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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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BERNADETE PERÃO

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

Caderno Temático

Salto do Lontra/PR

2010 Foto: Bernadete

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO / PR

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

Coletânea de Textos

Caderno Temático, realizado pela

professora Bernadete Perão como

requisito previsto pelo Programa PDE -

Orientadora: Ms. Daniela De Maman

Francisco Beltrão/PR

2010

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Caderno Temático

SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICA E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Organizadora:

BERNADETE PERÃO

Orientadora:

DANIELA DE MAMAN

Arte gráfica: BERNADETE PERÃO

Francisco Beltrão/PR

2010

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ..................................................................................... 06

APRESENTAÇÃO ............................................................................... 07

SOBRE A AUTORA .............................................................................. 09

1 - TEXTO I – PERFIL DE LIDERANÇA DO GESTOR DEMOCRÁTICO

.............................................................................................................. 10

2 – TEXTO II – GESTOR ESCOLAR: EXPLICITANDO AS SUAS

DIMENSÕES DE EDUCADOR E ADMINISTRADOR ........................... 16

3 – TEXTO III – GESTÃO PARTICIPATIVA: O GESTOR COMO

MEDIADOR DO TRABALHO ADMINISTRATIVO E PEDAGÓGICO ..... 21

4 – TEXTO IV – CONSIDERANDO A PARTICIPAÇÃO DOS ÓRGÃOS

COLEGIADOS (APMF, GRÊMIO ESTUDANTIL, CONSELHO

ESCOLAR), NO DIRECIONAMENTO COLETIVO NA ESCOLA .......... 28

5 – QUADRO DESCRITIVO I – ÓRGÃOS COLEGIADOS: VISÃO DOS

AUTORES X REGIMENTO ESCOLAR X AÇÕES DO GESTOR NO

COTIDIANO DA ESCOLA .................................................................... 35

5.1 – Quadro Descritivo II – Organização pedagógica .......................... 36

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5.2 – Quadro descritivo III – Relacionamento interpessoal ................... 38

5.3 – Quadro Descritivo IV – Setor Administrativo ................................ 39

6 – TEXTO VI - EXPLICITAÇÕES TEORICAS SOBRE GESTÃO

ESCOLAR: A PESQUISADORA E SUAS CONCEPÇÕES ................. .40

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ....................................................... 54

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Caderno Temático

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

DEDICATÓRIA

Aos Gestores, professores e leitores deste

caderno temático, que assim como eu acreditam

na educação e são apaixonados pelo ato de

ensinar.

Foto: Bernadete

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Caderno Temático

APRESENTAÇÃO

A Gestão, portanto, é que permite superar a limitação da fragmentação e da descontextualização e construir pela óptica abrangente e interativa, a visão, orientação de conjunto, a partir da qual se desenvolvem ações articuladas e mais consistentes (LÜCK, 2006, p.43).

O Gestor escolar atua segundo uma dinâmica social e neste

contexto precisa desenvolver ações de articulador e transformador das

relações de poder e de práticas organizacionais na escola. Estas ações

fazem parte das demandas não só do contexto escolar, mas também do

seu modo de agir.

O presente Caderno Temático objetiva explicitar considerações

sobre leituras de autores pesquisadores da área em gestão escolar

(LÜCK, PARO, DEMO e MARQUES) e de documentos educacionais, o

Regimento do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida – Ensino Médio e

Normal de Salto do Lontra/PR.

Pretendemos além da pesquisa bibliográfica, etnográfica,

participativa a elaboração de um quadro representativo das funções/

ações do gestor no cotidiano escolar em conjunto com professores,

órgãos colegiados (APMF, Conselho Escolar, Grêmio), equipe

pedagógica e coordenação de curso, pessoal administrativo e apoio e

diretores e diretor auxiliar (gestores).

A pesquisa justifica-se pelo fato de que após trabalhar vinte e seis

anos no mesmo Colégio, ter a oportunidade de exercer várias funções

(professora, supervisora, coordenadora de curso, orientadora

educacional, diretora por cinco anos consecutivos) observei e vivenciei

as dificuldades de se promover uma gestão participativa.

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Para o gestor, promover um trabalho onde o administrativo e o

pedagógico tenham a mesma linha de ação é complicado, porém

possível.

Estes dois pilares, o administrativo e o pedagógico, que considero

primordiais na garantia da qualidade do ensino e da aprendizagem. O

gestor, como líder vigente, deve mediar de forma a conseguir um

trabalho coletivo e que transforme a escola que temos na escola que

sonhamos.

Bernadete Perão

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SOBRE A AUTORA:

BERNADETE PERÃO Professora da rede pública estadual do Paraná. Atua como professora pedagoga no Colégio Estadual Irmã Maria Margarida, Ensino Médio e Normal, no município de Salto do Lontra, PR. Graduada em Pedagogia/Orientação Educacional (FAFI/PR). Especialista em Magistério da Educação Básica, com concentração em Educação de Jovens e Adultos. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE 2009/2010. E-mail: [email protected] SOBRE A ORIENTADORA:

DANIELA DE MAMAN

Professora e pesquisadora Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE/PR). Atua no Curso de Pedagogia e no Programa de Pós- Graduação em Educação. Graduada em Pedagogia – Séries Iniciais e Mestre Educação em Ciências Naturais pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE 2009/2010. E-mail: [email protected]

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Caderno Temático

Texto I

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

PERFIL DE LIDERANÇA DO GESTOR DEMOCRÁTICO

Foto: Bernadete

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Caderno Temático

PERFIL DE LIDERANÇA DO GESTOR DEMOCRÁTICO1

Bernadete Perao2

Daniela De Maman3

Ao nos referirmos a gestão escolar entendemos que a ação de

gerir uma escola, principalmente pública, não é tarefa que possa ser

exercida por pessoas que não apresentem um perfil de liderança. Deste

modo apontamos para o fato de que o Gestor Educacional precisa

apresentar características que condizem com o papel ou função que irá

desempenhar. Ter experiência pedagógica e administrativa, capacidade

de organização e comando, sem ser autoritário.

O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. Isso porque o êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade coletiva (LÜCK, 1996, p.15).

Os desafios são constantes. Consideramos o maior deles o de

estabelecer um relacionamento onde as normas e regras venham com o

intuito de melhorar a relação com a comunidade e ajudar a recuperar ou

resgatar o valor da escola enquanto entidade de formação.

1 Texto produzido a partir de leituras de autores da área de Gestão Pedagógica Escolar; 2 Aluna do Programa PDE - E-mail: [email protected]; 3 Professora Orientadora do Programa PDE. Unioeste/Campus de Francisco Beltrão/PR.

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Ser democrático não significa adotar uma postura de “bonzinho”,

ou pensar que se pode fazer o que tiver vontade, ou, onde tudo pode,

tudo é aceito, com o objetivo de evitar conflitos, divergências. Esse

modo de liderança é perigosa, pois não há preocupação em buscar

inovação, em desenvolver projetos ou atividades diferentes. A

exclusividade é em manter tudo como esta, evitando assim conflitos de

idéias e consequentemente o crescimento do grupo e da instituição de

ensino.

De acordo com Lück (1998, p.16) a abordagem participativa na

gestão escolar demanda maior participação de todos os interessados no

processo decisório da escola, envolvendo-os também na realização das

múltiplas tarefas de gestão. Adotando essa postura o gestor certamente

contará com a participação de todos e o grupo avançará, visto que

múltiplas ideias inovadoras surgirão. Aceitar e saber ouvir a opinião de

seus parceiros, acatar as sugestões elencadas pelo grupo, promover a

participação de toda equipe com igualdade são atitudes de um gestor

democrático.

Na gestão participativa, Lück (1998) relaciona algumas

considerações que segundo a autora são as respostas do porquê optar

pela participação na gestão escolar, que são:

• Para melhorar a qualidade pedagógica do processo educacional das escolas.

• Para garantir ao currículo escolar maior sentido de realidade e atualidade.

• Para aumentar o profissionalismo dos professores. • Para combater o isolamento físico, administrativo e profissional

dos diretores e professores. • Para motivar o apoio comunitário às escolas. • Para desenvolver objetivos comuns na comunidade escolar. O modo de agir democrático, o bom senso, a coerência, ética,

responsabilidade e, sobretudo a postura de mediador e moderador de

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conflitos, são sem dúvida qualidade de um gestor com perfil

democrático. Ainda buscando justificativas para explanações nos

apoiamos em Libâneo (1994, p.46) quando afirma que As dificuldades

só têm valor quando favorecem a ativação e o direcionamento dos

meios para assimilação ativa dos conteúdos.

O estilo, ou melhor, o modo de agir do gestor influência as atitudes

da equipe por ele gerida. Não temos a pretensão de abolir do ambiente

escolar as regras e normas. Estas são essenciais para que aja

organização e respeito principalmente tratando-se de um local onde o

fluxo de pessoas é intenso e diversificado, considerando a faixa etária,

nível econômico, cultural e religioso.

O gestor deve apresentar-se com uma visão de totalidade,

dedicação, mostrar-se seguro de seus propósitos, ter firmeza nas

tomadas de decisão, ser otimista, entusiasta e vigilante dos objetivos

educacionais. Acreditar que é possível transformar pela educação.

Para tanto, segundo (Lück, 1996) os profissionais da gestão

escolar devem os mesmos criar um ambiente estimulador dessa

participação, processo esse que se efetiva a partir de algumas ações

especiais:

1. Criar uma visão de conjunto associada a uma ação de cooperativismo.

2. Promover um clima de confiança. 3. Valorizar as capacidades e aptidões dos participantes. 4. Associar esforços, quebrar arestas, eliminar divisões e integrar

esforços. 5. Estabelecer demanda de trabalho centrada nas idéias e não em

pessoas. 6. Desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto.

Assim é possível argumentar que o gestor precisa ter clareza de

que a comunidade escolar estamos nos referindo aos professores,

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alunos, agentes educacionais I e II, equipe pedagógica, instâncias

colegiadas, pais, são sujeitos do processo histórico e que devem sim,

organizar-se, inteirar-se, solidarizar-se com as atividades pedagógicas e

administrativas.

E ao nos referirmos a postura democrática do gestor procuramos

evidenciar o fato de que o aspecto fundamental que direciona e orienta

seu trabalho de líder é o princípio da compreensão, da reflexão-ação-

reflexão, da transformação e da co-responsabilidade do sucesso e ou do

fracasso.

A escola, ou o sistema escolar como um todo coletivo, pois é palco

das relações contraditórias. Sendo os atores principais, alunos e

professores. Como co-adjuvantes, a equipe pedagógica e agentes

educacionais I e II, como diretor, ou gestor educacional. A platéia são os

pais que ficam na expectativa do sucesso ou fracasso. O apoio

pedagógico e principalmente financeiro vem das instancias colegiadas,

que tem uma participação quase que invisível, ficam nos bastidores.

Portanto, o gestor a partir de nossas leituras em bibliografias

específicas desta área de estudo e com bases em nossas perspectivas

tem, dentre suas atribuições, a função de dirigir o elenco com

criatividade, competência, harmonia, ritmo, valorizando as qualidades e

talentos individuais de cada integrante. Para tanto se deve ter uma visão

crítica, criativa, ousada, sensível e uma percepção aguçada para

perceber os talentos e aptidões a sua disposição. Precisa, também,

antes de tudo promover o trabalho em coletivo, o respeito e a

colaboração mútua entre os professores, equipe pedagógica e os

demais membros internos e externos da comunidade escolar. Precisa

ainda ter clareza do papel que desempenha e da importância do mesmo

para a manutenção da qualidade do ensino.

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REFERÊNCIAS:

LIBÂNEO, José Carlos. Didática.São Paulo: Cortez, 1994.

LÜCK, Heloísa. et al. A escola participativa : o trabalho do gestor escolar. 2 ed. DP&A editora,RJ,1998.

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Caderno Temático

Texto II

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

GESTOR ESCOLAR: EXPLICITANDO AS SUAS DIMENSÕES

DE EDUCADOR E ADMINISTRADOR

Foto: Bernadete

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Caderno Temático

GESTOR ESCOLA: EXPLICITANDO AS SUAS DIMENSÕES

DE EDUCADOR E ADMINISTRADOR1

Bernadete Perão2

Daniela De Maman3

Construção histórica das concepções

Na grande maioria das vezes ao buscarmos sobre a figura do

diretor, vem em nossa memória a imagem de um professor autoritário,

sério, com ar arrogante, com preceitos tradicionais, olhar severo,

inteligente, porém intocável.

Durante a nossa trajetória de vida escolar nos intimidávamos diante

do “diretor”. Hoje ainda não sabemos definir se era respeito ou medo,

mas a presença autoritária nos inibia e nos imobilizava.

Essas lembranças tão presentes na nossa mente, também estão na

memória de nossos pais, avós e de muitos professores. Mudar essa

imagem requer uma mudança de concepções.

Superar este modelo autoritário, centralizador, controlador,

centrado em normas, em regras e na obediência, é sem dúvida uma

mudança de paradigma. É preciso outro olhar, outro enfoque. É

necessário uma nova visão sobre este importante elemento, o gestor,

indispensável para a educação.

Essa mudança é com certeza necessária, porém sabemos que é

lenta e com muitos entreves, sendo um deles a mudança de 1 Texto Produzido a partir de leituras de autores da área de Gestão Pedagógica Escolar; 2 Aluna do Programa PDE E-mail: [email protected]; 3 Professora Orientadora do Programa PDE. Unioeste / Campus de Francisco Beltrão / PR.

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comportamento necessária tanto por parte do aluno quanto do professor,

e porque não dizer da equipe pedagógica também.

Buscamos elucidar através de nossa pesquisa teórica que a

postura do gestor não deve ser somente a de um administrador,

sustentado pelo trabalho de liderança, onde poucos decidem o que, o

como e quando fazer. Esta postura conservadora, de limitações, precisa

ser modificada. No entanto, sabemos que a mudança paradigmática

requer tempo, paciência, ousadia e, sobretudo, vontade de trabalhar

coletivamente à luz de uma prática pedagógica voltada para idéias

inovadoras, onde a qualidade do ensino seja tão necessária que a sua

efetivação aconteça espontaneamente.

É preciso pensar que para um gestor:

Promover relações humanas mais cooperativas e solidárias no interior da escola, vividas por um diretor às voltas com problemas de segurança, falta de professores, prédio e equipamentos, falta de recursos financeiros para dar conta das inúmeras carências da escola. Tudo isso rouba o tempo que poderia estar empregado no cuidado com o pedagógico e no relacionamento com os alunos, pessoal escolar e membros da comunidade (PARO 2005, p. 22).

A sobrecarga de atividades, a centralização de todos os

condicionantes impede ao gestor de “ocupar” ou “gastar” mais tempo

com o pedagógico, essência de todo trabalho educativo. A distribuição de

tarefas, de responsabilidades e o esforço conjunto na resolução dos

problemas administrativos são essenciais para que o gestor tenha

condições de voltar seu olhar em todos os setores.

A expressão gestão educacional foi destaque na literatura e,

sobretudo no contexto educacional a partir da década de 1990. O termo

passou a ser usado com freqüência nos discursos de orientação das

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atividades no âmbito escolar e sistema de ensino que visam o

desenvolvimento e a melhoria da qualidade de ensino.

A mudança de paradigma do termo enfatiza:

À sua dimensão política e social., ação para a transformação, participação, práxis, cidadania, autonomia, pedagogia interdisciplinar, avaliação qualitativa, organização do ensino em ciclos etc; de influências sobre todas as ações e aspectos da educação, inclusive as questões operativas que ganham novas conotações as partir delas ( LÜCK, 2006, p.49-50).

De acordo com Lück (2006) a administração é percebida como um

processo racional, linear e fragmentado. Imposta de cima para baixo, de

forma a empregar pessoas e cursos mecanicistas e utilitaristas. O

comando e o controle são atitudes pertinentes e obrigatórias do

administrador, o qual tem uma visão objetiva de quem atua sobre a

realidade de forma distante e fragmentada, baseando-se nos

pressupostos da: previsibilidade, controle, cobrança, resultados, sucesso,

recursos, modelos, congelamento da realidade, imitação, normas, regras,

penalidade, advertência, exclusão, hierarquia, agregação, técnica.

Segundo Lück (2006, p.97) a gestão esta centrada na mobilização

da energia de equipe para a realização das responsabilidades da escola,

que são responsabilidades de todos, em conjunto.

Para que a gestão escolar se desenvolva de acordo com os

princípios e ações participativas é necessário que os gestores adotem

medidas como:

a) Difusão contínua de informações claras e precisas;

b) Estabelecimento de adequação entre a geração e a

disseminação de informações no contexto escolar. Fugir do

senso comum;

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c) Desenvolvimento cultural e capacitação técnico-operacional dos

professores.

Faz-se necessário, no entanto apontar e clarear as questões

básicas para melhor entendimento do termo gestão como concepção

paradigmática, condição para que o gestor educacional efetive suas

funções com segurança e eficácia, contribuindo desta forma para

trabalhos posteriores sendo, pois um aliado na busca de qualidade da

educação.

O conceito de gestão é promover maior efetividade do conjunto,

superando as limitações do conceito de administração, tendo como

resultado uma visão de mundo e óptica de como se percebe e reage em

relação a realidade (MORIM, 1985; KHUN, 1982, apud LÜCK, 2006).

Gestão educacional visa promover um trabalho em equipe, voltado

para a qualidade, dinamização, implementação das políticas

educacionais e projeto pedagógico, promovendo a autonomia,

participação, compartilhamento, autocontrole, transparência e

reconhecimento da importância da participação consciente e clara de

todos os segmentos escolares e que naturalmente se preocupam com a

educação.

REFERÊNCIAS: LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: Uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 21-65. ______ . A Gestão Participativa na escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 73-99. PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed.

São Paulo: Ática, 2005. p. 9-27.

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Caderno Temático

Texto III

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

GESTÃO PARTICIPATIVA: O GESTOR COMO MEDIADOR

ENTRE O TRABALHO ADMINISTRATIVO E PEDAGÓGICO

Foto: Bernadete

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Caderno Temático

GESTÃO PARTICIPATIVA: O GESTOR COMO MEDIADOR

ENTRE O TRABALHO ADMINISTRATIVO E PEDAGÓGICO1

Bernadete Perao2

Daniela De Maman3

Falar sobre o trabalho desenvolvido pelo gestor educacional

caracteriza-se como um grande desafio. Pois exige não somente,

conhecimento das funções atribuídas a este profissional, mas, sobretudo,

compreender como se dá a mediação entre o trabalho administrativo e

pedagógico.

Ao assumir o cargo de gestor, o primeiro passo é saber o que se

espera de seu trabalho. Por isso a necessidade de conhecer o que está

determinado no Regimento da Escola e na Lei de Diretrizes e Bases com

relação as funções e competências que cabem ao gestor.

No Regimento Escolar do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida,

na Seção II: Da Equipe De Direção encontramos o seguinte:

Art.19 A função de diretor (a), como responsável pela efetivação da gestão democrática, é a de assegurar o alcance dos objetivos educacionais definidos no Projeto Político Pedagógico do estabelecimento de ensino (2007).

É possível visualizar neste artigo que o diretor ou gestor tem grande

responsabilidade com o pedagógico, e deve assegurar a efetivação dos

1 Texto Produzido a partir de leituras de autores da área de Gestão Pedagógica Escolar e Regimento Escolar; 2 Aluna do Programa PDE - E-mail: [email protected]; 3 Professora Orientadora do Programa PDE. Unioeste/Campus de Francisco Beltrão/PR.

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objetivos previstos no Projeto Político Pedagógico, assim como dar

condições e espaço aos profissionais para que possam elaborar,

executar e avaliar o mesmo de forma a promover a melhoria da

qualidade no ensino e aprendizagem.

Relacionado às funções do gestor encontramos o detalhamento de

tais funções no Regimento Escolar no Art. 20, o qual trata das funções a

serem exercidas pela figura do diretor. Assim destacamos as que se

referem as funções de ordem pedagógica e administrativa, mas

salientamos que está relacionado também as obrigações com relação

ao patrimônio ou espaço físico. Tomamos a liberdade de não mencioná-

los, pois não faz parte de nossa pesquisa neste momento.

Art. 20 Compete ao diretor(a): I. Cumprir e fazer cumprir a legislação em vigor; III. Coordenar a elaboração e acompanhar a implementação do Projeto Político-Pedagógico da escola, construído coletivamente e aprovado pelo Conselho Escolar; IV. Coordenar e incentivar a qualificação permanente dos profissionais da educação; V. Implementar a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, e m observância às Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; VI. Coordenar a elaboração do Plano de Ação do estabelecimento de ensino e submetê-lo à aprovação do Conselho Escolar; VII. Convocar e presidir as reuniões do Conselho Escolar, dando encaminhamento às decisões tomadas coletivamente; X. Coordenar a construção do Regimento Escolar em consonância com a legislação em vigor, submetendo-o à aprovação do Conselho Escolar e, após, encaminhá-lo ao NRE para devida aprovação; XI. Garantir o fluxo de informações no estabelecimento de ensino e deste com os órgãos de administração estadual; XII. Deferir os requerimentos de matrícula;

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XIV. Elaborar o calendário escolar, de acordo com as orientações da SEED, submetê-lo à apreciação do Conselho Escolar e encaminhá-lo ao NRE para homologação; XV. Acompanhar o trabalho docente, referente às reposições de horas-aula aos discentes; XVI. Assegurar o cumprimento dos dias letivos, horas-aula e horas-atividade estabelecidos; XVII. Promover grupos de trabalho e estudos ou comissões encarregadas de estudar e propor alternativas para atender Aos problemas de natureza pedagógico-administrativa no âmbito escolar; XXI. Presidir o Conselho de Classe, dando encaminhamento às decisões tomadas coletivamente; XXII. Definir horário e escalas de trabalho da equipe técnico-administrativa e equipe auxiliar operacional; XXIII. Articular processos de integração da escola com a comunidade; XXIV. Solicitar ao NRE suprimento e cancelamento da demanda de funcionários e professores do estabelecimento, observando as instruções emanadas da SEED; XXX. Garantir a Educação profissional, ensino de qualidade; XXXII. Assegurar a realização do processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino; XXXIII. Zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; XXXIV. Manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, pais e com os demais segmentos da comunidade escolar; XXXV. Cumprir e fazer cumprir o disposto no Regimento Escolar (Regimento Escolar do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida, 2007).

Podemos dizer que as duas características marcantes das funções

referem-se a dois pilares, o pedagógico e o administrativo e estes exigem

do gestor capacidade de intervir de forma a promover a melhoria das

condições de trabalho no âmbito escolar, sem perder de vista os

objetivos que norteiam a escola: o ensino e a aprendizagem.

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Ao partirmos para uma análise mais detalhada do termo mediador

podemos defini-lo como aquele que transmite as informações e que faz o

papel de intermediário entre o que se pretende realizar para aqueles que

devem se envolver na realização. Acrescentamos ainda como sendo do

mediador, o papel de promover o entendimento de causas conflitantes

buscando sempre a harmonia e o consenso do grupo por ele liderado.

Desta forma podemos caracterizar mediação como o ato através do

qual ocorre a interferência de um mediador para a busca de

entendimento e composição entre partes em conflito, portanto, mediador

é a pessoa que media uma relação sem envolvimento, sem posicionar-se

ou tomar partido, mas um transmissor de informações e um intermediário

entre uma coisa e outra.

Entendemos que o profissional de educação ao assumir a função

de gestor, este deve ter clareza de que o trabalho terá como foco

principal, o envolvimento com pessoas, por isso a importância de se

adotar uma postura de imparcialidade, tratando a todos com o mesmo

grau de importância, independente da função que exercem ou da posição

que ocupam no trabalho escolar.

O gestor é um líder e, portanto, deve liderar com dedicação, com

visão do todo, oportunizando a participação e influenciando o grupo a

trabalharem e a cooperarem, buscando em conjunto as decisões mais

viáveis aos problemas detectados.

O gestor deve ter clareza sobre as atribuições e finalidade de cada

setor. Saber qual a proposta pedagógica que a escola por ele gerida

apresenta. Qual ou quais objetivos? O que pensam os professores sobre

educação, e sobretudo quais as funções ou atribuições que lhe compete

enquanto gestor?

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A gestão, portanto, é que permite superar a limitação da fragmentação e da descontextualização e construir pela óptica abrangente e interativa, a visão, orientação de conjunto, a partir da qual se desenvolvem ações articuladas e mais consistentes (LÜCK, 2006, p. 43).

Conhecer claramente o trabalho administrativo, suas mazelas, criar

um clima de harmonia, responsabilidade, trabalho em grupo; saber

reconhecer o grau de importância do trabalho exercido nesse setor são

fatores determinantes para que todos sintam-se com apoio e

responsabilidade e se motivarem cada vez mais.

Os professores são membros importantes na gestão participativa.

Sua participação requer: compreensão e dinâmica social; habilidade de

atuação; troca e reciprocidade; comprometimento; solidariedade, ética,

discernimento e perseverança.

É no processo pedagógico, em sala de aula, que se pode perceber com maior nitidez a manifestação de concepções e crenças autoritárias (PARO, 2005, p.25).

O gestor precisa acompanhar o movimento de ensino e de

aprendizagem, e estar atento as relações entre professores e alunos

nesse processo. O gestor escolar que promove um trabalho coletivo,

participativo que enfatize o aluno como sujeito ativo no ato de aprender, e

o professor como aquele que ensina está oportunizando a construção

sólida de um trabalho com base no princípio de coletividade e equipe.

Os motivos ou objetivos que levam a adotar como proposta de

trabalho a participação coletiva podem estar relacionados a grande

necessidade de motivar e incentivar os envolvidos nas decisões de

cunho pedagógico e administrativo. Assim encorajar a comunidade a

novas descobertas no emprego de metodologias que dêem conta de

melhorar seu desempenho enquanto profissional da educação é uma

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postura que deve ser assumida pelo gestor escolar. Podemos afirmar

que se os professores, alunos, pessoal de apoio administrativo tiverem

incentivo, se sentirem apoiados e respeitados, contribuirão muito mais e

sentir-se-ão parte integrante do grupo e responsáveis pelo sucesso da

escola onde atuam.

REFERÊNCIAS:

LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: Uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 21-65. ______ . A Gestão Participativa na escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 73-99.

REGIMENTO ESCOLAR. Colégio Estadual Irmã Maria Margarida, Ensino Médio e Normal. Salto do Lontra, 2007.

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Caderno Temático

Texto IV

GESTOR ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES

ADMINISTRATIVAS E PEDAGÓGICAS

CONSIDERANDO A PARTICIPAÇÃO DOS ÓRGÃOS

COLEGIADOS (APMF, CONSELHO ESCOLAR E GRÊNIO

ESTUDANTIL) NO DIRECIONAMENTO DO TRABALHO

COLETIVO NA ESCOLA

Foto: Bernadete

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Caderno Temático

CONSIDERANDO A PARTICIPAÇÃO DOS ÓRGÃOS

COLEGIADOS (APMF, CONSELHO ESCOLAR E GRÊMIO

ESTUDANTIL) NO DIRECIONAMENTO DO TRABALHO

COLETIVO NA ESCOLA1

Bernadete Perao2

Daniela De Maman3

Se quisermos uma escola transformadora, precisamos transformar a escola que temos aí (PARO, 2005, p. 10).

A partir dos anos 1980, principalmente no Brasil, muito se tem

falado sobre a democratização da escola. A proposta visa o envolvimento

de toda comunidade escolar nas decisões e objetivos a que se propõe a

Instituição escolar: melhoria da qualidade de ensino e da aprendizagem.

O envolvimento e a participação efetiva dos pais, professores,

alunos, órgãos colegiados, agentes educacionais I e II, na tomada de

decisões e elaboração de propostas, requer uma mudança na estrutura

escolar e na postura dos dirigentes, dos gestores educacionais.

Paro (2005) aponta três tipos de medidas visando à participação de

toda comunidade escolar. Podemos relacioná-las como sendo: -

mecanismos colegiados (APMF, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil); -

escolha democrática dos gestores; - iniciativas que estimulem e facilitem

o maior envolvimento de alunos, professores e pais nas atividades.

1 Texto Produzido a partir de leituras de autores da área de Gestão Pedagógica Escolar; 2 Aluna do Programa PDE E-mail: [email protected]; 3 Professora Orientadora do Programa PDE. Unioeste/Campus de Francisco Beltrão/PR.

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Destaco como sendo uma das medidas mais importantes para que

ocorra uma gestão participativa, a organização, implantação e autonomia

efetiva dos órgãos colegiados. Oportunizar a APMF, Conselho Escolar e

o Grêmio Estudantil e mediar sua participação nas questões

administrativas e pedagógicas, é a chave para que ocorra de fato a

democratização da escola. Cabe ao gestor mediar esse envolvimento.

De acordo com Paro (2005) a Associação de Pais e Mestres

continua existindo com caráter formal, com pouca ou nada de

participação, com o único objetivo de arrecadar taxas junto à população

para garantir a sobrevivência da escola.

No Regimento Escolar do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida

encontramos:

Art. 23 A associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF ou simular, pessoa jurídica de direito privado, é um órgão de representação dos pais, Mestres e Funcionários do estabelecimento de ensino, sem caráter político partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados os seus dirigentes e conselheiros, sendo constituído por prazo indeterminado. Parágrafo Único – A APMF é regida por Estatuto próprio, aprovado e homologado em Assembléia especificamente para este fim.

O papel da APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários),

embora esteja voltado mais para as questões financeiras e de estrutura

física do ambiente escolar, é de suma importância no acompanhamento

da qualidade do ensino e da aprendizagem e dar suporte na aquisição de

materiais didático-pedagógicos, promover palestras, oficinas culturais, de

formação e aperfeiçoamento, tanto aos estudantes quanto ao corpo

docente, funcionários e pais. Para tanto é importante que o gestor

coloque as necessidades reais e motive a APMF

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(Associação de Pais, Mestres e Funcionários) para que tenham liberdade

de atuação e visão pedagógica.

O Conselho Escolar é outro órgão que está presente na escola,

apresenta propósitos especificamente pedagógicos, como prevê o seu

Estatuto, serve unicamente apenas para “adoçar” ou avalidar a prestação

de contas das verbas que vem do Estado para a escola, como por

exemplo o “Fundo Rotativo”

Podemos afirmar que o erro tem início na escolha dos integrantes.

O que deveria ser um processo de escolha democrática é na verdade

indicação direta feita exclusivamente pelo gestor. Essa forma de escolha

torna o Conselho Escolar atrelado a gestão, perdendo assim a autonomia

de decisão. Assim perde-se um importante aliado nas questões

pedagógicas, transformando-os em meros expectadores do ensino.

Encontramos no Regimento Escolar o seguinte:

Seção I: Do Conselho Escolar

Art. 11 O Conselho Escolar é um órgão colegiado de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora sobre a organização e a realização do trabalho pedagógico e administrativo do estabelecimento de ensino, em conformidade com a legislação educacional e orientação da SEED. Art. 12 O Conselho Escolar é composto por representantes da comunidade escolar e representantes de movimentos sociais organizados e comprometidos com a educação pública, presentes na comunidade, sendo presidido por seu membro nato, o (a) diretor (a) escolar. Art. 14 O Conselho Escolar tem como principal atribuição, aprovar e acompanhar a efetivação do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino. Art. 15 Os representantes do Conselho Escolar são escolhidos entre seus pares, mediante processo eletivo, de cada segmento escolar, garantindo-se a representatividade dos níveis e modalidades de ensino.

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Segundo Paro (2005) o Conselho de escola foi o mais acionado e o

que mais criou polêmica, expectativa e esperanças, porém, temido pelos

diretores, que receavam perder seu poder. Constatou-se uma grande

resistência dos gestores, por não entenderem que as decisões tomadas

em conjunto têm mais força e com certeza mais chance de serem

concretizadas.

Com o Grêmio Estudantil é ainda pior. Não existe incentivo, apoio

ou qualquer orientação por parte dos gestores. Mesmo assim algumas

tentativas de organização foram feitas, sempre com o apoio da equipe

pedagógica. A participação dos alunos nas decisões pedagógica

fortalece o compromisso com a aprendizagem. Quando os estudantes

têm oportunidade de expressar suas dificuldades e seus projetos,

sentem-se parte ativa da escola. O comprometimento com a realização e

a qualidade da escola onde estudam passa a ser maior.

Ter o Grêmio Estudantil como aliado, como integrantes

participativos das decisões é uma forma de incentivar a formação integral

do educando, principalmente na formação de líderes conscientes,

criativos e sobretudo comprometidos com a educação.

Na Seção II do Regimento Escolar encontramos:

DO GRÊMIO ESTUDANTIL Art. 24 O GRÊMIO Estudantil é o órgão máximo de representação dos estudantes do estabelecimento de ensino, com o objetivo de defender os interesses individuais e coletivos dos alunos, incentivando a cultura literária, artística e desportiva de seus membros.

O gestor deve mediar a participação dos estudantes e professores

num trabalho integrado, na tomada de decisões e planejamento

pedagógico garantindo assim a coletividade e a democracia na escola.

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A falta de informação, de conhecimento sobre o que está previsto

no Estatuto que rege cada um desses órgãos colegiados é o que impede

muitas vezes que estes tenham uma participação mais direta, efetiva e

autônoma. O desconhecimento faz com que estes fiquem esperando

serem chamados ou convocados pelo gestor. Assim:

A participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação (Paro, 2005, p.17-18).

Se a democratização se faz na prática, então esta deve ser a

postura do gestor, o qual deve ter o propósito da articulação do trabalho

pedagógico e administrativo em conjunto com os órgãos colegiados da

instituição de sua responsabilidade.

A escolha democrática dos gestores, com o voto direto da

comunidade escolar legitima o processo e dá mais autonomia ao gestor

na tomada de decisões tanto pedagógica quanto administrativa,

principalmente se este trazer em sua gestão um plano de ação elaborado

conjuntamente com os órgãos colegiados, professores, pais e alunos.

Se o gestor tiver claro que a finalidade maior da escola é ensinar e

aprender, e que os meios para se chegar a este fim é a participação de

todos os envolvidos no processo, então, cabe a ele enquanto gestor ser

um articulador e mediador em potencial para que de fato se efetive.

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REFERÊNCIAS:

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed.

São Paulo: Ática, 2005. p. 9-27.

REGIMENTO ESCOLAR. Colégio Estadual Irmã Maria Margarida, Ensino Médio e Normal. Salto do Lontra, 2007.

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QUADRO DESCRITIVO I – ÓRGÃOS COLEGIADOS

Competências do Gestor

No Regimento

Escolar

Proposta dos

Teóricos

Situação real

(observação da pesquisadora)

Ponto de

vista

1. Órgãos Colegiados:

- APMF

- Conselho Escolar

- Grêmio Estudantil

Art. 20 Compete ao Diretor:

VII- Convocar e presidir as

reuniões (2008, p.12);

IX- Prestar contar dos recursos recebidos (2008, p.12);

XII- Encaminhar propostas de modificações no ambiente

escolar (2008, p12).

- “Problemas globais

demandam ação conjunta; que ação conjunta, vale dizer,

participativa, se associa a autonomia competente” (Luck, 2006, p.38-39).

- “A liberdade só é verdadeira quando

conquistada. Assim também a participação. E isso fundamenta a dimensão básica da cidadania.” (Demo, 1993,

p.23). - “A participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao

caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir

previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação” (Paro, 2005, P.17-18).

- Reuniões são marcadas pela direção e

comunicadas por escrito; ( APMF e Conselho);

- O GREMIO Estudantil encontra-se

inativo a partir do inicio dessa gestão;

- Os líderes de turma são

escolhidos pelos colegas em sala de aula e

coordenados pela pedagoga;

- A prestação de contas do Fundo Rotativo não é planejada com o Conselho, estes apenas assinam as planilhas;

- A APMF e

Conselho Escola são convidados a participarem da Assembléia

realizada com os pais com espaço para expor suas intenções de trabalho;

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QUADRO DESCRITIVO II – ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA

Competências do

Gestor

No Regimento

Escolar

Proposta dos

Teóricos

Situação real

(observação da pesquisadora)

Ponto de

vista

2. Organização Pedagógica

- Corpo Docente

- Equipe

Pedagógica

- Art. 19

Assegurar o alcance dos objetivos definidos no PPP do

estabelecimento de ensino (Regimento Escolar, 2008,

p.11);

III - Coordenar a elaboração e acompanhar a implementação do PPP, construído coletivamente (2008, p.11); - Promover reunião de

analise, estudo e aprovação do PPP pelo Conselho

Escolar (2008, p.12).

IV - Coordenar e incentivar a qualificação

permanente dos profissionais (2008, p.12); X - Coordenar a construção coletiva do Regimento Escolar (2008,

p.12); - Elaborar o calendário

escolar (2008, p. 12);

- “A gestão educacional abrange, portanto, a articulação dinâmica do conjunto de atuações como prática social que ocorre em uma unidade ou conjunto de unidades de trabalho, que passa a ser o enfoque

orientador da ação

organizadora e orientadora do ensino, tanto em âmbito macro (sistema) como micro (escola) e na interação de ambos” (Lück, 2006, p.51).

- “Na

administração solidária os interesses individuais

subordinam-se aos objetivos grupais”

(Marques, 1987, p.82).

“ - É no processo

pedagógico, em sala de aula, que se pode perceber com

- Pouco

conhecimento e divulgação do

PPP;

- Planejamentos ficam a cargo do pedagogo, os diretores não participam;

- Reunião do Conselho-

explanação do que é PPP sem especificar ou

acatar sugestões;

- Muitas

decisões, tanto pedagógicas quanto

administrativas, são tomadas isoladas sem a participação da

equipe pedagógica e/ou professores e funcionários. Ex. mudança de

turma e turno de alunos,

autorização para se ausentar;

- A sobrecarga de atividades, a centralização de

todos os condicionantes impede o gestor de “ocupar” ou “gastar” mais

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XVI - Assegurar o cumprimento dos dias letivos, hora-aula e hora-atividade (2008, p.12);

XVII - Promover grupos de estudo e

trabalho para atender aos problemas de natureza pedagógico-administrativa (2008, p.12);

XXI - Presidir o Conselho de Classe (2008,

p.12);

XXX - Garantir a Educação Profissional, ensino de qualidade (2008, p.13);

XXXII -

Assegurar a realização do processo de avaliação institucional (2008, p.14).

maior nitidez a manifestação de concepções e crenças

autoritárias” (Paro, 2005,

p.2).

tempo com o pedagógico;

- Preocupação demasiada com o aspecto e melhoria do espaço físico esquecendo-se

do pedagógico;

- Professores “novos” no Colégio

desconhecem o PPP e o Regimento.

Recebem poucas informações sobre o

pedagógico, proposta de ensino;

- O diretor encaminha os professores “novos” para a pedagoga e esta é quem os auxilia na ambientação;

- A Educação Profissional ofertado –Formação de Docentes – tem pouco apoio da direção. Não há envolvimento. Muitas queixas do coordenador de curso e dos alunos sobre o descaso que sentem dos gestores.

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QUADRO DESCRITIVO III – RELACIONAMENTO

INTERPESSOAL

Competências do Gestor

No Regimento

Escolar

Proposta dos

Teóricos

Situação real

(observação da pesquisadora)

Ponto de

vista

3.Relacionamento

Interpessoal:

- Corpo docente

- Corpo discente

- Agentes administrativos e

apoio

XI - Garantir o fluxo de

informações no estabelecimento de ensino e deste com os demais órgãos

da administração estadual (2008,

p.12);

XXIII - Articular processos de integração da escola com a comunidade (2008, p.13);

XXXIII - Zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos,

professores, funcionários e famílias (2008,

p.14);

XXXIV - Manter e promover

relacionamento cooperativo de trabalho com seus colegas, com alunos, pais e com os demais

segmentos da comunidade escolar (2008,

p.14).

“A reflexão crítica, em grupo, em íntima

comunhão de sentimentos e em consonância de propósitos, robustece a ação e revigora os participantes

para prosseguirem na

busca de soluções para os problemas sentidos”

(Marques, 1987, p.83).

- “ a lógica da gestão é

orientada pelos princípios

democráticos e é caracterizada

pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação, organização e planejamento do seu trabalho e articulação das

várias dimensões e dos vários

desdobramentos de seu processo

de implementação” (Luck, 2006, p.36);

- Informações são repassadas no recreio ou por avisos escritos no mural na sala dos professores e nos corredores;

- A única forma de integrar é ao baile junino

promovido pela APMF;

- Em alguns momentos ouve-se

comentários na sala dos professores

sobre os colegas e alunos;

-

Incompatibilidade de gênio, a diretora e sua auxiliar não tem a mesma postura e constantemente ocorre divergências;

- Percebe-se claramente que há divisão de grupos entre

professore, entre agentes

administrativos e de apoio;

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QUADRO DESCRITIVO IV – SETOR ADMINISTRATIVO

Competências do Gestor

No Regimento

Escolar

Proposta dos Teóricos

Situação real (observação

da pesquisadora)

Ponto de vista

4. Setor

administrativo:

- Agentes administrativos

I - Cumprir e fazer cumprir a legislação em vigor (2008, p.11);

XIII - Deferir os requerimentos de matriculas (2008, p.12); XVIII - Propor à Secretaria de Estado da Educação via Núcleo

Regional, após aprovação

pelo Conselho Escolar,

alterações na oferta de ensino e abertura ou fechamento de cursos (2008,

p.13); XXII - Definir horário e escalas de trabalho da equipe técnico administrativa e equipe auxiliar

operacional (2008, p.13); XXIV - Solicitar ao NRE

suprimento e cancelamento de demanda

de funcionários e professores (2008, p.13);

-“Na

administração solidária os interesses individuais

subordinam-se aos objetivos grupais” (Marques, 1987, p.82). - “Assim, planejar sempre significa

intervenção na realidade, traduzindo a expectativa de

que a podemos

manipular em nosso favor” (Demo, 1993,

p.44).

- Troca de funcionários

(administrativo), rivalidade com a diretora - auxiliar;

- Troca de funções sem consulta previa;

- Percebe-se certa “proteção” ou preferência por alguns funcionários; - Não conferiu apenas assinou

os requerimentos de matricula; - Abertura de turma no

período em que a maioria dos interessados no curso não poderia vir, causando transtorno;

- Não consultou nem a equipe pedagógica ou coordenação de curso sobre o período de oferta do curso de F. de Docentes, causando

problemas de matricula;

Obs.: A coluna – Ponto de vista – será preenchida no momento da implementação do projeto

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Caderno Temático

Texto VI

EXPLICITAÇÕES TEÓRICAS SOBRE GESTÃO ESCOLAR: A

PESQUISADORA E SUAS CONCEPÇÕES1

Bernadete Perão2

Entendemos que a cultura organizacional escolar vem, embora

lentamente, sendo modificada, ou seja, encaminhando-se em sentido

dinâmico e integrado, para uma realidade educacional onde a

participação, a responsabilidade e o apoio é atributo de todos. Inclui-se

aí: gestores, professores, pais, alunos, órgãos colegiados, dentre eles,

Grêmio estudantil, APMF, Conselho Escolar).

Percebemos, entretanto, que há uma resistência, muitas vezes

pouco evidente, na participação da comunidade escolar quanto a tomada

de decisões e a construção do Projeto Político Pedagógico.

Encontramos com mais freqüência profissionais competentes e

comprometidos, mas restritos ao seu campo de atuação. Não há um

envolvimento conjunto. Cada um procura desempenhar suas funções

independentemente, consolidando o trabalho individualizado.

Outro aspecto da participação diz respeito aos pais e órgãos

colegiados (Grêmio estudantil, APMF, Conselho Escolar), as quais

ocorrem de forma indireta, visto que só participam, quando convidados,

ou convocados pelo gestor. Esta participação geralmente está vinculada

a ação de controle e cobrança junto aos filhos, ou quando da

necessidade de um “aval” destes órgãos para a efetivação de projetos,

geralmente de estrutura física e operacional.

1 Texto Produzido a partir de leituras de autores da área de Gestão Pedagógica Escolar; 2 Aluna do Programa PDE E-mail: [email protected].

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Assim uma das conseqüências desta postura é o fato do gestor

centraliza sobre si o poder de decisão. Não percebendo que com esta

atitude perde aliados que tornariam seu trabalho mais ágil e eficaz.

As mudanças pretendidas na implantação de um trabalho coletivo

não são de responsabilidade somente do gestor. Não compete a ele

tamanha responsabilidade. O gestor pode e deve promover no âmbito

escolar momentos de reflexão, estudo, diálogo, planejamento, com o

objetivo de integrar todos os profissionais, direcionando para que todos

sintam-se responsáveis e capazes de se colocar junto nas decisões a

serem tomadas. Entendemos que determinação, competência e

perseverança são condições para que ocorra essa mudança.

O entendimento claro do sentido de participação nas decisões

educacionais, de ordem pedagógica, ou de estrutura física, dos pais,

professores, órgãos colegiados e dos dirigentes, é primordial. Esse

entendimento se reforça a partir de observação, reflexão, elaboração e

estudo dos objetivos das dificuldades/ações vigentes. O envolvimento

nas ações não acontece de forma involuntária. O que ocorre com mais

freqüência é um comprometimento parcial, demonstrando uma

resistência em assumir compromisso na íntegra. No entanto se os

objetivos pretendidos forem alcançados positivamente, aí sim, todos se

colocam como responsáveis e se dizem merecedores dos méritos.

Estar atento às resistências e buscar formas, métodos para lidar

com elas é sim responsabilidade dos gestores educacionais. Assim a

participação precisa ser construída, forçada, refeita, recriada (DEMO,

1993, p.82). Outro aspecto a ser considerado em termos de campo de

trabalho do gestor é a promoção de um trabalho com princípios da

participação coletiva e estar inserido nessa proposta não é fácil. O ser

humano, embora tenha necessidade de conviver socialmente, se mostra

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individualista. Tem resistência social e, não sabe, ou não consegue lidar

com a inteligência emocional e social, extrapolando e dificultando o inter-

relacionamento. Atitudes como a inveja, ganância, comentários

depreciativos, ciúmes, tornam o espaço escolar, um lugar onde cada um

está sempre em estado de alerta, de ataque ou de defesa. Segundo

Demo (1993, p.45) na verdade, sabemos muito melhor como não mudar,

do que como mudar. No âmbito escolar, interessa ao gestor que

aconteça o bom relacionamento e que o diálogo se faça presente em

todas as situações possibilitando assim as mudanças necessárias que

se espera tanto individual quanto coletiva.

É nesse contexto, segundo Lück (2006, p.80), que o gestor deve

propor e articular um trabalho sustentado no desenvolvimento de

habilidades e atitudes de participação coletiva. O gestor deve estar

atento e analisar criteriosamente como ocorre a participação do

professor no estudo, elaboração e efetivação do Projeto Político

Pedagógico, na Proposta Curricular, Regimento Escolar, Sistema de

Avaliação, enfim, em todas as propostas de intervenção pedagógica.

Analisar qual a freqüência, motivação, comprometimento, participação, o

por quê, as limitações e a comunicação interpessoal dos professores nas

reuniões, encontros de conversação que possam ocorrer, inclusive no

intervalo do recreio. Essa atitude do gestor lhe dará subsídios para lidar

com as situações que venham a atrapalhar o trabalho coletivo. Quando

verificado, diagnosticado os entraves, os gestores devem propor ações

no sentido de corrigi-los.

Segundo Lück (2006, p.81), cabe, portanto reconhecer que a

participação na gestão, como princípio, não se circunscreve ao ambiente

escolar. Um segundo ponto a ser considerado é a participação dos pais

e alunos nesse processo. Priorizar os professores significa reforçar a

pratica do autoritarismo. Os Conselhos Escolares por sua vez devem ter

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a liberdade de análise e decisão, sem sofrerem pressão ou serem

manipulados a concordarem com as decisões já definidas pelo gestor e

professores.

Com relação aos agentes administrativos e operacionais, a atitude

do gestor será a de promover vínculo de liderança e tomada de decisão

compartilhada. Criar uma cultura de troca de experiência, diálogo,

responsabilidade e reciprocidade.

De acordo com nossas vivências e percepções do meio escolar a

pouca participação dos pais na vida escolar dos filhos é fato em todas as

entidades e preocupação comum dos professores e gestores. Quando

solicitados os que comparecem não são os que têm filhos que

apresentam dificuldades disciplinares ou de aprendizagem. Daí a

insatisfação dos professores, por não poderem conversar diretamente

com quem gostariam. Outro fator comum é a participação de pais em

reuniões com imposição de ideias e sugestões incabíveis ou que

beneficiem somente seus próprios interesses; ou de pais questionadores

e que põe em dúvida o trabalho dos professores e gestores. Estes e

outros motivos inibem e limitam sua participação, pois os gestores se

sentem muitas vezes ameaçados, criticados e temerosos de perderem

seu espaço e autoridade.

Podemos ainda verificar, que quando os pais são aceitos,

comprometidos e estimulados a participarem de todo processo

educacional, sua presença se faz naturalmente. O respeito e o diálogo

são fatores impreteríveis. Nessa sincronia entre pais, professores e

gestores quem sai ganhando são principalmente os alunos.

Quanto mais formalizados os papéis e funções das pessoas na

organização, quanto maior a burocratização, menor a participação e

envolvimento no trabalho como um todo.

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O exagero da dimensão participativa, o “democratismo”, reflete de

forma negativa, pois todos têm opinião particular e as defende, por isso

muitas vezes não se chega a um denominador comum. Assim ninguém

assume ou não se comprometem.

Destacamos também a forma de como a maioria dos Projetos

Político-Pedagógicos são construídos. Estes por sua vez tornam-se

documentos formais, sem a participação efetiva da comunidade escolar

na sua elaboração, ou encrementação, deixado muitas vezes longe dos

profissionais, sem ser consultado.

A reflexão crítica, em grupo, em íntima comunhão de sentimentos e em consonância de propósitos, robustece a ação e revigora os participantes para prosseguirem na busca de soluções para os problemas sentidos (MARQUES, 1987, p.83).

Desta forma promovendo o diálogo franco e aberto, o gestor

motiva a participação efetiva e natural, onde o controle e a vigilância da

produtividade passa a ser preocupação de todos. Os gestores tem sido

estimulados a promoverem a participação coletiva no ambiente escolar.

De acordo com Lück (2006) algumas medidas básicas são

necessárias para que se efetive essa participação como:

• Criação de uma visão conjunta associada a uma ação

cooperativa

O modo de pensar e agir de cada um na escola interfere e

influenciam positiva e negativamente, de acordo como se direcionam.

Cada indivíduo deve ter consciência de suas ações e de como se

relacionam, saber direcionar suas atitudes em benefício do todo e de

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todos. A integração com os demais em torno dos objetivos educacionais

é de suma importância. O gestor educacional deve dispor energia pela

interação dos vários segmentos e construção de um trabalho sólido e

com objetivos bem definidos.

Por administração solidária entende-se o desenvolvimento de modos de funcionamento da Instituição, através dos quais as chefias e as pessoas a elas ligadas sentem-se livres para pensar e agir com independência, criatividade, iniciativa e responsabilidade, assumindo as consequências (MARQUES, 1987, p.142).

• Promoção de um clima de confiança e reciprocidade

A ética, a credibilidade e companheirismo devem estar presentes

no ambiente de trabalho, promovendo assim a confiança e reciprocidade

entre os integrantes da equipe. Sentir-se com apoio nos momentos de

dificuldade e ter incentivo para superá-lo, solidifica as relações.

Segundo Lück, (2006, p.92) os gestores devem estar atentos a

todas as relações e atuarem como formadores e mobilizadores da

equipe, canalizando energias positivas, sem paternalismo ou

discriminação. O gestor é o pilar onde todos encontram apoio, respeito e

confiança.

Nesse sentido:

A administração solidária fundamenta-se no diálogo, na comunicação não-formal, no constante intercâmbio de idéias e sentimentos, em debates e discussões (e em alguns confrontos), na busca conjunta de soluções para problemas, na comunhão dos mesmos ideais e na visualização de objetivos coincidentes (MARQUES, 1987, p.143).

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Assim entendemos que as diferenças não devem ser eliminadas e

sim aproveitadas, pois são contribuições importantes e que certamente

enriquecem o trabalho coletivo na escola.

• Valorização das capacidades e aptidões dos participantes

O desenvolvimento de capacidades e aptidões para atuações

específicas constitui um foco importante do trabalho do dirigente escolar.

Aos gestores compete criar condições estimulantes para o exercício de

capacidades e aptidões necessárias ao bom desempenho profissional e

maior e melhor aprendizagem dos alunos (LÜCK, 2006, p. 93).

• Quebra de arestas e eliminação de divisões

Ter autonomia no trabalho, ou promover o trabalho autônomo não

significa isolar, nem tão pouco dissociar ou fragmentar. O trabalho

autônomo deve ser entendido num contexto mais amplo e melhor

caracterizado. A interdependência entre pessoas e suas

responsabilidades profissionais devem ser respeitadas e entendidas. O

gestor deve estar atento às dificuldades de diálogo e relacionamento

interpessoal, pois causam conflitos e discordância e, influenciam

negativamente o trabalho coletivo.

• Estabelecimento de demanda de trabalho centrada em idéias e

não em indivíduos

Conforme Lück, (2006, p.95) idéias constituem concepções que

norteiam o comportamento e as ações de pessoas. Para que ocorra uma

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participação coletiva e democrática é necessário que sejam

evidenciadas as idéias. São estas que devem ser elogiadas, divididas

coletivamente. Ao acatar uma sugestão, um parecer, uma ação, é o

grupo todo que deve ser incentivado, mobilizado e elogiado, pois foi uma

decisão tomada em conjunto.

• Desenvolvimento da prática da assunção de responsabilidades

em conjunto

Assim acreditamos que somente através da melhoria da qualidade

educacional, será possível o pleno desenvolvimento e a transformação

urgente e necessária à população brasileira. Mudanças significativas

precisam acontecer no âmbito educacional.

Para Lück, (2006) as concepções referentes a organização, a

orientação e a gestão educacional precisam ser repensadas e

embasadas no trabalho coletivo, onde toda a sociedade possa estar

presente na construção conjunta de um projeto educacional que venha

ao encontro de suas necessidades. A efetiva participação só acontecerá

no instante em que o gestor educacional voltar seu olhar para o trabalho

coletivo e promover o trabalho em equipe na tomada de decisões, na

elaboração de estratégias de ação e construção do Plano de Ação

Educacional na escola, salientando e dinamizando o modo de ser e de

fazer do sistema de ensino vigente.

A postura do gestor não deve ser a de um administrador,

sustentado pelo trabalho de liderança, onde poucos decidem o que, o

como e quando fazer. Esta postura conservadora, de limitações, precisa

ser modificada. No entanto, sabemos que a mudança paradigmática

requer tempo, paciência, ousadia e, sobretudo, vontade de trabalhar

coletivamente à luz de uma prática pedagógica voltada para idéias

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inovadoras, onde a qualidade do ensino seja tão necessária que a sua

efetivação aconteça espontaneamente. Para tanto, o trabalho do gestor

deve ser realizado de forma criativa, contínua, capaz de articular e

coordenar coletivamente as técnicas e políticas educacionais.

A expressão gestão educacional foi destaque na literatura e,

sobretudo no contexto educacional a partir da década de 1990. O termo

passou a ser usado com freqüência nos discursos de orientação das

atividades no âmbito escolar e sistema de ensino que visam o

desenvolvimento e a melhoria da qualidade de ensino.

Faz-se necessário, no entanto apontar e clarear as questões

básicas para melhor entendimento do termo gestão como concepção

paradigmática, condição para que o gestor educacional efetive suas

funções com segurança e eficácia, contribuindo desta forma para

trabalhos posteriores.

O conceito de gestão é promover maior efetividade do conjunto,

superando as limitações do conceito de administração, tendo como

resultado uma visão de mundo e óptica de como se percebe e reage em

relação a realidade (MORIM, 1985; KHUN, 1982, apud LÜCK, 2006).

Portanto a concepção de paradigma é o resultado de como o

orientamos, direcionamos nosso pensamento para ver o mundo, o que é

significativo e como reagimos ao nos depararmos com a realidade que

enxergamos. A mudança de paradigma estabelece uma mudança do

enfoque de administração para o de gestão (LÜCK, 2006. p.35).

Gestão educacional visa promover um trabalho em equipe, voltado

para a qualidade, dinamização e implementação das políticas

educacionais e projeto pedagógico, promovendo a autonomia,

participação, compartilhamento, autocontrole, transparência e

reconhecimento da importância da participação consciente e clara de

todos os segmentos escolares.

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Esta forma democrática de gestar não se restringe ao âmbito

escolar, ela se reporta à todo sistema de ensino. Não é atitude restrita

apenas de quem esta na função ou detém o cargo maior na hierarquia

escolar deve ser exercida por toda equipe, fortalecendo assim o

processo de gestão educacional pela participação responsável, com

comprometimento para a efetiva significação dos resultados

educacionais a que a entidade escolar se propõe. Lembrando sempre

que problemas globais exigem uma reflexão/ação conjunta, participativa,

com competência e eficácia. Agindo assim, o gestor supera sua postura

de administrador, sem no entanto a substituir visto que, no nosso

entendimento saber administrar é fundamental. Superar seus entraves é

saber usufruir do positivo em favor do sucesso em cada decisão

tomada.

As contradições, incertezas, tensões são marcas ou fatores

presentes na realidade socialmente constituída e consequentemente na

escola. Para superar, modificar ou lidar com estes problemas se faz

necessário uma ação conjunta, com tomada de decisões abrangentes, a

longo prazo. Trabalhar o problema de forma descontextualizada e

imediatista não resolve a situação, apenas ameniza momentaneamente.

É exatamente dessa forma que o sistema Educacional, ao longo

da história vem fazendo. Ações focalizadas, imediatistas, que priorizam

a um único setor, deixando de lado ou não dando conta que o sistema

educacional e todo um conjunto de elementos que compõe de forma

singular e pautado cada um na sua especificidade. Se um desses

elementos (metodologia, conteúdo, avaliação, ensino, aprendizagem,

currículo, formação do educador, aspectos da estrutura física)

apresentar sintomas ou deficiência, todo o conjunto sofre as

conseqüências. Daí a importância de se ter uma visão global, e esta

visão deve ser a do gestor, o qual fará a articulação necessária para a

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tomada de decisão conjunta, saindo da escola e buscando parceria na

comunidade.

A gestão, portanto, é que permite superar a limitação da fragmentação e da descontextualização e construir pela óptica abrangente e interativa, a visão, orientação de conjunto, a partir da qual se desenvolvem ações articuladas e mais consistentes (LÜCK, 2006, p.43).

O compartilhamento de responsabilidade na tomada de decisões

no sistema de ensino e na escola requer uma postura de gestão

educacional democrática e participativa.

Assim, Lück (2006, p.44) acrescenta ainda o princípio da

responsabilidade, visando a qualidade do trabalho, o qual deve ser

continuamente avaliado e melhorado. Importante salientar que

autonomia não significa sobrepor a unidade escolar com o sistema que

a mantém. Ela não é soberana. Segue a coordenação geral e as normas

estabelecidas pelo sistema.

Não estamos nos restringindo a mudança terminológica do termo

administração para o de gestão. O que pretendemos é que a

denominação represente a mudança de concepção da realidade e de

significado de ações, mediante uma postura e atitude diferente,

essenciais no modo de ser e de fazer, numa visão de conjunto. A

mudança de paradigma do termo enfatiza:

À sua dimensão política e social., ação para a transformação, participação, práxis, cidadania, autonomia, pedagogia interdisciplinar, avaliação qualitativa, organização do ensino em ciclos etc; de influências sobre todas as ações e aspectos da educação, inclusive as questões operativas que ganham novas conotações as partir delas (LÜCK, 2006, p.49-50).

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Vistas como parte integrante da sociedade, os sistemas de ensino

e as unidades escolares agem e interagem sobre e/na mesma, de forma

significativa e dinâmica. O gestor educacional é quem propõe a

articulação do conjunto de atuações como prática social que passa a ser

o ponto orientador da ação organizadora e orientadora do ensino no

sistema e na escola.

É mais frequente, segundo Lück (2006, p.51-52) o sistema de

ensino adotar uma postura administrativa, prejudicando as “políticas

educacionais” retirando da escola o direito e o dever de autoria sobre

seus projetos de intervenção e análise dos resultados obtidos.

A expressão “gestão educacional” está associada a transformação

das dimensões educacionais concomitantemente.

É importante ressaltar de que não há intenção de depreciar ou

invalidar a importância da administração, mas de superar as suas

mazelas e limitações por ser fragmentado, reduzido. A gestão baseia-se

na administração e procura redimensioná-la, a partir de uma visão

complexa e dinâmica. Sendo assim, uma complementa a outra,

passando a administração a ser uma dimensão da gestão e vice-versa.

A mudança de realidade do sistema de ensino e das escolas

poderá acontecer sempre, desde que seus integrantes tenham

consciência e clareza de que são responsáveis para que ocorra de

forma coletiva. É no trabalho conjunto e colaborativo que a mudança da

realidade e dos que a integram acontece efetivamente.

De acordo com Lück (2006) a administração é percebida como um

processo racional, linear e fragmentado. Imposta de cima pra baixo, de

forma a empregar pessoas e cursos mecanicistas e utilitaristas. O

comando e o controle são atitudes pertinentes e obrigatórios do

administrador, o qual tem uma visão objetiva de quem atua sobre a

realidade de forma distante e fragmentada, baseando-se nos

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pressupostos da: previsibilidade, controle, cobrança, resultados,

sucesso, recursos, modelos, congelamento da realidade, imitação,

normas, regras, penalidade, advertência, exclusão, hierarquia,

agregação, técnica.

Segundo Lück (2006, p.97) a gestão esta centrada na mobilização

da energia de equipe para a realização das responsabilidades da

escola, que são responsabilidades de todos, em conjunto.

Para que a gestão escolar se desenvolva de acordo com os

princípios e ações participativos é necessário que os gestores adotem

medidas como:

d) Difusão contínua de informações claras e precisas; e) Estabelecimento de adequação entre a geração e a

disseminação de informações no contexto escolar. Fugir do senso comum;

f) Desenvolvimento cultural e capacitação técnico-operacional dos

professores. Os professores são membros importantes na gestão participativa.

Sua participação requer: compreensão e dinâmica social; habilidade de

atuação; troca e reciprocidade; comprometimento; solidariedade, ética,

discernimento e perseverança.

Assim acreditamos que somente através da melhoria da qualidade

educacional, será possível o pleno desenvolvimento e a transformação

urgente e necessária à população brasileira. Mudanças significativas

precisam acontecer no âmbito educacional. Para Lück (2006, p. 49), as

concepções referentes a organização, a orientação e a gestão

educacional precisam ser repensadas e embasadas no trabalho coletivo,

onde toda a sociedade possa estar presente na construção conjunta de

um projeto educacional que venha ao encontro de suas necessidades.

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A efetiva participação só acontecerá no instante em que o gestor

educacional voltar seu olhar para o trabalho coletivo e promover o

trabalho em equipe na tomada de decisões, na elaboração de

estratégias de ação e construção do Plano de ação educacional na

escola, salientando e dinamizando o modo de ser e de fazer do sistema

de ensino vigente. A postura do gestor não deve ser a de um

administrador, sustentado pelo trabalho de liderança, onde poucos

decidem o que, o como e quando fazer.

Esta postura conservadora, de limitações, precisa ser modificada.

No entanto, sabemos que a mudança paradigmática requer tempo,

paciência, ousadia e, sobretudo, vontade de trabalhar coletivamente à

luz de uma prática pedagógica voltada para idéias inovadoras, onde a

qualidade do ensino seja tão necessária que a sua efetivação aconteça

espontaneamente. Para tanto, o trabalho do gestor deve ser realizado

de forma criativa, contínua, capaz de articular e coordenar coletivamente

as técnicas e políticas educacionais.

REFERÊNCIAS:

DEMO, Pedro. Participação é Conquista. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993. 176 p. LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: Uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 21-65. ______ . A Gestão Participativa na escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p.73-99. MARQUES, Juracy Cunegatto. Administração participativa na escola. Porto Alegre: Sagra, 1987. 207 p.

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BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS: DEMO, Pedro. Participação é Conquista. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993. 176 p. LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: Uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 21-65. LÜCK, Heloísa. et al. A escola participativa : o trabalho do gestor escolar. 2 ed. DP&A editora, RJ,1998. ______ . A Gestão Participativa na escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. p. 73-99.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MARQUES, Juracy Cunegatto. Administração participativa na escola. Porto Alegre: Sagra, 1987. 207 p. PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 9-27. REGIMENTO ESCOLAR. Colégio Estadual Irmã Maria Margarida, Ensino Médio e Normal. Salto do Lontra, 2007.