(Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL BIANCA PORTO KURAIEM NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E CESTOIDES DA ORDEM TRYPANORHYNCHA EM Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL NITERÓI 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

BIANCA PORTO KURAIEM

NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E

CESTOIDES DA ORDEM TRYPANORHYNCHA EM

Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) COMERCIALIZADOS

NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

NITERÓI 2015

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BIANCA PORTO KURAIEM

NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E CESTOIDES DA

ORDEM TRYPANORHYNCHA EM Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829)

COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal.

Orientador: Prof. Dr. SÉRGIO CARMONA DE SÃO CLEMENTE

Co-orientador: Prof. Dr. MARCELO KNOFF

Niterói 2015

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K96n Kuraiem, Bianca Porto

Nematoides Anisakidae e Raphidascarididae e

cestoides da ordem Trypanorhyncha em Priacanthus

arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no estado

do Rio de Janeiro, Brasil / Bianca Porto Kuraiem;

orientador Sérgio Carmona de São Clemente. — 2015.

77 f.

Dissertação (Mestrado em Higiene Veterinária e

Processamento Tecnológico de Produtos de Origem

Animal) – Universidade Federal Fluminense, 2015.

Orientador: Sérgio Carmona de São Clemente.

1. Inspeção de pescado. 2. Qualidade do

alimento. 3.Cestoide. 4. Nematoides. I. Título.

CDD 614.31

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BIANCA PORTO KURAIEM

NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E CESTOIDES DA

ORDEM TRYPANORHYNCHA EM Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829)

COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal.

Aprovada em 09 de março de 2015.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Carmona de São Clemente – Orientador

Universidade Federal Fluminense - UFF

_______________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Knoff – Co-orientador

Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

_______________________________________________________ Profª Drª Delir Correa Gomes Maués da Serra Freire

Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

Niterói 2015

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Jorge e Marilza, que tornaram possível a realização de todos os

meus sonhos até o momento e, junto a minha avó, Daleni Kuraiem, sempre

apoiaram minhas decisões, me encorajando, acreditando no meu sucesso e na

minha capacidade.

Aos meus orientadores, Profs. Drs. Sérgio Carmona de São Clemente e Marcelo

Knoff, por todo o aprendizado, atenção, amizade e todas as oportunidades

oferecidas.

A Drª Nilza Nunes Felizardo, pela ajuda imprescindível na realização deste trabalho,

no auxílio às necropsias, ensinamentos e pela constante torcida pelo meu sucesso.

A Profª Drª Delir Correa Gomes, por me receber de braços abertos em seu

laboratório, por todo o carinho e atenção.

A Srta. Heloisa Maria Nogueira Diniz do Serviço de Produção e Tratamento de

Imagens do Instituto Oswaldo Cruz, pelo processamento das figuras.

A Srta Vanda Amorim, Sr Elias Nascimento e Sra Sônia Teixeira por toda simpatia e

apoio na realização desta etapa.

A doutouranda Michelle Fonseca pela amizade, toda ajuda e bons momentos vividos

nestes anos.

Ao Dr Rodrigo Menezes Caldas, pelas fotos e pelo suporte na parte histopatológica

deste estudo.

A Drª Leila Maria Silva Lopes, pelo auxílio na obtenção dos peixes, apoio e incentivo

ao longo do curso.

Aos Professores da Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e

demais funcionários, por todo o ensinamento e horas de dedicação.

Page 6: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

Aos secretários da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária, UFF, Sr.

Dráusio Ferreira, Srta. Mariana Oliveira e Sr. André Veiga, por toda gentileza e

colaboração.

As colegas de laboratório Gabrielle Fontenelle e Janaína Ribeiro, pela amizade e

partilha de conhecimentos.

A todos os amigos e familiares, os quais estiveram ao meu lado, me apoiando e

incentivando em todas as etapas do curso.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa de pesquisa que possibilitou minha dedicação exclusiva ao

referido Programa de Pós-Graduação.

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RESUMO

A presença de parasitos no pescado tem causado prejuízos econômicos à indústria

pesqueira. Os cestoides da ordem Trypanorhyncha podem conferir aspecto

repugnante ao pescado quando há infestação maciça e, apesar de não serem

considerados zoonóticos, há indícios de que estes podem ocasionar danos à saúde

do consumidor devido as respostas humorais obtidas “in vitro”, em camundongos; e

os nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae podem causar

anisaquidose. Pesquisas têm sido realizadas detectando a presença de larvas

destes helmintos em peixes teleósteos comercializados no litoral brasileiro, com

apenas um caso de anisaquiase humana registrado no Brasil. O presente estudo

teve como objetivo pesquisar cestoides e nematoides com importância na inspeção

do pescado parasitando o peixe comercial olho-de-cão, P. arenatus, comercializado

nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, RJ. Foram necropsiados 30 espécimes

deste peixe e as larvas de parasitas coletadas. Dos peixes estudados, 20 (66,7%)

estavam parasitados com larvas de nematoides. Foram coletadas no total 2024

larvas, das quais, 30 larvas de terceiro estágio de Anisakis sp. com prevalência (P) =

20%, abundância média (AM) = 1 e intensidade média (IM) = 5 e tendo como sítios

de infecção (SI) o ceco, estômago, fígado e mesentério; e 1994 larvas de terceiro e

quarto estágios (1757 encistadas e 237 livres) de Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum com P = 66,7%, AM = 66,5 e IM = 99,7e SI = baço, ceco,

estômago, fígado, mesentério e musculatura abdominal. Quanto aos

Trypanorhyncha, foram coletados plerocercos da espécie Callitetrarhynchus

speciosus com os seguintes índices parasitários: P = 10%, AM = 0,1 e IM = 1 e

tendo como sítios de infecção o mesentério e serosas do intestino e ovário. Este é o

primeiro registro de larvas de H. deardorffoverstreetorum e Anisakis sp. parasitando

P. arenatus. Concluiu-se que P. arenatus é um dos hospedeiros intermediários de

Anisakis sp., de H. deardorffoverstreetorum e C. spesiosus.

Palavras-chave: Priacanthus arenatus. Olho-de-cão. Anisakidae.

Raphidascarididae. Trypanorhyncha.

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ABSTRACT

The presence of parasites in fish has caused economic losses to fishery industry.

The cestodes of Trypanorhyncha order may confer disgusting aspect to the fish when

there is massive infestation in these and, although don't be considered zoonotic,

evidences shows that these can cause damage to consumer health due humoral

responses obtained "in vitro", in mice; and nematodes of Anisakidae and

Raphidascarididae family can cause human anisaquidosis. Researches have been

carried out to detecting the presence of helminths larvae in teleost fish sold in the

Brazilian coast. In Brazil, only one case of human anisakiasis was registered. This

study aimed to search cestodes and nematodes important in fishery inspection that

parasite the atlantic bigeye fish, P. arenatus, marketed in the cities of Niterói and Rio

de Janeiro, RJ. Thirty specimens of this fish were necropsied and parasite larvae

were collected. Of the studied fishes, 20 (66.7%) were infected with nematodes

larvae. Were collected in total 2024 larvae, of which 30 third-stage Anisakis sp.

larvae with prevalence (P) = 20%, mean abundance (MA) = 1 and mean intensity

(MI) = 5 and as infection sites (SI), the cecum, stomach, liver and mesentery; and

1994 third and fourth larval stages (1757 encysted and 237 free) of Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum with P = 66.7%, MA = 66.5 and MI = 99,7 and as SI =

spleen, cecum, stomach, liver, mesentery and muscle abdominal. As for the

Trypanorhyncha order, were collected Callitetrarhynchus speciosus plerocercos with

the following parasite indexes: P = 10%, MA = 0,1 and MI = 1 and as infection sites

mesentery and bowel and ovarian serous. This is the first report of larvae of H.

deardorffoverstreetorum and Anisakis sp. parasitizing P. arenatus. It was concluded

that P. arenatus is one of the intermediate hosts of Anisakis sp., H.

deardorffoverstreetorum and C. spesiosus.

Keywords: Priacanthus arenatus. Atlantic bigeye. Anisakidae. Raphidascarididae.

Trypanorhyncha.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Priacanthus arenatus, olho-de-cão. Barra = 10 cm, f. 27

Figura 2 Cavidade abdominal de Priacanthus arenatus apresentando infestação

de granulomas contendo Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum. Barra = 1 cm, f. 28

Figura 3 Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum

contidas em granulomas. a) Placa de Petri com granulomas recém

coletados. b) larva saindo do granuloma. c) Larva encistada. Barras: a

= 1 cm, b = 0,5 cm, c = 0,2 cm, f. 29

Figura 4 Larva de 3º estágio de Anisakis sp. a) Porção anterior, evidenciando

dente larvar, esôfago e ventrículo. b) Detalhe do dente larvar, com

poro excretor ao lado. c) Porção posterior, evidenciando a cauda com

mucron característico. Barras: a = 200 μm; b = 50 μm e c = 100 μm, f.

30

Figura 5 Larva de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. a)

Porção anterior, evidenciando esôfago, ventrículo e apêndice

ventricular. b) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron

característico. c) Detalhe do mucron. Barras: a = 200 μm; b = 500 μm

e c = 20 μm, f. 31

Figura 6 Plerocerco de Callitetrarhynchus speciosus. a) Vista lateral, quadrados

b e c indicam região de onde as figuras b e c foram obtidas. b) Detalhe

da disposição dos ganchos da face externa da armadura basal do

tentáculo, mostrando os ganchos 3, 4, 5, 6, 7 (7’) 8 (8’) e chainette (c).

c) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura

metabasal do tentáculo, mostrando os ganchos 6, 7 (7’), 8 (8’) e a

chainette (c). Barras: a = 1000 μm; b e c = 50 μm, f. 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados morfológicos e morfométricos das larvas de terceiro estágio

dos nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum coletados em Priacanthus arenatus, f. 32

Tabela 2 - Dados morfométricos dos plerocercos de Callitetrarhynchus

speciosus coletados em Priacanthus arenatus, f. 35

Tabela 3 - Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e

abundância média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito

na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) das

larvas de Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum

coletadas em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados

no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, f. 36

Tabela 4 - Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e

abundância média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito

na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) dos

plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados em

Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no Estado do

Rio de Janeiro, Brasil, f. 36

Page 11: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

SUMÁRIO

RESUMO, f. 5

ABSTRACT, f. 6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES, f. 7

LISTA DE TABELAS, f. 8

1 INTRODUÇÃO, f. 11

2 OBJETIVOS, f. 13

2.1 OBJETIVO GERAL, f. 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, f. 13

3 REVISÃO DE LITERATURA, f. 14

3.1 HOSPEDEIRO, f. 14

3.2 NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE DE IMPORTÂNCIA

SANITÁRIA NO PESCADO, f. 14

3.2.1 Anisaquiase e anisaquidose, f. 18

3.2.1.1 Prevenção e controle da anisaquidose, f. 20

3.2.2 Potencial alergênico, f. 21

3.3 ORDEM TRYPANORHYNCHA, f. 22

4 MATERIAL E MÉTODOS, f. 25

4.1 MATERIAL, f. 25

4.1.1 Aquisição e transporte das amostras, f. 25

4.2 MÉTODOS, f. 25

4.2.1 Inspeção e processamento dos peixes, f. 25

4.2.2 Processamento e identificação das larvas, f. 26

4.3 DEPÓSITO DOS HELMINTOS COLETADOS, f. 27

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4.4 ANÁLISE DOS ÍNDICES PARASITÁRIOS, f. 27

5 RESULTADOS, f. 28

5.1 IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA, f. 28

5.1.2 Descrição taxonômica, f. 29

5.1.2.1 Nematoides, f. 29

5.1.2.2 Cestoide, f. 33

5.2 ÍNDICES PARASITÁRIOS, f. 36

6 DISCUSSÃO, f. 37

7 CONCLUSÕES, f. 39

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, f. 40

9 ANEXO, f. 57

9.1 Trabalho sobre cestoides Trypanorhyncha parasitos de olho de cão, Priacanthus

arenatus Cuvier, 1829 aceito para publicação, f. 57

9.1.1 Cestoides Trypanorhyncha parasitos de olho de cão, Priacanthus arenatus

(cuvier, 1829) (osteichthyes, priacanthidae) importantes na higiene do pescado, f. 58

9.2 Trabalho sobre larvas de nematoides Priacanthus arenatus Cuvier, 1829

submetido para publicação, f. 64

9.2.1 Nematode larvae infecting Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 (Pisces:

Teleostei) in Brazil, f. 65

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1 INTRODUÇÃO

O pescado é um importante constituinte da dieta humana em variadas regiões

do planeta. Fonte abundante de proteína de alto valor biológico, vitaminas A, D, E e

do complexo B e de minerais como cálcio, fósforo e ferro, sua fração lipídica contêm

ainda ácidos graxos poliinsaturados da família ômega 3, sendo por isso o seu

consumo associado a uma alimentação saudável e, amplamente recomendado por

médicos e nutricionistas (ABABOUCH, 2005).

No Brasil, a incorporação de outras culturas à culinária, a inclusão de mais

produtos a base de pescado ao cardápio cotidiano por motivos de dietas e/ou

restrições alimentares e a implementação de políticas e campanhas governamentais

para incentivar o consumo de pescado, como a “Semana do Peixe”, tem feito com

que o consumo per capita deste aumente anualmente (MPA, 2013).

A espécie Priacanthus arenatus Cuvier, 1829, também conhecida como olho-

de-cão, ocorre nas águas do Atlântico ocidental. É uma espécie de hábitos noturnos,

vive desde a costa até cerca de 130 metros de profundidade e se alimenta de

pequenos peixes, crustáceos e poliquetas (FIGUEIREDO E MENEZES, 1980).

O peixe citado possui alto valor comercial e pode ser encontrado em todo

litoral brasileiro, entretanto na literatura observa-se poucos trabalhos sobre o

mesmo, principalmente em relação à sua fauna parasitológica e importância na

higiene do pescado.

Entre o grupo de formas parasitárias que o peixe acima pode albergar,

destacam-se os nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae e os

cestoides da ordem Trypanorhyncha, devido a sua importância na inspeção

sanitária.

A presença de parasitos nos produtos da pesca constitui um perigo biológico

que não deve ser negligenciado pois algumas espécies destes são capazes de

originar enfermidades graves devido à sua ingestão, como a anisaquidose, veiculada

por larvas infectivas de nematoides da família Anisakidae (ADAMS et al., 1997;

KLIMPEL e PALM, 2011).

As famílias Anisakidae e Raphidascarididae possuem gêneros que parasitam

mamíferos marinhos, tendo como hospedeiros intermediários peixes teleósteos,

moluscos cefalópodes e pequenos crustáceos (ADAMS et al. 1997).

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12

O ser humano é um hospedeiro acidental, adquirindo a larva através da

ingestão de peixes crus ou pouco cozidos, defumados ou salgados de forma

insuficiente, utilizados na elaboração de pratos como “sushi”, “sashimi”, “cebiche”,

“lomi-lomi”, “boquerones”, entre outros (AMATO e BARROS, 1984).

A ordem Trypanorhyncha é composta por grande diversidade de espécies,

todas parasitas de peixes e invertebrados marinhos. Os parasitas adultos habitam o

intestino de peixes elasmobrânquios (tubarões e raias) e as formas larvares são

encontradas na cavidade celomática e na musculatura de peixes teleósteos,

crustáceos e moluscos cefalópodes (CAMPBELL e BEVERIDGE, 1994).

Na inspeção de pescado, os cestoides da ordem Trypanorhyncha possuem

importância pelo aspecto repugnante que causam a este quando há infestação

muscular, que é descartado pelo consumidor ou condenados pelo Serviço de

Inspeção, quando na indústria de beneficiamento, ocasionando prejuízos

econômicos (BRASIL, 1952).

Apesar de não serem considerados zoonóticos, há indícios de que estes

parasitas podem causar reações alérgicas quando ingeridos, pois em estudos

experimentais tem-se relatado a indução da produção de anticorpos por

camundongos (RODERO e CUÉLLAR, 1999; VÁZQUEZ-LÓPEZ et al., 2002;

MATTOS et al., 2013).

Este trabalho teve como objetivo pesquisar o parasitismo de peixes da

espécie P. arenatus comercializados no litoral do Estado do Rio de Janeiro por

larvas de nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae e de cestoides da

ordem Trypanorhyncha.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho objetivou o estudo da parasitose por larvas de

nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae e de cestoides da ordem

Trypanorhyncha em Priacanthus arenatus comercializados no litoral do Estado do

Rio de Janeiro.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar taxonomicamente as larvas de nematoides Anisakidae e

Raphidascarididae e plerocercos e/ou plerocercoides de

Trypanorhyncha presentes nos peixes Priacanthus arenatus

comercializados nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, Estado do

Rio de Janeiro.

Estabelecer os índices parasitários e sítios de infecção das espécies

relacionadas.

Avaliar a importância da presença dos helmintos encontrados para a

Saúde Pública.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 HOSPEDEIRO

O peixe Priacanthus arenatus pertence à ordem Perciformes e à família

Priacanthidae e é conhecido vulgarmente como “olho-de-cão”. Apresenta coloração

vermelho-claro com nadadeiras pélvicas enegrecidas e cresce pelo menos 40 cm de

comprimento. Possui nadadeira dorsal com 13 a 15 raios e anal com 14 a 16, e linha

lateral contendo 61 a 73 escamas. Primeiro arco branquial com 27 a 33 rastros,

incluindo rudimentos (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980).

De hábitos noturnos, vive em fundos rochosos, desde a costa até cerca de

130 metros de profundidade. Se alimenta basicamente de peixes pequenos,

crustáceos e poliquetas. Dentre a família, é a espécie mais comum no sudeste

brasileiro. Distribui-se no Oceano Atlântico, do Canadá ao norte da Argentina

(FIGUEIREDO e MENEZES, 1980).

Está listado dentre os peixes da Zona Econômica Exclusiva da região

Sudeste-Sul do Brasil, possuindo importante valor comercial no país (BERNARDES

et al., 2005).

3.2 NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE DE IMPORTÂNCIA

SANITÁRIA NO PESCADO

As larvas das famílias Anisakidae e Raphidascarididae desenvolvem seu ciclo

biológico no ambiente aquático, onde as larvas têm como hospedeiro intermediário o

peixe, crustáceo ou cefalópode e têm como hospedeiros definitivos, os mamíferos

marinhos. Os ovos dos parasitos adultos são eliminados nas fezes de mamíferos

marinhos na água, continuando seu desenvolvimento até o estágio larval. Esta larva

é ingerida por um crustáceo, peixe ou cefalópode (hospedeiros intermediários) e

desenvolvem-se até o terceiro estágio (L3). Um mamífero marinho ingere o

hospedeiro intermediário com L3 e esta evolui até o estágio adulto, fechando o ciclo.

Na anisaquidose / anisaquiase, o homem atua como hospedeiro acidental e o ciclo

biológico do parasito não se completa (ANDERSON, 2000; SMITH e WOOTTEN,

1987; VALLS et al., 2005).

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15

Os principais gêneros de interesse para a inspeção sanitária são Anisakis

Dujardin, 1845, Pseudoterranova Mosgovoy, 1950 e Contracaecum Ralliet & Henry,

1912 (ADAMS et al. 1997). Sendo a maioria dos casos reportada para as espécies

Anisakis simplex e Pseudoterranova decipiens (NAGASAWA e MORAVEC, 1995,

ARCANGELI et al., 1997; ADAMS et al., 1997; MERCADO e TORRES, 1997;

PICCOLO et al. 1999).

Pertencente à família Raphidascarididae, o gênero Hysterothylacium Ward &

Magath, 1917 também já foi identificado como parasito acidental de humanos (YAGI

et al., 1996).

Há poucos registros sobre o parasitismo por helmintos em P. arenatus. Pinto

et al. (1988) registraram a presença de Oncophora melanocephala Baudin-

Laurencin, 1971. De Fabio (2000) encontrou O. melanocephala, Stephanostomum

seriolae Yamaguti, 1970, Pseudopecoelus priacanthi MacCallum, 1921,

Brachyphallus parvus Manter, 1947 e Diplectanotrema balistes Price, 1937. Tavares

et al. (2001) estudaram a ecologia da comunidade de metazoários parasitos do olho-

de-cão relatando a presença de Lecithochirium sp. Luehe, 1901, Opecoeloides sp.

Odhner, 1928, Diplectanotrema sp. Johnston & Tiegs, 1922, Scolex pleuronectis

Müller, 1788, Polymorphus sp. Lühe, 1911, O. melanocephala, Raphidascaris sp.,

Pseudoterranova sp. e Contracaecum sp. Pesquisando cestoides da ordem

Trypanorhyncha, a espécie citada foi estudada por Ferreira et al. (2006) e Lima

(2004).

Foi relatada por vários autores a presença de larvas da família Anisakidae e

Raphidascarididae em diversos peixes teleósteos marinhos e de água doce

comercializados no litoral brasileiro. Em 1983, Rego et al. estudaram os parasitas de

anchovas, Pomatomus saltator Linnaeus, 1766 no Rio de Janeiro. Em 1993, Barros

e Amato estudaram a prevalência dos gêneros Contracaecum e Anisakis em peixes

espada Trichiurus lepturus Temminck & Schlegel, 1844, encontrando baixa

prevalência de Anisakis sp.

São Clemente et al. (1994) registraram os anisaquideos em Pagrus pagrus

Linnaeus, 1758 realizando um estudo do seu controle através de baixas

temperaturas. São Clemente et al. (1995) registraram o parasitismo por

Contracaecum sp., Terranova sp. e Raphidascaris sp. em peixe- espada T. lepturus.

Barros e Cavalcanti (1998) estudaram sete espécies de pescado de grande

consumo provenientes de litoral Nordeste do Brasil e registraram a presença de

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16

larvas de anisaquideos nesses pescados, encontrando maior prevalência dos

gêneros Anisakis sp. e Contracaecum sp.

Luque e Chaves (1999) observaram a ecologia da comunidade de

metazoários parasitos da anchova P. saltator e registraram as espécies Anisakis sp.

e Contracaecum sp.

Pereira et al. (2000) registraram a incidência de A. simplex e Pseudoterranova

sp. na musculatura e superfície da pele do bacalhau, Gadus morhua Linnaeus, 1758,

comercializado no Estado de São Paulo. Silva et al. (2000) estudaram os parasitos

do peixe-espada T. lepturus e registraram as espécies Anisakis sp., Contracaecum

sp., Hysterothylacium sp. e Pseudoterranova sp.

Silva e São Clemente (2001) registraram os nematoides da família

Anisaquidae em filés de dourado Coryphaena hippurus Linnaeus, 1758 e ariocó

Lutjanus synagris Linnaeus, 1758.

Abdallah et al. (2002) registraram a presença de Anisakis sp., Contracaecum

sp., Raphidascaris sp. em espécimes de cavalinha Scomber japonicus Houttuyn,

1782. Alves et al. (2002), encontraram Contracaecum sp, Pseudoterranova sp. e

Hysterothylacium sp. no mesentério de Genypterus brasiliensis Regan, 1903. Luque

et al. (2002) registraram Anisakis sp., Contracaecum sp. e Raphidascaris sp. no

peixe trilha, Mullus argentinae Hubbs & Marini, 1933.

Sabas e Luque (2003) registraram Hysterothylacium sp. e Terranova sp. em

Cynoscion guatucupa Cuvier, 1830 e Macrodon ancylodon Bloch & Schneider, 1801.

Knoff et al. (2004) fizeram a primeira ocorrência de larvas de Anisakis sp. na

musculatura de congro-rosa, G. brasiliensis. Pereira Jr. et al. (2004) estudaram

larvas de Hysterothylacium sp. em Micropogonias furnieri Desmarest, 1823

coletadas no Rio Grande do Sul. Salgado et al. (2004) registraram larvas de

anisaquideos em espécimes de namorado Pseudopercis numida Miranda Ribeiro,

1903 e congro-rosa G. brasiliensis. Tavares et al. (2004) registraram os nematoides

Hysterothylacium sp. e Pseudoterranova sp. em Tylosurus acus Lacepède, 1803.

Cordeiro e Luque (2004) registraram a presença de larvas de Anisakis sp.,

Contracaecum sp, Hysterothylacium sp, Raphidascaris sp e Terranova sp. em peixe-

galo, Selene setapinnis Mitchill, 1815, da costa do Estado do Rio de Janeiro.

Bicudo et al. (2005) registraram Anisakis sp. em Prionotus punctatus Bloch,

1793. Cordeiro e Luque (2005) ao estudar espécimes de peixe-galo S. setapinnis,

registraram a presença de larvas de Anisakis sp., Contracaecum sp.

Page 19: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

17

Hysterothylacium sp., Terranova sp. e Raphidascaris sp. Alves e Luque (2006)

registraram a presença de larvas de Anisakis sp., Contracaecum sp. e Raphidascaris

sp. em cinco espécies de escombrídeos do litoral do Rio de Janeiro.

Prado e Capuano (2006) fizeram o relato de nematoides da família Anisakidae

em bacalhau comercializado em Ribeirão Preto, São Paulo. Tavares e Alejos (2006)

listaram os peixes do litoral do Rio de Janeiro infectados por larvas da família

Anisakidae enfocando aspectos da sistemática, biologia e da importância em saúde

coletiva.

Azevedo et al. (2007) registraram Hysterothylacium sp. Raphidascaris sp. no

gordinho, Peprilus paru Linnaeus, 1758, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Knoff

et al. (2007) registraram A. physeteris, A. simplex, Anisakis sp., Pseudoterranova

decipiens, Pseudoterranova sp., Hysterothylacium sp., Raphidascaris sp.,

Contracaecum sp. e Terranova sp. de G. brasiliensis. Luque et al. (2008)

encontraram em espécimes de namorado, P. numida, do litoral do Estado do Rio de

Janeiro nematoides dos gêneros Anisakis sp, Hysterothylacium sp, Raphidascaris

sp, e Terranova sp.

Felizardo et al. (2009a; 2009b) identificaram larvas de A. simplex,

Contracaecum sp. Hysterothylacium sp., Terranova sp. e Raphidascaris sp. em

linguado Paralichthys isosceles Jordan, 1891. Saad e Luque (2009) registraram

larvas de Anisakis sp, Contracaecum sp., Hysterothylacium sp. e Raphidascaris sp.

na musculatura de pargo P. pagrus coletados no Estado do Rio de Janeiro.

Dias et al. (2010) estudaram espécimes de peixe-porco, Aluterus monoceros

Linnaeus, 1758 em estabelecimentos de pescado nos municípios de Niterói e Rio de

Janeiro e observaram larvas de Anisakis sp. no mesentério de um peixe e de

Contracaecum sp. no fígado e mesentério, sendo as larvas de Anisakis sp.

registradas pela primeira vez parasitando este peixe. Dias et al. (2011) registraram

as espécies Anisakis sp. e Contracaecum sp. parasitando Scomberomorus cavalla

Cuvier, 1829.

Knoff et al. (2012) fizeram a caracterização morfológica e molecular de uma

nova espécie, Hysterothylacium deardorffoverstreetorum parasitos de P. isosceles.

Fontenelle et al. (2013) registraram a presença de Anisakis sp.,

Contracaecum sp., H. deardorffoverstreetorum e Terranova sp. em C. guatucupa do

litoral do Estado do Rio de Janeiro. Ribeiro et al. (2014) registraram pela primeira

Page 20: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

18

vez Hysterothylacium sp. em enxada Chaetodipterus faber Broussonet, 1782 e

pampo Trachinotus carolinus Linnaeus, 1766.

Felizardo et al. (2009b) registraram a histopatologia pelas larvas de

Hysterothylacium sp. em P. isosceles.

3.2.1 Anisaquiase e anisaquidose

Na Groenlândia, em 1876, ocorreu o primeiro relato de enfermidade humana

acidental em uma criança, porém esta patologia passou a ser descrita com mais

frequência a partir de meados do século XX (1955) na Holanda, devido ao consumo

de arenques (“maatje”), parasitados com larvas vivas viáveis de anisaquideos (VAN

THIEL et al., 1960).

No Japão, onde concentram-se cerca de 90% dos casos de anisaquidose em

humanos e mais de 2.000 pessoas infectam-se anualmente com esta parasitose

(CHAI et al., 2005), o primeiro relato oficial da doença ocorreu em 1965, por Asami e

colaboradores, entretanto, conforme descrito por Cheng (1976), existem referências

deste parasitismo desde 1940, a partir da observação de flegmão ou lesão

granulomatosa na parede gastrintestinal de humanos.

Apesar de ser pouco conhecida pela população, esta é considerada uma

zoonose grave e sua prevalência tem aumentado nas últimas décadas em diferentes

países do mundo, como Alemanha, Holanda, Espanha e França (AUDICANA et al.,

2002). Em 2013, na Europa, a incidência de casos de anisaquiase foi de 3,8/100.000

(ORPHANET REPORT SERIES, 2014). A doença também já foi relatada em países

como Nova Zelândia, Coréia e Egito. Na América, casos de anisaquidose foram

diagnosticados em indivíduos dos EUA, Canadá, Chile e Brasil (MERCADO e

TORRES, 1997; CRUZ et al., 2010; AUDICANA e KENNEDY, 2008).

No Brasil, foi registrado somente um caso clínico de anisaquidose humana até

o momento. Este ocorreu em um homem de 73 anos de idade, na cidade de Barra

do Garças – Mato Grosso e foi relatado por Cruz et al. (2010). A larva se localizava

na mucosa do duodeno do paciente e foi detectada por meio de exame endoscópico.

As infecções humanas causadas por anisaquideos estão associadas ao

consumo de pescados crus ou submetidos a processos que não alteram a

viabilidade das larvas. Devido à popularidade crescente de alguns pratos orientais e

pelo incremento de movimentos naturalistas que preconizam o consumo de pescado

Page 21: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

19

cru ou com pouca cocção, na atualidade, essas infecções tem sido relatadas em

diversos países (FERRE, 2001).

A maior incidência da enfermidade em humanos ocorre em áreas litorâneas,

como nos países da Escandinávia, através do consumo de bacalhau, arenque,

gravlax (salmão curado a seco); no Japão, pelo consumo de “sushi”, “sashimi”, “palu”

(surimi com cabeça de peixe e vísceras), “sunomono” (filés de peixe ou lula com

vinagre); na Holanda, pela ingestão de “maatjes” (arenque fermentado); na Espanha,

devido ao consumo de “boquerones” (anchovas em vinagre) e sardinhas cruas; no

Havaí, através da ingestão de “lomi-lomi” (salmão cru) e na América do Sul, pelo

consumo de “cebiche” (filés de peixe cru), encontrando-se na literatura diversos

relatos alusivos ao surgimento de sintomas posterior ao consumo destes pratos

(DEARDORFF e OVERSTREET, 1990; LAFFON-LEAL et al., 2000; MERCADO et

al., 2001; CABRERA e OGNIO, 2002).

A anisaquiase e anisaquidose podem se apresentar de duas formas:

gastroduodenal e intestinal. Na forma gastroduodenal, há episódios de dor

estomacal, vômitos e náuseas, diarreia, febre, urticária, edemas, dentre outras, pois

o parasito engancha sua porção cefálica na parede gástrica provocando intensa

gastrite, e na forma intestinal, a larva migra para o intestino provocando quadros

desde dor abdominal a obstrução intestinal por parasitismo intenso (DASCHNER et

al., 1998; MERCADO e TORRES, 1997; MINETA et al., 2006).

Segundo Audicana (2000) as mudanças patológicas geradas no trato

gastrointestinal de humanos durante a infecção com A. simplex são resultado da

invasão tissular da larva e pela interação entre o sistema imunitário do hospedeiro e

o conjunto de substâncias liberadas ou contidas no parasito.

A maioria dos casos descritos são produzidos por uma única larva e, embora

o local mais freqüente seja o trato digestivo, algumas larvas podem atravessar a

parede gastrointestinal e assentar-se em localizações ectópicas como pulmão,

fígado, baço e pâncreas. Estes sintomas não são específicos e podem assemelhar-

se aos encontrados em quadros de úlcera gástrica, ileíte, apendicite, doença de

“Crohn” ou ainda, tumores abdominais (AUDICANA, 2000; MINETA et al., 2006).

O diagnóstico desta parasitose se confirma ao se observar a larva, quando

extraída mediante endoscopia de zonas acessíveis (esôfago, estômago, cólon) ou

expectorada. Contudo, quando a larva migra até o intestino delgado ou está em

localização ectópica, requer com frequência a remoção cirurgia, pois não existem

Page 22: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

20

fármacos eficazes para o combate da anisaquidose. Quando a infecção se torna

crônica, a larva é destruída pelo sistema imune (DEL REY-MORENO et al., 2008;

FERRE, 2001).

3.2.1.1 Prevenção e controle da anisaquidose

A principal medida de prevenção contra esta zoonose é evitar a ingestão de

peixes preparados crus, mal cozidos, levemente salgados ou defumados

artesanalmente. Em algumas destas condições, o consumo do pescado deve ser

realizado somente quando os produtos forem certificados por órgãos oficiais de

inspeção e submetidos a um prévio congelamento a -35 oC por 15 horas ou -20 oC

por 7 dias (FDA, 2012). O binômio tempo x temperatura de congelamento

determinado deve ser seguido rigorosamente, pois os anisaquideos podem

sobreviver ainda por vários dias mesmo a temperaturas próximas de 0 ºC (SÃO

CLEMENTE et al., 1994).

O A. simplex é pouco resistente ao sal, porém as altas concentrações de sal e

o grande tempo necessários para a sua destruição, fazem da salga um método de

controle pouco seguro. Em estudo, Karl et al. (1994) relataram que em arenque, as

larvas deste nematoide somente foram mortas após os peixes serem marinados por

5 - 6 semanas em concentrações de sal de 8 – 9 %. Quando a concentração de sal

foi reduzida para 4,3 %, o tempo necessário para que ocorresse a morte de todas as

larvas aumentava para 7 semanas. Além disso, a salga seca tende a inviabilizar os

parasitas localizados nas superfícies dos peixes, não alcançando aqueles que se

encontram no interior da musculatura (FDA, 2013).

A defumação a frio também não é uma técnica indicada para controle de

anisaquideos nos alimentos, pois nela são utilizadas temperatura (< 30 oC) e

concentração de sal (3 - 3,5 %) insuficientes para matar estes organismos (FDA,

2013).

Quando o pescado for consumido cozido, a temperatura de cocção utilizada

deve ser de 70 oC por um período mínimo de 1 minuto, garantindo total inativação

dos estágios larvais de trematódeos, cestodeos e nematódeos (ACHA e SZYFRES,

2003).

A irradiação ainda não é considerada uma técnica eficaz para inviabilizar

parasitas anisaquideos. Padovani et al. (2005) estudaram o impacto da radiação

Page 23: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

21

gama “in vitro” sobre as larvas de anisaquideos coletadas do congro-rosa, G.

brasiliensis, irradiando-as com dosagens de 1, 3 e 6 quilogray (kGy), mantidos em

solução fisiológica 0,65 % de NaCl e armazenados sob refrigeração a temperaturas

entre 5 oC a 8 ºC. A mais efetiva dosagem usada foi a de 6 kGy, porém as larvas

ainda sobreviveram por um período máximo de 14 dias.

Outros estudos realizados sugeriram doses de radiação entre 2 e 10 kGy para

que houvesse morte desses parasitos, enquanto que as doses necessárias para

eliminar outros parasitas como metacercárias e protozoários coccídios variam de

0,15 a 0,5 kGy, ou seja, provavelmente o produto teria seu aspecto sensorial muito

alterado ao ser exposto a doses relativamente tão altas de radiação (FDA, 2013).

3.2.2 Potencial alergênico

Já foi relatado em humanos, sem relato expresso de patologia digestiva,

quadros de urticária, angiedema ou reações anafiláticas graves relacionadas com a

ingestão de peixes, mariscos ou cefalópodes, independente da cocção ou não do

pescado ingerido. Estas ocorrências se dão por conta da existência de um amplo

número de moléculas com potencial alergênico nas larvas de anisaquideos, em

especial as de Anisakis sp., sendo algumas produto de excreção/secreção e outros

componentes somáticos (AUDICANA e KENNEDY, 2008).

Os sintomas são semelhantes ao de reação alérgica tipo I (imediata)

mediadas por anticorpos tipo IgE específico, variando na gravidade desde reação

cutânea com urticária ou angioedema até choque anafilático (AUDICANA et al.,

1997; AUDICANA, 2000; MONTORO et al., 1997).

A glândula excretora de Anisakis sp. pode produzir e liberar grânulos

(contendo antígenos) que, ao interagir com o sistema imunológico do hospedeiro,

são responsáveis pela reação mediada por IgE (POZO et al., 1996; ARLIAN et al.,

2003; MONEO et al., 2005).

Yman (2000) enfatizou a capacidade de outros helmintos, além dos parasitas

do gênero Anisakis, em promover resposta imune mediada por IgE em humanos

através de proteínas que desencadeam reações imunes similares quando ingeridas

ou inaladas.

Casos de alergia, urticária, conjuntivite, dermatite, quadro reumatológico após

manifestações cutâneas, têm sido relacionados à exposição por contato,

Page 24: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

22

principalmente entre trabalhadores com pescado (AÑÍBARRO e SEOANE, 1998;

AUDICANA et al., 1997; AUDICANA, 2000).

Armentia et al. (2006) descreveram casos de pacientes que apresentaram

sintomas alérgicos após a ingestão de carne de frango, atribuindo a contaminação

dos frangos pela ração composta por farinha de pescado. Anteriormente, já haviam

sido relatados casos de asma ocupacional em trabalhadores de granja avícola e de

indústria de congelamento de pescado (ARMENTIA et al., 1998).

3.3 ORDEM TRYPANORHYNCHA

A ordem Trypanorhyncha, é composta por grande diversidade de espécies,

todas parasitando peixes e invertebrados marinhos. Os vermes adultos habitam o

intestino de peixes elasmobrânquios (tubarões e raias) enquanto as formas larvais

são encontradas na cavidade celomática e na musculatura de peixes teleósteos,

crustáceos e moluscos cefalópodes (CAMPBELL e BEVERIDGE, 1994).

As primeiras publicações sobre estes parasitos datam de 1797, de autoria de

Bosc, e de 1808, de Rudolphi, segundo Pereira Jr. (1993).

No Brasil, em 1934, Faria e Silva registraram o encontro destes helmintos em

21 espécies de peixes teleósteos e elasmobrânquios desembarcados no antigo

Entreposto Federal de Pesca do Rio de Janeiro, mas, denominando-os,

genericamente, de Tetrarhynchus sp. Este trabalho foi de importante contribuição

aos serviços de inspeção sanitária do pescado, por listar muitas espécies de peixes

de frequente comercialização no município do Rio de Janeiro.

Os cestoides da ordem Trypanorhyncha, mesmo não possuindo potencial

zoonótico, adquirem importância na inspeção sanitária do pescado pelo aspecto

repugnante que conferem aos peixes que apresentam grande infestação por estes

parasitos. Uma vez que o pescado apresenta infestação muscular maciça por

parasitas, este é considerado impróprio para consumo, de acordo com o

Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos De Origem Animal -

RIISPOA (BRASIL, 1952), em seu item 4º do Art. Nº445.

Corroborando com a importância destes cestoides para a Inspeção do

Pescado, em muitas espécies de teleósteos é comum observar-se altas taxas de

infecção na musculatura (DOLLFUS, 1942; AMATO et al., 1990; PEREIRA JR.,

1993; SÃO CLEMENTE et al., 1995, 1997).

Page 25: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

23

O aspecto higiênico-sanitário da parasitose passou a ganhar maior

importância a partir da década de 1980, com os trabalhos de São Clemente (1986a,

1986b, 1987) em M. furnieri, registrando o encontro de larvas de Trypanorhyncha em

38% de 1000 exemplares examinados. Logo se seguiram contribuições de Amato et

al. (1990) em Katsuwonus pelamis Linnaeus, 1758; de São Clemente et al. (1991;

1995; 1997) em Netuma barba Lacepède, 1803, Balistes vetula Linnaeus, 1758 e P.

saltator, respectivamente; e de Silva e São Clemente (2001) em Coryphaena

hippurus Linnaeus, 1758 e L. synagris, todos capturados ao longo do litoral do

Estado do Rio de Janeiro.

Diversos teleósteos analisados no Estado do Rio de Janeiro foram descritos

como hospedeiros intermediários de cestoides desta ordem: Caranx hippus e C.

lattus (LUQUE et al., 2000), M. furnieri (ALVES e LUQUE, 2001; PORTO et al.,

2009), C. hippurus e L. synagris, ariocó (SILVA e SÃO CLEMENTE, 2001), M.

ancylodon (SABAS e LUQUE, 2003), G. brasiliensis (ALVES et al., 2002; SÃO

CLEMENTE et al., 2004), S. setapinnis (CORDEIRO e LUQUE, 2004), C. acoupa, C.

lattus, P. saltator e C. hippus (FERREIRA et al., 2006), Lophius gastrophysus

Miranda Ribeiro, 1915 (SÃO CLEMENTE et al., 2007).

Alves et al. (2005) relataram exemplares destes cestoides na cavidade

visceral e musculatura de Balistes capriscus Gmelin, 1789 e em B. vetula Linnaeus,

1758. Em outro estudo foram pesquisadas as comunidades parasitárias de 171

espécimes de escombrídeos de cinco espécies encontrando cestoides em quatro

delas (ALVES e LUQUE, 2006).

Felizardo et al. (2010) registraram em linguados de Paralichthys e de

Xystreurys oito espécies de cestoides Trypanorhyncha, Nybelinia lingualis Cuvier,

1817, Heteronybelinia nipponica Yamaguti, 1952, Otobothrium sp. Linton, 1891,

Pterobothrium heteracanthum Diesing, 1850, Pterobothrium crassicolle Diesing,

1850, Grillotia carvajalregorum Menoret & Ivanov, 2009, Callitetrarhynchus gracilis

Rudolphi, 1819; os cestoides Tetraphyllidea, S. pleuronectis e os cestoides

Diphyllobothriidea Diphyllobothrium sp. 1 e Diphyllobothrium sp. 2. em P. isosceles.

Fonseca et al. (2012) estudaram os cestoides Trypanorhyncha de P.

patagonicus e X. rasile com a redescrição da espécie Nybelinia erythraea Dollfus,

1960.

Apesar de não serem transmissíveis aos vertebrados homeotérmicos e o

reencapsulamento das pós-larvas não ocorrer em animais de sangue quente, há

Page 26: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

24

indícios de que parasitas da ordem Trypanorhyncha podem ocasionar danos à

saúde do dos seres humanos. Rodero e Cuellar (1999) relataram que larvas de

Gymnorhynchus gigas Cuvier, 1817 possuem componentes antigênicos capazes de

provocar episódios anafiláticos enquanto que Vázquez-López et al. (2002)

demonstraram que proteínas presentes em G. gigas podem originar alterações de

motilidade e trânsito intestinal em modelos murinos.

Mattos et al. (2013) demonstraram através de inoculação em modelos

murinos, que extratos brutos de P. heteracanthum apresentam moléculas capazes

de induzir a produção de IgG e IgE específicas, induzindo assim reação alérgica.

A espécie Callitetrarhynchus speciosus (Linton, 1897) Carvajal & Rego, 1985

já foi relatada em diversos peixes teleósteos pelo mundo (BATES, 1990; PALM,

1995; 2004; PALM e BRAY, 2014). No Brasil, os últimos registros desta espécie

foram feitos por Dias et al. (2009, 2010 e 2011).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Inspeção e Tecnologia de

Pescado do Departamento de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Medicina

Veterinária, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, e no Laboratório de

Helmintos Parasitos de Vertebrados, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Rio de

Janeiro.

4.1 MATERIAL

4.1.1 Aquisição e transporte das amostras

Para a realização deste estudo foram adquiridos no período de julho a

dezembro de 2013, 30 espécimes de P. arenatus (figura 1) provenientes de

mercados de peixes dos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, no Estado do Rio de

Janeiro, principalmente do Mercado de São Pedro, localizado em Niterói.

Estes foram transportados em caixas isotérmicas para o Laboratório de

Inspeção e Tecnologia de Pescado da Faculdade de Veterinária da Universidade

Federal Fluminense, onde foram inspecionados e processados.

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Inspeção e processamento dos peixes

Para cada espécime foi preenchida uma ficha de necropsia individual com sua

numeração, peso, comprimento total e data de necropsia. O comprimento total dos

peixes pesquisados variou entre 20-63 (38,3) cm e o peso entre 400 – 3600 (1210)

g.

A identificação da espécie de peixe foi realizada de acordo com Figueiredo e

Menezes (1980).

A evisceração foi feita, após mensuração, a partir de um corte longitudinal

ventral, da cloaca à região cefálica, seguindo a linha opercular em direção ao dorso

até a altura da coluna vertebral. Uma terceira incisão foi feita ao longo da coluna,

acompanhando, no final a curvatura da cavidade visceral. A estrutura recortada foi

Page 28: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

26

rebatida e foram examinadas, a olho nu e com o auxílio do estereomicroscópio, as

serosas dos órgãos e vísceras e o mesentério a procura de parasitas.

Para a pesquisa do parasitismo na musculatura, foram feitos dois cortes

longitudinais, em ambos os lados, partindo da inserção da cauda em direção à

cabeça até o nível do opérculo, obtendo-se dois filés por peixe que foram

examinados na mesa de inspeção (“candling table”), para a melhor visualização de

possíveis larvas de helmintos.

4.2.2 Processamento e identificação das larvas

Os nematoides encontrados vivos foram fixados em A.F.A (álcool 70 % -

formalina - ácido acético glacial) a quente (65 oC) e, posteriormente, conservados

em álcool 70 % glicerinado a 5 %, clarificados com lactofenol de Aman e dispostos

entre lâmina e lamínula, conforme técnica descrita por Knoff e Gomes (2012). Já as

larvas coletadas mortas foram fixadas em AFA a temperatura ambiente e

posteriormente passaram pelo mesmo procedimento.

A identificação do gênero das larvas de anisaquideos foi realizada com base

nos trabalhos de Felizardo et al.(2009a) e Knoff et al. (2012).

Os blastocistos dos cestoides encontrados foram rompidos com o auxílio de

estiletes no estereomicroscópio e, em seguida, colocados em placa de Petri

contendo água destilada e transferidos para o refrigerador, onde permaneceram por

no mínimo 24 horas, para o relaxamento dos escólices e extroversão dos tentáculos.

Posteriormente, as larvas foram fixadas em A.F.A por, pelo menos, 24 horas,

coradas pelo carmim alcoólico clorídrico de Langeron, clarificadas em creosoto de

Faia e montadas entre lâmina e lamínula com bálsamo do Canadá, segundo técnica

descrita por Knoff e Gomes (2012).

A identificação dos cestoides da ordem Trypanorhyncha foi realizada segundo

Campbell e Beveridge (1994), Palm (2004) e Carvajal e Rego (1985) e para a

terminologia das larvas foi utilizado o estabelecido por Chervy (2002).

Para designação dos termos utilizados para as doenças causadas pelas

larvas de nematoides, foi utilizado, de acordo com Klimpel e Palm (2011),

“anisaquiase” para as enfermidades causadas por larvas do gênero Anisakis sp. e

“anisaquidose” para as enfermidades causadas por larvas da família Anisakidae e

larvas do gênero Hysterothylacium sp., já que este pertencia à família Anisakidae até

Page 29: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

27

1991, quando passou a ser considerado da família Raphidascarididae, segundo

Fagerholm (1991).

As medidas das larvas foram obtidas em um microscópio de campo claro

Olympus BX 41 e estão indicadas em milímetros (mm), exceto quando indicado de

outra forma. As médias das variações das medidas foram indicadas entre

parênteses. Para as fotomicrografias dos cestoides foi utilizado um microscópio

óptico Zeiss Axiophot e para as fotomicrografias dos nematoides foi utilizado o

mesmo microscópio com Sistema de Contraste Interferencial de Normaski (DIC).

4.3 DEPÓSITO DOS HELMINTOS COLETADOS

Os espécimes representativos dos parasitos foram depositados na Coleção

Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC), FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ,

Brasil.

4.4 ANÁLISE DOS ÍNDICES PARASITÁRIOS

O cálculo dos índices parasitários de prevalência, intensidade média e

abundância média de infecção foram realizados com base nos conceitos de Bush et

al. (1997).

Figura 1. Priacanthus arenatus, olho-de-cão. Barra = 10 cm.

Page 30: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

5 RESULTADOS

O resultado da pesquisa parasitológica para larvas de nematoides Anisakidae e

Raphidascarididae e cestoides Trypanorhyncha nas amostras de P. arenatus foi

positivo. A maioria dos espécimes encontravam-se vivos no momento da coleta.

5.1 IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA

Dos 30 peixes coletados, 20 (66,7 %) estavam parasitados por larvas de

nematoides, sendo coletados no total 2024 parasitos. Foram coletadas 30 larvas de

Anisakis sp. e 1994 de H. deardorffoverstreetorum, estando 237 larvas na sua forma

livre e 1757 larvas dentro de granulomas (figuras 2 e 3). A maioria das larvas

estavam vivas e apresentavam alta motilidade. Este é o primeiro relato de

parasitismo de P. arenatus por larvas de H. deardorffoverstreetorum e Anisakis sp.

Quanto ao parasitismo por cestoides da Ordem Trypanorhyncha, três espécimes

(10 %) estavam parasitados com larvas vivas de C. speciosus contidos em

blastocistos de 2,5 a 3 cm de comprimento.

Figura 2. Cavidade abdominal de Priacanthus arenatus apresentando infestação de granulomas contendo Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. Barra = 1 cm.

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29

Figura 3. Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum contidas em granulomas. a) Placa de Petri com granulomas recém coletados. b) larva saindo do granuloma. c) Larva encistada. Barras: a = 1 cm, b = 0,5 cm, c = 0,2 cm.

5.1.2 Descrição taxonômica

5.1.2.1 Nematoides

Anisakidae Railliet & Henry, 1912

Anisakis Dujardin, 1845

Anisakis sp. (Figura 4)

Principais características morfológicas observadas em 15 larvas de terceiro estágio

oriundas de P. arenatus: Cutícula com delicadas estriações tranversais, mais

evidentes na porção posterior. Extremidade anterior com um lábio dorsal e dois

Page 32: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

30

ventrolaterais, pouco desenvolvidos. Seis papilas cefálicas, um par no lábio dorsal e

um par em cada lábio ventrolateral. Dente larvar abaixo da abertura oral, entre os

lábios ventrolaterais. Poro excretor localizado abaixo do dente larvar. Ventrículo mais

longo do que largo. Apêndice ventricular e ceco intestinal ausentes. Esôfago

aproximadamente o dobro do ventrículo. Duas glândulas retais arredondadas. Cauda

cônica e mucron presente.

Figura 4. Larva de 3º estágio de Anisakis sp. a) Porção anterior, evidenciando dente larvar, esôfago e ventrículo. b) Detalhe do dente larvar, com poro excretor ao lado. c) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron característico. Barras: a = 200 μm; b = 50 μm e c = 100 μm.

Raphidascarididae (Hartwich, 1954) sensu Fagerholm, 1991

Hysterothylacium Ward & Margath, 1917

Hysterothylacium deardorffoverstreetorum Knoff, Felizardo, Iñiguez, Maldonado Jr,

Torres, Pinto & Gomes, 2012 (Figura 5)

Page 33: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

31

Principais características morfológicas observadas em 15 larvas de terceiro estágio

oriundas de P. arenatus: Cutícula com extensão lateral ao longo do corpo

desprovida de extensão basal. Extremidade anterior com um lábio dorsal e dois

lábios ventrolaterais pouco desenvolvidos. Nove papilas cefálicas, dois pares no

lábio dorsal junto a uma grande papila e um par em cada lábio ventrolateral. Dente

ausente. Abertura do poro excretor abaixo do anel nervoso, inconspícuo em alguns

espécimes. Ventrículo levemente esférico. Apêndice ventricular de cumprimento

semelhante ao do esôfago. Ceco intestinal presente. Quatro glândulas retais

subesféricas. Cauda cônica e mucron presente.

Figura 5. Larva de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. a) Porção anterior, evidenciando esôfago, ventrículo e apêndice ventricular. b) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron característico. c) Detalhe do mucron. Barras: a = 200 μm; b = 500 μm e c = 20 μm.

Page 34: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

32

Os dados morfológicos e morfométricos das larvas de terceiro estágio dos

nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletados em

P. arenatus estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1 - Dados morfológicos e morfométricos das larvas de terceiro estágio dos nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletados em Priacanthus arenatus.

Anisakis sp. Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum

Corpo (C) 20,86 - 28,68 (23,04) 6,08 - 18,38 (12,12)

Corpo (L) 0,420 – 0,560 (0,478) 0,18 – 0,46 (0,36)

Dente larvar Presente Ausente

Poro excretor* Abaixo do dente larvar Abaixo do anel nervoso

Anel nervoso** 0,280 – 0,448 (0,351) 0,272 – 0,60 (0,48)

Esôfago (C) 1,42 – 2,20 (1,798) 0,52 - 1,2 (0,87)

Ventrículo (C) 0,3 – 1 (0,8) 0,064 – 0,200 (0,12)

Ventrículo (L) 0,2 - 0,3 (0,266) 0,088 – 0,184 (0,13)

Apêndice ventricular (C) Ausente 0,424 – 1 (0,709)

Ceco intestinal (C) Ausente 0,096 – 0,48 (0,26)

Cauda (C) 0,08 – 0,15 (0,11) 0,160 – 0,296 (0,24)

Mucron (C) 8 – 32 (21,6) µm 1 – 4 (2,72) µm

* Em alguns espécimes inconspícuo; **Distância até o final da porção anterior; C = comprimento; L = largura.

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33

5.1.2.2 Cestoide

Lacistorhynchidae Guiart, 1927

Callitetrahynchus Pintner, 1931

Callitetrahynchus speciosus (Linton, 1897) Carvajal & Rego, 1985 (figura 6)

Principais características morfológicas observadas em 3 plerocercos oriundas de P.

arenatus: plerocercos com blastocisto com extensão caudal. Scolex bastante longo,

fino e levemente craspedoto. Dois bótrios cordiformes com nódulo discreto

observado na margem posterior. “Pars vaginalis” longa, bainhas dos tentáculos

levemente sinuosas, mais largas em sua porção anterior, esta é menos espiralada

na região da “pars botrialis”. Bulbos alongados. Músculo retrator iniciado no terço

anterior do bulbo. “Pars postbulbosa” praticamente ausente. Armadura metabasal

poecilacanto atípica heteromorfa, ganchos ocos, em meia espiral, em ascensão de

oito ganchos principais, começando na face interna. Os ganchos 1(1´) são uncinados

e grandes, os ganchos 2(2´) são uncinados e bastante longos, os ganchos 3(3´) são

falciformes, largos e possuem bases grandes, os ganchos 4(4´) e 5(5´) são

falciformes, os ganchos 6(6´) são espiniformes e se localizam próximo à face

externa, os ganchos satélites 7(7’) e 8(8’) são uncinados, esguios e semelhante em

tamanho. Possui chainette simples.

Page 36: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

34

Figura 6. Plerocerco de Callitetrarhynchus speciosus. a) Vista lateral, quadrados b e c indicam região de onde as figuras b e c foram obtidas. b) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura basal do tentáculo, mostrando os ganchos 3, 4, 5, 6, 7 (7’) 8 (8’) e chainette (c). c) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura metabasal do tentáculo, mostrando os ganchos 6, 7 (7’), 8 (8’) e a chainette (c). Barras: a = 1000 μm; b e c = 50 μm.

Page 37: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

35

Dados morfométricos dos plerocercos de C. speciosus coletados em P.

arenatus estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2 - Dados morfométricos dos plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados em Priacanthus arenatus.

Callitetrahynchus speciosus

Scolex (C) 11,175 – 12,2 (11,758)

Scolex (L) 2,025 – 2,35 (2,191)

Apêndice (C) 10,75 – 14,975 (12,416)

Apêndice (L) 1,275 – 1,475 (1,358)

Pars botrialis (C) 2,025 – 2,125 (2,066)

Pars botrialis (L) 2,075 – 2,25 (2,166)

Pars vaginalis (C) 8,625 – 9,2 (9,008)

Pars vaginalis (L) 1,675 – 2,3 (1,958)

Pars bulbosa (C) 2,1 – 2,375 (2,25)

Pars bulbosa (L) 0,975 – 1,375 (1,166)

Pars post-bulbosa 0,3 – 0,57 (0,44)

Bulbos (C) 1,97 – 2,37 (2,17)

Bulbos (L) 0,25 – 0,32 (0,29)

Tentáculos (C) 0,94 – 3,84 (2,578)

Tentáculos (DB) 0,06- 0,1 (0,08)

Tentáculos (DMT) 0,06 – 0,09 (0,06)

C = comprimento; L = largura; DB = diâmetro da basal; DMT = diâmetro da metabasal

Page 38: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

36

5.2 ÍNDICES PARASITÁRIOS

Os índices parasitários de prevalência, intensidade média e abundância

média de infecção, assim como os sítios de infecção e o número de depósito na

CHIOC, estão presentes nas tabelas 3 e 4.

Tabela 3 -Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) das larvas de Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletadas em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

P (%) AM IM SI CHIOC

Anisakis sp. 20 1 5 C, E, F,

M 35997

Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum 66,7 66,5 99,7

B, C, E,

F, M,

MA

35996a,

35996b,

35998

B= baço; C= ceco; E= estômago; F= fígado; M= mesentério; MA= musculatura abdominal

Tabela 4 - Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) dos plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

P (%) AM IM SI CHIOC

Callitetrarhynchus speciosus

10 0,1 1 M, SI,

SO

37994,

37995,

37996

M= mesentério; SI= serosa do intestino; SO= serosa do ovário

Page 39: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

6 DISCUSSÃO

As larvas de terceiro estágio de Anisakis sp. encontradas neste estudo

apresentaram semelhanças morfológicas com as larvas de Anisakis simplex

coletadas em linguados do litoral brasileiro por Felizardo et al. (2009a), embora

pouco maiores em tamanho, apresentaram estruturas morfológicas

proporcionalmente semelhantes.

A morfologia e morfometria das larvas de terceiro estágio de H.

deardorffoverstreetorum coletadas em P. arenatus apresentaram semelhança

àquelas relatadas por Fontenelle et al. (2013) em C. guatucupa, maria-mole,

oriundos do Estado do Rio de Janeiro. Estas mesmas larvas são semelhantes às

descritas por Knoff et al. (2012), obtidas de linguados do litoral brasileiro,

morfologicamente semelhante aos espécimes descritos anteriormente como

Hysterothylacium sp. nº 2 (PETTER e MAILLARD, 1988), Hysterothylacium MD

(DEARDORFF e OVERSTREET, 1981), Hysterothylacium KB (PETTER e SEY,

1997) e Hysterothylacium sp. (PEREIRA JR et al., 2004; RIBEIRO et al., 2014).

No presente estudo foi observada a formação de granulomas, induzida pela

presença de larvas de H. deardorffoverstreetorum, assim como relatado em

linguados P. isosceles por Felizardo et al. (2009b), contudo, no presente estudo foi

possível observar macroscopicamente as larvas contidas na superfície desses

granulomas.

A morfologia de C. speciosus presente neste estudo está de acordo com a

redescrição feita por Carvarjal e Rego (1985), que observaram e mediram discreta

pars post-bulbosa [200(160 - 340 μm)] nos plerocercos (pág. 162 e 163). Em relação

à pars post-bulbosa, Palm (2004), embora tenha relatado ausência desta região em

sua descrição: “ppb absent (160- 340)”, apresentou a variação da sua medida entre

parênteses (pág. 347). Foram também estudadas alguns espécimes coletados de C.

guatucupa do litoral do Rio Grande do Sul, que estão depositados na CHIOC sob os

números: 33905, 33906, 33907, e nestes a pars post-bulbosa estava completamente

ausente. Demonstrando que a pars post-bulbosa pode apresentar um pequeno

comprimento ou ser ausente nesta espécie.

Em estudos anteriores sobre helmintos de P. arenatus no Brasil, verificou-se

que todos foram realizados no Estado do Rio de Janeiro. Em relação ao encontro de

nematoides e cestoides, verificou-se que De Fabio (2000), relatou a presença do

Page 40: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

38

nematoide O. melanocephala, mas não encontrou cestoides, como no presente

estudo; Tavares et al. (2001), relataram adultos de O. melanocephala e larvas de

Raphidascaris sp, Pseudoterranova sp. e Contracaecum sp. e cestoides Scolex

pleuronectis, mas não registraram a presença de cestoides Trypanorhyncha; Lima

(2004) e Ferreira et al. (2006) pesquisaram a presença de cestoides da ordem

Trypanorhyncha, onde somente o primeiro autor encontrou a espécie C. speciosus, a

mesma espécie encontrada no presente estudo. Portanto, Anisakis sp. e H.

deardorffoverstreetorum são registradas pela primeira vez parasitando este

hospedeiro.

Em relação a prevalência (P) e intensidade de infecção (I) de C. speciosus

encontradas no presente estudo, estas foram muito similares as relatada por Lima

(2004) (P = 12,5% e I = 1). Entretanto, Lima (2004) relatou infecção concomitante

com C. gracilis e o mesentério como sítio de infecção, diferentemente do presente

estudo, onde os plerocercos estavam também presentes nas serosas do intestino e

do ovário.

Recentemente, a espécie C. speciosus foi encontrada em outros peixes do

litoral do Estado do Rio de Janeiro com prevalências baixas, como relatado no

presente estudo e por Lima (2004): Dias et al. (2009) registraram P = 2% em B.

capriscus, Dias et al. (2010; 2011) registraram P = 6% em A. monoceros e em S.

cavalla.

Page 41: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

7 CONCLUSÕES

No estudo do parasitismo em olho-de-cão, Priacanthus arenatus (Cuvier,

1829) comercializados nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, Estado do

Rio de Janeiro, foram encontradas larvas dos nematoides Anisakis sp. e

Hysterothylacium deardorffoverstreetorum e do cestoide Callitetrahynchus

speciosus.

Através deste estudo registra-se um novo hospedeiro para a espécie H.

deardorffoverstreetorum e Anisakis sp.

As larvas de Anisakis sp. possuem reconhecidamente potencial zoonótico e

as de H. deardorffoverstreetorum, podem ser consideradas como tal de

acordo com alguns estudos.

Apesar da maioria destes nematoides estarem presentes nas vísceras e

cavidade abdominal, não se pode descartar o risco de ingestão destes

parasitos, pois a maioria dessas larvas foram encontradas vivas, portanto são

capazes de migrar para a musculatura do peixe.

A espécie C. speciosus pode causar aspecto repugnante ao pescado devido

ao tamanho dos seus blastocistos.

Devem ser realizados estudos quanto ao potencial alergênico do C. specious,

afim de verificar a capacidade de induzir reações alérgicas quando ingeridos

por humanos.

Sugere-se que haja promoção na educação da população a respeito dos

perigos da ingestão de pescado cru, bem como sua aquisição a partir de

procedências duvidosas, por conta da anisaquidose, e intensificação da

fiscalização dos alimentos à base de pescado e efetiva aplicação de técnicas

confiáveis de inspeção e processamento pelos órgãos responsáveis.

Page 42: (Cuvier, 1829) COMERCIALIZ

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9 ANEXO

9.1 Trabalho sobre cestoides Trypanorhyncha parasitos de olho de cão, Priacanthus

arenatus Cuvier, 1829 aceito para publicação.

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9.1.1 Cestoides Trypanorhyncha parasitos de olho de cão, Priacanthus arenatus

(cuvier, 1829) (osteichthyes, priacanthidae) importantes na higiene do pescado.

Autores: Bianca Porto Kuraiem; Nilza Nunes Felizardo; Marcelo Knoff; Delir Corrêa Gomes; Sérgio Carmona de São Clemente. Aceito para publicação: 26/ 01/ 2015. Revista higiene alimentar, v. xx, n. xx, p. xx-xx, 2015.

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CESTOIDES TRYPANORHYNCHA PARASITOS DE OLHO DE CÃO, Priacanthus arenatus (CUVIER, 1829) (OSTEICHTHYES, PRIACANTHIDAE)

IMPORTANTES NA HIGIENE DO PESCADO

TRYPANORHYNCHA CESTODES PARASITES OF ATLANTIC BIGEYE, Priacanthus arenatus (CUVIER, 1829) (OSTEICHTHYES, PRIACANTHIDAE)

IMPORTANT IN SEAFOOD SAFETY Bianca Porto Kuraiem1; Nilza Nunes Felizardo1; Marcelo Knoff2; Delir Corrêa

Gomes2; Sérgio Carmona de São Clemente1

1Laboratório de Inspeção e Tecnologia do Pescado, Rua Vital Brazil Filho, 64, Vital Brazil, Niterói, CEP 24230-340 – Rio de Janeiro, RJ 2Laboratório de Helmintos Parasitos de Peixes – IOC FIOCRUZ, Avenida Brasil, 4365, Manguinhos, CEP 21040-360 – Rio de Janeiro, RJ

Resumo Priacanthus arenatus é uma espécie de peixe encontrada no Oceano Atlântico e possui alto valor comercial. Os cestoides da Ordem Trypanorhyncha têm importância na inspeção sanitária, pois conferem aspecto repugnante ao pescado quando há infestação maciça e apesar de não serem considerados zoonóticos, há evidências de que estes ocasionam danos à saúde do consumidor por possuírem componentes antigênicos. O objetivo deste estudo foi determinar as espécies de cestoides que parasitam P. arenatus, os índices parasitários e sítios de infecção. Foram analisados 30 espécimes de P. arenatus provenientes do litoral do Estado do Rio de Janeiro. As larvas encontradas tiveram os seguintes índices parasitários: prevalência = 10%, abundância média = 0,1 e intensidade média = 1. Foram coletadas larvas no mesentério e serosas do intestino e ovário. Concluiu-se que P. arenatus é um dos hospedeiros intermediários de Callitetrarhynchus speciosus.

Palavras-chave: Trypanorhyncha; Priacanthus arenatus; Higiene do pescado.

Introdução Os peixes são fonte abundante de proteína de alto valor biológico, de vitaminas lipossolúveis A e D, do complexo B e de minerais como o cálcio, o fósforo e o ferro, sua fração lipídica contêm ainda ácidos graxos poliinsaturados da família ômega-3, sendo por isso o seu consumo associado a uma alimentação saudável e, amplamente recomendado por médicos e nutricionistas (SARTORI e AMANCIO, 2012). O peixe Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829), também conhecido vulgarmente de olho-de-cão, possui olhos grandes e corpo avermelhado, é uma espécie de teleósteo de hábitos noturnos, vive em fundos rochosos, em profundidades de 10 a 200 metros, ocorre em águas tropicais e subtropicais do Oceano Atlântico, do Canadá à Argentina. Alimenta-se basicamente de pequenos peixes, crustáceos e poliquetas. Atinge comprimento médio de 40 cm e possui carne de alto valor comercial (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980). No Estado do Rio de Janeiro, esta espécie já foi estudada quanto ao parasitismo por helmintos por Pinto et al. (1988), De Fabio (2000), Tavares et al. (2001), Lima (2004) e Ferreira et al. (2006). A Ordem Trypanorhyncha é composta por grande diversidade de espécies, todas parasitando peixes e invertebrados marinhos. Os vermes adultos habitam o intestino de peixes

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elasmobrânquios (tubarões e raias) enquanto as formas larvais são encontradas na cavidade celomática e na musculatura de peixes teleósteos, crustáceos e moluscos cefalópodes (CAMPBELL e BEVERIDGE, 1994). Na inspeção sanitária do pescado, os cestoides da ordem Trypanorhyncha, mesmo não possuindo potencial zoonótico, adquirem importância pelo aspecto repugnante. De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal - RIISPOA (1952), em seu item 4º do Art. Nº445, são considerados impróprios para o consumo os peixes que apresentam infestação muscular maciça por parasitos. Apesar de não serem considerados zoonóticos, há evidências de que parasitas da Ordem Trypanorhyncha ocasionam danos à saúde do consumidor. Rodero e Cuellar (1999) relataram que larvas de Gymnorhynchus gigas possuem componentes antigênicos capazes de provocar episódios anafiláticos enquanto que Vázquez-López et al. (2002) demonstram que proteínas presentes em G. gigas podem originar alterações da motilidade e do trânsito intestinal. Mattos et al. (2013) demonstraram através de inoculação que extratos brutos de Pterobothrium heteracanthum apresentam moléculas capazes de induzir a produção de IgG e IgE específicas, induzindo assim reação alérgica em modelos murinos. A espécie Callitetrarhynchus speciosus (Linton, 1897) Carvajal & Rego, 1985 foi registrada recentemente em peixes teleósteos por Hassan et al. (2002), Lima (2004), Abdou e Palm (2008) e Dias et al. (2009, 2010 e 2011). O objetivo deste estudo foi determinar as espécies da Ordem Trypanorhyncha que parasitam P. arenatus, seus índices parasitários e sítios de infecção.

Material e Métodos Para a realização deste estudo foram adquiridos 30 espécimes de P. arenatus com comprimento total de 20-63 cm e peso de 400 – 3600 g provenientes do comércio varejista dos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro. Estes foram transportados em caixas de isopor contendo gelo até o Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Pescado da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense, onde foram necropsiados e coletados os seus parasitas. Os blastocistos dos cestoides encontrados foram rompidos com o auxílio de estiletes no estereomicroscópio e, em seguida, colocados em placa de Petri contendo água destilada e transferidos para o refrigerador, onde permaneceram por no mínimo 24 horas, para o relaxamento dos escólices e extroversão dos tentáculos. Posteriormente, as larvas foram fixadas em A.F.A por, pelo menos, 24 horas, coradas pelo carmim alcoólico clorídrico de Langeron, clarificadas em creosoto de Faia e montadas entre lâmina e lamínula com bálsamo do Canadá, segundo técnica descrita por Eiras et al. (2006). A identificação dos cestoides da Ordem Trypanorhyncha foi realizada segundo Campbell e Beveridge (1994) e Palm (2004). Os cálculos dos índices parasitários de prevalência, intensidade média e abundância média de infecção foram realizados com base nos conceitos de Bush et al. (1997). Espécimes representativos foram depositados na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC), Fiocruz, Rio de Janeiro.

Resultados e Discussão Dos 30 peixes coletados, três estavam parasitados com larvas de C. speciosus contidos em blastocistos de 2,5 a 3 cm de comprimento. Os índices parasitários encontrados foram: prevalência (P) = 10%, abundância média (AM) = 0,1 e intensidade média (IM) = 1. Lima (2004) registrou a presença de C. speciosus em P. arenatus a prevalência de 12,5%, resultado próximo ao encontrado o presente

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estudo. Entretanto relatou que todos os peixes que abrigavam C. speciosus apresentavam, também, infecção concomitante por C. gracilis. O hospedeiro em questão também foi pesquisado por Ferreira et al. (2006), que não encontraram parasitas da ordem Trypanorhyncha nessa espécie de peixe. Enquanto que a mesma espécie de parasita foi encontrada com prevalências inferiores em outros peixes do litoral do Estado do Rio de Janeiro: P= 2% em Balistes capriscus Gmelin, 1789 (DIAS et al., 2009), P= 6% em Aluterus monoceros (Linnaeus, 1758) (DIAS et al., 2010) e P = 6% em Scomberomorus cavalla (Cuvier, 1829) (DIAS et al., 2011). Quanto aos sítios de infecção, as larvas foram coletadas no mesentério e serosa do intestino e do ovário, o que difere do achado por Lima (2004), que registrou esta espécie parasitando somente um sítio de infecção (mesentério). Entretanto, em estudos com outros hospedeiros foram encontradas larvas no mesentério (DIAS et al., 2009; 2010 e 2011) e no fígado (DIAS et al., 2010), o que difere do presente estudo. Portanto P. arenatus apresenta mais dois sítios de infecção para C. speciosus. Os espécimes representativos foram depositados na CHIOC sob os números: 37994, 37995 e 37996. Conclusão Concluiu-se que P. arenatus é um dos hospedeiros intermediários de C. speciosus. Apesar da prevalência e intensidade média encontradas terem sido baixas, esta espécie de Trypanorhyncha confere aspecto repugnante ao pescado, levando em conta o tamanho dos blastocistos. Contudo, os espécimes de P. arenatus estudados não apresentaram infecção muscular por C. speciosus, não sendo necessário o descarte dos mesmos. Este é o segundo relato de C. speciosus nesta espécie de peixe. Portanto, sugere-se que sejam feitos estudos sazonais com objetivo de monitorar os índices parasitários neste hospedeiro.

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9.2 Trabalho sobre larvas de nematoides Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 submetido para publicação.

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9.2.1 Nematode larvae infecting Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 (Pisces:

Teleostei) in Brazil.

Autores: Bianca Porto Kuraiem; Marcelo Knoff; Nilza Nunes Felizardo; Delir Corrêa Gomes; Sérgio Carmona de São Clemente. Data de submissão: 23/ 02/ 2015. Revista Anais da Academia Brasileira de Ciências.

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Nematode larvae infecting Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 (Pisces: Teleostei) in

Brazil.

BIANCA PORTO KURAIEM1; MARCELO KNOFF

2; NILZA NUNES FELIZARDO

1;

DELIR CORREA GOMES2 AND SÉRGIO CARMONA DE SÃO CLEMENTE

1

1 Laboratório de Inspeção e Tecnologia do Pescado, Faculdade de Medicina Veterinária,

Universidade Federal Fluminense, UFF, Rua Vital Brasil, 64, Vital Brazil, 24320-340 Niterói,

RJ, Brasil

2 Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ,

Avenida Brasil, 4365, Manguinhos, 21045-900 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Key words: Anisakidae, Raphidascarididae, Priacanthus arenatus, Brazil.

Running title: Nematode larvae in Priacanthus arenatus

Academy Section: Biological Sciences

*Corresponding author: Marcelo Knoff,

Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação

Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Av. Brasil, 4365, Manguinhos, CEP 21045-900, Rio de Janeiro,

RJ, Brazil

Fax: +55(21) 25621511

Tel: +55(21) 25621462

e-mail: [email protected]

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ABSTRACT

From July to December, 2013, thirty Priacanthus arenatus specimens commercialized in the

cities of Niterói and Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, were acquired. The fish were

necropsied and filleted to investigate the presence of nematode larvae. Twenty fish (20)

(66.7%) from the caught ones were parasitized by nematode larvae. A total of 2024 larvae

were collected; among them, 30 third-instar larvae of Anisakis sp. showed prevalence (P) =

20%, mean abundance (MA) = 1, and the mean intensity (MI) = 5, and infection sites (IS) =

caecum, stomach, liver, and mesentery; 1,994 third-instar larvae (1,757 encysted and 237

free) of Hysterothylacium deardorffoverstreetorum with P = 66.7%, AA = 66.5, and AI =

99,7, and IS = spleen, caecum, stomach, liver, mesentery, and abdominal muscle. This is the

first study to report H. deardorffoverstreetorum and Anisakis sp. larvae parasitizing P.

arenatus.

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INTRODUCTION

The Priacanthus arenatus Cuvier, 1829, Atlantic big-eye, occurs in the waters of the western

Atlantic. It is a species of nocturnal habits, living from the coast to about 130 meters deep that

feeds on small fish, crustaceans, and polychaete (Figueiredo and Menezes 1980).

The nematodes of Anisakidae and Raphidascarididae families parasitize marine

mammals and have teleost fish, crustaceans, and small cephalopod molluscs as intermediate

hosts (Adams et al. 1997, Anderson 2000). The human being is an accidental host, acquiring

the larvae by eating raw or undercooked, smoked, or insufficiently salted fish (Amato and

Barros 1984).

Some species of parasites found in fishery products are able to cause diseases due to

their intake, as anisakidosis caused by nematodes larvae of Anisakidae family (Adams et al.

1997, Klimpel and Palm 2011). Hysterothylacium Ward & Magath genus, 1917, belonging to

Raphidascarididae family, has also been identified as accidental parasite of humans (Yagi et

al. 1996). In 2010, an anisakidosis case was reported in Brazil (Cruz et al. 2010).

These parasites also have importance in seafood sanitary inspection by the disgusting

aspect in fish with large infestation by these parasites. According to the Regulation of

Industrial and Sanitary Inspection of Animal Products - RIISPOA (Regulamento da Inspeção

Industrial e Sanitária de Produtos De Origem Animal) (Brasil 1997), Article 445, item 4, the

seafood with massive muscle parasite infestation is considered inappropriate for human

consumption.

This study aimed to search the parasitism of the nematode larvae present in P. arenatus

commercialized in the cities of Niterói and Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil;

identify the helminth larvae taxonomy; establish the parasite indices as prevalence (P), mean

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abundance (MA), and mean intensity (MI), and infection sites (IS); and evaluate the

importance in detecting the presence of helminths in seafood for Public Health.

MATERIALS AND METHODS

From July to December, 2013, thirty P. arenatus specimens were acquired with 20-63 cm

total length and 400-3.600 g weight from the fish markets in the cities of Niterói and Rio de

Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil. These fish were transported in isothermal box to the

Laboratory of Inspection and fish Technology of the Veterinary Medicine School of

Fluminense Federal University, where they were necropsied and filleted. The fish species was

identified according to Figueiredo and Menezes (1980). Collected nematodes were fixed in

hot ethanol 70 0GL, formaldehyde, and acetic acid (AFA ) (65 °C) and subsequently stored in

ethanol 70 0GL 5% glycerinated, clarified with Aman's Lactophenol, according to Knoff and

Gomes (2012). The used taxonomic classification for Anisakidade and Raphidascarididae was

in accordance with Fagerholm (1991), and the larvae identification was based on Felizardo et

al. (2009a) and Knoff et al. (2012). The larvae were observed using Olympus BX-41

brightfield microscope, and the measurements were obtained in millimeters (mm) with the

averages shown in parentheses. The parasitic indices on the prevalence, mean intensity and

mean abundance were calculated according to Bush et al. (1997). Representative speciments

of Anisakis sp. and Hysterothylacium deardorffoverstreetorum were deposited in the

Helminthological Collection of the Oswaldo Cruz Institute (CHIOC).

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RESULTS

Twenty fish (66.7%) among the 30 collected ones were parasitized by nematode larvae; in

total, 2,024 parasites were collected. Thirty Anisakis sp. and 1,994 H.

deardorffoverstreetorum larvae were collected; 237 larvae were in free form and 1,757 larvae

were inside of granulomas. Most larvae were alive and showed high motility. This is the first

study to report P. arenatus parasitism by H. deardorffoverstreetorum and Anisakis sp. larvae.

The morphological and morphometric data of third-instar larvae of the Anisakis sp. and

H. deardorffoverstreetorum nematodes colleted in P. arenatus are presented in Table 1. The

parasitic indices of prevalence, mean abundance and mean intensity of infection, as well as

the infection sites and the deposit number at CHIOC are depicted in Table 2.

Anisakidae Railliet & Henry, 1912

Anisakis Dujardin, 1845

Anisakis sp.

The main morphological characteristics observed in 15 third-instar larvae from P.

arenatus are: cuticle with delicate transversal striations, most evident in the posterior portion;

anterior end with a dorsal lip and two ventrolateral lips poorly developed; six cephalic

papillae, a couple in the dorsal lip and a pair in each ventrolateral lip; larval tooth below the

mouth opening, between the ventrolateral lips; excretory pore located below the larval tooth;

ventricle longer than wide; ventricular appendix and intestinal caecum absents; esophagus

approximately twice the ventricle size; two rounded rectal glands; conical tail and mucron

present.

Raphidascarididae (Hartwich, 1954) sensu Fagerholm, 1991

Hysterothylacium Ward & Margath, 1917

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Hysterothylacium deardorffoverstreetorum Knoff, Felizardo, Iñiguez, Maldonado Jr, Torres,

Pinto & Gomes, 2012

The main morphological characteristics observed in 15 third-instar larvae from P.

arenatus are: cuticle with lateral extension along the body, devoid of basal extension; anterior

end with a dorsal lip and two ventrolateral lips poorly developed; nine cephalic papillae, two

pair on the dorsal lip near a large papilla and a pair in each ventrolateral lip; larval tooth

absent; excretory pore opening below the nervous ring, inconspicuous in some specimens;

ventricle slightly spherical; ventricular appendix of similar length to the esophagus; intestinal

caecum present; four subspherical rectal glands; conical tail and mucron present.

DISCUSSION

The third-instar larvae of Anisakis sp. found in this study showed morphological similarities

with Anisakis simplex larvae collected from Paralichthys isosceles Jordan, 1890 in Brazilian

coast by Felizardo et al. (2009a); although slightly larger in size, it showed proportionately

similar morphological structures.

The morphology and morphometry of the H. deardorffoverstreetorum third-instar larvae

collected in P. arenatus were similar to those ones reported by Fontenelle et al. (2013) in

Cynoscion guatucupa (Cuvier, 1830) from the state of Rio de Janeiro. These same larvae are

similar to those ones described by Knoff et al. (2012) obtained from P. isosceles of the

Brazilian coast, morphologically similar to those specimens previously described as

Hysterothylacium sp. n. 2 (Petter and Maillard 1988), Hysterothylacium MD (Deardorff and

Overstreet 1981), Hysterothylacium KB (Petter and Sey 1997), and Hysterothylacium sp.

(Pereira Jr et al. 2004, Ribeiro et al. 2014).

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In this study, granuloma formation was observed and was due to the presence of H.

deardorffoverstreetorum larvae, as reported by Felizardo et al. (2009b) in P. isosceles;

however, in this study, it was possible to observe macroscopically larvae presence in the

surface of these granulomas.

Through this study, a new host for the H. deardorffoverstreetorum and Anisakis sp.

species was recorded.

Anisakis sp. larvae have admittedly zoonotic potential; and H. deardorffoverstreetorum

larvae can also be considered as having zoonotic potential according to some studies.

Although most of these nematodes are present in the abdominal cavity and in the viscera, they

are able to migrate into the fish muscle, so there is the ingestion risk of these parasites by

human being. It is suggested to promote education of the population about the dangers of

eating raw fish, as well as its acquisition from questionable sources, due to the anisakidosis;

also, it is needed to intensify surveillance to seafood-based food and effective application of

reliable techniques by responsible agencies for their inspection and processing as suggested

by Fontenelle et al. (2013) and Ribeiro et al. (2014).

ACKNOWLEDGMENTS

The authors would like to thank the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) and Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) for partial financial supports.

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RESUMO

Entre julho e dezembro de 2013, foram adquiridos 30 espécimes de Priacanthus arenatus

comercializados nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro. Os

peixes foram necropsiados e filetados para investigação da presença de larvas de nematoides.

Dos peixes coletados, 20 (66,7%) estavam parasitados com larvas de nematoides. Foram

coletadas no total 2024 larvas, das quais, 30 larvas de terceiro estágio de Anisakis sp. com

prevalência (P) = 20%, abundância média (AM) = 1 e intensidade média (IM) = 5 e tendo

como sítios de infecção (SI) o ceco, estômago, fígado e mesentério; e 1994 larvas de terceiro

estágio (1757 encistadas e 237 livres) de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum com P =

66,7%, AM = 66,5 e IM = 99,7e SI = baço, ceco, estômago, fígado, mesentério e musculatura

abdominal. Este é o primeiro registro de larvas de H. deardorffoverstreetorum e Anisakis sp.

parasitando P. arenatus.

Palavras-chave: Anisakidae, Raphidascarididae, Priacanthus arenatus, Brasil.

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