CUSTO DE PRODUÇÃO DA CAFEICULTURA FAMILIAR EM … · haja vista o processo de industrialização...

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1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB Pós Graduação: Lato Sensu GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE CUSTO DE PRODUÇÃO DA CAFEICULTURA FAMILIAR EM VITÓRIA DA CONQUISTA - BA: UM ESTUDO DE CASO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Gestão da Cadeia Produtiva do café com ênfase em Sustentabilidade pela discente Leandra Brito de Oliveira. Orientador: Prof. Dr. Valdemiro Conceição Jr. Coorientadora: Célia Maria de Araújo Ponte. Vitória da Conquista BA 2013

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB

Pós Graduação: Lato Sensu GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM

SUSTENTABILIDADE

CUSTO DE PRODUÇÃO DA CAFEICULTURA FAMILIAR EM VITÓRIA DA CONQUISTA - BA:

UM ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Gestão da Cadeia Produtiva do café com ênfase em Sustentabilidade pela discente Leandra Brito de Oliveira. Orientador: Prof. Dr. Valdemiro Conceição Jr. Coorientadora: Célia Maria de Araújo Ponte.

Vitória da Conquista – BA 2013

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Pós Graduação: Lato Sensu

GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM SUSTENTABILIDADE

CUSTO DE PRODUÇÃO DA CAFEICULTURA

FAMILIAR EM VITÓRIA DA CONQUISTA - BA: UM

ESTUDO DE CASO

Vitória da Conquista – BA 2013

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Agradecimentos

A Deus, pela força e proteção que tem me proporcionado; Agradeço sinceramente e com muito carinho e admiração ao meu orientador, Prof. Dr. Valdemiro Conceição Júnior, pois sem a ajuda dele este trabalho não seria possível e principalmente por não ter me deixado desistir, quando vieram as inúmeras dificuldades. A minha co-orientadora, Prof.ª Msc. Célia Maria de Araújo Ponte, por ter me apoiado em desenvolver uma monografia no assunto desejado.

A minha amiga Flavia Silva Barbosa, pois sempre muito caridosa foi uma luz em meu caminho.

A minha irmã Luzilea Brito de Oliveira, pelos ensinamentos que me transmitiu.

E, por fim, sem citar nomes, para não cometer a injustiça de deixar de agradecer a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, o meu MUITO OBRIGADA.

4

Dedico exclusivamente a você meu filho,

Pablo de Oliveira Amorim.

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................ 08

ABSTRACT...................................................................................................... 09

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... 06

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... 07

1.0 – INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11

2.0 – REREFENCIAL TEÓRICO .......................................................................12

2.1 - A PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL .................................................... 13

2.2 - A PRODUÇÃO DE CAFÉ NA BAHIA ....................................................... 13

2.3 - A CAFEICULTURA FAMILIAR ................................................................. 14

2.4 - OS CUSTOS DE PRODUÇÃO NA CAFEICULTURA ............................. 15

3.0 –METODOLOGIA....................................................................................... 16

3.1-LEVANTAMENTO DE DADOS .................................................................. 16

3.2 –CUSTO DE PRODUÇÃO DA ATIVIDADE................................................. 18

4.0 -RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 20

4.1 - IMPLANTAÇÃO DO CAFEZAL ............................................................... 20

4.2 - INVENTÁRIO DA PROPRIEDADE ........................................................ 21

4.3 - ANÁLISE DA SAFRA 2012/2013 ............................................................ 21

5.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 26

6.0 - REFERÊNCIAS .................................................................................... 27

Apêndice-1...................................................................................................... 32

6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Gasto total de implantação e formação da cultura do cafeeiro, Fazenda Boa Vista, Limeira-Vitória da Conquista -BA ..................................... 11 Tabela 2 - Valor atual e depreciação anual dos bens existentes na Fazenda Boa Vista, Limeira-Vitória da Conquista –BA ................................................... 12 Tabela 3 - Análise final do custo da saca de café beneficiada, na Fazenda Boa Vista, Limeira-Vitória da Conquista –BA ......................................................... 13 Tabela 4 - Custo Total de Produção do Café das Principais Regiões Produtoras Brasileiras. Safra 2005/06................................................................................ 14 Tabela 5 -. Indicadores de resultado econômico, Fazenda Boa Vista em Vitória da Conquista – BA........................................................................................... 16

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Plantação de café na Limeira -BA.................................................... 9

Figura 2 e 3 - Foto retirada na propriedade rural deste estudo de caso........... 8 Figura 4 - Ponto de Equilíbrio para a Fazenda Boa Vista, Limeira -Vitória da Conquista –BA.......................................................... ....................................... 15

8

RESUMO

CUSTO DE PRODUÇÃO DA CAFEICULTURA FAMILIAR EM

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA: UM ESTUDO DE CASO

Leandra Brito de Oliveira, Valdemiro Conceição Júnior, Célia Maria de Araújo

Ponte

RESUMO: Estabelecer o que é custo de produção na cafeicultura brasileira é um

desafio, tendo em vista equívocos cometidos por técnicos e produtores quanto a

descrever o que é a renda, faturamento e renda bruta. Por meio deste estudo

buscou-se estimar os custos de produção de café da Fazenda Boa Vista na região

de Limeira, Vitória da Conquista-Ba. A cultivar plantada na propriedade foi Catuaí

Amarelo, espaçados de 3m x 1,5m, totalizando 5000 plantas na área. Os dados

dessa propriedade foram levantados, caracterizando um estudo de caso da safra

2012/13. O cafezal foi implantado no ano de 1994 onde seu custo foi de R$:

1.155,56/ha e os custos de manutenção foram R$: 1.555,55. O custo total da saca

de café beneficiada ficou em R$: 217,39, ressaltando que a parte que mais

onerou estes custos foram os custos variáveis, alcançando 64,93% .

PALAVRAS-CHAVE: cafeicultura, custo de produção, agricultura familiar.

9

ABSTRACT

Small holders coffee production cost at Vitória da Conquista-BA: a case study

Leandra Brito de Oliveira, Valdemiro Conceição Júnior, Célia Maria de Araújo

Ponte

ABSTRACT: To establish what is the Brazilian coffee production cost is a

challenge in view of mistakes made by technicians and producers to describe what

is income, revenues and gross. Through this study main objective was to estimate

the coffee production costs from Boa Vista Farm at Limeira, Vitória da Conquista-

Ba. The cultivar planted on the property is Yellow Catuai spaced 3m x 1.5m,

totaling 5000 plants. The data were collected for this property, featuring a case

study of the 2012/13 crop. The plantation was established in 1994 where its cost

was R$: 1155.56 / ha and maintenance costs were R.$: 1555.55. The total cost of

the benefited bag was R$: 217.39, mainly influenced by the variable costs which

reaches 64,93%.

KEYWORDS: coffee, cost of production, family farming.

10

11

1.0- Introdução

A Organização Internacional do Café (OIC, 2013) descreve que o consumo

mundial de café em 2012 foi de aproximadamente 142 milhões de sacas,

computando um aumento de 2,2% em relação ao ano de 2011 e estima que a

safra de 2012/13 está estimada em 144,7 milhões de sacas, de modo a

representar um aumento de 6,9% em relação ao do ano-safra anterior.

O Estado da Bahia é a sexta economia do país e o quinto estado em

extensão territorial, com área de 564.692,67 km² (REIS, 2003) em média 25,4%

do Produto Interno Bruto (PIB) baiano são compostos pelo setor do agronegócio

(GUILHOTO et al., 2007) e é caracterizado como importante produtor de café,

estando entre os cinco maiores produtores dessa cultura no Brasil, sendo o

Planalto de Conquista uma das maiores regiões produtoras (CARVALHO, 2003).

O município de Vitória da Conquista, localizado na Região Sudoeste, é o

terceiro pólo urbano estadual e funciona como um importante centro de negócios

e serviços da microrregião (CONCEIÇÃO JÚNIOR, 2006).

Uma das particularidades do município é o grande número de pequenas

propriedades agrícolas em áreas próximas a sua sede, cuja característica

marcante é a dupla funcionalidade: moradia e renda. Nessas propriedades, são

desenvolvidas atividades agropecuárias, que respondem por grande parte do

abastecimento tanto de Vitória da Conquista como de outras cidades do estado, e,

em conjunto, constituem a região rural-urbana do município, onde os sistemas

agrários são típicos da agricultura familiar e as atividades agrícolas são

diversificadas na tentativa de otimizar os recursos disponíveis na pequena

propriedade (PEREIRA, et al. 2006).

Dados do IBGE (2012) confirmam que a agricultura familiar responde por

10% de todo o PIB do País, emprega mais de 80% da mão de obra no setor rural

e é responsável por 70% dos alimentos produzidos no Brasil - 87% da produção

nacional de mandioca, 70% de feijão e 46% de milho. A Bahia responde com 14%

dos agricultores familiares de todo o País, totalizando 665 mil pessoas que

sobrevivem das atividades do campo. Dos 665 mil agricultores existentes no

estado, 430 mil possuem a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP/Pronaf).

12

Segundo Guerra, (2012) nos cultivos de café, a agricultura familiar é

extremamente representativa, os investimentos em tecnologias nesse segmento

implicam melhorias sociais na vida do pequeno produtor como: geração de

emprego e renda, fixação do homem no meio rural e mais qualidade de vida no

campo.

De forma geral, na agricultura a lógica do mercado tem manipulando os

preços de modo a impor uma competitividade a nível internacional por meio de

tecnologias produtivas estimulada por uma comercialização globalizada (LUIZ &

SILVEIRA, 2000), inviável para a pequena produção, contrapondo-se aos

interesses da agricultura familiar, que por sua vez, viabiliza a preservação dos

recursos naturais e da paisagem, mantêm as relações socio-culturais, maximizam

o aproveitamento dos recursos locais, transformando os produtos agrícolas que

comercializam na renda agrícola que sustenta diretamente a reprodução

econômica e social do núcleo familiar (CAZELLA et al., 2009).

A massificação de informação adequada por meio de veículos de

comunicação como TV, internet, rádio, bem como a melhoria organizacional de

produtores no intuito de agregar valor aos seus produtos; galgar novos nichos de

mercado; buscar outras alternativas de uso do solo como o turismo rural, são

vistos atualmente como fatores de promoção ao desenvolvimento da agricultura

familiar (MENDES & GUEDES, 2010), que ao aproveitar e potencializar

oportunidades oriundas de organizações da produção familiar, associadas às

possibilidades de redução e/ou neutralização de desvantagens competitivas,

asseguram um futuro promissor a este segmento da agricultura (BUAINAIN &

SOUZA, 2006).

O presente trabalho objetiva obter o cálculo do custo de produção do café

da propriedade em estudo, a fim subsidiar também informações a outros

cafeicultores familiares da região interessados no tema, além de constituir-se no

passo inicial para o estabelecimento de rotinas de gestão na propriedade,

imprescindíveis ao contexto de oscilação de preços recebidos pela saca de café.

2.0- Referencial teórico

2.1- A produção de café no Brasil

13

Historicamente o Brasil vem ocupando uma posição dominante no

comércio internacional de maior produtor e exportador mundial de café (VEGRO,

1994; BLISKA et al., 2009b). Sendo considerado como o empreendimento

agrícola pioneiro na formação econômica das regiões mais dinâmicas do País,

haja vista o processo de industrialização do centro-sul brasileiro que foi

decorrente de uma cafeicultura forte, geradora de riquezas (REIS et al., 2001)

Segundo à Organização Internacional do Café (OIC, 2013) do total das

exportações dos países considerados maiores produtores de café (Brasil, Vietnã,

Indonésia e Colômbia) entre os períodos de outubro à março dos anos safra

2009/10 a 2012/13, o Brasil é o maior exportador de sacas de café com uma

média de quase 16 milhões de sacas, sendo 0,8% a mais que no ano safra

2011/12 (OIC, 2013).

Vegro, (1994) e Reis et al., (2001) ressaltam que a cafeicultura também é

muito importante no mercado interno uma vez que o Brasil é um dos maiores

consumidores do produto no mundo. Além disso, possui também grande função

social, haja vista que viabiliza a fixação do homem no campo, sendo grande

geradora de empregos (FEHR et al., 2012).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012), a

área cultivada com essa cultura no ano de 2012 foi de 2.306.868 ha, 4,4%

superior do que em 2011, com safra nacional estimada de 3.054.285 t (50,9

milhões de sacas de 60 kg), considerando o arábica e o canephora, contudo, de

todo o café cultivado no Brasil, cerca de 75,7% da produção é de café arábica.

Nota-se que das regiões produtoras de café do País, a grande maioria das

propriedades cafeeiras é formada por famílias de pequenos produtores. Na Bahia

considera-se a produção dessa cultura por agricultores familiares como residual

tendo em vista que os grandes produtores do Oeste do Estado são capazes de

ofertar grande parte da produção com propriedades de dimensões médias de

1.250ha (BLISKA et al., 2009a).

2.2- A produção de café na Bahia O Estado da Bahia destaca-se como grande produtor cafeeiro, com

produções de diferentes perfis, a exemplo das grandes propriedades no Oeste do

Estado, divergindo dos cultivos em pequenos módulos rurais como na Chapada

14

Diamantina e Planalto de Conquista, em que os principais responsáveis pela

produção cafeeira são pequenos produtores rurais (BLISKA et al., 2009a)

Contudo, Bliska et al., (2009b) verificaram que a Bahia têm apresentado

custos médios de produção de café arábica superiores aos das outras importantes

regiões cafeeiras do País e que isso também se reflete intra-regionalmente em

decorrência dos reflexos dos diferentes sistemas de produção utilizados, em

especial da utilização de insumos e de mecanização.

Os mais antigos cafezais do Estado estão situados no município de Vitória

da Conquista, que em média proporcionam boa produtividade, sendo favorecidos

em algumas situações pelo uso da irrigação (BLISKA et al., 2009a).

Bliska et al., (2009a) constataram a comum contratação de mão-de-obra

nos cultivos de café, mesmo em pequenas propriedades da região de Vitória da

Conquista, muito provavelmente devido aos baixos salários, contudo, a região

destaca-se quanto ao desenvolvimento do cooperativismo em apoio ao

armazenamento e à comercialização.

Nesse contexto, verificou-se que em 2012, a Bahia foi responsável por

5,3% da produção total estimada de grãos de café, sendo que da produção total

brasileira a Bahia produziu 6,1% de café canephora e 5,1% de café arábica

(IBGE, 2012), consolidando-se como o quinto maior produtor do país.

2.3- A cafeicultura familiar

A agricultura familiar tem desempenhado importante papel no

desenvolvimento rural brasileiro. De acordo com Cremonese e Schallenberger

(2005), esta agricultura pode ser caracterizada pela direção do processo

produtivo, a força de trabalho e a gestão da propriedade estar a cargo do núcleo

familiar, Gasson e Errington (1993) Diversos pesquisadores ainda acrescentam

que o capital pertence à família, e que o patrimônio e os ativos, são normalmente

objeto de herança entre as gerações.

Em programas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (PRONAF), também levam-se em conta a área disponível, a renda e a

origem desta, e Brasil (2000) promove agrupamento dos estabelecimentos

familiares a partir do critério renda auferida pelas famílias, reafirmando as

15

condições regionais e locais como elementos que imprimem especificidades às

categorias ou grupos identificados.

De acordo com Saes & Nakazone (2002) a estrutura produtiva nos

principais países produtores de café está alicerçada em propriedades menores

que dois hectares, com exceção do Brasil onde o segmento familiar responde por

apenas 38% da produção do café (IBGE, 2009).

Silva et al., (2003) colocam que a cafeicultura familiar possui grande

representatividade no Planalto da Conquista e na Chapada Diamantina (Bahia)

assim como em Minas Gerais e Espírito Santo, que lideram a produção cafeeira

do Brasil.

Segundo pesquisa realizada em 2009 apenas 4% dos estabelecimentos

familiares de Vitória da Conquista possuíam plantios de café (CONCEIÇÃO JR et

al., 2012). Entretanto, considerando-se que no município existem 794

estabelecimentos com plantio de café (IBGE, 2006), o percentual citado acima

representa aproximadamente 50% destes.

Este resultado é um pouco inferior ao apresentado pela Secretaria da

Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura (SEAGRI,

2010) que encontrou 70% das propriedades produtoras de café da Bahia como

sendo familiares. As maiores necessidades hídricas desta cultura, encontradas

apenas na porção leste do município certamente tem grande influência nesta

situação.

O Censo Agropecuário (IBGE, 2006) apresentou como produtividade

nacional de café por ha na agricultura familiar de 19,7 sacas. A situação em Vitória

da Conquista é bem distinta, pois devido a falta de conhecimento adequado da

cultura e acompanhamento técnico a produtividade por ha foi de apenas 12,7

sacas, (OLIVEIRA e CONCEIÇÃO JR, 2013).

Como já observado por Machado e Almeida (2010), o futuro da agricultura

familiar é dependente da capacidade e da possibilidade dos agricultores tanto

aproveitarem e potencializarem oportunidades decorrentes das vantagens que

possuem, quando de neutralizarem ou reduzirem as desvantagens que

enfrentam.

2.4- Os custos de produção na cafeicultura

16

Quantificar o custo de produção da cultura cafeeira torna-se uma tarefa difícil

em virtude de fatores como perenidade da cultura do café, ciclo, tecnologia

empregada no cultivo, tendo em vista que é necessário um período longo de

acompanhamento para serem mensurados os gastos bem como sua rentabilidade

(OLIVEIRA & VEGRO, 2004).

A cafeicultura é altamente dependente dos fatores ambientais, sendo que o

clima pode interferir diretamente na produtividade e consequentemente no custo

de produção (ASSAD et al., 2004; FEHR et. al. 2012).

Ainda nesta perspectiva, Fehr et. al. (2012) afirmam que as variações

resultantes nos custos da atividade cafeeira, dependem muito do tipo de lavoura,

do local onde o café é produzido, do nível de mecanização, tipo e quantidade de

insumo entre outros, de modo a influenciar diretamente na produtividade da

lavoura, como também, a rentabilidade para o produtor.

Segundo Martins (2003), os custos de produção representam gastos com

finalidade de obtenção de receitas. Assim, torna-se necessário verificar se os

recursos empregados no processo produtivo estão resultando em rentabilidade e

não prejuízo, tal habilidade de gerenciamento deve oferecer ao gestor, que no

caso da cafeicultura é o agricultor, a ter um melhor planejamento, controle e

tomada de decisão (FEHR et. al. 2012).

3.0- Metodologia

3.1- Levantamento de dados

A análise do custo de produção foi realizada na Fazenda Boa Vista, em

Vitória da Conquista- BA, localizada na BA-263, Km 86, sentido sul da Bahia. O

sistema de produção da cafeicultura é de agricultura familiar tradicional, de

sequeiro.

Figura 1 - Plantação de café da Fazenda Boa Vista, Limeira -BA.

Fonte: Dados da pesquisa.

17

A propriedade possui uma área total de 3,0 ha, tendo como atividade

principal a produção de café. A lavoura foi implantada em outubro de 1994, sendo

composta de 5000 plantas de cafeeiro, cultivar Catuaí Amarelo, espaçados de 3m

x 1,5m, totalizando 2,25 ha cultivados com cafeeiro e os 0,75 ha restantes são

destinados a moradia da família, bem como às instalações (terreirão, estufa etc.)

necessárias para a condução da cultura, Figuras 2 e 3.

Ao longo dos 19 anos de cultivo do cafeeiro, o proprietário sobreviveu

exclusivamente da renda gerada pela produção do café, no entanto, em 2006 o

mesmo teve acesso ao financiamento do governo. Em 2009 o produtor realizou a

recepa em 1500 plantas o que acaba por incluir na produtividade total da área.

Figura 2 e 3- Foto retirada na propriedade rural em estudo

Fonte: Dados da pesquisa.

Considerou-se como um ano agrícola (safra) da cultura do cafeeiro, para

fins de levantamento de custos de produção, o período entre 1° de março de um

ano e 28 de fevereiro do outro ano. Os dados referentes aos custos/despesas

foram coletados nos anos agrícolas 2012/2013, com base nas anotações

pessoais e informações verbais fornecidas pelo proprietário, além de notas fiscais

de compra dos produtos.

Os gastos com implantação foram resultado do somatório dos custos com o

preparo da área e a condução da lavoura do primeiro ao terceiro ano após o

plantio.

Para o trabalho considerou-se uma vida útil de 12 anos para a lavoura,

contados a partir do quarto ano de vida.

2 3

18

O preço de venda utilizado para o cálculo da receita foi a média

(R$:240,00) de preços recebidos pelo produtor em questão, nos anos anteriores.

3.2- Custo de Produção da Atividade

O custo de produção foi calculado com o auxílio de uma planilha financeira

proposta pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB 2012),

obedecendo a seguinte estrutura:

Custo Variáveis: Representam os valores gastos com: combustíveis,

manutenções e benfeitorias, mão-de-obra temporária, transporte interno,

insumos, energia elétrica, aluguel de máquinas e despesas administrativas.

O cálculo do custo variável para todos os itens deste setor foi feito da

seguinte forma.

1- insumos: valor dos bens consumidos;

2- mão de obra temporária: valor de mercado;

3- despesas administrativas: 10% sobre as despesas de manutenção

da propriedade;

4- transporte externo: frete pago até a unidade beneficiadora;

Os custos fixos abrangem: depreciação das benfeitorias – (Equação 1); –

depreciação de máquinas e equipamentos – (Equação 2); – mão-de-obra

administrativa, sendo representada pelas retiradas mensais do proprietário;

impostos; depreciação da lavoura, calculada pela equação 3.

Onde:

DBL = depreciação linear das benfeitorias (R$);

Vi = valor inicial (R$)

Vu = vida útil das benfeitorias (anos).

DLB = Vi / Vu Equação 1

19

DLM/E = (Vi – Vr) / Vu Equação 2

Onde:

DLM/E = depreciação linear de máquinas e equipamentos (R$)

Vi = valor inicial ou de compra (R$)

Vr = valor residual (R$) - considerar 10% do valor inicial ou de compra

Vu = é a vida útil das máquinas e equipamentos (anos).

DLL = CI / Vu Equação 3

Onde:

DLL = depreciação linear da lavoura (R$)

CI = custo de implantação (R$)

Vu = vida útil (produtiva) da lavoura (anos).

De acordo com informações de outros produtores da região e do próprio

produtor, consideraram-se as seguintes vidas úteis para benfeitorias: casa 35

anos; terreirão para secagem de grãos 10 anos. Para máquinas e equipamentos e

implementos foi considerada uma vida útil de 15 anos.

Para o período de formação do cafezal não se realizou o cálculo de custo

fixo e variável, uma vez que a formação da lavoura é considerada um

investimento e será remunerada anualmente ao longo de sua vida útil.

O valor unitário para custo de implantação foi obtido por planta de cafeeiro;

dividindo- se o total por 5000, que representa o número de plantas de cafeeiro na

propriedade. Já o valor de custo unitário de produção e o preço de venda foram

obtidos por saca (60 kg) de café beneficiado. Além de serem encontrados os

valores por unidade de área, ao dividir o total por 2,25, que significa a área

ocupada efetivamente pelo cafezal.

O custo total (CT): representam a soma dos elementos fixos e variáveis.

Após levantamento e avaliação dos gastos de cada setor foi determinado o

custo de produção de uma saca de café, bem como os indicadores de

rentabilidade e a capacidade de investimento, obtidos pelas equação 4 e 5

respectivamente.

R = (RL/CAT) x 100 Equação 4

Onde:

20

R = Rentabilidade

RL = é a renda líquida (R$)

CAT = é o capital total investido (R$)

CI = (RL/RB) x 100 Equação 5

Onde:

CI = Capacidade de investimento (%)

RL = é a renda líquida (R$)

RB = é a renda bruta (R$)

4.0- Resultados e Discussão

4.1- Implantação do cafezal Uma vez que o cafeeiro é uma cultura perene, faz-se necessário realizar o

levantamento dos custos/despesas com a implantação da lavoura, para que se

possa realizar a depreciação ao longo da vida produtiva do cafezal. Como o

cafezal foi implantado em outubro de 1994, os gastos referentes ao preparo da

área e condução nos 3 anos seguintes, ou seja até setembro de 1997, foram

computados como custo total de formação da lavoura. No terceiro ano de vida do

cafezal, ocorreu uma produção de 76 sacas de café beneficiado, totalizando uma

receita de R$ 10.108,00.

O custo final de implantação está apresentado na Tabela 1. Para isso,

foram considerados apenas os valores de cada modalidade de custo (fixo e

variável) para cada ano de formação, que foram agrupados no tópico custo de

implantação. Segundo, Costa, (2001) em um levantamento realizado no Espírito

Santo em propriedades com características familiares os custos de implantação

foi de R$: 2.086,00/ha e os custos de manutenção variam em torno de R$:

1.076,00.

Tabela 1. Gasto total de implantação e formação da cultura do cafeeiro, Fazenda Boa Vista, Vitória da Conquista - BA

Especificações Valor Total Valor Unitário Receita

(R$) (R$) pl. (R$/ha) (%)

1. RENDA BRUTA

21

Produção de café (3° ano) 10.108,00 2,02 4.492,44 100

Total 10.108,00 2,02 4.492,44 100

2. CUSTO DE IMPLANTAÇÃO

Preparo da terra e condução 1° ano 2.600,00 0,52 1.155,56 47,17

Condução 2° ano 1.000,00 0,20 444,44 18,87

Condução 3° ano 2.500,00 0,5 1.111,11 33,96

Total 6.100,00 1,22 2.711,11 100

3. RENDA LÍQUIDA 4.008,00 0,80 1.781,33 Fonte: Histórico do levantamento de dados realizada na propriedade em estudo.

4.2- Inventário da propriedade

O inventário da propriedade é composto de todos os bens existentes na

unidade e que são necessários ao desenvolvimento da atividade de produção

cafeeira. Na Tabela 2, observa-se o valor atual e a depreciação anual de:

construções e instalações, lavoura (cafezal) e implementos.

Fonte: Dados da pesquisa em 2012.

4.3- Análise da safra 2012/2013

A safra 2012/20013 obteve uma produção de 13 sacas de café beneficiado.

Na tabela 3 são mostrados os gastos acumulados desta safra.

Percebe-se que os custos variáveis (itens 1+2), para a safra de 2012/2013,

foram de 64,91% e os custos fixos (itens 3+4) atingiram 35,09% (Tabela 3). Esses

resultados são semelhantes aos encontrados por SILVA et.al.(2003) para a região

de Lavras-MG e por BLISKA et.al. (2009) em regiões de São Paulo.

De acordo com levantamentos de custos de produção pela CONAB para a

safra (2011/2012), em propriedade de agricultura familiar na região de Manhaçu –

Tabela 2. Valor atual e depreciação dos bens existentes na Fazenda Boa Vista, Vitória da Conquista - BA.

Especificações 2012/2013

Valor atual (RS) Depreciação (R$)

Construção/Instalações/Benfeitorias 9.600,00 386,66

Lavoura (cafezal) 5.350,00 340,00

Implementos 189,90 17,09

22

MG, os custos variáveis alcançaram 80,81% e os custos fixos 19,19%. Essa

diferença entre o levantamento da Conab e a propriedade aqui estudada pode ser

justificada principalmente pelo fato da região em estudo ter passado por um

período extremamente prolongado de estiagem como também por ocorrer em

regiões diferentes.

Em levantamento realizados em regiões do estado do Espírito Santo no

ano de 2000 em sistemas de agricultura familiar e densidade populacional de até

2700 pl/ha ficou constatado que a média dos custos variáveis foi de R$:

2.112,00/ha (COSTA et al., 2001). Em comparação com o trabalho em estudo

percebe-se que estes custos foram 13% menor do que o realizado a 12 anos

atrás. A aparente contradição pode ser explicada através de metodologias

diferentes na composição destes custos, pois esperava-se que com o aumento de

insumos e da mão de obra ao longo dos anos, os mesmos fossem superiores, ou

simplesmente pelo fato do número de plantas/ha ser 17,7% menor do que o

trabalho comparado.

Tabela 3. Análise final do custo da saca de café beneficiada, na Fazenda Boa Vista, Vitória da Conquista - BA.

Itens de Custo Valor total jan:2012/2013 Participação

R$/área R$/sc %

1-CUSTOS VARIÁVEIS /DESPESAS DE CUSTEIO DA LAVOURA

Mão de obra temporária 350,00 26,92 12,38

Fertilizantes 504,00 38,77 17,83

Diária Familiar 800,00 61,54 28,31

Defensivos Agrícolas 57,77 4,44 2,04

Despesas Administrativa 27,77 2,14 0,98

Total das despesas de custeio 1739,54 133,81 61,55

2-CUSTOS VARIÁVEIS /DESPESAS PÓS-COLHEITA

Transporte Externo 30,00 2,31 1,06

Processamento/ secagem 65,00 5,00 2,30

Total das despesas pós colheita 95,00 7,31 3,36

Sub-total (1+2) 1834,54 141,12 64,91

3 –CUSTOS FIXOS / DEPRECIAÇÕES

Depreciação de benfeitorias/Instalações 386,66 29,74 13,68

Depreciação de implementos 17,09 1,31 0,60

Depreciação do cafezal 340,00 26,15 12,03

Total de depreciações 743,75 57,20 26,32

23

4 -CUSTOS FIXOS / RENDA DE FATOR

Terra 247,94 19,07 8,77

Total de renda de fatores 247,94 19,07 8,77

Sub-total (3+4) 991,69 76,27 35,09

5 - CUSTO TOTAL (1+2+3+4) 2826,23 217,39 100,00

Fonte: Dados da pesquisa em 2012/13.

Na tabela 4, encontra-se os custos totais médios de produção e a

produtividade media por hectare para cada uma das principais regiões produtoras

de café no Brasil, bem como o custo por saca de café da safra de 2005/2006.

Tabela 4. Custo Total de Produção do Café das Principais Regiões Produtoras Brasileiras. Safra 2005/06.

Cidades /Estados Produtividade Custo total Valor

sc/ha R$/há R$/sc

Alto Caporaó –ES 15 2867,80 191,50

Graça-Marília –MG 22 4976,61 230,15

Mogiana – SP 25 4838,92 190,79

Norte Novo – PR 14 3891,40 287,10

Planalto –BA 25 5509,38 225,31

Fonte: Informações Econômicas, SP, v.39, n.9, set. 2009.

Os resultados da tabela acima indicam os estados de SP e MG como os de

menores custo de produção de café, cujo custo médio total por saca beneficiada

foi de R$ 191,15. Tal resultado foi decorrente do emprego generalizado de mão

de obra familiar na condução das etapas de manejo da cultura. Essas regiões

apresentam ainda condições edafoclimáticas mais favoráveis á cultura, além de

ocorrer um predomínio de cultivares geneticamente superiores e espaçamentos,

tratos fitossanitários, nutricionais e podas, recomendados tecnicamente. O que

não ocorreu na propriedade em estudo, acarretando assim um aumento na saca

de café beneficiada em 13,72%, ressaltando ainda que essa superioridade

ocorreu também por conta da estiagem que afetou a região do planalto de Vitória

da Conquista desde 2010.

O pior resultado por saca beneficiada foi encontrado no Estado do Paraná,

onde se produzio apenas 14 sacas por hectare a um valor de R$: 287,10 por

saca, esse custo elevado justificou-se porque a cultura apresentava mais de 20

anos de implantação. Em dados mais recentes apresentados pela CNA-Brasil,

24

2013 safra 2011/2012, o custo total de produção em Abatiá-PR é de R$: 451,66

por saca, dos quais as depreciações de maquinários, implementos, benfeitorias e

lavouras, representam 15% (do total de depreciações, máquinas próprias e

Implementos correspondem a 34,42%). Onde os custo variáveis neste mesmo

município foram de R$: 320,56, deste total, 36% equivale a mão de obra gasta no

processo de colheita e pós colheita. Já os custos fixos, por sua vez,

representaram aproximadamente 13% das despesas totais. Esse comportamento

atual foi reflexo dos investimentos recentes feitos nesta região, onde a lavoura de

café têm sido renovada a uma taxa superior à 2,5% aos da própria região. Apesar

do cafezal em estudo apresentar idade similar a esta região o custo da saca de

café foi inferior em mais 100%, justamente pela ausência de investimento.

De acordo com os dados obtidos na propriedade em estudo pode-se inferir

que a insatisfação do produtor com a cafeicultura é fruto do baixo preço da saca

de café nos últimos anos; o aumento do preço dos insumos, mão de obra e

equipamentos estão colocando o custo de produção igual ou até mesmo maior

que o preço da saca, tirando assim a possibilidade do produtor de obter lucro;

propriedades onde há uma menor tecnificação, uso intensivo de mão de obra, o

custo de produção é bem maior que uma propriedade onde as atividades na

lavoura são realizadas mecanicamente.

Nas condições analisadas e considerando o preço de venda de R$ 240,00

por saca de café beneficiado, constata-se que uma produção de apenas 13 sacas

nesta área torna o cultivo pouco viável economicamente, pois tal produção é

basicamente a quantidade para que os custos se igualem às receitas, ou seja,

não obteve um lucro satisfatório para a manutenção da lavoura. No entanto,

segundo, Teixeira (2008), analisando o custo de produção, comercialização e

gestão da lavoura de café no Estado de Minas Gerais, verificou-se a viabilidade

econômica, a sustentabilidade e a possibilidade de sobrevivência da cafeicultura

sob exploração familiar na Zona da Mata de Minas Gerais a partir da possibilidade

de inserção no mercado de cafés certificados.

O ponto de equilíbrio (que determina quanto se deve produzir sob nível

preestabelecido de custo e preço de venda), em unidades, para a safra de 2012

foi de 12 sacas de café beneficiado, mostrando que deveria ser produzida essa

quantidade de sacas para que os custos se igualassem as receitas e a atividade

25

deixasse de ter prejuízo e passagem a apresentar lucros. Como a propriedade

produziu 13 sacas, constata-se que pela análise do ponto de equilíbrio que a

mesma teve lucro. Já o ponto de equilíbrio em valor monetário foi de R$: 2.880,00

(Figura 1). O lucro obtido foi apenas de R$: 293,77 neste ano agrícola (2012/13),

inviabilizando a manutenção da propriedade. No entanto, é importante considerar

a bienalidade do cafeeiro o que possibilitaria uma maior safra em 2013 e

consequentemente maior lucratividade. Deve ser ressaltado, entretanto, que os

efeitos da estiagem e o preço obtido por saca de café tem grande influência nesta

análise (Figura 4).

Figura 4. Ponto de equilíbrio da produção de café

Para análise do resultado econômico calculou-se os indicadores de

rentabilidade e capacidade de investimento (Tabela 5). Tabela 5- Indicadores de resultado econômico, Fazenda Boa Vista em Vitória da Conquista – BA.

Tipos de Índice Unidade Valor

Capacidade de investimento % 9,42 Rentabilidade % 1,65

A tabela 5 mostra que a atividade apresentou uma rentabilidade sobre o

capital total aplicado de 1,65%. O valor alcançado pela atividade foi extremamente

insignificante quando comparado com os encontrados por Demoner et al. (2004)

26

e Resende JR. e Vicente(2011) ao analisarem várias propriedades na safra

2002/2003 do estado do Paraná.

O índice de capacidade de investimento encontrado foi de 9,42%. Esse

resultado vai de encontro ao de Oliveira et al. (2005), pois o café produzido era de

sistema tradicional no município de Piraju –SP, com produtividade de 35 sacas por

hectare considerando a bienalidade do cafeeiro, o que não foi possível observado

no trabalho em estudo.

5.0- Considerações Finais

O custo de produção das atividades agrícolas é um importante instrumento

de planejamento e gestão de uma propriedade, permitindo mensurar o sucesso

da empresa em seu esforço econômico. A condição ideal para qualquer processo

produtivo é aquela em que dado o preço de mercado, esse permita cobrir os

custos de produção e de comercialização. A análise destes custos permitiu

calcular indicadores como a rentabilidade da atividade, estimando não apenas as

margens obtidas, como também o ponto de equilíbrio, em que a renda obtida

remunerou tais custos.

Um adequado plano de produção da propriedade associado a uma maior

eficiência global no uso dos fatores de produção, podem determinar um melhor

desempenho do processo produtivo e consequentemente maiores resultados da

atividade.

Por fim, um resultado econômico mais satisfatório depende ainda de

investimento no pós colheita, de maior capacitação dos colaboradores envolvidos

nessa etapa e da melhoria da qualidade do café produzido (que resultaria numa

melhor bebida), pois o padrão atingido tem sido invariavelmente o de riado.

27

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32

Apendice 1.

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB Gestão da Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Sustentabilidade

Questionário investigativo sobre gastos com o cultivo de café

1. Nome do

proprietário_______________________________________________ 2. Nome da

propriedade_______________________________________________ 2. Nome do informante _____________________________________________ 3. Localidade/Comunidade __________________________________________

4. Município ______________________________________________________

5. Qual a variedade cultivada?_________________________________________

6- Idade do café/Quando foi implantada a cultura__________________________

7. Número de plantas /ha_________________________________________

8- Quanto foi gasto para implantar a cultura (1°ano)______________________

9- Quanto foi gasto no 2°ano e quantas sacas produziu e a quanto foi vendida a saca _____________________________________________________________

10- Quanto foi gasto no 3°ano e quantas sacas produziu e a quanto foi vendida a saca ____________________________________________________________

11. Qual o grau de escolaridade do informante ( ) Analfabeto ( ) Assina o nome ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo

12. Tamanho da área cultivada com café em hectare: ( ) 1 a5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 a 15 ( ) 16 a 20 ( ) 21 a 30 ( ) 31 a 40 13. Número de pessoas que trabalham na propriedade: ( ) 1 a5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 a 15 ( ) 16 a 20 ( ) mais que 20 14. Quantas pessoas da própria família ( ) 1 a5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 a 15 ( ) 16 a 20 ( ) mais que 20 15. Algum membro da família, trabalha fora do estabelecimento?

33

( ) Sim ( ) Não 16. Usa-se serviços de diaristas? ( ) Sim ( ) Não 17. Qual o valor da diária (R$)? ( ) 20,00 ( ) 22,00 ( )25,00 ( _______) Outros Quantas pessoas são contratadas para colher o café?____________ 18. Cultiva café junto com outras culturas? ( ) Sim ( ) Não 19. Em caso afirmativo, quais ? __________________________ 20. A outra cultura cultivada é importante para a manutenção da propriedade? ( ) Sim ( ) Não 21-Em caso afirmativo , qual a porcentagem que influem na manutenção dessa propriedade ? ( )10% ( ) 20% ( ) 30% ( ) 40% ( ) 50% ( ) Outros Quanto?________ 22. Mês em que a colheita é realizada ( ) Jan ( ) Fev. ( ) Mar. ( ) Abr. ( ) Mai. ( ) Jun. ( ) Jul. ( ) Ago. ( ) Set. ( ) Out. ( ) Nov. ( ) Dez. 23. Rendimento médio em sacos por hectare: ( ) até 5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 a 15 ( ) 16 a 20 ( ) 21 a 25 ( ) 26 a 30 ( ) acima de 30 24. Qual o destino do café, após beneficiado? ( ) Comercialização no próprio município ( ) Outras localidades do município ( ) Outras localidades do estado ( ) Outras localidades do país

25. Qual o principal agente comprador? ( ) Atravessador ( ) Indústria ( ) Cooperativa ( ) Consumidor final ( ) Outro ______________________________________________

26. Quais as principais dificuldades para comercialização? ( ) Atuação do atravessador ( ) Qualidade do produto ( ) Concorrência ( ) Garantia de preço ( ) Frete

34

( ) Outro ________________________________________________________

27. Quais as experiências de organizações existentes na comunidade ( ) Associação ( ) Cooperativa ( ) Grupo de famílias ( ) Sindicado ( )Mutirão ( ) Núcleos de família 28. Já trabalhou com financiamento de banco para a produção do café? Sim ( ) Não ( ) 29. Como foi a experiência no uso do financiamento? ( ) Foi satisfatório ( ) O dinheiro foi liberado com atraso ( ) Foi possível pagar com folga ( ) O pagamento foi com dificuldade ( ) O prazo foi curto ( ) O prazo foi adequado 30. O que deveria ser feito para melhorar a produção de café? ( ) Facilitar crédito ( ) Assistência técnica ( ) Organizar para o beneficiamento ( ) Organizar para a comercialização ( ) Outro ______________________________________________ 31. Recebe assistência técnica? Sim ( ) Não ( ) 32. Em caso afirmativo quanto se pagou? R$: ____________ 31 - Quais são os implementos agrícolas, utensílios existente? ( )Pá – quantas ( ) ( )Inchada – quantas ( ) ( ) Pulverizador costal ( ) ( ) Outros – quantos ( ) Data, _____/_____/______ Local__________________________________________ Entrevistadora____________________________________________________

Entrevistado_____________________________________________________