CURSO TECNICO EM MASSOTERAPIA APOSTILA HIGIENE E SEGURANÇA DO...
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Prevenção e Controle de infecção
Métodos e técnicas de limpeza e desinfecção terminal e concorrente
Conceito de: assepsia, antisepsia, desinfecção, descontaminação e estrilização
Princípios ativos dos produtos químicos e preparo de soluções
Classificação dos Riscos Ocupacionais(Físicos, Químicos, Biológicos e Ergonômicos e,de
Acidentes)
Caracterização dos Riscos Ocupacionais
Controle e eliminação de riscos
Vigilância em Saúde Ocupacional
Prevenção e Controle de infecção
A INFECÇÃO HOSPITALAR é uma síndrome infecciosa (infecção) que o indivíduo adquire após sua
hospitalização ou realização de procedimento ambulatorial. Entre os exemplos de procedimentos ambulatoriais
mais comuns estão: cateterismo cardíaco, exames radiológicos com utilização de contraste, retirada de
pequenas lesões de pele e retirada de nódulos de mama, etc.
Para ser considerada infecção hospitalar, o paciente precisa estar internado a pelo menos 72
horas.
A manifestação da infecção hospitalar pode ocorrer após a alta, desde que esteja relacionada
com algum procedimento realizado durante a internação. * FATORES PREDISPONENTES .
♦ Pacientes imunodeprimidos;
♦ Lavagem incorreta das mãos, dos profissionais, acompanhantes e visitantes.
♦ Esterilização deficiente de instrumental cirúrgico.
♦ Técnicas incorretas e procedimentos invasivos.
♦ Limpeza deficiente de ambientes, materiais e roupas.
♦ Alimentos trazidos de fora do hospital.
♦ Flores e objetos trazidos de fora do hospital.
Baseando-se nesses fatores devem ser elaboradas ações preventivas, tais como: uso racional
de antimicrobiano, controle de esterilização, desinfecção e limpeza, e bloqueio de transmissão pelos
profissionais de saúde.
Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a
superfície das mãos e
● LAVAGEM DAS MÃOS punhos,utilizando-se sabão/detergente,seguida de enxágüe abundante em
água corrente.
A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das
infecções hospitalares.
A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto
necessária, durante a
O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que envolvam mucosas,
sangue ou fluidos corpóreos, secreções ou excreções. assistência a um único paciente, sempre que houver
contato com diversos sítios corporais, e frente cada uma das atividades.
A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre antes dos procedimentos
cirúrgicos.
A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico deve considerar o tipo de contato, o
grau de contaminação, as condições do paciente e o procedimento a ser realizado.
A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em: realização de procedimentos
invasivos, prestação de cuidados a pacientes críticos, contato direto com feridas e/ou dispositivos invasivos,
tais como cateteres e drenos.
d
a
lavagem das mãos em todos os níveis da
assistência hospitalar.
Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo de incorporar a prática
A distribuição e a localização de unidades ou pias para lavagem das mãos, de forma a atender à
necessidade nas diversas áreas hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a
obrigatoriedade da prática.
● PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO (ISC)
■ Tempo de internação abreviado.
■ Banho completo antes da cirurgia.
■ Tricotomia restrita ao local de incisão, quando necessário, imediatamente antes da cirurgia.
■ Fluxo adequado do Bloco Cirúrgico, com circulação mínima.
■ Equipe cirúrgica restrita.
■ Montagem correta das salas de cirurgia.
■ Paramentação completa (avental, gorro, luvas, máscara e propés)
■ Lavagem e antissepsia das mãos e ante braços da equipe cirurgica.
■ Secagem das mãos com toalhas estéreis.
■ Antissepsia do campo operatório.
■ Instrumental cirúrgico esterilizado.
● PREVENÇÃO DE INFECÇÃO RESPIRATÓRIA
♦ Educação do corpo clínico e vigilância das infecções.
♦ Esterilização, desinfecção e manutenção de equipamentos e artigos.
♦ Interrupção da transmissão pessoa para pessoa – precauções de barreira.
♦ Lavagem das mãos.
♦ Vacinação de pacientes de alto risco para complicações de infecções pneumocócicas.
Evitar o uso de cateterismo vesical quando desnecessário. Lavar as mãos antes e depois de
manipular o sistema. Empregar técnica asséptica e equipamento estéril.
Utilizar cateter de calibre adequado. Fixar a sonda para evitar movimentação. Usar
exclusivamente COLETOR FECHADO. Evitar desconexão do sistema fechado. Manter a bolsa coletora de urina em
nível inferior à bexiga. Esvaziar a bolsa coletora a intervalos de oito horas, no máximo, ou quando preenchidos
2/3 da sua capacidade. Higienizar a região perineal, com água e sabão, três vezes ao dia, ou quando necessário.
● CUIDADOS RELACIONADOS AOS CATETERES PERIFÉRICOS:
■ Lavagem e antissepsia das mãos antes de colocar as luvas estéreis.
■ Preferir veias de membros superiores.
■ Usar técnica asséptica para fazer a punção.
■ Fazer antissepsia do local a ser puncionado.
■ Realizar troca de cateteres e mudar o sítio de inserção a cada 72 horas, ou intervalo menor
se indicado.
● CUIDADOS RELACIONADOS AOS CATETERES CENTRAIS:
♦ Selecionar o Cateter.
♦ Usar de preferência a subclávia.
♦ Usar técnica asséptica, incluindo avental, luvas e campos estéreis e máscara.
♦ Utilizar equipamentos com local próprio para infusão de medicamentos.
♦ Manter o sistema fechado durante a infusão.
♦ Usar o cateter para nutrição parenteral apenas para este fim.
♦ Trocar os curativos quando estiverem úmidos, sujos ou fora do local.
♦ Trocar o cateter apenas se houver suspeita de infecção relacionada ao cateter.
♦ Trocar todo o sistema em caso de flebite ou bacteremia.
Avaliar bem os pacientes internados; Treinar a equipe do hospital, orientando sobre os fatores
de risco que podem levar à uma infecção;
Usar antibióticos , quando necessário; Comprar material de boa qualidade para a assistência
médica; Esterilizar corretamente todos os materiais; Ter uma boa limpeza em todo hospital;
Uso de equipamento de proteção individual(luvas, óculos protetor de óculos, protetor de face,
avental e outros.) nos procedimentos. Uso de profilaxia antimicrobiana antes da cirurgia.
O PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE (PAS) pode adquirir ou transmitir infecções para os
pacientes, para outros profissionais no ambiente de trabalho e para comunicantes domiciliares e da
comunidade.
Deste modo, os programas de controle de infecção hospitalar devem também contemplar ações
de controle de infecção entre os PAS.
AS AÇÕES DO SERVIÇO DE SAÚDE OCUPACIONAL, NO QUE DIZ RESPEITO AO CONTROLE DE INFECÇÃO,
TÊM COMO OBJETIVOS:
1. Educar o PAS acerca dos princípios do controle de infecção, ressaltando a importância da
participação individual neste controle;
2. Colaborar com a CCIH na monitorização e investigação de exposições a agentes infecciosos e
surtos;
3. Dar assistência ao PAS em caso de exposições ou doenças relacionadas ao trabalho;
4. Identificar riscos e instituir medidas de prevenção;
5. Reduzir custos, através da prevenção de doenças infecciosas que resultem em faltas ao
trabalho e incapacidade.
Para atingir os objetivos descritos anteriormente é necessário que o serviço de saúde
ocupacional atue nas seguintes áreas:
● INTEGRAÇÃO COM OUTROS SERVIÇOS:
As ações do serviço de saúde ocupacional devem ser coordenadas com o serviço de infecção
hospitalar e outros departamentos que se façam necessários.
● AVALIAÇÕES MÉDICAS:
♦ Admissional, com histórico de saúde, estado vacinal, condições que possam predispor o
profissional a adquirir ou transmitir infecções no ambiente de trabalho;
♦ Exames periódicos para avaliação de problemas relacionados ao trabalho ou seguimento de
exposição de risco (p. ex. triagem para tuberculose, exposição a fluidos biológicos).
A adesão a um programa de controle de infecção é facilitada pelo entendimento de suas bases.
Todo pessoal precisa ser treinado acerca da política e procedimentos de controle de infecção da instituição.
A elaboração de manuais para procedimentos garante uniformidade e eficiência.
O material deve ser direcionado em linguagem e conteúdo para o nível educacional de cada
categoria de profissional. Grande parte dos esforços deve estar dirigida para a conscientização sobre o uso do
equipamento de proteção individual (EPI).
● PROGRAMAS DE VACINAÇÃO:
Garantir que o PAS esteja protegido contra as doenças preveníveis por vacinas é parte essencial
do programa de saúde ocupacional. Os programas de vacinação devem incluir tanto os recém-contratados
quanto os funcionários antigos.
Os programas de vacinação obrigatória são mais efetivos que os voluntários.
● MANEJO DE DOENÇAS E EXPOSIÇÕES RELACIONADAS AO TRABALHO:
Fornecer profilaxia pós exposição apropriada nos casos aplicáveis (p. ex.: exposição ocupacional
ao HIV), além de providenciar o diagnóstico e o tratamento adequados das doenças relacionadas ao trabalho.
Estabelecer medidas para evitar a ocorrência da transmissão de infecção para outros
profissionais, através do afastamento do profissional doente (p. ex.: pacientes com tuberculose bacilífera ou
varicela).
● ACONSELHAMENTO EM SAÚDE:
Fornecer informação individualizada com relação a risco e prevenção de doenças adquiridas no
ambiente hospitalar; riscos e benefícios de esquemas de profilaxia pós-exposição e conseqüências de doenças
e exposições para o profissional, seus familiares e membros da comunidade.
● MANUTENÇÃO DE REGISTRO, CONTROLE DE DADOS E SIGILO:
A manutenção de registros de avaliações médicas, exames, imunizações e profilaxias é
obrigatória e permite a monitorização do estado de saúde do PAS.
Devem ser mantidos registros individuais, em condições que garantam a confidencialidade das
informações, que não podem ser abertas ou divulgadas, exceto se requerido por lei.
É a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganismo de um paciente para outro,
geralmente pelo pessoal, ambiente ou um instrumento contaminado.
É um processo infeccioso decorrente da ação de microrganismos já existentes, naquela região
ou tecido, de um paciente. Medidas terapêuticas que reduzem a resistência do indivíduo facilitam a
multiplicação de bactéria em seu interior, por isso é muito importante, a anti-sepsia pré-cirúrgica.
É aquela causada por microrganismos estranhos a paciente. Para impedir essa infecção, que
pode ser gravíssima, os instrumentos e demais elementos que são colocados na boca do paciente, devem estar
estéreis. È importante, que barreiras sejam colocadas para impedir que instrumentos estéreis sejam
contaminados, pois não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é importante que em seu
manuseio até o uso ele não se contamine. A infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o
que é muito grave, pois, dependendo da natureza dos microrganismos envolvidos, a infecção exógena pode ser
fatal, como é o caso da AIDS, Hepatite B e C.
PROCEDIMENTO CRÍTICO:
É todo procedimento em que existe a presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela
perda de continuidade. PROCEDIMENTO SEMI-CRÍTICO: Todo procedimento em que existe a presença de secreção
orgânica (saliva) sem perda de continuidade do tecido. PROCEDIMENTO NÃO-CRÍTICO: Todo procedimento onde
não há presença de sangue, pus ou outra secreção orgânica (saliva). Em Odontologia não existe este tipo de
procedimento.
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL é todo dispositivo de uso individual, des tinado a proteger
a saúde e a integridade física do trabalhador.
A seguir, uma relação de alguns dos equipamentos de proteção individual, mais usados em
estabelecimentos de saúde, como por exemplo:
1. PROTEÇÃO À CABEÇA :
● Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face contra lesões ocasionadas por
partículas, respingos, vapores de produtos químicos e radiações luminosas intensas;
● Óculos de segurança para trabalhos que possam causar ferimentos nos olhos, provenientes
de impacto de partículas;
I – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)
● Óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que possam causar irritação nos olhos
e outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos;
● Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos, provenientes de
poeiras e
● Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos e outras lesões
decorrentes da ação de radiações perigosas.
2. PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS SUPERIORES:
♦ Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores devem ser usados em trabalhos em
que haja perigo de lesão provocada por:
♦ Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;
♦ Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos, solventes
orgânicos e derivados de petróleo;
♦ Materiais ou objetos aquecidos;
♦ Choque elétrico;
♦ Radiações perigosas;
♦ Frio;
♦ Agentes biológicos.
3. PROTEÇÃO PARA OS MEMBROS INFERIORES:
■ Calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares úmidos, lamacentos ou
encharcados;
■ Calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos agressivos;
■ Calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos e
■ Calçados de proteção contra riscos de origem elétrica.
4. PROTEÇÃO DO TRONCO:
● Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos em haja perigo de
lesões provocadas por:
● Riscos de origem radioativa;
● Riscos de origem biológica e
● Riscos de origem química.
5. PROTEÇÃO DA PELE:
♦ CREMES PROTETORES – só poderão ser postos à venda ou utilizados como EPI, mediante o
Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego.
6. PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA:
Para exposição a agentes ambientais em concentrações prejudiciais à saúde do trabalhador, de
acordo com os limites estabelecidos na NR15:
■ Respiradores contra poeiras, para trabalhos que impliquem produção de poeiras;
■ Respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a agentes químicos prejudiciais à
saúde;
■ Aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), para locais de trabalho onde o teor
de oxigênio seja inferior a 18% em volume.
* CONSIDERAÇÕES INICIAIS A partir da epidemia de HIV/AIDS, do aparecimento de cepas de
bactérias multirresistentes (como o Staphylococcus aureus resistente à meticilina, bacilos Gram negativos não
fermentadores, Enterococcus sp. resistente à vancomicina), do ressurgimento da tuberculose na população
mundial e do risco aumentado para a aquisição de microrganismos de transmissão sangüínea (hepatite viral B e
C, por exemplo) entre os profissionais de saúde, as normas de biossegurança e isolamento ganharam atenção
especial.
Para entender os mecanismos de disseminação de um microorganismo dentro de um hospital, é
necessário que se conheça pelo menos três elementos: a fonte, o mecanismo de transmissão e o hospedeiro
susceptível.
● FONTE: As fontes ou reservatórios de microorganismos, geralmente, são os profissionais de
saúde, pacientes, ocasionalmente visitantes, ou materiais e equipamentos infectados ou colonizados por
microorganismos patogênicos.
● TRANSMISSÃO: A transmissão de microorganismos em hospitais pode se dar por diferentes
vias. OS PRINCIPAIS MECANISMOS DE TRANSMISSÃO SÃO:
■ TRANSMISSÃO AÉREA POR GOTÍCULAS: Ocorre pela disseminação por gotículas maiores do que
5um. Podem ser geradas durante tosse, espirro, conversação ou realização de diversos procedimentos
(broncoscopia, inalação, etc.). Por serem partículas pesadas e não permanecerem suspensas no ar, não são
necessários sistemas especiais de circulação e purificação do ar. As precauções devem ser tomadas por
aqueles que se aproximam a menos de 1 metro da fonte.
■ TRANSMISSÃO AÉREA POR AEROSSOL: Quando ocorre pela disseminação de partículas, cujo
tamanho é de 5um ou menos. Tais partículas permanecem suspensas no ar por longos períodos e podem ser
dispersas a longas distâncias. Medidas especiais para se impedir a recirculação do ar contaminado e para se
alcançar a sua descontaminação são desejáveis. Consistem em exemplos os agentes de varicela, sarampo e
tuberculose.
■ TRANSMISSÃO POR CONTATO: É o modo mais comum de transmissão de infecções hospitalares.
Envolve o contato direto (pessoa-pessoa) ou indireto (objetos contaminados, superfícies ambientais, itens de
uso do paciente, roupas, etc.) promovendo a transferência física de microorganismos epidemiologicamente
importantes para um hospedeiro susceptível.
● HOSPEDEIRO: Pacientes expostos a um mesmo agente patogênico podem desenvolver doença
clínica ou simplesmente estabelecer uma relação comensal com o microorganismo,tornando-se pacientes
colonizados.
Fatores como idade, doença de base, uso de corticosteróides, antimicrobianos ou drogas
imunossupressoras e procedimentos cirúrgicos ou invasivos podem tornar os pacientes mais susceptíveis às
infecções.
AS PRECAUÇÕES PADRÃO são um conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos de
transmissão de microorganismos nos hospitais e constituem-se basicamente em:
1. LAVAGEM DAS MÃOS:
2 L
UVAS:
1. Após realização de procedimentos que envolvem presença de sangue, fluidos corpóreos,
secreções, excreções e itens contaminados.
2. Após a retirada das luvas.
3. Antes e após contato com paciente e entre um e outro procedimento ou em ocasiões onde
existe risco de transferência de patógenos para pacientes ou ambiente.
4. Entre procedimentos no mesmo paciente quando houver risco de infecção cruzada de
diferentes sítios anatômicos. * OBS: O uso de sabão comum líquido é suficiente para lavagem de rotina das
mãos, exceto em situações especiais definidas pelas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH
(como nos surtos ou em infecções hiperendêmicas).
♦ Usar luvas limpas, não estéreis, quando existir possibilidade de contato com sangue, fluidos
corpóreos, secreções e excreções, membranas mucosas, pele não íntegra e qualquer item contaminado.
♦ Mudar de luvas entre duas tarefas e entre procedimentos no mesmo paciente.
♦ Retirar e descartar as luvas depois do uso, entre um paciente e outro e antes de tocar itens
não contaminados e superfícies ambientais. A lavagem das mãos após a retiradadas luvas é obrigatória. 3.
MÁSCARA, PROTETOR DE OLHOS, PROTETOR DE FACE: - É necessário em situações nas quais possam ocorrer
respingos e espirros de sangue ou secreções nos funcionários.
4. AVENTAL:
● Usar avental limpo, não estéril, para proteger roupas e superfícies corporais sempre que
houver possibilidade de ocorrer contaminação por líquidos corporais e sangue.
● Escolher o avental apropriado para atividade e a quantidade de fluido ou sangue encontrado.
● A retirada do avental deve ser feita o mais breve possível com posterior lavagem das mãos.
5. EQUIPAMENTOS DE CUIDADOS AO PACIENTE:
■ Devem ser manuseados com proteção se sujos de sangue ou fluidos corpóreos, secreções e
excreções e sua reutilização em outros pacientes deve ser precedida de limpeza e ou desinfecção.
■ Assegurar-se que os itens de uso único sejam descartados em local apropriado.
6. CONTROLE AMBIENTAL: Estabelecer e garantir procedimentos de rotina adequados para a
limpeza e desinfecção das superfícies ambientais, camas, equipamentos de cabeceira e outras superfícies
tocadas freqüentemente.
7 R
OUPAS:
● Manipular, transportar e processar as roupas usadas, sujas de sangue, fluidos corpóreos,
secreções e excreções de forma a prevenir a exposição da pele e mucosa, e a contaminação de roupas
pessoais, evitando a transferência de microorganismos para outros pacientes e para o ambiente.
* PREVENÇÃO DE ACIDENTES PÉRFURO-CORTANTES:
♦ Atenção com o uso, manipulação, limpeza e descarte de agulhas, bisturis e outros materiais
pérfuro-cortantes. Não retirar agulhas usadas das seringas descartáveis, não dobrá-las e não reencapá-las. O
descarte desses materiais deve ser feito em caixas apropriadas e de paredes resistentes.
♦ Usar dispositivos bucais, conjunto de ressuscitação e outros dispositivos de ventilação quando
houver necessidade de ressuscitação.
A alocação do paciente é um componente importante da precaução de isolamento. Quando
possível, pacientes com microorganismos altamente transmissíveis e/ou epidemiologicamente importantes
devem ser colocados em quartos privativos com banheiro e pia próprios.
* OBS: Quando um quarto privativo não estiver disponível, pacientes infectados devem ser
alocados com companheiros de quarto infectados com o mesmo microorganismo e com possibilidade mínima de
infecção.
A variedade de materiais utilizados nos estabelecimentos de saúde pode ser classificada
segundo riscos potenciais de transmissão de infecções para os pacientes, em três categorias: críticos, semi-
críticos e não críticos.
● ARTIGOS CRÍTICOS
Os artigos destinados aos procedimentos invasivos em pele e mucosas adjacentes, nos tecidos
subepiteliais e no sistema vascular, bem como todos os que estejam diretamente conectados com este sistema,
são classificados em artigos críticos. Estes requerem esterilização. Ex. agulhas, cateteres intravenosos,
materiais de implante, etc.
● ARTIGOS SEMI-CRÍTICOS
Os artigos que entram em contato com a pele não íntegra, porém, restrito às camadas da pele
ou com mucosas íntegras são chamados de artigos semi-críticos e requerem desinfecção de médio ou de alto
nível ou esterilização. Ex. cânula endotraqueal, equipamento respiratório, espéculo vaginal, todos os tipos de
sondas: sonda naso e orogástrica, vesicais, nasoenterica etc.
● ARTIGOS NÃO CRÍTICOS
Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra e também os que não entram em contato
direto com o paciente são chamados artigos não-críticos e requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio
nível, dependendo do uso a que se destinam ou do último uso realizado. Ex. termômetro, materiais usados em
banho de leito como bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do paciente,etc.
► LIMPEZA
É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para manter em estado de asseio os
artigos, reduzindo a população microbiana. Constitui o núcleo de todas as ações referentes aos cuidados de
higiene com os artigos hospitalares.
A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou de esterilização, pois reduz a
carga microbiana através remoção da sujidade e da matéria orgânica presentes nos materiais.
O excesso de matéria orgânica aumenta não só a duração do processo de esterilização, como
altera os parâmetros para este processo.
Assim, é correto afirmar que a limpeza rigorosa é condição básica para qualquer processo de
desinfecção ou esterilização. “É possível limpar sem esterilizar, mas não é possível garantir a esterilização sem
limpar”
A ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS é a total eliminação da vida microbiana destes materiais .
Caracteriza-se por um processo de destruição por meio de agentes físicos ou químicos de todas as formas de
vidas microscópica. Um objeto esterilizado, no sentido microbiológico, está, completamente livre de
microrganismos viáveis.
1. A FLAMBAGEM:
É a colocação de material sobre o fogo até que o metal fique vermelho
* VANTAGEM: fácil execução
* DESVANTAGEM: Não é seguro , pode não esterilizar alguns tipos de bactérias pelo baixo tempo
de exposição. Estraga o material.
2. CALOR SECO
Penetra nas substancias de uma forma mais lenta que o calor úmido e por isso exige
temperaturas mais elevadas e tempos mais longos , para que haja uma eficaz esterilização.
São utilizadas as estufas . Conforme o calor gerado recomenda-se um certo tempo: a 170 graus
Celsius, são necessários 60 minutos. A 120 Graus são necessários 12 horas.
* VANTAGENS: Não forma ferrugem , não danifica materiais .
* DESVANTAGENS: O material deve ser resistente a variação da temperatura. Na esteriliza
líquidos.
3. CALOR ÚMIDO
É a exposição do material a vapor de água sob pressão, a 121ºC durante 15 min. É o processo
mais usado e os materiais devem ser embalados de forma a permitirem o contato total do material com o
vapor para permitir que a temperatura do ar e melhor secagem
não seja inferior à desejada, permitir a penetração do vapor nos poros dos corpos porosos e impedir a
formação de uma camada inferior mais fria. Podem ser usados autoclaves de parede simples ou de parede
dupla, que permitem melhor extração
É muito usado para o vidro seco e materiais que não oxidem com a água (os materiais
termolábeis não podem ser esterilizado por esta técnica). É utilizada ainda para esterilizar tecidos.
♦ INDICADORES QUÍMICOS: Mudam de cor consoante a temperatura.
♦ INDICADORES BIOLÓGICOS: Tubo com suspensão de esporos de bactérias resistentes que
morrem quando exposto por 12 min. Ou mais a uma temperatura de 121ºC. Após um repouso de 14h, faz-se uma
sementeira dos esporos , que deve dar negativa.
* VANTAGENS: Fácil uso, custo acessível para grandes hospitais
* DESVANTAGENS: Não serve para esterilizar pós e líquidos.
4. QUIMICO:
GÁS ÓXIDO DE ETILENO:
O gás óxido de etileno é um produto altamente tóxico usado para esterilizar materiais.
VANTAGENS :
Não danifica o material
* DESVANTAGENS: Danos ao meio ambiente quando manipulado erroneamente , alto custo , tóxico
para o manipulador,requer aeração de 48 horas. Demorado.
utilizados para a desinfecção de instrumentos médicos
Irritante das mucosas e tóxico , necessita de cuidados especiais
Fornecido na forma de líquido a 25 ou 50% ,são pouco voláteis a frio
* VANTAGENS: Facilidade de uso
* DESVANTAGENS: Esterilização é tempo dependente, Alérgeno , tóxico e irritante, Mycobactérias
podem ser resistentes
5. ESTERILIZAÇÃO POR PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
O plasma é o quarto estado da matéria.É definido como uma nuvem de elétrons, partículas
neutras, produzidas a partir da interação do peróxido de hidrogênio e um campo magnético.A esterilização com
gás plasma combina peróxido de hidrogênio p/ gerar uma onda eletromagnética.
O plasma de peróxido não oxida o material, não degrada o corte, pontas,sulcos de instrumentais
cirúrgicos. Seu produto final não é tóxico, não polui o meio ambiente e nem apresenta toxicidade para o
profissional e nem para o paciente.
♦ AGENTE ESTERILIZANTE:
Ampolas contendo: 1,8ml de H2O2 (água oxigenada) na forma líquida numa concentração de
58%.Que durante a fase da injeção passará da forma líquida para gasosa.
● STERRAD
Esterilização a baixa temperatura 45ºC, é uma alternativa de esterilização para materias
termosensíveis. * VANTAGENS: rapidez, ciclo de 50’, ausência de resíduos tóxicos,fácil instalação, segurança. *
DESVANTAGENS: alto custo dos insumos, câmara pequena, 100 litros.
1. VÁCUO: Nesta fase através da bomba de vácuo, é removido o ar de dentro da câmara de
esterilização.
2. INJEÇÃO: Neste momento as agulhas perfuram as ampolas, fazendo com que passem de liquido
p/ gás.
3. DIFUSÃO: O peróxido na forma gasosa se espalha por todo o material,é importante que todos
os materiais estejam totalmente expostos para que o peróxido entre em contato com toda a superfície.
4. PLASMA: esterilização propriamente dita.
5. VENTILAÇÃO: Dura 1 minuto, o ar é filtrado p/ dentro da câmara do equipamento, igualando a
pressão interna com a externa, possibilitando a abertura da porta. E os materiais estão prontos!
♦ CONTROLE DE QUALIDADE
■ INDICADOR PARAMÉTRICO: Relatório emitido ao término de cada ciclo onde são apresentados
parâmetros de controle de esterilização.
■ INDICADOR BIOLÓGICO: - BACILLUS STEAROTHERMOPHILUS (forma esporuladas mais resistente
aos esterilizantes físicos químicos.)
■ INDICADOR QUÍMICO:
Marcador de concentração ótima do peróxido no interior da câmara.
■ FITA INDICADORA:
Utilizada no interior das embalagens com manta de polipropileno.
■ FITA TESTE:
Utilizada no fechamento das embalagens. presentes num material inanimado através do uso de
agentes químicos
Processo que consiste na destruição, remoção ou redução dos microrganismos
A desinfecção não implica na eliminação de todos os microrganismos viáveis, porém elimina a
potencialidade infecciosa do objeto, superfície ou local tratado. O agente empregado na desinfecção é
denominado de DESINFETANTE.
Consiste no mesmo termo usado à desinfecção, só que está relacionada com substancias
aplicadas ao organismo humano, é a redução do número de microrganismos viáveis na pele pelo uso de uma
substancia denominada de antiséptico .
Conjunto de meios usados para impedir a penetração de microrganismo, em local que não os
tenha. repetitivos e até definitivos
AS DOENÇAS OCUPACIONAIS são decorrentes da exposição do trabalhador aos riscos da
atividade que desenvolve. Podem causar afastamentos temporários,
A maior incidência destas doenças ocorre na faixa dos 30 aos 40 anos, prejudicando a
produtividade do trabalhador e podendo interromper sua carreira e desestabilizar a sua vida. As doenças
ocupacionais são causadas ou agravadas por determinadas atividades.
A prevenção pode evitar que tanto os trabalhadores como os empresários se prejudiquem com
as conseqüências das doenças ocupacionais. A recuperação pode ser demorada e cara.
* AS POSSÍVEIS CAUSAS DO PROBLEMA
♦ AGENTES FÍSICOS (ruído, temperatura, vibrações e radiações)
♦ AGENTES QUÍMICOS (utilizados nas indústrias, podem causar danos à saúde).
♦ AGENTES BIOLÓGICOS (microorganismos como bactérias, vírus e fungos).
* COMO DIAGNOSTICAR O PROBLEMA Exame físico, ocupacional e complementares, conforme
critérios médicos.
1. DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS:
Alguns exemplos são as pneumoconioses causadas pela poeira da sílica (silicose) e do asbesto
(asbestose), além da asma ocupacional. Substâncias agressivas inaladas no ambiente de trabalho se depositam
nos pulmões, provocando falta de ar, tosse, chiadeira no peito, espirros e lacrimejamento.
2. PERDA AUDITIVA RELACIONADA AOTRABALHO (PAIR)
Diminuição gradual da audição decorrente da exposição contínua a níveis elevados de ruídos.
Além da perda auditiva, outra alterações importantes podem prejudicar a qualidade de vida do trabalhador.
3. INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
● AGROTÓXICOS: Os pesticidas (defensivos agrícolas) provocam grandes danos à saúde e ao
meio ambiente.
● CHUMBO (SATURNISMO): A exposição contínua ao chumbo, presente em fundições e refinarias,
provoca, a longo prazo, um tipo de intoxicação que varia de intensidade de acordo com as condições do
ambiente (umidade e ventilação), tempo de exposição e fatores individuais (idade e condições físicas).
● MERCÚRIO (HIDRARGIRISMO): O contato com a substância se dá por meio da inalação, absorção
cutânea ou via oral da substância; ocorre com trabalhadores que lidam com extração do mineral ou fabricação
de tintas.
● SOLVENTES ORGÂNICOS (BENZENISMO): Por serem tóxicos e agressivos, podem contaminar
trabalhadores de refinarias de petróleo e indústrias de transformação.
4. LER E DORT - LESÃO PPR ESFORÇO REPETITIVO / DISTÚRBIO OSTEOMUSCULAR RELACIONADO AO
TRABALHO
Conjunto de doenças que atingem principalmente os músculos, tendões e nervos. O problema é
decorrente do trabalho com movimentos repetitivos, esforço excessivo, má postura e estresse, entre outros.
5. DERMATOSES OCUPACIONAIS
Também conhecidas como dermatites de contato, são alterações da pele e das mucosas
causadas, mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente, por determinadas atividades profissionais.
São provocadas por agentes químicos e podem ocasionar irritação ou até mesmo alergia.
6. STRESSE
O estresse e o excesso de trabalho podem variar desde mudanças no humor, ansiedade,
irritabilidade e descontrole emocional até doenças psíquicas.
Geralmente, o estresse é causado por sobrecarga de tarefas e ausência de pausas para
descanso e exercícios físicos. Ativar os músculos com exercícios diários, mesmo os de relaxamento, é um bom
começo para se livrar do estresse.
Durante os exercícios, inspire o ar pelo nariz e solte pela boca, sentindo o oxigênio descer e o
gás carbônico subir.
Ciência que estuda as relações entre o homem, seu trabalho, equipamentos e meio ambiente, a
Ergonomia previne o surgimento de doenças ocupacionais durante o processo de produção de atividades. O
objetivo é a adaptação do posto de trabalho, instrumentos, máquinas, horários e meio ambiente às exigências
da função.
Ela facilita o desenvolvimento e o rendimento das atividades de trabalho. Todos devem aprender
a identificar os sinais do próprio corpo para perceber o início de qualquer desconforto, procurando, assim,
adaptar as técnicas da ergonomia ao seu local de trabalho.
* SINTOMAS MAIS COMUNS, E QUE REQUEREM A PROCURA POR UM MÉDICO: 1. Cansaço excessivo 2.
Desconforto após a jornada de trabalho 3. Inchaço 4. Formigamento dos pés e das mãos 5. Sensação de choque
nas mãos 6. Dor nas mãos 7. Perda dos movimentos da mão
Cuide de sua qualidade de vida, procurando manter um melhor equilíbrio entre corpo e mente.
Faça exercícios físicos pelo menos quatro vezes por semana, tenha uma dieta balanceada e saudável e procure
formas de lazer alternativas, que amenizem o estresse do dia-a-dia.
● Conforto é essencial para a prevenção.
● As operações de trabalho devem estar ao alcance das mãos.
● As máquinas devem se posicionar de forma que a pessoa
não tenha que se curvar ou torcer o tronco para pegar ou utilizar ferramentas com freqüência.
● A mesa deve estar posicionada de acordo com a altura de cada pessoa e ter espaço para a
movimentação das pernas.
● As cadeiras devem ter altura para que haja apoio dos pés, formato anatômico para o quadril e
encosto ajustável.
● Pausas durante a realização das tarefas permite um alívio para os músculos mais ativos.
● Durante estas pausas, se levante e caminhe um pouco.
Unidade do Cliente - Limpeza Terminal e Concorrente
A unidade do cliente é aquela ocupada por ele, constituída basicamente de mesa de refeições,
escadinha, cama, travesseiro, criado-mudo, suporte de soro e cadeira. Todo o espaço físico, imobiliário e
equipamentos necessários para a acomodação do cliente durante a sua internação constituem a unidade do
cliente.
A cama deve conter mecanismo para poder ser abaixada e levantada. Em algumas instituições é
ajustada por controle elétrico para que o cliente possa manuseá-la sem gastar muita energia.
As camas devem possuir sistemas que permita assumir diversas posições para auxiliar no
tratamento do cliente ou facilitar a realização dos inúmeros procedimentos.
Devem dispor de acessórios de segurança: cabeceira removível, rodas com travas e grades.
Limpeza da Unidade do Cliente
A limpeza visa promover o bem estar do cliente e principalmente protegê-lo de possíveis
infecções.Existem dois procedimentos distintos relacionados à limpeza da unidade: limpeza concorrente e
terminal, ambas realizadas pela enfermagem. Muitas instituições de saúde já têm implantado o serviço de
hospitalidade (hotelaria). É o caso da camareira hospitalar, que tem como atribuição principal efetuar limpezas
concorrentes e terminais da unidade de internação, exceto limpeza de equipamentos.
LIMPEZA CONCORRENTE: limpeza diária com água e sabão ou detergente próprio, objetivando
proporcionar o bem estar do cliente e diminuição de infecção. A limpeza concorrente ocorre uma duas vezes ao
dia, ou quando necessário, na unidade do cliente. Devemos lembrar que cada instituição tem a sua rotina, que
deve ser obedecida.
LIMPEZA TERMINAL : limpeza ou desinfecção da unidade do cliente reduzindo sujidade e infecção. É
feita após transferências, altas, internação prolongada do cliente no mesmo ambiente (cada sete ou quinze
dias) e óbitos. Consiste na limpeza da cama, colchão, estrados da cama, travesseiro, mobiliário e equipamentos.
Importante revisar alguns termos:
Limpeza: remoção de microrganismos e sujidades em qualquer superfície e em objetos, realizado
com a aplicação de água e sabão ou detergente e por ação mecânica. Para que um artigo possa passar por um
processo de desinfecção e esterilização, os ,mesmos devem previamente serem limpos.
Desinfecção: processo físico ou químico pelo qual são destruídos microrganismos em sua forma
vegetativa, menos os esporos, em objetos e superfícies.
Descontaminação44: processo para reduzir o número de microrganismos para tornar seguro o
manuseio.
Esterilização: processo de agentes químicos ou físicos em que todas as formas de vida
microbiana, vegetativas e esporuladas são destruídas.
Matéria orgânica: sangue, pus, líquor, tecidos, secreções.
Anti-sepsia: processo de eliminação ou inibição do crescimento de microrganismos na pele e nas
mucosas, menos esporos. É o emprego de substâncias anti-sépticas, como por exemplo, antes da passagem de
SVD, punção venosa, etc.
Assepsia: Conjunto de medidas adotadas para evitar a chegada de microrganismos a local que
não os contenha. Ausência de microrganismos ou de impurezas.
Anti-sépticos: soluções de baixa causticidade e hipoalergênicos; classificados como
bacteriostáticos e bactericidas. Ex: álcool a 70%, PVPI, Clorexidina, etc.
Desinfetantes: Substâncias que destroem os microrganismos vegetativos, empregados em
objetos e superfícies. Ex: álcool a 70%, Hipoclorito de sódio, glutaraldeído, etc.
Detergentes: solução que tem como objetivo limpar por meio da redução da tensão superficial,
dispersão, suspensão e emulsificação da sujeira.
Artigos Críticos: equipamentos ou materiais que entram na pele, em mucosas, tecidos estéreis
ou no sistema vascular do cliente. Exemplo: cateteres.
Artigos semicríticos: que tem contato com pele não íntegra, membranas e mucosas íntegras.
Exemplo: equipamentos respiratórios.
Artigos não críticos: contato com pele íntegra, mas não com mucosas. Exemplo: aparelho de
pressão.
Áreas Críticas: risco potencial de adquirir infecções. Ex: UTI, sala de parto, sala de cirurgia, CME,
etc.
Áreas Semi-Críticas: ocupadas por clientes com doenças de baixa transmissibilidade e doenças
não infecciosas. Ex: Enfermarias.
Áreas não-críticas: áreas não ocupadas por pacientes: Ex: administração, diretoria, etc.
Limpeza Terminal
Objetivos:
Preparar para receber outro paciente diminuindo os riscos de infecção cruzada e proporcionar
conforto e segurança ao paciente, mantendo o ambiente limpo e agradável.
Material:
Hamper
Luvas de procedimentos
Baldes/ Bacias
Água, sabão ou solução desinfetante padronizado pela instituição
Panos de limpeza
Saco de Lixo
Procedimentos:
1. Lavar as mãos
2. Reunir o material e encaminhar ao quarto
3. Arejar o ambiente mantendo as janelas abertas
4. Retirar pertences desnecessários ( biombo, ambú, umidificador, etc.)
5. Encaminhar comadre e papagaio
6. Retirar roupas de cama colocando no Hamper. Atentar para presença de
material perfurocortante
7. Preparar o material – bacia com água e sabão e/ou produto padronizado na
instituição colocando na escada ou em carrinho auxiliar
8. Limpar mesa de refeição – menos os pés
9. Limpar a mesa de cabeceira nas partes externas e internas – menos os pés
10.Limpar suporte de soro – menos os pés
11.Limpar a cadeira – menos os pés
12.Limpar uma face do travesseiro e colocar sobre a cadeira (limpo com limpo) e limpar a outra
face
13.Limpar a superfície do colchão que fica em contato com o cliente iniciando pela parte superior
(metade/metade) e as suas laterais. Abaixar as grades para facilitar
14.Dobrar o colchão no sentido cabeceira/pés e limpar o lado oposto superior do colchão,
estrado, lateral da cama e painel da cabeceira
15.Inverter a posição do colchão no sentido pés/cabeceira e limpar o lado oposto inferior do
colchão, estrados, lateral da cama, painel dos pés e manivelas
16. Limpar as grades
17.Limpar pés da mesa de refeição, mesa de cabeceira, suporte de soro, cadeira e cama
18.Limpar escada
19.Recolher o material e encaminhar ao expurgo
20. Manter unidade em ordem
21.Retirar luvas e lavar as mãos
22.Solicitar limpeza terminal do quarto
23.Proceder arrumação da cama.
Importante:
-A limpeza deve ser realizada em sentido único
-Seguir seqüência de limpeza não sujando áreas já limpas
-Trocar água sempre que necessário
Limpeza Concorrente
Objetivos:
Proporcionar conforto e segurança, mantendo o ambiente limpo e agradável e minimizar
infecção
Material:
Hamper
Luvas de procedimentos
Baldes/ Bacias
Água, sabão ou solução desinfetante padronizado pela instituição
Panos de limpeza
Saco de Lixo
Procedimentos:
A seqüência da limpeza concorrente deve seguir a mesma da limpeza terminal, porém o
profissional avaliará, no determinado momento, o que será possível .
1. Lavar as mãos
2. Reunir o material e encaminhar ao quarto
3. Explicar ao cliente o procedimento
4. Retirar objetos da mesa de refeição e da mesa de cabeceira
5. Limpar mesa de refeição
6. Limpar mesa de cabeceira
7. Limpar suporte de soro
8. Limpar cadeira
9. Limpar travesseiro
10.Limpar colchão na parte superior e lateral e parte do estrado que fica exposta
11.Limpar painel da cabeceira e dos pés
12.Limpar grades
13.Considerar a necessidade da limpeza da escada
14.Encaminhar material ao expurgo e deixar a unidade em ordem
15.Retirar luvas e lavar as mãos
16.Realizar arrumação de cama.
Anti-sepsia: é a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênica e grande parte da
flora residente da pele ou mucosa, através da ação de substâncias químicas (anti-sépticos).
Anti-séptico: substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de microrganismos
patogênicos, à temperatura ambiente, em tecidos vivos.
Assepsia: Método empregado para impedir que um determinado meio seja contaminado. Quando
este meio for isento de bactérias chamamos de meio asséptico.
Bactérias: forma vegetativa; quando estão realizando todas as suas atividades metabólicas,
como respiração, multiplicação e absorção. Os microrganismos, na cavidade bucal, estão na forma vegetativa.
Contaminação cruzada: é quando há interposição nos ciclos de contaminação entre um ou mais
pacientes. As barreiras contra a contaminação, BEDA, são os meios indispensáveis para se evitar a
contaminação cruzada, dentro de um consultório.
Degermação: é a remoção de detritos, impurezas, sujeira e microrganismos da flora transitória
e alguns da flora residente depositados sobre a pele do paciente ou das mãos da equipe odontológica através
da ação mecânica de detergente, sabão ou pela utilização de substâncias químicas (anti-sépticos).
Descontaminação: tem por objetivo a função dos microrganismos sem eliminação completa
devido à presença de matéria orgânica, realizado em instrumentais e superfícies.
Desinfecção: é a eliminação de microrganismos patogênicos na forma vegetativa de consultório
e demais ambientes da clínica, geralmente é feita por meio químicos (desinfetantes).
Desinfestação: exterminação ou destruição de insetos, roedores e outros seres, que possam
transmitir infecções ao homem.
Desinfetantes: substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de microrganismos
patogênicos em ambientes e superfícies do consultório, à temperatura ambiente.
Detergente: substância ou preparação química que produz limpeza; possui uma ou mais
propriedades: tensoatividade, solubilização, dispersão, emulsificação e umectação.
Equipamento de proteção individual (EPI'S): são equipamentos de proteção utilizados pelo
profissional, pessoal auxiliar, paciente e equipamentos, a fim de evitar contaminação e acidentes (gorro,
máscara, avental, luvas, óculos de proteção...)
Esporos: os esporos nada mais são que a forma mais resistente dos microrganismos, sendo
mais difícil de serem eliminados.
Esterilização: é a destruição dos microrganismos nas formas vegetativas e esporuladas. A
esterilização pode ser por meio físico (calor) ou químico (soluções esterilizantes).
Esterilizante: agente físico (estufa, autoclave) ou químico (glutaraldeído 2%, formaldeído 38%)
capaz de destruir todas as formas de microrganismos, inclusive as esporuladas.
Infecção cruzada: é a infecção ocasionada pela tranmissão de um microrganismo de um paciente
para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente ou um instrumento contaminado.
Infecção endógena: é um processo infeccioso decorrente da ação de microrganismos já
existentes, naquela região ou tecido, de um paciente. Medidas terapêuticas que reduzem a resistência do
indivíduo facilitam a multiplicação de bactéria em seu interior, por isso é muito importante, a anti-sepsia pré-
cirúrgica.
Infecção exógena: é aquela causada por microrganismos estranhos a paciente. Para impedir
essa infecção, que pode ser gravíssima, os instrumentos e demais elementos que são colocados na boca do
paciente, devem estar estéreis. È importante, que barreiras sejam colocadas para impedir que instrumentos
estéreis sejam contaminados, pois não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é importante
que em seu manuseio até o uso ele não se contamine. A infecção exógena significa um rompimento da cadeia
asséptica, o que é muito grave, pois, dependendo da natureza dos microrganismos envolvidos, a infecção
exógena pode ser fatal, como é o caso da AIDS, Hepatite B e C.
Procedimento crítico: é todo procedimento em que existe a presença de sangue, pus ou matéria
contaminada pela perda de continuidade.
Procedimento semicrítico: todo procedimento em que existe a presença de secreção orgânica
(saliva) sem perda de continuidade do tecido.
Procedimento não-crítico: todo procedimento onde não há presença de sangue, pus ou outra
secreção orgânica (saliva). Em Odontologia não existe este tipo de procedimento.
A fim de que os profissionais de saúde possam utilizar os artigos com segurança, a Portaria
15/88 do MS estabelece os seguintes princípios ativos para os desinfetantes de artigos hospitalares:
Aldeídos (Formaldeído / Glutaraldeído)
Fenólicos (Fenol Sintético)
Quaternário de Amônio
Compostos Orgânicos Liberadores de Cloro Ativo
Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo
Iodo e Derivados
Álcool
Glicóis
Biguanidas
Peróxidos
Aldeídos
Glutaraldeído: O glutaraldeído é um dialdeído saturado com potente ação bactericida, viruscida,
fungicida e esporicida, podendo ser utilizado para esterilização química de artigos termos sensíveis.
A atividade biocida dá-se por reação química de alquilarão, alterando o DNA, RNA e a síntese
proteica dos microrganismos. Quanto aos esporos, age enrijecendo a parede celular. Sua ação dependerá do
tempo de exposição e condições do artigo, que deverá estar limpo e seco para facilitar a penetração deste
agente.
É indicado para desinfecção de alto nível em artigos termos sensíveis com tempo de exposição
de 30 minutos em solução a 2%. Também é indicado como esterilizante, com o tempo de exposição entre oito e
10h. O produto sofre alterações em temperaturas superiores a 25°C. A solução deve ser trocada de acordo com
orientação do fabricante, na ocorrência de alteração na cor e presença de depósitos.
É tóxico, não biodegradável, portanto deve ser manipulado em local ventilado e com uso de EPI.
As soluções neutras ou alcalinas possuem ação microbicida e anticorrosiva superiores quando comparadas às
ácidas.
Os artigos processados em glutaraldeído não podem ser armazenados, mesmo em recipiente
estéril, (risco de recontaminação). O glutaraldeído é um produto tóxico que pode irritar os olhos, nariz e
garganta, por isso, seu manuseio deve ser feito com uso de EPIs.
Recomendação:
Utilizar este método de esterilização só nas situações em que não houver outro recurso
disponível;
Ativar a solução conforme descrição do fabricante, validade de 14 a 21 dias, datar e identificar;
Realizar uma limpeza, secagem antes da imersão, após o termino do tempo indicado fazer a
lavagem dos artigos com água estéril;
Desprezar a solução em caso de contaminação ou prazo de validade.
Classificação dos Riscos Ocupacionais(Físicos, Químicos, Biológicos e Ergonômicos e,de
Acidentes)
Os riscos no ambiente laboral podem ser classificados em cinco tipos, de acordo com a Portaria
n0 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978. Esta Portaria contem uma série de normas
regulamentadoras que consolidam a legislação trabalhista, relativas à segurança e medicina do trabalho.
Encontramos a classificação dos riscos na sua Norma Regulamentadora n0 5 (NR-5):
Riscos e seus agentes
1. Riscos de acidentes
Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade,
e seu bem estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem
proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc.
2. Riscos ergonômicos
Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador,
causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento de peso,
ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, etc.
3. Riscos físicos
Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar
expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-
ionizantes, vibração, etc.
4. Riscos químicos
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos gases, neblinas,
névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido
pelo organismo através da pele ou por ingestão.
5. Riscos biológicos
Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, vírus, fungos, parasitos, entre
outros.
Caracterização dos Riscos Ocupacionais
Riscos físicos
Os agentes físicos são os responsáveis pelos riscos físicos a que os trabalhadores estão
sujeitos no ambiente de trabalho. Esses agentes podem ser de diversas naturezas. Daremos aqui os principais
agentes físicos e seus respectivos danos causados à saúde dos trabalhadores.
Calor – temperaturas extremas
A temperatura ideal do corpo humano é 37ºC. A circulação sanguínea é a responsável pela
manutenção da constância dessa temperatura, sendo todo o excesso de calor eliminado do corpo por meio dos
pulmões e da pele (pela ativação das glândulas sudoríparas e dilatação dos vasos sanguíneos locais). Esse
mecanismo de eliminação é acionado sempre que o corpo é submetido a exposições excessivas de calor.
A intensidade dos efeitos causados pelas temperaturas excessivas dependem basicamente de
dois fatores: os fatores ambientais e os fatores humanos. Com relação aos fatores ambientais, a variação pode
ocorrer devido ao tipo de atividade laboral, devido às características dos locais, como: presença ou ausência de
ventos, a velocidade do vento, a umidade relativa do ar, dentre outros. Já com relação aos fatores humanos, a
variação é decorrente da idade, da saúde cardíaca, da saúde física, do peso, dentre outros.
São profissionais submetidos aos maiores riscos quanto à exposição ao calor:
• Cozinheiros, como padeiros;
• Trabalhadores de fundições;
• Trabalhadores de minas;
• Trabalhadores de empresas fabricantes de vidros.
Abaixo serão descritos os principais riscos decorrentes da excessiva exposição ao calor:
Hipertermia ou choque térmico:
Hipertermia é o aumento contínuo da temperatura corporal devido a alterações no
mecanismo de controle interno.
Dessa forma, o organismo perde a capacidade de eliminar o excesso de calor, provocando
os seguintes sintomas:
• Pele seca;
• Pele extremamente quente;
• Pele arroxeada;
• Boca seca;
• Dor de cabeça;
• Náuseas;
• Confusão mental;
• Delírio;
• Fraqueza;
• Perda da consciência;
• Convulsões;
• Coma;Os principais danos causados pela hipertermia são:
• Insuficiência renal;
• Lesões nas células do fígado;
• Infarto agudo do miocárdio;
• Edema pulmonar;
• Lesões cerebrais.
Controle e eliminação de riscos
A eliminação ou a redução da exposição aos fatores de risco e a melhoria dos ambientes de trabalho
para promoção e proteção da saúde dos trabalhadores representa um imperativo ético, por vêzes respaldado pelos
instrumentos legais e viabilizado pela tecnologia disponível. Apesar da distância que ainda separa a realidade desta
“declaração de princípios”, cresce na atualidade, no âmbito da sociedade, a preocupação com o meio ambiente e a
saúde das populações residentes na área de influência das unidades produtivas, dando corpo a um movimento que
busca a mudança de processos de trabalho potencialmente lesivos para a saúde das populações e o ambiente.
No que se refere à saúde dos trabalhadores, as medidas de promoção da saúde e prevenção de
doenças e agravos relacionados ao trabalho podem ser classificadas em:
Medidas aplicáveis aos processos e ambientes de trabalho; e
Medidas aplicáveis ao trabalhador individualmente.
Qualquer que seja a alternativa adotada, preferencialmente ambas, de modo complementar, é
importante considerar a importância da participação efetiva dos trabalhadores em todas as etapas do
processo: desde a identificação e dimensionamento do problema, a definição das estratégias e alternativas de
controle, sua implementação, acompanhamento e avaliação.
As medidas de eliminação e controle de risco aplicáveis aos processos e ambientes de trabalho
são sempre mais eficientes e abrangem, em geral, o coletivo de trabalhadores da empresa ou estabelecimento.
São geralmente soluções técnicas ou de engenharia de processos direcionadas para:
Substituição do agente ou substância tóxica por outro (a) menos lesiva ou tóxica -
podem ser substituídas matérias primas, produtos intermediários ou podem ser reformulados os produtos
finais, com a finalidade de diminuir a toxicidade das substâncias. A introdução de um material ou
substância nova deve ser considerada um primeiro passo, sendo necessário avaliar o impacto desta
medida, uma vez que outros efeitos à saúde podem aparecer. Partes ou processos inteiros, maquinaria e
equipamentos também podem ser substituídos por outros que ofereçam menos risco para a saúde;
Instalação de dispositivos e controles de engenharia: em geral, são mais factíveis
do que a substituição de materiais. Compreendem desde dispositivos que melhorem as condições gerais
físicas dos ambientes, como por exemplo, os sistemas de exaustão e ventilação, o redesenho de máquinas
e equipamentos, enclausuramento de máquinas, de processos e de atividades potencialmente de risco. A
manutenção preventiva e corretiva de equipamentos e processos também compõem os recursos de
controles de engenharia.
Redesenho da tarefa ou do trabalho, mudanças na organização do trabalho e
práticas alternativas de trabalho: em geral combinam medidas de engenharia com medidas
administrativas, buscando a proteção da saúde dos trabalhadores. Como exemplo podem ser lembrados: o
enriquecimento do conteúdo das tarefas, nos trabalhos monótonos e repetitivos; a mecanização de tarefas
de modo a tornar o trabalho físico mais leve e confortável; o incremento da participação dos
trabalhadores, nos processos de decisão, garantindo-lhes a autonomia para organizar o trabalho,
diminuindo as pressões de tempo e de produtividade, entre outras.
As medidas de proteção individual e de vigilância da saúde ou de controle médico, aplicáveis aos
trabalhadores, apesar de necessárias, geralmente são menos efetivas; pois, potencialmente reduzem o dano
que pode resultar da exposição a um fator de risco, mas não removem a causa ou fonte do problema. Nesse
grupo estão:
Educação e informação do trabalhador: a educação e informação sobre os riscos
ocupacionais presentes nos processos e ambientes de trabalho são medidas fundamentais. O direito do
trabalhador à informação correta a respeito dos riscos para a saúde decorrentes ou presentes no
trabalho é inalienável, bem como sobre as medidas que visam a redução desses riscos. Muitas dessas
medidas implicam em mudanças de comportamento, tanto dos trabalhadores quanto dos empregadores,
chefes e encarregados, as vezes, culturalmente arraigados. A experiência mostra que o investimento em
treinamentos e outras atividades educativas são insuficientes se não forem acompanhadas de
investimentos na melhoria geral das condições coletivas de trabalho e de uma gestão do trabalho menos
predatória;
Equipamento de Proteção Individual (EPI): equipamentos de proteção como luvas,
máscaras, protetores auriculares, roupas especiais podem ser úteis e necessárias em algumas
circunstâncias, porém, não devem ser nem a única nem a mais importante medida de proteção. Devem ser
escolhidos equipamentos adequados às situações reais de trabalho e às especificações e diferenças
individuais dos trabalhadores. Além da garantia de qualidade, é importante que os EPI utilizados tenham
sua efetividade avaliada em seu uso cotidiano, uma vez que as especificações do fabricante e testes de
qualidade são feitos em condições diferentes do uso real. Os programas de utilização de EPI devem
contemplar ainda treinamento adequado para seu uso, acompanhamento e manutenção e/ou reposição
periódica e higienização adequada;
Medidas organizacionais: algumas medidas organizacionais, que implicam em
diminuição do tempo de exposição, podem ser aplicadas a um ou poucos trabalhadores, ou pode envolver
todos os trabalhadores de um setor ou da empresa. Escalas de trabalho que contemplem tempos menores
em locais com maior exposição a fatores de risco para a saúde, rotatividade de tarefas ou setores, devem
ser cuidadosamente planejadas para evitar a diversidade de exposições atingindo maior número de
trabalhadores.
Controle Médico: os exames pré-admissionais para identificação de características
ou fatores de risco individuais que possam potencializar as exposições ocupacionais, são consideradas
medidas administrativas preventivas, porém não devem ser realizados com o objetivo de exclusão e de
seleção de “super homens” e “super mulheres”. Comumente os exames pré-admissionais, baseados em
critérios duvidosos, adquirem um caráter muito mais restritivo, impedindo o acesso ao emprego e aos
postos de trabalho, do que uma preocupação real com a proteção da saúde e prevenção de danos,
substituindo a adoção de medidas de controle ambiental de caráter coletivo. O mesmo raciocínio se aplica
à realização dos exames periódicos de saúde. Na atualidade, a legislação trabalhista vigente,
particularmente, a Norma Regulamentadora No. 7 , que disciplina o PCMSO estabelece os parâmetros para
um Programa de Saúde, e não simplesmente a emissão de “atestado médico de saúde”.
Rastreamento, monitoramento e vigilância: o monitoramento ou vigilância da saúde
visando a detecção precoce de alterações ou agravos decorrentes da exposição a fatores de risco presentes
no trabalho são instrumentos importantes para a identificação da necessidade de medidas de controle ainda
não detectadas ou de falhas nas medidas já adotadas. Em geral, no âmbito das empresas, esse monitoramento
é feito através de exames periódicos de saúde, que devem ser programados considerando os riscos
ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores. A investigação de efeitos precoces em grupos de
trabalhadores sob riscos específicos deve ser realizada através de estudos epidemiológicos.
Identificação e controle dos fatores de risco, na perspectiva da Higiene do Trabalho e da Ergonomia
Os princípios básicos da tecnologia de controle propostos pela Higiene do Trabalho, podem ser
enunciados como:
evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico para a saúde seja
utilizado, ou formado ou liberado;
se isto não for possível, contê-lo de tal forma que não se propague para o
ambiente;
se isto não for possível, ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no ambiente de trabalho
e, em último caso;
bloquear as vias de entrada no organismo por exemplo, respiratória, pele, boca e
ouvidos, para impedir que um agente nocivo atinja um órgão crítico, causando lesão.
A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o precocemente possível. Assim, a hierarquia
dos controles deve buscar, seqüencialmente, o controle do risco na fonte; o controle na trajetória (entre a fonte e o
receptor) e no caso de falharem as anteriores, o controle da exposição ao risco no trabalhador. Quando isto não é
possível, o que freqüentemente ocorre na prática, o objetivo passa a ser a redução máxima do agente agressor, de
modo a minimizar o risco e seus efeitos sobre a saúde.
As estratégias para o controle dos riscos devem visar, principalmente, a prevenção, através de
medidas de engenharia de processo que introduzam alterações permanentes nos ambientes e nas condições de
trabalho, incluindo máquinas e equipamentos automatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de
qualquer outra pessoa potencialmente exposta. Dessa forma a eficácia das medidas não dependerá do grau de
cooperação das pessoas, como no caso da utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI).
O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modificação das situações de risco, através
de projetos adequados e de técnicas de engenharia que:
eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais para a
saúde, como por exemplo a substituição de materiais ou equipamentos e modificação de processos e de
formas de gestão do trabalho;
previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de trabalho, como por
exemplo, os sistemas fechados, enclausuramento, ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora,
armazenamento adequado de produtos químicos, entre outras;
reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, como por exemplo a
ventilação local diluidora e limpeza dos locais de trabalho.
A informação e o treinamento dos trabalhadores é um componente importante das medidas
preventivas relativas aos ambientes de trabalho, particularmente, se o modo de executar as tarefas propicia a
formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde ou influencia as condições de exposição, como por exemplo
a posição em relação à tarefa/máquina; a possibilidade de absorção através da pele ou ingestão, maior dispêndio de
energia, entre outras. Em situações especiais podem ser adotadas medidas que limitem a exposição do trabalhador
através da redução do tempo de exposição, treinamento específico, e utilização de EPI.
Deve ser enfatizado que todas as possibilidades de controle dos fatores de risco nos ambientes de
trabalho através da proteção coletiva devem ser esgotados antes de se recomendar o uso de EPI, particularmente
para proteção respiratória.
As estratégias de controle devem incluir os procedimentos de vigilância ambiental e da saúde dos
trabalhadores. A vigilância da saúde permanente pode contribuir para a identificação de trabalhadores
hipersensíveis e com problemas particulares e para a detectar falhas nos sistema de prevenção.
As etapas para definição de uma estratégia de controle incluem:
Reconhecimento e avaliação dos agentes e fatores que podem oferecer risco
para a saúde e o meio ambiente, incluindo a definição de seu impacto: devem ser determinadas e
localizadas as fontes de risco; as trajetórias possíveis de propagação dos agentes nos ambientes de
trabalho; os pontos de ação ou de entrada no organismo; o número de trabalhadores expostos; e a
existência de problemas de saúde entre os trabalhadores expostos ao agente. A interpretação dos
resultados vai possibilitar conhecer o risco real para saúde e a definição de prioridades para ação;
Tomada de decisão: resulta do reconhecimento de que há necessidade de
prevenção, com base nas informações obtidas na etapa anterior. A seleção das opções de controle deve
ser adequada e realista levando em consideração a viabilidade técnica e econômica de sua
implementação, operação e manutenção, bem como as disponibilidade de recursos humanos e
financeiros e a infra-estrutura existente.
Planejamento: uma vez identificado o problema, tomada a decisão de controlá-lo,
estabelecidas as prioridades de ação e disponibilizados os recursos, deve ser elaborado um projeto
detalhado quanto às medidas e procedimentos preventivos a serem adotados; e
Avaliação.
A complexidade crescente dos novos processos de trabalho organizados a partir da incorporação
das inovações tecnológicas e de novos métodos gerenciais tem gerado formas diferenciadas de sofrimento e
adoecimento dos trabalhadores, particularmente na esfera mental. Em muitas dessa situações, todas as
prescrições clássicas da Higiene do Trabalho já foram atendidas, porém permanecem presentes ou por vêzes, são
acrescentados fatores de risco ergonômicos e psicossociais decorrentes da organização do trabalho .responsáveis
pela pordução do adoecimento. Neste caso, torna-se necessário buscar o auxílio da Ergonomia, da análise
ergonômica do trabalho, para identificar os momentos críticos no processo produtivo, potencialmente geradores de
doença, e definir as intervenções para que estes sejam modificados ou corrigidos.
Sobre as medidas organizacionais e gerenciais a serem adotadas visando a melhoria das condições
de trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores, particularmente para a prevenção dos transtornos mentais e do
sofrimento mental relacionado com o trabalho e das LER/DORT sugere-se que sejam consultados o Capítulo 10
(Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho) e o Capítulo 18 ( Doenças do Sistema
Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo Relacionadas com o Trabalho).
As medidas recomendadas visando a melhoria das condições de trabalho podem ser resumidas
em:
o aumento do controle real das tarefas e do trabalho
por parte daqueles que as realizam;
o aumento da participação real dos trabalhadores nos
processos decisórios na empresa, e facilidades para sua organização;
o enriquecimento das tarefas, eliminando as atividades monótonas e repetitivas e
as horas extras;
o estímulo a situações que permitam ao trabalhador o sentimento de que
pertencem e ou de que fazem parte de um grupo;
o desenvolvimento de uma relação de confiança entre trabalhadores e demais
integrantes do grupo, inclusive superiores hierárquicos;
o estímulo às condições que ensejem a substituição da competição pela cooperação
Vigilância em Saúde Ocupacional
1. Entende-se por saúde do trabalhador o conjunto de conhecimentos oriundos de
diversas disciplinas, como Medicina Social, Saúde Pública, Saúde Coletiva, Clínica Médica, Medicina do
Trabalho, Sociologia, Epidemiologia Social, Engenharia, Psicologia, entre tantas outras, que – aliado ao
saber do trabalhador sobre seu ambiente de trabalho e suas vivências das situações de desgaste e
reprodução – estabelece uma nova forma de compreensão das relações entre saúde e trabalho e
propõe uma nova prática de atenção à saúde dos trabalhadores e intervenção nos ambientes de
trabalho.
2. Esse conceito situa-se no quadro geral das relações entre saúde e trabalho e
apresenta-se como um modelo teórico de orientação às ações na área da atenção à saúde dos
trabalhadores, no seu sentido mais amplo, desde a promoção, prevenção, cura e reabilitação,
incluídas, aí, as ações de vigilância sanitária e epidemiológica. Esse modelo vai orientar a aplicação do
conhecimento técnico oriundo das disciplinas que se atêm a este campo e que foram exemplificadas
anteriormente. O estudo dos modos de desgaste e reprodução da força de trabalho apresenta uma
influência fundamental do materialismo histórico. A metodologia que orienta esse estudo estabelece a
análise dos impactos dos ambientes e das formas de organização e gestão do trabalho na vida dos
trabalhadores a partir da determinação histórica e social dos processos de saúde e doença (Laurell e
Noriega, 1989).
3. O termo surge no Brasil no bojo do Movimento pela Reforma Sanitária, que se
intensificou no país a partir da década de 1980, tendo, na Reforma Sanitária Italiana, seu exemplo
inspirador (Teixeira, 1989). A união dos esforços de técnicos de saúde ligados às universidades e ao
Ministério da Saúde com os trabalhadores, dentro da emergência do Novo Sindicalismo, estabeleceu
as bases desse conjunto de saberes e práticas denominado Saúde do Trabalhador. Ela nasce como
contraponto aos modelos hegemônicos das práticas de intervenção e regulação das relações saúde-
trabalho da Medicina do Trabalho, Engenharia de Segurança e Saúde Ocupacional. A modificação da
terminologia dos serviços de atenção à saúde de Serviços de Medicina do Trabalho e/ou Saúde
Ocupacional para Serviços de Saúde do Trabalhador segue uma tendência mundial nos países que
passaram por movimentos semelhantes, como nos aponta Parmeggiani (1987). O momento culminante
de mobilização popular pela saúde do trabalhador no Brasil dá-se na VIII Conferencia Nacional de
Saúde, em 1986, e na I Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, também em 1986. a afirmação
do movimento dentro do campo institucional acontece na IX Conferência Nacional de Saúde e na II
Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador em 1994 (Dias, 1994). Consolida-se, dessa forma, como
conceito dentro dos textos legais da Constituição de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080) de
1990. Tem-se a seguinte definição legal no artigo VI da lei 8.080: “conjunto de atividades que se
destina, através de ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da
saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho” (Brasil, 1990).
A característica que diferencia a Saúde do Trabalhador, em seu modelo teórico, é a
afirmação do trabalhador como sujeito ativo do processo de saúde-doença (incluindo aí a participação
efetiva nas ações de saúde) e, não simplesmente, como objeto da atenção à saúde, tal como é tomado pela
Saúde Ocupacional e pela Medicina do Trabalho. Além desse fato, trata-se da construção de um saber e de
uma prática interdisciplinares que se diferenciem de ma ação centrada no conhecimento médico e nos
saberes divididos em compartimentos (Engenharia, Psicologia, Medicina, Enfermagem, Serviço Social, etc.)
na forma de uma equipe de técnicos das várias profissões que não estabelece uma interlocução como,
tradicionalmente, tem-se dado na Medicina do Trabalho e na Saúde Ocupacional, respectivamente.
O estudo da Medicina do Trabalho mostra-nos que ela se diferencia, radicalmente, das análises
clássicas da profissão médica realizadas por Parsons (apud Oliveira, 1995) e Freidson (apud Oliveira, 1995), que
estabelecem, como objetivo da profissão, o bem-estar do paciente e a cura da doença, a partir do modelo de
prática liberal, autônoma e dotada de neutralidade afetiva. Ela surge no contexto brasileiro e mundial a partir da
necessidade de o Estado intervir nas relações capital-trabalho e regulamentar os ambientes de trabalho. O foco
central dessa medicina, como o próprio nome denota, é a “saúde” do trabalho, da produção e, portanto, não é a
saúde do trabalhador. Essa especialidade nasce e se constitui a partir da regulação de um corpo de normas
legais que define sua prática. Não é autônoma, pois desse corpo de leis, que, por sua vez, expressam, como todo
corpo legal, as relações de poder em uma determinada sociedade e, portanto, as relações de classe. Não é uma
atividades liberal, pois a grande parte dos profissionais é empregada de empresas, sindicatos e/ou faz parte do
sistema de saúde pública e vai espalhar as práticas institucionais. Isso, por sua vez, aniquila a possibilidade
afetiva com relação ao trabalhador. Ainda com referência à análise estrutural-funcionalista de Parsons
Freidson, a legitimidade do exercício da Medicina do Trabalho não se cons trói a partir de um consenso social de
que esse conhecimento seja legítimo e, dessa forma, a procura pelo profissional seja espontânea, uma vez que
o trabalhador é obrigado a passar pelo crivo e julgamento de sua aptidão ou incapacidade para o trabalho. Es sa
é uma exigência legal para ter acesso aos postos de trabalho e se constitui na tarefa principal do médico, ou
seja, ser o “juiz” dos mais aptos, para que a produção seja amais “saudável”. Esse objetivo da Medicina do
trabalho encontra-se explicitado em livros-textos básicos para o exercício profissional (Schüller Sobrinho,
1995). A construção do campo da Saúde do trabalhador , como uma reivindicação dos movimentos sindical e dos
técnicos de saúde ligados à reforma sanitária, expressa uma profunda discórdia com o modelo da prática da
Medicina do Trabalho, criticando o envolvimento excessivo dos médicos do trabalho com o Capital. Tal fato
determina ações profissionais classificadas como antiéticas (Augusto, 1987, p. 125; Lurie, 1994), por assumirem,
os médicos, posturas de defesa do Capital em detrimentos da saúde dos trabalhadores. Os teóricos do campo
da Saúde dos Trabalhadores apontam, também, para os limites do conhecimento específico da medicina em
lidar com questões que envolvem o conflito capital-trabalho. O surgimento do termo Saúde do Trabalhador
passa a colocar a saúde dos trabalhadores como principal objetivo da prática nesse campo, ao invés do
julgamento da aptidão para o trabalho.
Apesar de estar definida e normalizada em textos legais, a implantação de fato do modelo
proposto para a saúde do trabalhador – que deve surgir os princípios da universalidade, equidade e
integralidade, tendo como perspectiva o controle social das políticas e dos serviços de atenção à saúde dentro
do Sistema Único de Saúde (SUS) – enfrenta a resistência dos setores hegemônicos da medicina do Trabalho e
da Saúde Ocupacional. Esses segmentos estão enraizados nos serviços médicos das empresas e nas
associações profissionais, assim como dentro de setores do Ministério do Trabalho (Fadel de Vasconcellos,
1994). As principais críticas advindas dos setores tradicionais da Medicina do Trabalho, da Saúde Ocupacional e
da Engenharia de Segurança em relação à Saúde dos Trabalhadores, referem-se ao excesso de influência das
Ciências Sociais e a um envolvimento ideológico à esquerda de seus defensores, por representarem uma
proposta estatizante e socializante para a prática da Medicina (Pereira Junior, 1987). Além desses fatos,
existem todas as dificuldades de implantação do SUS propriamente dito. Trata-se do enfrentamento vivido por
todos os setores que dependem de uma intervenção direta do Estado. Tal confronto é característico desse
momento de uma política de liberalismo econômico e, portanto, de um Estado Mínimo (Vilaça Mendes, 1993). O
Brasil, de certa forma, chegou atrasado na História ao propor uma política de welfare state (bem-estar social),
dentro do modelo social-democrático adotado no pós-guerra na Europa, pois o fez em um momento em que o
mundo está sendo varrido pela onda neoliberal. Sem ter conseguido estabelecer-se e enraizar-se dentro do
sistema público de atenção à saúde, a Saúde do Trabalhador enfrenta as correntes da Medicina do Trabalho e
da Saúde Ocupacional, que se beneficiam de uma intervenção estatal mínima, ficando a relação capital-trabalho
no campo da saúde sem a mediação direta do Estado. Esse é o risco que corre a Saúde do Trabalhador no Brasil
e os modelos similares no resto do planeta. Na França, já existem estudos referentes às conseqüências da
precarização do trabalho – decorrente da flexibilização dos contratos de trabalho – sobre a saúde dos
trabalhadores, como resultado das políticas de liberalismo econômico. (Huez, 1994).