DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009...MONTANHA ENCANTADA” Alaide Carvalho Laufer1 Luciane Thomé...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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  • O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

    2009

    Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

    VOLU

    ME I

  • RESULTADOS REFLEXIVOS DO USO DO BLOG COMO FERRAMENTA DE

    ENSINO/APRENDIZAGEM A PARTIR DE UMA ANÁLISE DA OBRA “A

    MONTANHA ENCANTADA”

    Alaide Carvalho Laufer1

    Luciane Thomé Schröder2

    Resumo

    Os recursos didáticos têm um papel importante na mudança de atitude do educador e do educando, sendo que sua principal função é propiciar o ensino, motivando os alunos para uma aprendizagem eficiente. Na Era digital a dificuldade de despertar o interesse para os estudos pede atitude de colaboração entre professores e alunos e é através dela que a aprendizagem acontece. O filósofo francês Pierre Lévy (2007), define ―Inteligência Coletiva‖ como a soma das inteligências individuais que se tornam disponíveis através de veículos de comunicação, como a Internet, e que podem ser compartilhadas por todas as pessoas, bastando para isso, conectar-se a ela. Portanto, é necessário utilizar-se dos novos serviços disponíveis que podem auxiliar o professor na práxis pedagógica, uma vez que o quadro de giz, o lápis e o caderno já não são suficientes para atrair a atenção do aluno. Nesse sentido o blog é um dos instrumentos que pode auxiliar, possibilitando a criação de condições de estímulo, para que educador e educando desenvolvam seu conhecimento de modo significativo. Este trabalho utilizou como motivação a obra A Montanha Encantada, de Maria José Dupré, para fazer a Análise de Discurso, com o objetivo de ampliar o conhecimento dos alunos e leva-los a ir além das palavras escritas, percebendo que o discurso interativo é marcado pelo dialogismo e procurando na língua a visão discursiva que busca a exterioridade da linguagem como fator constitutivo do sentido. .

    Palavras-chave: blog; prática de leitura e escrita.

    1 Cursista do PDE/2009, graduada em Letras pela FACISA, pós-graduada em Linguística e Ensino de

    Língua Portuguesa, professora de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Ulysses Guimarães – Foz do Iguaçu 2 Mestre em Letras, Linguagem e Sociedade pela UNIOESTE, docente curso de Letras da

    UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon.

  • 1 Introdução

    Para motivar a aprendizagem são necessárias ferramentas tecnológicas que

    auxiliem o professor na práxis pedagógica. O modelo tradicional de quadro e giz não

    é mais suficiente para atrair a atenção do aluno, o que torna necessário a introdução

    de outros meios para auxiliar na criação de condições e estímulos para que o aluno

    consiga desenvolver seu conhecimento de modo significativo.

    A principal função dos recursos didáticos é facilitar o ensino e despertar o

    interesse do aluno através da motivação, resultando na aprendizagem eficiente.

    Acredita-se que através da análise de livros infanto-juvenis o conhecimento

    pode ser encontrado, possibilitando formar uma sociedade consciente de seus

    direitos e de seus deveres e que estes tenham melhor visão de mundo e de si

    mesmos.

    Aguiar e Bordine (1993 p. 12-13) afirmam que ―uma das necessidades

    fundamentais do homem é dar sentido ao mundo e a si mesmo e o livro, seja

    informativo ou ficcional, permanece como veículo primordial para esse diálogo‖.

    Frente a isso, alguns questionamentos são colocados para reflexão: de que

    estratégia lançar mão para provocar o aluno à leitura de textos literários? Que

    metodologia deve ser pensada a fim de propiciar a eles a superação da leitura

    mecanizada? De que modo uma prática de leitura reflexiva pode levá-los ao

    exercício da autonomia intelectual?

    O ambiente escolar vem passando por mudanças, principalmente no que se

    referem às normas educacionais e/ou ferramentas pedagógicas que, com o decorrer

    dos anos, foram integrando-se à escola, permitindo maior comprometimento e

    qualidade de conhecimentos e conteúdos. Dentre todas, percebemos a

    incorporação, como cita Ramos e Coppola (2009, p. 3), ―do computador e da internet

    como mediadores do processo de conhecimento‖ que, se bem utilizado, constituir-

    se-á em mais uma possibilidade de uma ferramenta para o ensino-aprendizagem.

    A Internet oferece uma série de serviços e utilidades, dentre eles estão os

    blogs, que segundo Fonseca, são diários virtuais apresentados na Internet. Neles, o

    dono insere seus apontamentos e se deixar com acesso livre, pode permitir que

    internautas façam comentários (FONSECA, 2006).

  • Se for função da escola formar pessoas críticas, faz-se necessário partir

    para uma atitude que leve o aluno a conquistar a leitura reflexiva que o encaminhará

    para o exercício da autonomia intelectual. É justamente a leitura provocativa e que

    faz o pensar, que lhe proporcionará ser cidadão, sabedor dos seus deveres e

    merecedor dos seus direitos.

    A compreensão e a interpretação de textos são práticas necessárias e

    importantes para a aprendizagem. Ler, portanto, é essencial, para o processo

    educacional, pois somente através da leitura eficiente é possível torna-se mais

    crítico e com capacidade argumentativa, o que leva a construção do conhecimento.

    2 Como motivar a leitura?

    Por ser importante fonte de aprendizagem, a leitura deve ocupar lugar

    privilegiado na vida escolar do aluno que deverá aprender a empregar a leitura além

    das palavras, o que acontece através da história que faz parte da vida de cada um.

    O histórico familiar, social e cultural está interligado na interpretação da leitura que

    cada ser faz do mundo em sua volta. Orlandi esclarece:

    Quem analisa não pode se contentar nem com a inteligibilidade nem com a interpretação. Para a inteligibilidade basta ―saber‖ a língua que se fala. Para interpretar, o fazemos de nossa posição sujeito, determinados pela ideologia, nos reconhecemos nos sentidos que interpretamos. Mas para compreender é preciso teorizar. É preciso não só se reconhecer, mas fazer o esforço de conhecer. É aceitar que a linguagem não é propriedade privada. É social, é histórica. Não é transparente. (ORLANDI, 2006, p. 2 e 3)

    A principal função é estudar o discurso como prática social, o que significa

    torná-lo interventor na apropriação do conhecimento para a superação de

    dificuldades numa troca entre os homens e a sociedade em que vivem e se

    desenvolvem.

    Portanto, através da leitura, é necessário ajudar o aluno a elevar sua auto-

    estima e perceber-se como sujeito ativo na construção de uma sociedade

    democrática. E o blog é um dos recursos a serem utilizados para que os alunos

  • possam interagir em sala de aula. A leitura dramatizada chama e prende a atenção

    para o conteúdo e assim, o ouvinte/aluno, tem maior possibilidade de apreender

    maior significação da história em ação, pois participa dela através da imaginação.

    Na hora de desenvolver a parte escrita, a proposta do blog poderá servir de

    motivação, uma vez que ele deixará de escrever para cumprir mais uma tarefa e

    passará a escrever para ser lido e não meramente para a o atribuição de uma nota.

    A obra ―A Montanha Encantada‖ de Maria José Dupré serviu de meio para a

    realização da interlocução entre o ensino em sala de aula e as novas tecnologias,

    como sites de pesquisa, e-mails e blog com divulgação de alguns trabalhos

    elaborados em sala e a adaptação do livro para uma ―rádio novela‖. O desafio da

    escrita foi proposto porque atrai.

    3 A história: “A montanha encantada” (Maria José Dupré)

    No livro ―A Montanha Encantada‖, é narrada uma história envolvendo as

    crianças Vera, Lúcia, Cecília, Quico e Oscar, que numa temporada no sítio do

    Padrinho ficam curiosas para descobrir o que significa a estranha luz que

    esporadicamente aparece no cume de uma montanha próxima. Junto com o dono do

    sítio, o Padrinho e as crianças partem para uma excursão rumo ao topo da

    montanha que lhes pareceu encantada, dispostos a descobrir o que causa a

    aparição da iluminação que lhes chamou a atenção.

    Durante a viagem o mistério é aguçado quando escutam uma espécie de

    música, mas sem conseguir saber com exatidão de onde ela vem. Ao atingir o alto

    da montanha, os jovens fazem o reconhecimento e, num acidente, caem no seu

    interior. São encontrados por um anão que os escolta até seu líder, que na realidade

    é um príncipe. A partir dali vivem uma história que sobrevive desde o tempo de Mem

    de Sá, quando os anões vieram junto com os portugueses, fazendo parte da trupe

    cuja incumbência era alegrar a comitiva do Rei. Habituaram-se a este país e não

    mais quiseram regressar ao de origem.

    As crianças, sempre acompanhadas por seus cachorrinhos de estimação,

    Pingo e Pipoca, exploram o local que lhes parecia inóspito por não entrar a luz do

  • sol e se surpreenderam ao se depararem com uma cidade com muitos habitantes e

    cuja matéria prima era o ouro.

    Materialmente tratava-se do lugar mais rico do mundo, mas a cidade dos

    anões não possuía livros, instrumentos musicais, nem flores, o que a tornava pobre,

    apesar do rico minério e das pedras preciosas encontradas por lá. A luz misteriosa

    que chamou a atenção das crianças tratava-se da experiência do cientista da

    cidade, mas quando o príncipe ficou sabendo que foram suas tentativas de contato

    com outros planetas que atraíra a curiosidade das crianças, proibiu-o de continuar

    suas misteriosas experiências com as pedras preciosas.

    As crianças conheceram o príncipe local, a cultura portuguesa - que

    permaneceu desde a época que os anões vieram com a comitiva real, na época do

    ―descobrimento‖ - a alimentação improvisada - por conta de viver sem a luz solar - e

    ainda tiveram a oportunidade de assistir ao casamento dos príncipes.

    Após algumas confusões (hilárias) e a pedido da princesa, o príncipe

    permitiu que os garotos retornassem ao mundo exterior. Foram acompanhados por

    um anão e no caminho, ainda dentro da montanha, inesperadamente a luz de um

    lampião, que o pequenino carregava, apagou-se e os garotos viram- se

    arremessados para o alto. Quando clareou não reconheceram o local e iniciaram a

    busca por Padrinho e os outros aventureiros. Ao encontrá-los, sentiram-se aliviados.

    Após alimentarem-se, contam a fantástica história vivida por eles dentro da

    montanha dos anões. Os adultos não acreditaram, porém iniciou-se uma série de

    fatos que deixaram os adultos em dúvida e passaram a pensar na possibilidade de

    ser verdade a história contada pelas crianças.

    De volta para casa são recebidos carinhosamente por Madrinha. Terminada

    as férias, Eduardo, Henrique e as três meninas retornam para São Paulo. Antes de

    partir beijam as mãos dos padrinhos que os convida para nova visita de férias no

    ano seguinte.

    4 Encaminhamento didático: leitura e produção de sentido

    Para encaminhamento didático fez-se uso da Análise de Discurso (AD) de

    orientação francesa, porque ela aborda a linguagem como um fator sócio-histórico,

  • considera os valores sociais e individuais, a história que cada pessoa carrega

    consigo, além de privilegiar o estudo do sentido. Acredita-se que a AD, através das

    suas abordagens (que tem como pilar a leitura como produção de sentido), vá ao

    encontro das necessidades de ensino, o que contribui para leitura mais crítica e

    reflexiva, base geradora para o desenvolvimento da escrita tão necessária no ensino-

    aprendizagem da língua materna.

    A AD tem o discurso como objeto de estudo e, segundo Orlandi, na obra

    Discurso e Leitura (2008, p.35), tem-se um provocativo questionamento: afinal, ―A

    leitura é uma questão linguística, pedagógica ou social?‖

    A resposta, então, é a de que a leitura é uma questão lingüística, pedagógica e social ao mesmo tempo. Embora cada especialista a encare em sua perspectiva. (...) Metaforicamente, eu diria que é preciso não esquecer que o microscópio não é a bactéria que o observa (ORLANDI, 2008, p. 35).

    A principal função de se estudar o discurso como prática social significa

    torná-lo mediador na apropriação do conhecimento para a superação de

    dificuldades, numa espécie de troca entre os homens e o mundo em que vivem e se

    desenvolvem, considerando toda a complexidade que envolve o fazer discursivo.

    Não vejo condições para compactuar com uma pedagogia da facilitação, onde sempre prevalece a preocupação de encontrar recursos e técnicas de aprendizagem que aparentam simplificar o que é impossível de simplificar (...) desmerece a inteligência dos alunos ao negar-lhes as oportunidades e os meios para se constituírem como sujeitos (VOESE, 2005, p. 134).

    Na medida em que se efetiva este desenvolvimento, novo acréscimo é feito

    através do discurso e nova apropriação se completa numa espécie de espiral infinito,

    dando forma às épocas históricas e aumentando o grau de complexidade do

    conhecimento humano. Ao mesmo tempo em que isto ocorre, fica claro ser o

    conhecimento dinâmico e, portanto, infinito, devendo o homem estar constantemente

    procurando sua superação.

  • A transitividade crítica por outro lado, a que chegaríamos com uma educação dialogal e ativa, voltada para a responsabilidade social e política, se caracteriza pela profundidade na interpretação dos problemas. Pela substituição de explicações mágicas por princípios causais. Por procurar testar os ―achados‖ e se dispor sempre a revisões. Por despir-se ao máximo de preconceitos na análise dos problemas e, na sua apreensão, esforçar-se por evitar deformações. Por negar a transferência de responsabilidade. Pela recusa a posições quietistas. Por segurança na argumentação. Pela prática do diálogo e não da polêmica. Pela receptividade do novo, não apenas porque novo e pela não-recusa ao velho, só porque velho, mas pela aceitação de ambos, enquanto válidos (FREIRE, 1991 apud VOESE, 2005, p. 133).

    Sabe-se que é comum as aulas serem ministradas a grandes grupos de

    alunos, ignorando-se a herança histórica social particular de cada um, o que

    influencia no desempenho escolar, uma vez que a interlocução é deixada de lado

    em função da disciplina.

    Mas essa interlocução precisa ter espaço garantido, pois é por meio dela

    que o discurso acontece. Segundo Orlandi (2007, p. 15), ―Na análise de discurso

    procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico,

    parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história‖.

    É por meio do estudo do discurso que se observa a relação entre língua e

    ideologia, compreendendo-se como ela produz sentidos diferentes dependendo das

    histórias de vida dos sujeitos que proferem discursos: ―o sentido não existe em si,

    mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo

    sócio-histórico em que as palavras são produzidas‖ (ORLANDI, 2007, p. 42).

    Propõe-se que o currículo da Educação Básica ofereça, ao estudante, a formação necessária para o enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo. Esta ambição remete às reflexões de Gramsci em sua defesa de uma educação na qual o espaço de conhecimento, na escola, deveria equivaler à idéia de atelier-biblioteca oficina, em favor de uma formação, a um só tempo, humanista e tecnológica. (...) Com isso, entende-se a escola como o espaço do confronto e diálogo entre os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular. Essas são as fontes sócio-históricas do conhecimento em sua complexidade (PARANÁ, 2008, p. 20-21).

  • Os Parâmetros Curriculares Nacionais, entre outros indicam como objetivos

    do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:

    • compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; • posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; • conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País; • saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; (BRASIL, 2008, p. 55 )

    Apesar das Diretrizes Curriculares Estaduais, apregoarem que os

    estudantes devem saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos

    tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos, é possível perceber que o

    problema não aparece somente na parte econômica, tem suas raízes na área

    cultural e política, portanto interessa a Análise de Discurso orientação francesa.

    Nestas diretrizes, propõe-se uma reorientação na política curricular com o objetivo de construir uma sociedade justa, onde as oportunidades sejam iguais para todos. Para isso, os sujeitos da educação básica, crianças, jovens e adultos, em geral oriundos das classes assalariadas, urbanas ou rurais, de diversas regiões e com diferentes origens étnicas e culturais (FRIGOTTO, 2004), devem ter acesso ao conhecimento produzido pela humanidade que, na escola, é veiculado pelos conteúdos das disciplinas escolares. (PARANÁ, 2008 p. 14)

    Procurando não fugir do caminho traçado pelas DCEs, este trabalho é

    norteado pela AD de orientação francesa que surgiu com o filósofo Michel Pêcheux,

    na década de 60, na França. É considerada uma disciplina de entremeios,

    justamente por trabalhar o discurso na sua historicidade, que é o significado

    adquirido através do tempo, através da história, das lutas, da marca ideológica que o

    discurso carrega.

  • A AD trata do discurso (...) e a palavra etimologicamente, tem em si a idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim, palavra em movimento, prática da linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (ORLANDI, 2007, p. 15).

    Para a AD, a língua precisa fazer sentido, participar do espaço político-sócio-

    cultural do sujeito. É necessário que o professor intermedie e assessore o aluno

    para que este vá realizando um trabalho de interpretação e seja capaz de ler além

    do que está dito. Que conheça, além da sua, outras histórias, outras culturas, outras

    sociedades e, por força desse conhecimento, possa (re) escrever outra história. ―A

    AD visa à compreensão de como um objeto simbólico produz sentido, como ele está

    investido de significância para e por sujeitos‖ (ORLANDI, 2007, p. 26).

    Cabe à escola a função de dar o acesso à cultura ditada pelas classes

    dominantes, para que todos possam ser cidadãos em igualdade; e isso não

    acontece fora do discurso.

    (...) a relação entre linguagem e pensamento, e linguagem e mundo tem também suas mediações. Daí da necessidade da noção de discurso para pensar essas relações mediadas. Mas ainda é pelo discurso que melhor se compreende a relação entre linguagem/pensamento/mundo, porque o discurso é uma das instancias materiais (concretas) dessa relação (ORLANDI, 2007 p.12).

    A AD em sua vertente francesa, abordando a linguagem como um fato sócio-

    histórico e que considera os valores e a história que cada pessoa carrega consigo,

    privilegia o estudo do sentido, contribuindo para leitura crítica e reflexiva, base

    geradora para o desenvolvimento da escrita.

    Tendo como objeto de estudo o discurso, a AD procura ver a língua não

    apenas como transmissão de informações ou a materialização de simples atos de

    fala, mas estuda a língua numa visão discursiva que busca a exterioridade da

    linguagem como fator constitutivo do sentido. Orlandi, ao discorrer sobre a AD,

    afirma que nela ―procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto

  • trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua

    história‖ (ORLANDI, 2007, p. 15).

    A AD toma a linguagem como mediadora indispensável entre o homem e o

    meio social e natural em que vive. Assim, a AD não toma a língua como um sistema

    abstrato, mas como modo de interação entre os sujeitos.

    Sendo o discurso uma prática, pode-se dizer que por ele se dá uma ação do

    sujeito sobre o mundo. Por isso, sua aparição deve ser contextualizada como um

    evento, que fundamenta uma interpretação e constrói uma ―vontade de verdade‖. A

    AD coloca aos sujeitos a seguinte questão: ―como este texto significa?‖ Ou seja, ela

    se interessa pelo momento histórico de ―surgimento‖ do texto, da sua historicidade,

    releva as condições de produção para que o dito fosse daquele jeito e não de outro,

    ―(...) ela concebe [o texto] em sua discursividade‖ (ORLANDI, 2007, p 18).

    A AD teve início na década de 60, como já foi dito, com a preocupação

    voltada ao discurso e, a partir de então, passou-se a pensar o enunciado a partir do

    espaço social de onde ele se manifesta, tornando-se assunto de linguístas, de

    historiadores e até de psicólogos.

    Concebendo a linguagem como a mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social. Essa mediação, que é o discurso, torna possível tanto a permanência e continuidade quanto o deslocamento e a transformação do homem e da realidade em que ele vive. O trabalho simbólico do discurso está na base da produção da existência humana (ORLANDI, 2007, p.15).

    Quando pronunciamos um discurso, agimos sobre o meio em que vivemos e

    marcamos nossa posição, seja selecionando sentidos ou excluindo-os no processo

    interlocutório, sem que isso signifique controle, intenção, manipulação. O sujeito

    sempre fala a partir de uma posição social, e, desta forma, o dizer está marcado

    pelas ideologias que se manifestam nas escolhas mais ou menos conscientes que

    ele faz e que se revela pela sua cultura. Como, por exemplo, esse estudo fará ao

    tratar do tema família, que, na obra ―A Montanha Encantada‖ é uma representação

    construída por uma dada sociedade.

    Para Maingueneau (2004, p.56), o discurso é uma dispersão de textos cujo

    modo de inscrição histórica permite defini-lo como um espaço de regularidades

  • enunciativas. O referido autor explica que o termo discurso apresenta várias

    características e que as essenciais são: o discurso como organização situada além

    da frase, cujos elementos estão submetidos a regras de organização vigente em um

    determinado grupo social. Porém, o discurso não deixa de ser orientado, o que

    supõe seguir uma ordem no tempo de forma linear, mas que também pode se

    desviar e mudar de direção de acordo com as intencionalidades do locutor.

    Para o autor, o discurso interativo é marcado pelo dialogismo, é uma troca,

    implícita ou explicita, com outros enunciadores reais ou virtuais; e supõe-se que há

    sempre a presença de outra enunciação a qual o enunciador se dirige para construir

    seu próprio discurso.

    O discurso só é um discurso enquanto remete a um sujeito, um EU, que se coloca como fonte de referências pessoal, temporal, espacial e, ao mesmo tempo, indica que atitude está tomando em relação àquilo que diz e em relação ao seu co-enunciador (MAINGUENEAU, 2004, p.55).

    Este lugar no discurso é dirigido por regras anônimas que determina o que

    pode e deve ser dito. Somente nesse lugar constituinte, o discurso vai ter um dado

    efeito de sentido. Se for pronunciado em outra situação que remeta a outras

    condições de produção, seu sentido, consequentemente, será outro. Por exemplo,

    os temas ―a inflação dos anos 80‖ ou ―a ditadura dos anos 60‖, quando comentados

    por pessoas que viveram os acontecimentos, tem-se um sentido, talvez, distante

    daquele que um jovem de hoje atribuiria aos assuntos, o que não significa leituras

    mais ou menos certas, mas as palavras são tomadas por efeitos de sentido

    diferentes dependendo daquele que as pronuncia.

    5 Sistemas e métodos

    Analisado o tempo disponível para o desenvolvimento do trabalho e seu

    melhor aproveitamento, decidiu-se que seria efetuado em sala de aula, em casa e

    no contraturno, dependendo do aluno ter ou não acesso à Internet.

  • Foi estabelecido que duas aulas semanais fossem reservadas para leitura e

    conversação sobre os assuntos abordados durante a atividade, além de sugerir

    pesquisas como preparação para os capítulos a serem lidos posteriormente. Ao

    término da leitura semanal os alunos fariam um resumo dos capítulos como forma de

    rever a trajetória da história. Também estudariam os elementos da narrativa e os

    fatos históricos envolvendo os personagens e suas atitudes. Segundo Orlandi (2007,

    p. 15), ―Na análise de discurso procura-se compreender a língua fazendo sentido,

    enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e

    da sua história‖.

    É por meio do estudo do discurso que se observa a relação entre língua e

    ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentidos diferentes,

    dependendo das histórias da vida dos sujeitos que proferem discursos: ―o sentido

    não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo

    no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas‖ (ORLANDI, 2007, p.

    42). Pensando dessa forma, alguns fragmentos do livro foram utilizados como

    amostragem para se trabalhar oralmente a AD com os alunos.

    6 A análise

    A fazenda do Padrinho é muito bonita e rodeada de montanhas altíssimas. (DUPRÉ, 2009 p.8)

    A história acontece no espaço rural, se assemelhando com os contos de

    fadas de origem européia, onde as aventuras acontecem no campo, como por

    exemplo: Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, Branca de Neve, entre

    outros. Segundo Zilberman (2007, p. 59), o livro infantil teve origem européia, no

    Século XVII:

    A literatura infantil, desde seu aparecimento, na Europa moderna, mostrou preferência particular pelo mundo agrícola como local para o transcurso de ações. Isso se deve ao aproveitamento, desde o início, de narrativas de

  • origem folclórica ou contos de fadas de proveniência camponesa como matéria-prima para a (re) criação literária. (ZILBERMAN, 2007, p. 59)

    Padrinho era um fazendeiro e para manter a fazenda produtiva precisa da

    mão de obra para cultivar sua plantação. Segundo Viotti (1999, p. 14), os

    fazendeiros não se preocupavam com seus trabalhadores. A preocupação era com o

    lucro.

    A expansão do mercado internacional e a revolução no sistema de transportes abriram novas possibilidades para a agricultura brasileira no século XIX. O desenvolvimento da cultura cafeeira em Minas, Rio e São Paulo tornaram urgente a solução de dois problemas interdependentes: o da mão-de-obra e o da propriedade da terra. (...) a abolição liberou os brancos do peso da escravidão e abandonou os ex-escravos à sua própria sorte. Os maiores beneficiários foram, uma vez mais, as elites e a sua clientela. (VIOTTI, 1999 p. 14)

    ―A Montanha Encantada‖ foi publicada, originalmente, em 1945 e sabendo

    que as condições de produção incluem o contexto sócio-histórico, ideológico, então,

    o excerto mencionado anteriormente, que a princípio parecia uma frase com pouca

    significação, ao se aprofundar historicamente é possível saber que: naquela fazenda

    também houve mão de obra escrava, famílias separadas pela venda, assim a

    história passa a ter outros significados por haver personagens e ser desenvolvida

    por sujeitos situados historicamente. Esse fato também leva o leitor a recorrer-se das

    informações armazenadas que o proporcionam imaginar o que é beleza nesta

    situação específica.

    De acordo com Chevalier e Gheerbrant (2009, p. 616), sendo a montanha

    muito alta, próxima do céu e por encontrar-se ao mesmo tempo presa na terra,

    participa do simbolismo da transcendência. Sendo ali, a morada dos deuses, é o

    objetivo da ascensão humana. É uma escada que necessita ser escalada e naquele

    ambiente rural, da fazenda, a altura da montanha chama a atenção dos visitantes,

    significando para eles, a possibilidade de mudar seu estágio de conhecimento,

    aprendendo com o Padrinho e até obter ascensão social, já que ali estão sob sua

    proteção.

  • – Todos – disse ele – As meninas são tão boas companheiras quanto os meninos. (DUPRÉ, 2009, p. 16)

    O caráter preconceituoso em relação ao papel da figura feminina fica

    evidente no trecho acima, essa mentalidade coaduna com os valores arcaicos

    advindos de uma sociedade patriarcal. A organização desse modelo de sociedade,

    segundo Freyre, (2004, p. 63) ―teve no complexo ou sistema patriarcal, ou tutelar, de

    família, de economia, de organização social, na forma patriarcal de habitação – a

    casa-grande completada pela senzala".

    A história demonstra também que:

    O movimento liderado pela Dra. Bertha Lutz no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, foi objeto de alguns estudos. O referido movimento, que examino em trabalho anterior, teve como alvo o acesso das mulheres à cidadania plena e, apesar de limitações, comuns aos demais movimentos feministas da época, algumas de suas propostas, como a dos direitos civis, só recentemente vêm sendo implementadas. (FLAMARION, 1997, p. 409)

    Apesar das mulheres já terem conseguido algumas conquistas naquela

    época, era impossível esconder o preconceito que deixava sua marca nos discursos,

    conforme nos diz Voese (2005, p. 124), ―no modo de enunciar do autor do texto‖ (...)

    ―O dito, os silenciamentos e o modo de enunciar apontam para o lugar social que

    ocupa‖. Assim deixa clara a comparação feita entre os meninos e as meninas e mais

    claro ainda fica o caráter da ―supremacia‖ masculina daquela época (?).

    Considerado de suma importância conhecer as origens, o passado da

    família para compreender a própria história, foi que se sugeriu como atividade aos

    alunos, uma pesquisa sobre o significado da palavra brasão e após, que cada um

    construísse a árvore genealógica como representação da sua história familiar. O

    primeiro passo foi o diálogo com seus familiares procurando conhecer a história e

    vida dos seus antepassados e suas origens. Após escreveram sua história familiar e

    desenharam o ―Retrato de Família‖ que se encontra exposto no Blog Literário

    Colaborativo: http://blogliterariocolaborativo.blogspot.com/2010_10_17_archive.html

    http://blogliterariocolaborativo.blogspot.com/2010_10_17_archive.html

  • Figura 1: Desenhos criados pelos alunos representando a família de cada um.

    Na sequência, cada aluno criaria um brasão representando a trajetória vivida

    pelos seus antepassados. Para isso, propôs que se pesquisassem o significado das

    imagens que usariam e de acordo com seu sentido produzissem um escudo que

    revelasse a história de vida familiar. Para esta atividade usaram moldes e desenhos,

    ocorrendo participação efetiva da turma.

    Os laços familiares na época em que a história ―A Montanha Encantada‖ foi

    escrita, transcende a consanguinidade para encontrar os laços espirituais através do

  • compadrio, como estratégia de proteção entre os envolvidos, tornando-os membros

    da mesma família espiritual.

    A noção de ‗amizade desigual‘, que subordinava a reciprocidade ao respeito à hierarquia social, tornava-se o elemento legitimador das relações de poder internas ou externas aos grupos sociais. No caso do compadrio, tais vínculos eram ainda mais intensos, pois geravam laços de parentesco para o resto da vida — tanto na relação padrinho-afilhado quanto na de compadre-compadre. Nesse sentido, é possível afirmar que o compadrio consistia em um dos elementos de estruturação das redes sociais que organizavam a vida cotidiana. (REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA, vol. 26, nº 52 p. 274).

    – Eles eram dessa alturinha, Padrinho. Nós éramos quase gigantes perto deles. (DUPRÉ, 2009, p. 112)

    Como em alguns contos de fada onde os anões estão ligados a cavernas e

    grutas das montanhas, nesta história também existe a presença deles vivendo num

    mundo à parte.

    O preconceito aparece na maneira de falar das crianças ao se referirem aos

    anões transmitindo ao leitor a impressão de que os moradores do interior da

    montanha eram ainda menores, uma vez que a fala parte de crianças.

    Percebe-se nesta fala que o objetivo é demonstrar que não sentiram medo,

    porque eram quase ―gigantes‖ perto deles. Aparece aqui a necessidade de

    demonstrar um ethos diferente da realidade, no entanto ele não se efetiva, pois

    como observa Bourdieu (Bourdieu, Apud AMOSSY, 2008, p. 121) ―a eficácia

    simbólica da palavra só se efetiva quando aquele que a sofre reconhece aquele que

    a exerce como capacitado para exercê-la‖. Neste caso, o que as crianças disseram

    não está de acordo com o que aconteceu. Elas ficaram prisioneiras dos anões,

    apesar do contraste de tamanho. ―São essas as pessoas que eu vi subindo a

    montanha. Prendi-os hoje; são crianças― (Dupré, 2009, p. 48).

    – Desde o tempo dos avós dos nossos avós vivemos aqui nessa montanha e nunca ninguém veio perturbar nossa paz. (DUPRÉ, 2009 p. 46)

  • A citação acima lembra posse. Estão naquelas terras há tanto tempo que

    adquiriram direitos sobre ela. São os donos e sobre elas reinam, são os senhores.

    Ninguém tem direito de tirar-lhes o sossego nem perturbar-lhes a paz. Neste trecho,

    o anão deixa perceber pelo ―tom‖ o questionamento implícito: Quem essas pessoas

    pensam (?) que são e com que direito (pensam que têm) de perturbar a paz de

    quem é dono da terra. Eles (as crianças) é que estão invadindo nossas propriedades

    que foram passadas de pais para filhos numa herança história como o é o reinado

    do príncipe anão.

    Orlandi (2002, p. 217), quando trata dos lugares de observação, traça um

    panorama do nosso processo de identificação e cita: Não deixa de soar estranha a

    tabuleta colocada no norte do Amapá: ―Aqui começa o Brasil‖. E comenta: ―Já nos

    aparece do que se trata: do imaginário das descobertas‖. Será mesmo necessário

    dizer onde começa e onde termina o Brasil? Em outros países este fato acontece?

    Orlandi (2002, p. 217) questiona que no ano de 2000 o Brasil fez aniversário de

    descoberta e pergunta: ―A Itália faz aniversário?‖; ―A França faz aniversário?‖;

    ―Porque não escolher a data da independência para começar o Brasil?‖

    O que não está dito nesta história? Orlandi (2002, p. 218), faz outro

    questionamento: ―Qual a relação desse imaginário com a realidade do país, quando

    pensamos seus sentidos?‖

    Os portugueses, anões, que estão nas montanhas há muito tempo sentem-

    se donos dela e quando vêem as crianças, consideram-nas uma ameaça à

    tranquilidade local.

    Historicamente, os portugueses que estavam habituados as conquistas

    marítimas reclamam por estarem sendo ―perturbados‖. Apesar do tempo que estão

    longe da terra mãe, as lembranças são repassadas de pai para filho e por não ter

    contato com outras culturas elas não se apagam.

    Reminiscências de memórias da infância e a reprodução de comportamentos psíquicos, expressos por meio de arquétipos, podem alargar nossos horizontes e aumentar o campo da nossa consciência — sob condição de que os conteúdos readquiridos sejam assimilados e integrados na mente consciente. Como não são elementos neutros, a sua assimilação vai modificar a personalidade do indivíduo, já que também eles vão sofrer algumas alterações. (CARL G. JUNG, 1964 p. 99)

  • Os pequenos moradores da Montanha vivem isolados, escondidos do

    restante da civilização há muito tempo e só vive desta maneira, quem tem medo de

    enfrentar a vida, quem tem medo do futuro, próprio da criança em fase de transição:

    Ao chegar à idade escolar a criança começa a fase de estruturação do seu ego e de adaptação ao mundo exterior. Esta fase em geral traz um bom número de choques e embates dolorosos. Ao mesmo tempo, algumas crianças nesta época começam a sentir-se muito diferentes das outras, e este sentimento de singularidade acarreta certa tristeza, que faz parte da solidão de muitos existe dentro e fora de nós, tornam-se problemas conscientes; a criança precisa enfrentar impulsos interiores prementes (e ainda não compreendidos), além das exigências do mundo exterior. Se o desenvolvimento da consciência for perturbado no seu desabrochar natural, a criança, para escapar às suas dificuldades externas e internas, isola-se em uma "fortaleza" íntima. Quando isto acontece, seus sonhos e seus desenhos, que dão ao material inconsciente uma expressão simbólica, revelam de maneira invulgar a recorrência de um tipo de motivo circular, quadrangular ou "nuclear" (que mais tarde explicaremos). É uma referência ao núcleo psíquico, que já mencionamos antes, o centro vital da personalidade do qual emana todo o desenvolvimento estrutural da consciência. (CARL G.JUNG, 1964 p. 165/166)

    Os anões, também, representam as crianças que não tiveram espaço na

    sociedade para viver sua infância e passaram esta fase da vida convivendo com

    adultos, como se fossem um deles, tornando-se adultos precoces.

    A transmissão dos valores e dos conhecimentos, e de modo mais geral, a socialização da criança, não era, portanto nem asseguradas nem controladas pela família. A criança se afastava logo de seus pais, e pode-se dizer que durante séculos à educação foi garantida pela aprendizagem, graças à convivência da criança ou do jovem com os adultos. A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las. A passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade. (ÁRIES, 1981, p. 3)

    – Viemos com fome porque não jantamos. Sabe o que comíamos lá, Padrinho? Crista de galo garnisé e pão de mel... (DUPRÉ, 2009, p. 113)

  • No Dicionário de Símbolos (2009, p.457), galo é conhecido como emblema

    de altidez, justificado pela postura da ave. Seu canto também anuncia o nascimento

    do Sol. Dentro da montanha, "o Sol não chegava nunca" (Dupré, p.64), portanto,

    como seu canto perdeu a função de anunciação, ele passou a servir de alimento aos

    anões.

    O mel é doce e natural, produzido por abelhas, "soldados organizados"

    Não é absolutamente necessário participar numa civilização histórica para poder dizer de alguém que esse alguém se encontra numa «situação histórica». O australiano que se alimenta de insetos e de raízes encontra-se, também ele, numa «situação histórica», ou seja, numa situação bem delimitada, expressa numa certa ideologia e sustentada por certo tipo de organização social e econômica; (ELIADE, 1979, p.57).

    Os hábitos alimentares e culturais causam estranhamento aos visitantes,

    para os anões que estavam acostumados, era natural. Fazia parte da cultura que

    eles adaptaram para aquela situação que estavam vivendo e depois da adaptação

    passou a ser espontânea para eles, tornando-se sedimentada naquela sociedade.

    ―Se sabemos que, ideologicamente o sujeito-leitor se apresenta como esse sujeito

    capaz da livre determinação dos sentidos ao mesmo tempo em que é um sujeito

    submetido às regras das instituições...‖ (ORLANDI, 2008, p.50).

    Aproveitando o momento em que duas culturas se defrontam, sugeriu-se aos

    alunos uma pesquisa sobre o significado de ―cultura‖ e descobrir qual é a ―cultura

    brasileira‖.

    Significado de Cultura Fig. Conjunto dos conhecimentos adquiridos; a instrução, o saber: uma sólida cultura. Sociologia Conjunto das estruturas sociais, religiosas etc., das manifestações intelectuais, artísticas etc., que caracteriza uma sociedade: a cultura inca; a cultura helenística. Aplicação do espírito a uma coisa: a cultura das ciências. Desenvolvimento das faculdades naturais: a cultura do espírito. (Dicionário on line de português, acessado em 22/10/2010) http://www.dicio.com.br/cultura/ em 22/ 10/ 2010

    Embora o Brasil tenha sido colonizado por portugueses é um país que

    convive harmoniosamente com diversas etnias, as quais deixaram influências

  • profundas na cultura nacional, com destaque aos povos indígenas e africanos, mas

    sem esquecer as contribuições dos alemães e italianos, dentre tantos outros que

    colaboraram para a colonização deste país, o que tornou nosso povo multi-étnico e

    miscigenado. O mesmo ocorreu com a cultura brasileira, que é um conjunto de

    cultura que acaba se mesclando pela convivência entre estes povos.

    Pelo que foi averiguado nesta aula, atitudes de preconceito, historicamente

    não fazem sentido em nossa sociedade. Os alunos perceberam que se o Brasil é

    acolhedor e tem uma história tão bonita, qualquer ato de preconceito é antes um ato

    de ignorância do preconceituoso. Sugeriu-se então, que ele fosse levado para uma

    ―escola‖ onde se ensina história do Brasil e história de vida.

    (...) elas ainda olharam para trás procurando os padrinhos, que diziam adeus ao lado de Quico e Oscar no terraço da fazenda. (DUPRÉ, 2009, p.126)

    Nesta citação fica claro o caráter da separação. A família do Padrinho

    permanece na fazendo onde residem e os visitantes, apadrinhados, se retiram:

    ―Eduardo, Henrique e as três meninas voltam para São Paulo‖ (Dupré, 2009, p. 125).

    Em nenhum momento a autora esclarece quem conduz os jovens mirins

    nesta viagem de retorno, apenas que voltaram juntamente com os dois

    cachorrinhos, Pingo e Pipoca, o que pode representar a falta de uma família os

    traços tradicionais daquela época, ou seja, pai, mãe e irmãos. Estas crianças

    poderiam morar em uma instituição ou na casa de amigos ou parentes, por enfrentar

    problemas familiares ou por sua falta.

    Padrinho estava lendo na sala de jantar; saiu acompanhado por Madrinha. (DUPRÉ, 2009, p. 10)

    No período da escravidão não havia tempo de construir as relações

    familiares elementares. Das famílias originais os escravos guardavam somente

    lembranças, uma vez que delas foram separados ainda jovens, na África e levados

    em navios negreiros para outras regiões, no caso do livro ―A Montanha Encantada‖,

  • o Brasil. Já que o mar os separava de seus laços consanguíneos, restava-lhes

    construir laços afetivos através do compadrio. A Igreja cumpria o papel de batizar as

    crianças, dando-lhe um documento legal e os padrinhos, o apoio, a solidariedade, a

    ajuda e proteção necessária, pois passavam a ter um parentesco espiritual tanto

    com os afilhados quanto com os compadres, uma vez que estavam consolidados

    legalmente perante a Igreja Católica.

    Entre a elite, que era composta de pessoas que possuíam alguma influência

    política e de preferência também financeira, havia o compadrio que os ligava por

    laços de interesses políticos, sociais e econômicos, favor ou patronagem:

    A breve e triste história do primeiro Banco do Brasil, criado pelo príncipe regente sete meses depois de chegar ao Rio de Janeiro, é um exemplo do compadrio que se estabeleceu entre a monarquia e uma casta de privilegiados negociantes, fazendeiros e traficantes de escravos a partir de 1808. (GOMES, p. 191, 2008)

    O compadrio entre as famílias da elite, que era um pequeno grupo detentor

    do poder e do prestígio na sociedade vigente, fazia do casamento um traço

    marcante na época. Os filhos destas famílias eram encaminhados pelos seus pais

    para seguirem seus caminhos. Já para as filhas procuravam um ―bom‖ casamento

    entre os seus ―amigos‖ e de preferência que somasse aos seus interesses

    financeiros de poderio.

    O compadrio se tornou uma relação relevante na sociedade da época, isso

    não ocorreu apenas pelo significado que possuía para a religião católica onde os

    afilhados eram protegidos por seus padrinhos, mas também para a elite senhorial

    que objetivava aumentar seu poder. Com o decorrer do tempo e a mistura de

    culturas houve uma re-significação até chegar à atualidade.

    A necessidade de manter intacto o latifúndio explica a sobrevivência do direito de primogenitura até a primeira metade do século XIX (1835), criando condições para o desenvolvimento da família de tipo patriarcal em que o chefe goza de poder absoluto sobre seus membros que dele dependem e a ele devem obediência. (COSTA, 1999, p 237)

  • Os fragmentos demonstram que não há diferenciação no tratamento das

    crianças. As orientações são dadas a todos da mesma forma. Padrinho e madrinha

    estão ligados ao batismo que é um dos principais sacramentos da Igreja Católica.

    Ele nos remete diretamente ao Evangelho, lembrando a passagem em que João

    Batista batizou Jesus Cristo. Este ritual constrói entre afilhado, padrinho e madrinha;

    compadres e comadres, laços familiares espirituais.

    De acordo com Brugger (2007, p. 284), o ―apadrinhamento criava ou

    reforçava relações sociais, que se constituíam em importantes alianças, ampliando

    os laços familiares para além da consanguinidade‖.

    Semelhante aos contos de fadas, na história ―A Montanha Encantada‖, os

    responsáveis pelas crianças não possuem nome, sendo identificados como

    ―Padrinho‖ e ―Madrinha‖, como se fosse um disfarce por assumir o papel de pai e

    mãe, o que facilita ao leitor uma identificação pessoal, ou seja. Facilita o leitor

    identificar-se com estes personagens.

    Padrinho é citado como se fosse um nome, assim como o é o ―Príncipe

    Encantado‖, daí o motivo das iniciais maiúsculas.

    Considera-se a família o alicerce da sociedade, por este motivo os alunos

    foram orientados para pesquisar os direitos e os deveres da família no código civil e

    na sociedade. Primeiro dentro da própria família, depois com seus ―guias

    espirituais‖, padres, catequistas ou pastores, após, em sites da Internet que os

    conduziu a blogs religiosos, Conselho Tutelar e Jurídico.

    Direito de Família é o conjunto de princípios e normas de Direito Público e Direito Privado destinado à regular as relações decorrentes da união ou do parentesco entre pessoas. Ainda que a principal fonte de Direito de Família seja o Código Civil, não se pode esquecer que esse ramo do Direito também inclui normas existentes em diversos outros diplomas legais, considerados legislação extravagante como por exemplo, a Lei n. 5.478/68 (Lei de Alimentos), a Lei n. 6.515/77 (Lei do Divórcio), a Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Lei n. 8.560/92 (Investigação de Paternidade), a Lei n. 9.263/96 (Planejamento Familiar) e a Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), além de outras. Quanto ao objetivo do Direito de Família, consiste em tutelar o grupo familiar no interesse do Estado, conforme se dessume do art. 226 da Constituição Federal: ―A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado‖ (LUZ, 2009, p.5).

  • Entende-se que, se existe direito, na mesma medida, há responsabilidade.

    As leis protegem, mas não exoneram que se cumpram com as obrigações.

    Neste ponto do trabalho a pesquisa voltou-se sobre a forma como a família é

    representada pela mídia. O objeto de observação foram vídeos-novela e desenhos

    animados que versassem sobre a representação da família no passado, presente e

    no futuro.

    Após observação percebeu-se que nem sempre é possível acreditar no que

    é vinculado pela mídia, que o inconsciente muitas vezes pregam peças levando o

    telespectador chegar a conclusões sem reflexão que nem sempre corresponde a

    verdade, sendo, portanto, necessário refletir antes de qualquer tomada de partido ou

    decisão.

    Passou-se a trabalhar o texto dramático e a novela de rádio. Ao contrário do

    livro que é escrito para ser lido, o texto dramático é escrito para a representação.

    Sendo que a rádio novela é um texto dramático, escrito para ser ―ouvido‖, uma vez

    que seu objetivo é a gravação e a divulgação através de uma rádio. Portanto, há a

    necessidade da reescrita do livro ―A Montanha Encantada‖, fazendo a adaptação

    para essa modalidade, uma vez que se pretende divulgá-la em uma rádio-recreio.

    Sabe-se que:

    O discurso só adquire sentido no interior de um universo de outros discursos, lugar do qual ele deve traçar seu caminho. Para interpretar qualquer enunciado, é necessário relacioná-lo a muitos outros – outros enunciados que são comentados, parodiados, citados, etc. (MAINGUENEAU, 2004, p.55).

    Pelo motivo citado, a solicitação de trabalho quanto à reescrita da história,

    foi respeitando o universo do aluno, pois a formação do sentido é construída

    socialmente.

    É também na relação entre locutor e interlocutor, ouvindo e se fazendo ouvir,

    que a língua vai fazendo sentindo. Sendo o professor mediador em um espaço onde

    se pressupõe querer ensinar e aprender, esta é a condição necessária para que o

    processo ocorra. É preciso que ambos os sujeitos estejam abertos para os novos

    sentidos e se permitam ir além do que está dito.

  • A incompletude é constitutiva de qualquer signo - qualquer ato de nomeação é um ato falho, um mero efeito discursivo. O discurso diz muito mais do que seu enunciador pretendia, ―A multiplicidade de sentido é inerente à linguagem‖ (ORLANDI, 2007, p. 20).

    Para a AD, o sujeito do discurso é histórico, social e descentrado, pois é

    cindido pela ideologia e pelo inconsciente. Histórico, porque não está alienado do

    mundo que o cerca, e social porque não é o indivíduo, mas aquele apreendido num

    espaço coletivo.

    Todo dito tem uma história, um motivo que levou o sujeito àquela atitude

    discursiva naquele momento e daquele modo. Porém, assim como a história que

    não foi dita, não deixa de existir, entende-se que ela continua a existir e não pode

    ser ignorada: os não-ditos e os silêncios significam. E então se problematizou a

    massificação de um grupo no processo de ensino que trata a todos de um único

    modo, ignorando às suas histórias. Consequência: a escola e seus saberes tornam-

    se um mundo alheio à vida real do sujeito.

    É importante reiterar que neste trabalho, os sujeitos professor e aluno são

    um ―eu‖ pluralizado, pois ambos se constituem na e pela interação verbal, onde o

    discurso mediará a ambos e a sua realidade social.

    De acordo com Orlandi (2007a, p.48-49), o sujeito é atravessado por

    diversos discursos que ficam internalizados, caindo no ―esquecimento‖, mas que

    vem à tona como se pertencessem ao próprio sujeito. Da mesma forma que seu

    discurso é atravessado por outros discursos, o seu discurso atravessa outros

    sujeitos representando e construindo papéis na sociedade.

    Não existe sujeito sem discurso, pois é este quem cria um espaço

    representacional para aquele. Orlandi (2008, p. 23) afirma que o discurso é

    caracterizado pela multiplicidade de efeito de sentidos. O que leva a isso são as

    posições do sujeito, sua ideologia, que acaba por materializar-se através da língua.

    O discurso se constitui pelo trabalho, com e sobre os recursos de expressão que

    produzem determinados efeitos de sentido em correlação com condições de

    produções especificas.

    Os livros de literatura também trabalham com a História, pois é só através

    dela que é possível voltar ao passado para um resgate histórico de forma a

    compreender os acontecimentos atuais e inclusive da política, pois historicamente os

  • fatos estão interligados. História, política e literatura estão unidas pelo mesmo laço

    de interesse: o povo, porém com cada um partindo de um ponto de vista.

    A caravana chegou à fazenda, onde a Madrinha já os esperava, pois de longe havia pressentido a volta dos viajantes. (DUPRÉ, 2009, p. 120)

    Aparece aqui o espírito mágico da fada que pode saber o que acontece, o

    estereótipo de que a ―boa mãe‖ é aquela que pressente os acontecimentos, que está

    propensa a defender e facilitar a vida dos seus rebentos.

    Os indivíduos são interpelados em sujeitos falantes pelas formações discursivas que representam as formações ideológicas que lhes correspondem (ORLANDI, 2008, p. 58).

    Viajante, aqui, significa aquele que se movimenta num ir e vir em busca do

    conhecimento interior. Nesta citação eles estão retornando de uma busca interior e a

    boa fada que tudo sabe, pois "pressente", representada na figura da Madrinha, os

    aguarda como uma mãe a espera do retorno do filho amado.

    É espírito mágico da fada que pode saber o que acontece, o estereótipo de

    que a ―boa mãe‖ é aquela que pressente os acontecimentos. Este tipo de marcas de

    comportamento é o que (Maingueneau, 2004, p. 98), afirma ser o ethos, ou seja, "os

    traços de caráter que o orador deve mostrar ao auditório (pouco importa sua

    sinceridade), para causar boa impressão".

    Madrinha tem este comportamento em função da sociedade na qual foi

    educada e convive. Presenciou em seu meio tal exemplo comportamental que

    passou a valorizar e tê-lo como modelo. Para Orlandi, são as diferentes interrupções

    discursivas que "atropelam" o sujeito e provoca este a assimilar, de modo

    involuntário, determinada atitude no decorrer da convivência com outras pessoas de

    discursos e ideologias distintas dos seus: "os indivíduos são interpelados em sujeitos

    falantes pelas formações discursivas que representam as formações ideológicas que

    lhes correspondem" (ORLANDI, 2008, p. 58).

  • – Mamãe, descobrimos uma cidade maravilhosa, a cidade mais rica do mundo... (DUPRÉ, 2009, p.121).

    Na fase entre a infância e a adolescência, é um período de maravilhamento,

    das descobertas da natureza de forma espontânea, despertar de sentidos e

    sentimentos. Querer dividir as descobertas com a mãe, que não participou da

    excursão. Ela permaneceu na fazenda, como era costume naquela época.

    Pode-se perceber, também, a relevância atribuída aos minérios preciosos,

    deixando transparecer os ideais incutidos pelo capitalismo. Vivendo em um ambiente

    onde o capital tem extremo valor, o jovem se lembrou do ouro e das pedras

    preciosas que viu na montanha dos anões, se esquecendo completamente do que

    lhes faltava o Sol, as flores, os pássaros, entre outros.

    Voese (2005, p. 126), esclarece que: "quando quiser educar a criança, o faz

    com o objetivo que ela possa apropriar-se do modelo da sociedade atual e, por isso,

    deverá descrever o trabalho sempre como uma prática positiva".

    7 Conclusão

    A AD é uma disciplina de interpretação que se situa nos intermeios das

    áreas da linguística, do materialismo histórico e da psicanálise. Um dos seus

    fundadores, Michel Pêcheux, estabeleceu a relação existente do discurso entre

    língua, sujeito, e história, ou língua e ideologia. Este é o princípio da AD de linha

    francesa, que embasou este trabalho.

    Sendo o discurso sempre pronunciado a partir de condições de produção de

    dados, os alunos foram providos de informações que os embasassem para a

    interpretação, uma vez que ela é um gesto simbólico, que dá sentido ao texto, que

    dá visibilidade ao que o autor pretendeu transmitir. É através do discurso que as

    transformações ocorrem e a sociedade passa por mudanças constantes e não é de

    se estranhar que a escola necessite acompanhar estas mudanças. Para que isto

    aconteça de forma adequada faz-se necessário que o professor intermedeie o

  • conhecimento, para que seu aluno, aos poucos, vá adquirindo a independência

    intelectual através das pesquisas que no futuro fará por si só.

    O blog possibilita práticas reais para a escrita, leitura e compreensão. É uma

    oportunidade inigualável para o aluno interagir, com possibilidades de eliminar

    barreiras geográficas. No ambiente virtual as informações acontecem continuamente

    de forma participativa e colaborativa onde são apresentadas as sugestões,

    propostas e estratégias, principalmente na divulgação dos conhecimentos

    alcançados.

    Nossa sociedade precisa acompanhar os avanços e a disseminação dos

    blogs, além de permitir que os trabalhos relevantes dos alunos ultrapassem os

    domínios escolares e se lancem para a vida, parafraseando Pierre Levy, em seu

    livro ―A Inteligência Coletiva‖ (2007), chamarei de ―Conhecimento Coletivo‖, onde

    cada grupo dá de sua contribuição nessa grande sociedade de informação.

    Referências

    ACHARD, P. Memória e produção discursiva do sentido In: ACHARD, P. et al (Org.) Papel da memória. Tradução e introdução José Horta Nunes: Campinas: Pontes, 2007.

    AGUIAR, Vera Teixeira de/ BORDINI, Maria da Gloria. A Formação do Leitor. 2 ed.- Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

    AMOSSY, Ruth – Imagens de si no Discurso: a construção do ethos – São Paulo, Contexto, 2008.

    ARIÈS, Philippe - História Social da Criança e da Família - Tradução de Dora Flasksman - Segunda edição - LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A – 1981

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