis. Palavras-chave: Hanseníase. Epidemiologia. Baciloscopia.

INTRODUÇÃO

A hanseníase ou hansenose, também conhecida por “lepra” e “moléstia de Hansen” (MH)

caracteriza-se como uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta e crônica, causada pelo

Mycobacterium leprae e se manifesta, principalmente, através do comprometimento dermatoneural

(MARGARIDO et al., 2009). O agente causador da doença é um bacilo álcool-ácido-resistente, parasita

intracelular e com afinidade pelas células de Schwann e pele, possuindo alta infectividade e baixa

patogenicidade. Constitui importante problema de saúde pública no Brasil (prevalência da doença superior a

1/10.000 hab.), sendo este o segundo país em número de casos do mundo, atrás apenas da Índia (BRASIL,

2002; ARAÚJO, 2003).

A forma mais comum de contágio é através do contato íntimo e prolongado do individuo suscetível

com pacientes hansenianos sem tratamento, sendo que as vias aéreas superiores representam o principal

meio para a transmissão, porém pode ocorrer a penetração do bacilo pela pele, por meio de solução de

continuidade (TALBARI et al., 2013).O período de incubação da hanseníase é de aproximadamente de 2 a

7 anos e suas diferentes manifestações clinicas dependem, sobretudo da relação parasita/hospedeiro.

Algumas pessoas apresentam resistência ao agente, podendo até mesmo curar-se espontaneamente,

caracterizando os casos Paucibacilares (poucos bacilos presentes). Porém, um número inferior de

indivíduos não apresenta resistência ao bacilo, que se multiplica no organismo, são os casos multibacilares

(grande carga bacilar nas lesões) que representam a fonte de infecção da doença (BRASIL, 2002).

Em uma minoria de indivíduos infectados, depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a

sua destruição, ocorre a propagação do bacilo para nervos periféricos e pele onde interage com as células

de Schwann e macrófagos. O Brasil adota quatro classificações da hanseníase, baseando-se nas diferentes

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formas de suas manifestações clínicas: forma indeterminada, tuberculóide, dimorfa ou borderline e

virchowiana, sendo as duas primeiras caracterizadas como paucibacilares e as demais como multibacilares

(GOULART et al., 2002; SANTOS et al., 2005)

O grupo indeterminado caracteriza-se por máculas hipocrômicas apresentando ligeira diminuição da

sensibilidade, sem espessamento neural. Já, na forma tuberculóide, a doença é limitada pela boa resposta

imunocelular do hospedeiro. As lesões cutâneas, isoladas e assimétricas, são placas eritemato-

hipocrômicas ou eritematosas, bem delimitadas, frequentemente com bordas externas elevadas,

apresentando alteração importante da sensibilidade, nesta fase pode ocorrer alopecia e anidrose. Na forma

virchowiana ocorre a multiplicação e disseminação por via hematogênica, pela ausência de resposta

imunocelular do hospedeiro. As lesões cutâneas, múltiplas e simétricas, caracterizam-se por máculas

hipocrômicas, eritematosas ou acastanhadas, com bordas mal definidas, geralmente sem anestesia. Com a

progressão, formam-se nódulos e a face leonina, com infiltração e queda dos supercílios (madarose). Pode

ocorrer comprometimento das mucosas, olhos, testículos e ossos, perfuração do septo nasal,

manifestações viscerais e entre outras. O grupo dimorfo apresenta manifestações diversas, pelas diferentes

respostas imunocelulares do hospedeiro ao Mycobacterium leprae (LASTÓRIA; ABREU, 2012). Essas

lesões são responsáveis pelas incapacidades e deformidades características da hanseníase (BRASIL,

2002).

O diagnóstico clínico é realizado através do exame físico onde se procede a uma avaliação

dermatoneurológica, buscando-se identificar sinais clínicos da doença, como por exemplo, a alteração de

sensibilidade. Antes, porém, deve-se verificar a história epidemiológica (fonte de infecção). O diagnóstico da

doença em Pauci ou Multibacilar é importante para o esquema de tratamento quimioterápico. A baciloscopia

é o exame microscópico que serve de apoio para o diagnóstico e, também, como um dos critérios de

confirmação e classificação operacional, a partir de esfregaços de raspados intradérmicos das lesões

hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados (BRASIL, 2002).

O tratamento é realizado por meio da poliquimioterapia - PQT/OMS. É constituída por rifampicina,

dapsona e clofazimina acondicionados em quatro tipos de cartelas, com a composição de acordo com a

classificação operacional de cada caso. A equipe da Unidade Básica de Saúde deve realizar o tratamento,

seguindo o esquema terapêutico padronizado de acordo com a classificação operacional. O encerramento

da poliquimioterapia deve ser estabelecido de acordo com os critérios de regularidade ao tratamento:

número de doses e tempo de tratamento (BRASIL, 2007).

O estudo objetiva verificar a ocorrência de baciloscopias positivas para a hanseníase em pacientes

atendidos pela Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo, no período de 2013 a 2014.

METODOLOGIA

Este é um estudo de natureza descritiva, retrospectivo com uma abordagem quantitativa. De acordo

com Gil (2008), a pesquisa descritiva possui como objetivo descrever as características de uma população,

fenômeno ou de uma experiência, proporcionando novas visões sobre algo já conhecido. Na pesquisa

retrospectiva, o estudo é desenhado para explorar fatos do passado, podendo ser esquematizado para

retornar, do período atual até um determinado ponto no passado. A pesquisa com abordagem quantitativa

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trabalha com variáveis expressas sob a forma de dados numéricos e emprega recursos e técnicas

estatísticas (FONTELLES et al.,2009).

O estudo foi realizado na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo, localizada

no município de Santarém, Estado do Pará. Os dados foram coletados nos livros de registros do Laboratório

de Análises Clínicas, sendo analisados os dados correspondentes aos atendimentos realizados nos anos de

2013 e 2014. As variáveis utilizadas na pesquisa foram: gênero, idade, unidade solicitante, município de

origem, zona de residência, finalidade do exame, resultado, índice baciloscópico e índice morfológico. Os

dados foram tabulados no programa Microsoft Excel 2010, e analisados através do método de estatística

descritiva, sendo apresentados por meio de gráficos e tabelas.

O estudo obedeceu aos princípios éticos dispostos na resolução 466/12 que estabelece normas

para realização de pesquisa com seres humanos, como a pesquisa foi realizada em banco de dados

secundários para evitar a identificação de pacientes individuais e possíveis problemas éticos foram

utilizados dados agrupados e previamente codificados no Laboratório da URE Ismael Araújo.

Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídos na pesquisa dados de pacientes atendidos pelo laboratório de Análises Clínicas

com solicitação para realização de baciloscopia para hanseníase.

Foram excluídos da pesquisa dados de pacientes com informações ilegíveis e ou incompletas,

duplicidade (dois ou mais registros para o mesmo caso).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período analisado na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo em

Santarém, foram atendidos 261 pacientes com solicitação para a realização do exame de baciloscopia para

hanseníase, sendo 113 (43,30%) em 2013 e 148 (56,70%) em 2014, respectivamente (GRÁFICO 1).

A URE funciona como uma unidade de referência em Santarém, município de sua localidade, por

este motivo recebe pacientes advindos de muitos municípios vizinhos para a realização do exame

baciloscópico para hanseníase, bem como para outros que são ofertados pela unidade. Por este motivo, há

um número considerável de atendimentos relacionados ao exame, assim como para outras análises

laboratoriais oferecidas.

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Gráfico 1. Número de pacientes atendidos na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo para o exame baciloscópico para hanseníase nos anos de 2013 e 2014. Fonte: URE.

Como mostra o gráfico 2, os casos solicitantes para o exame de baciloscopia nos anos de 2013 e

2014 relataram 81 pacientes com diagnóstico positivo para hanseníase. Destes, 40 (49,39%) dos casos

eram pertencentes ao ano de 2013 e 41 (50,61%) ao ano de 2014. Porém, foram observadas ao longo da

pesquisa muitas falhas referentes à coleta de informações dos pacientes, afetando a análise exata dos

dados. Em relação a esta variável, foi observado que no ano de 2013 constam seis pacientes com o

resultado não informado, indicando a necessidade de melhorias na coleta de informação dos pacientes.

Gráfico 2. Número de pacientes com diagnóstico positivo para hanseníase através da baciloscopia realizada na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo nos anos de 2013 e 2014. Fonte: URE.

Como observado na tabela 1, dos 261 pacientes atendidos para a realização de baciloscopia para

hanseníase na URE, 153 (58,62%) eram do sexo masculino e 104 (39,85%) do sexo feminino.

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Em relação à faixa etária, percebe-se que a maioria dos indivíduos com solicitação para o exame

compreendeu a faixa etária de 16 a 40 anos, correspondendo a 87 (33,33%) indivíduos e 41 a 59 anos com

77 (29,50%) indivíduos (TABELA 1).

Tabela 1. Características sociodemográficas dos pacientes atendidos na Unidade de Referência de Especialidades

(URE) Ismael Araújo para o exame baciloscópico de hanseníase nos anos de 2013 e 2014.

Características sociodemográficas N= 261 %

Sexo

Masculino 153 58.62

Feminino 104 39.85

Não informado 4 1.53

Faixa etária

0 - 15 28 10.73

16 - 40 87 33.33

41 - 59 77 29.50

> 60 53 20.31

Não informado 16 6.13

Município de origem

Santarém 134 51.34

Aveiro 1 0.38

Belterra 1 0.38

Itaituba 1 0.38

Mojuí dos Campos 5 1.92

Monte Alegre 2 0.77

Novo Progresso 1 0.38

Óbidos 2 0.77

Oriximiná 1 0.38

Prainha 2 0.77

Ruropólis 4 1.53

Uruará 4 1.53

Interior 40 15.33

Não informado 63 24.14

Zona de residência

Urbana 150 57.47

Rural 49 18.77

Não informado 62 23.75

Finalidade do Exame

Diagnóstico 186 71.26

Controle 64 24.52

Recidiva 2 0.77 Não informado 9 3.45

Fonte: URE.

O município de origem dos pacientes que realizaram o exame baciloscópico para hanseníase,

englobou tanto o município de localidade da URE, ou seja, Santarém que contou com 131 (50,19%) dos

casos, quanto municípios vizinhos, como Mojuí dos Campos, compreendendo 5 (1,92%) dos casos,

Ruropólis e Uruará com 4 (1,53%) casos requerentes, dentre outros municípios e comunidades localizadas

no interior. Além disso, muitos registros não continham a informação sobre o município de origem do

paciente, apresentando 63 casos não notificados (TABELA 1).

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Como observado na tabela 1, a maioria dos pacientes com solicitação para o exame são advindos

da área urbana, representando 150 (57,47%) dos casos, também deve ser considerado que em muitos

registros dos pacientes não constavam a informação sobre a zona de residência, apresentando 62 casos

com subnotificação.

Como explica Brasil (2010), o diagnóstico laboratorial da hanseníase serve como um exame de

saúde diferencial para outras doenças dermatoneurológicas, casos suspeitos de recidiva e para a

classificação do tratamento, pois o diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico.

Assim, a tabela 1 revela que 186 (71,26%) dos exames, possuíam a finalidade diagnóstica, ou seja, para

que haja a diferenciação com outras doenças e 64 (24,52%) das analises, possuíam o intuito de controle,

desígnio voltado principalmente para a observação da efetividade do tratamento.

É importante ressaltar a existência de muitas falhas de registro, como pode ser observado na tabela

1. Algumas variáveis apresentavam um alto índice de subnotificação como o município de origem e a zona

de residência. Como explica Brito et al. (2013), muitos estudos sobre o perfil epidemiológico da hanseníase

já demostraram falhas no preenchimento das fichas dos pacientes, negligenciando muitas informações

pertinentes para o cenário epidemiológico da doença, sugerindo que os profissionais responsáveis pelo

registro já estão condicionados a não realizá-lo. A ausência de notificação de dados importantes para o

conhecimento do agravo prejudica o objetivo de diminuir a endemicidade da doença no oeste do Pará, que

apresenta continuamente casos novos.

A Tabela 2 mostra o perfil sociodemográfico dos pacientes com diagnóstico positivo para

hanseníase. No período de estudo, foram diagnosticados 81 indivíduos, subdivididos de acordo com a

finalidade do exame, como diagnóstica, controle ou recidiva. O grupo com finalidade diagnóstica e controle

incluíram 76 (93,83%) casos, correspondendo 38 para cada desígnio. Além de que, houve um caso,

classificado como recidiva e 4 casos com a ausência do registro, em relação a finalidade do exame.

Como exibe a tabela 2, o gênero masculino mostrou-se prevalente tanto em relação à finalidade

diagnostica quanto para o controle, somando 55 (67,90%) ocorrências no período de estudo, que uniu os

anos de 2013 e 2014. Assim, os resultados do estudo corroboram com a Organização Mundial da Saúde

(OMS), no ponto em que a população masculina é com maior frequência afetada pela hanseníase em

relação às mulheres, geralmente na proporção de 2:1. Contudo, é importante destacar, que não há uma

predileção da doença por sexo, as diferenças de gênero na hanseníase refletem diferenças epidemiológicas

ou pela influência de fatores operacionais (LANZA et al., 2012).

Em relação à faixa etária, a idade prevalente foi a de 41-59 anos tanto para o desígnio diagnóstico

quanto para o controle, representando 35,80% dos casos. Essa variável, é constantemente relacionada com

a questão laboral, uma vez que a população envolvida é a economicamente ativa, onde certas ocupações

podem favorecer a condição de vulnerabilidade social e a probabilidade de ocorrência de doenças como o

mal de Hansen (ARAÚJO, 2003).

O índice baciloscópico (IB) é uma avaliação quantitativa mais correta e utilizada na leitura da

baciloscopia em hanseníase e baseia-se em uma escala logarítmica proposta por Ridley, em 1962. O IB do

paciente é calculado pela média aritmética dos IBs de cada sítio analisado. (BRASIL, 2010). A tabela 2

mostra a média do índice baciloscópico (IB) obtida dos pacientes que realizaram o exame na unidade nos

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anos de 2013 e 2014, apresentando uma média de 2,65 para a finalidade diagnóstica e de 2,9 para o

controle.

Segundo Brasil (2010), o índice morfológico (IM) é um cálculo de natureza subjetiva, onde é

analisada a quantidade de bacilos íntegros presentes na amostra e ofertada uma porcentagem em relação a

este número. A tabela 2 ilustra a média do índice morfológico (IM) dos pacientes atendidos na unidade,

sendo atribuída uma média de 9% para o ano de 2013 com finalidade diagnóstica e de 1% para o controle.

O ano de 2014 apresenta uma média de 10% para o desígnio diagnóstico e de 2% para o controle. A

diminuição do índice morfológico (IM) do grupo diagnóstico para o controle é dado por Lastória et al..,

(2006), pelo qual no término do tratamento há a queda lenta e gradual, sugerindo a morte bacilar; a taxa do

IB também cai decorrente da eliminação dos bacilos pelo sistema imunológico.

Tabela 2. Características sociodemográficas dos pacientes com diagnóstico positivo para hanseníase através da realização do exame de baciloscopia na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo nos anos de 2013 e 2014.

Variáveis 2013 2014

Diagnóstico Controle Diagnóstico Controle

Sexo Feminino 7 3 5 6

Masculino 16 10 10 19

Faixa etária

0-15 0 0 0 0

16-40 3 4 6 10

41-59 7 6 7 9

>60 7 3 2 6

IB 2,5 3 2,8 2,8 IM 9% 1% 10% 2% Fonte: URE.

CONCLUSÃO

No período analisado que compreende os anos de 2013 e 2014 na Unidade de Referência de

Especialidades (URE) Ismael Araújo no munícipio de Santarém, 261 pacientes foram atendidos com

solicitação para o exame baciloscópico para hanseníase e, destes, 81 obtiveram diagnóstico positivo para a

doença. O estudo apresentou uma maior ocorrência no sexo masculino, e nas faixas etárias de 41-59 anos,

com prevalência na zona urbana. A ocorrência da doença mostra o problema de saúde público ainda

enfrentado no Brasil em relação à hanseníase e exibe especificamente a situação da doença no oeste do

estado do Pará, que como analisado no presente estudo e em estudos anteriores, ainda apresenta uma alta

incidência.

Uma limitação do estudo ocorre devido à presença de inúmeras subnotificações presentes nas

variáveis analisadas, principalmente nas variantes zona de residência, município de origem e faixa etária. A

falha da capacidade operacional dos serviços de saúde em relação à qualidade do preenchimento das

fichas foi observada durante a análise dos dados, evidenciando a necessidade de melhorias na coleta de

informações dos pacientes, para que haja uma análise mais fidedigna possível, colaborando deste modo,

com a montagem do perfil epidemiológico da doença na região.

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS IDOSOS PARTICIPANTES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO, NO PERÍODO DE OUTUBRO E NOVEMBRO DE 2014, EM SANTARÉM-PA. Isabela dos Santos Alves¹, Patrícia Braga Pereira¹, Isabela Soraia Figueiredo da Silva¹, Michele de Castro Leão¹, Fábio Henrique Dolzany Rosales¹. ¹Universidade do Estado do Pará - Campus XII, Santarém - Pará, Brasil RESUMO O idoso é um indivíduo que possui 60 anos ou mais. É um grupo populacional que vem crescendo de forma significativa, devido a diversas melhorias sociais, principalmente, que ocorreram com a evolução dos tempos. Por ser uma fase na qual há uma diminuição natural das funções fisiológicas, este indivíduo tende a ser observado como alguém mais frágil e que merece uma atenção especial da população. Sabe-se que diversos fatores determinam o bem-estar na velhice, dentre eles a participação em centros de convivência, para desenvolvimento de atividades diversas, auxilia no processo de senescência, que é o envelhecimento sadio. Diante disso, o presente estudo objetiva traçar o perfil epidemiológico dos idosos que participam de um centro de convivência do idoso, no município de Santarém-PA e, para a realização dessa pesquisa, foi aplicado um questionário confeccionado pelos autores para coleta de dados sociodemográficos. Esta pesquisa é um estudo epidemiológico transversal observacional descritivo. Foi avaliada uma amostra de 56 idosos, no período de outubro e novembro de 2014. Observou-se que a maioria dos idosos são mulheres, indivíduos entre 60 a 69 anos (idosos jovens), que se consideravam pardo, possuíam até o primário de escolaridade, eram casados/moravam juntos ou viúvos e não moravam sozinho. Sugere-se que com estas informações possam ser desenvolvidas atividades voltadas para o perfil específico de idosos que participam do centro, além disso, que sejam estudadas formas que façam com que outros idosos, que não possuem as variáveis epidemiológicas mais prevalentes de acordo com o observado na pesquisa, também participem deste ambiente, tendo em vista, que a interação social é um fator importante para que o envelhecimento do indivíduo seja um processo saudável. Palavras-chave: Idoso. Centro de convivência. Envelhecimento.

INTRODUÇÃO

De acordo com o Estatuto do Idoso, caracteriza-se como idoso o indivíduo que tem idade igual ou

acima de 60 anos. Por conta do crescente crescimento demográfico do grupo, essa população tem sido alvo

de cada vez mais estudos e pesquisas envolvendo seus componentes, a fim de proporcionar melhor

suporte no processo de envelhecimento, especialmente após a consolidada inversão demográfica dos

países desenvolvidos no século XX e, mais recentemente, nas grandes potências em desenvolvimento

(BRASIL, 2007; TRENTINI, 2004).

Essencialmente, envelhecer denota a deterioração das capacidades fisiológicas, como resultado do

longo tempo de vida decorrida até a chegada nessa fase. Porém, é imprescindível que a sociedade entenda

o envelhecimento como um mecanismo dinâmico, progressivo, marcado por várias manifestações

biopsicossociais que ocorre no decorrer da vida e de forma subjetiva e individualizada. Logo, o

envelhecimento saudável é a influência mútua de diversos fatores entre eles, a saúde física, saúde mental,

independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica (RAMOS,

2003).

A participação no Centro de Convivência é um fator que influencia diretamente a percepção do

idoso sobre a importância em aproveitar a vida, pois nos Centros de Convivência o idoso tem a

possibilidade de encontrar estímulo para uma vida social sadia, desenvolver sua cultura e ter momentos de

lazer melhorando sua autoestima e sua aceitação na sociedade (WICHMANN et al., 2013).

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Diante disso, o objetivo do trabalho foi identificar o perfil sociodemográfico, verificando idade, sexo,

escolaridade, etnia, estado civil, e condições de moradia, dos idosos que participam de um Centro de

Convivência do idoso, no município de Santarém – PA.

METODOLOGIA

Esta pesquisa trata-se de um pesquisa clínica, pois envolve diretamente o paciente e foi realizada

na forma de entrevista. Tem caráter transversal, pois as variáveis foram analisadas no período específico da

coleta dos dados, é observacional descritiva, pois os pesquisadores limitam-se à descrever os dados sem

intervir ou modificar qualquer aspecto que seja objeto do estudo. Além de ser um estudo epidemiológico,

pois avalia os fatores epidemiológicos dos pacientes estudados.

Caracterização do local da pesquisa

O estudo foi realizado na cidade de Santarém, no Oeste do Pará, Brasil. Os dados foram coletados

no Centro de Convivência do Idoso, Alameda 33, sem número, bairro Aeroporto Velho que funciona de

segunda à sexta das 08:00 horas às 17:00 horas, atende demanda espontânea de idosos, onde ocorre

atividades como Artesanato, Coral, Dança e Atividade Física, ou seja, é um local voltado para convívio entre

os idosos participantes, manutenção de relações interpessoais e desenvolvimento de atividades lúdicas.

Caracterização da amostra

Os questionários foram aplicados em idosos que são os indivíduos com idade igual ou superior a 60

anos (BRASIL, 2007), que participam do centro de convivência. Por atender demanda espontânea, não há

um número constante de idosos que frequentam ao Centro de Convivência, mesmo assim, estima-se que

ao mês 100 idosos diferentes frequentem o Centro de Convivência. Por conseguinte, no período de coleta

de dados (outubro e novembro de 2014), participaram da pesquisa 56 idosos, por demanda espontânea.

Sendo incluídos na pesquisa idosos participantes do centro de convivência do idoso, da cidade de

Santarém - PA, que possuam 60 anos de idade ou mais, sem prejuízo cognitivo, que concordem com a

participação na pesquisa por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram

excluídos do estudo, os indivíduos com menos de 60 anos de idade; indivíduos que tinham algum déficit

cognitivo, que impossibilitou o entendimento do questionário e os questionários que não foram completados

em mais de 80%.

Protocolos utilizados

Os dados foram coletados por meio do questionário de Avaliação Sociodemográfica, este foi

formulado pelos próprios pesquisadores, nos quais foram selecionadas as variáveis epidemiológicas mais

relevantes para se estabelecer o perfil epidemiológico: gênero, idade, escolaridade, situação de moradia e

estado civil. O questionário foi aplicado no centro de convivência do idoso, nos meses de outubro e

novembro de 2014, após autorização da pesquisa pela Secretaria Municipal de Assistência Social e

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pelo entrevistado, sendo esclarecidas

todas as informações pertinentes sobre o que se tratava a pesquisa.

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Análise dos dados

Após a coleta avaliou-se os dados obtidos pelos questionários utilizando-se o programa Microsoft

Office Excel 2007 para gerar gráficos e tabelas conforme fosse pertinente para a avaliação e exposição dos

resultados verificados após a coleta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa foi realizada no Centro de Convivência de Idosos, do município de Santarém, estado do

Pará, com os idosos (indivíduos com 60 anos de idade ou mais) que estavam no recinto no período de

coleta de dados e que aceitaram por livre e espontânea vontade participar da pesquisa. O total de idosos

participantes da pesquisa foi n=56, os resultados foram obtidos através das respostas colhidas pelo

questionário sociodemográfico. A seguir são apresentados os dados obtidos, e concomitantemente, sua

respectiva discussão.

A tabela 1 apresenta a distribuição por sexo na amostragem (n=56) de idosos avaliados.

Observamos que 75% (n = 42) da amostra corresponde a indivíduos do sexo feminino enquanto 25% (n =

14) da amostra corresponde a pessoas do sexo masculino. O censo demográfico, realizado em 2010, pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que há predomínio do sexo feminino, na população

idosa, a nível de Brasil (IBGE, 2010). Pesquisas realizadas em outros estados, como em São Paulo,

também apontam para a prevalência do sexo feminino em suas amostras, como foi o caso do estudo sobre

Saúde, Bem-estar e Envelhecimento de Lebrão e Yeda (2003) que obtiveram em sua amostra 58,6% de

mulheres e 41,4% de homens. Nunes et al.. (2010), em seu estudo sobre capacidade funcional em idosos

no estado de Goiás, também constatou predomínio de mulheres na sua pesquisa com 58,5% de mulheres

contra 41,5% de homens. Chaimowicz (2013) relatou que há uma tendência à feminilização da longevidade

em todo o mundo, dentre os fatores que explicam a prevalência das mulheres é a alta exposição a fatores

de riscos como álcool, fumo, acidentes de trabalhos e homicídios aos quais os homens estão mais expostos

que as mulheres, além da diminuição da mortalidade materna perinatal e por câncer de colo uterino que

ocorreu durante o século XX, com instauração de medidas de saúde pública. Essas comprovações fizeram

com que em 2008, o Ministério da Saúde, instaurasse o programa de Saúde do Homem, no qual dentre os

diversos objetivos desse programa está a tentativa de aumento da expectativa de vida nos indivíduos do

sexo masculino, através da redução das causas de morbidade e mortalidade mais prevalentes nos homens

(BRASIL, 2008).

Tabela 1. Distribuição do sexo dos idosos de um Centro de Convivência, no município de Santarém - PA.

Sexo N %

Feminino 42 75

Masculino 14 25

Total 56 100

N = Valor Absoluto; % = Valor Relativo Fonte: Questionário sociodemográfico para avaliação do perfil epidemiológico dos idosos de um Centro de Convivência, em Santarém-PA, 2014.

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Camarano (1999), em sua pesquisa sobre os idosos brasileiros, ainda constatou que a diferença

entre a quantidade de homens e mulheres, nos indivíduos com mais de 60 anos, vai aumentando conforme

o decorrer da idade. Chaimowicz (2013) ainda relata que esta diferença só não é maior devido a prevalência

de demências e outras doenças neurodegenerativas serem mais comuns em pessoas do sexo feminino,

diminuindo a expectativa de vida nas mulheres.

Tão prevalente é o sexo feminino na terceira idade que o epidemiologista Jorge Litivak em seu

estudo sobre o envelhecimento da população chegou a dizer que cada vez mais os problemas de saúde e

socioeconômico dos idosos serão os problemas de saúde e socioeconômicos das mulheres idosas

(LITIVAK, 1990).

Veras (1999) mostra que a prevalência do sexo feminino se deve a maior atenção com a saúde e

participação em ações de saúde coletiva das mulheres idosas que dos idosos do sexo masculino, que

possuem certa rejeição a este autocuidado, sobretudo, devido à valores socioculturais herdado de décadas

passadas. Segundo, Veras (1999), a mulher cuida mais do seu corpo e qualquer alteração no

funcionamento do seu organismo a leva a procurar um médico. Além disso, como a mulher se preocupa

mais com o seu bem-estar tanto físico como psicológico justifica-se a participação mais significativa das

idosas no Centro de Convivência.

Adiante está a tabela 2 mostra a distribuição quanto a faixa etária dos indivíduos idosos, indivíduos

com 60 a 69 anos correspondem a 44,7% (n = 25) dos entrevistados, enquanto com 70 a 79 anos há 32,1%

(n = 18) e com 80 anos ou mais há 23,2% (n = 13). Essa divisão em grupos por décadas nos idosos, foi feita

por Camarano (2002), que distribuiu os idosos em: idoso jovens de 60 a 79 anos e muito idoso aqueles

indivíduos com mais de 80 anos de idade. Segundo, Rosset et al.. (2011), há uma tendência de aumento

dos idosos muito idosos, todavia estes ainda não chegam a ser a maioria neste grupo. Assim como na

neste estudo, Rosset et al.. (2011) mostra que há um decaimento no número de idosos, conforme o

indivíduo vai se tornando mais idoso. Todavia, Chaimowicz (2013) discute sobre o aumento em proporção

do número de indivíduos muito idosos, em países desenvolvidos, e estima que no Brasil, mesmo sendo um

país em desenvolvimento, a proporção de indivíduos muito idosos em 2030 será quase o dobro de

indivíduos muito idosos que havia em 1975 e o aumento desse subgrupo de idosos se deve principalmente

a melhoria nas condições de vida, controle mais adequado da hipertensão arterial sistêmica e diabete

melito, tratamento de doenças antes fatais e prevenção de neoplasias. Os indivíduos muito idosos são um

grupo diferenciado porque o grau de dependência é bem maior, assim como a prevalência de demências

também é maior neste grupo, justificando porque muitas pesquisas envolvendo idosos os dividem nestes

subgrupos.

A tabela 3 traz a distribuição dos idosos quanto a etnia que cada um se classificava, observou-se

que 67,86% (n = 38) consideravam-se pardos, 23,21% (n = 13) declararam-se brancos, 7,14% (n = 4)

declararam-se negros e 1,79% (n = 1) considerava-se amarelo. No estudo realizado na cidade de São Paulo

de Lebrão e Yeda (2003), foi constatado que 70,2% dos entrevistados se consideraram brancos, 12,9%

mulatos, 8,2% mestiço e as outras etnias somaram o restante da porcentagem. Já Cauduro et al.. (2011),

comparou as etnias dos idosos em Porto Alegre (região Sul) e Manaus (região Norte) e constatou que

enquanto no Sul, 83,6% dos indivíduos se consideravam brancos, 5,4% se consideravam pardos e 11,0%

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se consideravam negros, na região Norte 59,7% se consideravam pardos, 36,0% se consideravam brancos

e 4,3% se consideravam negros. Sendo assim, seguindo a sequência decrescente da etnia encontrada na

pesquisa de Cauduro et al.. (2011), pardos, brancos e negros, na região Norte, foi a mesma sequência

encontrada neste trabalho realizado em Santarém, no qual a ordem decrescente dos indivíduos por etnia foi

pardos, brancos e negros.

A tabela 4 mostra o nível de escolaridade dos indivíduos participantes da pesquisa. Foi constatado

que 42,88% (n = 24) possuem o grau primário (hoje equivale do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental),

26,79% (n = 15) possuem o 1º Grau completo (equivale atualmente do 6º ao 9º ano do Ensino

Fundamental), 16,07% (n = 9) não eram alfabetizados, ou seja, não possuíam nenhum nível de

escolaridade e 14,29% (n = 8) possuíam o 2º grau, ou seja, o ensino médio completo. Souza (1999) em seu

estudo sobre o analfabetismo no Brasil, mostrou que nos últimos anos as taxas de indivíduos analfabetos

estão diminuindo, algo que também foi observado nessa pesquisa onde a maior porcentagem de indivíduos

42,88% possuíam pelo menos o grau primário e os analfabetos correspondem a 16,07% da amostra.

Todavia é importante ressaltar que a maioria dos indivíduos da amostra possuem poucos anos de estudo e

dados do IBGE que corroboram para essa análise foram publicados em 2002 e mostraram que existe uma

baixa escolaridade na população idoso. Nessa pesquisa do IBGE foi revelado que 59,4% dos idosos

brasileiros possuíam no máximo até três anos de estudos. Borges et al..(2008) em sua pesquisa com idosos

que participavam de um Centro de Convivência no estado de Minas Gerais, observou que 45,69%

possuíam o primário completo, todavia o número de analfabetos na amostra equivalia a 36,55% dos

entrevistados, mais que o dobro em porcentagem do que foi encontrado na nossa pesquisa.

Tabela 2. Distribuição da idade dos idosos de um Centro de Convivência, no município de Santarém-PA.

Idade N %

60 a 69 anos 25 44,7

70 a 79 anos 18 32,1

80 anos ou mais 13 23,2

Total 56 100

N = Valor Absoluto; % = Valor Relativo Fonte: Questionário sociodemográfico para avaliação do perfil epidemiológico dos idosos de um Centro de Convivência, em Santarém-PA, 2014.

Tabela 3. Distribuição quanto a etnia de idosos do Centro de Convivência, no município de Santarém-PA.

Etnia N %

Amarelo 1 1,79

Branco 13 23,21

Negro 4 7,14

Pardo 38 67,86

Total 56 100

N = Valor Absoluto; % = Valor Relativo Fonte: Questionário sociodemográfico para avaliação do perfil epidemiológico dos idosos de um Centro de Convivência, em Santarém-PA, 2014.

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A tabela 5, destaca a variável sobre o estado civil dos idosos da pesquisa, sendo 35,71% (n= 20) da

amostra é casada e 35,71% (n = 20) é viúva, já os divorciados correspondem a 16,07% (n = 9) e os

solteiros 12,50% (n = 7). Lebrão e Yeda (2003) encontraram na sua pesquisa 50% dos indivíduos casados,

29,5% viúvos, 8,5% separados e 4,9% solteiros, o que foi de encontro com a pesquisa realizada em

Santarém, principalmente para as porcentagens de divorciados e solteiros. Silva et al.. (2012) em sua

pesquisa sobre uso de fármacos em idosos encontrou que a maioria dos idosos 56% eram casados, dado

que discorda do que foi encontrado em Santarém, onde a porcentagem de casados e viúvos são a mesma.

Entretanto, Luz e Carmo (2009) mostrou em sua pesquisa sobre o perfil socioeconômico de idosos de um

centro de convivência no Rio de Janeiro que a porcentagem de casados (43,4%) e viúvos (39,1%) foi

praticamente igual, ratificando o dado encontrado na pesquisa em Santarém - PA.

Tabela 5. Distribuição quanto ao estado civil dos idosos de um Centro de Convivência, no município

de Santarém-PA.

Estado Civil N %

Casado (a) 20 35,71

Divorciado (a) 9 16,08

Solteiro (a) 7 12,5

Viúvo (a) 20 35,71

Total 56 100

N = Valor Absoluto; % = Valor Relativo Fonte: Questionário sociodemográfico para avaliação do perfil epidemiológico dos idosos de um Centro de Convivência, em Santarém-PA, 2014.

A tabela 6 mostra a relação quanto a moradia no grupo estudado, sendo 39,29% (n = 22) moram

com os filhos e netos, 17, 86% (n = 10) moram sozinho, 16,07% (n = 9) mora com o cônjuge, 14,29% (n = 8)

mora com cônjuge, filhos e netos, 7,14% (n = 4) mora com netos e 5,36% (n = 3) mora com cônjuge e filhos.

Nessa variável é importante observar que 82,14% moram com alguém, o que se correlacionou com os

dados de Borges et al.. (2008) em que 98% da sua amostra morava com alguém. De acordo com o IBGE

(2007) há 13,2% de idosos morando sozinho no Brasil, porcentagem próxima aos 17,86% de idosos que

moram só encontrados nesta pesquisa.

Tabela 4. Distribuição quanto a escolaridade dos idosos de um Centro de Convivência, no município de

Santarém-PA.

Escolaridade N %

Nenhuma 9 16,07

Primário 24 42,86

Ginásio (1º Grau) 15 26,79

2º grau 8 14,29

Total 56 100

N = Valor Absoluto; % = Valor Relativo Fonte: Questionário sociodemográfico para avaliação do perfil epidemiológico dos idosos de um Centro de Convivência, em Santarém-PA, 2014.

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Tabela 6. Distribuição quanto a moradia dos idosos de um Centro de Convivência, no município de

Santarém-PA.

Situação de Moradia N %

Mora sozinho 10 17,86

Mora com o cônjuge 9 16,07

Mora com o cônjuge e filhos 3 5,36

Mora com o cônjuge, filhos e netos 8 14,29

Mora com filhos e netos 22 39,29

Mora com netos 4 7,14

Total 56 100

N = Valor Absoluto; % = Valor Relativo Fonte: Questionário sociodemográfico para avaliação do perfil epidemiológico dos idosos de um Centro de Convivência, em Santarém-PA, 2014.

CONCLUSÃO

A pesquisa evidenciou que dentre os 56 idosos que participam do Centro de Convivência do Idoso

em Santarém, no ano de 2014, os achados mais prevalentes foram: mulheres, indivíduos entre 60 a 69

anos (idosos jovens), que se consideravam pardo, possuíam até o primário de escolaridade, eram

casados/moravam juntos ou viúvos e não moravam sozinho.

O conhecimento dessas variáveis é importante para caracterizar como é a população que frequenta

o Centro de Convivência do Idoso e dessa forma poder desenvolver atividades mais adequadas para o perfil

do grupo que participa ativamente do centro. Além disso, conhecendo as características mais prevalentes

da população que frequentam este recinto, é possível estudar medidas que sirvam para atrair os outros

idosos que não frequentam o local.

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PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES PÓS AVC APÓS A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PERÍODO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SANTARÉM-PA Milena de Sousa Vasconcelos1; Bruna Raquel Macena de Avelar1; Cíntia Naira Souza de Lima1; Ítala Narjara Pereira Amorim1; Luana Caroline Leitão Serique1; Richelma de Fátima de Miranda Barbosa1 1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA. Brasil. e-mail:[email protected] RESUMO Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) caracteriza-se por uma súbita falta de suprimento sanguíneo no cérebro, atinge a maioria da população no Brasil e no mundo, de acordo com sua gravidade pode levar o indivíduo à morte ou deixá-lo em total dependência. Objetivo: Analisar o perfil funcional dos pacientes pós AVC antes e após a intervenção fisioterapêutica no período de internação em um hospital público de Santarém-PA. Método: Fizeram parte do estudo 7 pacientes do gênero feminino com diagnóstico de AVC. As avaliações aconteceram nas clínicas médica e cirúrgica do Hospital Municipal de Santarém – PA. Os dados foram organizados e processados por estatística descritiva, por meio dos aplicativos Microsoft Excel 2013 e Biostat 5.3. Para comparação dos dados numéricos foi utilizado o teste Wilcoxon, para análise de distribuição de probabilidade o teste Qui-Quadrado e p= 0,05 para significância estatística. Resultado: Notou-se que do total da amostra, 42,85% eram procedentes do município de Santarém, 57,14% com faixa etária de 51-83 anos, 85,71% hipertensas e não-diabéticas, sendo 71,43% acometidas por AVC hemorrágico e 57,14% tendo como principal acometimento hemiplegia à direita. Conclusão: Conforme a metodologia adotada pode-se concluir que este estudo mostra que a fisioterapia precoce auxiliou na melhora do quadro funcional dos participantes, com os resultados obtidos através do índice de Barthel(de 10.71±9.32 para 21,43±12,82), mas ainda encaixando-os como severo grau de dependência. Ressaltando a necessidade de adoção de cuidados adequados direcionados a esse público. Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Fisioterapia, Funcionalidade.

INTRODUÇÃO

A doença cerebrovascular (DCV) atinge 16 milhões de pessoas ao redor do globo a cada ano.

Dessas, seis milhões morrem. No Brasil, são registradas cerca de 68 mil mortes por Acidente Vascular

Cerebral (AVC) anualmente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).

O Acidente Vascular Cerebral pode ser definido, segundo a World Health Organization (WHO,

2014), como uma interrupção súbita do suprimento sanguíneo em parte do cérebro, geralmente causado

pelo rompimento ou oclusão por um coágulo, de um vaso sanguíneo.

Segundo Fontes (2007), dentre os acidentes vasculares encefálicos, destacam-se: o ataque

isquêmico transitório (AIT), o acidente vascular encefálico isquêmico (AVCI) e o acidente vascular encefálico

hemorrágico (AVCH). Ataque isquêmico transitório caracteriza-se por episódios súbitos de déficit

neurológico atribuído a isquemia, localizada em porção do sistema nervoso suprida por determinado vaso,

com duração total de minutos até 24 horas. Na grande maioria das vezes são fugazes, com rápida

recuperação. O Acidente vascular isquêmico caracteriza-se por déficit neurológico abrupto decorrente de

oclusão trombótica ou embólica de vaso sanguíneo cerebral. O Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico

consiste em sangramento no interior do parênquima cerebral, com formação de um hematoma.

São inúmeras as possíveis alterações que podem ocorrer em um individuo vítima de AVC, como

alteração no nível de consciência e comprometimentos nas funções sensoriais, motoras, cognição,

percepção e linguagem (O`SULLIVAN, 2004).

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Conforme a região cerebral atingida, bem como de acordo com as lesões, o AVC pode oscilar entre

dois opostos. O de menor intensidade praticamente não deixam sequelas. Os mais graves, todavia, podem

levar as pessoas à morte ou a um estado de absoluta dependência, sem condições, por vezes, de nem

mesmo sair da cama (REDE BRASIL AVC, 2011).

Durante a fase de internação no hospital, a porcentagem de pacientes acometidos por AVC que

apresentam complicações clínicas é grande, cerca de 60 a 85% dos casos. Sabe-se que adequar os

serviços de atendimento desses pacientes, contando com a atuação coordenada de profissionais

especializados, entre eles o fisioterapeuta, parece ser o quesito necessário para melhorar a qualidade no

atendimento, prevenindo e minimizando tais complicações com eficiência, diminuindo o tempo de internação

e, consequentemente, reduzindo os custos para assistência (FONTES, 2007).

Para o Ministério da Saúde (2006), para que o paciente possa ter uma melhor recuperação e

qualidade de vida, é fundamental que ele seja analisado e tratado. Deve-se apresentar logo ao paciente um

plano organizado de tratamento que atenda aos seus objetivos individuais e enfatize a retomada das AVD’s

normais (O’ SULLIVAN, 2004). Portanto, o tratamento deve ser direcionado às necessidades individuais e

específicas de cada paciente.

As escalas mais utilizadas para avaliar o comprometimento do AVC são Índice de Barthel (IB) e a

National Instituteof Health Stroke Scale (NIHSS). O IB e a NIHSS, em versões e adaptações para o nosso

idioma, são escalas de avaliação de comprometimento neurológico com evidências de confiabilidade

clinicamente aceitável e de boa aplicabilidade em nosso meio (CANEDA et al., 2006).

Neste contexto, este artigo objetiva analisar o perfil funcional dos pacientes pós AVC antes e após a

intervenção fisioterapêutica no período de internação hospitalar em um hospital público de Santarém-PA.

METODOLOGIA

Amostra

Participaram deste estudo ao todo 7 pacientes com diagnóstico de AVC internados nas clínicas

médica e cirúrgica do Hospital Municipal de Santarém no período de Julho a Agosto de 2014. Foram

respeitadas todas as normas éticas de pesquisa com seres humanos e só foi iniciada perante aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP UEPA/STM) com número de parecer 617.998, datado de 16/04/2014.

Coleta de dados

O instrumento de coleta de dados foram fichas individuas de avaliações que continham os dados

clínicos dos pacientes (prontuário e entrevista individuas com pacientes e seus cuidadores).

Protocolos utilizados

Após a entrevista, foi realizada a avaliação de cada paciente, sempre no primeiro dia de internação

nas clínicas. A partir do segundo dia, foi realizado o protocolo de atendimento fisioterapêutico que consistia

de: mobilização articular; cinesioterapia com exercícios passivos, ativo-assistido ou ativos; exercícios de

Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, estimulação sensorial no lado hemiplégico e adequação do leito.

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Foi realizado um atendimento diário, todos os dias de internação de cada paciente. A reavaliação foi

realizada no ultimo dia de internação dos pacientes.

Análise de dados

Após a coleta, os dados foram organizados e processados mediante a utilização da estatística

descritiva (média, desvio padrão, frequências absolutas e relativas) mediante a utilização do aplicativo

Microsoft Excel 2013. Posteriormente, os dados foram transferidos para o aplicativo Biostat 5.3, de modo a

estabelecer primeiramente a normalidade dos dos através do teste Shapiro-Wilk. Para comparação dos

dados numéricos utilizamos o teste WIlcoxon. Para análise de distribuição de probabilidade usou-se o teste

Qui-Quadrado. Usamos p=.0,05 para significância estatística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O AVC tem se tornado uma emergência clínica cada vez mais frequente na população. A população

mundial tende a envelhecer, com isso o AVC torna-se uma patologia cada vez mais presente (Bruch,

Claudino e Ghizoni, 2010).

Na tabela 01 encontramos os dados de caracterização da amostra. Esta foi composta por 7

pacientes do gênero feminino, em sua maioria procedentes de Santarém (42,85%), na faixa etária de 51 a

83 anos (57,14%), hipertensas (85,71%), não diabéticas (85,71%), sendo a maioria (71,43 %) acometido

por AVC hemorrágico e tendo como principal acometimento hemiplegia á direita (57,14%).

Após a análise destes dados, pode-se observar que a amostra de pacientes foi composta somente

por mulheres. O estudo de Moro et al. (2013) ao analisar o perfil dos pacientes acometidos por AVC

isquêmico internados em um hospital público em Florianópolis, também encontrou mulheres como as mais

afetadas (53,2%). Este resultado pode estar ligado ao fato de que as mulheres têm alguns fatores de risco

exclusivos como o uso de anticoncepcionais orais, estar realizando terapia de reposição hormonal ou ter a

circunferência abdominal acima do indicado, sendo que este último combinado ao fato da mulher estar na

pós-menopausa pode aumentar em 5 vezes o risco de ter um AVC (NATIONAL STROKE ASSOCIATION,

2014). Segundo o estudo de Carvalho et al.. (2011) que realizaram estudo epidemiológico de AVC em

Fortaleza, estes evidenciaram a maior prevalência do sexo feminino (51,8%). Pinheiro e Vianna (2012)

mostraram maior prevalência de óbito em mulheres quando comparadas a homens. Já os estudos Costa et

al. (2010) e Rolin e Martins (2011), que realizaram estudos com pacientes acometidos por AVC em hospitais

públicos, apontam o sexo masculino como maioria dos afetados (52,3% e 53%, respectivamente)

Com o aumento do envelhecimento da população, o aparecimento de doenças cerebrovasculares

torna-se cada vez mais evidente. O AVC tem pico de incidência entre a sétima e oitava década de vida,

quando se somam com as alterações cardiovasculares e metabólicas relacionadas à idade (MORO et al.,

2013). O aumento e o envelhecimento da população, associados aos fatores de risco mais prevalentes

nessa faixa etária fazem com que o AVC se torne a principal causa de morte e de incapacidade entre os

adultos (SRIDHARAN, 2009). Neste estudo 57,14 % dos participantes encontram-se na faixa etária de 71 a

83 anos, com média de idade de 65,42±16,76 anos. Fato semelhante ocorreu nos estudos de Langhorne et

al. (2010) e Rodrigues et al., (2013) cujo objeto de estudo eram pacientes pós-AVC internados em hospitais

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públicos na Austrália e no Brasil, respectivamente; encontraram entre seus participantes, a mesma média

de idade.

Tabela 01. Caracterização epidemiológica dos pacientesinternados por AVC.

Pacientes (n=7) (%)

Gênero

Feminino 7 100

Masculino 0

Faixa Etária

40-55 anos 2 28,57

56-70 anos 1 14,29

71-83 anos

4 57,14

Média± Desv. Pad. 65,42±16,76

Procedência

Santarém 3 42,85

Monte Alegre 2 28,57

Rurópolis 1 14,29

Breves 1 14,29

Hipertensos

Sim 6 85,71

Não 1 14,29

Diabéticos

Sim 1 14,29

Não 6 85,71

Acometimento:

Hemiplegia a D 4 57,14

Hemiplegia a E 3 42,86

Tipo Hemorrágico 5 71,43

Isquêmico 2 28,57

Fonte: Autor (2014).

Outro item a ser observado é a procedência desses pacientes. A grande maioria é advinda do

próprio município de Santarém (42,85%), o que pode facilitar o suporte às necessidades deste paciente.

Como veremos a seguir, os cuidadores são em sua maioria familiares e o fato de residirem na mesma

cidade facilita a atenção a estes pacientes. Discordando deste estudo, Bruch, Claudino e Ghizoni (2010)

encontraram que a maior parte dos pacientes atendidos com AVC em um hospital do sul de Santa Catarina

(70%) não eram advindos do mesmo município onde o hospital está localizado.

A HAS foi encontrada em 85,71% dos casos, corroborando com o estudo de Bernhardt et al. (2008).

85,71% não apresentam diabetes, como no estudo de Cumming et al. (2011), onde apenas 21% dos

participantes apresentaram diabetes. É comprovado que fatores de risco modificáveis, como história de

hipertensão e diabetes mellitus, estão associados com 90% das causas de AVC (O’DONNELL, 2010).

Outro achado interessante é que 57,14 % da amostra apresentaram acometimento no lado direito.

Fato este similar aos achados de outros estudos (OLIVEIRA,2012 com 52,8% e BERNHARDT et al., 2004

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com 55,2%). Sendo este o lado de maior uso nas atividades funcionais, a incapacidade torna-se ainda

maior e a reabilitação mais difícil, visto que muitas funções serão perdidas. Ao ter um lado afetado, o lado

contralateral torna-se sobrecarregado de funções, e aprender a realizar atividades com um membro antes

pouco utilizado dificulta a realização das AVD’s por esses pacientes. A reabilitação deverá focar não

somente no lado afetado, mas também na funcionalidade do lado não afetado, ensinando o paciente a ter o

máximo de independência nas AVD’s.

Existem relatos de maior prevalência de AVC do tipo isquêmico (CARVALHO et al., 2011 com

72.9% e POLESE et al., 2008 com 85,55%). Neste estudo foi verificado resultado discordante, sendo o AVC

hemorrágico, o tipo mais prevalente com 71,43% dos casos. Este é um dado preocupante, pois AVC do tipo

hemorrágico é o que mais leva a óbito e deixa incapacidades mais severas nos atingidos. Uma explicação

para a ocorrência maior de AVC hemorrágico pode ser o fato de que grande parte da amostra é hipertensa,

sendo este o fator de risco mais comum para a ocorrência de tal evento (NATIONAL STROKE

ASSOCIATION, 2009).

No gráfico 02, verifica-se que houve um aumento significativo nos escores da amostra estudada no

Índice de Barthel, de 10.71 na avaliação inicial para 21,43 na avaliação final, um aumento médio de 10.72.

Esta escala avalia a dependência do paciente em realizar suas AVD’s e altos escores refletem melhores

performances. Valores >45 pontos= severa dependência, 50-70=moderada, 75-95=leve, 100=

independência. O aumento no escore da escala indica melhora no quadro desses pacientes, porém se

mantiveram em severa dependência (<45 pontos).

Gráfico 02. Comparação Inicial e Final do Índice de Barthel Fonte: Autor (2014).

Os resultados significativos encontrados no Índice de Barthel demonstraram que houve aumento na

independência funcional dos pacientes estudados, de 10.71±9.32 para 21,43±12,82, mas ainda

classificando-os com severa dependência. Este é um dado que tem grande relevância, pois demonstra que

esses pacientes estão recebendo alta hospitalar e retornando às suas residências com grande grau de

dependência de seus cuidadores, reforçando a necessidade de treinamento adequado desses cuidadores.

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A explicação para estes achados pode ser devido ao tempo de internação ser pequeno (3 a 4 dias) e

numero de sessões escassos (1 ao dia), ou seja, não houve tempo nem sessões suficientes para se obter

melhores resultados.

No estudo de Cumming et al. (2011), com 71 pacientes de unidades de AVC de 2 grandes hospitais

de Melbourne, Austrália, que receberam intervenção em até 24 horas após o AVC; houve conclusão de que

intervenção precoce e intensiva na fase aguda do pós-AVC, pode acelerar o aumento na independência

funcional a longo prazo. Pelo índice de Barthel foi observado maiores escores gerais no grupo que recebeu

intervenção em comparação ao grupo controle.

Cordova et al. (2007), ao avaliar, pelo IB os níveis de independência e a evolução clínica dos

pacientes que sofreram o primeiro episódio de AVC, observaram que 86,4% dos pacientes eram totalmente

dependentes de seus cuidadores, corroborando com os achados deste estudo.

Em discordância, o estudo de Bruch, Claudino e Ghizoni (2010) que fizeram a análise dos pacientes

internados com Acidente Vascular Encefálico Isquêmico em um hospital do sul de Santa Catarina, os

autores observaram que a maioria dos pacientes (42,5%) obteve como desfecho a independência funcional.

CONCLUSÃO

Este estudo mostra que a fisioterapia precoce auxiliou na melhora do quadro funcional dos

participantes, com os resultados obtidos através do índice de Barthel, mas ainda encaixando-os como

severo grau de dependência. Ressaltando a necessidade de adoção de cuidados adequados direcionados a

esse público.

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PITIRÍASE VERSICOLOR: INCIDÊNCIA EM CRIANÇAS QUILOMBOLAS DA COMUNIDADE TAPAGEM ATENDIDAS PELO PROJETO QUILOMBO DURANTE JANEIRO DE 2011 A JANEIRO DE 2013 Renata Simões Monteiro1,2; Dannuza da Silva Lima¹; Josielma de Jesus Gomes¹; Tatiana Ferreira Bastos¹; Ethel Fernanda de Oliveira Soares3; Veridiana Barreto do Nascimento4 ¹Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES; 2Residente pela Universidade Estadual do Pará - UEPA, 3Docente do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES, Docente da Universidade Estadual do Pará – UEPA, Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]. RESUMO

A pitiríase versicolor é uma micose de pele popularmente conhecida como “pano branco”. De acordo do Castro Júnior e Sousa (2011), essa infecção é causada por um fungo denominado Malassezia furfur encontrado normalmente na microbiota da pele. Para Zaitz, Ruiz e Sousa (2000), é uma moléstia benigna e se manifesta por manchas de coloração variável segundo a cor da pele, afetando mais comumente a parte superior do tronco, braços e face. Trata-se de uma dermatose bastante comum na região amazônica, onde o clima quente e úmido a maior parte do ano, aumentam sua frequência. Ocorre em ambos os sexos, em todas as raças e apresenta distribuição variável segundo a faixa etária, verificando-se a maioria dos casos em adultos jovens e adolescentes. Destacam-se fatores predisponentes à infecção fúngica as mudanças hormonais típicas da adolescência, a raça negra, o clima amazônico, dentre outros. Esta pesquisa teve como objetivo geral verificar a incidência da pitiríase versicolor em crianças de 0 a 10 anos de idade da Comunidade Tapagem atendidas pelo Projeto Quilombo no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2013. Tratou-se de uma pesquisa documental, na qual se utilizou fonte de natureza bibliográfica e documental com enfoque quantitativo e avaliação descritiva dos resultados, após análise de 23 prontuários. Os resultados apontaram que 32% dos pacientes foram acometidos pela pitiríase versicolor, quantificando o número total de 23 casos diagnosticados entre janeiro de 2011 e janeiro de 2013 na Comunidade Tapagem, aproximadamente 1\3 (um terço) da população alvo. Destes, o gênero mais acometido foi o masculino em 52% dos casos. Pacientes menores de 2 anos e de 9 a 10 anos foram os mais acometidos, 26% cada. As lesões manifestaram-se em 48% dos casos no tórax anterior. Nos meses correspondentes ao verão teve-se mais casos diagnosticados de pitiríase versicolor, especialmente os meses entre julho e setembro representando 33% dos casos. Quanto à forma de tratamento, em 78% dos casos utilizou-se tratamento tópico com cetoconazol creme. Todos os atendimentos foram realizados pelo profissional Enfermeiro durante o período estudado. Conclui-se, por fim, que a pitiríase versicolor é uma micose com incidência significante nas crianças da Comunidade Tapagem. Faz-se, então, necessário realizar mais estudos epidemiológicos baseados em crianças da etnia negra dessa região, afim de que se possa compreender detalhadamente os motivos que levam a incidência da pitiríase versicolor e questionar o porquê de tantos casos dessa micose na infância, já que a que adolescência é indicada como a fase mais propícia para o desencadeamento da infecção fúngica. Palavras-chave: Clima tropical. Micose. Pitiríase versicolor.

INTRODUÇÃO

As micoses superficiais constituem um dos mais frequentes problemas dermatológicos no Brasil e

as tentativas de avaliação da sua importância em saúde pública não obtiveram êxito, uma vez que não são

universalmente classificadas entre as doenças de notificação compulsória, tornando os dados obtidos sobre

incidência e prevalência, fragmentários e insuficientes.

Veronesi (2008, p. 72) deixa sua definição: “as micoses superficiais comprometem exclusivamente a

camada epidérmica da pele ou a superfície das mucosas, provocando o aparecimento de lesões benignas,

sem repercussão geral”. Essas micoses compreendem as infecções fúngicas que atingem a camada de

queratina da pele produzindo alterações do estrato córneo e, na maiorias das vezes, não induzem resposta

inflamatória do hospedeiro. São consideradas mais pelo aspecto antiestético da lesão do que pelo risco à

saúde.

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As micoses superficiais conforme Trabulsi et al. (2005, p. 473):

“São também denominadas dermatomicoses saprofitárias e são produzidas por um grupo de fungos, cuja relação com o hospedeiro está no limite entre saprofitismo e parasitismo, provocando alterações principalmente de ordem estética”.

Os fungos saprófitos são aqueles que se alimentam de matéria orgânica animal ou vegetal, e deles

retiram seus alimentos sem causar danos ao hospedeiro, alimentando-se geralmente de matéria orgânica

morta. No parasitismo, por algum fator desencadeante, essa relação se apresenta desarmônica trazendo

danos ao hospedeiro, no caso da pitiríase versicolor (PV), não maléficos à saúde em geral. Bechelli (1988,

p. 272), salienta que essa micose não representa riscos graves à saúde humana quando relata que:

“É uma moléstia benigna e se manifesta por manchas de coloração variável segundo a cor da pele. Em pessoas com a pele clara, as manchas são da cor castanha, já em pessoas com a pele escura as manchas aparecem na coloração branco-acinzentado”.

Apesar de não ser uma infecção que comprometa as funções vitais e que, normalmente, tem boa

resposta ao tratamento, o aspecto clínico das lesões pode causar incomodo nos portadores por conta da

aparência da pele infectada, dando um aspecto geral de falta de higiene, o que leva o paciente a procurar

atendimento médico ou de enfermagem.

A pitiríase ou tinha versicolor também é popularmente conhecida como “pano branco”. Sobre essa

infecção Morais, Cunha e Frota (2010, p. 798), deixam sua definição: “é uma infecção fúngica superficial e

crônica, causada por leveduras do gênero Malassezia furfur”. Existem atualmente cerca de 13 espécies do

gênero malassezia já conhecidos. Framil et al. (2011) diz que a PV teve sua natureza leveduriforme

determinada por Malassez em 1874 e o gênero Malassezia foi criado por Baillon em 1889. Esse fungo faz

parte da microbiota residente da pele, mantém uma relação benigna com o hospedeiro e dependendo dos

fatores predisponentes, torna-se patogênico e desencadeia manifestações cutâneas.

O clima é um dos diversos fatores predisponentes para seu desenvolvimento. Moraes, Cunha e

Frota (2010) afirmam que é uma dermatose comum na região amazônica, onde o clima e a umidade a maior

parte do ano aumentam sua frequência, tornando os habitantes da região mais suscetíveis à infecções

fúngicas, contribuindo para taxas de incidência e recorrência.

Sobre os fatores predisponentes, Sampaio (2007, p. 1367), menciona que “o negro parece ser mais

susceptível às micoses superficiais, como a pitiríase versicolor, do que as outras raças”. Alchorne e Abreu

(2008, p. 11) discorrem que “estudos epidemiológicos realizados no país, mostram que a incidência da

pitiríase versicolor é maior em indivíduos negros”. A postura de Porth (2004, p. 1367), sustenta, ainda, que a

PV é “comum em negros e ocorre mais frequentemente na face da raça negra do que em brancos”.

Assinala-se, com base nas afirmações acima, que a raça negra é um dos fatores que também

predispõe à infecção pela PV. Uma questão a ser levantada é que, por se tratar de uma pele mais escura,

as manifestações clínicas da micose sejam mais evidentes do que na pele clara, tornando-se esse um dos

fatores mais comuns relatados em pesquisas. Entretanto, há evidências concisas que a manifestação da

micose está interligada também a demais fatores oportunos e não, tão somente, à raça negra.

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Segundo Miranda et al. (2005, p. 267), “as condições que produzem a mudança para o estágio

parasitário ainda não são tão evidentes, sabe-se, porém que a lesão de pele constitui um substrato a que

melhor de adapta o parasito da pitiríase versicolor”. A pele é a barreira de proteção primária do organismo.

Tem em sua composição mecanismos que nos protegem contra agentes patogênicos. No entanto, a falta de

sua integridade pode acarretar o desencadeamento de infecções cutâneas, já que simbolizam uma porta de

entrada a microrganismos.

Barbosa e Ribeiro (2002, p. 203) relatam que “também são considerados suscetíveis à infecção

fúngica os indivíduos cuja história sugere base genética”. Nessa mesma linha de pensamento Moraes,

Cunha e Frota (2010, p. 802) argumentam que:

“Trabalhos científicos relacionam o fator genético e a pitiríase versicolor. Esses trabalhos demonstram que há uma herança poligenética e multifatorial que torna essa infecção mais frequente em parentes, em especial, os de primeiro grau”.

Ressalta-se que o laço sanguíneo tem influência no aparecimento da micose. Quanto mais próximo

for o grau de parentesco, maior será a probabilidade de contágio. Este fator não é soberano para o

desdobramento da micose, todavia, a herança genética não pode ser rejeitada.

Sobre formas de contágio, Oliveira, Mazocco e Steiner (2002, p. 613), mencionam que:

“A pitiríase versicolor ocorre quando as leveduras são convertidas para a forma micelar e o contágio se dá devido a certos fatores predisponentes, dentre eles, não se deve descartar o contato (direto ou indireto) com as lesões como desencadeante”.

Quando os corpos reprodutivos presentes na descamação das lesões entram em contato com a

pele, além de outros fatores, podem se multiplicar e estabelecer a infecção de forma direta. O contato

indireto, feito através de fômites, é menos comumente relatado na literatura, pois a Malassezia furfur

necessita de restos queratinizados para desenvolver-se e multiplicar-se.

Citam Zaitz, Ruiz e Souza (2000, p. 131) que “a PV ocorre com mais frequência em pacientes

adultos jovens e pós-púberes (adolescentes), provavelmente devido às alterações fisiológicas dos lipídes da

pele, por ocasião da puberdade”. De acordo com Petry et al. (2011, p. 805), “a frequência dessa infecção se

dá em indivíduos jovens, em face das características lipofílicas do fungo”. Sobre o mesmo fator, os estudos

de Barbosa e Ribeiro (2002, p. 203), demonstram que “a PV é uma das micoses superficiais mais comuns,

acometendo o homem após a puberdade em virtude da atividade sebácea sob estímulos hormonais

androgênicos”.

Os extremos etários são pouco relatados quanto à susceptibilidade a essa micose. A adolescência

é, dentre os fatores predisponentes, o mais referido. O aparecimento antes de 12 anos de idade é

considerado atípico, pois as glândulas da pele ainda estão passando por um processo de adaptação, não

desempenhando sua função com alto nível de maturação e o adoecimento após os 65 anos é inviável, pois,

nesse período há declínio na produção e liberação de substâncias lipídicas pelas glândulas do corpo.

O diagnóstico consiste na análise e interpretação criteriosa da condição/situação de saúde do

cliente para a determinação da conduta a ser implantada dentro do processo de assistência. Lomba e

Lomba (2010, p. 86) falam que “o diagnóstico da pitiríase versicolor é basicamente clínico, feito por exame

físico e sintomatologia apresentada pelo paciente”. Os achados clínicos são fundamentais para o

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direcionamento do diagnóstico sugestivo e em alguns casos chegam a ser suficientes. As lesões

características da PV são, geralmente, de fácil identificação o que facilita o início do tratamento. Os exames

laboratoriais como devem se seguir para a confirmação e identificação dos fungos.

O tratamento da PV deve ser feito com agentes antifúngicos ou antimicóticos que previnem ou

inibem a proliferação de fungos ou os elimina, ou seja, é um agente que reduz o crescimento da célula

reprodutora dos fungos ou, até mesmo, os destrói. Segundo Zaitz, Ruiz e Souza (2000, p. 134):

“Tratamento tópico deve ser a opção para os pacientes que apresentam poucas lesões e deve ser utilizado na profilaxia das recidivas. Tratamento sistêmico é indicado nas formas clínicas extensas, nas infecções recorrentes ou na falha da terapêutica tópica”.

São passíveis de identificação as taxas de recorrência após tratamento tópico ou sistêmico. Por

isso, mais importante do que qualquer medicação é a orientação do paciente, principalmente por parte da

enfermagem, para que este colabore no sentido de evitar hábitos e condições que possam transformar o

fungo de volta em parasita.

Sampaio (2007, p. 1437), afirma que “após o tratamento, alguns pacientes persistem com máculas

hipocrômicas residuais que podem durar por meses ou anos”. A exposição solar é recomendada, durante ou

após o tratamento, para acelerar a repigmentação da hipocromia residual. O diagnóstico diferencial entre a

hipocromia persistente e quadros de recidiva é de fundamental importância para evitar exposições

prolongadas a antifúngicos, em virtude dos prováveis efeitos colaterais.

Quilombos da Amazônia

As comunidades de remanescentes de escravos representam hoje uma força social relevante no

país, com terras demarcadas e habitação mais digna. Suas demarcações são reconhecidas como legítimas

pelas três esferas do governo: municipal, estadual e federal, tanto no estado do Pará quanto nas outras

regiões do Brasil. Couto (2004, p. 63) relata que:

“No Brasil, a responsabilidade de identificar oficialmente as comunidades remanescentes de quilombos é da Fundação Cultural Palmares e do Ministério da Cultura. Esse processo se inicia a partir das associações quilombolas que solicitam sua identificação formal à Fundação, sendo esse o primeiro passo para o reconhecimento e a titularização”.

Segundo Leite (2008), nos dados do Instituto de Terras do Pará (ITERPA) consta que no município

de Oriximiná são conhecidas atualmente vinte nove comunidades quilombolas, distribuídas às margens do

Rio Trombetas em região de várzea e terra firme. Moura, Jamari, Mãe Cué, Abuí, Paraná do Abuí e

Tapagem foram as primeiras comunidades a conquistarem titulações de terras a partir de 2003. Bartoli

(2010) relata que estimativas demonstram a existência de aproximadamente 357 comunidades

remanescentes de quilombos, hoje, na Amazônia. Ainda segundo o autor, conforme dados do ITERPA até o

ano de 2003 havia aproximadamente 182 famílias habitantes de terras quilombolas do Alto Trombetas,

pertencentes ao município de Oriximiná – Pará, distribuídas em uma área de 61.211,96 hectares.

A comunidade Tapagem é uma região quilombola localizada às margens do Rio Trombetas, afluente

à margem esquerda do Rio Amazonas, 140 km do município de Oriximiná, no estado do Pará.

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Geograficamente está localizada a oeste do Pará, região conhecida como Baixo Amazonas ou Alto

Trombetas.

Objetivo

Verificar a incidência da pitiríase versicolor em crianças de 0 a 10 anos de idade da Comunidade

Tapagem atendidas pelo Projeto Quilombo no período de janeiro de 2011 a janeiro de 2013.

METODOLOGIA

Utilizou-se como fonte de estudo a pesquisa bibliográfica e documental de natureza básica,

segundo relata Marconi e Lakatos (2007), Severino (2007) e Oliveira Netto (2008). O enfoque foi quantitativo

com análise descritiva e método estatístico para a interpretação baseado no que diz Teixeira (2012).

Por se tratar de uma pesquisa documental, houve critérios de inclusão para selecionar o universo de

pesquisa, sendo os seguintes: crianças de 0 a 10 anos, moradores da Comunidade Tapagem, atendidas

pelo projeto Quilombo durante janeiro de 2011 a janeiro de 2013. Com essas características foram

encontrados 72 prontuários que formaram o universo de pesquisa. Não se utilizou como fontes de dados os

prontuários que não atendessem as características acima citadas ou que estivessem fora do período

estabelecido, bem como prontuários de pacientes de outras comunidades.

Como a proposta do estudo foi verificar a incidência da PV dentro do universo selecionado, utilizou-

se a amostragem não probabilística de acordo com Rea e Parker (2000) para selecionar os participantes da

pesquisa e empregou-se também o critério de amostragem por quotas conforme relatam Polit, Beck e

Hungler (2004). A quota utilizada para a seleção da amostra foi o diagnóstico clínico da pitiríase versicolor.

Desse modo, só foram considerados como fonte de dados os prontuários dos pacientes com histórico de

primeiro diagnóstico da micose, sendo desconsiderados os casos de recidivas. Atendendo à quota, foram

encontrados 23 prontuários, dos quais foram extraídas as variáveis apresentadas à frente.

Amostra

Foram selecionados 23 prontuários de crianças de 0 a 10 anos de idade, moradoras da

Comunidade Tapagem, atendidas pelo Projeto Quilombo durante janeiro de 2011 a janeiro de 2013.

Protocolos utilizados

A coleta de dados se deu mediante solicitação escrita de apreciação do Projeto de Pesquisa

encaminhada à coordenação do Projeto Quilombo em Santarém-PA. Recebeu-se autorização para coletar

os dados nos prontuários pelas pesquisadoras. Como instrumento de coleta, utilizou-se uma tabela para

coleta das variáveis. Garantiu-se o anonimato dos participantes, visto que não foram infringidos os aspectos

éticos de toda pesquisa científica, garantindo sigilo dos indivíduos enquadrados no perfil da pesquisa.

Análise dos dados

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Posteriormente à coleta de informações significativas (variáveis), os dados foram analisados,

tabulados e apresentados em forma de tabelas, para que os resultados pudessem ser apresentados com

clareza.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Respondendo ao objetivo da pesquisa, identificou-se que a incidência da pitiríase versicolor no

universo pesquisado (72 prontuários) foi de 32% (23 pacientes), correspondendo a aproximadamente 1\3

(um terço) dos participantes.

Da amostra foram colhidas as variáveis: gênero, faixa etária, localização das lesões, meses de

maior incidência, formas de tratamento, fármaco utilizado e profissional que realizou o diagnóstico. Esses

resultados estão apresentados em tabelas abaixo.

Tabela 1. Gênero mais acometido pela pitiríase versicolor

Gênero Quantidade Porcentagem

Masculino

12 52%

Feminino

11 48%

Este estudo mostrou uma discreta predileção da doença pelo sexo masculino. Vários trabalhos na

literatura estudaram a PV em relação ao gênero. Os estudos de Morais, Cunha e Frota (2010) e Araújo et al.

(2009) mostraram maior prevalência da micose no sexo masculino, enquanto que, na pesquisa feita por

Petry et al. (2011) e por Barbosa e Ribeiro (2002), o sexo feminino foi o mais acometido.

Foi possível observar que não houve predominância da micose em um gênero específico.

Concorda-se, portanto, com os estudos de Framil et al. (2011, p. 1137), onde discorrem que “é muito difícil

relacionar a influência do gênero na incidência da pitiríase versicolor, uma vez que homens e mulheres são

acometidos indistintamente”. Sustentados nessa afirmação, pode-se entender que a pitiríase versicolor

afetou tanto o gênero masculino quanto o feminino. Embora os dados da pesquisa tenham apontado maior

frequência no sexo masculino, os dados se equivalem, tendo em vista que a razão entre os gêneros foi de

apenas uma pessoa a mais para o sexo masculino, enquadrando-se, portanto, no que diz a pesquisa de

Framil et al. (2011) a despeito do gênero.

Tabela 2. Faixa etária mais acometida.

Faixa etária Quantidade Porcentagem

< de 2 anos

6 26%

3 a 4 anos

3

14%

5 a 6 anos

4

17%

7 a 8 anos

4

17%

9 a 10 anos

6

26%

Observou-se que houve, em termos numéricos, o acometimento igual de crianças tanto menores de

dois anos quanto daquelas que já estão na pré-puberdade (9 a 10 anos). Os estudos publicados a respeito

da pitiríase mostram que a doença é mais comum em indivíduos adolescentes e adultos jovens. Os

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extremos etários são menos afetados pela doença. Na infância, por conta do processo de desenvolvimento

sem maturação total da atividade sebácea e na velhice por sua diminuição fisiológica.

Morais, Cunha e Frota (2010, p. 801), mencionam que:

“O estímulo androgênico visto na adolescência e em adultos jovens determina o maior desenvolvimento das glândulas sebáceas, com maior secreção de sebo na pele, o que favorece o crescimento das leveduras do gênero Malassezia”.

Os estudos de Petry et al. (2011), Barbosa e Ribeiro (2002), Fabra et al. (2009), Coutinho e

Machado (2007), discorrem que o acometimento de crianças menores de 12 anos pela PV é raro, em

virtude do pouco estímulo androgênico dessa fase. Este estudo revelou novas informações sobre essa

afirmação, pois, a micose foi diagnosticada em crianças menores de 2 anos até 10 anos de idade,

evidenciando características peculiaridades dos povos quilombolas da região amazônica e instigando à

pesquisas mais aprofundadas com esses indivíduos.

Esse achado pode ser explicado partindo-se do princípio de que a pitiríase versicolor é uma doença

multifatorial. O clima quente e úmido, característico da região pesquisada e da região amazônica em si, é

um fator que influencia significativamente para o desencadeamento da micose, além da raça negra,

comprovadamente mais propícia para desenvolver essa infecção. Além disso, tem-se a susceptibilidade

genética e o contato (direto ou indireto) contínuo com possíveis familiares infectados. Todos esses fatores

podem ter influência sobre o adoecimento das crianças, tornando os achados relevantes para a comunidade

acadêmica, visto que, há escassos estudos relatando o caso em quilombolas menores de 10 anos.

Tabela 3. Localização das lesões

Localização das lesões Quantidade Porcentagem

Face

2 22%

Tórax anterior

11

48%

Tórax posterior

6

26%

Membros superiores

1

4%

A predileção para o desencadeamento da micose se deu em maior frequência na região anterior e

posterior do tórax. Castro Junior e Sousa (2011, p. 32), afirmam que “as lesões da pitiríase versicolor se

localizam com maior ocorrência no tórax, dorso, membros superiores e face, e sua distribuição normalmente

é paralela as das glândulas sebáceas”. Os dados também condizem com o estudo de Zaitz, Ruiz e Souza

(2000), dentre outros, os quais mostram que a área mais acometida é geralmente a região torácica.

No tórax há significativa concentração de glândulas sebáceas e sudoríparas e é uma região onde há

oclusão das glândulas por roupas, desse modo, essa área torna-se mais quente e, na presença de

sudorese, mais úmida, tornando o ambiente propício à infecção fúngica, o que explicaria a maior incidência

das lesões nessa área.

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Tabela 4. Meses com mais diagnósticos clínicos.

Meses Quantidade Porcentagem

Janeiro a Março

6 26%

Abril a Junho

5

22%

Julho a Setembro

8

33%

Outubro a Dezembro

4

19%

Houve mais casos diagnosticados nos meses referentes à estação climática do verão do que do

inverno na região amazônica. Conforme Goldman e Ausielo (2009, p. 3403), a micose “ocorre em indivíduos

saudáveis, especialmente em ambientes quentes e úmidos, principalmente durante o verão”.

Os dados encontrados concordam com o estudo acima, pois, houve mais casos diagnosticados da

pitiríase versicolor nos meses correspondentes ao verão. Isso se explica, pois, o clima da região amazônica

é ao mesmo tempo quente e úmido e no verão há o aumento natural da taxa de umidade do ar segundo

Bartoli (2010), evidenciando mais uma vez que o clima tropical da região amazônica tem influência no

desencadeamento da PV. Miranda et al. (2005, p. 266) reforça ainda que “regiões onde o clima é quente e

úmido estima-se que 40% da população seja afetada por micoses superficiais como a pitiríase versicolor”,

fator determinante também de taxas de recidivas.

Tabela 5. Formas de tratamento.

Formas de tratamento Quantidade Porcentagem

Tópico

18 78%

Tópico e Sistêmico

5

22%

Os dados apontaram que a forma de tratamento farmacológica mais utilizada foi com agentes

tópicos sob a forma de cremes. A terapia tópica é a forma de tratamento de primeira escolha para a

terapêutica da micose, pois os riscos de efeitos adversos são bem menores. De acordo com Zaitz, Ruiz e

Sousa (2000, p. 134):

“O tratamento tópico deve ser a opção para os pacientes que apresentam poucas lesões e deve ser utilizado na profilaxia das recidivas. Já o tratamento sistêmico é indicado nas formas clínicas extensas, nas infecções recorrentes ou na falha da terapêutica tópica”.

Por se tratar de uma pesquisa que verificou a incidência da micose, pode-se entender que o

tratamento tópico foi escolhido na maioria dos casos em virtude de serem pacientes pediátricos com

provavelmente poucas lesões. Diz-se provavelmente, pois, não foram encontrados dados referentes à

extensão ou quantidade das lesões nos prontuários, não podendo as pesquisadoras confirmar tal critério.

Sobre a terapia tópica e sistêmica, o critério adotado para a prescrição pode se justificar pelo peso da

criança (≥ a 40kg) e pela extensão das lesões, já que a literatura cita que a terapia sistêmica deve ser

iniciada nas formas clínicas extensas ou na falha da terapia tópica.

A respeito do resultado referente ao fármaco prescrito, foi observado que em 100% dos casos o

fármaco escolhido para a terapêutica foi o cetoconazol. Esse medicamento é normalmente utilizado como

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primeira alternativa para a terapêutica farmacológica de infecções fúngicas. Lacaz et al. (2002, p. 1008)

aborda que:

“É um derivado imidazólico, atualmente mais utilizado e de elevada eficácia contra agentes de micoses superficiais e profundas. Muito bem absorvido pelo organismo tanto na forma tópica quanto sistêmica, possui amplo espectro de ação, que abrange a Malassezia furfur (agente etiológico da pitiríase versicolor) e outros dermatófitos, combatendo até agentes de micoses profundas”.

Por sua grande eficácia no combate às infecções fúngicas, o cetoconazol passou a integrar o

arsenal terapêutico das micoses superficiais. Os dados obtidos estão em conformidade com o que sugere a

literatura para o combate à PV, pois, esse medicamento trás poucos efeitos adversos ao paciente e deve ser

utilizado como primeira escolha de tratamento.

Os resultados da pesquisa a despeito do profissional que realizou o atendimento do paciente

demonstraram que em 100% dos casos a enfermagem foi o responsável por realizar a consulta e

diagnosticar clinicamente a PV. Durante as viagens do Projeto Quilombo para as comunidades quilombolas,

há a presença mensal de um ou mais profissionais de enfermagem e alternadamente de um profissional

médico, que prestam atendimento de clínica geral. O fato de os dados terem apontado 100% dos

atendimentos feitos pela enfermagem, não exclui o médico da competência de diagnosticar a micose. Esse

dado pode ser explicado em virtude de a avaliação clínica que é feita pela enfermagem ser mais detalhada

no que se refere ao exame físico do paciente.

Alguns prontuários analisados não dispunham de informações relacionadas à localização das

lesões e, portanto, não puderam ser utilizados como fonte de coleta de dados. É possível, desse modo, que

nos prontuários com diagnósticos da PV realizados pela medicina, não constassem todos os dados

necessários ao levantamento das informações, daí a evidência de apenas a enfermagem ser observada

como categoria profissional que realizou o diagnóstico.

CONCLUSÃO

O estudo mostrou que a incidência da pitiríase versicolor em crianças da Comunidade Tapagem foi

bastante significativa uma vez que 32% do universo pesquisado foi diagnosticado clinicamente com a

micose, correspondendo a aproximadamente 1/3 das crianças menores de 10 anos atendidas durante 2011

e 2013 pelo Projeto Quilombo. Esse resultado fez-se relevante tomando por base a inviabilidade de crianças

desenvolverem a pitiríase versicolor, despertando interesses vindouros em realizar mais pesquisas

científicas nessa população semi-isolada da Amazônia. Observou-se, ainda, a atuação satisfatória da

enfermagem no atendimento e na capacidade de diagnóstico clínico, iniciando a terapêutica conforme o

determinado na literatura para cada caso individual. A enfermagem é uma profissão ligada diretamente à

prevenção de doenças, por isso é essencial que durante o atendimento seja enfatizada a educação em

saúde para prevenir o aparecimento das micoses, pois o clima da região amazônica facilita o aparecimento

das micoses e, se não houver adesão ao tratamento, as chances de recidivas são maiores.

Por fim, faz-se necessário realizar mais estudos epidemiológicos baseados em crianças da etnia

negra dessa região, afim de que se possa compreender mais detalhadamente quais os motivos que levaram

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à incidência da pitiríase versicolor e questionar o porquê de tantos casos dessa micose na infância, já que a

que adolescência é apontada como a fase mais propícia para o desencadeamento da infecção fúngica.

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PRINCIPAIS MOTIVOS DE EQUÍVOCOS QUANTO AO PREENCHIMENTO DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÕES DE CASOS DE HANSENÍASE EM SANTARÉM Rodrigo Luis Ferreira da Silva1,2; Ana Cláudia Gehlen Almeida1, Márcia dos Santos Sousa1

1Faculdades Integradas do Tapajós, 2Universidade do Estado do Pará. E-mail: [email protected] RESUMO

O uso de dados epidemiológicos seja para fins de gestão pública ou de investigações científicas de doenças catalogadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) frequentemente depara-se com a dificuldade de obtenção de dados precisos, apesar da padronização de fichas simplificadas para a realização do registro destas informações epidemiológicas. A hanseníase figura-se como uma destas doenças, e nos últimos anos alguns estudos científicos vêm demonstrando que a ocorrência de falhas no registro de informações epidemiológicas dos casos confirmados desta doença tem gerado grandes transtornos a gestores públicos e pesquisadores. Dois estudos prévios de Brito e Brito (2012) e Bandeira (2013) já confirmaram este cenário de dificuldade no que diz respeito ao registro de dados epidemiológicos sobre a hanseníase em Santarém. No entanto o desenho metodológico destas pesquisas não permitiu que as mesmas pudessem apontar os motivos para a ocorrência destes equívocos. Diante disto, idealizou-se esta investigação que teve como objetivo principal identificar os fatores mais comuns relacionados com as falhas de preenchimento nos campos de registro das fichas de notificação para os casos de hanseníase em Santarém. Para alcançar este objetivo foi desenvolvido um estudo de campo, transversal, de caráter investigativo, pautado na identificação das profissionais que realizam a averbação desta ficha de notificação, em 11 unidades de saúde do município de Santarém, e na aplicação de um questionário com perguntas abertas e fechadas, sobre eventuais dúvidas quanto ao preenchimento dos 43 campos de registro desta ficha. Os resultados demonstraram que apesar da maioria das profissionais investigadas terem declarado ter recebido treinamento para realizar esta tarefa e possuírem larga experiência no cumprimento desta função, as mesmas demonstraram ainda terem pontos de dúvida que levam a ausência ou equívocos quanto ao registro de algumas informações dos pacientes de hanseníase. Contudo cabe destacar também, que apenas poucos campos de registro foram alvo de dúvidas para as profissionais investigadas. Palavras-chave: Saúde pública. Vigilância epidemiológica. Hanseníase.

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução lenta transmitida por um bacilo, o

Mycobacterium leprae, que passa de uma pessoa doente, que ainda não esteja em tratamento, para outra

que seja susceptível (BRASIL, 2008). Acomete principalmente a pele e os nervos periféricos, surgindo

assim, características peculiares a este mal, tornando seu diagnóstico simples na maioria dos casos

(FAÇANHA et al., 2006), e de fundamental importância no processo de cura.

Para tornar mais efetivo o seu controle, em 1991 o Ministério da Saúde do Brasil (MSB)

implementou o Programa de Controle e Eliminação da Hanseníase (PCEH), com o objetivo de reduzir os

coeficientes de prevalência para níveis inferiores a um paciente em cada dez mil habitantes (CAVALCANTI;

SILVA, 2008). Após a adoção do programa, houve uma diminuição da prevalência da doença no território

nacional (na ordem de 60%), devido às altas por cura, associado a um incremento na identificação de casos

novos, que levou a um aumento de sua incidência (IGNOTTI; DE PAULA, 2011). De todo o território

brasileiro o MSB indica através de estatísticas que a região Norte concentra a maior prevalência de casos

da doença (BRASIL, 2003).

Além de medidas como estas o controle da hanseníase também depende de um sistema de registro

e notificação dos casos confirmados, bastante completo e eficaz, para garantir informações precisas que

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permitam estimar a magnitude epidemiológica desta doença (LAGUARDIA et al., 2004), tanto em nível

regional quanto nacional, e assim garantir o seu eficaz controle.

Para este fim o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) possui uma ficha padrão

de notificação/investigação para as diversas doenças de notificação compulsória (LAGUARDIA et al., 2004),

dentre elas a hanseníase, que é o foco desta pesquisa e também tem o seu registro obrigatório em fichas

estrategicamente elaboradas para o acondicionamento individual da história pessoal e clínica dos

portadores que são investigados através da anamnese (coleta de dados) e exame físico (BRASIL, 2010).

O preenchimento da Ficha de Notificação Compulsória (FNC) de Hanseníase deve obedecer a uma

sequência lógica investigatória para se atender as preconizações do Ministério da Saúde (MS). A

especificidade e precisão que exige os campos gráficos do formulário, padronizado e utilizado em território

nacional, podem causar equívocos no registro e descrição das características relacionadas a esta patologia.

Alguns estudos, como Ferreira et al. (2007) e Façanha et al. (2006) já relatam a ocorrência de falhas

no preenchimento de tais fichas, gerando muitos transtornos a médio e longo prazo, bem como dificuldades

para aqueles que as manipulam e as utilizam como fonte de dados para estudos e pesquisas. Além disso,

os gestores de saúde poderão ter acesso a essa fonte de maneira errônea e/ou incompleta, atrasando e/ou

dificultando as principais estratégias utilizadas pelo MSB, implicando de forma negativa no momento das

tomadas de decisões das medidas que buscam fazer o controle da doença através das ações de saúde

pública (FAÇANHA et al., 2006).

Santarém, mesmo sendo um município pólo incluso em uma região endêmica, ainda sofre com o

constante mau preenchimento de alguns de seus principais dados que devem constar corretamente na sua

ficha individual de notificação/investigação. Dois estudos prévios de Brito e Brito (2012) e Bandeira (2013) já

confirmaram este cenário de dificuldade no que diz respeito ao registro de dados epidemiológicos sobre a

hanseníase em Santarém, identificando os principais erros de registro em suas FNC.

Diante do exposto os autores desta investigação teve como principal objetivo identificar os fatores

mais comuns relacionados com as falhas de preenchimento nos campos de registro das fichas de

notificação para os casos de hanseníase em Santarém.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo, transversal de caráter investigativo, e abordagem quanti-

qualitativo, haja vista que algumas variáveis de interesse foram categorizadas e contabilizadas permitindo

sua análise estatística, enquanto outras foram interpretadas e analisadas quanto ao seu significado dentro

do contexto deste estudo, visando assim, melhor identificar os reais motivos pelos quais acontecem os

equívocos nas notificações dos casos de hanseníase no município de Santarém-PA.

A coleta de dados se desenvolveu nos espaços físicos de 10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e

01 Unidade de Referência para os casos de hanseníase do município de Santarém. Em cada unidade foi

escolhido um ambiente reservado para a coleta e o registro das informações colhidas.

A amostra deste estudo foi composta por 11 profissionais enfermeiros, responsáveis pelo

preenchimento das FNC da hanseníase em 11 unidades de saúde, que foram selecionadas de forma não-

randômica, baseando-se em critérios de incidência e conveniência de acesso.

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Para realizar a adequada exploração das informações que pudessem atender ao objetivo proposto,

foi desenvolvido e aplicado, a cada voluntário dessa pesquisa, um questionário composto por perguntas

abertas e fechadas relacionadas as dificuldades e dúvidas no preenchimento das FNC da Hanseníase. Tal

documento foi elaborado a partir dos campos de preenchimento desta ficha, apenas incluindo

questionamentos sobre a existência de dificuldade para o preenchimento de cada um destes campos, assim

como a identificação desta dificuldade.

Inicialmente foram realizadas visitas as unidades de saúde com o intuito de conhecer o espaço

físico e os profissionais que lá atuavam. Nestas visitas realizava-se a identificação do(s) profissional(is)

responsável(is) pelo preenchimento das FNC da Hanseníase e em seguida era realizada a apresentação

desta proposta investigativa, assim como o convite para participar como voluntário da mesma.

Uma vez que o profissional concordava em participar da pesquisa como voluntário, assinando o

Termo de Consentimento Livre Esclarecimento (TCLE), o mesmo era questionado sobre o melhor momento

(data e hora) para o agendamento de sua entrevista. No dia acordado, e em um espaço reservado desta

unidade, as pesquisadoras realizavam então a coleta de dados.

Após o cumprimento da etapa de coleta de dados, as informações obtidas foram analisadas

segundo sua característica. Os dados sobre os campos de registro que apresentaram relato de dificuldade

de preenchimento, foram contabilizados e transformados em tabelas e gráficos para sua interpretação. Para

estes dados, além dos valores absolutos de contagem, também foi possível obter suas freqüências relativas

(%), permitindo uma melhor visualização sobre as informações que mais foram relatadas com dificuldades

para o seu registro pelos enfermeiros.

Para as informações subjetivas relativas à descrição dos motivos que tornam qualquer um destes

campos de preenchimento de “difícil preenchimento”, foi necessário primeiramente categorizá-las entre as

diferentes descrições, levando em consideração a semelhança de seu conteúdo.

Após esta categorização, foi possível então interpretá-las e debatê-las realizando uma interpretação

mais objetiva e pontual de seu conteúdo, assim como também contabilizá-las quanto as suas freqüências

absolutas e relativas (%), e apresentá-las em tabelas e gráficos.

O presente trabalho faz parte de um projeto de pesquisa mais amplo (Perfil Epidemiológico da

Hanseníase em Santarém, no período e 2005 a 2012) e foi desenvolvido obedecendo as normativas e

diretrizes impostas na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). O contato com os

sujeitos pesquisados, bem como a coleta de dados somente se iniciaram após a aprovação deste estudo

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará - UEPA, Campus XII (Parecer No

25/26.334 de 24/04/2013).

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Inicialmente serão apresentados os dados de caracterização da amostra pesquisada, que foi

composta por 11 enfermeiros que declararam-se responsáveis pelo preenchimento das fichas de notificação

compulsória de hanseníase em 11 diferentes Unidades de Saúde do município de Santarém (tabela 1).

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Tabela 1. Apresentação dos dados de caracterização da amostra estudada.

Respostas N.º % Média

Gênero Masculino 0 0 -

Feminino 11 100 -

Função

Enf. Geral 02 18.18 -

Enf. ESF 05 45.45 -

Enf. Chefe 04 36.36 -

Tempo de Função

< 60 meses 03 27.27 -

61 – 120 meses 03 27.27 127.82

> 120 meses 05

45.45 -

Treinamento Sim 08 72.73 -

Não 03 27.27 -

Dificuldade em relação ao preenchimento

Sim 0 0 -

Não 11 100 - Fonte: Pesquisa de campo (2014).

Analisando a tabela acima, constata-se primeiramente que o total da amostra, foi composta por

profissionais enfermeiras que possuíam diferentes funções em suas Unidades de Saúde. Em relação a

estas funções, revelou-se que a maioria da amostra (45.45%) foi composta por enfermeiras que atuavam na

Estratégia Saúde da Família (ESF), sendo que, as demais funções específicas identificadas entre as

participantes foram de “Enfermeira Chefe” (36.36%) e de “Enfermeira Geral” (18.18%).

Em relação à responsabilidade técnica para a realização da notificação dos casos de hanseníase

em território brasileiro, a portaria nº 3.125, de 7 de outubro de 2010, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010

- p.1) define apenas que as FNC “devem ser preenchidas por profissionais das unidades de saúde onde

o(a) paciente foi diagnosticado(a)”.

Esta descrição deixa claro, portanto que não existe uma determinação específica para que uma

classe de profissionais da saúde seja a única responsável pela realização desta tarefa, em uma unidade de

saúde, fato este que difere do que foi observado durante as visitas às unidades pesquisadas, aonde se

constatou que esta função era sempre desempenhada por uma enfermeira.

Durante a exploração bibliográfica desta pesquisa apenas alguns poucos estudos pesquisados

mencionam a realização do preenchimento da FNC da hanseníase por profissionais enfermeiros (VIEIRA et

al., 2012; PEREIRA JÚNIOR et al., 2013). Contudo estes estudos não deixam claro em suas descrições se

foram identificados apenas enfermeiros cumprindo esta tarefa. No entanto, não foi difícil encontrar estudos

que revelam a grande variedade de funções que o profissional enfermeiro desempenha nos mais diversos

setores de saúde deste país, especialmente na saúde pública, confirmando de forma irrefutável o seu

imprescindível papel para a adequada operacionalidade destes serviços (BRASIL, 2002; SOARES;

BIAGOLINI; BERTOLOZZI, 2013; ARAÚJO; OLIVEIRA, 2009).

Juntando, portanto, as afirmações destes autores ao fato observado nesta pesquisa, pode-se supor

que o preenchimento das FNC da hanseníase (e possivelmente de outras patologias de notificação

compulsória) possivelmente figura como mais uma atribuição para a qual os profissionais enfermeiros são

designados em seus serviços de saúde.

Vale ressaltar que em relação ao combate a hanseníase a atuação do profissional enfermeiro

também pode ser identificada em quase todas as suas instâncias, excetuando-se o diagnóstico que é de

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atribuição exclusivamente médica (BRASIL, 2010). No entanto, o enfermeiro pode cumprir seu papel deste

a identificação dos casos suspeitos, estendendo-se também à avaliação do grau de incapacidade, à

dispensação dos medicamentos, à realização de curativos e inclusive na orientação dos autocuidados

(PEREIRA JÚNIOR et al., 2013; OLIVEIRA, 2008).

Na tabela 1 observa-se também que a distribuição do tempo de atuação destas enfermeiras no

preenchimento das FNC da hanseníase, aonde pode-se constatar que maioria das enfermeiras possuem

mais de 10 anos de experiência na realização desta atividade, e apenas 3 (27.27%) destas profissionais

realizam esta tarefa a menos de 5 anos. Além disso, esta tabela também informa que a média de tempo de

experiência nesta função, para as enfermeiras investigadas, foi de 127.82 meses, que representa mais de

10 anos, sendo considerado um período de tempo significativo para o acúmulo de experiência nesta função.

Observando-se novamente os dados da tabela 1 é possível afirmar que a grande maioria das

profissionais enfermeiras das UBS do município de Santarém-PA (72.73%), declararam ter recebido

treinamento específico para realização do preenchimento das fichas de notificação da hanseníase no

decorrer destes anos.

Ainda que a maioria das enfermeiras tenha recebido treinamento para realizar o preenchimento das

FNC da hanseníase, a existência de profissionais não treinadas para este fim, revela a necessidade de

realização contínua de capacitações aos que participam deste programa, haja vista o natural ingresso de

novos profissionais, resultando em uma renovação quase que permanente do corpo técnico dos diferentes

programas de saúde pública do MS.

Pereira et al. (2008) esclarecem que a capacitação profissional faz parte do Plano Nacional de

Eliminação da Hanseníase, e declara ainda que esta eliminação somente será alcançada mediante a

formação de um corpo técnico multiprofissional altamente capacitado para realizar todas as etapas do

programa de combate à hanseníase.

Os achados demonstrados presumem que a quantidade de erros durante o registro nas FNC

deveria não existir ou, no mínimo, apresentar-se de modo esporádico, de maneira que não causasse

prejuízos à fidedignidade das informações epidemiológicas dos casos confirmados de hanseníase em

Santarém, diferentemente do que foi percebido por Brito e Brito (2012) e Bandeira (2013).

Contudo, baseado no elevado tempo de experiência que a maioria das profissionais declarou ter

(mais de 10 anos), supõem-se que as mesmas tenham recebido este treinamento antes de começarem a

realizar esta tarefa, e, portanto possam sofrer com a defasagem de novas informações sobre o programa de

combate a hanseníase.

Sobre esta defasagem de informações Brito e Brito (2012) registram que durante seu levantamento

sobre as FNC da hanseníase em Santarém vários modelos destas fichas foram observados, revelando

pequenas mudanças quanto ás informações colhidas durante os anos.

Tal variação dos modelos de FNC pode, portanto, justificar dificuldades observadas quanto ao seu

adequado preenchimento para profissionais que tenham recebido treinamento em modelos de FNC mais

antigos.

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Contudo, o achado mais revelador desta caracterização da amostra revela a unanimidade de

respostas negativas (100%) no momento em que as profissionais foram questionadas se apresentavam

alguma dificuldade durante o preenchimento das FNC da hanseníase.

Este resultado revela-se curioso haja vista que no decorrer do preenchimento da ficha de coleta de

dados desta pesquisa quase todas as enfermeiras entrevistadas apresentaram dificuldade em pelo menos

um dos campos de preenchimento da ficha de notificação.

Constatou-se, portanto que as profissionais que participaram desta investigação, mesmo afirmando

não ter dificuldades quanto ao preenchimento dos campos da FNC, eventualmente ainda comentem

equívocos no momento de transcrever ou repassar as informações dos pacientes para estas fichas.

Diante disto, pode-se supor que a negativa sobre a presença de dúvidas quanto ao preenchimento

desta ficha, possa estar vinculada ao constrangimento para admitir que mesmo possuindo treinamento e

experiência para desempenhar esta função, ainda não possuem plena clareza sobre o preenchimento de

certos campos de registro da ficha, ou ainda pode revelar que estas profissionais não consideram estes

equívocos relevantes para comprometer a notificação dos pacientes hansenianos.

Esta última hipótese mencionada ganha respaldo ao se constatar que nos estudos de Brito e Brito

(2012) e Bandeira (2013), a grande maioria das subnotificações ou equívocos de preenchimento são

encontrados em perguntas (campos) de registro não obrigatórios (principalmente relacionadas ao

georreferenciamento das UBS), não implicando em transtornos para o acompanhamento correto e coerente

dos pacientes.

Tabela 2. Identificação e quantificação dos campos de preenchimento que foram apontados como dificuldade para o preenchimento pleno da ficha de notificação da hanseníase

Campo de preenchimento

Não possui dificuldade

Possui Dificuldade Dificuldade relatada

1 – 23 11 (100%) 0 (0%) ---

24 2 (18.18%) 9 (81.81%)

Não sabe o significado (2 - 22.22%)

Não conhece a definição da área (7 - 77.77%)

25 2 (18.18%) 9 (81.81%)

Não sabe o significado (2 - 22.22%)

Não conhece a definição da área (7 - 77.77%)

26 – 35 11 (100%) 0 (0%) ---

36 10 (90.90%) 1 (9.09%) Incompatibilidade com avaliação médica

37 10 (90.90%) 1 (9.09%) Não sabe definir quando necessário

38 – 43 11 (100%) 0 (0%) ---

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

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Na tabela 2, são apresentados os demais dados obtidos a partir dos questionamentos da ficha de

coleta de dados pesquisada, apontando em quais campos de preenchimento da ficha de notificação da

hanseníase as enfermeiras entrevistadas declararam ter alguma dificuldade para o seu registro.

Os dados acima descritos demonstram claramente que a maioria dos campos de registro da ficha

de notificação da hanseníase (39/43) foi considerada de fácil preenchimento e não apresentou nenhum

relato de dificuldade para seu registro pelas 11 enfermeiras entrevistadas.

Este achado releva-se bastante positivo e está em total concordância com o elevado tempo de

experiência da maioria das profissionais investigadas, além de corroborar com a afirmação de Pereira et al.

(2008) sobre a importância do treinamento para a equipe que atua no programa de combate à hanseníase,

haja vista que na presente investigação a maioria das enfermeiras também declarou já ter recebido treino

específico para esta atividade.

No entanto, 4 dos campos de registro (24, 25, 36 e 37), foram considerados pontos de dificuldades

por pelo menos uma das enfermeiras que preencheu o questionário dessa investigação, sendo que 2 destes

campos (36 e 37) foram mencionados por apenas uma voluntária como sendo um item de dúvidas quanto

ao seu preenchimento correto.

O item 36 refere-se ao registro do número de “nervos afetados”, enquanto que o item 37 diz respeito

ao registro do “grau de incapacidade física do paciente no momento do diagnóstico”. Apesar da baixa

frequência de dúvidas para o preenchimento desses dois campos da FNC, sua identificação representa um

sinal de alerta sobre o mau registro de uma informação epidemiológica relevante no que diz respeito ao

combate à hanseníase.

Estudos como de Aquino, Santos e Costa (2003) e Baccarelli (1998) já revelam que a definição do

número de “nervos afetados” e do “grau de incapacidade”, trata-se de uma questão muitas vezes bastante

complexa e que pode ser alvo de equívocos. No entanto, este não é o ponto central deste debate, e sim a

dificuldade para o seu correto registro após sua definição. Portanto, apesar de existir tal dificuldade para

definir estes itens relevantes da condição clínica do paciente, o seu registro somente seria alvo de

dificuldade caso esta definição não fosse previamente realizada.

Ao apreciar o motivo apresentado pela profissional em questão para justificar sua dificuldade quanto

ao preenchimento destes campos, percebe-se que a mesma na realidade, apresenta dificuldade para

interpretar estas informações a partir das avaliações prévias realizadas sobre o paciente. Esta falha grave

expõe claramente a sua falta de competência para preencher estes tópicos da FNC, que se justifica pela

sua falta de treinamento específico e pouca experiência (1 ano e nove meses), reforçando mais uma vez, a

importância do treinamento específico para realizar esta e outras tarefas do programa de combate à

hanseníase.

A ausência de registros para os campos 36 e 37, ou equívocos de sua identificação pode resultar

tanto em episódios de subnotificação quanto de inconsistência de dados na notificação dos pacientes

hansenianos, principalmente no que se refere à sua condição clínica no momento do diagnóstico e início do

tratamento, podendo ter como consequência o planejamento precário de políticas públicas de saúde

voltadas para ao combate a esta doença, tal como já foi documentado por Ferreira et al. (2007) e Façanha

et al. (2006).

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Os itens 24 e 25, por sua vez, foram os que apresentaram o maior número de dúvidas quanto ao

seu preenchimento, sendo que 9 das 11 enfermeiras entrevistadas relataram tal dificuldade.

Vale enfatizar que, de acordo com o SINAN (2007), os campos de “Geo campo 1” e “Geo campo 2”

estão diretamente relacionados com a localização geográfica da Unidade de Saúde de notificação do

paciente no momento do diagnóstico. Seu preenchimento corresponde, portanto a uma informação de

georeferenciamento, que deve ser preenchida por um código de localização que identificará a Unidade de

Saúde Notificadora do caso de hanseníase.

No entanto, pelo que se pode constatar nesta investigação, nem todas as UBS de Santarém

possuem este código, ou fornecem esta informação para seus profissionais, o que justifica o elevado

número de ausência desta informação nos estudos de Brito e Brito (2012) e Bandeira (2013) e a principal

dificuldade relatada sobre o preenchimento destes campos, no presente estudo.

Contudo, o fato que mais se destaca sobre este achado diz respeito ao desconhecimento de

algumas profissionais investigadas (2 casos), sobre o significado destes campos de registro, evidenciando-

se mais uma vez, que a falta de preparo para realizar esta função pode interferir no seu cumprimento

adequado.

Apesar do elevado índice de dúvidas para o registro destes dois campos de registro, o mesmo não

parece ter um grande impacto sobre o acompanhamento dos casos de hanseníase ou ainda sobre a

formulação de políticas publicas de saúde para o combate à doença, haja vista que na mesma FNC existe

ainda o campo de número 6 que se refere ao registro da UBS responsável pelo diagnóstico e notificação de

cada caso confirmado de hanseníase.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após esta investigação científica pode-se concluir que no município de Santarém o registro das

informações epidemiológicas dos pacientes acometidos pela hanseníase na FNC é realizado principalmente

por profissionais enfermeiras com mais de 10 anos de experiência nesta função e que já receberam algum

treinamento para realizar esta tarefa.

Também se pode constatar que a grande maioria dos campos de preenchimento da FNC da

hanseníase não representa dificuldade para estas profissionais, que realizam estes registros sem dúvidas

sobre seu significado ou importância.

Por outro lado os campos de registro da FNC da hanseníase que mais geram dúvidas quanto ao

seu preenchimento são os campos 24 e 25 (Geo campo 1 e Geo campo 2, respectivamente) que referem-

se a informações de georreferenciamento das UBS de notificação dos casos conformados de hanseníase.

Os motivos apontados pelas enfermeiras para apresentarem esta dificuldade foram: o

desconhecimento do significado destes campos e o desconhecimento do código de georreferenciamento

das unidades em que trabalham.

Apesar dos equívocos de preenchimento destes dois campos (24 e 25) não acarretarem grandes

prejuízos quanto ao acompanhamento dos pacientes hansenianos, a identificação de dúvidas quanto ao

preenchimento dos campos 36 e 37 (“nervos afetados” e “grau de incapacidade”, respectivamente), revela

que alguns profissionais que atuam nesta função ainda não apresentam plena competência técnica para

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promover o adequado registro de informações epidemiológicas estratégicas para a formulação de políticas

públicas efetivas para o melhor combate desta doença.

Entende-se, portanto que se faz necessário uma capacitação mais abrangente, detalhada e

contínua a essa classe estratégica de colaboradores da saúde coletiva no cenário do Oeste do Pará.

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A TRANSMISSÃO DA TUBERCULOSE ENTRE FUNCIONÁRIOS DE UM HOSPITAL PÚBLICO NO OESTE DO PARÁ Geysiane Rocha da Silva1, Orácio Carvalho Ribeiro Júnior1, Juliana Oliveira da Silva1, Suzana Maria da Silva Ferreira1, Tatiane Silva de Araújo1, Adriene Freire Silva1 .

1Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-Pará – Brasil. Email: [email protected]

RESUMO A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microrganismo denominado Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao tossir, espirrar ou falar. O atendimento ao portador dessa doença não se restringe ao médico ou enfermeiro, mas, perpassa por todos os atores envolvidos nos cenários de assistência à saúde. A qualidade da assistência prestada depende de inúmeros fatores, entre eles a concepção que os profissionais que direta ou indiretamente assistem esse doente, pois, é sabido que a tuberculose é historicamente permeada por estigma e preconceito, que muitas vezes advém da falta de informação e conhecimentos adequados. Assim, este trabalho teve por objetivo identificar as Representações Sociais sobre a transmissão da Tuberculose entre funcionários de hospital municipal em Rurópolis, Pará. O estudo foi do tipo descritivo, com abordagem quanti-qualitativa e abordagem estrutural da Teoria das Representações Sociais definidas por Moscovici. Para a análise dos dados utilizou-se Quadro de Quatro Casas, com o auxílio do Software EVOC. Dentre os prováveis elementos centrais da representação destacaram-se: sintoma, toque-pega e tratamento. Como elementos periféricos evidenciam-se: falta-alimentação, na primeira periferia e contaminação, educação-saúde, falta informação isolamento, medo preconceito na segunda periferia. Conclui-se a representação atribuída à tuberculose no contexto da transmissão pelos profissionais e pertinente e evidencia pontos que inferem o conhecimento adequado que estes têm para o manejo dos doentes, entretanto, é preciso o aprofundamento para a identificação de outros termos que apareceram como periféricos, mas, que denotam o estigma e preconceito ainda presente nestes profissionais e que podem comprometer a qualidade da assistência prestada. Palavras-chave: Tuberculose. Representação social. Hospital. EVOC.

INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microrganismo denominado

Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar,

por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao

tossir, espirrar ou falar. Quando pessoas sadias inalam estas gotículas, provocam a infecção tuberculosa e

o risco de desenvolver a doença (BRASIL, 2008). É uma doença que possui cura em praticamente 100%

dos casos novos, sensíveis aos medicamentos antiTB, quando obedecidos os princípios básicos de terapia

medicamentosa e a apropriada operacionalização do tratamento. Pode ser transmitida desde os primeiros

sintomas respiratórios, sendo que a transmissibilidade cai logo após iniciado o tratamento (BRASIL, 2011).

A tuberculose apresenta variações cíclicas ou sazonais, de importância prática. A prevalência

observada é maior em áreas de grande concentração populacional, e precárias condições socioeconômicas

sanitárias. Estão mais sujeitos a doença, indivíduos que convivam (contatos) com doente bacilífero,

determinados grupos com redução da imunidade, silicóticos e pessoas que estejam em uso de

corticosteroides, ou infectados pelo HIV (BRASIL, 2010).

Desde os seus primeiros casos, tornou-se uma doença estigmatizada e cujos doentes sofriam com

a marginalização. A assistência a estes pacientes não se limita somente aos profissionais enfermeiros ou

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médicos, mas a todos os profissionais que trabalham em área hospitalar e tem contato com paciente com

tuberculose, sejam eles enfermeiros, médicos, odontólogos, auxiliar administrativo, auxiliar de serviços

gerais, e todos os profissionais que atuam na área, uma vez que fazem parte da sociedade e, assim como

todos os cidadãos, possuem suas crenças e ideologias que por vezes vão de encontro com as situações a

que são submetidas no cotidiano. O medo do contágio não ocorre somente em razão do despreparo dos

profissionais, mas também pode estar associado ao estigma que envolve uma doença infecciosa milenar

transmissível, por não saber enfrenta-la por preconceito ou por não possuir conhecimento específico

(BERTAZONE et al., 2005).

As ações dos trabalhadores de saúde tem grande impacto sobre o portador de tuberculose, visto

que é com estes o contato maior antes e durante o tratamento, devendo estes ter todo um preparo para

saber com lidar eles. Sabendo que a transmissão de tuberculose se dá por gotículas ou aerossóis causa um

grande temor entre os profissionais pela dificuldade de prevenção. A probabilidade uma pessoa tornar-se

infectada após contato com o bacilo da tuberculose depende da concentração de partículas infectantes no

tempo de exposição a esse microrganismo (BERTAZONE, 2003).

Entendendo que o medo de contrair a doença advém de diversos fatores correlacionados a

comportamento diante do doente, conceitos pré-estabelecidos e os obstáculos enfrentados pelos

profissionais da saúde no atendimento aos pacientes portadores de tuberculose, observa-se a falta de

divulgação de informações sobre a real forma de contrair tuberculose, prevenção e tratamento dos doentes,

o que dificulta a adoção de novas medidas de combate a tais problemas sociais e, assim, efetuar um melhor

cuidado ao paciente (BERTAZONE et al.,2005). Dessa forma, faz-se importante a realização de estudos

com esta abordagem como forma de criar uma rede cooperativa de informações e conhecimentos

interdisciplinares, e, por conseguinte, contribuir para o avanço de conhecimento científico das Relações

Sociais que permeiam este tema polêmico e estigmatizado. O intercâmbio de informações permitirá

subsidiar novas pesquisas possibilitando a transferência dos conhecimentos científicos à prática

profissional, visando à quebra de preconceitos e diminuição da marginalização destes pacientes.

Objetivo

Identificar as Representações Sociais sobre a transmissão da Tuberculose entre funcionários do

hospital municipal de Rurópolis, Pará.

METODOLOGIA

Tipo de Estudo

Esta pesquisa é do tipo descritiva qualitativa com analise quanti-qualitativa e abordagem estrutural

da Teoria das Representações Sociais, definidas por Moscovici (1961), como uma maneira de interpretar e

pensar a realidade cotidiana, uma forma de conhecimento da atividade mental desenvolvida pelos

indivíduos e pelos grupos para fixar suas posições em relação às situações, eventos, objetos e

comunicações que lhe concernem.

Características do local da pesquisa

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A pesquisa foi realizada em um hospital do oeste do estado do Pará, de média complexidade com

30 leitos disponíveis e disponibilizando os serviços assistenciais de saúde em clinicas obstétrica, pediátrica,

médica, cirurgia, urgência e emergência, o que lhe enquadra segundo Mozachi e Souza (2009), como

hospital geral por possuir as clínicas anteriormente descritas. O quadro técnico administrativo é composto

por 4 médicos, 1 biomédico, 2 enfermeiras, 30 técnicos de enfermagem, 3 técnicos de laboratório, 3 técnico

de Raio X, 25 profissionais de serviços gerais, 8 vigilantes, 4 assistentes administrativos. Em sua área

ambulatorial funcionam os programas de hanseníase, tuberculose, leishmaniose, Hiperdia.

Sujeitos da Pesquisa

Os profissionais que atuam no Hospital que se realizou o estudo, qualquer que fosse seu ramo de

atividade, desde que tivesse contato com o paciente com tuberculose.

Critério de Inclusão: aceitar participar da pesquisa.

Critério de Exclusão: profissionais que atuam na secretaria do hospital, haja vista que não tem

contato com paciente e aqueles que não aceitassem participar da pesquisa; profissional que atuasse no

hospital, porém com diagnóstico e/ou tratamento de tuberculose

Técnica de coleta de dados

A coleta dos dados, feita em novembro de 2012, deu-se através da técnica de evocação livre de

palavras que, segundo Oliveira et al.. (2007), consiste em solicitar aos sujeitos da pesquisa que citem as

cinco palavras ou expressões que primeiro lhes vierem à mente quando pensam no termo indutor, que no

nosso trabalho foi “transmissão da tuberculose”. Posteriormente foi solicitado a estes sujeitos que

colocassem essas palavras em ordem de maior para menor importância para eles, configurando assim a

forma tradicional ou normativa da técnica de coleta de dados dentro do contexto das representações sociais

(OLIVEIRA; COSTA, 2007).

Análise dos Dados

Para a análise dos dados coletados foi utilizado o software desenvolvido por Verges, denominado

EVOC (Ensemble de programmespermettantl’analysedesevocations) – versão 2003. Este programa permitiu

organizar as evocações produzidas de acordo com suas freqüências e com a ordem de evocação. O

cruzamento entre estes dois critérios possibilitará a formação de um Quadro de Quatro Casas ou

quadrantes que mostrará o conteúdo e a estrutura das representações sociais do objeto de estudo

(OLIVEIRA; COSTA, 2007).

Também foi utilizado o software Excel para a organização dos dados referentes à caracterização

dos sujeitos da pesquisa, assim como para o auxílio no processamento dos referidos dados pelo EVOC.

Com o intuito de facilitar a análise dos dados pelo software e obter melhores resultados com o

estudo, foi elaborado um dicionário com todas as palavras e/ou frases evocadas, agrupando-as de acordo

com as suas semelhanças de significado.

Critério de aspecto ético

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No que tange às questões éticas, a participação dos sujeitos se deu em consonância a Resolução

196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), onde todos os participantes foram elucidados sobre o

estudo, seus objetivos, finalidades, autores, e a instituição de vinculação. Assim, todos os participantes

assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo I), garantido ainda o anonimato e sigilo

desses bem como das informações concedidas e o direito à desistência. Os sujeitos da pesquisa foram

informados que sua aceitação em integrar a pesquisa não implicaria em posteriores gratificações.

Esta pesquisa não ofereceu risco biológico, ou físico, visto que não houve coleta de resíduos

biológicos dos voluntários. Poderia haver constrangimento durante a aplicação dos questionários devido

algumas questões instigarem o sujeito quanto a sua resposta e imagem perante a sociedade, porém este

risco foi minimizado pelo estabelecimento de uma relação de confiança entre o pesquisador e o voluntário e

reafirmação do total anonimato de suas respostas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Foram entrevistados 52 funcionários do Hospital Municipal de Rurópolis sendo que estes

encontravam se dispostos segundo o sexo com prevalência de 67% do sexo masculino e 33% do feminino,

o que não teve influencia sobre os resultados da pesquisa. A população pesquisada encontrava se em sua

maioria entre a faixa etária de 31-40 anos sendo desse modo composta por funcionários adultos-jovens e

somente 6% pertence a faixa etária considerada da terceira idade. Quando analisamos a profissão atual dos

trabalhadores do Hospital Municipal de Rurópolis percebemos que 50% deles eram técnicos de

enfermagem que são também os que mãos mantêm contato direto com o paciente acometido por

tuberculose como já afirmou Bertazone (2003) quando diz que “de todas as profissões inseridas na saúde a

enfermagem seguramente é a que mais permanece em contato com o doente internado, disponibilizando

assistência direta ao paciente, de forma ininterrupta nas 24h de internação” (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição dos trabalhadores do Hospital Municipal de Rurópolis de acordo com o sexo, idade e profissão executada no estabelecimento da pesquisa. Rurópolis-Pará. 2012.

N° %

Sexo Masculino 35 67 Feminino 17 33 Idade 20-30 16 31 31-40 18 33 41-50 15 30 51-60 3 6 Profissão Técnico de enfermagem 26 50 Auxiliar de enfermagem 7 13 Médico 3 4 Biomédico 1 2 Odontólogo 1 2 Agente Administrativo 3 6 Almoxarifado 1 2 Motorista 1 2 Serviços gerais 4 9 Vigilante 5 10 Fonte: protocolo de pesquisa.

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No que tange ao tipo e a constância de contato dos profissionais com os pacientes acometidos por

tuberculose percebemos através da tabela 2 que há uma maior prevalência do contato esporádico sendo

este em sua maioria verbal. Rieder (2001) em seu estudo diz que “o risco de exposição aumenta se o

período de infecciosidade for prolongado, em comparação com um período de infecciosidade curto”. Além

do que os inquéritos tuberculínicos em profissionais de saúde também têm revelado risco aumentado de

infecção por Mycobacterium tuberculosis, relacionado com o tipo de contato do profissional com os

pacientes (GONÇALVES, 2001).

Tabela 2. Distribuição dos trabalhadores do Hospital Municipal de Rurópolis de acordo com frequência e tipo de contato com pacientes acometidos com tuberculose. Rurópolis, Pará. 2012.

N° %

Constância do contato dos profissionais Esporádico 43 82 Frequente 9 18 Tipo de contato dos profissionais Contato físico 19 37 Contato Verbal 33 63 Fonte: protocolo de pesquisa.

Estrutura da representação social da “transmissão da Tuberculose” em contexto normativo da

coleta de dados

O resultado obtido pela técnica de evocação livre de palavras, em que os sujeitos da pesquisa

produziram cinco palavras ou expressões ao termo indutor “transmissão da Tuberculose” por si mesmo,

obteve um total de 256 evocações, entre as quais 31 são diferentes. A média das ordens médias de

importância das evocações calculada pelo EVOC 2003 foi de 3,0.

Com a computação efetuada no programa identificamos a frequência mínima de 8 sendo esta

então a margem de corte do Quadro de Quatro Casas. Com esta margem tornou-se possível a construção

de tal quadro como exemplificado na tabela 3.

Tabela 3. Quadro de Quatro Casas ao termo indutor “transmissão de Tuberculose” dos

trabalhadores do Hospital Municipal de Rurópolis- situação normativa. Rurópolis, 2011.

OMI < 3,0 >=3,0

Freq.

Med.

Termo

Evocado

Freq. OMI Termo Evocado Freq. OMI

>=17 Sintoma

Toque-pega

Tratamento

54

23

21

2,796

2,870

2,524

Falta-alimentação 18 3,556

8>= <16 Ambiente

Doença

8

8

2,750

2,365

Contaminação

Educação-saúde

Falta-informação

Isolamento

Medo

Preconceito

16

9

16

8

13

9

3,063

3,444

3,625

3,125

3,308

3,444

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Os elementos presentes no quadrante superior esquerdo do Quadro de Quatro Casas consistem em

cognições provavelmente centrais para representação social estudada, sendo mais frequentes e mais

importantes entre as evocações (ABRIC, 2003). As cognições com características centrais foi toque-pega

representando a ciência dos sujeitos sobre a maior incidência de transmissão quando há um contato

próximo com o paciente; sintoma que demonstra que estes assimilam o contágio somente quando há

presença de algo que remeta a doença em si e tratamento remetendo a ideia que a cura pode ser

alcançada com a realização adequada do tratamento disponibilizado pelo sistema de saúde.

Em relação ao primeiro e ao segundo elemento mais citados sintoma e toque-pega tem relação

direta com a transmissão da tuberculose como já afirmou Rieder (2001) que em seu estudo comprova que a

exposição à pessoa portadora do bacilo causador da tuberculose que apresenta sintomas é uma fonte

direta de contaminação, onde o contato entre dois indivíduos tenha uma proximidade tal que permita uma

conversa entre eles, ou em espaços de tal modo confinados que a renovação do ar (ventilação) seja

incompleta entre a permanência das duas pessoas. Este ainda fala que:

“Sem a presença de casos contagiosos, não ocorrerá uma exposição relevante. Contudo, enquanto que o nível de incidência de casos contagiosos é um pré-requisito na determinação da exposição, o risco a que as pessoas susceptíveis estão sujeitas é condicionado por vários fatores. Assim, para uma mesma incidência, o risco de exposição pode variar substancialmente” (RIEDER, 2001 p. 11).

O terceiro elemento a se destacar no núcleo central foi o tratamento o que coincide com as tabelas

4 e 5 onde se encontra os maiores percentis que remetem a opinião dos sujeitos da pesquisa concordam

que realizando adequadamente o tratamento da tuberculose consegue-se alcançar a cura desta patologia

demonstrando desse modo a confiança nos profissionais que comandam estes tratamento e na medicação

utilizada a mesma situação também é encontrada em Bertazone et al. (2005) e Brasil (2009).

O quadrante inferior esquerdo, também chamado de zona de contraste, integra a casa com

elementos enunciados por menor quantitativo de sujeitos, mas de muita importância (ABRIC, 2003). Sendo

que os elementos citados são ambiente e doença.

A expressão ambiente remete então a uma aglomeração, compartimento fechado sem circulação

adequada de ar o que implica em um contato mais próximo e assim um possível contágio com o bacilo da

tuberculose expelido pelo portador. Por conseguinte em um ambiente desfavorável que permita um maior

contato próximo com o paciente bacilífero é um fator de risco para que venha a ocorrer à doença,

mostrando que a proximidade está intimamente relacionada ao ficar doente na visão dos entrevistados

(PÔRTO, 2007). E ainda concordante com o quadrante superior esquerdo do núcleo central onde a

expressão toque-pega foi uma das mais citadas.

No quadrante superior direito foi identificado o elemento falta-alimentação. As cognições presentes

nessa casa constituem a primeira periferia da representação social, a qual abrange os componentes

periféricos considerados mais relevantes, possuindo maiores frequências de evocação, mas menor

importância segundo os depoentes (ABRIC, 2003).

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Quando os trabalhadores de saúde pesquisados evocam a falta-alimentação referem se a aparência

que imaginam de uma pessoa bacilífera. Demonstrando que eles acreditam que uma alimentação adequada

pode ajudar a aumentar a imunidade e assim impedir que mesmo mantendo um contato com o paciente não

adquirir a patologia.

No quadrante inferior direito encontram-se os elementos falta-informação, preconceito, educação-

saúde, medo, isolamento e contaminação. Esses elementos configuram a segunda periferia da

representação social em questão, sendo pouco frequentes e definidos como menos importantes pelos

sujeitos da pesquisa (ABRIC, 2003). Em estudo sobre representações sociais sobre tuberculose, Souza,

Silva e Meirelles (2010) encontraram como pontos centrais das estruturas de representação social o

preconceito, medo e isolamento que se dispuseram intimamente ligados ao conhecimento que os sujeitos

têm sobre a tuberculose como doença altamente contagiosa e que o contato com doentes levaria ao

adoecimento de sujeitos hígidos, sendo necessária a restrição de contato com os doentes.

Neste quadrante observa-se que falta-informação foi a evocação mais citada da qual pode se inferir

que a informação adequada é um fator primordial para que haja a prevenção do contágio e também

demonstra a necessidade de qualificação profissional através de cursos sobre o tema para os

trabalhadores que entram em contato com os pacientes portadores e suspeitos do bacilo como já foi dito por

Brasil (2002) quando este fala que a capacitação profissional é crucial para que os objetivos traçados sejam

alcançados (cura do paciente, diminuição do numero de casos) e para que este assim saiba com lidar com

estes pacientes.

Enfatizando que as expressões preconceito, medo e isolamento demonstram as situações

vivenciadas pelos pacientes, visto que há um estigma sobre os mesmos que advém desde os primeiros

relatos desta doença o que já foi colocado nos estudos de Gonçalves (2000) e Bertazone (2003).

CONCLUSÃO

Tornaram-se evidentes alguns termos das representações sociais da tuberculose principalmente no

que tange a um fator preponderante e presente deste os primeiros casos da doença que seriam a

discriminação e o preconceito para com os pacientes bacilíferos os quais contribuem para o sofrimento

psicológico que estas pessoas sofrem o que incentiva o seu isolamento e assim a falta de incentivo pra a

procura do tratamento nas unidades de assistência de saúde como também por vezes o abandono ao

tratamento.

Frente aos conteúdos apresentados, pode se concluir que os trabalhadores do Hospital Municipal

de Rurópolis trazem uma representação social sobre a contaminação através do contato com o paciente

bacilífero, com base em elementos que remetam a autoproteção. Para tanto abarcaram conteúdos que lhes

remetessem a precaução quanto ao contato direto para com os indivíduos que se encontrem em uma

situação suspeita ou confirmada de tuberculose situação a qual estão expostos esporadicamente.

Os pensamentos negativos relativos ao medo, preconceito, discriminação e isolamento são

claramente evidenciados por eles demonstrando sua forma negativa de encarar o tema e a pessoa

portadora de tuberculose, acreditando que esta tenha que se isolar da sociedade para que assim possa

diminuir o risco de contágio e, por conseguinte a propagação da doença, demonstrando assim uma falta de

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informação sobre o tema que pode ser ocasionado por falta de cursos de capacitação sobre doenças

infectocontagiosas e temas afins que proporcionariam assim uma nova visão deste tema tão pertinente e

por vezes presente no cotidiano deles.

Portanto, é de extrema necessidade descobrir as representações sociais sobre as condições de

saúde da população, sobretudo, das doenças infectocontagiosas, promovendo discussões sobre a

problemática destas doenças, nos seus diferentes aspectos relacionais, comunicacionais e técnico-

científicos. Dinamizar a discussão de situações reais nas equipes interdisciplinares, com o objetivo de

permitir a partilha de saberes dos profissionais de saúde, dando importância da educação para a cidadania,

para desta forma alterar o estigma e o preconceito presente nesta doença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRIC, J.C.La recherche du noyau central et de la zone muette des représentations sociales. In: ABRIC, J. C. (Ed.). Méthodes d’étude des représentations sociales. Saint-Agne, 2003. p. 59-80. BERTAZONE, E. C. A assistência ao portador de tuberculose pulmonar sob a ótica dos trabalhadores de Enfermagem. 2003, 118F. Tese (Doutorado em Enfermagem). Universidade de São Paulo, São Paulo. BERTAZONE, E. C.; GIR, E.; HAYASHIDA, M. Situações vivenciadas pelos trabalhadores de enfermagem na assistência ao portador de tuberculose pulmonar. Rev. Latino-Am. Enfermagem, vol.13, n.3, p. 374-381, 2005. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692005000300012 Acesso em: 18 nov. 2011. BRASIL, Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196/96. Brasília, 1996. BRASIL, Ministério da Saúde; Manual de Diagnóstico e Tratamento de Tuberculose Resistente e Multi-Droga Resistente, Maputo, 2009, 108p. BRASIL,Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual técnico para o controle da tuberculose: cadernos de atenção básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde Departamento de Atenção Básica. 6. ed. rev. e ampl. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 62 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.- 8.ed.rev.- Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 448p. BRASIL. Ministério da Saúde. Tratamento Diretamente Observado (TDO) da tuberculose na atenção básica: protocolo de enfermagem. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da saúde, 2011.122p. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância em saúde: Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, malária, Tracoma e Tuberculose. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. (Cadernos de Atenção Básica, n. 21) – 2. ed. rev. Brasília, 2008. GONÇALVES, H. A tuberculose ao longo dos tempos. História, Ciências, Saúde, vol.7, n.2, p. 303-25, 2000. GONÇALVES, M. L. C. Transmissão Nosocomial da tuberculose: diminuindo o risco. Bol. de Pneumologia Sanitária, v.9, n.2, 2001. Disponível em: http://www.fundoglobaltb.org.br/download/Apresentacao_geral_Draurio_Barreira.pdf Acesso em: 20 nov. 2011.

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RISCO ISQUÊMICO NOS PACIENTES HIV/AIDS SOB USO DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA Cíntia Naira Souza de Lima1,2,3; Jackson Nogueira Uchoa1,3; Raíssa Samara de Alencar Valentim1,2,3; Eric Rangel de Sousa Pereira1,2; Ilmara Mudy Sousa1; Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva1,2 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade do Estado do Pará - UEPA, Campus XII – Santarém, Pará; 2Grupo de Estudo em Respostas Morfofisiológicas e Metabólicas – GERMET; 3Bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/UEPA. Brasil. RESUMO A síndrome da imunodeficiência adquirida é considerada um grave problema de saúde pública mundial. A terapia antirretroviral (TARV) tem proporcionado anormalidades metabólicas como hiperinsulinemia e adiposidade central, que são importantes fatores de risco para cardiopatias. Desta forma objetivou-se analisar o risco cardiovascular da terapia antirretroviral nos pacientes infectados pelo HIV do município de Santarém - Pará. Fizeram parte do estudo 40 indivíduos, sendo 17 com uso de TARV de 0-12 meses (G1) e 23 com uso de 24-180 meses (G2). As avaliações aconteceram no Centro de Testagem e Acompanhamento do Serviço de Assistência Especializada – CTA/SAE do município de Santarém – Pará e em uma clínica de cardiologia, Uniclínica. Os dados foram tabulados e analisados por estatística descritiva, por meio do programa Microsoft Excel 2010®. Como resultados notou-se que 60% eram do gênero masculino, 47,50% com faixa etária de 25-45 anos e 50% com renda de 2 a 3 salários mínimos. Além disso, observou-se maior prevalência de síndrome metabólica no G1 e o risco cardiovascular pelo escore de Braunwald obteve uma mesma proporção entre o G1 e G2. Já para o escore de Framingham 12% dos pacientes apresentaram risco moderado e, destes, todos eram homens e do G2. Conclui-se, conforme metodologia adotada, que os pacientes analisados apresentaram baixo risco cardiovascular pelos protocolos aplicados. Contudo o grupo com maior tempo de TARV apontou pacientes com risco moderado (Framingham), presença de síndrome metabólica e prevalência de sobrepeso. Palavras-chave: Risco isquêmico. Terapia antirretroviral. HIV/Aids.

INTRODUÇÃO

A AIDS é uma pandemia, causada pelo HIV, um retrovírus classificado na subfamília lentiviridae.

Estes infectam células do sangue, sistema nervoso central e suprimem o sistema imunológico (BRASIL,

2012).

Os infectados pelo vírus do HIV evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, à

medida que vão sendo destruídos os linfócitos T CD4, uma das principais células-alvo do vírus. A contagem

destes linfócitos é um importante marcador para imunodeficiência, sendo utilizada tanto para estimar o

prognóstico e avaliar a indicação de início da terapia antirretroviral (TARV) (BRASIL, 2010).

A história natural desta doença vem sendo alterada, consideravelmente, pela TARV (terapia

antirretroviral), a qual foi iniciada no Brasil em 1996, resultando em um aumento da sobrevida dos

pacientes, mediante reconstrução das funções do sistema imunológico e redução de doenças secundárias

e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos pacientes (BRASIL, 2010).

Os avanços na TARV suprimiram marcadamente a atividade virótica e aumentaram a longevidade

daqueles que vivem com HIV/Aids. Entretanto, uma variedade de anormalidades metabólicas relacionadas

ao tratamento foi descrita após a introdução da terapia antirretroviral combinada (FURTADO; ZAMBRINI;

SILVA, 2009).

Diante disso, o objetivo do manuscrito foi analisar o risco cardiovascular de pacientes infectados

pelo HIV e sob terapia antirretroviral do município de Santarém - Pará.

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METODOLOGIA

O estudo teve enfoque quantitativo, pois investigou fatores e quantificou os dados obtidos

(TEIXEIRA; RANIERI, 2006), além de enfocar a explicação dos fenômenos fisiológicos, que a caracteriza

também como descritiva (GIL, 1996).

Amostra

Participaram do estudo 40 pacientes infectados pelo HIV, sendo divididos em dois grupos, o G1 (n=

17) que não faziam ou faziam uso de TARV até 12 meses, e o G2 (n= 23) que continham pacientes em uso

de TARV de 24-180 meses. Todos os participantes estavam em atendimento no Centro de Testagem e

Acompanhamento do Serviço de Assistência Especializada – CTA/SAE, em Santarém – Pará.

Coleta de dados

Utilizou-se um formulário para coletar informações do nome (iniciais), data de nascimento, tempo de

uso da TARV e de infecção com HIV, esquema de TARV que utilizam, contagem de CD4 e CD8 (perfil

imunológico), carga viral, se fuma, se apresenta diabetes ou qualquer outra patologia, histórico familiar de

doenças cardíacas, uso de álcool, uso de drogas ilícitas, nível de atividade física, dados antropométricos

(peso, estatura e índice de massa corporal), além dos espaços para destacar a pressão arterial e os

marcadores bioquímicos que serão coletados.

Síndrome metabólica

Foi identificada segundo o NCEP-ATP III e pela sua simplicidade e praticidade é a definição

recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (BRANDÃO,

2004).

Franmingham heart study

Uma fórmula de previsão na população em geral da probabilidade de doença coronariana é

calculada baseada nos resultados do Framingham Heart Study. O instrumento leva em consideração a faixa

etária, sexo, valores de pressão arterial sistólica, valores da razão entre o colesterol total e a fração HDL,

presença de tabagismo e diagnóstico de diabetes (LOTUFO, 2008).

Avaliação de risco isquêmico

Os pacientes foram submetidos aos protocolos e após foram avaliados em alta probabilidade,

probabilidade intermediária e baixa probabilidade.

Os dados do exame clínico que foram valorizados são: ter história prévia de coronariopatia; o

gênero; dor torácica que irradia ou não para membros superiores; ausculta cardíaca e pulmonar.

Para a eletrocardiografia (ECG) foram utilizados 10 eletrodos (4 para as derivações dos membros e

6 para as precordiais), assim discriminados: os eletrodos das derivações dos membros são identificados

pelas seguintes cores: preto-perna direita; vermelho-braço direito; amarelo-braço esquerdo; verde-perna

esquerda. As derivações precordiais correspondem a pontos definidos da topografia do coração. Sua

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colocação é: V1- 4° espaço intercostal direito (região paraesternal); V2- 4° espaço intercostal esquerdo

(região paraesternal); V3- justamente entre V2 e V4; V4- 5° espaço intercostal esquerdo na linha

hemiclavicular; V5- entre V4 e V6 na linha axilar anterior e V6- 5°espaço intercostal esquerdo na linha axilar

média. Após o correto posicionamento dos eletrodos, foi acionado o aparelho eletrocardiográfico que fez a

leitura a uma velocidade de 25 mm/s e foi impresso em papel padrão milimetrado, os diversos ângulos de

análise de condução elétrica.

Análises estatísticas

Os dados foram tabulados e analisados por meio de uma estatística descritiva, através da média,

desvio padrão e frequência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Características epidemiológicas da amostra

Sobre as características epidemiológicas dos pacientes que fizeram parte da amostra, houve o

predomínio do gênero masculino (60%), da faixa etária de 25-45 anos (47,50%) e a renda familiar mais

prevalente foi de 2 a 3 salários (50%) mínimos (Tabela 1).

A classificação dos pacientes quanto ao índice de massa corporal, demonstrou que no grupo 1

ocorreu predominância do peso normal (58,80%) seguindo pelo sobrepeso (29,40), e no G2 observou-se

uma inversão, ou seja, predominou os pacientes com sobrepeso (52,17%) seguidos pelo peso normal

(43,48%).

Portadores da síndrome metabólica (SM)

Com relação à prevalência de SM nos pacientes do G1, 100% dos mesmos não apresentaram a

doença. Já no G2 foi encontrado que 37,5% apresentaram a doença e 62,5% não demonstraram a doença

(Tabela 2).

Classificação do escore de risco de Framingham para risco cardiovascular.

Na Tabela 3 observa-se, em relação ao risco de doença cardiovascular de acordo o escore de

Framingham, que no G1 todos foram classificados com baixo risco em 10 anos. Já no G2 foi notado que a

maioria (81,25%) está classificada com baixo risco e 18,75% com moderado risco cardiovascular em 10

anos.

Classificação do escore de risco de Framingham para risco cardiovascular por gênero.

Realizando a análise por gênero, observa-se um maior número de indivíduos do gênero masculino

classificados como risco cardiovascular moderado (11,54%) e para o gênero feminino nenhuma foi

classificada como risco moderado ou alto, apenas como risco baixo, somando sete indivíduos (Tabela 4).

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Probabilidade de risco cardiovascular pelo escore de Braunwald.

Levando-se em consideração o risco cardiovascular pelo escore de Braunwald, observa-se na

Tabela 5 uma mesma proporção entre G1 e G2, ou seja, 55,60% com baixa probabilidade e 44,40% com

probabilidade intermediária.

Dentre os fatores de risco cardiovascular, são considerados cruciais a idade, o tabagismo, o

diabetes tratado ou não, a hipertensão arterial e o excesso de colesterol ou HDL baixo (POLO et al., 2006).

Tabela 1. Características epidemiológicas e antropométricas da amostra do estudo.

n FR (%)

Gênero

Masculino 24 60,00

Feminino 16 40,00 Total 40 100,00

Faixa Etária

≤ 25 anos 09 22,50 25 a 45 anos 19 47,50 > 45 anos 12 30,00 Total 40 100

Renda familiar

Até 1 salário 05 12,50 2 a 3 salários 20 50,00 3 a 4 salários > 4 salários

11 04

27,50 10,00

Total 40 100

Índice de Massa Corporal G1

Normal 10 58,80 Sobrepeso 5 29,40 Obesidade 2 11,80

Índice de Massa Corporal G2

Normal 10 43,48 Sobrepeso 12 52,17 Obesidade 1 4,35

Fonte: Protocolo de pesquisa.

Tabela 2. Demonstrativo dos portadores de síndrome metabólica (SM) nos grupos 1 e 2.

Classificação ATP III G1 G2

n FR (%) n FR (%)

Portadores 0 0 6 37,5

Não portadores 10 100 10 62,5 Total 10 100 16 100

Fonte: Protocolo de pesquisa.

Tabela 3. Demonstrativo do escore de risco de Framingham para risco cardiovascular.

Risco de 10 anos para Doença cardiovascular

G1 G2 Total

n FR (%) n FR (%) n FR (%)

Baixo (0-10%) 10 100 13 81,25 23 88,46 Moderado (10-19%) 0 0 3 18,75 3 11,54 Alto (≥20%) 0 0 0 0 0 0 Total 10 100 16 100 26 100 Fonte: Protocolo de pesquisa.

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Tabela 4. Classificação do escore de risco de Framingham para risco cardiovascular por gênero.

Risco de 10 anos para Doença cardiovascular

Masculino Feminino Total

n FR (%) n FR (%) n FR (%)

Baixo (0-10%) 16 84,21 7 100 23 88,46

Moderado (10-19%) 3 15,79 0 0 3 11,54 Alto (≥20%) 0 0 0 0 0 0

Total 19 100 7 100 26 100 Fonte: Protocolo de pesquisa.

Tabela 5. Demonstrativo de risco cardiovascular pelo escore de Braunwald.

Classificação G1 G2 Total

n FR (%) n FR (%) n FR (%)

Baixa probabilidade 5 55,6 5 55,6 10 55,6 Probabilidade intermediária 4 44,4 4 44,4 8 44,4 Alta probabilidade 0 0 0 0 0 0 Total 9 100 9 100 18 100 Fonte: Protocolo de pesquisa.

Diante de todos os resultados pontuados, a utilização de testes bioquímicos, eletrocardiográficos e

avaliação de risco isquêmico, poderá ser uma vantagem para avaliar nas pessoas infectadas pelo HIV,

sinais clínicos e laboratoriais sugestivos de risco cardiovascular e intervir precocemente com a finalidade de

evitar desfechos clínicos de alta morbidade e mortalidade. Assim, escores como o de Framingham e

Braunwald, prevalência de síndrome metabólica, o perfil epidemiológico e antropométrico podem servir

como marcadores precoces de agressão cardíaca.

Pupulin et al. (2008) afirmam que o conhecimento das manifestações cardiovasculares pelo HIV

aponta para a necessidade de implantação de medidas eficazes no intuito de deduzir a ocorrência de

doenças cardiovasculares. A avaliação do paciente HIV no contexto da doença cardiovascular exige alto

grau de suspeição clínica, uma vez que o quadro clínico é confundido com outras doenças mais comumente

encontradas.

Após a introdução da TARV começaram os relatos de casos de infarto agudo do miocárdio em

pacientes jovens infectados pelo vírus. Esses eventos estão associados aos fatores de risco para doença

coronariana, como tabagismo, diabete mellitus, dislipidemia e ao uso de TARV (STRABELLI; ZEIGLER,

2005).

A Tabela 1 demonstrou que houve o predomínio do gênero masculino (60%), da faixa etária de 25-

45 anos (47,50%) e a renda familiar mais prevalente foi de 2 a 3 salários (50%) mínimos, demonstrando que

os indivíduos que mais adquirem a doença, são adultos jovens, sendo eles parte significativa da população

economicamente ativa, a patologia pode ser um grande contribuinte para vários problemas psicossociais

(FERNANDES et al., 2007).

O G1 demonstrou predomínio de 58,80% com IMC normal, 29,40% com sobrepeso e 11,80%

obesidade. Já no G2 houve o predomínio de 52,17% com sobrepeso, 43,80% com IMC normal e 4,35%

obesidade. O aumento de mais de 22% nas taxas de sobrepeso naqueles com TARV mais prolongada,

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parece também, apontar a influência do tempo de TARV no IMC (MATOS; MOREIRA, 2009). Alterações

evidenciadas também com a utilização da TARV, são as mudanças no perfil antropométrico, maior acúmulo

de gordura na região central do corpo, aumento nos níveis séricos de triacilglicerídeos e glicose (DRISCOLL

et al., 2004; BROWN et al., 2004).

Ao analisar a prevalência de síndrome metabólica (SM) no G1, 100% dos mesmos não

apresentaram a doença. Já prevalência de SM no G2 demonstrou que 37,5% deste grupo apresentaram a

SM e 62,5% não. Considera-se, possivelmente, que o tempo de terapia pode ser um fator positivo para a

SM (MATOS; MOREIRA, 2009).

Com base no escore de Framingham, o risco de doença arterial coronariana estimado foi

predominantemente baixo na amostra estudada, sendo que 88,46% dos pacientes foram classificados como

baixo risco, apenas 11,54% com risco moderado e nenhum indivíduo apresentou alto risco. Os três

pacientes que apresentaram risco moderado são homens e, exclusivos, do G2, mostrando uma

característica de risco aumentado nesse tipo de paciente.

CONCLUSÃO

Conforme metodologia adotada, pode-se concluir que os pacientes analisados apresentaram baixo

risco cardiovascular pelos protocolos aplicados. Contudo o grupo com maior tempo de TARV apontou

pacientes com risco moderado (Framingham), presença de síndrome metabólica e prevalência de

sobrepeso no grupo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, A. P. I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA. Rio de Janeiro-RJ, 2004. Disponível em: <http://www.hccpg.rn.gov.br/downloads/artigos/ENDOCRINOLOGIA_METABOLISMO/DiretrizsindromemetabolicaSBC.pdf>. Acessado em: 26 de maio de 2014. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Aids no Brasil. BrasÍlia-DF: Editora MS, 2012. p. 1. Disponível em:<http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/page/2010/36364/aids_no_brasil_2012_17137.pdf>. Acessado em: 30 de maio de 2013. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de bolso: doenças infecciosas e parasitárias. 8.ed. BrasÍlia-DF: Editora MS, 2010. Cap. 1 (PARTE III). BROWN, T.T.; RUPPE, M.D.; KASSNER, R.; KUMAR, P.; KEHOE, T.; DOBS, A.S.; TIMPONE, J. Reduced bone mineral density in human immunodeficiency virus-infected patients and its association with increased central adiposity and postload hyperglycemia. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, v. 89, p.1200-6, 2004. DRISCOLL, S.D., MEININGER, G. E, LAREAU, M. T. et al.. Effects of exercise training and metformin on body composition and cardiovascular indices in HIV-infected patients. AIDS, v. 18, p.465-473, 2004. FERNANDES, A. P. M.; SANCHES, R. S.; MILL, J.; LUCY, D.; PALHA, P. F.; DALRI, M. C. B. Síndrome da lipodistrofia associada com a terapia anti-retroviral em portadores do HIV: considerações para os aspectos psicossociais. Rev. Latino-am Enfermagem, v.15, n. 5, p. 1-5, 2007. FURTADO, J. J. D.; ZAMBRINI, H.; SILVA, E. F. R. Síndrome metabólica e lipodistrofia. In: FOCACCIA, Roberto. Veronesi: Tratado de infectologia. 4.ed. São Paulo-SP: Atheneu, 2009.

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SAÚDE DO IDOSO: UMA ANÁLISE SOBRE OS BENEFÍCIOS QUE A ATIVIDADE FÍSICA PROPORCIONA AOS IDOSOS QUE PARTICIPAM DO CRAS NO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE/PA Delcilene de Freitas Silva3; Izabel Alcina Soares Evangelista1 1Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA - Pará – Brasil. RESUMO O acelerado ritmo de envelhecimento no Brasil cria novos desafios para as Políticas Públicas brasileiras. A Política Nacional de Saúde do Idoso - PNSI tem como objetivo permitir um envelhecimento saudável, o que significa preservar a sua capacidade funcional, sua autonomia e manter o nível de qualidade de vida, da população idosa. Em virtude dessas políticas, acredita-se que a participação do idoso em programas com atividade física poderá influenciar no processo de envelhecimento, com benefícios sobre a qualidade de vida, garantia de efeitos positivos no controle e prevenção das doenças. O objetivo do estudo foi analisar os benefícios que a atividade física proporciona a saúde do idoso. Na metodologia optou-se por desenvolver pesquisa de campo com aplicação de questionários ao grupo de idosos do Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, no Município de Monte Alegre/PA, no qual contou com a participação de 25 (vinte e cinco) idosos, entre homens e mulheres, de idades entre 60 a 81 anos, todos participantes das atividades físicas desenvolvidas no CRAS. O projeto deste estudo foi realizado para concluir em 2014 o curso de especialização em Gestão e Políticas Sociais. Palavras-chave: Saúde do Idoso; Política Nacional do Idoso; Atividade Física.

INTRODUÇÃO

O crescimento da população idosa brasileira surge como elemento central para a elaboração e

implementação de novas Políticas Públicas voltadas a prevenção e manutenção da saúde do idoso. De

acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País tinha 21 milhões de

pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 2012. A estimativa da Organização Mundial da Saúde

(OMS) é que o País seja o sexto em número de idosos em 2025, quando deve chegar a 32 milhões de

pessoas com 60 anos ou mais.

O envelhecimento é uma etapa vital que qualquer ser humano almeja alcançar, atualmente vem

sendo prolongada principalmente pela implementação de Programas e Políticas voltados a saúde do idoso.

Eles na sua maioria são elaborados e pensados envolvendo atividades físicas, sem dúvidas uma forma de

prevenção e manutenção da saúde do idoso. Segundo Meirelles (1999) a tendência da população idosa é

aumentar, e para integrar-se a sociedade, o idoso precisa praticar atividade física visando saúde física e

psicológica para obter melhor qualidade de vida.

A Atividade Física regular e orientada é reconhecida como fator geral na preservação da saúde e na

prevenção e controle de doenças na atualidade. Em virtude desses aspectos, acredita-se que a participação

do idoso em programas de exercícios físico poderá influenciar no processo de envelhecimento, com

resultados positivos sobre a qualidade e expectativa de vida, melhora das funções orgânicas, garantia de

maior independência pessoal.

Gordilho et al. (2000) afirmam que a Política Nacional de Saúde do Idoso presa pela promoção do

envelhecimento saudável, a manutenção da capacidade funcional e pela assistência as necessidades da

saúde dos idosos.

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De acordo com Rauchbach (2001), a literatura sustenta a idéia de que uma vida ativa pode melhorar

as funções mentais, sociais e físicas no envelhecimento. Ainda deixa claro, que adotar uma vida ativa,

realizando atividades físicas pode levar a uma velhice mais produtiva e prolongada.

O presente estudo tem como objetivo geral fazer uma análise sobre os benefícios que a atividade

física proporciona a saúde do idoso do CRAS no Município de Monte Alegre/PA. Como objetivos

específicos, entender a criação da Política Nacional do idoso, descrever a importância que a atividade física

proporciona a saúde do idoso.

METODOLOGIA

A metodologia empregada para elaboração e estruturação deste estudo foi baseada tipo de

pesquisa de campo.

Os métodos utilizados neste estudo foram o quantitativo e qualitativo. De acordo com Minayo

(1993), o método quantitativo é baseado na medida, geralmente numérica, de um grande conjunto de

dados, dando ênfase à comparação de resultados e ao uso intensivo de técnicas estatísticas. E o método

qualitativo, pretende aprender a totalidade coletada visando, em última instância, atingir o conhecimento de

um do fenômeno histórico que é significativo em sua singularidade (MARCONI, 2001, P. 10).

Esta pesquisa foi realizada no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, no Município de

Monte Alegre, Pará. O objeto da pesquisa foi analisar os benefícios que a atividade física proporciona a

saúde do idoso do CRAS no Município de Monte Alegre/PA.

Amostra

Para obtermos os dados deste estudo aplicamos 25 (vinte e cinco) questionários com os idosos que

participam da atividade física, no CRAS, conforme anexo abaixo:

Após os dados coletados foram analisados e interpretados a fim de tentar solucionar os

questionamentos levantados nesta pesquisa.

Os locais utilizados como fonte de pesquisa foram visitados previamente, assim como solicitamos

ao coordenador do CRAS a devida autorização para o levantamento de dados. Destacamos ainda, o

compromisso com a autenticidade deste estudo e a divulgação do artigo para ser usado como forma de

pesquisa.

Análise dos resultados

É importante destacarmos que todos os idosos que responderam o questionário já participam das

atividades físicas desenvolvidas no CRAS de um a dois anos, sem pausa prolongada. Esta prática envolve

as atividades de alongamento, dança, ginástica aeróbica e localizada, caminhadas, entre outras. A mesma

é desenvolvida semanalmente, normalmente dentro da área do CRAS, orientada por um profissional de

Educação Física; e acompanhada por assistentes sociais, psicólogo e auxiliares sociais. Os questionários

foram analisados de forma quantitativa e qualitativa apresentados em gráficos.

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RESULTADO E DISCUSSÃO

Através dos questionários aplicados, chegamos aos seguintes resultados: dos 25 (vinte e cinco)

idosos entrevistados com idades variadas de 60 a 81 anos, houve uma predominância feminina.

É possível perceber que 80% dos participantes das atividades físicas desenvolvidas no CRAS de

Monte Alegre são do sexo feminino e 20% são do sexo masculino. O gráfico acima mostra ainda, que a

participação das mulheres neste tipo de política de cuidado a saúde do idoso é bem maior que a dos

homens.

A primeira pergunta do questionário buscou fazer um diagnóstico de como o idoso avaliava sua

saúde antes de participar das atividades físicas desenvolvidas no CRAS.

Percebemos através deste que 69% dos idosos entrevistados, entre homens e mulheres

consideravam sua saúde regular, 26 % consideravam sua saúde boa, 5% consideravam sua saúde ruim e

0% consideravam sua saúde ótima.

A próxima pergunta faz um contraponto com a primeira, mas o que se destacou nesta é como os

mesmos avaliam sua saúde após participarem das atividades físicas no CRAS.

Fica claro com esta pergunta o quanto à atividade física contribui para a melhora da saúde do idoso.

Após um a dois anos de prática de atividade física 68% dos idosos consideraram sua saúde ótima, 32%

consideraram sua saúde boa e 0% dos entrevistados consideraram sua saúde regular ou ruim. A prática da

atividade física, mesmo sendo uma vez na semana trabalha, no controle e prevenção de doenças,

contribuindo para melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa.

Segundo Assis e Araújo (2004), os exercícios são importantes para manter o idoso ativo e aumentar

sua disposição para as atividades do dia-a-dia. Sua prática possibilita a prevenção de quedas, favorece a

autoestima, contribui no controle da depressão e faz com que o idoso aprenda a conhecer melhor o seu

corpo e suas funções.

A terceira pergunta faz um questionamento se a atividade física proporciona maior benefício físico

ou mental.

Nesta resposta nota-se que 88% dos idosos percebem maiores benefícios físicos e 12% percebem

maiores benefícios mentais.

De acordo com Rahal et al. (2007), especificamente ao idoso, a atividade física deve aumentar a

reserva funcional, compensar limitações, evitar ou postergar manifestações de doenças, controlar doenças

existentes, promover mudanças de hábitos, prevenir traumas e acidentes, incentivar a cidadania e a

inserção social.

O questionamento a seguir foi sobre qual é o maior benefício que a atividade física proporciona a

saúde do idoso.

Nota-se que 56% dos idosos sentem bem estar ao praticar atividade física, 24% sente uma melhora

no condicionamento físico, 20% sentem uma melhora no condicionamento cardiorrespiratório e 0% não

percebem outro benefício. Todos, sem exceção, afirmam como a atividade física trouxe benefícios variados

a sua saúde.

O próximo questionamento leva os idosos a responderem sobre qual o motivo que os leva a

participarem das atividades físicas desenvolvidas no CRAS.

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Neste gráfico fica bem claro que 72% dos idosos são motivados a participar da atividade física

devido, o cuidado com a saúde e 28% participam pela amizade.

A saúde para o idoso vai além da presença ou não de doenças. Está envolvida também ao convívio

com outros indivíduos. A idéia de aposentadoria na maioria das vezes remete à idéia de isolamento,

entretanto, quando perguntamos sobre saúde, pudemos notar que os idosos pensam e querem outra

possibilidade de vida, com prática de atividade física e socialização em grupo, uma forma de retardar os

efeitos da velhice e torna-se mais ativos e saudáveis.

No ponto abaixo fica o questionamento, dentre as atividades que eles participam qual sentem

melhor bem estar físico e mental.

Precisamos destacar que 68% dos idosos gostam de praticar as três atividades (dança,

alongamentos, ginástica aeróbica e localizada). Já 12% gostam apenas da dança e alongamentos; e 08%

gostam da ginástica aeróbica e localizada.

É essencial que as atividades físicas proporcionadas aos idosos sejam diversificadas, pois assim

possibilita trabalhar todas as capacidades do corpo e da mente.

Por último, fizemos um questionamento de como eles se sentem em participar desse tipo de Política

Pública voltada a sua saúde. Como podemos ver em alguns dos relatos abaixo:

“Gosto muito de participar desse tipo de Política Pública que trás benefícios e cuidado para minha

saúde e faço novas amizades” (Idoso, 80 anos).

“Sinto-me muito bem em participar das atividades físicas e gostaria que nunca parasse de ter as

atividades” (Idosa, 62 anos).

“Fico muito feliz e gostaria que tivesse mais vezes na semana” (Idosa, 76 anos).

“Sinto-me muito bem em participar do grupo, gosto de fazer as atividades físicas” (Idosa, 74 anos).

“Sinto um bem estar físico e mental ao estar aqui” (Idosa, 69 anos).

“Cuido da minha saúde, adquiro conhecimento e faço amizades” (Idosa, 62 anos).

“Sinto-me muito feliz em estar com os colegas” (Idoso, 79 anos).

Com esses relatos fica claro como esse tipo de política de cuidado a saúde do idoso e fundamental

para a melhoria da vida social, mental e física do idoso.

Devemos sempre estar cientes de que envelhecer com tranquilidade é a somatória de tudo quanto

que beneficia o organismo, como por exemplo, exercícios físicos, alimentação saudável, espaço para lazer,

bom relacionamento familiar, enfim, é preciso investir numa melhor qualidade de vida (TAKAHASKI, 2004).

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CONCLUSÃO

Os dados levantados na pesquisa bibliográfica e de campo nos possibilitaram ampliar o

conhecimento a respeito dos benefícios que atividade física proporciona a saúde do idoso do CRAS de

Monte Alegre, além, de perceber a importância da Criação da Política Nacional do Idoso como forma de

garantia de direitos a pessoa idosa.

Desta forma o presente estudo permite concluir que a atividade física é necessária para a promoção

da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. A mesma aprimora os elementos

motores e psicossociais como a diminuição de dores, elevação da auto-estima e convívio social. Tais

fatores são destacados nos relatos dos idosos participantes da pesquisa, sendo assim um fator primordial

na melhoria da qualidade de vida dos mesmos.

Este estudo conclui também que através da atividade física o idoso pode manter-se fisicamente e

intelectualmente ativo, e isso é preponderante para afastar as doenças mais comuns dessa faixa etária,

como depressão, perda óssea, perda da flexibilidade, capacidades musculares, entre outros. Todos esses

destaques são comprovados nos dados do segundo questionamento feito aos idosos sobre como avaliam

sua saúde após participarem das atividades físicas no CRAS.

É bom deixarmos claro que por mais que a atividade física ocorra apenas semanalmente no CRAS,

não nos restou dúvidas que faz a diferença na melhoria da qualidade de vida dos idosos, participantes desta

política de cuidado a saúde dos mesmos.

O Brasil é um dos países em desenvolvimento, onde, embora haja um crescimento da preocupação

com o envelhecimento populacional, principalmente por parte do Estado, na prática ainda se observa o

idoso excluído dos planos de ação governamentais. Mediante essas considerações faz-se importante refletir

sobre a assistência à saúde do idoso no Brasil.

Fica claro que novas políticas precisam ser criadas e adequadas, principalmente na área de

prevenção a saúde do idoso. Não temos duvidas que a atividade física é uma das formas mais eficientes de

promover uma melhor qualidade de vida física e mental a população idosa, prevenindo doenças e

fortalecendo as capacidades funcionais desta população que envelhece.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, Mônica de; ARAÚJO, Terezinha Duarte. Atividade Física e Postura Corporal In: SALDANHA, Assuero Luiz; CALDAS, Célia Pereira. Saúde do Idoso: A arte de cuidar. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GORDILHO, A. et al.. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na atenção ao idoso. Rio de janeiro: UERJ, 2000. p.7- 8.

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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho cientifico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. MEIRELES, E. A. Morgana, Atividade Física na 3ª Idade. Editora Sprint, Rio de Janeiro, 1999. MIYATA, D.F.; VAGETTI, G.C.; FANHANI, H.R.; PEREIRA, J.G.; ANDRADE, O.G. Políticas e programas na atenção à saúde do idoso: um panorama nacional. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, 9(2), mai./ago.p.135-140, 2005. MIRANDA, M. L. DE J.; GEREZ, A. G.; VELARDI, M. A prática pedagógica em educação física para idosos no projeto sênior para a vida ativa da USJT: uma experiência rumo a autonomia . In. Safons, M. P e Pereira, M. de M. (Orgs.). Educação física para idosos:por uma prática fundamentada. Brasília, Faculdade de Educação Física, Universidade de Brasília, 2004. MINAYO, M. C. S.Quantitativo-qualitativo: Oposição ou complementaridade? Cadernos Saúde pública. 1993; 9 (3). 239 a 262. RAMOS, Paulo Roberto Barbosa. Os Direitos Fundamentais das Pessoas Idosas. 3 ed.São Luís: Promotoria do Idoso e Deficiente, 2003. RAMOS L. R., 2002. Epidemiologia do envelhecimento in: Tratado de Geriatria e Gerontologia, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Cap. 7, p. 72 - 78. RAUCHBACH, Rosemery. Uma Visão Fenomenológica do Significado da Praticada Atividade Física para um Grupo de Idosos da Comunidade. In: Revista de Educação Física. São Paulo V.8 N.2, 2001. RAHAL, Miguel Antônio et al.. Atividade Física para o Idoso e Objetivos. In: PAPALÉO NETTO, Matheus; Tratado de Gerontologia. 2. ed. Ver. eampl. São Paulo: Atheneu, 2007. TAKAHASHI, Sandra Regina da; TUMELERO, Sérgio. Benefícios da atividade física na melhor idade Efdeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, nº 74, Jul. 2004. http://www.efdeportes.com/efd74/idade.htm.

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TREINO PROPRIOCEPTIVO NA PREVENÇÃO DE REBAIXAMENTO DO ARCO PLANTAR DOS PÉS DE PACIENTES HANSENIANOS COM DANO NEURAL Rodrigo Luis Ferreira da Silva1,2, Marília Brasil Xavier1,2

1Universidade do Estado do Pará; 1Nucleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected] RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a efetividade de um protocolo baseado em exercícios proprioceptivos na prevenção do rebaixamento do arco plantar de pacientes acometidos pela hanseníase. Vinte e quatro pacientes distribuídos em 2 grupos de mesmo tamanho foram submetidos a 30 sessões de atendimento fisioterapêutico. O grupo controle (GC) realizou atividades recomendadas pelo Ministério da Saúde, enquanto o Grupo de Estimulação Sensorial Profunda (GESP) realizou exercícios proprioceptivos para a região dos pés. Os grupos passaram por três avaliações (inicial e após cada 15 sessões de tratamento) aonde se registrava o índice do arco plantar avaliado por fotopodoscopia. Os resultados demonstraram que os indivíduos que participaram do GESP apresentaram perceptível tendência para elevação do arco plantar, desde as primeiras 15 sessões, superando os resultados do GC em todos os momentos da pesquisa, embora esta superioridade não tenha alcançado significância estatística. Concluiu-se que o protocolo de reabilitação baseado em exercícios proprioceptivos pode ser considerado efetivo para prevenir o rebaixamento do arco plantar de paciente com alterações biomecânicas dos pés, decorrente da hanseníase, podendo portanto ser incrementado com sucesso ao protocolo reabilitacional já existente. Palavras-Chaves: Hanseníase. Dano neural. Pé. INTRODUÇÃO

Uma vez que os principais troncos nervosos atingidos pelo bacilo de hansen são os que dirigem-

se para as extremidades do corpo, os pés dos pacientes hansenianos são abordados como área

comumente acometida por sequelas hansênicas, justificadas sobretudo pela frequente combinação entre as

alterações sensitivas e biomecânicas ocorridas nos pés.

No entanto, em virtude das grandes demandas que são impostas sobre os pés, suas atribuições

não dependem apenas da integridade das funções motora e sensitiva superficial. Toda a diversidade

funcional dos pés depende tanto da interação entre estas duas funções, quanto de uma importante

participação dos componentes autonômicos e de sensibilidade profunda (SANTOS et al., 2008).

O comprometimento das vias nervosas que conduzem a informação sensorial proprioceptiva

levarão, portanto, ao comprometimento das respostas musculares de adaptação da extremidade inferior à

superfície de deslocamento, modificando, a dinâmica da marcha e consequentemente a localização dos

pontos de pressão sob a superfície plantar a cada toque do pé ao solo (PERRY; MCILROY; MAKI, 2000;

SANTOS et al., 2008).

A associação entre a diminuição da sensibilidade plantar superficial e o prejuízo das respostas

musculares, em decorrência da perda das informações sensoriais proprioceptivas, figura portanto como o

principal mecanismo de deterioração progressiva das funções do pé do paciente acometido pela

hanseníase. Assim sendo, uma diversidade de acometimentos sobre os pés hansenianos dependem da

combinação de disfunções sobre estes componentes (BRASIL, 2008a; GARBINO; OPROMOLLA, 2003).

Entre as principais disfunções que se podem esperar desta combinação de complicações,

despontam o desarranjo biomecânico, e a consequente modificação da estrutura do pé (GUTIERREZ et al.,

2001; D’AMBROGI et al., 2003; DUERKSEN, 2003; GARBINO; OPROMOLLA, 2003; GOMES et al., 2007).

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Entendo um pouco mais estas manifestações, explica-se que a paralisia sobre músculos como o

quadrado plantar e o flexor curto dos artelhos, resulta em rebaixamento progressivo e acentuado do arco

longitudinal medial, com consequente mudança dos pontos de descarga de peso sob o pé (BRASIL, 2008a;

GOMES et al., 2007). Além disso, o quadro progressivo de paralisia e desuso das articulações do pé leva a

redução das amplitudes de movimento de suas articulações, podendo evoluir para quadros de rigidez total

e/ou deformidades sobre o tornozelo e o pé, sendo esta condição bastante incapacitante (DUERKSEN,

2003; GARBINO; OPROMOLLA, 2003).

Partindo deste contexto esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar a efetividade de um

protocolo baseado em estímulos sensoriais profundos (exercícios proprioceptivos), na prevenção do

rebaixamento do arco plantar de pacientes acometidos pela hanseníase.

METODOLOGIA

Para alcançar este objetivo foi desenvolvido um estudo longitudinal, quantitativo do tipo ensaio

clínico aberto, baseado no acompanhamento de indivíduos com sequelas decorrentes da hanseníase, em

30 sessões de aplicação de dois diferentes protocolos de tratamento reabilitacional.

Para cumprir estes protocolos foram selecionados 24 indivíduos, de forma não randômica, já

diagnosticados com hanseníase, todos maiores de 18 anos de idade, de qualquer gênero, de qualquer

classificação operacional (paucibacilares ou multibacilares); sem sequelas sensitivo-motoras, nos pés,

decorrentes de doenças neurológicas, traumato-ortopédicas ou metabólicas, que não apresentavam úlcera

plantar e identificados com grau de incapacidade I ou II para os dois pés.

Todas as fases deste estudo (seleção e aplicação dos protocolos) foram desenvolvidas no

ambulatório de fisioterapia da Unidade de Referência em Especialidades de Santarém (URES-STM) e no

ambulatório de fisioterapia da Secretaria Municipal de Saúde de Rurópolis, durante o período de 03 de julho

de 2012 à 06 de agosto de 2014.

Após autorização para participar deste estudo, por meio de assinatura em um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o voluntário realizava então uma avaliação inicial para registro

da condição de seu arco plantar. A avaliação do arco plantar dos voluntários foi realizada através de exame

fotopodoscópio, para obtenção do chamado índice do arco plantar.

Nesta avaliação o indivíduo era posicionado de pé sobre um podoscópio fabricado nas medidas

padrões (RIBEIRO et al., 2006), com os pés descalços e ligeiramente afastados por uma peça de Etil Vinil

Acetato (EVA) de 10cm de largura por 30cm de comprimento. A imagem da impressão plantar sobre o vidro

do podoscópio era então refletida em um espelho angulado a 450 abaixo deste vidro e capturada por uma

câmera fotográfica digital (SONY® Cyber-Shot) de 8.0 megapixels, posicionada sobre um tripé, em frente ao

podoscópio, a uma distância e altura que permitia o enquadramento da imagem refletida, sem a utilização

de nenhum tipo de aproximação (zoom) da câmera fotográfica (figura 1).

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Figura 1. Posicionamento do paciente para fotopodoscopia. Fonte: Autor (2014).

Para se calcular o índice do arco plantar foi seguido o protocolo de análise descrito por Ribeiro et

al. (2006), sendo necessário para isso o tratamento destas imagens por softwares de edição de imagens.

Com o CorelDrawX7® primeiramente desenhava-se uma linha entre o limite da base da impressão plantar

do segundo artelho e o limite da impressão plantar do calcanhar (Linha L) (Figura 2). Em seguida

selecionava-se a ferramenta de construção de tabelas, construindo-se uma tabela com 6 linhas e 2 colunas,

de tal forma que a linha central entre as duas colunas, coincidia com o próprio eixo longitudinal da “Linha L”

e os seus limites superior e inferior coincidiam com os respectivos limites da “Linha L” (Figura 2).

Figura 2. Definição do eixo longitudinal da área de pressão plantar (“Linha L”) pelo CorelDrawX7® e divisão do eixo longitudinal da área de pressão plantar em 6 sessões de mesmo tamanho, pelo CorelDrawX7®. Fonte: Autor (2014).

A etapa seguinte desta análise realizava-se com o ImageJ®. Com este software desenhava-se

uma linha de uma borda a outra da peça de EVA que ficava entre os pés dos voluntários. A partir desta

medida conhecida (10cm) realizava-se a calibração do software com a ferramenta “Set Scale”, tornando

possível a realização de medias nesta imagem. Uma vez realizada a calibração do software, tomava-se a

medida de largura da impressão plantar a 50% do comprimento da “Linha L” e no maior eixo do calcanhar

(1/6 da “Linha L”) (Figura 3).

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Figura 3. Obtenção das medidas do comprimento istmo e da região do calcâneo pelo software ImageJ®. Fonte: Autor (2014).

De posse destas medidas os índices plantares eram então facilmente calculados dividindo este

dois valores (RIBEIRO et al., 2006). Neste estudo os índices obtidos variaram de 0 a 0.822, sendo que seus

valores são inversamente proporcionais a altura do arco plantar, ou seja, quanto menores os valores do

índice plantar, mais elevados estão os arcos plantares e vice-versa.

Esta avaliação foi realizada em três momentos diferentes: avaliação inicial (antes das intervenções

terapêuticas); avaliação de acompanhamento (após as primeiras 15 sessões terapêuticas); e avaliação final

(após as 30 sessões terapêuticas programadas para cada protocolo). Após a etapa avaliativa inicial, os

pacientes foram alocados em 2 grupos distintos de acordo com os protocolos terapêuticos a que foram

submetidos.

Um dos grupos foi denominado Grupo de Estimulação Sensorial Profunda (GESP) e caracterizou-

se pela aplicação de estímulos proprioceptivos sob os pés, estimulando assim os receptores sensoriais

profundos localizados nas articulações e nos tendões periarticulares. O protocolo de aplicação para o GESP

foi realizado obedecendo à seguinte padronização: 1ª estação: balanceios laterais na prancha

proprioceptiva retangular; 2ª estação: balanceios ântero-posteriores na prancha proprioceptiva retangular; 3ª

estação: apoio unipodal no balancim, seguido de alternância do pé de apoio; 4ª estação: apoio unipodal na

cama elástica, seguido de alternância do pé de apoio.

Cada um destes estímulos era oferecido ao paciente por um intervalo de 02 minutos, seguidos por

intervalos de 1 minuto para descanso. Nas estações em que se utilizavam estímulos de apoio unipodal

(balancim e cama elástica), este tempo (02 minutos) era definido para cada um dos pés. Além disso, para

estas estações de exercício havia uma programação de evolução com o andamento do protocolo, na qual

após as 10 primeiras sessões de tratamento (período de adaptação), os pacientes passavam a

experimentar um desafio maior para manter o equilíbrio sobre o balancim (as correntes de sustentação

eram ajustadas para uma posição que oferecia maior oscilação da plataforma de apoio) e a cama elástica (o

paciente era solicitado a lançar uma bola contra uma parede e segurá-la de volta) (figura 4).

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Figura 4. Protocolo para o GESP. Fonte: Autor (2014).

Os indivíduos deste grupo executavam estes procedimentos utilizando meias com a sola protegida

por uma fina folha de EVA (0,5cm de espessura), com intuito de reduzir os estímulos sensoriais superficiais

sobre a região plantar e assim garantir o predomínio de estímulos sensoriais proprioceptivos.

O outro grupo desta pesquisa consistiu no Grupo Controle (GC), caracterizado pela realização dos

procedimentos de autocuidados recomendados pelo MSB, como hidratação, lubrificação e exercícios de

alongamento e fortalecimentos (figura 5) (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2010b; LEHMAN et al., 2009).

Figura 5. Protocolo de atividades para o GC. Fonte: Autor (2014).

Vale ressaltar que em todos os grupos estudados a aplicação dos procedimentos de autocuidados

recomendados pelo MSB, se fez presente. Além disso, todos os voluntários foram recomendados a

comparecerem ao ambulatório de fisioterapia da URES-STM para realizarem sua sessões terapêuticas 2 ou

3 vezes por semana, de acordo com a sua disponibilidade.

Os resultados foram analisados inicialmente em suas distribuições considerando dois possíveis

resultados: “melhora” (casos de redução dos valores do índice do arco plantar) e “não-melhora” (casos de

aumento ou manutenção dos valores do índice do arco plantar) em cada fase da pesquisa, assim como ao

final das 30 sessões programadas para cada protocolo. Para as principais análises estatísticas deste estudo

foram empregados os testes de Análise de Variância não-paramétricos e envolveram o confronto entre: as

diferentes fases de aplicação dos protocolos de um mesmo grupo e os diferentes grupos pesquisados nas

diferentes fases da pesquisa.

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O presente trabalho foi desenvolvido com total comprometimento em atender as diretrizes e

normas da resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) e o início de sua realização

esteve condicionada a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Medicina Tropical da

Universidade Federal do Pará (parecer No 104.069).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente serão apresentados os dados relativos às variações entre as avaliações consecutivas,

assim como sua estatística descritiva (média e desvio padrão).

Tabela 1. Resultados absolutos e das variações do índice do arco

plantar em cada grupo e fase da pesquisa.

N Ẍ(DP)

GC

1a Aval 24 0.409 ( +0.242) Δ 1a fase 24 0.018 (+1.180)

2a Aval 24 0.426 (+0.266) Δ 2a fase 24 0.013 (+0.076)

3a Aval 24 0.439 (+0.274) Δ Total 24 0.031 (+0.185)

GESP

1a Aval 24 0.549 (+0.214)

Δ 1a fase 24 -0.034 (+0.131)

2a Aval 24 0.515 (+0.177)

Δ 2a fase 24 -0.038 (+0.166) 3a Aval 24 0.478 (+0.250)

Δ Total 24 -0.071 (+0.194)

N: Tamanho da amostra; Ẍ: Média; DP: Desvio Padrão. Fonte: Pesquisa de campo (2012-2014).

A seguir contemplam-se as variações entre as consecutivas avaliações. Por ser uma variável cujo

aumento dos valores é inversamente proporcional à evolução do arco plantar do paciente, seus resultados

são apresentados por “↓” (quando indicam que houve elevação do arco plantar) e “↑/Ø” (quando indicam

que não houve elevação do arco plantar).

Figura 6. Frequências de evoluções e regressões nas diferentes avaliações de índice plantar. Fonte: Pesquisa de campo (2012-2014).

Ao analisar estes resultados pode-se perceber que o GESP apresentou-se sempre entre os

melhores resultados, quanto a elevação do arco plantar, nas diferentes fases do experimento. Observa-se

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também o comportamento oposto quanto ao GC, que demonstrou forte tendência para o rebaixamento dos

arcos plantares dos pacientes que realizaram apenas os exercícios convencionais para os pés.

Vale ressaltar que o GC apesar de ter apresentado um maior número de pés com tendência ao

“rebaixamento” do arco plantar nas duas fases desta investigação, ao final do período de observação não

apresentou indivíduos que atingissem índices plantares classificáveis como “pé plano” de acordo com os

parâmetros descritos por Ribeiro et al.. (2006), e posteriormente validados por Wong, Weil e Boer (2012).

Neste contexto deve-se considerar o que a literatura já descreve quanto à influência do fator

muscular sobre o desenvolvimento do arco plantar. Staheli, Chew e Corbett (1987), Camarena e Villegas

(2010) e Minghelli et al. (2011), por exemplo, relatam que entre os muitos fatores para o desenvolvimento

do arco plantar longitudinal medial, o amadurecimento de músculos como tibial posterior, fibular longo,

flexor longo dos artelhos, flexor longo e o adutor do hálux, são importantes para estimular forças

ascendentes de tensão sobre os ossos e ligamentos do pé.

Contudo, apesar da importância muscular para o desenvolvimento do arco longitidinal medial

estes mesmo autores, além de outros (CAMARENA; VILLEGAS, 2010; CHEN et al., 2014; MINGHELLI et

al., 2011; STAHELI; CHEW; CORBETT, 1987), são unânimes em afirmar que com o passar dos anos e o

progressivo amadurecimento do sistema osteo-musculo-ligamentar, a conformação do arco longitudinal

medial passa a depender muito mais de seus elementos estabilizadores estáticos, representados

principalmente pelos seus fortes ligamentos e pela aponeurose plantar.

Assim os achados da presente pesquisa, que sugerem uma relação entre a melhora da função de

músculos atuantes sobre a manutenção do arco plantar longitudinal medial (fibular longo e flexor dos

artelhos), e a tendência de elevação deste arco não podem ser considerados conclusivos, haja vista que

seus resultados não apresentaram significância estatística suficiente para fundamentar que esta influência

seja mais relevante do que a oferecida pelo sistema de estabilização estática do pé.

Entretanto, ainda que estes resultados não sejam conclusivos, os efeitos dos exercícios realizados

no GESP, sobre o arco plantar, também não podem ser precipitadamente refutados, pois um expressivo

número de publicações já demonstraram a ocorrência de mudanças na distribuição da pressão plantar e na

altura do arco plantar longitudinal medial, durante e/ou imediatamente após a realização de atividades como

corridas e caminhadas longas, especialmente quando descalços (HAGEAMAN, 2010; NAGEL et al., 2008;

STOLWIJK et al., 2010; WEIST; EILS; ROSENBAUM, 2004; WU et al., 2007).

Acalorando este debate Chen et al. (2014), ao estudarem o comportamento biomecânico de pés

de cadáveres frescos, tentam colocar um ponto final sobre esta discussão ao demonstrarem que não há

rebaixamento do arco plantar medial, mediante a imposição de carga axial estática semelhante a do peso

corporal, em pés que tiveram a musculatura dorsal dissecada, atribuindo este resultado a forte estabilização

oferecida pela estrutura osteo-ligamentar preservada e a fáscia plantar inelástica.

Contudo o contexto laboratorial, o uso de peças cadavéricas e o forte controle de variáveis,

observado no estudo de Chen et al. (2014), acabam distanciando-o do desenho metodológico da presente

pesquisa, que possui mais semelhanças com os estudos de Hageaman (2010), Stolwijk et al. (2010), Nagel

et al. (2008), Munho, Cyrillo e Torriani (2007), Wu et al. (2007), Weist, Eils e Rosenbaum (2004), devido a

tentativa de avaliação da influência de atividades dinâmicas sobre o arco plantar de indivíduos vivos.

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Assim sendo, apesar de não haverem fundamentos que comprovem a permanência das

alterações do arco longitudinal medial, em longo prazo, nos estudos de Hageaman (2010), Stolwijk et al.

(2010), Nagel et al. (2008), Wu et al. (2007), Munho, Cyrillo e Torriani (2007) e Weist; Eils e Rosenbaum

(2004), estes achados, juntamente com os da presente investigação, reabrem este debate haja vista que os

resultados de Chen et al., (2014) foram observados de forma estática e em amostras não-vivas.

Para se perceber em qual fase da pesquisa cada um dos grupos apresentou seu melhor resultado,

e também para comparar os desempenho entre os grupos quanto a evolução do índice plantar, a tabela 2

apresentam os resultados das análises de variância.

Tabela 2. Comparação dos resultados das avaliações do índice do arco plantar entre os 3 momentos

avaliativos e entre os grupos.

Intragrupos

GC GESP

1a Aval x 2a Aval 1a Aval x 2a Aval

Ẍ: 0.409 Ẍ: 0.426 Ẍ: 0.549 Ẍ: 0.515

2a Aval x Aval Final 2a Aval x Aval Final

Ẍ: 0.426 Ẍ: 0.439 Ẍ: 0.515 Ẍ: 0.478

1a Aval x Aval Final 1a Aval x Aval Final

Ẍ: 0.409 Ẍ: 0.439 Ẍ: 0.549 Ẍ: 0.478

Intergrupos

Δ 1aFase Δ 2aFase Δ Total

(↑)GC x GESP(↓) (↑)GC x GESP(↓) (↑)GC x GESP(↓)

Ẍ: 0.018 Ẍ: -0.034 Ẍ: 0.013 Ẍ: -0.038 Ẍ: 0.031 Ẍ: -0.071 * Comparações que apresentaram variações significantes dos testes estatísticos. Ẍ: Média das variações entre as avaliações (intergrupo) e dos valores das avaliações (intragrupos). (↑): Variações médias positivas entre as diferentes avaliações, para um determinado grupo. (↓): Variações médias negativas entre as diferentes avaliações, para um determinado grupo. Fonte: Pesquisa de campo (2012-2014).

Apesar da evidente tendência a elevação do arco plantar observada para o GESP, tanto as

comparações intragrupo dos valores absolutos, quanto às comparações intergrupos das variações dos

índices plantares, não alcançaram valores significantes para este grupo, nem tampouco para o GC (p>0.05).

No caso específico da análise destes resultados para o GESP, seu desfecho é bastante próximo

ao de Munho, Cyrillo e Torriani (2007) que apresentou resultados não-significativos, porém bastante

sugestivos quanto a efetividade de um protocolo de exercícios para os pés, no que diz respeito a tendência

de elevação do arco plantar. Estes autores desenvolveram um programa de exercícios específicos para a

contração do músculo fibular longo, acompanhado de biofeedback visual por um aparelho eletromiógrafo,

que foi executado por 6 indivíduos sadios, afim de avaliar a contribuição deste músculo sobre a elevação do

arco plantar.

Estes achados são de grande relevância clínica para o acompanhamento do paciente hanseniano,

sugerindo que a avaliação do movimento de eversão do tornozelo pode ser preditivo em relação a

pequenas alterações estruturais do pé com dano neural, podendo revelar, por exemplo, uma tendência

precoce ao desabamento do arco plantar.

Sobre este tema é necessário mencionar também que o protocolo de exercícios estabelecido para

o GESP foi baseado em estímulos proprioceptivos, que além de promoverem o trabalho muscular, estimula

receptores sensoriais profundos localizados nas articulações, assim como as vias aferentes e eferentes

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necessárias para a ação muscular que tem por objetivo corrigir o posicionamento das articulações dos pés,

a fim de ajustar o equilíbrio e o posicionamento corporal durante estímulos que geram desequilíbrio

(MANDELBAUM et al., 2005; NITZ et al., 1997).

Estes exercícios que até o presente não fazem parte do arsenal terapêutico para a recuperação

funcional do pé hansênico, já possuem vasta aplicação em outros protocolos reabilitacionais. Mota et al.

(2010), por exemplo, observaram um número menor de entorses de tornozelos em atletas jovens, quando

estes tinham incluídos em seu treinamento, exercícios proprioceptivos, demonstrando o valor preventivo

destes. Mais recentemente Kim et al. (2014) exploraram os efeitos da combinação entre alongamentos

musculares e exercícios proprioceptivos sobre tornozelos com instabilidade crônica, constatando que a

combinação destas técnicas foi mais efetiva para o aumento do torque dos músculos dorsoflexores, flexores

plantares, inversores e eversores, após 12 sessões, do que a aplicação isolada de exercícios de

alongamentos.

CONCLUSÕES

Após a realização da proposta metodológica traçada para alcançar o objetivo inicialmente

proposto, constatou-se que o protocolo incrementado com exercícios proprioceptivos demonstrou ser o mais

efetivo sobre a elevação do arco plantar do que o protocolo terapêutico baseado na realização de

procedimentos de autocuidados e exercícios de alongamento e fortalecimentos recomendados pelo MSB,

que por sua vez demonstrou ter pouca influência sobre a elevação do arco plantar.

Estes achados permitem concluir que o protocolo de reabilitação baseado em exercícios

proprioceptivos pode ser considerado efetivo para prevenir o rebaixamento do arco plantar de paciente com

alterações biomecânicas dos pés, decorrente da hanseníase, podendo portanto ser incrementado com

sucesso ao protocolo reabilitacional já existente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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A ATIVIDADE FISICA ADAPTADA NA QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE LESÃO MEDULAR Richelma de Fatima de M. Barbosa1; Glauber Marinho1; Neônne Angelo Seixas de Souza1; Benedito Alves Guimarães Neto1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA. Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução: A lesão medular é decorrente de uma agressão da medula espinhal e suas vias aferentes e

eferentes, podendo resultar em perda de movimento voluntário, sensibilidade tátil, térmica e dolorosa e

alterações genitourinárias. No Brasil a incidência de TRM é de 40 casos novos/ano/milhão de habitantes, ou

seja, cerca de 6 a 8 mil casos novos por ano, sendo que destes 80% das vítimas são homens e 60% se

encontram entre os 10 e 30 anos de idade. Acomete em sua maioria homens adultos jovens em decorrência

de acidentes automobilísticos e por arma de fogo, assim sendo, gera incapacidade física e funcional nas

atividades de vida diária e laboral impactando diretamente na qualidade de vida dos mesmos. Objetivos:

Verificar a influência de um programa de atividade física adaptada na qualidade de vida de portadores de

lesão medular. Metodologia: O presente estudo tem caráter, descritivo, quantitativo, experimental do tipo

estudo de caso, realizado nas dependências da Uepa-Campus XII no período de Outubro a Novembro de

2014. A amostra foi composta por 4 indivíduos portadores de lesão medular advindos do PROAMRED

(Programa de Assistência multiprofissional e Reabilitação ao deficiente físico) , selecionados a partir dos

seguintes critérios de inclusão: diagnóstico clinico fechado de lesão medular; pacientes paraplégicos ou

paraparéticos, ambos os sexos, idade entre 18 a 50 anos, sem complicações graves associadas a lesão

medular, sem fratura associada. Foram submetidos a um protocolo de 20 sessões de facilitação

neuromuscular proprioceptiva associada a musculação adaptada, de acordo com as demandas físicas de

cada paciente, com frequência semanal de 3 vezes com duração de 1 hora, e foram avaliados antes e após

o protocolo proposto pelo questionário de qualidade de vida SF-36 Resultados: Em relação as

características da amostra estudada de 4 pacientes portadores de lesão medular, a amostra foi masculina

em sua totalidade, com faixa etária prevalente de 26 a 33 anos em 75% dos casos, com nível de

escolaridade de Ensino médio, com tempo de lesão de 1 a 5 anos, sendo que a etiologia da lesão medular

foi por acidente de trânsito em 50% dos casos, dentre os quais o nível de lesão medular mais prevalente foi

das vértebras T1 a T6 em 75% da amostra (Tabela 01). Os resultados relacionados a avaliação da

qualidade de vida pré e pós treinamento pelos escores do SF-36, observou-se que houve melhora nos

níveis de qualidade de vida da maostra estudada nos domínios Capacidade funcional (p-valor=0,018), Dor

(p-valor=0,05), Aspectos sociais (p-valor=0,03), e Saúde mental (p-valor 0,01) através do teste t student

considerando-se um p<0,05.

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Tabela 02. Domínios do SF-36

DOMINIOS DO SF36 MEDIA ADMISSÃO MÉDIA ALTA p-Valor Teste t

Capacidade funcional 8,75 20 0,018 Limitação por aspectos físicos 37,5 50 0,49 Dor 51 67,7 0,05 Estado geral de Saúde 84,75 93,25 0,29 Vitalidade 77,5 81,25 0,21 Aspectos sociais 65,62 96,87 0,03 Limitação por aspectos emocionais 58,33 100 0,07 Saúde Mental 82 92 0,01

Conclusão: O presente estudo nos trouxe como conhecimento a importância da implementação da

atividade física ao portador de lesão medular, pois traz em seu bojo repercussão positiva na melhora da

qualidade de vida dos mesmos, uma vez que a presente amostra se perfaz de uma população masculina,

jovem, em idade produtiva laboral, sexual e familiar, que em decorrência das incapacidades físicas e

funcionais em decorrência da lesão medular, gera diminuição da qualidade de vida.

Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 68 p. il. CAMPOS, M. F. et al.. Epidemiologia do traumatismo da coluna vertebral. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Rio de Janeiro, v. 35, n. 2, p. 88-93, 2008. HALL C, BRODY LT. Abordagem funcional ao exercício terapêutico para deficiências fisiológicas. Deficiência no desempenho muscular. In: Hall C, Brody LT. Exercício terapêutico: na busca da função. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007, p.57-87. LABRONICI, R. H. D. D. et al.. Esporte como fator de integração do deficiente físico na sociedade. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 58, n. 4, p. 1092-1099, dez. 2000. YOSHIDA, D. et al.. The relationship between physical fitness and ambulatory activity in very elderly women with normal functioning and functional limitations. Journal of Physiological Anthropology, London, v. 29, no. 6, p. 211-218, 2010. Palavras-chaves: Lesão medular. Atividade física. Qualidade de vida.

Tabela 01. Características da amostra.

Características N % Características N %

Faixa etária Etiologia da lesão

26-33 3 75 Arma de fogo 1 25 42-50 1 25 Acidente de trânsito 2 50 Mergulho águas rasas 1 25

Gênero

Masculino 4 100 Tempo de lesão

1 a 5 anos 4 100

Escolaridade

Ensino Médio 4 100 Nível de lesão

T1- T6 3 75 T7- T12 1 25

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ANÁLISE DO EFEITO HIPOTENSIVO E DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR EM EXERCÍCIO CONTÍNUO E INTERVALADO NO ELÍPTICO Luana Caroline Leitão Serique1,2,3; Mardson Danilo Sousa de Lima1,2,3; Airton Matheus Escossio Farias1,2; Aline da Silva Andrade1,2; Gabriela de Castro Oliveira dos Santos1,2; Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva1,2. 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade do Estado do Pará - UEPA, Campus XII – Santarém, Pará; 2Grupo de Estudo em Respostas Morfofisiológicas e Metabólicas – GERMET; 3Bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/UEPA. Brasil. E-mail: [email protected].

Introdução: Praticar atividade física regularmente é fundamental para manter e promover a saúde e boa

qualidade de vida, visto que colabora para o aperfeiçoamento das capacidades cardiorrespiratórias,

melhora de aspectos psicológicos, bem como o controle da pressão arterial (PA) (CRUZ et al., 2011). Dessa

forma, exercitar-se de modo regular ocasiona várias adaptações no organismo, em especial no sistema

cardiovascular. Uma dessas alterações se evidencia pela redução da PA após o esforço prolongado,

fenômeno conhecido como efeito hipotensivo (MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004; NEGRÃO; RONDON,

2001). Essa redução pressórica pode surgir tanto de forma aguda, que ocorre no período pós-exercício,

podendo permanecer por alguns dias, como crônica, que é obtida através da continuação constante de

exercícios prolongados, sobretudo aeróbios. Portanto, tal redução se apresenta como um item eficaz na

diminuição dos fatores de risco de doenças cardiovasculares em indivíduos normotensos (POLITO et al.,

2003). Objetivo: Analisar o efeito hipotensivo e a resposta cardiovascular de homens, após a execução de

sessões de exercício contínuo e intervalado no elíptico. Metodologia: A amostra foi composta por 9

indivíduos do gênero masculino, normotensos, fisicamente ativos, com idade entre 18 e 25 anos.

Primeiramente os participantes foram orientados a realizar um teste para identificação da frequência

cardíaca (FC) de pico, ou seja, o valor máximo que a FC pode alcançar em um exercício máximo. O teste

implicou na realização de 5 minutos de aquecimento, seguido de incremento gradativo das cargas a cada 2

minutos, até que o participante não conseguisse manter a velocidade de 100 rpm ou desistisse

voluntariamente por exaustão. Quando uma dessas situações ocorreu foi observado no monitor cardíaco o

valor da FCpico. Após uma semana, foram instruídos a realizar o protocolo de exercício contínuo no elíptico.

A sessão foi precedida de 5 minutos de aquecimento com posterior ajuste da carga de forma que a FC do

voluntário representasse 70% da FCpico. Ocorreram medições da PA e da FC em intervalos de 10 minutos

durante os 30 minutos da sessão. Posteriormente, os voluntários permaneceram em repouso no local por

um tempo de 40 minutos para verificação da PA e da FC a cada 10 minutos. Passada uma semana do

exercício contínuo houve a realização do protocolo de exercício intervalado. Neste, o participante fez

aquecimento por 5 minutos, sucedido da introdução de uma carga que o permitisse alcançar 90% da

FCpico. Logo em seguida a carga foi retirada para que a FC chegasse a 120 bpm. Depois a carga foi

introduzida novamente para alcançar 90% da FCpico. Isso ocorreu por um período de 30 minutos e as

aferições de PA e FC foram feitas sempre que o voluntário chegou a 90% da FCpico e 120 bpm. Como na

atividade contínua foram verificados os valores da PA e FC em repouso por um período de 40 minutos em

intervalos de 10 minutos. Os dados foram tabulados, analisados quanto à estatística descritiva e inferencial,

após análise da normalidade dos mesmos. Para a comparação intra e intergrupos utilizou-se o teste t

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pareado e não pareado para as comparações. O programa Graphpad Prism foi utilizado para a realização

dos testes e o nível de significância adotado foi de p<0.05. Resultados: Notou-se que não foram

encontradas diferenças significativas entre os valores pré e pós-exercício para as atividades contínua e

intervalada nas variáveis analisadas. Na Tabela 1 pode-se observar que, nas duas modalidades de

exercícios, as médias da FC, PAS (pressão arterial sistólica), PAD (pressão arterial diastólica) e DP (duplo

produto) retornaram aos valores basais após 10 minutos de recuperação e não sofreram grandes alterações

até o 40º minuto pós-exercício.

Tabela 1. Demonstrativo dos valores da frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e duplo produto em repouso e nas situações pós-exercício.

FREQUÊNCIA CARDÍACA

Rep 10C 20C 30C 40C 10I 20I 30I 40I

Med 84.50 93.44 86.33 81.78 84.33 91.78 91.44 90.67 86.33 dp 12.63 9.75 10.28 12.02 9.92 10.22 9.68 10.19 9.76

PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA

Med 115.56 113.33 112.22 110.00 111.11 114.44 115.56 115.56 110.00 dp 11.99 10.00 6.67 11.18 6.01 8.82 11.30 15.90 10.00

PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA

Med 80.00 77.78 72.22 73.33 75.56 82.22 78.89 76.67 75.56 dp 11.88 13.02 8.33 10.00 15.09 13.02 9.28 10.00 8.82

DUPLO PRODUTO

Med 9736.67 10574.44 9665.56 8961.11 9335.56 10507.78 10568.89 10453.33 9473.33 dp 1559.56 1322.30 1081.46 1405.16 1212.35 1450.01 1529.80 1736.63 1203.44

Legenda: Rep – repouso; 10, 20, 30, 40 – minutos pós-exercício; C – exercício contínuo; I – exercício intervalado; Med – média; dp – desvio padrão.

Conclusão: Conforme metodologia adotada, conclui-se que a realização de sessões de exercícios no

elíptico de modo contínuo ou intervalado durante 30 minutos não foram capazes de ocasionar hipotensão

pós-exercício em homens normotensos e fisicamente ativos, bem como, os dois modelos de exercícios

proporcionaram o mesmo desgaste cardiovascular, devido a resposta do DP ser semelhante entre os dois.

Referências Bibliográficas:

CRUZ, A.P.; ARAÚJO, S.S.; SANTOS, J.R.; LEÃO, A.S. O efeito hipotensor do exercício aeróbio: uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 15, n. 4, p. 479-486, 2011. MONTEIRO M.F.; SOBRAL FILHO, D.C. Exercício Físico e o controle da Pressão Arterial. Revista Brasileira Medicina Esporte, v. 10, n. 6, p. 513-515, 2004. NEGRÃO, C.E.; RONDON, M.U.P.B. Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial. Rev. Bras. Hipertens., v. 8, n. 1, p. 89-95, 2001. POLITO, M.D; SIMÃO, R.; SENNA, G.W; FARINATTI, P.T.V. Efeito hipotensivo do exercício de força realizado em intensidades diferentes e mesmo volume de trabalho. Revista Brasileira Medicina Esporte. v. 9, n. 2, p. 69-73, 2003. Palavras-chave: Efeito hipotensivo. Resposta cardiovascular. Exercício contínuo. Exercício intervalado. Elíptico.

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ATUAÇÃO DOS EGRESSOS DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – CAMPUS SANTARÉM – NA REGIÃO DO OESTE DO PARÁ. Clara N. M. Pereira¹, Victor M. da Silva¹, Elidiane M. Kono¹ ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA. Brasil. E-mail: [email protected].

Introdução: De acordo com as diretrizes curriculares nacionais (DCN’s) do curso de graduação de

Fisioterapia (CNE/CES 4/2002, Art. 5°/V), este curso tem como objetivo formar profissionais com

habilidades e competências de contribuir para a manutenção da saúde, bem estar e qualidade de vida das

pessoas, famílias e comunidade, considerando suas circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas,

ambientais e biológicas. Nessas mesma diretriz Art. 6°, os conteúdos essenciais para o Curso de

Graduação em Fisioterapia devem estar relacionados o processo saúde-doença do cidadão, da família e da

comunidade, integrado à realidade epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade das ações

do cuidar em fisioterapia. Para que isso aconteça é preciso conhecer e realizar o acompanhamento dos

egressos, pois, a partir disso temos diversos objetivos e um único significado, o de potencializar as

atividades acadêmicas, no sentido da universidade melhor cumprir o seu compromisso com a sociedade

(SILVEIRA, 2006). Objetivos: Verificar a atuação dos egressos de fisioterapia da universidade do estado do

Pará – Campus Santarém – na região do Oeste do Pará. Metodologia: A referente pesquisa se classifica

como um estudo quantitativo, pois os dados coletados foram transformados em números, para que

pudessem ser classificados e analisados. E transversal, pois os sujeitos da pesquisa responderam uma

única vez. A pesquisa teve como população 135 egressos do curso de Fisioterapia, formados pela UEPA –

Campus Santarém, entre os anos de 2008 e 2014. Porém, após quatro meses de coleta dos dados e de

acordo com os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos, os pesquisadores conseguiram obter uma

amostra de 105 participantes. Sendo que, todos eles sem nenhuma exceção responderam a um

questionário sócio – epidemiológico que examinava a residência atual da atuação destes profissionais.

Participaram da pesquisa egressos, de ambos os sexos, que: Concluíram o curso de fisioterapia na UEPA

Campus - Santarém; Formaram entre os anos de 2008 e 2014; Estavam ou não exercendo a profissão de

fisioterapeuta; Residiam ou não no município de Santarém; Aceitaram participar após a assinatura do TCLE.

Foram excluídos da pesquisa os egressos que: Não foram encontrados pelos pesquisadores; Não

entregaram ou não enviaram o questionário e o TCLE dentro do prazo estabelecido. Resultados: Após três

meses de coleta dos dados e de acordo com os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos, os

pesquisadores conseguiram obter uma amostra de 105 participantes (77,7%) de uma população de 135

egressos do curso de Fisioterapia da UEPA – Campus Santarém. Atualmente, destas 105 pessoas que

aceitaram participar da pesquisa, 81 delas (77%) estão exercendo a profissão de fisioterapeuta e apenas 24

(23%) não estão. Quanto a idade desses profissionais, que continuam exercendo a profissão e daqueles

que não estão atuando como fisioterapeutas, há maior prevalência em torno de 26 a 30 anos caracterizando

55% da nossa amostra, seguido por 38% entre os que possuem de 22 a 25 anos e finalizando com 7%

entre aqueles que possuem de 31 a 35 anos, obtendo-se uma média de 26,7 anos. O gênero predominante

entre eles é o feminino com 69,5%, seguido pelo masculino com 30,5%. A partir desse percentual

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encontrado em relação ao gênero, constatamos que em cada 10 egressos, 7 são mulheres e 3 são homens.

Entre esses, 67,62% estão residindo na cidade da formação profissional, Santarém - Pará, seguido por

7,62% dos profissionais residindo na capital Belém - Pará, 13,3% nas demais cidades do interior do Estado

e 11,41% em outras cidades do Brasil. Considerando-se as macrorregiões do Estado do Pará, a grande

maioria está concentrada na região Oeste do Pará, sendo constituída por 77,12% dos entrevistados (Tabela

1).

Tabela 1: Cidades onde os egressos estão residindo atualmente.

Cidade Número de Egressos Porcentagem (%)

Santarém-PA

Belém-PA

Macapá-AP

Itaituba-PA

Altamira-PA

Oriximiná-PA

São José dos Campos-

SP

71

8

3

2

2

2

2

67,62

7,62

2,86

1,9

1,9

1,9

1,9

Óbidos-PA 1 0,95

Bragança-PA 1 0,95

Castanhal-PA 1 0,95

Capanema-PA 1 0,95

Paragominas-PA 1 0,95

Juruti –PA 1 0,95

Alenquer-PA 1 0,95

Trairão-PA 1 0,95

Natal-RN 1 0,95

São Paulo-SP 1 0,95

Nova Bandeirantes-MT 1 0,95

Brasilía-DF 1 0,95

Lagarto-SE 1 0,95

Curitiba-PR 1 0,95

Porto Alegre-SC 1 0,95

TOTAL 105 100%

Conclusão: Esses resultados são levantamentos bastante significantes, tendo em vista que a maioria dos

profissionais formados está seguindo suas carreiras na profissão de fisioterapeuta, cumprindo com um dos

objetivos principais das DCN’s que é a atuação desses egressos no mercado de trabalho. Também revelam

que a Universidade do Estado do Pará está cumprindo com o objetivo maior da graduação nos interiores

dos Estados, que é a formação desses profissionais para o atendimento de sua própria região.

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Referências Bibliográficas: COFFITO. Resoluções e Decretos. Disponível em: http://www.coffito.org.br. Acesso em: 04 fev. 2014. SILVEIRA, R. J. Acompanhamento do Egresso. 2006. 65 f. (Cadernos de avaliação institucional, 5). Universidade Estadual de Londrina, Pró-Reitoria de Planejamento. Londrina, 2006. Palavras-chave: Atuação. Egressos. Fisioterapia.

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ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM SÍNDROME DE STEVENS JOHNSON E NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA COM ÊNFASE NA TERAPIA FARMACÊUTICA E FISIOTERÁPICA: RELATO DE CASO

Anderson da S. Oliveira1; Francisca L. X. da S. Aguiar2; Nathalie F. Silvestre3; Arimar C. de Almeida3 1Universidade do Estado do Pará – UEPA, Campus Santarém - Pará; 2Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA; 3Hospital Regional do Baixo Amazonas - Dr. Waldemar Penna. Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução: A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) constitui em uma reação adversa grave a fármacos

com elevado potencial para morbidade e mortalidade. Caracteriza-se pelo aparecimento de bolhas

dolorosas e comprometimento das membranas mucosas. Inicialmente os sintomas assemelham-se a gripes

com febre alta, evoluindo para erosões na mucosa oral, ocular e genital, bolhas e lesões eritematosas

disseminadas (BULISANI et al., 2006). A sintomatologia passa a ser perceptível, a partir da primeira semana

após a administração do fármaco, variando em torno de 7 a 21 dias para uma primeira exposição. Em casos

de reexposição, este intervalo de tempo é inferior, ocorrendo em média dos dois primeiros dias após

ingestão do medicamento (FRACAROLI et al., 2013). A Necrólise Epidérmica Tóxica (NET), também

conhecida como Síndrome de Lyell, caracteriza-se pela formação de exantema com bolhas na pele e

cavidades mucosas, onde a derme fica exposta devido o deslocamento da epiderme, representando um

grande potencial de letalidade (SILVA et al.., 2006). Pode ser considerada a forma grave da Síndrome de

Stevens Johnson, quando o descolamento da epiderme ultrapassa 30% da superfície. Em mais de 80% dos

casos têm associação com o uso de fármacos (ENSINA et al., 2009). Pessoas de qualquer idade, raça,

sexo, podem ser acometidas por tais patologias, sendo que a principal causa envolvida está no uso de

medicamentos. Na Europa e nos EUA, a SSJ e a NET ocorrem em aproximadamente duas a três pessoas

por milhão/ ano. No que tange a sua prevalência, encontra-se uma deficiência nos dados brasileiros, sendo

que a SSJ varia de 1.2 a 6 por milhões/ano, chegando a ser fatal em 5% dos casos e a NET, a 0.4 a 1.2 por

milhões/ ano, podendo ser irremissível em 30% dos casos (CRIADO et al., 2004). Ao ser constatado a SSJ/

NET, em metade dos casos nenhuma etiologia é encontrada, logo, onde as drogas mais comuns são as

sulfonamidas e penicilinas (26%), e o herpes simples vírus como agente infeccioso mais relacionado

(19,7%). Os adultos possuem uma maior predisposição a tais patologias voltadas ao uso de fármacos e ao

surgimento de neoplasias. Em contrapartida, nas crianças são mais frequentes como desencadeadores, as

infecções. O diagnóstico das patologias supracitadas é clínico, baseado em uma intensa anamnese,

enfatizada na ingestão recente de fármacos ou infecção prévia, e no exame físico do paciente. A apoptose

dos queratinócitos e a necrose de toda a epiderme, observados a partir de uma biópsia cutânea, é utilizada

como confirmação para o diagnóstico clínico das patologias supracitadas (CABRAL et al.., 2004).

Objetivos: Relatar a atuação da equipe multiprofissional a uma paciente com Síndrome de Stevens

Johnson (SSJ) e Necrólise Epidérmica Tóxica (NET), internada no Hospital Regional do Baixo Amazonas

(HRBA) em Santarém, Pará, com ênfase na atuação dos profissionais farmacêuticos e fisioterapeutas.

Metodologia: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Desenvolvida no Hospital Regional do

Baixo Amazonas (HRBA) em Santarém-Pará, sob a autorização da Diretoria Técnica do referido hospital.

Um relato de caso de caráter retrospectivo, realizado a partir da coleta de dados do prontuário, com ênfase

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nas evoluções da equipe de farmácia e fisioterapia, durante o período de internação da paciente, entre 09

de março a 02 de abril de 2014. Relato de caso: Paciente, L. M. S, feminino, 32 anos, natural do Município

de Rurópolis, parda, do Lar, deu entrada no pronto-atendimento do HRBA em 09 de março de 2014,

apresentando processo alérgico com lesões epidérmicas em todo o corpo e nas mucosas, além de dor

generalizada. Na reconciliação farmacêutica (atividade de Farmácia Clínica), paciente informou que estava

fazendo uso dos fármacos fenitoína e dexametasona desde o início de fevereiro. Após o término da

dexametasona, manifestou prurido cutâneo, posteriormente, corpo eritematoso e bolhoso, referindo febre e

náusea, apresentando mucosas inflamadas, sendo que a sintomatologia progredia consideravelmente com

o passar dos dias. No dia seguinte foi transferida para a clínica médica com hipótese diagnóstica de

pielonefrite e Síndrome de Stevens Johnson (SSJ) e no dia 12, devido ao grande risco de infecção, foi posta

em isolamento de contato com hipótese diagnóstica de SSJ e Necrólise Epidérmica Tóxica (NET), tendo

como provável agente causador, o fármaco fenitoína. Devido ao elevado risco de agravo do estado da

paciente, a mesma foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na qual permaneceu por 10

dias, demonstrando involução das bolhas, descamação da pele, mas ainda com eritema cutâneo difuso,

lesões cutâneas expostas e lesão labial com discreto sangramento oral, além de evoluir para um quadro de

pneumonia. Assim, realizado o acompanhamento multiprofissional para com esta paciente, observou-se a

evolução do quadro clínico e por não apresentar queixas e ter obtido melhora nas lesões tegumentares,

após 24 dias de internação recebeu alta hospitalar em, 02 de abril de 2014, recebendo orientações pós-alta

de toda a equipe multiprofissional. Resultados e discussão: Mediante o quadro clínico observado, o

farmacêutico realizou a Avaliação Inicial de Farmacovigilância, consistindo em uma coleta de informações

referentes à possível Reação Adversa a Medicamento (RAM), no intuito de identificar o provável agente

etiológico que viera a causar tal reação, e, por conseguinte, realizar a intervenção devida mediante a

constatação. Uma ficha de farmacovigilância foi preenchida e utilizando-se como parâmetro para determinar

a causalidade desta RAM, o Algoritmo de Naranjo (STORPIRTIS et al., 2008, p. 56), atribuindo a

causalidade “definida” para o medicamento fenitoína. Portanto, foi realizada intervenção farmacêutica

juntamente com o médico que acompanhara a paciente, na pretensão de interromper a continuidade da

ingestão do referido fármaco e assim, acompanhar a evolução clínica desta, onde, após a notificação, o

medicamento foi suspenso ainda enquanto permanecia no setor de pronto-atendimento do HRBA. No

período de internação, as prescrições médicas eram analisadas diariamente (atividade que compete a

Farmácia Clínica), no intuito de identificar possíveis interações medicamentosas, constatar se a posologia e

dosagens estavam conforme, e analisar a antibioticoterapia da paciente, constatando assim que os

medicamentos encontravam-se correspondentes as necessidades da mesma. A pielonefrite tratada com o

fármaco ciprofloxacino e à pneumonia + SSJ + NET com o medicamento piperacilina + tazobactan. Na

avaliação fisioterapêutica observou-se a presença de lesões cutâneas e descamação abundante com

predominância em membros inferiores (MMII) e lábio inferior, com edema e paresia no membro inferior

direito e limitação da amplitude de movimento em MMII. A paciente relatava dificuldade para deambulação e

sedestação, sem queixas respiratórias. A intervenção fisioterapêutica foi realizada no âmbito da motricidade:

com a aplicação de exercícios ativos-livre de membros superiores e inferiores, treino da sedestação e

ortostase assistida; e cinesioterapia respiratória associada à inalação de NaCl 10% afim de assistir ao

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tratamento da pneumonia e prevenir novos comprometimentos respiratórios próprios da internação

prolongada. A paciente respondeu muito bem aos exercícios, demonstrando a cada dia mais disposição e

melhora da força muscular para a realização de transferências no leito. Foram realizadas apenas quatro

sessões de fisioterapia na clínica médica, nos dias finais de sua internação, quando foi designada a

solicitação médica. São escassos os estudos sobre a atuação da fisioterapia na SSJ e NET, no entanto em

um estudo realizado por Taylor et al. (1989), admitiu-se que o tratamento fisioterapêutico deve ter início já

no primeiro dia de internação, com o objetivo de manter a adequada amplitude de movimento articular. O

mesmo estudo dá ênfase à prática frequente de cinesioterapia respiratória para prevenir o surgimento de

atelectasias e possíveis pneumonias. Cabral et al. (2004), corroboram com Taylor et al. (1989) ao elaborar

um protocolo de tratamento para a NET, no qual a fisioterapia motora e respiratória deve ser instituída, sob

vigilância de um especialista em Medicina Física e de Reabilitação. Conclusão: As manifestações clínicas

apresentadas pela paciente estão de acordo com o previsto na literatura. Assim, identifica-se que práticas

assistenciais, não somente no âmbito das áreas de farmácia e fisioterapia, mas em conjunto com a equipe

multiprofissional em saúde, são fundamentais para a evolução clínica e recuperação total do paciente.

Referências Bibliográficas: BULISANIL, A. C. P. SANCHES, G. D. GUIMARÃES, H. P. LOPES, R. D. VENDRAME, L. S. LOPES, A. C. Síndrome de stevens-johnson e necrólise epidérmica tóxica em medicina intensiva. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2006, vol.18, n.3, pp. 292-297. ISSN 0103-507X. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-507X2006000300012 Acesso em: 02 de mai. 2015. CABRAL, L. DIOGO, C. RIOBOM, F. TELES, L. CRUZEIRO, C. Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell): Uma Patologia para as Unidades de Queimados. Acta Médica Portuguesa, v. 17, n. 2, 2004. Disponível em: http://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/1657/1238 Acesso em: 02 de mai. 2015 CRIADO, P. R. CRIADO, R. F. J. VASCONCELLOS, C. RAMOS, R. O. GONÇALVES, A. C. Reações cutâneas graves adversas a drogas - aspectos relevantes ao diagnóstico e ao tratamento - Parte I - anafilaxia e reações anafilactóides, eritrodermias e o espectro clínico da síndrome de Stevens-Johnson & necrólise epidérmica tóxica (Doença de Lyell). An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 79 (4):471-488, jul./ago. 2004. ENSINA, L. P. FERNANDES, F. R. DI GESU, G. MALAMAN, M. F. CHAVARRIA, M. L. BERND, L. A. G Reações de Hipersensibilidade a Medicamentos – Parte III. Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 32, Nº 5, 2009. Disponível em: http://www.sbai.org.br/revistas/Vol325/N_ART%205-09%20-%20GP%20-%20Rea%C3%A7%C3%B5es%20de%20Hipersensibilidade%20a%20Medicamentos%20-20parte%20III.pdf Acesso em: 30 de mar. 2015. EMERICK, M. F. B. RODRIGUES, M. M. T. PEDROSA, D. M. A. S. NOVAES, M. R. C. G. GOTTEMS, L. B. D. Síndrome de Stevens-Johnson e Necrólise Epidérmica Tóxica em um hospital do Distrito Federal. Rev Bras Enferm. 2014 nov-dez;67(6):898-904. FRACAROLI, T. S. MIRANDA, L. Q. SODRÉ, J. L. CHAVES, M. GRIPP, A. Necrólise epidérmica tóxica induzida pelo lansoprazol. An Bras Dermatol. 2013;88(1):116-9. GHISLAIN, P.D. ROUJEAU, J.C. Treatment of severe drug reactions: Stevens Johnson syndrome, toxic epidermal necrolysis and hypersensitivity syndrome. Dermatol Online J, 2002;8:1087-1108. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12165215 Acesso em: 30 de mar. 2015.

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AVALIAÇÃO E ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE DERRAME PLEURAL: RELATO DE CASO Jorge Carlos Menezes Nascimento Junior1, Armélio Vasconcelos de Siqueira Neto2, Wanderson Fernandes Silva2, Bruno Pereira Bandeira2, Guilherme Marques da Rocha2, Edna Ferreira Coelho Galvão3 1Universidade do Estado do Pará, Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]. Fisioterapeuta no Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna; 2Fisioterapeuta do programa de Residência Multiprofissional na Atenção Integral em Ortopedia e Traumatologia da Universidade do Estado do Pará; 3Educadora Física e Professora Adjunta II da Universidade do Estado do Pará.

Introdução: O derrame Pleural (DP) consiste no acumulo de grandes volumes de liquido no espaço pleural,

pode manifestar-se uni ou bilateralmente tornando a mais frequente alteração patológica do tórax. Os

sintomas geralmente são: dor local proveniente da pleura parietal, tosse seca, dispneia e febre. Dentre as

etiologias, a mais comum caracteriza-se pela obstrução de canais de escoamento do liquido pleural. Assim,

o presente estudo tem o objetivo de relatar o caso de um paciente com diagnóstico de DP, internado no

Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida no HRBA, em

Santarém-Pa, sendo caracterizado como relato de caso do tipo retrospectivo; realizado a partir da coleta de

dados do prontuário do paciente, com ênfase na evolução da equipe multiprofissional. Paciente, J. S. P.,

sexo masculino, 75 anos, hipertenso, natural de Santarém, foi internado no dia 21/02/2015 no Hospital

Municipal de Santarém (HMS), relatando febre, dispnéia e dor em hemitorax esquerdo, referindo também

insônia, náuseas, vômitos e sensação de plenitude. Através dos exames de imagens (Rx e TC de Tórax), foi

identificado acentuado derrame pleural e atelectasias no hemitorax esquerdo, com desvio do mediastino

para o lado oposto. No dia 28/03/2015, foi transferido para o HRBA com indicação de procedimento

cirúrgico, biopsia e pleurodese. O mesmo foi submetido a drenagem pleural através de dreno torácico de

sistema selo d’água. Na ausculta pulmonar do paciente foi identificado murmúrio vesicular presente em

hemitorax direito sem ruídos adventícios, e, murmúrio vesicular abolido em hemitorax esquerdo;

expansibilidade pulmonar reduzida e frêmito toraco-vocal aumentado. Foi submetido ao tratamento

fisioterapêutico através de manobras de reexpansão pulmonar, direcionamento de fluxo, manobras de

compressão e descompressão brusca, propriocepção diafragmática e respiron®, enfatizando a

cinesioterapia respiratória associada a fisioterapia motora ativa de membros superiores. Resultados: O

paciente apresentou melhora significativa no controle respiratório, influenciado pelo aumento da

expansibilidade e mobilidade torácica e consequente aumento de liquido pleural drenado, durante e após a

fisioterapia. Discussão: O DP pode ser identificado como patologia primária ou secundária e acomete

crianças, adolescentes e adultos sendo ou não de causa infeciosa. A dispneia é um dos sintomas, é

multifatorial e está relacionada mais com o tempo de aparecimento e velocidade do liquido do que com o

volume. Outros sintomas podem depender da doença de base. A fisioterapia é um importante recurso no

tratamento do DP, seu principal objetivo é melhorar a função pulmonar por meio da reexpansão da zona

afetada através de manobras e padrões respiratórios da cinesioterapia. Conclusão: Pode-se observar que

após a fisioterapia houve melhoras significativas tanto na função pulmonar quanto na qualidade de vida do

paciente promovendo positiva recuperação e reduzindo o tempo de internação hospitalar. Dessa forma,

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concluímos que a fisioterapia é importante aliada e se faz necessário na reabilitação do paciente com

derrame pleural.

Referências Bibliográficas CUNHA, C.S.; SOARES, B.; NASCIMENTO, R.R. Re-expansion Techniques in Pleural effusion: a rewien. Cadernos UniFOA. Ano IV, n. 9. Abril. 2009. OLIVEIRA, B.M.; MEJLA, D.P.M. Intervenção fisioterapêutica no derrame pleural: uma revisão da literatura. Faculdade Sul-americana/FASAM. p. 02-10. 2012. ABREU, L.C. Procedimento fisioterapêutico no derrame pleural. UniFMV – Fisioter: Rev Fisioter Cent Univ. São Paulo, a. 1. N. 2. P. 19 =27. Jul/dez. 20112. DAMASCENO, A.M.G.B. Conduta fisioterapêutica no paciente com dreno fechado de tórax. FisioCursos. P. 1- 2. 2014. SILVA, D.R. Avaliação pulmonar e prevenção de complicações respiratórias. Rev Bras Clin Med. p. 114-123, 2009. HAMM, H. O tratamento de D-parapneumonico e emplema pleural. Pneumonia. 96 - 70. 2007. Palavras-Chave: Derrame Pleural. Atelectasia. Fisioterapia respiratória

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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NO PACIENTE COM DPOC: RELATO DE CASO

Jorge Carlos Menezes Nascimento Junior1, Armélio Vasconcelos de Siqueira Neto2, Wanderson Fernandes Silva2, Bruno Pereira Bandeira2, Guilherme Marques da Rocha2, Edna Ferreira Coelho Galvão3 1Universidade do Estado do Pará, Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]. Fisioterapeuta no Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna; 2Fisioterapeuta do programa de Residência Multiprofissional na Atenção Integral em Ortopedia e Traumatologia da Universidade do Estado do Pará; 3Educadora Física e Professora Adjunta II da Universidade do Estado do Pará.

Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por ser progressiva e

persistente, incluindo uma série de distúrbios respiratórios que geram prejuízos na capacidade funcional e

respiratória. A ocorrência da DPOC pode ser contida com a identificação da população de alto risco e

consequentemente iniciar o tratamento precoce visando reduzir a progressão da doença. Além disso, o

diagnóstico e tratamentos tardios da doença podem limitar e resultar em resultados clínicos piores. Assim,

este estudo tem como objetivo relatar o caso de um paciente com diagnóstico de DPOC evoluindo com

derrame pleural internado no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). Material e métodos: A

pesquisa foi desenvolvida no HRBA em Santarém-Pará, tratando-se de um relato de caso de caráter

retrospectivo, realizado a partir da coleta de dados do prontuário, com ênfase nas evoluções da equipe

multiprofissional, durante o período de internação do paciente a partir de 27 de fevereiro de 2015. O

paciente J.M.A, sexo masculino, 67 anos de idade, fumante, natural de Belterra-Pa, ao sofrer um acidente

automobilístico em janeiro de 2015 foi encaminhado para o serviço hospitalar, evoluindo com dispnéia

intensa e derrame pleural bilateral, sendo submetido à drenagem torácica bilateral e progredindo com a

retirada do dreno de hemotórax esquerdo. Após 2 meses de internação, evoluiu com piora do quadro de

dispnéia, piora radiológica e laboratorial, sendo necessário recolocar o dreno torácico à esquerda, porém

sem melhora do desconforto respiratório. Foi realizada avaliação clínica pelo médico, onde o paciente foi

submetido a toracotomia lateral com decorticação e drenagem pleural de cavidades direita e esquerda, onde

após o procedimento o médico reintroduziu o dreno ao lado direito e deixou os familiares ciente de que o

paciente será dependente do dreno definitivamente. Na ausculta pulmonar identificou-se murmúrio vesicular

presente, reduzido globalmente e com roncos; paciente em macro nebulização. Ao exame físico foi

identificado atrofia muscular com edema em membro superior e membro inferior esquerdo O Paciente

realizou tratamento fisioterapêutico através de recursos da fisioterapia respiratória que envolveu manobras

reexpansivas com direcionamento de fluxo, propriocepção diafragmática, mobilização no leito e respiron®.

Discussão: A DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade previsível a nível mundial,

sendo ainda pouco diagnosticada no Brasil. Dentre os recursos de tratamento, a fisioterapia atua na

reabilitação do paciente com DPOC no objetivo de melhorar suas atividades globais funcionais, perdidas em

decorrências aos sinais e sintomas progressivos da doença, enfatizando a reabilitação pulmonar diminuindo

as crises de dispnéia e aumentando a tolerância aos exercícios. Conclusão: Pode-se notar que após o

tratamento fisioterapêutico o paciente obteve progressões significativas na diminuição dos sintomas

incapacitantes influenciando em sua qualidade de vida, por meio da melhora da mecânica respiratória.

Sendo assim, concluímos que a fisioterapia respiratória contribui no processo de tratamento e tem papel

importante na reabilitação do paciente com DPOC.

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Referências Bibliográficas GARDENGHI, G.; et al. Reabilitação pulmonar na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Ano XV, n. 58, p. 263-269. jul/ago/set. 2009. NETO, J.S.M.; MARQUES, A.E.Z.S.; GOMES, F.C. Caracterização de pacientes com DPOC admitidos em centro de reabilitação pulmonar. MTP&RehabJournal 2014, 12:744-754. HOLME, J.; STOCKLEY, R. Radiologic and clinical features of copd patients with discordant pulmonary physiology – Lessons from α-1 antitrypsin deficiency. Rev Port de Peneum. vol. XIII, n.6. nov/dez. 2007. JARDIM, J.R.; OLIVEIRA, J.A.; NASCIMENTO, O. II Consenso Brasileiro de DPOC. J Bras Pneumol. 2004; 30: S1-S42. Palavras-chave: DPOC. Derrame pleural. Fisioterapia respiratória

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CLUBE DE LEITURA NA CASA DE ACOLHIMENTO REVIVER, SANTAREM–PA Antônio Vitor Campelo Ribeiro1,2; Iani Dias Lauer Leite1,3

1Universidade Federal do Oeste do Pará; 2Instituto de Biodiversidade e Florestas/IBEF – Biotecnologia; 3Programa Saúde, Ambiente e Qualidade de Vida na Amazônia

Introdução: A leitura é uma atividade que pode ser prazerosa, instrutiva e propiciar momentos de interação

social. É possível o estímulo ao hábito de ler desde muito cedo, antes mesmo da alfabetização de crianças.

Dentro dessa perspectiva, o projeto Clube da Leitura na Casa de Acolhimento Reviver objetiva auxiliar na

formação do hábito da leitura, na discussão de temáticas voltadas para a formação de valores humanos e

no treino de habilidades sociais de crianças institucionalizadas. Nesse sentido é importante realizar uma

breve conceitualização do termo Abrigo ou Casa de acolhimento. Silva e Aquino (2014) fazem alusão ao

sentido de abrigo como: Abrigos – ou orfanatos, educandários e casas-lares – são instituições responsáveis

por zelar pela integridade física e emocional de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos

desatendidos ou violados, seja por uma situação de abandono social, seja pelo risco pessoal a que foram

expostos pela negligência de seus responsáveis. Assim, esses locais passam a fazer parte do cenário

desenvolvimental das crianças e adolescentes que lá estão. Na perspectiva de Bronfenbrenner (1996), o

desenvolvimento é produtos dos vários contextos dos quais a criança está e da relação entre esses

contextos. Nesse sentido, é desejável, principalmente para crianças abrigadas, que haja uma forte interação

dessas com ambientes externos ao abrigo. As oficinas do Clube da Leitura estão inseridas dentro dessa

proposta de ofertar interação para além do contexto de abrigamento, além de incentivar a leitura e criar

possibilidades da formação de hábitos saudáveis. Metodologia: Público-alvo: As oficinas foram destinadas

a crianças acolhidas na cidade de Santarém, Pará. O fluxo de crianças foi muito variado e inconstante. No

período no qual o projeto foi realizado cerca de 20 crianças e adolescentes permaneciam abrigados, porém

em média 8 acolhidos participavam das oficinas. Procedimentos metodológicos: A rotina usada durante as

oficinas do clube da leitura busca aprimorar as habilidades dos envolvidos e criar hábitos saudáveis que

possam gerar desenvolvimento de características já existentes, porém pouco exercitadas. A rotina utilizada

segue essa sequência : 1 – Acolhida: geralmente um diálogo sobre o dos acolhidos e posteriormente a

leitura longa de um livro escolhido por eles; 2 – Dialogo: busca-se desenvolver a interação entre os

participantes a partir da história lida; 3 – Dinâmica de fixação: esse tópico tem a função de auxiliar na

memorização dos conceitos trabalhados na leitura, seja através de desenho, música ou tentativa do

acolhido de explicar aos outros; 4 – Construção de conhecimentos gerais , faz-se uso dessa sessão para

apresentar aos participantes temas ainda não abordados na leitura inicial, por exemplo conhecimentos

sobre animais, plantas e seus hábitos usando como materiais outros livros; 5 – Leitura de Finalização:

leitura curta e de entendimento fácil; 6 – Dialogo sobre a última leitura e desejos para a próxima oficina. Os

livros utilizados nesse projeto são descritos na sequência. No período compreendido entre 13 maio e 8 de

novembro foram utilizadas duas coleções: “Valores para a vida” e “Viver e Aprender”, cujo objetivo principal

era mostrar de forma lúdica aos acolhidos situações que refletem valores positivos, gerando assim nos

participantes a curiosidade de conhecer a história, entender a situação e opinar sobre ela. Já no segundo

momento de 14 de novembro de 2014 a 24 de marco de 2015 foram usadas a coleção Larousse

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Descobertas 1 e 2; Mundo de cabeça para baixo; Larousse Animais 1 e 2; A cidade dos Carregadores de

pedra; Quem mexeu no meu queijo e novamente as duas coleções de livros usadas no período anterior.

Nesse sentido, foi realizado o resgate dos livros dessas coleções para uso com os novos acolhidos. Para as

crianças que participaram do primeiro período do projeto, foram usados novos livros, visando dar

continuidade ao processo de leitura e construção do habito, tendo em vista que os livros das coleções

citadas são histórias curtas e de fácil entendimento, já os usados no segundo momento exigem mais

interpretação por parte do leitor e ao mesmo tempo agregam os valores trabalhados anteriormente. Análise

dos dados: Os dados foram analisados mediante estatística descritiva e observações realizadas durante as

oficinas. Resultados: Foram realizadas 21 oficinas no período de 13 de maio de 2014 a 24 de março de

2015. Cada oficina teve a duração média de 60 minutos, com uma média de participação de 8 crianças por

oficina. A frequencia das crianças esteve relacionada a disponibilidade e permanência da criança no abrigo

visto que os mesmos também realizavam atividades escolares e atividades extras na instituição Pastoral do

Menor, tornando assim o número de participantes extremamente variável, indo de 3 a 20 participantes.

Durante as oficinas foi observado certo padrão de comportamento. A principio as crianças apresentavam

timidez, entretanto, a partir da disposição de uma criança para participar sua opinião, outras sentiam-se à

vontade para expor suas idéias e curiosidades sobre o livro escolhido. Além de trabalhar as questões

relativas ao conhecimento que a leitura traz, buscou-se agregar às oficinas o aprendizado da convivência

social, exemplificada pelas regras adotadas para o momento das oficinas, destacando se a regra “cada

criança terá sua vez para falar” e desta forma todos aguardavam de forma ordenada a hora de socializar a

história da forma que entenderam com sua própria linguagem. Observou-se uma variedade nas

preferências quanto às atividades realizadas nas oficinas: alguns participantes mostraram mais interesse

em ouvir enquanto outros mais em falar ou realizar atividades manuais. No decorrer das oficinais foi

perceptível a evolução dos acolhidos no que se diz respeito a interação com a história e socialização do

conhecimento, e até mesmo aprimoramento da linguagem, visto que muitos deles começam a fazer uso de

palavras ou expressões que viram nos livros. Portanto, tanto na tópico de aprimoramento de habilidades

relacionadas a leitura e escrita, quanto no de habilidades sociais perceberam-se mudanças. Conclusão:

À luz da Bioecologia do Desenvolvimento (2011) foi possível observar como no decorrer das oficinas

ministradas se deu o processo de interação entre os abrigados e sua adesão às atividades propostas,

possibilitando compreender, em parte, quais são algumas das necessidades das crianças abrigadas e como

elas se relacionam entre si. Nesse contexto, as oficinas ministradas contribuíram para: a) auxiliar o

desenvolvimento de valores morais saudáveis em contexto de Casa de acolhimento através das coleções

de livros que tinham como foco a discussão desses valores; b) compreender as relações entre os coetâneos

abrigados durante a oficina e após seu termino; c) fornecer subsídios para a criação de oficinas

subsequentes voltadas para esse público de modo mais especifico já tendo conhecimento da resposta dos

indivíduos durante as oficinas; d) aprimorar suas habilidades referentes a leitura , escrita e coordenação

motora; e) gerar a possibilidade de leitores ativos f) criação dinâmicas que visem a interação não agressiva

entre acolhidos e a história e posteriormente com os outros acolhidos.

Referências Bibliográficas:

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BROFENBRENNER, Urie. Bioecologia do Desenvolvimento Humano: tornando os seres humanos mais humanos / Urie Brofrenbrenner; tradução: André de Carvalho-Barreto; revisão técnica: Sílvia H. Koller. – Porto Alegre: Artmed, 2011. SILVA, Enid Rocha Andrade da; AQUINO, Luseni Maria Cordeiro de. Os abrigos para crianças e adolescentes e o direito á convivência familiar e comunitária disponível em < www.ipea.gov.br > acessado em 23. Jan.2014 Palavras Chave: Casa de acolhimento. Leitura e Bioecologia do Desenvolvimento.

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COMPARAÇÃO ENTRE OS TESTES MARCHA TANDEM CONVENCIONAL E MARCHA TANDEM COM CONTROLE CERVICAL EM IDOSOS SAUDÁVEIS Thalita de Andrade Almeida Moura¹, Cíntia Naira Souza de Lima¹, Samia Sayury Tapajós Albertoni¹, André dos Santos Cabral¹ 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade do Estado do Pará - UEPA, Campus XII – Santarém, Pará. Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: A propriocepção é a habilidade que os indivíduos têm de detectar a localização ou

posicionamento dos segmentos corporais bem como o seu movimento. Didaticamente essa capacidade é

dividida em dois tipos, a capacidade de se detectar o posicionamento articular ou sensação de posição e a

cinestesia que se refere à capacidade de se perceber as características dos movimentos corporais tais

como velocidade, aceleração e posições adquiridas durante sua execução (COHEN, 2001). Essa

capacidade é imprescindível para o controle dos movimentos (TOOKUNI, 2005; SANTOS, 2010). O controle

da cabeça e do pescoço são primordiais para orientação visual e, desta forma, para a composição do

equilíbrio corpóreo, porém a condição de diminuição cinestésica na maioria das vezes vem consequente ou

acompanhada da dor cervical, sendo prematuro afirma que o comprometimento do equilíbrio encontrado

muitas das vezes em função das patologias ou condições experimentais seja exclusivamente em função do

déficit cinestésico que também compromete esses indivíduos (ALLISON; FULLER, 2004; LOPES et al.,

2009). Tem-se observado que o envelhecimento, além das cervicalgias e consequentes alterações da

mobilidade cervical, contribuem para a alteração do controle postural cervical (REIS et al., 2010). Objetivo:

Analisar se o controle cervical influencia o equilíbrio dinâmico na realização do teste Marcha Tandem em

idosos saudáveis. Metodologia: Este estudo é do tipo experimental, quantitativo, analítico-descritivo e de

caráter transversal (MARCONI; LAKATOS, 2007). Foram avaliados 26 idosos com média de idade de 70,38

± 5,12 anos, saudáveis, de ambos os gêneros, sem sintomas de distúrbios cervicais, que aceitaram

participar do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os

voluntários participavam de atividades no Centro de Convivência do Idoso (CCI), ou no anexo do Centro de

Referência de Assistência Social (CRAS) Caranazal, ou no CRAS Santana, no município de Santarém –

Pará. Foi aplicado um questionário utilizado por AGUIAR, 2011 contendo o valor da pressão arterial casual

do voluntário, itens referentes à avaliação da dor cervical e a alterações vestibulares. Além deste

questionário, foi aplicado o IPAQ adaptado e validado para idosos disponível no estudo de Benedetti et al.

(2007) para verificar o nível de atividade física da amostra. Foi avaliado o equilíbrio dinâmico dos voluntários

pelos Testes Marcha Tandem (MT) e MT associados ao controle cervical (MTCC). No teste marcha tandem

o voluntário foi instruído a caminhar sobre uma linha reta de 3,6 metros (12 pés) com os olhos abertos,

braços cruzados sobre o peito e o calcâneo tocando os artelhos do outro pé. Verificou-se a quantidade de

passos consecutivos que ele conseguia realizar. Se o participante conseguisse dar 10 passos indicaria

normalidade de equilíbrio, de 9 a 7 passos déficit leve de equilíbrio, de 6 a 4 passos déficit moderado,

abaixo de 4 passos ou incapacidade de executar sem ajuda indicava déficits graves de equilíbrio (WRISLEY

et al., 2004). No MTCC, o teste foi realizado da mesma forma que o original, porém o participante foi

solicitado a manter o olhar fixo no alvo localizado ao lado na mesma linha do final da trajetória. A altura que

o alvo estava posicionado foi regulada de acordo com a altura do participante. O alvo foi posicionado 80 cm

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lateralmente no final do trajeto de ida e de volta. Esses valores foram encontrados pelos pesquisadores

através de cálculos matemáticos trigonométricos com o objetivo de que no início da tarefa o participante

esteja com poucos graus de rotação cervical (RC), não excedendo 10°. No inicio do MTCC o alvo estava em

uma posição mais lateral esquerda de forma que a sutura sagital do participante testado manteve-se

alinhado em uma diagonal à esquerda, onde conforme ele foi chegando próximo ao final da trajetória do

teste foi aumentando o grau de RC à esquerda. O mesmo foi realizado para o retorno, porém com o alvo

situado lateralmente á sua direita no ponto de partida inicial, de forma que ao passo que o participante se

aproxime da cadeira este faça uma RC á direita progressiva. Para a análise dos dados utilizou-se o software

BioStat 5.3, utilizando o teste D’ Agostinho para avaliar a distribuição normal da amostra, o Teste Kappa

para avaliar as diferenças dos dados de contingência. Admitiu-se o intervalo de confiança de 95%, e p valor

<0,05. Resultados: No teste de MT observou-se que apenas 7,69% (n=2) dos idosos não completaram o

teste, realizando menos de 10 passos. No teste de MTCC, 46,15% (n=12) dos idosos não realizaram os 10

passos (p>0,05). Conclusão: Através da análise dos resultados, conclui-se que quando associado ao

controle cervical, os idosos apresentaram maior dificuldade em realizar o teste de equilíbrio dinâmico MT,

mostrando que a cinestesia cervical possui influência no equilíbrio dinâmico de idosos saudáveis.

Referências Bibliográficas:

ALLISON, L.; FULLER, K. Equilíbrio e Desordens Vestibulares. In: UMPRED, D.A. Reabilitação Neurológica. 4 ed. Barueri: Manole; 2004. p. 650-91. AGUIAR, J. L.; CABRAL, A. S. Avaliação da sensação de posicionamento articular cervical em idosos. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para Universidade do Estado do Para – UEPA, 2011. BENEDETTI, T. R. B.; ANTUNES, P. C.; RODRIGUEZ-AÑEZ, C. R.; MAZO, G. Z.; PETROSKI, E. L. Reprodutibilidade e validade do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) em homens idosos. Artigo original. Rev Bras Med Esporte vol. 13, n. 1 – Jan/Fev, 2007. COHEN, H. Neurociência para Fisioterapeutas incluindo correlações clínicas. 2 ed. Barueri: Manole; 2001. LOPES, K. T. et al. Prevalência do medo de cair em uma população de idosos da comunidade e sua correlação com mobilidade, equilíbrio dinâmico, risco e histórico de quedas. Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 13, n. 3, p. 223-9, mai./jun. 2009. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia cientifica. 6ª Ed.- 5 reimpr – São Paulo: Atlas, 2007. REIS, F. J. J. dos. Avaliação dos distúrbios do controle sensório-motor em pessoas com dor cervical mecânica: uma revisão. Fisioter Mov.; Vol.23, n.4, p.617-626, out/dez 2010. SANTOS, R. C. O. Comparação do desempenho muscular e Proprioceptivo em jogadoras de voleibol e não Atletas. Dissertação de mestrado apresentado a Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, São Paulo, 2010. TOOKUNI, K.S.; NETO, R.B.; PEREIRA, C. A. M.; SOUZA, D. R.; GREVE, J. M. A.; AYALA, A. A. Análise comparativa do controle postural de indivíduos com e sem lesão do ligamento cruzado anterior do joelho. Acta Ortop Bras. v.13, n. 3, p.115-9, 2005.

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WRISLEY, D. M.; MARCHETTI, G. F.; KUHARSKY, D. K.; WHITNEY, S. L. Reliability, internal consistency, and validity of data obtained with the functional gait assessment. Phys Ther.;84(10):906-18, 2004. Palavras-chave: Controle cervical. Equilíbrio dinâmico. Marcha tandem

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DELINEAMENTO CLÍNICO DA TUBERCULOSE EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM – PARÁ, NO PERÍODO DE 2004 A 2013 Audelaine Miranda da Cruz1,3, Claudilene Sousa dos Reis1, Eliana Maciel da Silva Cavalcante3, Sâmella Silva de Oliveira1, Adjanny Estela Santos de Souza1,2,3

1Faculdades Integradas do Tapajós – FIT, Santarém-PA; 2Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 3Secretaria de Estado de Saúde Pública – SESPA / Santarém-PA; E-mail: [email protected] Introdução: A tuberculose permanece desde a antiguidade entre as doenças infectocontagiosas que mais

acometem a humanidade, constituindo um grave problema de saúde pública, ressurgiu com o aparecimento

do Vírus da Imunodeficiência Adquirida – HIV, e tem hoje como fator agravante a resistência de muitas

cepas de Mycobacterium tuberculosis aos fármacos utilizados no tratamento (BRASIL, 2007). Na região

Norte do Brasil no ano de 2013, verificou-se que o território possui o maior coeficiente de incidência de

tuberculose do Brasil, com 45,2/100.000 hab., ocupando o primeiro lugar no ranking nacional, e o estado do

Pará é o segundo colocado em coeficiente de incidência da região Norte com 44,8/100.000 hab. e o quinto

entre as 27 unidades da federação (BRASIL, 2014). Objetivo: descrever as características do perfil clínico

da tuberculose nos pacientes atendidos na Unidade de Referência e Especialidades - Santarém, no período

2004 a 2013. Metodologia: estudo descritivo, retrospectivo e de natureza quantitativa, realizado no

município de Santarém, região Oeste do Pará - Brasil, na Unidade de Referência e Especialidades – URE-

Santarém, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA, no programa de tuberculose

que atua como referência secundária e terciária para tuberculose nos vinte municípios da região Oeste do

Pará. As variáveis analisadas do perfil clínico foram: o seguimento do tratamento dos pacientes

determinando o tipo de entrada (caso novo, recidiva, reingresso após abandono, transferência e não sabe);

o tipo de entrada nos casos de tuberculose resistente (esquema especial, monorresistência, polirresistência,

multirresistência e resistência extensiva); encerramento dos casos (alta por cura, por completar o

tratamento, por abandono do tratamento, mudança do diagnóstico, óbito, falência e por transferência); a

forma clínica dos casos (pulmonar e/ou extrapulmonar); o local da doença se extrapulmonar; e os agravos

associados nesses pacientes. Os resultados foram processados por meio de recursos da estatística

descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windows 2010). Posteriormente, alguns

dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat 5.0, para análise de distribuição de probabilidades entre

as variáveis categóricas com utilização do teste Qui-quadrado. Todo o processo de pesquisa obedeceu aos

princípios éticos dispostos na resolução 466/12 que estabelece normas para realização de pesquisa em

seres humanos (BRASIL, 2012) e como a pesquisa foi realizada em banco de dados secundários, para

evitar a identificação de pacientes individuais e possíveis problemas éticos, as pesquisadoras usaram dados

agrupados e previamente codificados na URE-Santarém. Resultados: O total de registros de tuberculose

analisados no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2013 na URE-Santarém foi de 213 casos, dos

quais 4,7% (n=10) foram identificados como tuberculose resistente. Quanto ao perfil clínico, os resultados

mostram que o tipo de entrada que prevaleceu foi o caso novo com 77,1% (n=164), seguido da recidiva com

11,7% (n=25), ocorrendo diferença estatística significativa em relação ao tipo de entrada (p< 0,0001). No

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caso de tuberculose resistente, não houve diferença estatística significativa em relação ao tipo de entrada

(p< 0,1738), e o tipo de entrada que predominou foi a multirresistência com 3,8% (n=8) (tabela 1).

Tabela 1. Tipo de entrada dos pacientes atendidos no Programa de Tuberculose da URE*-Santarém, no período de 2004 a 2013.

Variáveis N % p

Tipo de entrada SINAN1 Caso novo 164 77,1 Recidiva 25 11,7 Reingresso após abandono 02 0,9 Retratamento 01 0,5 Transferência 05 2,3 < 0,0001 Tipo de entrada SITETB2 Esquema especial 06 2,8 Multirresistência 08 3,8 Polirresistência 02 0,9 < 0,1738 *Unidade de Referência e Especialidades-Santarém;p:Teste Qui-quadrado; 1Sistema de Notificação de Agravos de Notificação; 2 Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose.

A tabela 2 apresenta as variáveis clínicas dos casos de tuberculose atendidos na URE-Santarém, em que a

forma clínica predominante foi a pulmonar 76,5% (n=163). Entre as formas clínicas extrapulmonares, a

tuberculose pleural foi a apresentação mais comum 54% (n=27), seguida pela tuberculose ganglionar

periférica 20% (n=10) e miliar 12% (n=6), sendo que houveram 2 (4%) casos concomitantes de tuberculose

ganglionar periférica e miliar. Na associação tuberculose e HIV, houveram 8 casos, sendo que 50% (n=4)

apresentavam a forma pulmonar+extrapulmonar, 37,5% (n=3) a forma pulmonar e 12,5% (n=1) a

extrapulmonar, predominando no sexo masculino com 75% (n=6) dos casos de coinfecção. Em relação às

formas clínicas e sorologia para anti-HIV, houve diferença estatística significativa (p<0,0001).

Tabela 2. Distribuição dos casos segundo forma clínica e sorologia para anti-HIV* dos pacientes atendidos na URE**-Santarém, no período de 2004 a 2013.

Variáveis N % p

Forma clínica Pulmonar 163 76,5 Extrapulmonar 27 12,7 Pulmonar+extrapulmonar 23 10,8 < 0,0001 Extrapulmonar Cutânea 02 4,0 Ganglionar periférica 10 20,0 Miliar 06 12,0 Miliar+ganglionar 02 4,0 Óssea 01 2,0 Pleural 27 54,0 Testicular 02 4,0 < 0,0001 HIV* Positivo 08 3,8 Negativo 95 44,6 Não realizado 52 24,4 Não informado 58 27,2 < 0,0001 *Vírus da Imunodeficiência Adquirida; **Unidade de Referência e Especialidades-Santarém; p: Teste Qui-quadrado.

Quanto ao desfecho do tratamento de pacientes com tuberculose, 64,8% (n=138) obtiveram alta por cura,

16% (n=34) por completar o tratamento, 3,3% (n=7) alta por abandono, 6,1% (n=13) foram transferidos para

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outros locais, e 5,6% (n=12) foram a óbito, havendo diferença estatística significativa (p<0,0001). Dos 213

pacientes analisados, 28,6% (n=61) apresentaram comorbidades, totalizando 22 agravos registrados, sendo

os mais frequentes: diabetes mellitus com 31,1% (n=19), diabetes+AIDS com 1,6% (n=1), diabetes+hepatite

C 1,6% (n=1), diabetes+tabagismo 1,6% (n=1), diabetes+problemas cardiovasculares 1,6% (n=1); AIDS

com 9,8% (n=6), alcoolismo com 4,9% (n=3), alcoolismo+tabagismo 4,9% (n=3), alcoolismo+usuário de

drogas 1,6% (n=1), outros agravos correspondeu a 41% (n=25), que são: doença pulmonar obstrutiva

crônica (n=3), gastrite (n=3), hepatite medicamentosa (n=3), câncer de pulmão (n=2), distúrbio mental (n=2),

insuficiência renal (n=2), sinusite crônica (n=2), apendicite (n=1), destruição pulmonar (n=1), sequela

pulmonar (n=1), epilepsia (n=1), gravidez (n=1), pancitopenia (n=1), pneumonia (n=1) e tabagista passivo

(n=1); não informado correspondeu a 3,75% (n=8) do total de pacientes. Conclusão: A partir dos objetivos

estabelecidos para o desenvolvimento deste estudo, verificou-se que na URE-Santarém o total de registros

de tuberculose analisados no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2013, foi de 213 casos, dos quais

4,7% (n=10) foram identificados como tuberculose resistente. Em 76,5% dos casos, encontrou-se a forma

pulmonar; quanto ao encerramento, 64,8% foram curados e 16% tiveram alta por completar o tratamento; a

comorbidade prevalente foi o diabetes (37,7%). Evidenciou-se que a situação clínica da tuberculose é um

grave problema no Oeste do Pará, decorrente dos agravos associados e da tuberculose resistente,

necessitando de uma melhor articulação entre a URE-Santarém e os municípios atendidos, para ações de

combate à doença.

Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Centro de Referência Professor Hélio Fraga. Tuberculose Multirresistente. Guia de Vigilância Epidemiológica – 1ª Edição. Rio de Janeiro, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional da Saúde. Resolução 466/2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. O controle da tuberculose no Brasil: avanços, inovações e desafios. Boletim epidemiológico. Ministério da Saúde. Volume 44. Nº 02, 2014. Disponível em: <http://www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br /sites/default/files/Boletim-Tuberculose-2014.pdf>. Acesso em 01 de out de 2014. Palavras-chave: Tuberculose. Comorbidades. Perfil Clínico

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DELINEAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM – PARÁ, NO PERÍODO DE 2004 A 2013 Audelaine Miranda da Cruz1,3; Claudilene Sousa dos Reis1; Eliana Maciel da Silva Cavalcante3; Sâmella Silva de Oliveira1; Adjanny Estela Santos de Souza1,2,3

1Faculdades Integradas do Tapajós – FIT, Santarém-PA; 2Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 3Secretaria de Estado de Saúde Pública – SESPA / Santarém-PA; E-mail: [email protected] Introdução: O Brasil é um dos 22 países priorizados pela OMS que reúnem 80% da carga mundial de

tuberculose; em 2013 foram notificados 71.123 mil casos novos de tuberculose, correspondendo a um

coeficiente de incidência de 35,4/100.000 habitantes (hab.); esses indicadores colocam o Brasil na 16ª

posição em relação ao número de casos e na 22ª posição em relação ao coeficiente de incidência (BRASIL,

2014). O número de óbitos por tuberculose no Brasil ultrapassa a cifra de 4,5 mil a cada ano, e ocorrem em

sua maioria nas regiões metropolitanas e em unidades hospitalares; em 2008, a tuberculose foi à quarta

causa de morte por doenças infecciosas, e a primeira causa de morte dos pacientes com Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida – AIDS (BRASIL, 2011). Objetivo: descrever as características do perfil

epidemiológico da tuberculose nos pacientes atendidos na Unidade de Referência e Especialidades -

Santarém, no período 2004 a 2013. Metodologia: estudo descritivo, retrospectivo e de natureza

quantitativa, realizado no município de Santarém, região Oeste do Pará - Brasil, na Unidade de Referência e

Especialidades – URE-Santarém, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública - SESPA, no

programa de tuberculose que atua como referência secundária e terciária para tuberculose nos vinte

municípios da região Oeste do Pará. As variáveis analisadas do perfil epidemiológico dos pacientes

referem-se ao gênero, estado civil, faixa etária, cor/raça, nível de escolaridade e profissão, além da

distribuição dos casos de acordo com a zona de residência e o município de origem. Os resultados foram

processados por meio de recursos da estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel

(Microsoft para Windows 2010). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat

5.0, para análise de distribuição de probabilidades entre as variáveis categóricas com utilização do teste

Qui-quadrado. Todo o processo de pesquisa obedeceu aos princípios éticos dispostos na resolução 466/12

que estabelece normas para realização de pesquisa em seres humanos (BRASIL, 2012) e como a pesquisa

foi realizada em banco de dados secundários, para evitar a identificação de pacientes individuais e

possíveis problemas éticos, as pesquisadoras usaram dados agrupados e previamente codificados na URE-

Santarém. Resultados: O total de registros de tuberculose analisados no período de janeiro de 2004 a

dezembro de 2013 na URE-Santarém foi de 213 casos, dos quais 4,7% (n=10) foram identificados como

tuberculose resistente. A maioria dos pacientes atendidos, 92,5% (n=197), entrou pelo SINAN, enquanto

7,5% (n=16) dos pacientes pelo SITETB, o ano com maior número de casos foi 2008 com 17,4% (n=37); e

com o menor número 2012, com apenas 3,3% (n=7). O município de Santarém registrou no período de

2004 a 2013 um total de 1.327 casos de tuberculose (DATASUS, 2014), e o programa de tuberculose da

URE-Santarém notificou 187 casos pelo SINAN nesse município, correspondendo a um percentual de

14,1%. Quanto ao perfil epidemiológico, os resultados mostram que a maioria dos pacientes atendidos

nesse período foi do sexo masculino com 55,4% (n=118), solteiros com 44,1% (n=94), cor/raça parda com

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52,1% (n=111); a idade dos pacientes variou de 10 meses a 80 anos, sendo a faixa etária predominante de

21 a 40 anos com 40,4% (n=86), e nível escolar do ensino fundamental incompleto com 21,6% (n=46)

(tabela 1). Em relação às ocupações dos pacientes, foram identificadas as mais variadas profissões (n=47),

as de maior destaque foram: estudante com 13,1% (n=28); agricultor, aposentado e do lar, cada um com

8,4% (n=18); doméstica com 5,2% (n=11) e pescador com 3,3% (n=7); não informado correspondeu a

16,9% (n=36). O uso do teste Qui-quadrado evidenciou que não houve diferença estatística significativa

entre o gênero dos pacientes atendidos (p=0,1317), em relação às demais variáveis a diferença entre os

grupos foi estatisticamente significativa (p<0,0001).

Tabela 1: Características dos pacientes atendidos no programa de tuberculose da URE*-Santarém - PA, no período de 2004 a 2013.

Variáveis N % p

Gênero

Masculino 118 55,4 Feminino 95 44,6 0,1317

Estado civil

Casado 89 41,8 Solteiro 94 44,1 União estável 03 1,4 Separado 01 0,5 Viúvo 05 2,3 Não se aplica 03 1,4 N.I.** 18 8,5 < 0,0001

Faixa etária

De 0 a 20 33 15,5 De 21 a 40 86 40,4 De 41 a 60 54 25,3 Acima de 61 40 18,8 < 0,0001

Cor/raça

Branca 07 3,3 Indígena 01 0,5 Parda 111 52,1 Preta 02 0,9 N.I.** 92 43,2 < 0,0001

Escolaridade

Analfabeto 12 5,6 Ensino Fundamental Incompleto

46 21,6

Ensino Fundamental Completo

10 4,7

Ensino Médio Incompleto 13 6,1 Ensino Médio Completo 32 15,0 Educação Superior Incompleta

06 2,8

Educação Superior Completa 06 2,8 N.I.** 87 40,9 Não se aplica 01 0,5 < 0,0001

*Unidade de Referência e Especialidades-Santarém; p: Teste Qui-quadrado; **não informado.

A maioria dos pacientes atendidos no período do estudo residia no município de Santarém 91% (n=194), e a

zona de residência predominante foi a urbana com 86,6% (n=168). Em Santarém, os bairros de maior

acometimento foram Interventoria 10,6% (n=23), Caranazal 7,0 % (n=15), Santíssimo 6,6% (n=14) e

Prainha 4,7% (n=10), sendo que foram no total de 34 bairros na zona urbana de Santarém que

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apresentaram casos de tuberculose. Vale salientar que os bairros de Santarém que se destacaram em

números de casos ficam próximos territorialmente da unidade notificadora, constituindo esse o motivo

provável que levara os pacientes a procurar a URE-Santarém para o tratamento; a partir de 2009 o serviço

começou a atuar efetivamente como referência, havendo mudança no público atendido, consistindo em

pacientes de Santarém e de outros municípios. Conclusão: A partir dos objetivos estabelecidos para o

desenvolvimento deste estudo, verificou-se que na URE-Santarém o total de registros de tuberculose

analisados no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2013, foi de 213 casos, dos quais 4,7% (n=10)

foram identificados como tuberculose resistente. Os pacientes eram predominantemente do sexo masculino

(55,4%), solteiros (44,1%), em idade economicamente ativa de 21 a 40 anos (40,4%), cor parda (52,1%),

residentes em Santarém (91%) e na zona urbana (86,6%). Evidenciou-se que a situação epidemiológica da

tuberculose é um grave problema de saúde pública no Oeste do Pará, e tem como fator agravante o

elevado índice de resistência do M. tuberculosis, necessitando de uma melhor articulação entre a URE-

Santarém e os municípios atendidos, para ações de combate à doença.

Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional da Saúde. Resolução 466/2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. O controle da tuberculose no Brasil: avanços, inovações e desafios. Boletim epidemiológico. Ministério da Saúde. Volume 44. Nº 02, 2014. Disponível em: <http://www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br /sites/default/files/Boletim-Tuberculose-2014.pdf>. Acesso em 01 de out de 2014. DATASUS. Casos confirmados segundo Ano Diagnóstico. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/tabnet?sinannet/tuberculose/bases/tubercbrnet.def>. Acesso em: 14 de out de 2014. Palavras-chave: Tuberculose. Epidemiologia. Unidade de Referência

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DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DO 5º ANO DE ESCOLA PARTICULAR E PUBLICA DE SANTARÉM: UM ESTUDO EXPLORATORIO Tatiane de Oliveira Lopes1; Elias da Silva Melo1; Bárbara Polini Pinheiro de Sousa1; Lucélia Neves Vieira1; Edna Ferreira Galvão1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém PA, Brasil, E-mail: [email protected]

Introdução: Sabemos que o Desenvolvimento Motor (DM), segundo Go Tani (2009), é um processo

contínuo e demorado e pelo fato das mudanças mais acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida,

existe a tendência em se considerar seu estudo como sendo apenas o estudo da criança. Porém, não se

pode deixar de lado o fato de que o desenvolvimento é um processo contínuo que acontece ao longo de

toda vida. Seguindo essa mesma concepção, Gallahue (2001) afirma que é de suma importância que a

criança tenha vivências que estimule o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades motoras,

para que possa na vida adulta ter pleno domínio de seus movimentos. Segundo este mesmo autor toda

educação pressupõe tomar decisões com vista a ação educativa, desta forma quando se refere a criança a

educação psicomotora é indispensável, considerando seu processo de maturação e sua natureza para o

brincar. Dessa forma, torna-se necessário um olhar mais atento para o processo de desenvolvimento motor

da criança, de forma conhecer a realidade que a cerca. Somente conhecendo suas necessidades é possível

intervir, de forma sistemática, com estímulos/vivencias respeitando as fases desse desenvolvimento. Neste

sentido, surgiu o interesse por conhecer o desenvolvimento motor de crianças que participam de aulas de

Educação Física em duas realidades escolares diferentes (particular e publica) de Santarém. Objetivo:

Verificar o nível de Desenvolvimento Motor de crianças do 5º ano de duas realidades diferentes, escola

publica e particular, em Santarém. Metodologia: a pesquisa caracterizou-se por um estudo exploratório

descritivo por este tipo de estudo permitir uma aproximação/familiaridade do pesquisador com o tema/objeto

de estudo, uma vez que ele ainda é pouco conhecido ou explorado. Este tipo de estudo pode servir para

realizar sondagem, com vistas a melhorar ideias, descobrir intuições, para então elaboração de hipóteses

(OLIVEIRA, 1999). A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas uma da rede pública municipal e outra da

rede particular de Santarém. Participaram da pesquisa 40 crianças do 5º ano, da faixa etária de 10 à 11

anos, que frequentavam as aulas de Educação Física, sendo 12 do sexo masculino e 8 do sexo feminino da

escola particular; já na escola pública 10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. A coleta de dados foi

através da aplicação do teste de Desenvolvimento Motor proposto por Rosa Neto (2002), mais

especificamente os testes de Equilíbrio, e de Esquema Corporal. Resultados e Discussão:

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Na análise geral do teste de equilíbrio 12 crianças, entre meninos e meninas da escola pública ficaram

abaixo da idade motora, enquanto que na escola particular foram somente 9 alunos. No que se refere a

idade motora desejada 11 alunos da escola particular alcaçaram a idade esperada e na escola pública

somente 8. Já em relação a análise geral dos resultados do teste de esquema corporal, foi possivel verificar

que 16 crianças da escola pública ficaram abaixo da idade motora enquanto que na escola particular

somente 6 crianças ficaram nessa média; enquanto que na escola particular 14 crianças alcançaram a

idade motora desejada, e na escola pública somente 4 crianças. Estes resultados preliminares indicam um

melhor resultado para as crianças da escola particular e acabam por sugerir algumas hipóteses para

maiores investigações, tais como: é possivel que a falta de um trabalho sisitematizado voltado para o

desenvolvimento motor das crianças no Ensino Fundamental I, em aulas de Educação Física ministradas

por profissional da área possa ser uma variável interveniente nesta realidade; é importante destacar que na

escola publlica investigada é o professor de sala de aula o responsavel pela recreação como conteúdo

curricular. Outra hipótese pode estar relacionada as vivencias fora do ambiente escolar, que podem

interferir significamente no desenvolvimento destas capacidades físicas. Outros estudos estão previstos a

fim de aprofundar esta questão e controlar outras variáveis. Conclusão: o desenvolvimento motor é um

processo contínuo que acontece ao longo de toda vida e por isso precisa ser permeado por estímulos

motores capazes de potencializar este desenvolvimento. Observou-se que as crianças da escola particular

apresentaram melhor desenvolvimento motor, talvez por disporem de condições fisicas, materiais e

profissional, que permitam uma Educação Física com recursos pedagógicos diversificados. Enquanto que a

escola pública apresenta carência tanto de professor qualificado na área da Educação Física Escolar

quanto de materiais e espaços pedagógicos adequados. A Educação Física é uma disciplina que pode

contribuir significativamente para estimular e desenvolver as habilidades e capacidades motoras das

crianças. Este estudo constituiu-se numa aproximação com a realidade e portanto apresenta limites quanto

a uma análise mais profunda, contudo permitiu a construção de hipótese que norteará outros estudos com o

tema. Foi possivel ainda refletir sobre importância da Educação Física como disciplina na escola, seu papel

pedagógico deve ser considerado nas primeiras fases do Ensino Fundamental uma vez que as crianças

Gráfico 4. Análise Geral do Teste de Equilíbrio. Gráfico 5. Análise Geral do teste de Esquema

Corporal.

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ainda estão numa fase importantes de seu desenvolvimento, podendo assim, construir/produzir subsidios

que potencializem o desenvolvimento de habilidades e estilos de vida mais saudável.

Referências Bibliográficas:

BELTRANE, Thais Silva et al. Relação entre o nível de desenvolvimento motor e variado do contexto de desenvolvimento de crianças. v. 19, n 2. Maringá, 2008. BOHN, Camila et al. Avaliação do equilíbrio e motricidade global em alunos de uma escola municipal infantil. UNIFRA. GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Phorte Editora, São Paulo, 2001. LORENZETTI, Vilson; BONADIMAN, Zelina Berlatto. Estudo do perfil motor de alunos de 5ª Série. Paraná, 2008. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Cientifica. Editora Pioneira, São Paulo, 2004. ROSA NETO, Francisco. Manual de Avaliação Motora. Artmed Editora, Porto Alegre, 2002. SEQUEIRA, Manuel E. Aquino. Curso: Psicomotricidade. I Convenção Amazônica de Atividade Física. Santarém, setembro de 2001. TANI, Go et al. Educação Física Escolar: Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU, 1988. Palavras-chaves: Desenvolvimento Motor. Crianças. Educação Física

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EFICÁCIA DO TREINO MUSCULAR RESPIRATÓRIO COM O USO DE MARCA-PASSO DIAFRAGMÁTICO ASSOCIADO AO MODO VOLUME ASSISTIDO COM PRESSÃO DE SUPORTE: RELATO DE CASO Jorge Carlos Menezes Nascimento Junior1, Armélio Vasconcelos de Siqueira Neto2, Wanderson Fernandes Silva2, Bruno Pereira Bandeira2, Guilherme Marques da Rocha2, Edna Ferreira Coelho Galvão3 1Universidade do Estado do Pará, Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]. Fisioterapeuta no Hospital Regional do Baixo Amazonas – Dr. Waldemar Penna; 2Fisioterapeuta do programa de Residência Multiprofissional na Atenção Integral em Ortopedia e Traumatologia da Universidade do Estado do Pará; 3Educadora Física e Professora Adjunta II da Universidade do Estado do Pará.

Introdução: O uso da ventilação mecânica invasiva nos últimos anos tem sido um grande avanço no

manejo do paciente crítico, no entanto, a prótese ventilatória tem provocado uma série de efeitos adversos

como infecção, instabilidade hemodinâmica e traumas alveolares. O marca-passo diafragmático (MPD)

pode ser um meio alternativo para evitar os efeitos lesivos da Ventilação mecânica, sendo sua principal

indicação a lesão neurológica grave permanente. Objetivo: O presente estudo tem o objetivo de relatar o

caso de um paciente em treino muscular respiratório após implante de marca-passo diafragmático,

internado no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida no

HRBA, em Santarém-PA, sendo caracterizado como relato de caso do tipo retrospectivo; realizado a partir

da coleta de dados do prontuário do paciente, com ênfase nas evoluções dos profissionais Fisioterapeutas.

Paciente, L.F., sexo masculino, 4 anos, natural de Santarém, foi admitido no hospital no dia 20/04/2011, com

Diagnósticos de Paralisia Cerebral Infantil, malformação congênita do intestino, septicemia, icterícia,

encefalopatia hipoxico-isquêmica, Comunicação Inter-atrial e Epilepsia. No dia 24/08/2014 foi realizado

procedimento cirúrgico com implante do marca-passo diafragmático. Resultados: Aproximadamente um

mês após cirurgia de implante do marca-passo diafragmático, no dia 26/09/2014 deu-se início o treino

muscular respiratório. Inicialmente o marca-passo diafragmático foi ligado e o paciente era deixado em O2

circulante, o mesmo procedimento foi repetido até o dia 04/02/2015 com a criança atingindo até 50 minutos

fora da ventilação mecânica, no entanto o treino apresentou insucesso com vários episódios de fadiga

muscular e outras intercorrências durante o período. A partir do dia 04/02/2015 foi elaborado novo protocolo

de treino muscular respiratório onde o marca-passo diafragmático foi associado ao modo ventilatório volume

assistido com pressão de suporte (VAPS), a força do músculo diafragma foi avaliado por meio de um

monovacuômetro. A criança evoluiu de forma satisfatória com o novo treino. No dia 04/02/2015 realizou 5

minutos de treino com MPD uma vez em cada turno associado ao VAPS, no dia 07/02/2015 evoluiu para 1

hora em cada turno. No dia 18/02/2015 evoluiu para 2 horas de treino em cada turno. A partir do dia

12/03/2015 foram realizadas 3horas de treino. No dia 17/03/2015 foram realizadas 4 horas. No dia

24/03/2015 5 horas. A partir do dia 01/04/2015 6 horas. No dia 07/04/2015 foram realizadas 7 horas de

treino por turno perfazendo um total de 21 horas contínuas. Com a evolução do paciente, a partir do dia

14/04/2015 foi possível realizar treino muscular por 24 horas continuas. Discussão: O uso do MPD facilita a

locomoção e as atividades de vida diária de pacientes com lesão neurológica grave o que promove melhora

na qualidade de vida em virtude da eliminação da necessidade do uso do ventilador mecânico. O MPD pode

propiciar várias vantagens ao paciente dependente de ventilação mecânica dentre elas: redução do número

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de episódios de pneumonia e infecções, menores gastos individuais com equipamentos e principalmente

desmame do ventilador mecânico. O sucesso do uso do MPD depende das condições físicas do paciente e

da forma como o treino muscular é realizado. O treino realizado no paciente em questão associava o marca-

passo diafragmático com o modo ventilatório VAPS, em que o paciente controla a frequência respiratória, o

tempo inspiratório e sua própria ventilação em si apenas com uma pressão de suporte dada pelo ventilador

mecânico, esse treino mostrou-se eficaz no ganho de força pelo músculo diagrama do paciente,

possibilitando que o mesmo atingisse 24 horas continuas como uso do MPD. Conclusão: Foi possível

verificar que o treino com o MPD associado a ventilação mecânica no modo VAPS é eficaz no ganho de

força pelo músculo diafragma do paciente neurológico aumentando as chances de um futuro desmame da

ventilação mecânica invasiva.

Referências Bibliográficas: ESQUINAS AM; JOVER JL; ÚBEDA A; BELDA FJ. Non-invasive mechanical ventilation in postoperative patients. A clinical review. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2015 Apr 16. pii: S0034-9356(15)00087-0. doi: 10.1016/j.redar.2015.03.005. FILHO DR; et al. Video-assisted thoracoscopic implantation of a diaphragmatic pacemaker in a child with tetraplegia: indications, technique, and results. J Bras Pneumol. 2015 Jan-Feb;41(1):90-4. doi: 10.1590/S1806-37132015000100011. HAZENBERG A; et al. Diaphragm pacemaker: alternative for chronic ventilatory support. Ned Tijdschr Geneeskd. 2013;157(5):A5572. LAM JC; et al. Implantation of a breathing pacemaker in a tetraplegic patient in Hong Kong. Hong Kong Med J. 2009 Jun;15(3):230-3. LOSS SH; et al. The reality of patients requiring prolonged mechanical ventilation: a multicenter study. Rev Bras Ter Intensiva. 2015 Jan-Mar;27(1):26-35. Epub 2015 Mar 1. English, Portuguese. ROMERO-GANUZA F.J, et al. Diaphragmatic pacemaker as an alternative to mechanical ventilation in patients with cervical spinal injury. Med Intensiva. 2011 Jan-Feb;35(1):13-21. doi: 10.1016/j.medin.2010.10.003. Epub 2011 Jan. Palavras-Chave: Marca-passo diafragmático. Fisioterapia respiratória. Volume assegurado com pressão de suporte.

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HANSENÍASE EM ESCOLARES: IDENTIFICAÇÃO DE CASOS NOVOS ATRAVÉS DE EXAME CLINICO E SOROLÓGICO Andréa Nunes Figueira1; Lúcio Tadeu Macêdo Meireles1; Marcos José Silva Baia2; Andréa Leite de Alencar3; Guilherme Augusto Barros Conde4; Cláudio Guedes Salgado5 1Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, Campus Santarém-PA; 2Sistemas de Informação – UFOPA, Campus Santarém/PA; 3Universidade do Estado do Pará – UEPA, Campus Santarém/PA; 4Instituto de Engenharia e Geociências – UFOPA, Campus Santarém/PA; 5Laboratório de Dermato-Imunologia da Universidade Federal do Pará – UFPA, Marituba/Pa. Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae,

que atinge principalmente o tecido cutâneo e nervos periféricos (BRASIL, 2010; SCOLLARD, 2006). Em

crianças, está fortemente correlacionada com doença recente e focos ativos de transmissão na

comunidade, particularmente entre as pessoas que vivem na mesma casa (BARRETO, 2012). No Estado do

Pará, na Amazônia brasileira, a hanseníase é hiperendêmica nessa faixa etária. Em 2011 o estado

apresentou um coeficiente de detecção de 51,06/100.000 habitantes e na população menor de 15 anos foi

de 18,29/100.000 habitantes (BRASIL, 2012), o que caracteriza uma condição de hiperendemicidade,

indicando que o Mycobacterium leprae está circulando entre as crianças no Pará. Além disso, em áreas

endêmicas, a prevalência de hanseníase previamente diagnosticada na população em geral é seis vezes

superior à prevalência registrada (MOET et al.., 2008). Estima-se que pode haver até 80 mil casos de

hanseníase oculta entre os estudantes do Pará (BARRETO, 2012). O diagnóstico da hanseníase é baseado

principalmente em um exame clínico e não há nenhum teste laboratorial que detecte todas as formas da

doença. Devido ao isolamento e caracterização de compostos fenólicos glicolípidicos-I (PGL-I), um antígeno

específico de uma espécie a partir da parede celular de M. leprae, vários estudos têm demonstrado que a

sorologia poderia potencialmente ser usada para detectar anticorpos contra PGL-I para classificar os

pacientes para fins de tratamento, casos de monitoramento, identificar o risco de recaída e identificar os

contatos domiciliares que estão em maior risco de contrair a doença do que o público em geral (MOURA et

al.. 2008). Um teste positivo para anti-PGL-I está associado com um risco 8,6 vezes maior de hanseníase

em contatos domiciliares e um risco 4,4 vezes maior em contatos sociais (BRASIL et al..,2003). Objetivo:

Identificar novos casos de hanseníase entre os escolares da rede pública de ensino através de exame

clínico e sorológico, no município de Santarém-Pará. Metodologia: A amostra foi composta por 198

escolares de ambos os gêneros que foram selecionados em quatro escolas da rede pública de ensino, três

da zona urbana e uma da zona rural, escolhidas de forma aleatória. A avaliação clínica foi dividida em três

etapas: 1) Assinatura do termo de consentimento pelos responsáveis autorizando que o aluno participasse

da pesquisa; 2) Preenchimento de uma ficha com informações sobre o aluno e seu exame clínico; 3)

Avaliação clínica do escolar realizada por médico especialista para identificação de manchas com alteração

de sensibilidade. Nas manchas suspeitas foi feito teste com auxílio dos Monofilamentos de Nylon de

Semmes Westein. Uma amostra de sangue periférico foi coletada de cada indivíduo para determinar a

prevalência de anticorpos IgM contra o PGL-I. Para comparar os níveis de titulação anti-PGL-I dos alunos,

foram coletadas anteriormente amostras de sangue de casos de hanseníase bem estabelecidos, assim

como amostras de estudantes saudáveis. O diagnóstico de um novo caso de hanseníase foi baseado na

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identificação de lesão da pele, com alteração de sensibilidade. Quando eram menos de cinco lesões, sem

infiltração e apenas um nervo foi afetado, o caso foi classificado como Paucibacilar (PB), mais de cinco

lesões, dois ou mais nervos afetados definiu o caso como Multibacilar (MB). As amostras de sangue

periférico (4 ml) foram coletadas de forma asséptica em tubos de EDTA por um técnico experiente; o plasma

foi separado por centrifugação (2000rpm/5min) e, em seguida, armazenado a -80°C até à sua utilização.

Para a análise, as amostras foram descongeladas e imediatamente testadas no Laboratório de Dermato-

Imunologia em Marituba/Pa. A sororreatividade foi determinada por ensaio imunoenzimático (ELISA). O

protocolo de ELISA a seguir foi usado: PGL-I nativo (lote 9/10/10 piscina 16/20), cordialmente fornecidos

pelo Dr. John Spencer de Colorado State University (EUA), foi revestido em 96 poços, microplacas de

polietileno planas (Kartell SPA, Novigilio, Milão, Itália) com 0,5ɥg/poço, em 50 ɥl de etanol, e as placas

foram armazenadas durante a noite à temperatura ambiente para evaporar o etanol a partir dos poços. As

placas foram bloqueadas durante uma hora utilizando 200ɥl/poço de PBS, pH 7,2, contendo 3% de

albumina de soro bovino (solução de bloqueio), depois lavou-se duas vezes com a mesma solução. Dois

microlitros de cada amostra de plasma foram diluídos a 1:200 em 400 mL de solução de bloqueio, e 100 ɥl

desta solução foram adicionados a poços duplicados e em um controle em branco para cada indivíduo (não

revestido com PGL-I) e ficaram incubadas durante 2 horas à temperatura ambiente. Após a incubação com

plasma, os poços foram lavados cinco vezes com 0,3% de BSA-PBS (solução de lavagem), usando uma

placa de máquina de lavar automática e, em seguida, mais uma vez com solução de bloqueio. Em seguida,

adicionado 100 ɥl/ de anticorpo humano IgM secundário (de cadeia μ específico) conjugado com

peroxidase a uma diluição de 1:10000 em solução de bloqueio e incubou-se a 2 horas à temperatura

ambiente. Após a incubação com o conjugado, os poços foram lavados cinco vezes com solução de

lavagem, uma vez com solução de bloqueio, e, em seguida, duas vezes mais com apenas PBS. Após a

lavagem, 100 ɥl de substrato de dicloridrato de o-fenilenodiamina foi adicionado. Após 30 minutos, a reação

foi parada com 50 ɥl de solução de ácido sulfúrico (4 N), e depois de 10 minutos, a absorvância foi lida a

490 nm usando um leitor de microplacas. O cut-off para o resultado positivo foi arbitrariamente estabelecido

a uma densidade óptica (DO) de 0,295, com base na média mais 3 vezes o desvio padrão dos resultados

do teste a partir dos indivíduos saudáveis da mesma área hiperendêmica. O valor do final de cada amostra

de plasma foi determinada através da subtração do fundo de DO do controle em branco bem a partir da

média dos duplicados de cada respectivo objeto. Para controlar cada conjunto de placas, uma amostra de

plasma positivo de um paciente com hanseníase virchowiana de alto índice baciloscópico (IB) e uma

amostra negativa de uma pessoa saudável nascida sem qualquer exposição conhecida a hanseníase, foram

incluídos em duplicatas em cada placa. Os dados coletados foram submetidos à análise e métodos de

inferência estatística utilizando o software BioEstat 5.0 descritivo. A significância estatística foi avaliada

utilizando um nível de significância de 0,05 (bicaudal). Foi utilizado o teste t de Student ou o teste de Mann-

Whitney U para avaliar os dados quantitativos de amostras independentes. Resultados: Os resultados são

significativamente maiores do que esses dados apresentados. Chegou-se a um total de 198 estudantes

examinados, dos quais 8 foram diagnosticados clinicamente com hanseníase, o que corresponde a 4,04%.

Todos casos positivos na zona urbana. Desses 8 estudantes, 6 eram do sexo feminino e 2 do sexo

masculino. Das 6 estudantes do sexo feminino, 5 foram classificadas como MH Multibacilar com grau zero

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de incapacidade e 1 foi classificada como MH Paucibacilar com grau zero de incapacidade no diagnóstico.

Os 2 escolares do sexo masculino foram classificados como MH Multibacilar, sendo que 1 apresentou grau

zero de incapacidade e o outro já apresentava grau II de incapacidade no diagnóstico, apresentando na

avaliação do profissional fisioterapeuta comprometimento do nervo tibial anterior (pé caído), o que sugere

um longo período de infecção, além da demora no diagnóstico. Quanto à análise sorológica, dos 198

estudantes, 188 aceitaram realizar a coleta de sangue periférico. A idade média foi de 10,6 anos (DP=3,31).

Considerando que resultados de anti-PGL-I até 0,295 são considerados negativos, 91 dos escolares foram

positivos para o anti-PGL-I, 121 eram do sexo feminino (Tabela 1).

Resultados Anti PGL-1 em estudantes de Santarém

Sexo Masculino 67 Resultado em DO Positivo 91

Feminino 121 Negativo 97

A sorologia é útil para a identificação de pessoas com um risco aumentado de desenvolver hanseníase

entre grupos de alto risco, tais como contatos e crianças. O desenvolvimento de um teste sorológico simples

que poderia ser facilmente implantado em campo para identificar os indivíduos com maior risco de sucumbir

à hanseníase iria melhorar o diagnóstico precoce e potencialmente quebrar as linhas de transmissão para

ajudar a reduzir as taxas de incapacidades. Conclusão: Os resultados desse estudo sugerem que há um

alto índice de hanseníase subclínica entre os escolares, o que ainda representa um agravo à saúde pública

no município de Santarém, especialmente entre as crianças em idade escolar, indicando a presença de

focos ativos em seu convívio, principalmente entre os familiares. Nesse sentido, a vantagem de inquéritos

escolares para identificação de novos casos, adotando-se a estratégia do exame clínico bem como a

análise do anti-PGL-I como uma ferramenta auxiliar no diagnóstico precoce se faz imprescindível, visto que

a detecção e início do tratamento precoces permitem maior adesão ao tratamento possibilitando a quebra

da cadeia de transmissão.

Referências Bibliográficas: BARRETO, J.G.; GUIMARÃES, L.; FRADE, M.A.C.; ROSA, P.S.; SALGADO, C.G. High rates of undiagnosed leprosy and subclinical infection amongst school children in the Amazon Region. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. v. 107, Suppl 1: 60-67, 2012. BRASIL, M.T.L.R.F.; OLIVEIRA, L.R.; RÍMOLI, N.S.; CAVALARI, S.F.; GONÇALVES, O.S.; LESSA, Z.L.; ROTTA, O. Anti PGL-1 Serology and the Risk of Leprosy in a Highly Endemic Area in the State of São Paulo, Brazil: Four-Year Follow-Up. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 6: 262-271. 2003. BRASIL. Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em hanseníase. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde; 2010. BRASIL. Dados epidemiológicos da hanseníase por estados e regiões, Brasil, 2012. Secretaria de Vigilância em Saúde. 2013. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Jul/16/tab_indicadores_epid_operacionais_2012.pdf. Acesso em: 13 out. 2014. MOET, F.; SCHURING. R.; PAHAN, D.; OSKAM, L.; RICHARDUS, J. The prevalence of previously undiagnosed leprosy in the general population of northwest bangladesh. PLoS-Public Library of Science, Negligected Tropical Disease.v.2(2):e198. PubMed PMID: 18301731. 2008.

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MOURA, R.S.; CALADO, K.L.; OLIVEIRA, M.L.; BUHRER-SÉKULA, S.. Leprosy serology using PGL-I: a systematic review. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V. 41: 11-18. 2008. SCOLLARD, D.M.; ADAMS, L.B.; GILLIS, T.P.; KRAHENBUHL, J.L.; TRUMAN, R.W.; WILLIAMS, D.L. The continuing challenges of leprosy. Clin Microbiol Rev. v.19:338-381. 2006 Palavras-chave: Hanseníase; Escolares; Exame clínico e sorológico.

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HIPERDIA: MITOS E VERDADES NA ADESÃO E MANUTENÇÃO DO TRATAMENTO Ana Paula G. Monteiro1; Elidiane M. Kono1; Hellen S. Leal1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA. E-mail: [email protected] Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) caracteriza-se como uma doença de alta prevalência,

sendo um problema de saúde pública de âmbito mundial devido o seu risco e dificuldade de controle. É

classificada como uma doença crônica não transmissível (DCNT), de natureza multifatorial, em muitos

casos de curso assintomático, sendo por isso, na maior parte dos casos negligenciado o tratamento por

parte dos indivíduos adoecidos (SANTOS, 2008). A HAS é uma doença que não tem cura, mas sim controle

e o objetivo do tratamento se concentra na redução da morbidade e a mortalidade cardiovascular

(WILLIAMS, 2010). O Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes (HIPERDIA) constitui-se de um sistema

de cadastro que permite o monitoramento e gera informações para aquisição, dispensação e distribuição de

medicamentos de forma regular e organizada (BRASIL, 2002). De acordo com Brito et al. (2008) a

percepção que o indivíduo tem do seu estado de saúde pode interferir na sua adesão ao tratamento, uma

vez que suas crenças e seus valores estão intimamente ligados à adoção de hábitos de vida saudáveis,

diminuição do sódio na dieta e controle medicamentoso da doença. Logo, a adesão e a eficácia da

assistência prestada ao paciente hipertenso, podem depender muito da percepção individual que ele tem a

respeito desta patologia. Nesse contexto, a investigação a cerca do tema em questão torna-se capaz de

aprimorar cada vez mais os conhecimentos acerca dos hábitos, mitos, conhecimento prévio, dificuldades no

tratamento e na mudança dos hábitos de vida do hipertenso, otimizando a assistência a esses indivíduos.

Objetivo: Identificar junto aos usuários do HIPERDIA o conhecimento e o desconhecimento acerca da HAS

que interfere na adesão e manutenção do tratamento através da investigação dos mitos que envolvem o

autocuidado dos hipertensos e os hábitos de vida dos mesmos. E ainda, objetivou-se traçar um perfil sócio

demográfico dos usuários participantes do HIPERDIA. Metodologia: O presente estudo foi desenvolvido de

forma exploratória e quantitativa, com utilização da metodologia de campo. A amostra foi composta por 152

hipertensos de ambos os sexos, participantes do grupo HIPERDIA de um centro de saúde no município de

Santarém-PA. Como instrumento para coleta de dados utilizou-se um questionário estruturado produzido

pelos pesquisadores composto por questões de investigação fechadas e abertas, utilizando a evocação de

respostas com base em um estímulo indutor, buscando conhecer o hipertenso, verificar o conhecimento

prévio destes a cerca da doença, bem como, suas principais dúvidas, mitos e dificuldades na adesão ao

tratamento. A entrevista foi realizada de forma individual com cada hipertenso. Os pesquisadores fizeram

uso de um roteiro para condução do instrumento de coleta, e ainda, utilizou-se uma ficha de identificação

contendo os dados de cada indivíduo. Os dados foram armazenados e analisados de forma quantitativa

através do programa Excel 2010, sendo os resultados apresentados em forma de tabelas. Resultados:

Conforme os dados coletados foi possível traçar o perfil sócio demográfico da população estudada, onde

constatou-se que 59% (n=89) da amostra foi do gênero feminino e 41% (n=63) do gênero masculino. A faixa

de idade mais prevalente na pesquisa foi 61% (n=93) que compreendeu idosos entre 60 a 82 anos e outros

39% (n=59) englobaram adultos com idade entre 42 a 59. Quanto ao estado civil observou-se que 60%

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(n=91) eram casados, 24% (n=36) solteiros e 16% (n=25) viúvos. O grau de escolaridade foi de 12% (n=18)

de analfabetos, 45% (n=69) estudaram 1 a 4 anos, 24% (n=36) estudaram de entre 5 a 8 anos e 18%

(n=27) relataram ter estudado por mais de 12 anos. Em relação à renda salarial mensal a grande maioria

95% (n=144) relatou ter renda entre 1 a 3 salários, enquanto 5% (n=8) relataram renda inferior a um salário

mínimo.

A Tabela 1 descreve as respostas dos entrevistados quanto aos seus conhecimentos sobre a hipertensão.

A maioria dos indivíduos 47% (n=71) quando indagados se a HAS é para toda vida responderam de forma

negativa, consequentemente, acreditando que a doença tenha um processo de cura, outros 43% (n=66)

acreditam que a doença é para toda a vida, enquanto 10% (n=15) não souberam expressar conhecimento

ou opinião à respeito da doença. Quando perguntados se a HAS pode ser controlada através dieta ou

medicamentos 100% (n=152) responderam positivamente. Já ao serem solicitados que informassem dois

órgãos que poderiam ser acometidos pela HAS 51% (n=77) foram capazes de responder, destes 24%

(n=37) citou coração e rins como principais acometidos, ressalta-se que nem todos os restantes fizeram

referencia a órgãos que realmente podem ser acometidos, outros 31% (n=57) citaram apenas um órgão e

18% (n=28) não soube informar.

A Tabela 2 refere-se às respostas a cerca do conhecimento do o programa HIPERDIA. Observou-se que

100% (n=152) dos entrevistados relataram não saber o que é o HIPERDIA ou do que se trata o programa.

Entretanto, ao serem questionados se sabem por que estão cadastrados 47% (n=72) relatam saber e 53%

Tabela 1. Distribuição das respostas dos usuários do HIPERDIA aos conhecimentos sobre hipertensão. Centro de saúde-Santarém-PA.

n (%)

A HAS arterial é para toda a vida?

Sim 66 (43%)

Não 71 (47%)

Não Sei 15 (10%)

A HAS pode ser controlada com dieta ou medicamentos?

Sim 152 (100%)

Não 0 (0%)

Citaram órgãos que podem ser afetados pela doença

Apenas um órgão 57 (31%)

Dois órgãos 77 (51%)

Não souberam 28 (18%)

Tabela 2. Distribuição das respostas dos usuários do HIPERDIA aos conhecimentos sobre o programa HIPERDIA. Centro de saúde-Santarém-PA.

n (%)

Sabe o que é o HIPERDIA?

Sim 0 (0%)

Não 152 (100%)

Sabe por que é cadastrado no HIPERDIA?

Sim 72 (47%)

Não 80 (53%)

Julga importante ser cadastrado?

Sim 142 (93%)

Não 10 (7%)

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(n=80) relataram não saber o motivo de estar cadastrados junto ao programa. Além disso, 93% (n=142) da

amostra julgou ser importante estar cadastrado, enquanto 7% (n=10) acredita não ter importância o

cadastramento. Conclusão: Os profissionais de saúde tem grande importância na implementação de

estratégias de prevenção, diagnóstico, monitorização e controle da hipertensão arterial. Entretanto, para

que a abordagem de educação em saúde seja eficaz essa prática deve ser centrada no indivíduo

hipertenso, por conseguinte, é importante envolver usuários, em nível individual e coletivo, em estratégias

capazes de sinalizar ao hipertenso qual o impacto do seu acometimento, quais as repercussões deste para

seus hábitos de vida, e ainda, quais as formas de controle à hipertensão. No estudo em questão percebeu-

se que grande parte dos hipertensos ainda possuem dúvidas e equívocos a respeito de sua patologia,

assim como, acreditam que de alguma forma serão curados. Desta forma, conhecimento por parte dos

profissionais a respeito dos mitos que permeiam o tratamento hipertensivo e que, de alguma forma,

interferem na a adesão do paciente são de extrema importância para criação e difusão de estratégias

educacionais capazes de sensibilizar a população, contribuindo, para o controle adequado dos níveis

pressóricos e a diminuição das complicações associadas à HAS.

Referências Bibliográficas: BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de A. B. Manual de operação. HiperDia — Sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. BRITO, D.M.S.; ARAUJO T.L.; GALVÃO, M.T.G.; MOREIRA, T.M.M.; LOPES, M.V.D. Qualidade de vida e percepção da doença entre portadores de hipertensão arterial. Caderno Saúde Pública.. v. 24, n. 4, p. 933-940, 2008. SANTOS, Z.M.S.A.; LIMA, H.P.; Tecnologia educativa em saúde na prevenção da hipertensão arterial em trabalhadores: análise das mudanças do estilo de vida. Revistas Texto & Contexto Enfermagem. v. 17, n. 1, p. 90-7, jan./mar. 2008. WILLIAMS, B. The year in hypertension. Journal of the American College of Cardiology. v. 55, n. 1, p. 66-73, 2010. Palavras-chave: Hipertensão arterial. Hiperdia. Atenção Primária.

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INTEGRAÇÃO SENSORIAL NA SÍNDROME DE PATAU: RELATO DE CASO NA INTERVENÇÃO TERAPEUTICA OCUPACIONAL Luana Teixeira Pereira1; Tereza Cristina Feijão Tavares2; José Walderly Rocha Aguiar Filho3

1Terapeuta Ocupacional Residente em Traumatologia e Ortopedia do Hospital Regional do Baixo Amazonas, Santarém, Pará, Brasil; 2,3Terapeuta Ocupacional no Hospital Regional do Baixo Amazonas. E-mail: [email protected]. Introdução: A terapia de integração sensorial procura explicar a relação entre, a habilidade do sistema

nervoso central (SNC) de organizar e processar os estímulos do meio ambiente pelos receptores sensoriais

e os comportamentos motores, cognitivos e emocionais, em resposta a situação geradora (MOREAU,

2010). Esta terapia de estimulação sensorial foi desenvolvida por uma terapeuta ocupacional chamada Jean

Ayres, fundamentada na teoria de que o cérebro organiza toda a informação recebida a fim de processar

uma resposta. O sistema nervoso organiza as informações visuais, auditivas, táteis, olfativas e gustativas,

bem como informa sobre gravidade e movimento, organizando estas em um plano de ação. Desse modo, a

integração sensorial foi criada para explicar a relação entre o sistema nervoso e o comportamento (ROLEY;

JACOBS, 2011). Durante a Residência Multiprofissional no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA),

houve intervenção terapêutica ocupacional à criança J.V.N.F., com diagnóstico de Síndrome de Patau.

Caracterizada pela trissomia do cromossomo 13, o qual pode expressar no sujeito: baixo peso ao nascer,

retardo de crescimento e desenvolvimento, microcefalia, lábio leporino e/ou fenda palatina, orelhas

displásicas, polidactilia pós axial em mãos e/ou pés, entre outros. Ressaltando que a sobrevida ocorre em

menos de 1 ano, porém há crianças que sobrevivem mais tempo, como é caso da paciente em estudo. Fato

explicado pela possível manifestação em mosaico da patologia, no qual nem todas as células vão

apresentar a trissomia (ZEN et al., 2008). J.V.N.F., possui 1 ano e 3 meses, apresentando baixa visão,

polidactilia pós axial em pés, fenda palatina, microcefalia. Ela foi avaliada em dezembro de 2014, no qual

apresentou déficits de modulação tátil, labirinto-vestibular, térmica, proprioceptiva, cinestésica e

neurovegetativa. Objetivo: Desse modo favorecer a capacidade do sujeito de organizar os inputs sensoriais

(funções receptivas do sujeito como a percepção, sensação, atenção e concentração), contribui para que

ele estabeleça uma interação com o meio de forma considerável. Neste contexto casos sindrômicos podem

ser atendidos baseados na integração sensorial, como exemplo a Síndrome de Patau. Logo houve a

necessidade de relacionar a Integração sensorial com esta patologia. Metodologia: Sendo aplicado como

intervenção, o Protocolo da Terapia de Integração Sensorial, criado pelos terapeutas ocupacionais do

hospital. Este instrumento, objetiva alterar positivamente a performance motora do sujeito, uma vez que

restaura ou cria a noção de esquema corporal e percepção do meio (MARINHO; TAVARES; AGUIAR

FILHO, 2013). O instrumento tem como público-alvo pacientes com déficit de modulação sensorial

identificados pelos terapeutas ocupacionais, sujeitos com síndrome da imobilidade funcional, quadro de

perda sensorial nas extremidades corporais e crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Este recurso, inicialmente avalia o sujeito a partir de estímulos visual, tátil, doloroso, vestibular, térmico,

vibratório e olfativo. Posteriormente, são observadas as respostas sensoriais obtidas. Resultados: Sendo

assim foram aplicados diversos estímulos mencionados anteriormente e após 3 meses de aplicação destes,

observou-se o desaparecimento de alguns reflexos primitivos, redução da defensividade tátil e melhora na

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percepção corporal da criança. Conclusão: Portanto, o Protocolo da Terapia de Integração Sensorial é um

recurso usado e criado por terapeutas ocupacionais, favorecendo o processamento sensorial satisfatório e

consequentemente interferindo positivamente no desempenho ocupacional dos sujeitos atendidos,

ampliando suas capacidades de interação com o meio.

Referências Bibliográficas: MARINHO, Christiane; TAVARES, Tereza Feijão; AGUIAR FILHO, José Walderly Rocha. Protocolo de Terapia Ocupacional: Terapia de Integração Sensorial. Instrumento Aplicado e Utilizado no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). 2013. FONTE: Assessoria de Qualidade do HRBA. MOREAU, Michele Cabral B. Integração Sensorial: Transformação da percepção para a aprendizagem. 2010. 49f. Dissertação (Pós-graduação em Educação Infantil e Desenvolvimento). Disponivel em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/t205547.pdf. Acesso em: 26/04/15. ROLEY, Suzanne Smith; JACOS, E S. Essie. Integração Sensorial. IN: WILLARD, Hellen S. Terapia Ocupacional/ Willard & Spackman [editado por ] Elizabeth Blesedell Crepeau, Ellen S. Cohn, Barbara A. Boytt Shell; [tradução Antônio Francisco Dieb Paulo]. - Rio de janeiro: Guanabara koogan, 11 th ed. 2011. ZEN, Paulo Ricardo G. Apresentações Clínicas não usuais de pacientes portadores de Sindrome de patau e Edwards: Um desafio diagnóstico?. Rev. Paul Pediatr. 2008; 26(3): 295-9. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v26n3/15.pdf. Acesso em: 26/04/15. Palavras-chaves: Integração Sensorial. Terapia Ocupacional. Síndrome de Patau.

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MÚSICA E RITUAIS DO SONO NA PRIMEIRA INFÂNCIA: CRENÇAS E PRÁTICAS DE PAIS DE BEBÊS DE 0 A 3 ANOS, EM SANTARÉM, PARÁ Iani Dias Lauer Leite1; Herica Silvania Lima2; Irani Lauer Lellis3

1Universidade Federal do Oeste do Pará/Centro de Formação Interdisciplinar, Santarém-Pa, Brasil; 2Universidade Federal do Oeste do Pará/Programa de Ciências Jurídicas, Santarém-Pa, Brasil; 3Universidade Federal do Oeste do Pará/Programa de Pós-graduação em Educação, Santarém-Pa, Brasil. Introdução: O sono se constitui como um dos elementos fundamentais para o bem estar humano, de

importância indispensável para a homeostasia do organismo e qualidade de vida. Para tanto, o cuidado

direcionado ao sono é essencial, conforme salienta Boscolo et al.. (2007) ao discorrer que a saúde física e

mental encontram-se associadas a uma boa qualidade de sono, sendo que as pessoas saudáveis usufruem

dos benefícios nos aspectos biológicos, psicológicos, emocionais, intelectuais e social. Levando em

consideração tal ensejo e sabendo que o sono tem um papel muito importante no desenvolvimento infantil,

não só no que tange ao nível do desenvolvimento e crescimento físico, comportamental e emocional, mas

também no nível de funcionamento cognitivo, aprendizagem e atenção (JANUÁRIO, 2012), analisar o

comportamento da criança pequena em relação ao sono faz-se pertinente, pois conforme Soifer (2008) o

sono de crianças deve ser observado no contexto do desenvolvimento e de suas diversas etapas, ao longo

das quais o bebê vai amadurecendo. Uma vez que este processo de sono é determinado por mudanças nos

padrões neuropsicológicos da criança e modelado por práticas interpessoais, sociais e culturais da família

(SOIFER, 2008), observa-se a necessidade de se atentar para o sono de crianças pequenas, pois o bebê

necessita aprender a regular seus estágios de sono e vigília e assim nasce a preocupação dos pais em

“ensinar” o bebê a dormir. De tal modo, os pais norteiam seu comportamento na relação com os filhos,

levando em conta as ideias a respeito de como devem tratar seus filhos, aquilo que acham certo ou errado,

comportamentos que são socialmente aceitos ou não, entre outros fatores (KOBARG, 2006). Essa

concepção de certo ou errado apreendida pelos progenitores é denominada de crença, que consiste em

conjuntos organizados de ideias que estão implícitos na atividade cotidiana e nos julgamentos, escolhas e

decisões que os cuidadores tomam, agindo como modelos para as práticas parentais (SUPER e

HARKNESS, 1986). Objetivo: Dessa forma, para se entender os rituais de sono usados com crianças

pequenas é importante conhecer sobre as crenças e práticas parentais quanto ao assunto, que é ao que se

propõe esse trabalho. Metodologia: Participaram da pesquisa 32 cuidadores e/ou mães moradoras de

Santarém, todos com filhos na faixa etária de 0 a 3 anos de idade. Os cuidadores entrevistados foram

selecionados de forma aleatória, a sequência de entrevistas se dava por indicação do último entrevistado e

os dados foram coletados no local indicado pelos participantes e em horário recomendado pelos mesmos.

Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).Os instrumentos

de pesquisa foram um roteiro de entrevistas com as seguintes perguntas: Como você acha que deve ser o

sono de bebês e crianças pequenas?; O que você acha do uso da música na hora do sono?; Conte como

você utiliza a música na hora de seu filho dormir? E Quais músicas você canta para seu filho na hora de

dormir?, e uma folha de dados sociodemográficos com questões relativas a: idade do cuidador, vínculo,

escolaridade, profissão, sexo da criança, idade da criança, número de filhos, renda familiar e estado civil.

Para analisar os dados obtidos através da entrevista utilizou-se o método do Discurso do Sujeito Coletivo

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(DSC) proposto por Lefevre e Lefevre (2005). Os dados socioeconômicos foram analisados utilizando-se a

estatística descritiva. Resultados: Os resultados foram descritos de acordo com as perguntas realizadas,

como preconiza Lefevre e Lefevre (2005). Participaram da pesquisa 32 cuidadores residentes na cidade de

Santarém-Pará na faixa etária de 16 a 65 anos (M= 29,31). Quanto às entrevistas, após a análise utilizando

o DSC, foram encontrados os resultados sintetizados no quadro abaixo:

Crença: Como os pais acham que deve ser o sono dos bebês

A. Necessita ter uma rotina, estabelecer horários B. Sono tranquilo e relaxante para ajudar no bom desenvolvimento da criança; C. Deveria ser tranquilo, mas não é com meu filho; D. Com música de ninar e sem muito barulho; E. Deve ter um horário longo.

Crença: O que os pais acham da música na hora do sono

A. Não atrapalha e nem ajuda, não usa; B. Muito importante para deixar a criança calma e relaxada, por isso deve ser bom; C. Contribui no desenvolvimento, pois ajuda o bebê a dormir bem; D. Não funciona para meu filho, pois atrapalha o sono.

Prática: Como os pais colocam os filhos para dormir

A. Coloca na rede, embala e usa a música; B. Fica conversando ou ao lado filho até ele dormir; C. Fica assistindo televisão até dormir; D. Deita com o filho e canta canções de ninar até ele dormir; E. Amamentação, carinho ou massagens e música; F. Amamentação para ajudar a dormir; G. Banho, carinho e música.

Prática: Usos da música na hora do filho dormir

A. Canta para dormir, para ficar calmo e tranquilo; B. Não usa, pois atrapalha; C. Usa o cd ou música no celular para fazer dormir.

Prática: Músicas que os pais cantam para os filhos dormirem

A. Inventa músicas; B. Músicas infantis; C. Religiosas, D. Canções de ninar, E. Músicas do tempo do cuidador.

Conclusões: O sono de crianças pequenas e o uso da música no processo de adormecimento apontam

não só para a análise das formas de pensar (crenças) e os atos (práticas) dos cuidadores para se traçar

pontos divergentes ou em comum, mas no próprio entendimento de que em cada rito do sono que os pais

executam com os bebês, os laços, a afetividade, o anseio para que o filho tenha um bom desenvolvimento e

o cuidado são notórios. Um ponto interessante que emergiu da pesquisa diz respeito à prática dos pais em

como fazer os pequenos adormecerem, nessa questão foram mencionados vários ritos do sono, como a

utilização da rede, amamentação, banho, conversa, televisão, massagem, canções de ninar e os vários

tipos de músicas, todos esses meios utilizados no intento de estimular à criança ao sono tranquilo.. Dentro

desses recursos, cabe mencionar que a música, questão pertinente para o presente estudo, é utilizada no

ritual do sono de crianças da maioria dos pais entrevistados, notando-se crenças favoráveis a sua utilização

na hora de dormir, tendo como prática o uso do canto, cd ou música no celular. A partir do exposto, pode-se

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constatar que a música está presente em todos os momentos da rotina humana, inclusive no sono,

processo fundamental para todos os indivíduos, acredita-se que a música pode ser sim, apesar de dados

contrários, um bom auxílio no adormecimento de crianças pequenas. Portanto, na perspectiva de elucidar

as crenças e práticas parentais contidas no sono de bebês, o trabalho exposto analisa a música como um

fator importante na hora do sono de crianças, por ser um veículo propiciador de entretenimento, interação,

contato e diálogo entre pais e filhos.

Referências Bibliográficas: BOSCOLO, R., [et al.] Avaliação do Padrão do Sono Actividade Física e Funções Cognitivas em idosos. Revista Portuguesa de Ciência e Desporto, 7(1), p.18-25, 2007. JANUÁRIO, P. de A. Hábitos de sono das crianças e compreensão infantil do sono e das estratégias facilitadoras do adormecimento: Estudo com crianças de oito anos e seus pais. Dissertação de mestrado integrado em psicologia, Universidade de Lisboa, 2012. KOBARG, A.P.R. Crenças e práticas de mães sobre o desenvolvimento infantil nos contextos rural e urbano. Florianópolis, Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, 133 p, 2006. LEFEVRE, F.; LEFEVRE, A. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul: EDUCS, 2005. SOIFER, R. Relação mãe-filho e o sono do bebê: Uso de técnica para modificação de hábitos de sono. Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008. SUPER, C., & HARKNESS, S.. The developmental niche: a conceptualization at the interface of child and culture. International Journal of Development, 9, 545-569, 1986 Palavras-chave: Sono. Música. Criança

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O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE COMO FACILITADOR DA ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA AO POLITRAUMA NA REGIÃO AMAZÔNICA Cláudia Ribeiro de Souza1; Jonata Ribeiro de Sousa2; Júlia Freire Souza Leal1; Alessandro Santos Bonfim de Almeida1; Maria Tatiane Gonçalves Sá3; Mônica Karla Vojta Miranda3 1Acadêmicos de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém/PA, Brasil –e-mail: [email protected]; 2Acadêmico de Medicina da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém/PA, Brasil; 3Docentes do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém/PA, Brasil.

Introdução: O trauma é uma doença multissistêmica de caráter endêmico na sociedade moderna. No

Brasil, representa um dos problemas mais significativos de saúde pública, atingindo a população jovem e

ceifando mais de 120.000 vidas por ano (SANTOS et al.., 2012). Os cenários relacionados a ocorrência de

trauma são os mais diversos possíveis, o que justifica a necessidade de difusão e/ou fortalecimento de

conhecimentos relacionados a abordagem inicial ao trauma na atenção básica (Estratégia Saúde da Família

–ESF), na qual está inserido o Agente Comunitário de Saúde (ACS), pois segundo Brasil (2004), os

profissionais atuantes no âmbito primário da saúde não estão suficientemente qualificados para a

assistência às urgências e emergências, o que justifica os profissionais das unidades básicas ansiarem por

uma transferência imediata sem sequer realizar uma avaliação prévia e a estabilização do paciente; desta

forma, amplia-se o leque de possibilidades de sucesso na abordagem ao trauma – antes do seguimento pré

hospitalar pelo serviço móvel de urgência/SAMU. Na região Amazônica, as barreiras geográficas dificultam

o acesso e acessibilidade da população amazônida aos serviços de saúde, principalmente aqueles

habitantes de comunidades ribeirinhas, e pequenas comunidades. Entre os fatores impeditivos para melhor

acesso estão: reduzida infraestrutura para promoção da atenção primária, deficiência de recursos materiais

técnicos e escasso número de profissionais da saúde para atenderem os comunitários; com isso surge um

cenário desafiador à abordagem ao paciente traumatizado. Nas comunidades mais longínquas, por

exemplo, é comum a prática de atividades rurais sem uso de equipamentos de proteção individual (o

vendedor rural de açaí, por exemplo, ao subir no açaizeiro, não costuma utilizar nenhum equipamento para

proteger-se de uma eventual queda, conforme evidenciado nas pesquisas de Guataçara (2006); devido esta

característica a ocorrência de acidentes, principalmente quedas de alturas elevadas, tornou-se uma

situação preocupante, tendo em vista a gravidade do acidente, uma vez que a vítima pode sofrer

politraumas, e também pela necessidade de atendimento imediato, anterior ao serviço especializado. A

partir disso, e considerando que o ACS representa o elo entre o sistema de saúde e a comunidade onde

reside e trabalha (RODRIGUES, et al.., 2014), além de ter como uma de suas atribuições o

desenvolvimento de atividades de prevenção e promoção da saúde na comunidade, é que se percebe a

importância deste profissional em ter conhecimentos teóricos acerca da assistência primária ao politrauma,

atuando assim, como peça fundamental para garantir a minimização dos danos ao acidentado durante o

manejo e transporte do mesmo. Objetivo: Identificar o nível de conhecimento dos ACSs atuantes no

município de Belterra, região oeste do Pará, acerca da Assistência Primária ao Trauma (APT), enfocando

noções acerca da imobilização, cuidados específicos em caso de fraturas, luxações, ferimentos extensos ou

profundos, transporte do acidentado e atribuições do ACS frente situações em que há a necessidade de

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atendimento pré-hospitalar. Metodologia: trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter transversal, com

abordagem quantitativa. Participaram do estudo 35 ACSs, de ambos os gêneros, atuantes no município de

Belterra, região oeste do Pará, que manifestaram o interesse em participar do estudo de forma voluntária

(foram atendidas as recomendações éticas explícitas na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde

– autenticada pelo emprego do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido/TCLE junto aos ACSs).

Aplicou-se um questionário estruturado, contendo questões de múltipla escolha referente a assistência

básica ao paciente traumatizado. Tais questões englobaram o conceito de imobilização, conduta ante o

paciente com suspeita de politrauma, a necessidade de aquecer e hidratar o paciente traumatizado, como

reconhecer sinais e sintomas de fraturas, conduta em caso de ferimentos extensos e profundos, luxações,

entorses e contusões. Posteriormente, para a organização e análise dos dados, utilizou-se o programa

Excel (2013). Resultados e discussão: os dados permitiram identificar que 85,71% dos ACSs conhecem o

termo Imobilização, no entanto, somente 54,2% asseguraram tentar imobilizar a vítima e conduzi-la até um

hospital em caso de trauma; esse baixo índice pode estar relacionado ao fato de que somente 60% dos

ACSs acreditaram ser sua atribuição prestar primeiros socorros aos acidentados. Os resultados asseguram

o domínio (pela maioria) dos aspectos conceituais, mas a segurança prática (técnica) para iniciar e/ou

finalizar a ação (imobilização) ainda é grande (46,8%). Quanto ao uso de práticas alternativas (recursos

naturais e etc., para a imobilização), a maioria dos ACSs, 85,71%, afirmou ser correto utilizar recursos

naturais, como talos de palmeira e canoa de açaizeiro, para imobilizar e transportar vítimas de queda. No

que tange a prática de aquecimento das vítimas de trauma, 57,14% responderam corretamente quando

perguntados acerca do aquecimento do paciente com suspeita de fratura, e somente 42,85% apresentaram

resposta apropriada quanto a hidratação do paciente com fratura exposta. Referente ao reconhecimento de

sinais e sintomas indicativos de fratura, aproximadamente 54% dos ACSs saberiam identificá-los. Sobre os

cuidados específicos, que inclui as condutas a serem executadas em caso de ferimentos extensos ou

profundos, 71,42% procederiam de forma apropriada, em caso de luxação, entorse e contusão, 77,14%

agiriam adequadamente. Tais resultados podem ser melhor visualizados a partir da Tabela 01 abaixo:

Tabela 01. Conhecimento dos Agentes Comunitários de Saúde sobre Assistência Primária ao Trauma.

Questões nº de acertos %

Conceito de imobilização 30 85,71 Atribuição do ACS em APT 21 60,00 Uso de recursos naturais na APT 30 87,71 Aquecimento do paciente com suspeita de fratura 20 57,14 Hidratação do paciente com fratura exposta 15 42,85 Reconhecimento de sinais e sintomas indicativos de fratura 19 54,28 Condutas em caso de ferimentos extensos ou profundos 25 71,42 Conduta em caso de luxação, entorse e contusão 27 77,14

Fonte: Dados do pesquisador. A imobilização e o transporte do paciente traumatizado são um dos temas que mais causam dúvidas e

levam ao erro, pois na ansiedade de transportar a vítima até o hospital, muitos não executam regras básicas

que devem ser seguidas a fim de minimizar danos e aumentar a expectativa de vida do paciente com

traumas (SILVA, 2007). Esta realidade é observada em muitas localidades do mundo, no entanto, quando

se trata de comunidades rurais, quilombolas, ribeirinhas, esta situação torna-se preocupante, uma vez que a

insuficiência de profissionais da saúde especializados para efetuarem o atendimento emergencial e o

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desconhecimento das práticas de suporte básico de vida, induzem socorristas leigos a transportar

inadequadamente a vítima, levando horas e até mesmo dias para chegarem à unidade de saúde mais

próxima (ALMEIDA, 2014; RODRIGUES et al.., 2014). Cabe lembrar que nestas comunidades distantes, os

moradores comumente convocam o Agente Comunitário de Saúde (ACS) para prestar o socorro pré-

hospitalar, uma vez que tende a ser o único representante da saúde nessas áreas, conforme evidenciado

pelos presentes pesquisadores durante visitas técnicas a algumas comunidades quilombolas, rurais e

ribeirinhas localizadas no município de Santarém. Conclusão: O atendimento imediato prestado à vítima de

trauma, pode ser efetuado por cidadãos comuns, inclusive aqueles na condição de Agente Comunitário de

Saúde. No entanto, os mesmos devem estar munidos de conhecimentos básicos sobre situações

emergenciais que porventura possam surgir durante a prestação da assistência. Do contrário,

possivelmente serão realizados procedimentos de forma incorreta, ocasionando agravamento do estado de

saúde da vítima. Dessa forma, tendo informações básicas sobre assistência primária ao trauma, pode-se

diminuir, ou mesmo eliminar, a ocorrência de inúmeros problemas que podem trazer prejuízos à vida do

acidentado. Nessa perspectiva, ressalta-se a necessidade de esclarecimento e treinamento da população

para o atendimento das situações de emergência, como por exemplo o trauma (no que tange a imobilização

e outros cuidados); temáticas como a abordagem a Parada Cardiorrespiratória (PCR), também devem ser

incentivadas, pois são modificadores inquestionáveis de mortalidade nesse grupo de pacientes. Acredita-se

na indispensabilidade da capacitação/formação continuada, para que possa intervir em situações de

emergências, possibilitando também, ser um transmissor de informações a respeito de primeiros socorros.

Por outro lado, o enfermeiro possui um papel fundamental que é perceber em sua equipe as fragilidades de

conhecimentos para que, a partir desse diagnóstico, proponha capacitações que venham ao encontro das

necessidades da população. Assim, pode-se conceber uma equipe de profissionais transformadora que leva

informação de uma forma clara e simples à comunidade por ela assistida.

Referências Bibliográficas: ALMEIDA, A.S.B.; SOUZA, C.R.; LEAL, J.F.S.; SÁ, M.T.G.; MIRANDA, M.K.V.; PIMENTEL, E.M. Capacitação de Profissionais de Saúde para o Atendimento Básico ao Trauma com utilização de recursos naturais da Região Amazônica: um relato de experiência. Anais do 66º Congresso Brasileiro de Enfermagem. Belém, PA, 28 a 31 de outubro de 2014. GABRIEL, José Guataçara Correa. 2006. Medidas no Trauma em ambientes de floresta. Material fornecido pelo autor em capacitação aos profissionais de saúde. Ministério da Saúde (Brasil). Atendimento Pré-hospitalar Fixo. In: Ministério da Saúde Política Nacional de Atenção às Urgências. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. p. 68-83. RODRIGUES, H.D.I; SANTOS, P.R.G; SILVA, N.K.T; CORRÊA E.M.F.C; PINHEIRO, D.N. (2014). Educação permanente com Agentes Comunitários de Saúde no contexto Amazônico: um relato de experiência. Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de novembro. ISSN 2359-084X. Recuperado em 12 de janeiro de 2015 de: http://www.coesa.ufpa.br/arquivos/2014/expandidos/relatoexperiencia/REL060.pdf SANTOS, C.M.L.; Musse, J.M. et al.. Estudo epidemiológico dos traumas bucomaxilofaciais em um hospital público de Feira de Santana, Bahia de 2008 a 2009.

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SILVA, D.B; et al.. 2007. Manual de Primeiros Socorros, Lute pela vida, seja um socorrista. Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS. Alfenas. SILVA, J.A; DALMASO, A.S.W. (2002). O agente comunitário de saúde e suas atribuições: os desafios para os processos de formação de recursos humanos em saúde. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v6, n10, p.75-96, fev. Recuperado em 12 de janeiro de 2015 de: http://www2.fm.usp.br/cedem/did/atencao/debates1.pdf Palavras-chave: Trauma. Comunidades rurais. Capacitação de recursos humanos em saúde

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PANORAMA CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO E FUNCIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM 2014 Francisca Fabiana D. Monteiro¹, Richelma de Fatima de M. Barbosa¹, Axell Timotheo lima A. Lins¹, Brenda Cláudia S. dos Santos¹ ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA. Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: No contexto atual de saúde e doença, as desordens neurológicas assumem um papel

relevante na causa de óbitos, incapacidade funcional permanente ou não que geram impacto na

independência funcional e qualidade de vida. O país possui uma população de 190 milhões de habitantes,

sendo que a cidade de Santarém possui uma população de 294.580 habitantes (IBGE,2010). No contexto

dos atendimentos de reabilitação a pacientes com desordens neurológicas, profissionais atuantes na

assistência de pacientes neurológicos avaliem o estado funcional dessa população para estruturar

adequadamente o programa de reabilitação. O conhecimento da limitação funcional permite antecipar e

facilitar as atividades básicas de vida diária mais comprometidas, tornando o tratamento mais objetivo e

coerente com a realidade do paciente (POMPEU et al., 2010). Objetivos: Traçar o perfil clínico,

epidemiológico e funcional de pacientes com acometimentos neurológicos atendidos em um centro de

reabilitação no município de Santarém-PA. Metodologia: O presente estudo têm caráter, descritivo,

quantitativo e retrospectivo. Foram levantados os prontuários de pacientes do setor de atendimento do

Proamred (Programa de assistência multiprofissional de reabilitação ao deficiente ) que está nas

dependências da Universidade do Estado do Pará (UEPA) - Campus XII, no município de Santarém, Pará,

realizada nos meses de Agosto a Dezembro de 2014. Foram avaliados 25 prontuários no período de

Dezembro de 2014, sendo que 10 deles foram excluídos da pesquisa por não conterem todos os dados

pertinentes ou terem apenas avaliações sem iniciar o tratamento. Resultados:

A amostra foi composta de 25 pacientes portadores de desordem neurológica advindos do PROAMRED no

estágio supervisionado em Neurologia adulto no segundo semestre de 2014. Em relação as características

da amostra, esta se enquadra em 32% na faixa etária acima de 60 anos de idade, predominantemente do

Tabela 01. Características da amostra de pacientes com desordens neurológicas.

Características N % Características N %

Faixa etária Escolaridade 11 a 20 anos 3 12 Analfabeto 3 12 21 a 30 anos 4 16 Ensino Fundamental 8 32 31 a 40 anos 1 4 ensino médio 10 40 41 a 50 anos 3 12 Ensino superior 4 16 51 a 60 anos 6 24 >60 anos 8 32 Procedência Santarém 19 76 Gênero Outros municípios 6 24 Feminino 8 32 Masculino 17 68 Tempo de lesão < 1 ano 4 16 Estado civil 1 - 5 anos 16 64 Solteiro/Outros 10 40 6 - 11 anos 5 20 Casado 15 60 Fonte: Pesquisa, 2015.

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sexo masculino em 68%, casados (60%), alfabetizados no ensino fundamental em 32% dos casos,

procedentes do município de Santarém-Pará em 76% dos casos, com tempo de lesão neurológica entre 1 a

5 anos em 64% da amostra. Em relação ao diagnóstico neurológico, observou-se que 46,8%dos pacientes

eram diagnosticados com Acidente Vascular Encefálico, seguidos de 15,60% de traumatismo craniano e

trauma raquimedular.

15,60%

46,80%

15,60%

5,20%5,20%

5,20%

DIAGNÓSTICOS NEUROLÓGICOS

Parkisonismo

AVE

TRM

PC

TCE

ELA

Em relação às queixas principais, os pacientes relatavam em sua maioria a dificuldade de deambulação

(24%), dor (24%), e dormência (24%). As comorbidades mais prevalentes foram a Hipertensão arterial

sistêmica (48%) seguidas de Diabetes Melittus (30%).

Tabela 02. Queixas principais e comorbidades associadas.

Queixas Principais N % Comorbidades N %

Dificuldade de deambulação 6 24 HAS 12 48

Dor 6 24 DM 3 30

Dificuldade de realizar AVD’s 2 8 IAM 1 4

Desequilíbrio 2 12

Dormência 3 24

Outros 6 48

Fonte: Pesquisa (2015).

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Os achados clínicos neurológicos mais prevalentes em relação ao tônus muscular foram a hipotonia

(57,20%) e a hipertonia em 36,40%. Em relação aos reflexos profundos houve predomínio da hiporreflexia

em 72,80%. Conclusão: O presente estudo nos revelou que os pacientes com desordens neurológicas

frequentadores do Programa de Assistência Multiprofissional e Reabilitação ao deficiente –PROAMRED no

segundo semestre de 2014, foram na maioria portadores de Acidente Vascular encefálico, masculinos,

advindos do município de Santarém, com idade média de 43 anos, seguido pelos pacientes com TRM com

média de idade de 28 anos.

Assim, percebemos a importância do referido serviço na reabilitação de portadores de desordens

neurológicas do município de Santarém, atrelado ao contexto de ensino-pesquisa-extensão no cenário

universitário da UEPA- Campus XII.

Referências Bibliográficas: CONCEIÇÃO, LSR; OLIVEIRA, TVC; ANDRADE, JD; LIMA, PAL; ANDRADE, GS; SANTANA, L; CORREIA, JS. Perfil epidemiológico dos pacientes atendidos pela fisioterapia do hospital da universidade federal de Sergipe. Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente 2014; Out ; 3 (1): 29-38. IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em:< http://www.ibge.gov.br > Acesso em 28 Abr. 2014. POMPEU, S. M. A. A. et al.. Perfil Funcional Dos Pacientes Atendidos No Setor De Fisioterapia Neurológica Do Promove São Camilo. O Mundo da Saúde, São Paulo: 2010; 34(2):218-224. Palavras-chave: Perfil. Epidemiológico. Neurologia. Neuropatia.

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PERFIL CLÍNICO E PATOLÓGICO DE GRÁVIDAS ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DA MULHER EM SANTÁREM-PARÁ Luiz Saraiva Rabelo Neto1,2; Gustavo dos Reis Oliveira1,2; Axell Timotheo Lima Acioli Lins1,3; Lidiberg da Costa Araújo1,4

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA; 2Acadêmico de medicina da UEPA - Campus XII; 3Acadêmico de fisioterapia da UEPA – campus XII. 4Enfermeiro do Hospital Municipal de Santarém. E-mail: [email protected].

Introdução: No mundo, a cada ano, ocorrem 120 milhões de gestações, entre as quais mais de meio

milhão de mulheres morrem em consequência de complicações, durante a gravidez ou o parto, e mais de

50 milhões sofrem enfermidades ou incapacidades sérias relacionadas à gravidez (CUNHA et al.., 2009).

Objetivo: Traçar o perfil clínico e patológico de gestantes atendidas no Centro de Referência em Saúde da

Mulher. Metodologia: Foram avaliados dados dos prontuários do Centro de Referência em Saúde da

Mulher no município de Santarém no estado do Pará em janeiro de 2013, onde foram analisados os

antecedentes obstétricos das pacientes (gestações, partos e abortos), dispersão entre Pressão Arterial

Sistólica (PAS) e Pressão Arterial Diastólica (PAD) e Risco Gestacional. Resultados: Gráfico 1:

Antecedentes Obstétricos das pacientes atendidas no centro. Gráfico 2: Dispersão PAS e PAD. Gráfico 3:

Risco gestacional das pacientes.

Gráfico 1. Antecedentes Obstétricos das pacientes atendidas no centro. Fonte: Prontuário das pacientes do centro de referência (2013).

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Gráfico 2. Dispersão PAS e PAD. Fonte: Prontuário das pacientes do centro de referência (2013).

Gráfico 3. Risco gestacional das pacientes. Fonte: Prontuário das pacientes do centro de referência (2013).

Conclusão: Portanto, conclui-se que os dados coletados mostram que quanto aos antecedentes

obstétricos, mais da metade não soube informar ou não possuem, em caso de primigestas, já o segundo

maior risco por antecedentes foi registrado de gestantes que fizeram ou sofreram abortos. Quanto aos

registros de PAS e PAD, duas gestantes atingiram grau elevado de hipotensão e uma de hipertensão que

poderia vir a prejudicar o curso do período gestacional, as demais encaixam-se no quadro aceitável da

variável em questão. E para as doenças ou acometimentos que estão diretamente relacionados com o risco

gestacional, o mais prevalente foi o aborto, seguido pela idade que apresentou grande discrepância se

comparado com os demais itens. Em virtude disso a presente pesquisa reflete através de seus resultados a

realidade das mulheres do oeste do Pará no período gestacional, deixando claro o nível de complexidade

encontrada para assim transformar em material de estudo para melhorar a atuação multiprofissional para

com essas pacientes.

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Referências Bibliográficas: CUNHA, M. A. et al.. Assistência Pré-natal: Competências Essenciais Desempenhadas Por Enfermeiros. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. V.13, n.1. 2009. Palavras-chave: Gestantes. Pré-natal. Assistência

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PERFIL DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CRIANÇAS PARTICIPANTES DA ESCOLINHA DE GINÁSTICA GERAL DA UEPA

Victoria Andrade¹; Elizandra Carvalho1; Laenna Silva1; Luilma nunes1; Patrícia Ferreira1; Rosiely Miranda1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII Santarém-PA. E-mail: [email protected]

Introdução: O processo histórico percorrido pela Ginástica, no Brasil, data da década de 1920 e 1940, na

qual esta era a própria Educação Física (EF), com um olhar objetivo, higienista e militarista, visão essa que,

principalmente, a partir da década de 80, passou a ser questionado, pensando-se numa EF mais

democrática, humanizada e pedagógica, no qual, até então, não era a forma como a ginástica vinha sendo

abordada nas aulas de EF (SOARES, 1992). Apesar dessa breve historicidade, que explica um pouco o

caminho da ginástica no Brasil e no ambiente escolar, na década de 80 e 90, a ginástica volta a ter um

destaque na mídia, principalmente a Ginástica Artística e Rítmica, porém, com uma maneira elitista, pois é

quando sua difusão aumenta o número de praticantes, especialmente nos clubes, mas também traz consigo

a ideia, reforçada pela mídia, de que essas atividades são extremamente difíceis e que só podem ser

praticadas por atletas de alto nível, orientadas por técnicos especializados. Nesse momento a ginástica

passa a ser vista de forma esportivizada com aspecto tão somente de “Ginástica Espetacular” (BERTOLINI,

2005). No entanto, através de estudos, acredita-se que esta modalidade pode ser realizada com materiais

adaptados, bem como uma metodologia adequada denominada atualmente de Ginástica Geral ou Ginastica

para todos. Apesar de ser uma modalidade pouco conhecida, e até mesmo inexistente nas escolas e/ou

projetos que beneficiem a população, tem sobretudo uma visão mais democrática e humanizada, podendo

ser apresentada para diversas faixas etárias e ambos os gêneros (AYOUB, 2007). A pratica de atividade

física para crianças, que hoje em dia passam maior parte de seu tempo ligados a tecnologias, é atualmente

um dos fatores principais do sedentarismo que vem crescendo com o passar dos anos; além da ausência

de projetos que englobem atividades lúdicas e técnicas, para essa faixa etária e sobretudo que contribuam

para o desenvolvimento corporal, cognitivo e motor das mesmas. Dessa forma, a proposta de se fazer um

projeto para crianças, e também capacitar acadêmicos se dá na sustentação de que, com a retomada da

Ginástica no ambiente dentro e fora da escola confrontando-a entre as tradicionais e as novas formas de

exercitação, possibilitaremos aos participantes uma prática corporal que lhes permita atribuir “sentido

próprio às suas exercitações ginásticas”, como propõe Marcassa (2004, p.77) e sustentando o que

acreditamos nos caminhos e objetivos que a Educação Física se propõe enquanto formação de um aluno

crítico e criativo frente a sua realidade social e principalmente, permitindo a inclusão social de todos,

sabendo sempre respeitar seus limites e necessidades (PAOLIELLO, 2008). Além do mais, será uma nova

forma de se oferecer atividade física para o público infantil, visto que essa faixa etária, raramente é

privilegiada com qualquer tipo de projeto de esporte, lazer ou artes no município de Santarém, o que não

vem contribuindo para a diminuição da obesidade e sobrepeso, nem tampouco na busca frequente de uma

pratica prazerosa e significativa para crianças. Objetivo: Avaliar o perfil da composição corporal de crianças

participantes da escolinha de ginástica geral da Uepa. Metodologia: O projeto de Ginástica funciona duas

vezes por semana, as terças e quintas-feiras com duração de uma hora para cada turma, sendo as turmas

separadas por faixa etária. Há uma turma de 4 à 6 anos e outra de 7 à 10 anos. As atividades principais são

sempre pensadas de forma a trabalhar o equilíbrio, a coordenação, o ritmo, entre outras habilidades que a

ginástica proporciona. Foi verificado peso, altura e Índice de Massa Corporal, segundo a tabela para

crianças e adolescentes da OMS (2007), classificando-as em subnutrido, normal, sobrepeso ou obesidade.

Resultados e Discussão: Participam da escolinha atualmente 18 crianças. Dessas temos 14 meninas e 4

homens. A média de idade das crianças é de 7,5 anos, sendo a média de peso 29,59, altura 1,26 e IMC

18.24. Quando separados por gênero, a média encontrada para as meninas em relação a peso foi de 30.92,

altura 1,29 e IMC 18,5. Já os meninos a média em relação ao peso foi de 23,4, altura 1,14 e IMC 17.

Quando separados por gêneros, e faixa etária, em relação ao IMC, as meninas de 4 a 8 anos apresentaram

a média de 15.85, a qual dentro dessa faixa etária se mostra dentro da normalidade esperada entre peso e

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altura; as meninas de 9 a 11 anos, a média encontrada foi de 21,15, a qual para essa faixa etária se mostra

acima do esperado dentro da normalidade para crianças dessa faixa etária, a qual o valor máximo, antes de

sobrepeso é de 19.8. Os dados encontrados confirmam com o aumento da prevalência da obesidade que

está ocorrendo principalmente entre crianças e adolescentes (WHO,1998). No Brasil, de acordo com

Pimenta e Palma (2001), cerca de 3 milhões de crianças com menos de 10 anos de idade sofrem de

obesidade. Desta forma, a obesidade em crianças é considerada a doença nutricional que mais cresce no

mundo e a de mais difícil tratamento (FISBERG, 2005). Sua prevalência, no Brasil, apresenta aumento

progressivo em todas as classes sociais e sua frequência varia entre 5 a 18%, dependendo da região

estudada (RINALDI, 2008). No entanto, por ser uma atividade de escolha das crianças e que se percebe

sua participação de forma prazeirosa e dedicada, acreditamos que a sua continuidade, possa contribuir para

uma possivel diminuição desses dados encontrados, sabendo porem, que ela somente, não consegue

mudar tal situação, se não associada com outros aspectos que contribuem para a apresentação dessa

situação. Conclusão: Conclui-se que o perfil apresentado pelas crianças de 4 a 11 anos que participam da

escolinha de Ginastica Geral da Uepa em relação a composição corporal se apresentam de maneira

adequada. No entanto, quando analisadas em especial, as meninas entre a faixa etária de 9 a 11 anos,

estas apresentam um índice alarmante, que corrobora com outros estudos já citados, quando levado em

consideração o peso e a altura, e a classificação do IMC quanto a sobrepeso e obesidade. Acredita-se que

a pratica da ginastica geral possa ser uma oportunidade de mudança nesse cenário, se somado a outros

fatores que contribuem para essa melhoria, o qual poderemos analisar, num futuro próximo, com outros

estudos.

Referências Bibliográficas: AYOUB, E. Ginástica Geral e educação física escolar. 2 ed. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007. BERTOLINI, C. M. Ginástica Geral na escola: uma proposta pedagógica desenvolvida na rede estadual de ensino. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 2005. FISBERG, Mauro. Atualização em obesidade na infância e adolescência. Editora: Atheneu, São Paulo, p.235, 2005. MARCASSA, L. Metodologia do ensino da ginástica: novos olhares, novas perspectivas. Pensar a Prática, 7/2: 171 – 186, Jul/Dez. 2004. PAOLIELLO, E. Ginástica Geral: experiências e reflexões, São Paulo: Phorte, 2008. ______________ A ginástica Geral e a formação universitária. In: Fórum Internacional de Ginástica Geral, Campinas: 2001.p.25-29. PIMENTA, Ana Paula; PALMA, Alexandre. Perfil epidemiológico da obesidade em crianças: relação entre televisão, atividade física e obesidade. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília. Vol. 9 n. 4, p.19-24, 2001. RINALDI, Ana Elisa et.al. Contribuições das práticas alimentares e inatividade física para o excesso de peso infantil.

Rev Paul Pediatr Vol. 26(3):271-7, 2008.

ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: ArtMed Ed., 2002. SOARES, C.L.; TAFFAREL, C.N.Z; et al Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity. Preventing and managing the global epidemic: Report of WHO

consultation group on obesity. Geneva: WHO; 1998.

WORLD HEALTH ORGANIZATION – Obesity preventing and managing the Global Epidemic: Report of a WHO Consulation of Obesity. Geneva, WHO/NUT/NCD, 2007. Palavras-chave: Composição corporal. Infância. Ginastica geral

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PERFIL DOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS, INSCRITOS NO HIPERDIA DO CENTRO DE SAÚDE DA NOVA REPÚBLICA NO ANO DE 2012 – SANTARÉM – PARÁ Dannuza da Silva Lima¹; Jeane da Silva Facioni¹, Pâmela Giovanna Bacelar Batista¹, Cláudia Costa do Nascimento2, Renata Simões Monteiro¹, Veridiana Barreto do Nascimento2

1Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES; 2Faculdades Integradas do Tapajós – FIT, Santarém - Pará – Brasil. E-mail: [email protected].

Introdução: O Diabetes Mellitus é uma doença crônica de incidência mundial e de relevância para saúde

pública, que acomete tanto homens como mulheres em qualquer idade, “causado tanto pela ausência de

secreção de insulina como pela diminuição da sensibilidade dos tecidos à insulina”. (GUYTON; HALL 2011,

p. 999). De acordo Robbins et al. (2008), “existem duas classes principais com diferente mecanismos que

podem levar a doença, o diabetes tipo 1 e 2”. De acordo com o tipo de diabetes, tem-se formas diferentes

de desenvolvimento, faixa etária predominante, tratamento mais adequado, complicações mais incidentes,

cada um com suas particularidades, o que auxilia no diagnóstico de qual tipo de diabetes acomete o

indivíduo e tratamento. Esta patologia é de base multifatorial levando em consideração a expressiva

hereditariedade. Por ser uma doença crônica, com o passar dos anos o diabético torna-se susceptível a

desenvolver as complicações que podem causar alterações fisiológicas e anatômicas. Elas surgem devido

as alterações no metabolismo dos substratos energéticos que afetam toda a fisiologia do corpo humano,

podem ser agudas ou crônicas e são a principal causa de morte dos pacientes diabéticos. Segundo

Mascarenhas et al. (2011, p. 204), “a prevalência mundial do diabetes apresentou um aumento significante

nas últimas duas décadas devido a fatores como: envelhecimento populacional, níveis crescentes de

obesidade e sedentarismo”. A assistência de enfermagem deve ser voltada, além de outras, a expor para o

paciente quanto à patologia que o mesmo apresenta. Acredita-se que quanto mais ele conhece, mais estará

apto a realizar seu autocuidado. No caso do diabético é relevante que o mesmo seja orientado quanto aos

benefícios de realizar um tratamento correto, pois, além de melhorar a qualidade de vida do portador da

doença, ajuda na prevenção das complicações. Objetivo: Analisar o perfil dos portadores de Diabetes

Mellitus inscritos no Programa de Hiperdia do Centro de Saúde do Bairro da Nova República no período de

janeiro a dezembro de 2012-Santarém/Pará. Metodologia: Este estudo resultou de pesquisa bibliográfica e

documental. O enfoque da pesquisa deu-se de forma quantitativa e análise descritiva. Os dados foram

obtidos mediante consulta ao livro de inscrição no Programa de Hiperdia do Centro de Saúde do Bairro da

Nova República no período de janeiro a dezembro de 2012-Santarém/Pará e aos prontuários de 42

pacientes. Resultados: Quanto aos dados de identificação, constatou-se que 62% (26 pessoas) dos

pacientes são do sexo feminino e 38% (16 pessoas) dos pacientes são do sexo masculino. Referente à

faixa etária mais acometida por Diabetes Mellitus, evidenciou-se que 5% (2 paciente) das pessoas

encontravam-se na faixa etária entre 26 e 35 anos de idade, 9% (4 pessoas) entre 36 e 45 anos, 38% (16

pessoas) entre 46 e 55 anos e 48% (20 pessoas) acima dos 56 anos, sendo esta a idade mais acometida. A

tabela abaixo mostra o tipo de Diabetes mais incidente.

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Tipo de Diabetes Porcentagem Quantidade de pacientes

Tipo 1 10% 04

Tipo 2 90% 38

Fonte: Prontuários dos portadores de Diabetes Mellitus, inscritos no Programa de Hiperdia do Centro de Saúde do Bairro da Nova República.

Sobre o tipo de diabetes mais incidente, observou-se que 90% (38 pacientes) tem diabetes tipo 2, e 10% (4

pacientes) são portadores do diabetes tipo 1. Silverthorn (2003, p. 658) afirma que “os diabéticos tipo 2

compreendem 90% da população de diabéticos.” Os resultados da pesquisa referentes ao tipo mais

incidente apresentam-se de acordo com a afirmação do autor. A prevalência do diabetes tipo 2 era

esperada, logo que a patologia está relacionada com o estilo de vida da população, a alimentação

inadequada e a falta de exercício físico vivenciada pela maioria das pessoas nos dias atuais, o que pode ter

contribuído para o aumento percentual de acometimento do tipo 2, já o tipo 1 causado pelo processo

autoimune é mais raro. A tabela abaixo apresenta o tratamento realizado pelos diabéticos.

Tipo de Tratamento Porcentagem Quantidade de pacientes

Insulina 5% 02

Medicamentos orais 95% 40

Fonte: Prontuários dos portadores de Diabetes Mellitus, inscritos no Programa de Hiperdia do Centro de Saúde do Bairro da Nova República.

Referente à faixa etária mais acometida por diabetes, evidenciou-se que 5% (2 pessoas) encontravam-se

na faixa etária entre 26 e 35 anos de idade, 9% (4 pacientes) entre 36 e 45 anos, 38% (16 pessoas) entre

46 e 55 anos, e 48% (20 pessoas) acima dos 56 anos, sendo essa a faixa etária mais acometida. De acordo

com Lopes (2006, p. 3571) “[...] a doença é mais frequentemente diagnosticada na idade adulta, em geral

após os 40 anos de idade”. Observou-se que a idade mais acometida por diabetes no bairro da Nova

República foi acima dos 56 anos, o que condiz com a afirmação do autor, no qual foram identificadas 20

pessoas nesta faixa etária, quase que 50% de todos os pesquisados. Este dado pode ainda ser comparado

com os resultados apresentados na tabela 1, tipo de Diabetes Mellitus mais incidente, que mostrou que o

tipo 2 foi o que mais acometeu os inscritos no programa, pois se os diabéticos tipo 2 desenvolvessem a

doença após os 40 anos estes haveriam de representar a maior fração de diabéticos. A terceira tabela

mostra a presença de complicações.

Presença de Complicações Porcentagem Quantidade de pacientes

Sim 5% 02

Não 95% 40

Fonte: Prontuários dos portadores de Diabetes Mellitus, inscritos no Programa de Hiperdia do Centro de Saúde do Bairro da Nova República.

A respeito da presença de complicações 95% (40 pessoas) dos pacientes não apresentam nenhuma e 5%

(2 pessoas), apresentam complicação relacionada ao diabetes, sendo o IAM (Infarto Agudo do Miocárdio)

encontrado nos dois casos. Nota-se que, apenas 2 pacientes dos 42 portadores de diabetes pesquisados

apresentaram complicação. Este dado pode ser justificado pelo fato de que as complicações desenvolvem-

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se de acordo com a cronicidade da doença e a pesquisa voltou-se para os pacientes que foram inscritos no

ano de 2012, pressupõe-se então que, os mesmos não apresentam a doença de longa duração a fim de

desencadear as complicações. Pode-se citar ainda que os pacientes inscritos no programa realizam um

acompanhamento pela Unidade Básica de Saúde, recebem orientações de enfermagem a cerca dos

cuidados que devem ter para manter seus níveis glicêmicos controlados prevenindo as complicações e,

sempre que necessário, são encaminhados para a consulta médica para avaliação seu tratamento. Todos

esses fatores podem ter contribuído para baixa incidência das complicações nos portadores da doença.

Conclusão: O estudo realizado que visou conhecer o perfil dos portadores de Diabetes Mellitus do bairro

da Nova República inscritos no Programa de Hiperdia no ano de 2012, mostrou que é uma doença que

acomete principalmente mulheres acima dos 56 anos de idade, sendo o diabetes tipo 2 o mais incidente. O

tratamento utilizado na maioria dos pacientes é por medicação oral, e apenas dois paciente apresentaram

complicações, fato esse que pode ser justificado devido ao estudo estar voltado para os diabéticos recém

diagnosticados, não apresentando complicações decorrentes da doença, pois as mesmas só aparecem com

a cronicidade.

Referências Bibliográficas: GUYTON, A. C; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. MASCARENHAS, N. B. et al.. Sistematização da assistência de enfermagem ao portador de diabetes mellitus e insuficiência renal crônica. Revista Brasileira de enfermagem. n. 1. vol. 8, jan-fev, Brasília: 2011. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=580389&indexSearch=ID. Acesso: 20.04.2015. ROBBINS, S. L. et al.. Patologia Básica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2003. Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Diabéticos. Perfil.

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE TUBERCULOSE EM PACIENTES ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PARÁ, BRASIL NO PERÍODO DE 2013-2014 Luana Almeida dos Santos¹; Dayana Costa de Souza¹; Adjanny Estela Santos de Sousa² 1Graduanda de Enfermagem, Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), Santarém-Pa, [email protected]; 2Doutora em Genética e Biologia Molecular, professora da Universidade do Estado do Pará e Faculdades Integradas do Tapajós (FIT).

Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa, bacteriana crônica, de notificação

compulsória, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Em 1993, a Organização Mundial de Saúde (OMS)

a alegou como emergência de âmbito global, sendo assim necessário desenvolver políticas acerca de seu

controle (COSTA et al.., 2014). Em pessoas saudáveis, a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis por

vezes não manifesta sintomas, uma vez que o sistema imunológico da pessoa age para "bloquear" as

bactérias. Os principais sintomas da tuberculose ativa nos pulmões são: tosse, às vezes com secreção ou

sangue, dor no peito, fraqueza, perda de peso, febre vespertina e suor noturno. A tuberculose é uma

doença que tem cura; e seu tratamento é a base de antibióticos, sendo sua duração no mínimo seis meses

(WHO, 2014). Apesar dos avanços quanto ao controle, esta continua merecendo atenção especial pelos

profissionais de saúde e da sociedade, pois ainda obedece a todos os critérios de priorização de um agravo

em saúde pública, ou seja, grande magnitude, transcendência e vulnerabilidade (BRASIL, 2011). Objetivo:

O objetivo deste estudo foi conhecer o perfil epidemiológico de Tuberculose em pacientes atendidos em

uma Unidade de Referência no município de Santarém-PA, no período de janeiro de 2013 a dezembro de

2014. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo de natureza quantitativa, realizado no

município de Santarém, região Oeste do Pará - Brasil, no Laboratório de Análises Clínicas da Unidade de

Referência e Especialidades – URE-Santarém, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública –

SESPA. O Laboratório da URE-Santarém atua como serviço de diagnóstico, onde são realizadas

baciloscopias de escarro pelo método de Ziehl-Neelsen. Foram coletados dados dos livros de registro

referentes aos pacientes que foram atendidos no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2014. As

variáveis analisadas do perfil epidemiológico dos clientes foram: idade, gênero, município de origem e zona

de residência. Os resultados foram processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a

utilização do programa Excel (Microsoft para Windows 2010). Todo o processo de pesquisa obedeceu aos

princípios éticos dispostos na resolução 466/12 que estabelece normas para realização de pesquisa em

seres humanos (BRASIL, 2012) e como a pesquisa foi realizada em banco de dados secundários, para

evitar a identificação de pacientes individuais e possíveis problemas éticos, as pesquisadoras usaram dados

agrupados e previamente codificados na URE-Santarém. Resultados e discussão: No período analisado

na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo em Santarém, foram atendidos 596

pacientes a maioria do município de Santarém 498 (83,55%), sendo que 56 pacientes obtiveram o

diagnóstico positivo para Tuberculose. Destes 56 pacientes, 30 (53,57%) eram do sexo masculino: 22

(39,28%) encontravam-se na faixa etária de 20-39 anos, residentes principalmente na zona urbana. Esse

estudo corrobora com Procópio (2014), que evidenciou os novos casos de TB na faixa etária entre 23 e 34

anos, na população masculina e da zona urbana. O gráfico 1 demostra o total de números de pacientes

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atendidos que realizaram a baciloscopia na URE de Santarém durante o ano de 2013-2014. O gráfico 2

demostra o número de pacientes com diagnóstico positivo para Tuberculose no período de 2013-2014. A

Tabela 1 sumariza as características demográficas da população estudada.

Gráfico 1. Registro de pacientes submetidos ao método de Ziehl-Neelsen durante 2013-2014.

Gráfico 2. Registro de pacientes submetidos ao exame de baciloscopia com diagnóstico positivo para TB durante 2013-2014.

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Tabela 1. Características sociodemográficas dos pacientes atendidos submetidos a baciloscopia na Unidade de Referência de Especialidades (URE) Ismael Araújo durante o ano de 2013 e 2014.

Característica Sociodemográficas

Atendimentos Positivos

Município de origem N % Urbana % Rural %

Santarém 498 83,55% 34 68% 2 33,33%

Itaituba 25 4,19% 9 18% 1 16,66%

Belterra 27 4,53% 0 0% 1 16,66% Oriximiná 5 0,83% 2 4% 0 0%

Trairão 11 1,84% 3 6% 1 16,66% Monte alegre 4 0,67% 2 4% 0 0% Ruropóles 3 0,50% 0 0% 0 0%

Alenquer 1 0,16% 0 0% 0 0% Novo progresso 1 0,16% 0 0% 0 0% Juruti 1 0,16% 0 0% 1 16,66% Mojuí dos campos 2 0,33% 0 0% 0 0% Jacareacanga 3 0,50% 0 0% 0 0% Não informado 15

Total 596 50 6

Atendidos Positivos

Faixa etária Número % Número %

0 a 09 14 2,34% 1 1,78% 10 a 19 76 12,75% 3 5,35% 20 a 39 209 35,06% 22 39,28% 40 a 59 153 26,67% 18 32,14%

60 a 79 118 19,79% 10 17,85% 80 a 89 11 1,84% 2 3,57% Não informado 15

Total 596 56

Atendidos Positivos

Sexo Número % Número %

Mas 270 45,30% 30 53,57% Fem 311 52,18% 26 46,42% Não informado 15 -- -- --

Total 596 56 Fonte: URE.

Conclusão: A pesquisa possibilitou conhecer o perfil dos pacientes com tuberculose atendidos em uma

unidade de referência do município de Santarém durante o ano de 2013-2014. Na qual verificou-se o

acometimento principal para a TB em indivíduos masculinos adultos da faixa etária de 20-39, oriundos do

município de Santarém e residentes principalmente na zona urbana Nesse estudo observou-se falhas

quanto o preenchimento da ficha de investigação pelos profissionais de saúde e na vinculação dos casos.

Contudo o sistema informações sobre pacientes com tuberculose têm melhorado ao longo dos anos,

principalmente com a implantação do sistema de cadastro de dados digital. Destaca-se ainda o papel

essencial dos profissionais da saúde envolvidos no atendimento a estes pacientes quanto à viabilização,

supervisão contínua e monitoramento da situação da TB para a reorganização da atenção à doença no

contexto das unidades de referências. Nesse sentido como sugestão quanto às ações de controle da TB

destaca-se fundamentalmente a sensibilização e articulação dos responsáveis pelo controle da doença nos

diversos níveis do sistema de saúde.

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Referências Bibliográficas: BRASIL. MS. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/TB/mat_tec/manuais/MS11_Manual_Recom.pdf. Acesso em: 10 de Abr 2015. ______.CNS Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Publicada no DOU nº 12 – quinta-feira, 13 de junho de 2013 – Seção 1 – Página 59. Disponível em: htt//conselho.saude.gov.br/resoluções/2012/reso466.pdf Acesso em: 29 de Abr. 2015. COSTA. R.R.; SILVA. M.R.; ROCHA. A.S.; ABI-ZAID4 K.C.F.; JUNIOR A.A.F.; SOUZA D. M. K.; BONAN. P.R. F. Tuberculose: perfil epidemiológico em hospital referência no tratamento da doença. Rev Med Minas Gerais. v 24:n 5, p. 57-64. 2014 Disponível em: htt//scholar.googleuserconte.com/scholar?q=cache:c18vk CVUoMJ:scholar.google.com/+tuberculose:perfil+epidemiologico+em+hospital++referencia+++no+tratamento+da+ doença&hl=pt-BR&as_ sdt=0,5&as_vis=1. Acesso em 11 Abr. 2015. PROCÓPIO. M. J. Controle da Tuberculose: Uma proposta de integração ensino-serviço. 7ª ed. Rio de janeiro: ed. Fio Cruz, 2014. WHO. World Health Organization. Multidrug-resistant Tuberculosis. Disponível em: http://www.who.int /tb/dots/es/Acesso em: 10 de Abr 2015. Palavras-chave: Tuberculose. Doença. Epidemiologia

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PERFIL POSTURAL DE INDIVÍDUOS DEFICIENTES VISUAIS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO COM O MÉTODO PILATES Daniela Cristina Pantoja Neves1, Patrícia Reyes de Campos Ferreira2, Axell Timotheo Lima Acioli Lins1, Suzana Silva Lima1, Líbia Daniele Oliveira Jaty1, Kelly Cristina Rodrigues da Silva1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA. Brasil; 2Professora Dr. Docente da Universidade do Estado do Pará – Campus Santarém-PA. E-mail: [email protected].

Introdução: A Deficiência Visual (DV) foi caracterizada por Coll et al.. (2004) como um acometimento

sensorial, no qual o ser humano apresenta alterações visuais prejudicadas total ou parcialmente, ou seja,

pessoas que por algum fator (externo ou interno) possa ter prejudicado a acuidade visual em um certo grau

onde o mesmo tenha a prevalência de uma “escuridão” total ou parcial, podendo desencadear dificuldades

para realizar tarefas diárias comuns que lhe são impostas. Nesse contexto, o deficiente visual se torna um

indivíduo dependente ou não de aparelhos e/ou terceiros (bengalas, cão-guia, amigos/familiares) que

favoreçam sua mobilidade nos lugares. Segundo Neto (2009), a Teoria da Compensação ressalta que os

outros sentidos que encontram-se preservados executam o papel do sentido deficiente através da

hipersensibilidade que estes desenvolvem para exercer tal tarefa. A integração social objetiva inserir os

indivíduos deficientes na sociedade que apresentem fatores que não interfiram ou causem grandes

impactos no grupo ou sociedade onde o deficiente estará sendo incluído. Isso será possível através do

favorecimento ou manutenção dos padrões preservados que o mesmo possa vir a ter para que possa ser

usado no cotidiano social onde estará fazendo parte a partir da integração social (NETO, 2009). Nesse

contexto, o método pilates utiliza de técnicas que favorecem a melhora dos padrões corporais dos

indivíduos através dos exercícios globais que auxiliam na melhora das noções de concentração, equilíbrio,

percepção, controle corporal e flexibilidade para que assim possa ser alcançado os padrões

osteomioarticulares mais próximos do fisiológico, uma vez que o padrão compensatório desse tipo de

indivíduo são comuns, apresentando principalmente alterações posturais e deslocamento do centro de

gravidade (SOUZA e VIEIRA, 2006). Quantos aos seguimentos avaliados por Verderi (2003), o mesmo

ressalta que quando não se encontrarem perpendiculares um ao outro, ou seja, grau 0, será caracterizado

como um desnível, podendo ser leve, moderado ou grave. Objetivo: A presente pesquisa objetivou traçar o

perfil do centro de gravidade de indivíduos deficientes visuais, de um programa de pilates oferecido por uma

instituição pública. Metodologia: Foram coletados um n amostral de 12 indivíduos, sendo do sexo feminino

n=7 e do sexo masculino n= 5, com diagnóstico clínico de deficiência visual parcial (n=10) e total (n=2).

Participantes de um programa de atividade fisica através da aplicação do método pilates com duração de 50

minutos, durante duas vezes na semana. Para a coleta de dados, foram feitos avaliações quanto à

lateralidade e centro de gravidade. Os pesquisadores responsáveis executaram uma avaliação através de

registros fotográficos concentidos pelos participantes do estudo, onde foram registrados em posição

anterior, posterior, lateral direita e lateral esquerda através de marcações com material de fita adesiva em

extremidades óesseas em cabeça, tronco, membros superiores e membros inferiores, a uma distância de

1,5m do avaliador para o participante. Os dados foram analisados no Software de avaliação postural SAPO®

e em gráficos e planilhas no Microsoft Office Excel 2010 traçando a média geral do plano sagital e frontal

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geral, sagital e frontal para o sexo feminino e para o sexo masculino e sagital e frontal para maiores e

menores de 50 anos. Resultados: Gráfico 1: Média geral do plano sagital e frontal, no qual, a média

encontrada foi de 43,37 no plano sagital e -1,79 no plano frontal. Gráfico 2: Média por gênero do plano

sagital (gênero feminino: 43,24 e masculino: 43,56) e frontal (gênero feminino: -1,55 e masculino: -2,12).

Gráfico 3: Média por idade do plano sagital ( > 50 anos: 3,6. < 50 anos: 43,4) e frontal (> 50 anos: 3,6. < 50

anos: -5,64).

Gráfico 1. Media Geral do plano sagital e frontal do grupo estudado.

Gráfico 2. Média por gênero do plano sagital e frontal.

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Gráfico 3. Média por idade do plano sagital e frontal.

Conclusão: Conclui-se que os indivíduos participantes da pesquisa apresentaram maior desnível do centro

de gravidade no plano sagital quando comparado com o plano frontal. Já a média determinante pelo gênero,

o mesmo não apresentou discrepância evidente entre os mesmos, porém se tratando da comparação entre

os planos (sagital e frontal) o plano sagital apresentou significativa alteração quando comparado com o

outro, e a média por idade apresentou alteração maior no plano sagital dos indivíduos maiores de 50 anos e

o mesmo foi encontrado para os menores de 50 anos, quanto ao plano frontal. Houve alteração do

deslocamento do centro de gravidade para frente em indivíduos maiores de 50 anos e os indivíduos

menores de 50 anos apresentaram alteração para trás, podendo ser explicada pelo apoio prevalente na

região do antepé.

Referências Bibliográficas: COLL, C. et al. Desenvolvimento Psicológico E Educação - Transtornos De Desenvolvimento E Necessidades Educativas Especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004. NETO, E. P. Indicadores De Autoconceito E Inclusão Social: Uma Experiência Com Um Grupo De Pessoas Com Deficiência Visual Submetidas A Uma Proposta Interventiva Com Base No Pilates. 2009. Dissertação (Mestrado em Estudos Filosóficos e Sociais da Motricidade Humana). Universidade Castelo Branco. SOUZA, M. S; VIEIRA, C. B. Who are the people looking for the Pilates method? Journal of Bodywork and Movement therapies, v. 10, issue 4, 328-334, October 2006. VERDERI, E. A importância da Avaliação Postural. http://www.efdesportes.com/. Revista Digital – Buenos Aires - Año 8 - Nº 57 – Febrero de 2003. Acesso em: 30 de abril de 2015. Palavras-chave: Avaliação postural. Deficiente visual. Pilates

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PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO E O HISTÓRICO GESTACIONAL DE GRÁVIDAS ATENDIDAS NO CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DA MULHER Luiz Saraiva Rabelo Neto1,2; Gustavo dos Reis Oliveira1,2; Axell Timotheo Lima Acioli Lins1,3; Lidiberg da Costa Araújo1,4

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA; 2Acadêmico de medicina da UEPA - Campus XII; 3Acadêmico de fisioterapia da UEPA – campus XII. 4Enfermeiro do Hospital Municipal de Santarém. E-mail: [email protected].

Introdução: Santos, Radovanovic e Marcon (2010) afirma que além da dimensão biológica, a gravidez, é

um processo social que envolve o coletivo, mobilizando a família e o meio, em que a mulher está inserida.

Para que a promoção da saúde, a prevenção de doenças e a detecção precoce de situações de risco

ocorram de maneira segura é importante o envolvimento da mulher, do seu companheiro, da família e dos

serviços de saúde. Segundo Oliveira et al. (2012), o cuidado durante a gestação, necessita ser permeado

pelo conhecimento científico, pela humanização da assistência e pelo intenso respeito às mulheres como

sujeitos ativos desse processo. Objetivo: Analisar o perfil sócio econômico das pacientes atendidas pelo

programa de atenção ao pré-natal. Metodologia: Foram avaliados dados dos prontuários do Centro de

Referência em Saúde da Mulher no município de Santarém no estado do Pará em janeiro de 2013, onde

foram analisados os padrões sociodemográficos da gestante a partir da localidade onde era advinda até o

momento em que foi executado o regitro na instituição participante, sendo categorizada em zona Urbana,

zona Rural e Outros Municípios para aquelas que não residiam na região metropolitanta do Município de

Santarém, e o histórico gestacional da paciente com avaliação do Número de Gestações, Partos e Abortos.

Resultados: Gráfico 1. Perfil demográfico das gestan tes cadastradas na instituição. Gráfico 2: Perfil étnico

das gestantes atendidas no centro. Tabela 1. Distribuição quanto ao histórico obstétricos das pacientes.

Gráfico 1: Perfil demográfico das gestantes cadastradas no centro. Gráfico 2: Perfil étnico das gestantes

atendidas no centro.

Gráfico 1. Perfil demográfico das gestantes cadastradas no centro. Fonte: Prontuário das pacientes do centro de referência (2013).

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Gráfico 2. Perfil étnico das gestantes cadastradas no centro. Fonte: Prontuário das pacientes do centro de referência (2013).

Conclusão: Considerando a importância da gravidez de alto risco na saúde materno-fetal, é necessário que

estudos periódicos sejam realizados nos centros especializados, para que assim, possam ser identificadas

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as doenças mais incidentes, bem como os fatores que podem favorecer o surgimento ou agravar

esta situação, permitindo aos profissionais da saúde uma intervenção mais precisa, obtendo-se como

resultado a redução das complicações a que estas pacientes estão submetidas.

Referências Bibliográficas: SANTOS, A. L.; RADOVANOVIC, C; A. T.; MARCON, S. S. Assistência Pré-natal: Satisfação e Expectativa. Rev. Rene, v.11. Número Especial. p. 61-71, 2010. OLIVEIRA, F. S. et al. A Organização do Trabalho das Enfermeiras na Assistência Pré-natal: Uma Revisão Integrativa. Cenc. Cuid. Saúde, V.11. n2. p.368-375, 2012. Palavras-chave: Gestantes. Pré-natal. Assistência.

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POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E VALORIZAÇÃO DA CULTURAL LOCAL: UM OLHAR PARA AS CLASSES MULTISSERIADAS Cláudia Neves Nascimento1, Gilvandra Santos Odani1, Rosenilma Branco Rodrigues1, Francisco Robson Alves da Silva1. ¹Secretaria Municipal de Educação de Santarém Pará. Escola Municipal de Ensino Fundamental Deputado Ubaldo Corrêa. Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução: A legislação brasileira nos oferece ampla base legal para a implementação de políticas

públicas que atendam as particularidades dos povos do campo. Neste sentido, os avanços conquistados

abrangem: obtenção de marcos legais e de programas educacionais destinados a esses sujeitos, bem como

a inserção do tema na agenda de pesquisa das universidades públicas brasileiras e articulação entre os

diferentes movimentos sociais e instituições que lutam pela Educação do Campo (MOLINA; FREITAS,

2011). Dentre as especificidades vivenciadas na Educação Básica do Campo estão as multisséries que são

turmas formadas por crianças que estão no ensino fundamental das séries iniciais (1º ao 5º ano) em

decorrência da realidade geográfica e populacional. De acordo com o Censo Escolar 2012, no Brasil existe

93.493 turmas multisseriadas com 342.845 professores lotados. No município de Santarém, existem de

acordo com o Censo Escolar SEMED (2013) 325 escolas localizadas no campo, Destas, 269 escolas

possuem turmas multisseriadas com 362 professores lotados. As Diretrizes Operacionais para Educação

Básica nas Escolas do Campo (Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica nº1, de 3 de

abril de 2002) reforçam as orientações estabelecidas e definem em seu Art. 1º o que compreende a

Educação do Campo e à quem se destina: Compreende Educação Básica em suas etapas de Educação

Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional Técnica de nível médio integrada com

o Ensino Médio e destina-se ao atendimento às populações rurais em suas mais variadas formas de

produção da vida – agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e

acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros. Compreendemos enfim que

para resgatar e construir uma identidade do homem e da mulher do campo é necessário que haja

mudanças culturais e comportamentais por meio da ressignificação do conhecimento (FERREIRA;

BRANDÃO, 2010). Objetivo: Investigar a concepção dos professores das classes multisseriadas que fazem

parte da política de Educação no Campo no munícipio de Santarém – Pará. Metodologia: As informações

apresentadas consistem de pesquisa bibliográfica que subsidiou na fundamentação teórica e de campo com

aplicação de questionário aberto a 30 professores, correspondendo a um universo total dos 189 que estão

inseridos nessa política, é importante destacar que a referida política se efetiva por meio do programa

Escola da Terra. Após esse processo de coleta de dados os elementos foram analisados estatisticamente,

para um melhor entendimento das informações e considerando as questões abertas, optou-se por

definições de categorias para tabulação desses dados. Resultados: No decorrer da pesquisa bibliográfica

identificou-se que a Política de Educação do Campo no município de Santarém iniciou desde 2010, com a

implantação do programa Escola Ativa, oferecendo formações aos professores das classes multisseriadas,

bem como acompanhamento pedagógico in loco. Em 2014 a política permanece, no entanto, com uma

outra formatação e nomenclatura agora Escola da Terra, visando promover a valorização da identidade das

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escolas do Campo, neste contexto, a universidade a passa a fazer da coordenação na esfera Estadual a

qual é responsável pela formação na modalidade de curso de aperfeiçoamento dos professores e tutores,

Neste sentido, as formações do Programa Escola da Terra foram definidas a partir de um Eixo formativo

central denominado: Organização Interdisciplinar do Trabalho Pedagógico nas Escolas do Campo e

Quilombolas da Amazônia com sub eixos formativos: A identidade da Escola do Campo e Quilombola-

transgressão do paradigma (multi)seriado de ensino e Interdisciplinaridade na organização do trabalho

docente: Planejamento, Currículo, Metodologias e Avaliação nas escolas do Campo e Quilombolas, do total

de turmas multisseriadas do município, 52% estão inseridas no Programa, vale ressaltar que todas as

escolas que possuem essa realidade recebem kits pedagógicos nas áreas de língua portuguesa e

matemática. Essas informações são resultados de levantamento bibliográfico. Sobre a pesquisa de campo

as questões selecionadas correspondem as que venham responder ao objetivo proposto. Tabela 1.

Concepção dos Professores que participam do Programa Escola da Terra.

Indagação Ineficiente Satisfatório Bom Ótimo

Como avalia o Programa Escola da terra? 10% 10% 3% 73%

Como você avalia sua participação nas formações? 6% 27% 0% 67%

Conclusão: conforme nossa metodologia, concluímos que a política de Educação do Campo implantada no

município a partir de uma proposta do governo federal vem correspondendo às expectativas e a

necessidades que os professores têm de ressignificação da prática docente, diagnosticamos ainda que os

desafios para desenvolver metodologias para turmas multisseriadas vêm sendo superados por meio das

formações promovidas pela universidade enquanto coordenação estadual do Programa, neste sentido

averiguamos quão é fundamental a valorização e a interdisciplinaridade para o ensino aprendizagem.

Referências Bibliográficas:

FERREIRA, Fabiano de Jesus; BRANDÃO, Elias Canuto. Educação do Campo: um olhar histórico, uma realidade concreta (Revista Eletrônica de Educação. Ano V. No. 09, jul./dez. 2011). Disponível em http://www.unifil.br/portal/arquivos/publicacoes/paginas/2012/1/413_546_publipg.pdf> Acesso em: 25, abr. 2015. SANTARÉM. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. PROGRAMA ESCOLA DA TERRA. Senso Escolar 2013. Santarém – Pará. MOLINA, Mônica Castagna; FREITAS, Helana Célia de Abreu. Avanços e desafios na construção da Educação do Campo. Em aberto, Brasília, v. 24, n. 85, p. 17-31, abr. 2011. Disponível em: http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/2562/1751 Acesso em: 20, abr. 2015. Palavras-chave: Educação do Campo. Classe multisseriada. Valorização cultural.

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QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO CENTRO DE SAÚDE DA COMUNIDADE DO TABOCAL NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM Maria Adriana Soares Rebelo1; Brenda Reis1; Marinaldo Oliveira1; Renata Monteiro1; Rair Silvio Saraiva1; Veridiana Nascimento2

1Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES); 2Docente da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Santarém-Pa, Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução: O estudo aborda a qualidade de vida dos pacientes hipertensos atendidos no centro de saúde

da comunidade do Tabocal no Município de Santarém. Onde menciona a hipertensão arterial e os fatores

que contribuem para a qualidade de vida. Atualmente, pode-se observar um aumento significativo de

pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial, em decorrência de fatores hereditários, e principalmente

por hábitos e estilo de vida inadequada. Observa-se que cada vez mais a questão alimentar tem

influenciado nesse resultado. A hipertensão arterial (HA) é um problema de saúde pública no Brasil e no

mundo. Sendo está um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares,

cerebrovasculares e renais, sendo responsável por 40% de mortes por acidente vascular cerebral, 25% das

mortes por doença arterial coronariana e em combinação com diabetes, 50% dos casos de insuficiência

renal terminal (BRASIL, 2006 apud LOPES, 2010, p 17). A HA é uma doença crônica, de alta prevalência e

de múltiplas causas, entre elas, estão os fatores hereditários, hábitos e estilos de vida considerados

incorretos pela maioria das pessoas. Observa-se, no entanto, que está patologia tem se transformado em

um problema de saúde pública em todo mundo, devido à alta prevalência de pessoas acometidas, e por ser

considerada a principal causa de morte e responsável pelo aumento de atendimento, em nível ambulatorial.

Considera-se pressão alta, quando o indivíduo apresenta “valores igual ou superior na pressão sistólica 140

mmHg e na pressão diastólica 90mmHg, quando verifica-se esse aumento duas vezes consecutivas ou

mais”. Através desses valores de referência como base chega-se a um diagnóstico (FIGUEREDO, 2008, p.

321). De acordo com Brasil (2001 apud Carvalho 2003): A qualidade de vida pode ser entendida como um

estado de completo bem-estar físico, mental e social, esse conceito de saúde supera o caráter estático,

exclusivamente sanitário e de ausência de doença, característicos do conceito que foi adotado

anteriormente, o qual não compreendia a amplitude de aspectos que a saúde representa. Ter qualidade de

vida reúne vários aspectos, que somam os cuidados indispensáveis para a vida do ser humano, pois se

observa que a qualidade de vida relaciona vários fatores do desenvolvimento humano, como um todo,

sendo que o indivíduo deve manter ou obter saúde física, mental e buscar algo mais além, precisa estar

bem consigo mesmo. Para isso, devem-se buscar fatores como lazer, vida social, atividade física,

alimentação saudável, amor, amizades, educação, dormir bem para repor as energias, união familiar e

outros. O profissional enfermeiro deve ter habilidades e competências para orientar as pessoas no sentido

de promover e proteger a saúde, evitando os riscos, restaurar a saúde e prevenir doenças. Sabe-se, no

entanto, que a enfermagem deve dar assistência direcionada de forma que possa controlar a

hipertensão arterial e diminuir os fatores de riscos, pois através da consulta de enfermagem, o enfermeiro é

capacitado para realizar uma assistência individual ao paciente, com objetivo de coletar dados pertinentes,

identificação do problema e implementação do cuidado ao mesmo. Dessa forma, é importante desenvolver

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ações educativas para a comunidade, no que diz respeito a informações sobre hipertensão arterial,

sinais e sintomas, tratamento, prevenção da incapacidade, resistência ao tratamento e a participação dos

colaboradores de saúde responsáveis nesse enfrentamento. Assim com os esclarecimentos sobre a

hipertensão arterial, pode-se melhorar a qualidade de vida dos pacientes, articulando meios para o bem-

estar dos mesmos. Objetivo: Investigar a qualidade de vida dos pacientes hipertensos do Centro de Saúde

da Comunidade do Tabocal no Município de Santarém, através dos fatores que contribuem para a qualidade

de vida, como alimentação saudável, práticas de atividades físicas regulares, educação, evitar álcool, fumo,

ter lazer, união familiar, amor, amizades e outros. Metodologia: A pesquisa teve como base metodológica

no primeiro momento o embasamento teórico, no segundo momento realizou-se uma pesquisa de campo no

Centro de Saúde da Comunidade do Tabocal com os pacientes hipertensos no ano de 2013. A população

cadastrada no grupão era de 100 pacientes, de onde retirou-se uma amostra de 80 pacientes portadores da

patologia. Os dados foram coletados através de questionário estruturado no modelo fechado. Resultados:

O estudo revelou que 70% dos hipertensos são do sexo feminino enquanto 30% são do sexo masculino e

que a falta de escolaridade, bem como a falta de atividades físicas, lazer, falta de orientações continuadas

nos grupões sobre hábitos e estilo de vida saudável, alimentação adequada tem contribuído para que os

mesmos não tenham qualidade de vida. De acordo com os valores citados na tabela, a maioria entende que

qualidade de vida é um completo bem estar, físico, mental e social, mas que infelizmente não buscam

manter esses fatores saudáveis. Observa-se que a maioria dos participantes tem noção do que significa

qualidade de vida, segundo o que cita o Ministério da Saúde, entretanto, há a necessidade de confirmar

esses dados mediante estudos aprofundados que possibilitem analisar mais detalhadamente quais os

fatores que os fazem ter qualidade de vida e sua relação com seu próprio bem-estar. E 27% entendem que

fazer uso de medicamentos sem atividade física promove a qualidade de vida; por último acreditam que

uma boa alimentação, atividade física, medicamentos prescritos pelos médicos devem ser substituídos por

remédios caseiros. Para (Souza, 2012, p. 27) “Qualidade de vida é uma noção eminentemente humano

estando aproximadamente um grau de satisfação encontrada na vida familiar, amorosa, social e ambiental e

a própria estética existencial. Está relacionada aos elementos que a sociedade considera como padrão de

conforto e bem-estar, variando com a época, valores, os espaços e as diferentes histórias com foco na

promoção da saúde”.

Tabela 1. Conceito de Qualidade de Vida.

Qualidade de vida é um completo bem-estar, físico, mental e social 44% (35)

Qualidade de vida é ter uma boa alimentação, atividade física e fazer uso de remédio caseiro e substituir o medicamento do médico

26% (21)

Qualidade de Vida é comer frutas e comidas gordurosas

3% (2)

Qualidade de vida é fazer uso de medicação sem a necessidade de praticar atividades físicas.

27% (22)

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Tabela 2. Cuidados para Manter a Pressão Arterial Normal

Prática de atividade física e fazem uso da medicação em horário e dieta 11% (9)

Tomam medicação para manter a pressão normal 61% (49)

Dieta e tomam medicação para manter as taxas de normalidades 25%(20)

Uso de remédio caseiro para manter a pressão arterial normal. 3% (2)

Atribuído a tabela acima, o índice de pessoas que faz apenas o tratamento medicamentoso é muito alto

(61%), deixando de lado os hábitos e estilos de vida adequados. Pois, a maioria só usa o medicamento

como forma de tratamento. Um desafio para a enfermagem é conseguir conscientizar os hipertensos a uma

cultura diversificada para seu autocuidado, fazendo-os somar ao tratamento medicamentoso medidas de

educação em saúde que englobem desde a disciplina medicamentosa até prática regular de atividade física

o que refletiria em reeducação alimentar e melhora da autoestima, consequentemente, na melhoria da

qualidade de vida. Em segundo lugar, com 25% dos casos, os pesquisados fazem dietas e uso dos m

edicamentos para manter pressão normal e apenas 11% mostram que praticam atividade física, tomam

medicamento no horário e controlam a dieta. O que se pode observar, é que o não estabelecimento de

uma rotina ideal para hipertensos, acaba por contribuir para o desajuste da pressão, pois não são

realizados em simultaneidade com outros fatores necessários. Sobre o tratamento não medicamentoso,

Cuppari (2005, p. 305) considera: As medidas terapêuticas não-famacológicas no tratamento da hipertensão

arterial, fazem parte de uma mudança comportamental global, pois a incorporação de novos hábitos de vida

garante os benefícios alcançados sejam duradores desde que as mudanças no estilo de vida sejam

permanentes. Sabe-se que tratamento não medicamentoso, é composto por vários fatores que contribuem

para o controle da hipertensão arterial e prevenção da mesma, sendo composta pela prática de atividade

física regular, alimentação saudável, através da diminuição de carboidratos, gorduras, além da eliminação

de álcool, fumo e estresse. Conclusões: Com base nos resultados obtidos, a maioria dos pacientes

hipertensos do centro de saúde da comunidade do Tabocal tem conhecimento sobre qualidade de vida,

porém faltam incentivos para que os mesmos comecem a praticar os fatores que proporcionam a qualidade

de vida, pois se acredita que a falta de uma quadra esportiva e de professor de educação física tem

influenciado para o não controle da hipertensão, e consequentemente, a qualidade de vida dessa

população, que mesmo hipertensa poderá controlar a patologia e melhorar a qualidade de vida como um

todo.

Referências Bibliográficas: CARVALHO. Construindo um saber-Metodologia científica: Fundamentos e técnicas, 2 ed. Campinas: Papirus, 2006. CUPPARRI, Lilian, Guia de nutrição: Nutrição clínica no adulto. 2 ed. São Paulo Barueri, Manole, 2005. FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida. Ensinando a cuidar em saúde pública. 2ªed. São Paulo. Yendis, 2008. LOPES, Kelly Menezes, Baixa Adesão ao tratamento anti-hipertensivo uma revisão teórica. Janaúba-MG, 2010. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2402.pdf. Acesso em 06.10.2013 ás 20h42min.

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SOUZA, Alessandra de Oliveira. Hipertensão Arterial Sistêmica no Brasil. Avaliação dos Estudos de base populacional. Universidade Federal de MG. Faculdade de medicina. Núcleo de educação em saúde coletiva. Uberaba, 2012. 42f. Monografia (Especialização em Atenção Básica de Saúde da Família). Palavras Chaves: Qualidade de Vida. Hipertensão Arterial. Pacientes.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: SOBRE A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO CONTEXTO DA SAÚDE DA CRIANÇA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTARÉM-PA Jéssica Dalyane de Sousa Ferreira; Luana Almeida dos Santos; Rodrigo Cunha Gastaldi; Maria Conceição Cavalcante Farias² Graduando em enfermagem pelas Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), e-mail: [email protected]; Enfermeira. Mestre em Bioengenharia, Professora pelas Faculdades Integradas do Tapajós (FIT) e Universidade Estadual do Pará (UEPA). Introdução: A disciplina de estágio supervisionado em saúde da criança é oferecida no último ano da

graduação, tendo como finalidade promover a integração do conhecimento a partir das vivências,

favorecendo o exercício das ações assistencial e gerencial. No sistema de saúde brasileiro, a Política de

Atenção à Criança sempre esteve interligada à saúde materna, definida como política de Saúde Materno-

Infantil (ERDMANN; SOUSA, 2009). A atenção à saúde da criança realizar-se através do acompanhamento

periódico e sistemático do crescimento e desenvolvimento infantil, vacinação, orientações às mães/famílias,

prevenção de acidentes, aleitamento materno, higiene individual e ambiental e, também, pela identificação

precoce dos agravos, com vista à intervenção efetiva e apropriada (SESDF, 2014). A enfermagem, assim

como outras profissões, está vinculada ao processo de transformação social, econômica e cultural do

sistema. Fazendo parte de seu trabalho desempenhar ações que viabilizem o processo de cuidado em todo

o ciclo de vida do ser humano. Torna-se importante que o enfermeiro consiga visualizar os problemas de

saúde da criança, para planejar ações que possam impactar a saúde da população infantil. Deve-se ainda

buscar as reais necessidades da criança, prestando-lhe um cuidado que a valorize integralmente. Objetivo:

Esse trabalho tem com objetivo relatar a experiência sobre a atuação do profissional enfermeiro no contexto

da saúde da criança em uma unidade de saúde do município de Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de

uma pesquisa qualitativa, descritiva do tipo relato de experiência. Para Gonçalves (2014, p. 91-101), a

pesquisa descritiva é quando o pesquisador apenas registra os fatos observados sem interferi nele. O autor

também estabelece que a pesquisa qualitativa é quando não se faz uso de dados estatísticos na análise do

problema. O cenário de prática da disciplina do Estágio Supervisionado de Saúde da Criança ocorreu em

uma unidade de saúde localizado no bairro do Santarenzinho, no município de Santarém, Pará. O estágio

ocorreu no 1º trimestre de 2015 no mês de Março. Resultados e Discussões: Durante o estágio observou-

se as mudanças em relação ao calendário vacinal e a importância do Programa Nacional de Imunização.

Ressaltando que vacinação é uma ação integrada e rotineira dos serviços de saúde, pertencendo ao nível

de atenção primária de baixa complexidade e de grande impacto nas condições gerais da saúde infantil,

representando um dos grandes avanços da tecnologia médica nas últimas décadas, se constituindo no

procedimento de melhor relação custo e efetividade no setor. Para Brasil (2014), a vacinação em crianças

tem como objetivo proteger esse grupo o mais precocemente possível, garantindo o esquema básico

completo, reforços e as demais vacinações nos anos posteriores. Observou-se também o papel da

enfermagem quanto a sensibilização da mães/familiares quanto o aleitamento materno exclusivo durante os

6 primeiros meses da criança e seus benefícios mãe/filho. No Brasil, uma pesquisa de sobre a situação do

aleitamento materno em nível nacional constatou que a mediana de duração da amamentação de sete

meses e de amamentação exclusiva de apenas 1 mês. Apesar de a grande maioria das mulheres (96%)

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iniciarem a amamentação, apenas 11% amamentam exclusivamente no período de 4 a 6 meses, 41%

mantêm a lactação até o final do primeiro ano de vida e 14% até os 2 anos (PEREIRA et al., 2010). Na

Unidade de saúde em que foi realizado o estágio funcionava a ESF (Estratégia Saúde as Família) na qual

estabelece-se a interligação profissional-comunidade. Nesse sentido Kebian; Oliveira (2015), ressalta que a

ESF oportuniza um espaço privilegiado para a aplicação diferenciada das práticas de cuidado. Através dela,

é possível identificar de modo aproximado ao contexto da população as suas principais demandas e, com

isso, buscar desenvolver uma assistência eficaz. Conclusão: A assistência da saúde da criança é uma

ação que se dá no processo de trabalho, buscando a atenção integral à saúde, segundo perspectiva do

Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto recuperação da dimensão cuidadora e a capacidade de oferecer

atenção integral à saúde da criança são desafios postos para todos os profissionais dos serviços de saúde.

Por fim o profissional da saúde deve promover em suas condutas a humanização, está que é tão exaltada

por intelectuais e tão sútil na realidade. O estágio supervisionado é o término de um ciclo de aprendizagem

acadêmica, e a oportunidade de tirar dúvidas, rever as condutas e as reais ações do enfermeiro em um

determinado setor que no caso: Saúde da criança. Assim este trabalho não tem intenção de esgotar o tema

abordado mais despertar questionamentos sobre aplicação de medidas eficazes, quer seja no campo de

formação dos profissionais, ou na prática dos profissionais da enfermagem.

Referências Bibliográficas: BRASIL. M. S. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.Disponivel em: bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao. pdf. Acesso em: 06 de Abr de 2015 ERDMANN. A. L.; SOUSA F. G. M. Cuidando da criança na Atenção Básica de Saúde: atitudes dos profissionais da saúde. O Mundo da Saúde São Paulo: v. 33 n. 2 p.150-160.. 2009; Disponível em:http://wwwsaocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/67/150a160.pdf. Acesso em 03 de Abr de 2015. GOLÇALVES. H. A. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. 2º ed. São Paulo: Avercamp, 2014. GUIMARÃES. T. M. R. Impacto das ações de imunização pelo Programa Saúde da Família na mortalidade infantil por doenças evitáveis em Olinda, Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(4):868-876, abr, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v25n4/18.pdf Acesso em 03 de Abr de 2015. PEREIRA. A. R.; ARAÚJO. M. Z.; Santos.; A. C. V.; Silva. J. Aleitamento materno e prática do desmame precoce: aspectos relevantes e prioritários do perfil dos lactentes sob o olhar da enfermagem. Saúde da crianças. - 2010 Disponível em: http://www.unescfaculdade.com.br/pdfs/06-11-2012.160059_aleitamento_Materno_e_pratica_do_desmame_precoce.pdf. Acesso em 04 de Abr de 2015. KEBIAN L. V. A.; OLIVEIRA S. A. Práticas de cuidado de enfermeiros e agentes comunitários de saúde da estratégia saúde da família. Cienc Cuid Saude v 14 n. 1 p. 893-900. 2015 Jan/Mar; Disponível em: www.fen.ufg.br/revista/v16/n1/pdf/v16n1a19.pdf. Acesso em 20 de Abr 2015. SESDF. Secretaria de estado da saúde do Distrito Federal. Caderno de Saúde da Criança – Brasília: Núcleo de Saúde da Criança, 2014. 91 p.: il. – (Cadernos de Saúde da Criança, nº 03. Disponível em: http://www.saude.df.gov.br/images/Programas/http://www.saude.df.gov.br/ images/Programas/Protocolo_de _Atencao_Primaria_a_Sa%C3%BAde_da_Crianca_-_Versao_Final.pdf Acesso em: 20 Abr 2015. Palavras-chave: Enfermagem. Criança. Assistência

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SENTIDOS E SIGNIFICADOS DA DANÇA PARA ALUNOS DO 6º ANO DE UMA ESCOLA PUBLICA ESTADUAL DE SANTARÉM Dennis da silva Rodrigues1, Andressa Karoline Santana Teixeira1, Carla Alvina Duarte Castro1, Francisca Vieira de Souza1, Edna Ferreira Coelho Galvão1. 1Universidade do Estado do Pará, Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: a dança é uma manifestação artística muito forte no estado do Pará, mobilizando as escolas,

em geral, a organizarem eventos com a presença de diferentes estilos de dança. Festividades como: festas

juninas e festivais folclóricos estão presentes em todos os municípios do Estado. Este potencial para a

dança e incentivado pelas escolas que também reproduzem suas festas culturais e outras enaltecendo

datas importantes para o calendário escolar, nestes eventos é comum os alunos contratarem um coreógrafo

para montar e treinar as danças. O professor de Educação Física muitas vezes fica a margem desse

processo. Pensando nisso questionou-se qual o valor/sentido educacional da dança na escola. Objetivo:

diante do questionamento acima se buscou investigar os sentidos e significados da dança, para alunos do

6ºano de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio de Santarém. Metodologia: este estudo

desenvolveu-se a partir da aplicação de um questionário direcionado a 12 alunos do 6º ano de uma escola

Estadual de Ensino Fundamental do município de Santarém e do desenvolvimento de seis aulas de dança

de cunho educacional na escola. A aproximação com estes alunos se deu a partir de um encontro com a

turma dos alunos do 6º ano na aula de Educação Física na escola, onde foram apresentados os objetivos

do estudo, tirou-se as dúvidas e foi feito o convite para a participação. Vele lembrar que a turma era

pequena, pois muitos não fazem Educação Física, e dos que estavam presentes apenas 12 participaram do

estudo. Neste encontro buscou-se estabelecer um contato mais próximo dos pesquisadores com os alunos

e, assim, permitir maior desenvoltura para falar sobre a dança no espaço escolar. Foi aplicado o

questionário aos alunos e de pois agendados três encontros (seis aulas) onde foi proporcionado vivencias

da dança educativa na perspectiva educacional, nestes encontros foram feitas anotações das impressões e

observações realizadas durante as aulas. Os dados levantados foram organizados e categorizados tendo

como principio a análise de discurso categorial apresentado por Bardin (2011). Resultados e Discussão:

diante das perguntas - nas aulas de Educação Física você teve vivencia com dança? Como foi essa

vivencia? 08 alunos relataram nunca ter tido vivencia com dança, 02 disseram ter tido vivencias em festas

juninas e 02 alunos com Hip Hop em outras escolas. Esta realidade mostra que a escola não priorizou a

dança como conteúdo da Educação Física Escolar, considerando-a apenas um instrumento de atração para

datas/eventos comemorativos do calendário escolar. Esta perspectiva vai na contramão do que Verderi

(2009, p. 68) defende, para ela a dança na visão pedagógica deve proporcionar aos alunos a oportunidade

de desenvolverem sua corporeidade, não ser apenas repetições de movimentos ou apresentações para

festas de finais de anos e datas comemorativas, a autora relata que a dança na vida vai muito além disso,

ela é a expressão da criatividade e espontaneidade do aluno, não sendo apenas aprimoramento de

habilidades. Dessa forma, para a autora “a dança na escola, como cultura corporal deverá ter um papel

fundamental como atividade pedagógica e despertar nos alunos uma relação concreta sujeito-mundo”.

Quando foi perguntado para você o que significa dançar? 04 alunos responderam dançar é se mexer, 02

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alunos disseram que era cultura, 02 comemoração e os outros 04 alunos responderam cada um:

passatempo, arte, conhecimento e aprender ritmos. As diferentes significações apresentadas pelos alunos

demonstram o pouco valor pedagógico deste conteúdo no âmbito da Educação Física Escolar. A dança

enquanto cultura vivenciada pelo aluno no diferentes espaços que habita fora da escola, constrói um sentido

e significado próprio destas vivencias, daí encontrar significados dispersos num mesmo grupo de alunos.

Marques (2009) destaca que a dança na modernidade se diversificou e hoje existe diferentes

modalidades/formas de dança, esta realidade faz com que a dança adquira diversos sentidos e significados,

seja individual ou coletivamente. Estes significados/sentidos entram e habitam a escola reforçando um

enfoque artístico ou instrumental apenas, o que diminui as possibilidades de experiências que estimulam o

fazer-pensar através da dança com os alunos. Quando foi perguntado qual o sentido de dança para sua

vida? 05 alunos responderam não ter sentido algum, 02 disseram ser boa para a vida, 02 responderam ser

movimento e 01 preencher o tempo livre e 01 aluno respondeu aprender. Foi verificado que os alunos não

tinham vivencia da dança nas aulas de Educação Física, o que pode explicar a resposta negativa quanto a

sua importância, os alunos desconheciam as possibilidades, sentidos e significados da dança em sua vida.

A dança enquanto arte ou entretenimento não apresenta utilidade prática na vida cotidiana. Historicamente

a arte e a cultura dita erudita foi privilégio das classes mais privilegiadas, com poder econômico e tempo

para apreciar, estudar, compreender, usufruir da arte. As classes menos privilegiadas foram agraciadas com

uma educação instrumental, com foco imediato na busca da subsistência. Apesar de ter havido muitos

avanços no processo educacional formal e na organização social, ainda prevalece a arte como atividade

supérflua/entretenimento para usufruto apenas no tempo livre. A escola prima pelo aspecto cognitivo, o

movimento corporal ainda é um coadjuvante no espaço escolar. O valor pedagógico da dança ainda não

está na escola. O Coletivo de Autores (1992, p. 58) destaca que no ensino da dança o aspecto expressivo

em geral se confronta com a técnica, podendo esvaziar de sentido o aspecto expressivo. Para eles “deve-se

entender que a dança como arte” não deve ser apenas a representação estilizada e simbólica da vida.

“Mas, como arte, deve encontrar os seus fundamentos na própria vida, concretizando-se numa expressão

dela e não numa produção acrobática”. Da mesma forma para Verderi (2009, p. 67), “a criança do ensino

fundamental necessita de experiências que possibilitem o aprimoramento de sua criatividade e

interpretação, atividade que favoreçam a sensação de alegria (aspecto lúdico) [...]”, e a dança é um

conteúdo cheio de possibilidades lúdicas/criativas. Diante desta realidade, foi apresentado a estes alunos a

possibilidade de vivenciar a dança na perspectiva pedagógica e uma vivencia de 6 aulas foi proporcionada

no fim do período foi perguntado aos alunos o que você achou das aulas de dança desenvolvidas nas

ultimas aulas? Elas tiveram algum sentido para você? 11 alunos responderam que aquela vivencia com a

dança tinha significados para eles, destes 05 disseram ter sido uma dança diferente, 03 disseram ter sido

muito legal, 03 responderam ter sido divertido, atraente e um aluno relatou não ter tido significado por que

foi muito chato. Nas observações feitas percebeu-se no inicio certo desconforto, desconfiança que aos

poucos foi sendo superados em decorrência das diferentes atividades motoras rítmicas desenvolvidas, os

diálogos, as reflexões, as improvisações e as experiências. Pensar a dança como conteúdo inclusivo

independente das condições físicas, do sexo e da idade é fundamental no espaço escolar, para quebrar

preconceitos e preconcepções construídos nos diferentes ambientes sociais dos alunos. As respostas

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apresentadas mostrou que a intervenção gerou em sua maioria resultados positivos, abrindo caminhos para

refletir a dança na escola sob outros paradigmas. Para Verderi (2009, p. 45) “urge uma renovação

pedagógica que privilegie a inserção corporal, uma educação que assuma a corporeidade humana e

formule novos paradigmas abandonando o mecanismo tradicional [...]”. A adesão e respostas dos alunos

diante da vivencia da dança na perspectiva educacional, mostrou ser possível construir outra realidade nas

aulas de Educação Física quanto ao conteúdo dança, que é possível conseguir adesão dos alunos,

principalmente quando a proposta é apresentada nas primeiras séries do Ensino Fundamental II.

Conclusão: foi possível verificar que os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental da escola investigada

vivenciam a dança apenas em datas comemorativas, servindo apenas como atração coreográfica para o

publico presente nos eventos da escola. Não existe nas aulas de Educação Física uma vivencias

significativa do conteúdo dança na escola, com estímulos para despertar a criatividade e o fazer-pensar.

Contudo, percebeu-se também o amplo espaço para o professor criar possibilidades pedagógicas de

vivencias com a dança na escola, uma vez que os alunos investigados mostraram-se abertos as

experiências corporais novas. A resignificação da dança na escola depende das decisões e escolhas do

professor ao planejar suas aulas, da vontade de tornar as aulas de Educação Física um espaço de

vivencias e reflexão mais ampla da cultura corporal.

Referências Bibliográficas: AUTORES, Coletivo de. Metodologia de Ensino de Educação Física. São Paulo. Editora: Cortez, 1992. BARDIN, Laurence. Analise de conteúdo. São Paulo. ed. 70, 2011.Editora, Almeida Brasil, maio, 2011. MARQUES, Isabel. Dançando na escola. 6. ed. São Paulo. Editora: Cortez, 2012. VERDERI, Érica. Dança na escola: uma proposta pedagógica. São Paulo. Editora: Phorte, 2009. Palavras-chave: Dança. Escolares. Significados

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TREINAMENTO CONCORRENTE EM UM INDIVÍDUO PORTADOR DE HIV Ana Karine da Silva Ribeiro1,2; Benedito Alves Guimarães Neto1,2; Karolen Tayla de Lima Fernandes1,2; Djane Dantas de Lima1,2; Maria Raquel Sampaio Alves,1,2; Luiz Fernando Gouvea-e-Silva1,2

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém – Pará; 2Grupo de Estudo em Respostas Morfofisiológicas e Metabólicas – GERMET; Brasil. E-mail: [email protected]

Introdução: O quadro clínico promovido pela infecção com o HIV e, posteriormente, pelos efeitos adversos

da TARV, podem ser amenizados com a prática de exercício físico, o que ganhou destaque no meio

científico por trazer inúmeros benefícios ao soropositivo (LAZZAROTTO et al.., 2010). Uma forma de

prescrição de treinamento é o concorrente, que aparece demonstrando resultados positivos no

metabolismo, neuromusculares, antropométricos e psicológicos (SILVA, 2010). Objetivo: Analisar os efeitos

de um programa de treinamento concorrente na composição corporal, na força muscular, na flexibilidade, na

satisfação corporal e na qualidade de vida de um paciente HIV/Aids, que faz uso de terapia antirretroviral.

Metodologia: Trata-se de um estudo de caso, retrospectivo, de caráter descritivo, de abordagem

quantitativa, (OLIVEIRA, 2004). O programa e suas avaliações foram elaboradas e aplicadas pelo Grupo de

Estudos em Respostas Morfofisiológicas e Metabólicas (GERMET). A amostra foi composta de um

participante, do gênero masculino, infectado pelo HIV (27 meses), em uso da TARV (25 meses), com o

esquema terapêutico de tenofovir/lamivudina/lopinavir/ritonavir e acompanhado no CTA/SAE de Santarém-

PA. A avaliação física foi realizada no início e ao final do programa de treinamento (três meses de duração),

onde identificou-se a massa corporal e estatura, circunferências corporais, dobras cutâneas, composição

corporal (bioimpedância tetrapolar), satisfação corporal pela Escala de Desenhos de Silhuetas

(STUNKARD; SORENSON; SCHLUSINGER apud LIMA et al.., 2008), qualidade de vida através do

questionário HAT-QoL (GALVÃO; CERQUEIRA; MARCONDES-MACHADO, 2004), força muscular pelo

protocolo de predição de 1RM de duas a dez repetições (BRZYCKI, 1993), a flexibilidade pelo teste de

Wells (WELLS; DILLON, 1952 apud QUEIROGA, 2005). A potência aeróbia foi por meio de um teste

progressivo, na bicicleta ergométrica, até que o paciente alcançasse 90% da frequência cardíaca de

reserva. A periodização do treinamento concorrente aplicado foi em 12 semanas, com três sessões

semanais. A ordem de execução foi o treinamento aeróbio seguido pelo resistido. O protocolo de

treinamento aeróbio intervalado consistiu em uma atividade de 25 min de duração, com aquecimento

padrão de cinco minutos iniciais (intensidade dois, 20W) e para o restante do tempo do treinamento aeróbio,

no primeiro mês, adotou-se o esquema de 1-3, isto quer dizer, um minuto de estímulo (intensidade seis

60W) para três minutos de recuperação (intensidade um 10W). Esquema 1-2 e 1-1, para o segundo e

terceiro mês, respectivamente. O treinamento resistido, subsequente ao aeróbio, incidiu nas duas primeiras

semanas em uma periodização linear e a partir da 3ª semana o treinamento adquiriu característica

ondulatória em que a variação da sobrecarga era semanal. A intensidade oscilava de 70% a 90% por 3

semanas e na quarta semana era reduzida para 60% de 1RM, com a finalidade de regeneração (REZENDE

et al.., 2009). Foram realizados, para cada exercício, 3 séries de 8-12 repetições máximas. Para cada grupo

muscular adotou-se de 2 ou 3 exercícios (flexores e extensores do antebraço, ombro e panturrilha; flexores

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e extensores do braço e perna, respectivamente). Os dados foram agrupados e a análise estatística

utilizada foi a descritiva, com recursos de média e variação de percentual, utilizando-se o aplicativo Excel.

Resultados e Discussão: A Tabela 1 apresenta os dados referentes à antropometria, à composição

corporal, resistência aeróbia e qualidade de vida pré e pós-treinamento. Ressalta-se de mais evidente que o

percentual de gordura diminuiu (30,86%), a massa gorda (30,12%), a somatória das dobras cutâneas

(12,51%) e ocorreu melhora na média dos escores da qualidade de vida (58,05%) e na área muscular do

braço (12,51%). Tratando-se da satisfação corporal, nota-se que pré-treinamento havia uma insatisfação

corporal de uma silhueta, ou seja, a atual era 4 e a ideal era a 5. Ao final do treinamento o participante

encontrou-se satisfeito, com sua silhueta pois alcançou sua silhueta 5 como atual, que a tinha como ideal.

Gráfico 1. Demonstrativo dos valores e da variação percentual da flexibilidade e de força, cadeira extensora, mesa flexora e supino reto pré e pós-treinamento. Legenda: CE – cadeira extensora; MF – mesa flexora; SR – supino reto.

No gráfico 1 é possível observar que a flexibilidade (3,70%) e a força muscular nos exercícios de cadeira

extensora (49,99%), mesa flexora (14,28%) e supino reto (20,42%) melhoraram com o programa de

Tabela 1. Demonstrativo dos valores e da variação percentual dos indicadores antropométricos, da composição corporal e da resistência aeróbia pré e pós-treinamento.

Variáveis Pré-treinamento Pós-treinamento %

Peso corporal (kg) 73,2 74 1,09 Estatura (m) 1,73 1,73 0 IMC (kg/m2) 24,46 24,73 1,10

%G 24,3 16,8 -30,86 MM (kg) 55,41 61,57 11,12 MG (kg) 17,79 12,43 -30,12

Soma das dobras 134,70 120 -10,91 AMB (cm2) 39,14 44,07 12,51

Resistência Aeróbia(s) 808 819 1,36 Qualidade de Vida (média dos domínios) 61 82 58,05

Legenda: % - variação de percentual; %G – porcentagem de gordura; MM (kg) – massa magra; MG (kg) – massa gorda; AMB (cm2) – área muscular do braço.

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treinamento. O aumento da força muscular também foi notado no estudo de Brito et al.. (2013), para

pacientes HIV/Aids sob TARV, onde observaram aumento da mesma para os diversos exercícios. Além do

aumento da força muscular, Roubenoff et al.. (1999), verificaram depois de oito semanas de treinamento

resistido que houve progressivo aumento na massa magra em pacientes HIV/Aids, conforme notado nesse

estudo. Conclusão: Conforme metodologia adotada e com a limitação de ser um estudo de caso, conclui-

se que a prescrição de treinamento concorrente, por um período de 12 semanas, não ocasionou problemas

à saúde de um paciente infectado pelo HIV sob uso de TARV, pelo contrário, notou-se melhora no perfil da

gordura corporal, da massa muscular, da força muscular e da flexibilidade, que veio refletir na melhora da

qualidade de vida.

Referências Bibliográficas: BRZYCKI, M. Strength testing - Predicting a one-rep max from a reps-to-fatigue. Journal of Physical Education, Recreation and Dance. v. 1, n. 64, p. 88-90, 1993. GALVÃO, M. T. G.; CERQUEIRA, A. T. A. R.; MARCONDES-MACHADO, J. Avaliação da qualidade de vida de mulheres com HIV/AIDS através do HAT-QOL. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 2, p. 430-437, 2004. LAZZAROTTO, A. R.; DERESZ, L. F.; SPRINZ, E. HIV/AIDS e Treinamento Concorrente: a Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Medicina e Esporte. v.16, n.2, p. 149-154, 2010. LIMA, J. R. P.; ORLANDO, F. B.; TEXEIRA, M. P.; CASTRO, A. P. A.; DAMASCENO, V. O. Conjunto de silhuetas para avaliar imagem corporal de participantes de musculação. Arq Sanny Pesq Saúde, v. 1, n. 1, p. 26-30, 2008. OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. QUEIROGA, M. R. Testes e medidas para a avaliação da aptidão física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. REZENDE, F. M. A; DOMICIANO, T. R.; SILVA, D. C. O.; ARAUJO, T. F. V.; GOUVÊA-E-SILVA, L. F. Efeito de um treinamento resistido periodizado, conforme as fases do ciclo menstrual, na composição corporal e força muscular. Brazilian Journal Biomotricity, v. 3, n. 1, p. 65-75, 2009. ROUBENOFF, R.; MCDERMOTT, A.; WEISS, L.;, SURI, J.; WOOD, M.; BLOCH, R.; GORBACH, S. et al.. Short-term progressive resistence training increases strength and lean body mass in adults infection with human immunodeficiency virus. AIDS. v. 13, n. 2, p.232-239, 1999. SILVA, O. C. A qualidade de vida ligada à prática regular de atividades físicas. EFDeportes, Revista Digital. http://www.efdeportes.com/ Buenos Aires, Ano 15, n.150, nov 2010. Palavras-chave: Treinamento concorrente. HIV/Aids. Composição corporal. Força muscular. Qualidade de vida.

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