Cultura Espírita No Brasil - Dorothy Jurers Abib
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ISSN 2177-661X Dorothy Jurers Abib 2011
Brazilian Cultural Studies v. 2, n. 2, p. 106-124 , Jul/Set. 2011
Observao o texto foi usado na atualizao do peridico
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CULTURA ESPRITA NO BRASIL
Dorothy Jurers Abib
RESUMO
O Espiritismo nasceu das pesquisas de Allan Kardec,( pseudnimo de Lon Hippolite Denizard
Rivail) com os fenmenos que aconteciam pelo mundo todo , na poca de 1849 em diante e que
consistia nas mesas falantes, que respondiam, por batidas de seus ps, s perguntas formuladas por
algum dos presentes. Kardec, professor, aluno de Pestalozzi, dedicado s cincias e ao ensino, achava
absurdo as mesas responderem com inteligncia e dedicou-se a estudar os fenmenos, que acabaram
com o nascimento do Espiritismo. O Brasil, que na poca era culturalmente dependente da Frana,
logo comeou a receber os livros da nova doutrina em Francs, livros que eram absorvidos pelos
intelectuais famosos da poca, especialmente mdicos, que imbudos dos princpios de caridade que a
doutrina ensinava , atendiam os pobres, atraindo-os com a sua conduta, para o Espiritismo. Apesar de
todas as dificuldades a doutrina espalhou-se pelo Brasil tendo hoje uma posio consolidada.
Palavras-chave: Histria do Espiritismo; Allan Kardec; Bases do Espiritismo
SPIRITIST CULTURE IN BRASIL
ABSTRACT
The Spiritism was born from the researches that did Allan Kardec (pseudonymous of Lon Hippolite
Denizard Rivail) with the phenomenal that happened by all the world from 1849 in front, that is the
speaking table resign the foots to answer questions expressed by any one of the presents. Kardec,
teacher, pupil of Pestalozzi, devoted to sciences and to the teaching considered absurd that the tables
could answer with intelligence and applied one self to the study of the phenomenons, and so the
Spiritualism was born. In that time, the Brazil was culturally dependent of the France, soon it begin to
receive books of the new doctrine in French, they were assimilated by the famous intellectuals of that
time, specially physicians, that are imbued with the charity principles teached by the Spiritism. They
take care of the poors and so aroused linking to the Spiritism by that persons. In spite of all the
difficulties the doctrine was disseminated by all Brazil and to day have one consolidated position.
Key-words: Spititism history; Allan Kardec; Bases of Spiritism.
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INTRODUO
O dia 18 de abril de 1857 considerado
o dia no nascimento do Espiritismo, porque foi
neste dia que veio luz a publicao de O
LIVRO DOS ESPRITOS de Allan Kardec,
pseudnimo do prof. Lon Hippolite Denizard
Rivail. Esta obra foi a consequncia de estudos
e pesquisas realizadas durante mais de trs
anos, por Allan Kardec, dos fatos estranhos que
comearam a ocorrer em Hydesville, EUA, em
1848, e se espalharam como um estopim , por
todo o mundo civilizado da poca.
Desde sempre, os fenmenos de
comunicao do mundo espiritual com o
mundo material, existiram. Scrates j se
referia ao seu daimon, como um esprito que
o orientava. No Velho Testamento, so
inmeras as passagens em que os espritos se
manifestam, como por exemplo em Reis 28:7-
25, o Samuel Saul procura a pitonisa de Endor
e pede a ela que invoque o esprito do Profeta
Samuel, que aparece ao rei e conversa com ele.
Este um dos vrios episdios, em que se
relatam fatos desta natureza. No Novo
Testamento, tambm so vrias as situaes em
que tal fato acontece, como por exemplo, a
transfigurao de Jesus, que aparece ao lado de
Moiss e Elias(Mt17:1-8; Luc 9:28-36). Nos
Atos dos Apstolos cap. 2, est descrito o
Pentecostes, onde os apstolos falavam em
lnguas estrangeiras e eram entendidos, por
todos (fenmeno que o Espiritismo chama de
Xenoglossia). J na idade mdia Joana dArc
um caso assaz conhecido, e no foi o nico. A
histria da inquisio recheada de casos de
bruxas que foram queimadas, por conversarem
com os espritos.
No sculo XIX, onde de uma maneira
assombrosa, eclodiram as cincias e filosofias,
houve tambm um boom de manifestaes
medinicas. Uma das mais conhecidas e
divulgadas o caso de Hydesville. Rizzini
(1978) refere que Andrew Jackson Davis,
notvel mdium americano, relata que em 31
.3.1848, acordou sentindo um hlito fresco
perpassar por seu rosto e uma voz, terna e
segura dizer-lheIrmo, comeou o bom
trabalho; contempla a demonstrao viva que
se inicia. Realmente, enquanto isso as irm
Fox, de Hydesville, estado de Nova Iorque,
neste mesmo dia, comearam a perceber
pancadas em sua modesta casa, de humildes
granjeiros. Viviam ali, os pais, e as irms Kate,
11 anos, Margaret , de14anos e Leah,
professora de piano em Rochester . A casa em
que moravam era tida como mal assombrada e
durante todo este ms de maro, a famlia foi
atormentada por vrios rudos de origem
desconhecida. Do meio do ms em diante, os
rudos aumentavam, as camas balanavam,
mveis eram arrastados. At que em 31 de
maro de 1848, teve incio a comunicao
ostensiva e deliberada entre encarnados e
desencarnados. A menina Kate, aps um rudo
muito forte, desafia o poder invisvel a repetir
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os golpes que ela daria com seus dedos. E eles
foram repetidos sem erro! Estava iniciada a
comunicao aberta e franca entre os dois
planos de vida, inicialmente por meio de
batidas (Tiptologia). E aquele estranho poder
declara que h cinco anos fora assassinado ali
mesmo por dinheiro e estava enterrado a trs
metros de profundidade, sob a adega; seu nome
era Charles B. Rosma.(O esqueleto humano s
foi procurado e descoberto em 1904).
Numerosas pessoas ouviram os barulhos.
Conan Doyle,(1960) em Histria do
Espiritismo, relata que Robert Dale Owen,
embaixador e membro do Congresso dos
Estados Unidos, entrevistou a famlia Fox
sobre os acontecimentos referidos, que
descreve noum livro Regio em Litgio entre
este Mundo e o Outro.
Em Paris, principalmente, pois a
brincadeira ocorria no mundo todo, a sociedade
se reunia em seres muito frequentados, para
consultar os espritos. As pessoas colocavam as
mos, levemente, sobre mesinhas, em geral de
trip, e a mesa comeava a se movimentar e a
responder as perguntas feitas, atravs de
batidas, que obedeciam a um alfabeto
convencionado.
Kardec era professor formado na Sua,
no Instituto de Yverdon, do eminente educador
revolucionrio Pestalozzi, de quem foi
assistente.Entre os objetivos buscados na
educao em Yverdon estavam:
a liberdade de pensamento; a liberdade
religiosa e a convivncia com os vrios
credos;a religiosidade sem dogmas,
predominantemente moral;a capacidade
de observao emprica dos fenmenos
naturais e da sociedade humana; o
desenvolvimento da linguagem como
expresso precisa e conectada com a
realidade;o desabrochar integral das
potencialidades humanas, resumindo em
mos (ao concreta, desenvolvimento do
corpo e dos sentidos) cabea (intelecto ,
reflexo,conhecimento emprico e terico)
e corao (sentimento,
moralidade,religiosidade): a educao
atravs do dilogo e da ao, da vivncia
interior e da experincia prtica; a
educao pelo amor.(INCONTRI, 2004,
p.25)
Kardec seguia fielmente estes
princpios, nas vrias obras didticas que
publicou em Paris, e nos cursos, muitos
gratuitos, que oferecia aos jovens. Era cientista
e estudioso srio, e interessou-se pelo
fenmeno das mesas que danavam e falavam.
Pensador profundo e observador atento e
racional como ele era, no admitia que um
objeto material tivesse raciocnio para
responder s perguntas feitas pelos presentes
nos encontros de salo, que virou modismo na
poca.
Nascido em 04-10-1804, tinha
cinqenta anos,quando comeou suas
pesquisas, organizando perguntas de fundo
filosfico, cientfico e religioso e espalhou
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estas perguntas por mdiuns srios, de vrios
lugares e pases, obtendo respostas, que depois
de analisadas, comparadas, foram compiladas
por ele no Livro dos Espritos, depois de
constatada a universalidade das respostas, que
era uma condio de que ele no abria mo.
Este livro apareceu num momento em
que o mundo, ps Revoluo Francesa, se
debatia entre ideias opostas, umas, de puro
racionalismo e atesmo, inclusive o
positivismo, negando tudo que no fazia parte
do mundo visvel, e o espiritualismo,
representado pelo catolicismo, que j no
satisfazia as mentes mais inquisidoras da
poca. A insatisfao e busca de outras
perspectivas contriburam para a aceitao das
manifestaes de espritos, abrindo novas
possibilidades de crena e conduta.
interessante observar que o Livro dos
Espritos surgiu em 1857, e ele j fala em
evoluo dos seres, dois anos antes de Darwin
publicar a sua monumental obra sobre a
evoluo. Pode-se dizer mesmo que uma
antecipao do que ao longo do trabalho
darwiniano comprovaria em seguida.
De 1857 a 31.3.1869, (data da morte de
Kardec) portanto em doze anos apenas ele
deixa para a humanidade um conjunto de 5
obras bsicas(chamadas hoje de Pentateuco
Esprita), que aborda todos os rumos do
conhecimento humano, cincia , filosofia,
religio, relaes humanas, noes da vida aps
a morte; O Livro dos Espritos(1857), O Livro
dos Mdiuns (1861), O Evangelho Segundo o
Espiritismo (1864), O Cu e o Inferno (1865),
A Gnese(1868) Publicou ainda obras menores
como : O que o Espiritismo, Introduo ao
Estudo do Espiritismo . Desde 1858 a 1869
(at a sua morte) publicou, dirigiu e escreveu a
maior parte da Revista Esprita Jornal de
Estudos Psicolgicos-que um riqussimo
manancial de conhecimento da doutrina
esprita, pois foi, como dizem alguns
estudiosos, o laboratrio no qual ele trabalhou
para levantar dados, problemas, situaes,
notcias, tudo enfim que interessasse ao
conhecimento desta doutrina. Aps a sua
morte, foram publicados os livros Obras
Pstumas e Viagem Esprita de 1862 com
anotaes e observaes inditas.
Ele sempre fez questo de afirmar que a
Doutrina Esprita no criao sua, mas dos
Espritos que lhes transmitiram as respostas s
perguntas; da o nome do 1 livro: Dos
Espritos. Ele afirma que apenas compilou as
perguntas, ordenou-as pelos assuntos, mas
todas as respostas, mais precisamente 1019,
foram todas enunciadas pelos Espritos, bem
como vrios comentrios de nomes respeitados
de pessoas que j estavam no mundo espiritual.
Ele tambm fez alguns comentrios, no sentido
sempre de esclarecer e aprofundar o
conhecimento. Ele ainda faz questo de
esclarecer que a Doutrina Esprita no apenas
uma religio ou uma cincia ou uma filosofia;
ela um trip que se apoia nestes trs
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conhecimentos: a Cincia, a Filosofia e a
Religio.
Segundo os Espritos, esta Doutrina a
Terceira Revelao (ver a Gnese). A primeira
Revelao, que trouxe ao homem a ideia do
Deus nico a Lei Mosaica. A segunda
Revelao, que trouxe a ideia de Deus-Amor
o Cristianismo, em que Jesus tambm ensinou,
provando-nos, a sobrevivncia do esprito; e a
Terceira Revelao, (que no se funda em um
homem s, Moiss e Jesus,) que traz a
realidade da comunicao com os espritos, a
noo da imortalidade da alma, da evoluo do
esprito, da reencarnao, da pluralidade dos
mundos habitados e uma viso mais profunda
da moral de Jesus, que nos deixou o maior
mandamento: Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao prximo como a si mesmo.
A realidade da comunicabilidade dos
espritos vem trazer a certeza de que a vida
continua; seus relatos da vida de alm tmulo,
os sofrimentos pelos quais passam, decorrentes
dos erros que cometeram, e as alegrias de que
desfrutam, consequncias da sua boa conduta,
so um motivo vvido e racional que impelem
as pessoas a ter em uma conduta compatvel
com o bem. Esta comunicao com o mundo
espiritual tambm confirma a imortalidade da
alma; o esprito nunca morre, eterno. Se ele
eterno e se vive para sempre, depreende-se, por
um exerccio de lgica, que ele evolui, pois
nada na natureza esttico: tudo caminha
sempre para encontrar o melhor.
E como se faz esta evoluo? Atravs
da reencarnao, pois diante de toda uma
eternidade, uma vida muito pouco para
libertar os homem dos vcios, das imperfeies.
preciso viver muitas vidas para se conseguir
crescer como espritos, sendo cada vez pessoas
melhores.
E se os espritos no acabam e precisam
reencarnar para evoluir, claro que s um
mundo habitado no comportaria toda esta
populao. Como diz o filsofo Cortella(2012),
Que uma (espcie de vida) entre trs
milhes de espcies j classificadas, que
vive num planetinha que gira em torno de
uma estrelinha, que uma entre 100
bilhes de estrelas que compem uma
galxia, que uma entre 200 bilhes de
galxias num dos universos possveis e que
vai desaparecer?(pg 26)
Assim lgico e racional que se aceitar
que outros mundos so habitados.
E finalmente, o coroamento supremo da
doutrina esprita o Amor, que uma Lei
natural qual todos devem- se curvar. Deus
Amor e s se cresce quando o amor brilhar em
esprito, pois como diz o apstolo Pedro, na sua
1 Epistola, 4:8 Sobretudo conservem entre
vocs um grande amor, porque o amor cobre
uma multido de pecados. E realmente isto
que a doutrina esprita prega: quando se ama
verdadeiramente, ter desaparecido nas pessoas
o orgulho, o egosmo, a inveja, o dio, e todos
os outros sentimentos negativos que tenha.
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Assim toda a moral da doutrina
fundada na do Cristo. uma regra, na doutrina,
o que at merece um captulo do Evangelho
Segundo o Espiritismo que FORA DA
CARIDADE NO H SALVAO.
Os Espritos ainda disseram que o
Espiritismo o Consolador prometido por
Jesus, em JO 14:15-17;26, quando Ele diz :
Se me amais, guardai os meus
mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele
vos dar outro consolador, para que fique
eternamente convosco, o Esprito da
verdade, a quem o mundo no pode
receber, porque no o v, nem o conhece,
mas vs o conhecereis, porque ele ficar
convosco e estar em vs..... Mas o
Consolador, que o Esprito Santo, a
quem o Pai enviar em meu nome, vos
ensinar todas as coisas e vos far lembrar
de tudo o que vos tenho dito.
muito interessante o raciocnio
lgico que Kardec mostra em A Gnese,(cap
17,12) ao analisar o Consolador prometido.
Ao se analisar isto pode-se perguntar:
qual a doutrina filosfica ou religiosa oferece
tanto consolo? Qual doutrina acalenta, na hora
da perda de um ente querido, quando se tem a
certeza de que ele continua a existir, e pode a
qualquer momento, com a permisso de Deus,
vir comunicar-se com os vivos? Qual a
doutrina que ajuda a suportar a infausta notcia
de que a prpria pessoa, ou um ente querido
est condenado por uma doena incurvel? Por
que a pessoa se aflige pela dor de uma doena
triste, de um trgico acidente? Ou por que j
nascem crianas, desde o bero, portando males
terrveis, ou na extrema misria? O espiritismo
esclarece que Deus Pai de Amor e Bondade, e
tambm tem a Justia perfeita. Como poderia
permitir tanta coisa ruim? Como Ele criou os
seres humanos sendo simples e ignorantes, mas
destinados perfeio precisam evoluir atravs
de vrias existncias, nas quais passam por
muitas experincias, errando e acertando, at
conseguirem um equilbrio maior. E, nos erros
que foram cometendo, muitas vezes,
prejudicando o outro e a prpria conscincia,
comeando a despertar para o bem, exige de
todos a reparao dos erros que foram
cometidos: assim, passa- se fome para aprender
a ajudar o que tem fome, passa-se por
crueldades, para aprender como a crueldade
ruim, passa- se por doenas tristes, para
aprender a pacincia, a valorizar a sade, que
muitas vezes, desperdia-se em vida de
exageros. Assim, de situao em situao,
modificando o estado mental e espiritual, os
homens vo crescendo como espritos, e
tornando-se criaturas melhores.
por isso que Kardec afirma que o
objetivo principal do Espiritismo a melhora
da sociedade, atravs da melhora de cada um.
Kardec ainda afirmava que se a cincia
descobrisse novas coisas, a doutrina
acompanharia a cincia, porque o
conhecimento, como os espritos, evolui
sempre e h que se acompanhar a evoluo.
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So frases lapidares da Doutrina
Esprita: Trabalho, Solidariedade, Tolerncia .
Espritas, Amai-vos e Instrui-vos. Quando
Kardec faleceu, de um aneurisma, no momento
da orao fnebre, proferida por Camille
Flamarion, amigo e seguidor de Kardec, ele
afirma que :KARDEC ERA O BOM-SENSO
ENCARNADO (REVISTA ESPIRITA, 1869).
Kardec foi tambm vtima de
perseguies de todas as maneiras, por
catlicos e ateus. A pior delas foi o chamado
Auto-de-F , em Barcelona. Kardec recebeu
uma comunicao oficial nestes termos:
Hoje,9 de outubro de 1861,s 10,30 da
manh,,na esplanada da cidade de
Barcelona,lugar onde so executados os
criminosos condenados ao ltimo suplcio,
e por ordem do bispo desta cidade foram
queimados trezentos volumes e brochuras
sobre o Espiritismo, a saber: (segue-se a
relao das obras). E continua o relatrio;
Assistiram ao auto de f: um sacerdote
com hbitos sacerdotais, com uma cruz
numa mo e uma tocha em outra, um
escrivo encarregado de redigir o auto de
f....trs serventes da alfndega,
encarregados de alimentar o fogo,um
agente da alfndega representando o
proprietrio das obras condenadas pelo
bispo.
Uma inumervel multido enchia as
caladas e cobria a imensa esplanada onde
se erguia a fogueira.
Quando o fogo consumiu os trezentos
volumes ou brochuras Espritas, o
sacerdote e seus ajudantes se retiraram,
cobertos pelas vais e maldioes de
numerosos assistentes que gritavam:
Abaixo a inquisio.!
Vrias pessoas, a seguir, aproximaram-se
da fogueira e recolheram as suas cinzas.
Uma inumervel multido, enchia as
caladas e cobria a fragmento do Livro
dos Espritos, consumido pela metade. Ns
os conservamos preciosamente, como um
testemunho autntico desse ato de
insensatez
Kardec faz comentrios lcidos a
respeito, inclusive levantando grave questo do
direito internacional, j que os livros entraram
legalmente no pas, passando pela alfndega e
pagando todas as taxas e impostos.Kardec, ao
saber da opinio do Bispo, pediu as
reexportao das obras, o que lhe foi negado. E
o Bom Senso Encarnado, concluiu os seus
comentrios, dizendo que este auto -de f fez
mais pela divulgao do Espiritismo, do que o
fariam as mesmas obras queimadas, e no
tomou nenhuma medida judicial contra este ato
completamente ilegal (Revista Esprita, ano
1861, ms de novembro,pg 338).
E ele tinha razo.
Como no podia deixar de ser, o
Espiritismo, com tanta perseguio e estas
idias inovadoras atraiu a ateno de muitas
personalidades
Entre os contemporneos e
continuadores de Kardec, destacam-se as
figuras de Gabriel Dellane e de Lon Denis,
filsofo, que escreveu obras primorosas sobre a
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doutrina esprita, numa linguagem profunda e
potica. So seus os livros: O problema do Ser,
do Destino e da Dor; Cristianismo e
Espiritismo, O Grande Enigma, O Gnio
Cltico e o Mundo Invisvel; No Invisvel;
Depois da Morte; Socialismo e Espiritismo, O
Porqu da Vida, etc (INCONTRI, 2004).
Defendia o Espiritismo com vigor,
como o fez, no ltimo Congresso Esprita de
que participou, 1925, em Paris, quando
queriam tirar do Espiritismo, a face religiosa,
ao que ele se ops, com tenacidade, apesar da
idade avanada e da doena que logo o levaria.
O famoso escritor Victor Hugo foi
tambm contemporneo de Kardec e um
ardente seguidor do Espiritismo.
Na Europa, Kardec tambm foi alvo de
muito estudo por eminentes figuras; Ernesto
Bozzano, filsofo, publicou , na Itlia , A crise
da morte e Pensamento e Vontade .Csare
Lombroso, famoso antropologista, ctico a
princpio, cedeu s verdades da doutrina o ver
sua me, falecida, completamente materializada
com a ajuda de famosa mdium italiana,
Euspia Paladino.
Nos Estados Unidos, foi publicado um
livro, Was Abraham Lincoln a spiritualist? de
Nettie Colburn Maynard, traduzido por
Wallace L. Rodrigues com o ttulo Sesses
Espritas na Casa Branca onde se documenta
que o presidente americano aceitava
plenamente a comunicao com os espritos e
fazia sesses na Casa Branca, embora estes
fatos no fossem revelados pela mdia.
Na Inglaterra , o mdium Dunglas
Holmes, tornou-se famoso por levitar diante
dos assistentes e produzir materializaes de
espritos e aportes de objetos. O ganhador de
um Prmio Nobel, William Crookes, membro
da Academia Real de Cincias da Inglaterra, foi
incumbido por esta mesma academia de estudar
os fatos espritas para provar que eles eram
fraude. Durante quatro anos, juntamente com
seus assistentes e com o auxlio da mdium
Florence Cook, de apenas 15 anos, franzina e
doentia, que se hospedou na casa do cientista,
j que os trabalhos eram realizados no seu
laboratrio pessoal,conseguiu a materializao
do esprito de Katie King,que exibia um belo
porte fsico. Passeava pela sala apoiada no
brao de Crookes, conversava com todos, foi
fotografada 44 vezes, desaparecia vista dos
assistentes e reaparecia, s vezes, ao lado da
mdium, materializaes estas durante as quais
ele pesava a mdium e o esprito, constatando a
diminuio do peso da mdium, Florence, em
400 ou 500 gramas, pela doao do seu fluido
de ectoplasma para haver a materializao,
enquanto o esprito materializado, pesava 400
ou 500 gramas, o mesmo peso que faltava
mdium; suas pulsaes eram aferidas,
batimentos cardacos, todas as caractersticas
investigadas, sempre divergiam, na mdium e
no esprito materializado. Crookes chegou a
cortar tecido do vestido do esprito, que era
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bem mais alto que a mdium, e o tecido
persistiu, mesmo aps a desmaterializao,
tendo sido tambm estudado pelo cientista. Ele
escreveu um livro, detalhando todas as
experincias, realizadas sob o mais rgido
controle cientfico, sob o nome de FATOS
ESPRITAS. Seu relatrio no foi aceito pela
Real Academia. Outro famoso estudioso, que
se interessou por estes fenmenos foi o bilogo
Alfred Russel Wallace,bem como o fsico Sir
Oliver Lodge, que num discurso em 22.11.1916
encerra-o com as seguintes palavras: Concluiu
que a sobrevivncia estava cientificamente
provada (INCONTRI, 2004).
Outros nomes de respeito no meio
cientfico se somam a estes: Crawford (fsico),
Verley (engenheiro), Barret ( fsico),
Hislop(lgico e tico) Myers (psiclogo),
Mapes e Hare (qumicos), Barkas (gelogo,
Morgan(matemtico), Gibier (microbiologista),
Flammarion (astrnomo), Zoellner
(astrnomo), Ochorowicz (psiclogo), Geley
(Bilogo), Faraday (fsico), Baro de
Reichenbach (sbio qumico austraco),
Morselli (neurologista) e Charles Richet
(mdico e fisiologista). Sobre Richet,
interessante saber que ele foi o criador da
METAPSIQUICA , definida por ele, como
cincia que tem por objeto fenmenos
mecnicos ou psicolgicos devidos a foras que
parecem inteligentes ou a poderes
desconhecidos, latentes na inteligncia humana
.Contudo, ao final da vida, ele afirma:
A explicao esprita muito simples.
Poder-se-ia dizer que ela se impe pela
simplicidade e mais adiante acrescenta:
No hesito em afirmar que esta
explicao a mais simples e todas as
outras empalidecem ao lado
dela.(RIZZINI, 1978, p.40 )
Outro nome que no pode ser esquecido
o de Albert de Rochas, diretor do Instituto
Politcnico de Paris, pesquisador que escreveu
o excelente livro Exteriorizao da
Sensibilidade, traduzido por Jlio de Abreu
Filho, e publicado pela editora Edicel.
No sculo XX, o Espiritismo sofreu
uma decadncia na Europa e nos Estados
Unidos. Nos estados Unidos foi completamente
desvirtuado, mas os mdiuns continuaram a
agir, mas tambm usando fraude, ganncia,
cobrando das pessoas crdulas, uma coisa que
Kardec jamais admitiu, pois dizia que a
mediunidade um dom gratuito e portanto: dai
de graa, o que de graa recebeste. Neste
ordenamento dele est embutido o princpio da
caridade. Assim, o mdium, que o
intermedirio entre o plano espiritual e o plano
fsico, jamais pode usar a mediunidade como
fonte de sustento ou de enriquecimento.
Na Europa, a situao assumiu outro
aspecto; as guerras, as dificuldades extremas
afastaram as pessoas da doutrina; em alguns
pases, a ditadura impedia manifestaes
religiosas, como Salazar, em Portugal, Franco
na Espanha, Mussolini, Tito, etc. Nestes pases
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tem-se notcias, de testemunhos de pessoas que
a viveram nesta poca, que o espiritismo era
praticado s escondidas.
O ESPIRITISMO NO BRASIL
O Brasil, por razes histricas e
culturais, recebia da Frana todas as novidades
que apareciam, mesmo porque os nossos
intelectuais iam estudar naquele pas, ou
bebiam o conhecimento atravs de livros
franceses.
A moda das mesas girantes e falantes,
que empolgavam a Amrica do Norte, a Europa
e parte da sia,entrou no Brasil em meados de
1853 . Os singulares fenmenos eclodiram
quase que simultaneamente, na Corte, no Rio
de Janeiro, no Cear, em Pernambuco e na
Bahia.Figuras ilustres da ptria, como o
Marqus de Olinda,os Viscondes de Uberaba e
de Monte Alegre, o Baro de Cairu (Bento da
Silva Lisboa), o Conselheiro Barreto Pedroso, o
monsenhor Joaquim Pinto de Campos, o
magistrado Dr. Henrique Veloso de Oliveira,
o historiador Alexandre Jos de Melo Morais, o
Dr. Sabino Olegrio Ludgero Pinho, o prof,
Dr..Jos Maurcio Nunes Garcia, os Generais
Jos Incio de Abreu Lima e Pedro Pinto, etc,
foram alguns dos homens notveis da poca
interessados na observao e no estudo dos
incipientes fenmenos espritas, ento
complementados por assombrosos diagnsticos
e curas de doenas que se obtinham por
intermdio de sonmbulos, e de cuja
veracidade deram testemunho inmeros outros
polticos, mdicos e pessoas gradas na
sociedade, conforme o noticirio publicado nos
jornais daquele tempo
(WANTUIL,1981,pg563).
Mas foram as mesas falantes e girantes,
em torno das quais se reuniam as senhoras e
senhores da sociedade, que assim se divertiam,
que atraiu, como no resto do mundo a ateno..
O Dr.J.Grasset chama de poca herica das
mesas girantes, o perodo de gestao do
espiritismo. Da Corte de 1860, um ilustrado
francs, o Prof.Casimir Lieutaud, poeta e
contista, diretor fundador de um Colgio, onde
lecionava a lngua francesa, autor do
apreciadssimo Tratado Completo da
Conjugao dos Verbos Franceses, Regulares
e Irregulares (1859) dava a pblico a primeira
obra de carter esprita impressa no Brasil ( e
qui: na Amrica do Sul) Les temps sont
arrivs. Seguiu- se a esta , em portugus, a
brochura de Allan Kardec intitulada O
espiritismo na sua mais simples expresso
traduzida do francs por Alexandre Canu. Trs
edies sucessivas, todas impressas em Paris,
saram em 1862, o mesmo ano do lanamento
da 1 edio francesa, fato este que chamou a
ateno do Codificador. (WANTUIL, 1981,pg
564)
Assim, poucos anos aps a publicao
do Livro dos Espritos, que trazido para o
Brasil era lido, em francs, por muitos
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intelectuais da poca. Mentes luminosas como
Bittencourt Sampaio, Guillon Ribeiro, Bezerra
de Menezes, Joaquim Carlos Travassos, Luis
Olmpio Teles de Menezes logo abraaram a
doutrina esclarecedora, que lhes atendia s
inquisies mais profundas.
O Dr. Joaquim Carlos Travassos,
renomado mdico, filho de portugueses, foi o
primeiro brasileiro a traduzir, sob o
pseudnimo de Fortnio, o Livro dos Espritos
para o portugus, a partir da 20 edio
francesa, publicado em janeiro de 1875, pela
primeira editora de obras espritas no Brasil, a
BL Garnier, fundada em 1844, no Rio de
Janeiro, por Baptiste-Louis Garnier, um jovem
empreendedor de 21 anos, recm chegado da
Frana. O Dr. Travassos traduziu ainda outras
obras de Kardec e mantinha correspondncia
em francs, com o Sr. Leymarie, que assumira
a direo da Revista Esprita
(WANTUIL,1981,407).
Na Revista Esprita de 1864,ms de
Julho, Kardec publica uma crnica extrada do
Jornal do Comrcio do Rio de Janeiro,
publicada em 23 de setembro de 1863 e faz o
seguinte comentrio final:
Constatamos com satisfao que a ideia
esprita faz sensveis progressos no Rio de
Janeiro,, onde conta numerosos
representantes fervorosos e devotados. A
pequena brochura O Espiritismo em sua
expresso mais simples, publicada em
portugus, no contribuiu pouco para ali
espalhar os verdadeiros princpios da
doutrina.(Revista Esprita-1864, 211-212)
Na Bahia, a figura luminar de Olmpio
Teles de Menezes fundou o Grupo Familiar do
Espiritismo., em 17 de setembro de 1865,
considerado o primeiro e legtimo agrupamento
de espritas no Brasil, destinado igualmente a
orientar a propaganda e incentivar a criao de
outras sociedades semelhantes pelo resto do
pas. Menezes, ao lado de valorosos
companheiros j tinha entrado em lutas
ferrenhas com a Igreja, atravs do Arcebispo,
que queria impedir as publicaes que ele fazia
no jornal A poca Literria, fundado por ele.
Na revista Esprita, de novembro de 1865,
Kardec expressou, em torno do fato, a justa
satisfao que lhe ia na alma, projetando-se
assim, pela primeira vez, no cenrio mundial, o
nome do Brasil.(WANTUIL, 1981 pg.568).
Teles de Menezes fundou ainda, o Eco dAlm-
Tmulo, em 8 de maro de 1869, o primeiro
jornal esprita que se consagraria s aos
interesses da doutrina.
Como se percebe, o Espiritismo, desde
os primeiros tempos aclimatou-se muito bem
no Brasil, constituindo hoje o maior
contingente esprita do mundo e do Brasil que,
a partir de fins do sculo passado, irradia-se
pelo mundo do sculo XXI.
Aqui se encontra uma grande questo:
por que o Brasil assimilou to bem a doutrina, a
ponto de hoje contar com 3.800 milhes de
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espritas, de acordo com o ltimo censo do
IBGE (2010). Estima-se que este nmero deve
chegar a 20 milhes, porque muitos, embora
frequentem os centros espritas, acreditem na
reencarnao, por tradio, ainda se declaram
catlicos ou protestantes. Segundo a Federao
Esprita Brasileira h 14.000 centros espritas
cadastrados.
preciso procurar a resposta questo
acima colocada, na formao do povo
brasileiro.
Segundo o socilogo paulista Reginaldo
Prandi, professor da USP, autor de Os mortos
e os vivos, da Editora Trs Estrelas:
Quando o espiritismo se
constituiu no Rio de Janeiro e na Bahia,
voc j tem ali as religies afro-brasileiras,
funcionando a todo o vapor e toda a
tradio indgena, dos pajs e da pajelana,
do xamanismo, a idia de que os espritos
ajudam. De um lado voc tem isto. De
outro lado tem uma intelectualidade que
queria se libertar da dominao catlica
(http://www.iphi.org.br/sites/filosofia_brasil/Darcy_
Ribeiro_-_O_povo_Brasileiro-
_a_forma%C3%A7%C3%A3o_e_o_sentido_do_Bras
il.pdf, Recuperado em abril de 2013.)
Incontri (1995), considera que um dos
aspectos do povo brasileiro, que favoreceu o
desenvolvimento do espiritismo que:
Somos um povo medinico, naturalmente
interexistencial, um povo de f talvez
pelas heranas indgena e africana, talvez
tambm porque tm se reencarnado aqui
espritos j com uma sensibilidade flor
da pele. E isto no se pode atribuir
ignorncia, falta de escolaridade, como
poderiam pretender os que so avessos
idia da espiritualidade. Mesmo entre
aqueles que se deixaram convencer pelo
discurso do materialismo nas
universidades de maior renome, rarssimos
so os inteiramente refratrios idia
religiosa.....O antroplogo norte-americano
David Hess(1991) revela a mesma
impresso, notando a quantidade de
intelectuais brasileiros que acabam
mostrando qualquer inclinao religiosa.
Diramos que esta predisposio cultural
ou espiritual do povo brasileiro favorvel
ao enraizamento cada vez maior do
espiritismo,, permitindo uma vivncia
medinica que embase as convices
filosficas e religiosas. (INCONTRI, 2004,
pg.124)
Na obra Religiosidade
Enfoques diversos de Geraldina P. Witter (org-
2009), encontra- se vastas informaes de
como a religiosidade presente na vida das
pessoas, nas mais variadas situaes, idades,
apresentando dados de pesquisa nacionais e do
exterior, algumas indicativas de atuao
concomitante em amis de uma religio, ou
mudanas ao longo da vida.
Darcy Ribeiro, coloca que a grande
presena no Brasil, de 1851 a 1930, de
contingentes migratrios, que influenciaram na
constituio racial e cultural das reas sulinas,
no teve maior relevncia na fixao das
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caractersticas da populao brasileira e da sua
cultura. Quando comeou a chegar a populao
nacional j era to macia numericamente e to
definida do ponto de vista tnico, que pde
iniciar a absoro cultural e racial do imigrante
sem grandes alteraes do conjunto. O Brasil
nasce e cresce como um povo novo, afirmando
cada vez mais essa caracterstica em sua
configurao histrico-cultural. O assinalvel
no caso brasileiro que, por um lado, a
desigualdade social, expressa racialmente na
estratificao pela posio inferiorizada do
negro e do mulato e por outro lado, a
homogeneidade cultural bsica, que transcende
tanto as singularidades ecolgicas regionais,
como as marcas decorrentes da variedade de
matrizes raciais, como as diferenas oriundas
da provenincia cultural dos distintos
contingentes. O conjunto, plasmado com tantas
contribuies essencialmente uno enquanto
etnia nacional, no deixando lugar a que
tenses eventuais se organizem em torno de
unidades regionais, raciais ou culturais opostas.
Uma mesma cultura a todos engloba e uma
vigorosa auto definio nacional, cada vez mais
brasileira, a todos anima (RIBEIRO, pg. 243)
Socilogos e antroplogos reconhecem
a capacidade brasileira de convivncia pacfica
entre diferentes religies, culturas e etnias. O
Brasil tem, verdade, uma dvida histrica
para com os indgenas e negros, que passaram
por processos de escravido, extermnio,
aculturao, discriminao social etc. Mas
ainda se comparado com outros pases da
Europa e das Amricas, no possvel negar
que o Brasil se mostra mais acolhedor com
diferentes etnias, mais flexvel na convivncia
de diferentes religies, mais aberto e
ecumnico. Esta tendncia histrica do
brasileiro ser fundamental para a criao de
uma conscincia religiosa universalista, para a
qual o espiritismo tem uma grande contribuio
a dar. ( INCONTRI, 2004, pg 124).
Estas caractersticas que fazem do
povo brasileiro, um povo diferente, j mostrava
seus aspectos definidos, em fins do sculo XIX
e a pobreza constitua um grande contingente,
principalmente aps a abolio da escravatura.
Ex-escravos no tinham como sobreviver,
viviam pelas ruas , na ociosidade necessitados
de tudo. (ABIB -2004) . Por outro lado, os
intelectuais, principalmente mdicos,
assumindo o Espiritismo, abraavam esta
pobreza sem recursos, atendendo-os, dando-
lhes remdios e o Evangelho Segundo o
Espiritismo, que condena todo e qualquer tipo
de discriminao. Nas biografias destes
personagens, encontra- se um Bezerra de
Menezes que d o seu anel de grau de mdico a
uma me para que compre os remdios de que
seu filho precisava, porque ele no tinha, no
bolso, nenhum dinheiro. E este caso no
nico. Todos os mdicos que aderiram ao
Espiritismo atendiam , de graa, a esta pobreza
abandonada, como se infere das biografias
destas personalidades.
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Consequentemente, estes pobres
buscavam o motivo desta bondade quase
desconhecida, e o encontravam no Espiritismo,
que com isso se tem esparramado pelas
diversas classes sociais, desde os intelectuais
aos mais miserveis dos cidados.
Em Mato, avulta a figura de Caibar
Schutel, farmacutico, que do Rio de Janeiro,
instalou-se na pequena povoao paulista,
levando-lhe as bnos de sua bondade.
Contribuiu de modo positivo para que o
povoado se elevasse a municpio, tendo sido o
primeiro presidente de sua Cmara Municipal ,
cargo equivalente hoje a Prefeito(1889) Era
respeitado por todos, chegando a comprar com
seus prprios recursos o prdio para a
instalao da Cmara Municipal. Leopoldo
Machado em sua obra Uma Grande Vida
(1952) afirma que Mato o perdeu, e o poltico
sem perder o bem feitor e alm disso ganhou
um apstolos.
Converteu-se ao Espiritismo e em 15 de
julho de 1905 fundou o Centro Esprita
Amantes da Pobreza, atual Centro Esprita O
Clarim, o primeiro em toda a regio daquela
zona paulista e em 15 de agosto de 1905,
fundou o jornal O Clarim, jornal mensal que
referncia at hoje no meio esprita. Em 15 de
fevereiro de 1925 lanou a Revista
Internacional do Espiritismo que est no ano
LXXXVIII, nmero 3, em abril de 2013 e hoje
o rgo oficial do Conselho Esprita
Internacional (CEI), publicada em vrias
lnguas. Ajudava os pobres, dando-lhes
remdio de graa, reservava na sua casa local
para acolher doentes. Recebeu o ttulo de Pai
da Pobreza, escreveu muitos livros e sustentou
muitas polmicas religiosas com os padres da
sua poca.
Em Sacramento, Minas Gerais, nasceu
outra figura maravilhosa, Eurpedes Barsanulfo
em 1880 e a faleceu em 1918. Mdium
exemplar, produzia curas admirveis e era
procurado por muitas pessoas, de todas as
regies. Fundou o Grupo Esprita Esperana e
Caridade, de que, em 2 de abril de 1907, se
originou o Colgio Esprita Allan Kardec,
cuja matrcula chegou a 200 alunos. Milhares
de pobres e rfos, receberam ali uma educao
primorosa, gratuitamente. Seu trabalho, na
educao reconhecido e o primeiro Colgio
Esprita do Brasil, talvez do mundo, funciona
at hoje, como exemplo de educao
diferenada.
O surgimento do mdium Francisco
Cndido Xavier outro fator importantssimo
na doutrina esprita no Brasil. Nascido em
Pedro Leopoldo, Minas Gerais a 2 de abril de
1910, faleceu em Uberaba a 30 de junho 2002.
Estudou at o 4 ano primrio trabalhou durante
32anos na Escola Modelo do Ministrio da
Agricultura, em Pedro Leopoldo e em Uberaba
e sempre viveu do seu salrio. Segundo o Prof
Rubens Romanelli foi o maior autodidata que
conheceu.
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Sua primeira obra psicografada
Parnaso de Alm Tmulo, escrita por 56 poetas
desencarnados, brasileiros e portugueses, entre
1931 e 1932. Esta obra, levada por um amigo
Federao Esprita Brasileira foi logo publicada
e gerou exaustivos exames de literatos e
especialistas e todos confirmaram a temtica, o
estilo , o vocabulrio etc dos poetas que ali se
apresentavam.
Escreveu mais de 400 obras, conhecidas
no mundo inteiro e muitas traduzidas para
ingls, francs, esperanto, espanhol, japons,
alemo russo, tcheco, italiano, grego, hngaro e
polons, sendo que todos os direitos autorais
foram doados a instituies de caridade: ele
no usufruiu de um centavo.
Cientistas do mundo todo, que
pesquisam estes fatos, submeteram Chico a
exaustivos exames, todos confirmaram a sua
autenticidade. A primeira dissertao de
mestrado, que tem o Chico por tema a da
ProfAngela Maria de Oliveira Lignani (2002)
na Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Hercio Marcos, em sua obra Lealdade,
Ed. IDE relata que, com base em mensagem
psicografada de Chico, o MM Juiz da causa
absolveu o ru, depois que a assinatura da
mensagem da vtima inocentado o ru, foi
autenticada por peritos de grafia.
Os livros de Chico abrangem vrios
aspectos do conhecimento humano; muitos dele
explicam coisas, que s recentemente, a cincia
comprovou. Os livros de cartas de alm-tmulo
so muito procurados, pois ele consolou
milhares de pessoas que iam sua procura, em
busca de notcias de seus queridos
desencarnados e as cartas recebidas eram
selecionadas e publicadas.
Pode- se afirmar , sem medo de erro, que
a Cultura Esprita no mundo e no Brasil, se
divide em duas eras: antes e depois de Chico
Xavier.
A cultura esprita no Brasil , e quando se
diz no Brasil, diz-se no mundo, j que o
espiritismo l fora tmido e importado do
nosso Pas, tem um cunho mais religioso,
embora na origem, Kardec fazia questo de
esclarecer que ela uma doutrina cientfica,
filosfica e religiosa.
Como se explica esta questo? Incontri
(2004) esclarece que o caldo cultural da
histria brasileira predominantemente
religioso- leia-se catlico), com pouca tradio
cientfica e filosfica, porque enquanto as
universidades, nas Amricas (do norte, do sul e
central) j existiam desde o sec XIX (Mxico,
sec XVI e Harvard, nos EUA do sec XVIII,
no Brasil, s no sec XX elas comearam a
surgir. E nas universidades que
tradicionalmente tm-se desenvolvido as
cincias e tem-se proposto os movimentos das
idias filosficas. Tambm a instruo popular
altamente deficiente. Nas duas pontas do
processo cultural e educativo o Brasil ficou
margem da histria durante cinco sculos: na
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ponta da pesquisa acadmica e na ponta da
instruo pblica. A primeira desenvolve a
cincia e a segunda pode fazer o povo crtico e
consciente politicamente. Pode- se formular a
hiptese de que o Espiritismo cresceu no
Brasil, pelas influncias medinicas dos povos
indgenas e africanos. Mas foi por causa da
herana catlica e de ausncia de tradio
cientfico-filosfica e pedaggica, que o
espiritismo assumiu no Brasil apenas o carter
de religio, em que pesem alguns expoentes do
pensamento esprita brasileiro que
compreenderam o seu verdadeiro carter.
Atualmente, apesar de tantas
dificuldades enfrentadas, o espiritismo assume
um papel na cultura brasileira., exportando o
espiritismo para o mundo tambm. Graas aos
livros de Chico Xavier e o incansvel desvelo
do mdium baiano Divaldo Pereira Franco, que
transformou o mundo sem fronteiras para a sua
divulgao do espiritismo, existe hoje o
Conselho Esprita Internacional, sediado em
Paris, que promove Congressos Internacionais
pelo mundo todo, sendo ltimo realizado em
maro do corrente ano (2013) em Cuba, que se
diga de passagem o reduto mais antigo do
Espiritismo na Amrica do Norte. A CEI ainda
tem um canal de TV no Brasil que transmite ao
vivo, os congressos e atividades realizados,
palestras seminrios, permanecendo no ar,
muitas horas por dia alm de sites de jornais e
revistas na Internet, blogs etc.
Em cada estado do Brasil h uma
Federao Esprita estadual, que congrega os
centros espritas da regio, promovendo
congressos, seminrios workshops, semanas
espritas, Feiras de livros, eventos espritas
noticiados por jornais de grande circulao, no
meio interessado. As atividades todas tm,
como pblico alvo no s os adultos,mas
crianas e jovens.
Na parte artstica h corais, teatros,
peas teatrais e filmes produzidos com a
temtica esprita, alm de exposio de quadros
de pinturas medinicas. O mercado editorial
esprita o que mais livros vende, tanto o
interesse despertado. A Feira Anual do Livro
de So Bernardo, neste ano chegou a vender 10
mil exemplares. Segundo Prandi poucas
religies tm relao to forte com os livros e
a leitura.
Os centros espritas tm muitas
atividades de assistncia social: creches, lar
para rfos e idosos, enxoval da me pobre etc.
Em alguns h cursos de alfabetizao de
adultos, ensino profissionalizante(em parceria
com o Senai), etc. Alguns centros tambm
fundaram hospitais de fogo selvagem ,
hospitais psiquitricos. Os atendimentos so
todos gratuitos. Nos casos de hospitais h
convenio com o SUS.
A despesa com todas estas atividades
assumida pelos centros, cuja receita provm
dos associados (a menor parte) e das atividades
voluntrias dos seus freqentadores, como
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almoos e jantares beneficentes, bazares de
artesanato, lanchonetes, feiras do livro, livrarias
fixas nos centros, etc.
Apesar do carter mais religioso que
professam, no se comemoram festas
religiosas, exceto o Natal, em alguns centros.
Comemora-se em geral, o dia da fundao da
casa e h comumente a semana esprita, com
atividades mais culturais, como palestras,
debates, exposies.
Existe entre os espritas um lema
importante: Educar para Evoluir. Ento a
preocupao com a educao grande, baseado
na Pedagogia Esprita, da qual o nosso maior
expoente o filsofo Jos Herculano Pires
(1985), que tem uma obra exatamente com este
ttulo: Pedagogia Esprita, da editora Edicel.
A educao esprita oferecida nos
centros espritas, acontece em cursos sobre a
doutrina (iniciativa pioneira da Federao
Esprita do Estado de S. Paulo, desde a sua
fundao,nos idos de 1936 ) e de Evangelho,
em geral com aulas semanais e cursos de
durao variada. Mas ela se espraia por todas
as atividades de cada Centro, no hbito da
disciplina, na vivncia diria dos preceitos e da
tica esprita, na convivncia harmoniosa e
pacfica com todos.
No Paran h uma Universidade
Esprita, muito procurada. As Faculdades
Integradas Esprita, orientadas por uma
filosofia espiritualista, tica e crist, face s
necessidades da sociedade contempornea, tem
por misso desenvolver e difundir o
conhecimento cientfico e cultural,
promovendo a formao integral de
profissionais comprometidos com o Ser
Humano e a Natureza, priorizando os conceitos
fundamentais da filosofia educacional esprita e
a fraternidade em todos os nveis de relao.
No Brasil, crescem ainda as Associaes
dos vrios profissionais espritas, como a AME
( Ass. Mdica Esprita) de cunho mais
cientfico e que est sendo implantada em
vrios pases da Europa e nos EUA, a AJE
(Ass.de Juristas Espritas) e associaes de
Magistrados, Delegados de Polcia, de
Psiclogos, de Fonoaudilogos, de
Fisioterapeutas, de Artistas, etc todas espritas.
Estas associaes, alm de se dedicarem ao
estudo e divulgao da doutrina, promovem
meios especficos de ao, dentro de suas
especialidades. A jurdica, por exemplo,
oferece servios de orientao legal aos centros
espritas, como estatutos e outras, e procura
tambm trabalhar junto ao legislativo, em leis
que de alguma forma sejam afetas doutrina. A
dos psiclogos estuda tambm as
possibilidades de terapia de vidas passadas. E
assim, cada uma nas suas especialidades vo
buscando o lado mais cientfico e filosfico da
doutrina.
Enfim, a doutrina esprita levanta o vu
do conhecimento e descortina para o homem
uma nova viso do universo e do seu lugar,
dentro dele, a sua origem e o seu destino, como
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ser imortal. O esprita convicto, mesmo diante
de grandes tropeos, no teme o futuro, pois
sabe que, pela bondade de Deus, cumprir o
seu caminho evolutivo, rumo felicidade.
E como no explica Pires( 1991, p. ):
Cada ao, cada sentimento, , pensamento
e anseio das criaturas humanas pesa na
balana de todos os destinos. E isso se
comprova diariamente, na vida particular
e na vida coletiva do homens. No vivemos
por viver, mas para existir na
transcendncia
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