By Búzios Slides Avanço automático "Amanhã será Tomorrow " "Amanhã será Tomorrow" Pedro Bial.
Crise: Ontem e Hoje E...
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Crise: Ontem e Hoje… E
Amanhã?
1
Índice
Índice…………………………………………………………..pág. 1
Introdução……………………………………………………..pág. 2-4
Metodologias de Trabalho…………………………………..pág. 5
Ciclos Económicos…………………………………………...pág. 6-8
Equilíbrio Inflação/Desemprego…………………………….pág. 9 e 10
Efeito Dominó…………………………………………………pág. 10
Intervenção do Governo……………………………………..pág. 11
Globalização Financeira……………………………………..pág. 12
Grande Depressão…………………………………………...pág.13-19
Crise de 1973………………………………………………pág. 20 e 21
Crise de 1997…………………………………………………pág. 22-24
Crise de 2008…………………………………………………pág. 25-31
Crise do Futuro……………………………………………….pág. 32-37
Conclusão……………………………………………………pág. 38 e 39
Bibliografia…………………………………………………….pág. 40
2
Introdução
O nosso tema é as crises económicas e o seu passado, presente e futuro. No
entanto, neste trabalho não nos iremos limitar a contar como foram as crises do
passado, as mais recentes e como serão no futuro. Tal seria pouco ortodoxo,
pouco interessante (para a maioria das pessoas) e nem ilustraria, em boa
verdade, tudo aquilo que aprendemos ao longo deste ano de trabalho. Assim,
torna-se importante falar também do que pode originar uma crise e de como o
sistema económico de um país funciona. Para isso apresentaremos algumas
teorias que sugerem formas de manter um sistema económico estável e outras
que nos alertam para o risco trazido por certos erros que podem ser cometidos.
Nenhuma destas teorias é certa, existem sempre alguns economistas que as
defendem e outros que a elas se opõem, mas é assim mesmo que funciona a
Economia. A Economia é uma ciência que, sendo social, não utiliza o método
experimental, por isso todas as suas teorias são baseadas principalmente em
especulação. Enquanto nas ciências experimentais os cientistas testam a sua
teoria em Economia tal não é possível, não podemos simplesmente aumentar
os impostos apenas para testar se haverá repercussões no consumo, tal não
faria sentido e poria o mundo constantemente em testes para observação que
levariam a um colapso do sistema mundial. Desta forma, para além de não
podermos falar das teorias que apresentaremos como sendo certas ou erradas
(no máximo poderemos dar a nossa opinião), também não poderemos
perspectivar uma crise do futuro com o rigor e precisão que as outras ciências
procuram encontrar. Tal seria impraticável, pretendemos então, apenas, e
através dos conhecimentos que temos adquirido, tentar criar uma hipótese
credível do futuro bem explicada e que procure aproximar-se o máximo daquilo
que mais provável é de acontecer. Iremos utilizar os nossos conhecimentos e a
opinião de grandes economistas que encontrámos em algumas revistas e
jornais.
O nosso trabalho será então constituído por algumas explicações acerca de
crises em geral, como os ciclos económicos e o efeito do dominó para
contextualizar o tema e deixar o leitor bem informado acerca do tema antes de
3
seguir para a parte mais específica do trabalho. Falaremos também de
algumas teorias, como já referimos em cima, acerca do funcionamento da
economia de um país, como por exemplo o equilíbrio Desemprego-Inflação, a
intervenção do Estado na Economia para garantir a eficiência. Depois
partiremos para uma parte mais histórica, falaremos das 3 maiores crises de
todos os tempos, a Grande Depressão, a Crise de 1973 e a Crise de 2008.
Nestas incluiremos algumas opiniões de economistas e as conclusões e lições
a tirar das mesmas. Por fim, teremos a parte final e aquilo que terá mais a
nossa mão, isto é a parte do trabalho que será mais produto do nosso trabalho,
na medida em que ao contrário da história de uma crise do passado não
poderemos encontrar em jornais informação sobre a história de uma crise do
futuro. Poderemos, sim, encontrar algumas teorias de economistas, mas estas
têm de ser devidamente analisadas, comparadas e só depois, com os
conhecimentos que já temos deste tema poderemos criar uma prospectiva de
uma crise do futuro, tentando assim prever “o futuro da economia”. Teremos,
depois, uma conclusão onde iremos referir aquilo que alcançámos com a
realização do trabalho, aí iremos também enfatizar aquilo que de mais
importante referirmos neste trabalho.
Crises
As crises económicas têm assolado o Mundo, frequentemente, desde o
séc. XX. Ao longo do último século, a acção dos Governos e a coordenação
internacional de políticas tentou, sem sucesso, contrariar o “fantasma” das
crises. De tempos em tempos, quase que inexplicavelmente, ocorrem
alterações bruscas no funcionamento da economia Mundial, responsáveis pela
quebra de produção, aumento do desemprego, etc.
No entanto as crises económicas não são um fenómeno exclusivamente
do séc. XX e XXI, já existiam crises económicas em tempos bem mais remotos.
Contudo achamos pertinente abranger apenas este período (XX e XXI), uma
vez que, todas as crises que vamos abordar tiveram consequências globais,
graças ao processo de globalização que tem ocorrido.
O processo de globalização económica/financeira, conduzido
vagarosamente no último século, mas acelerado bruscamente na última
4
década através da revolução da informática e das telecomunicações, contribuiu
significativamente para a proliferação das crises a uma escala Mundial. Uma
das consequências desta globalização é a interligação dos mercados
financeiros, que apesar de apresentar vantagens fantásticas, trouxe consigo a
“semente” da instabilidade, a título de exemplo, a crise que afectou o Sudeste
Asiático no final do séc. XX, que apesar de ter surgido nessa zona do globo,
rapidamente abalou os restantes mercados financeiros mundiais, em
consequência desta interligação entre mercados.
As crises continuam a ocorrer, a cada ciclo económico que passa,
contudo hoje apresentam um agravante perigoso: a velocidade de propagação
e a intensidade da movimentação dos fluxos financeiros, tornando praticamente
impossível o seu controlo.
No nosso trabalho “Crise: Ontem e Hoje…E amanhã?” decidimos
abordar o “Ontem” através das principais crises do séc. XX; a crise de 29 ou
Grande Depressão, a crise de 73’, e a crise asiática de 97’. Crises essas que
marcaram a economia, pela negativa, no último século. Vamos ainda dar
especial atenção ao “Hoje” através da crise que atravessamos, a crise
económica de 2008.
No final e como grande objectivo do nosso trabalho iremos apresentar a
nossa teoria quanto à próxima crise económica Mundial - “ E Amanhã?”. Este
será o capítulo mais pessoal de todo o trabalho, uma vez que não existe
nenhum dado cientificamente comprovado no que diz respeito a esta matéria.
É com base nalgumas pesquisas e no estudo das crises de 29’, 73’ e 97’
e 2008 que vamos realizar a nossa previsão. Pelo que esperamos não estar de
todo errados quanto às possíveis causas, consequências, origem e período
temporal em que a próxima crise se irá desenrolar.
Através do estudo das diferentes crises conseguimos constatar a
existência de alguns comportamentos análogos, como é o caso do papel da
especulação financeira – o acto de aquisição de títulos com o objectivo único
de os vender mais tarde a um preço mais elevado – no surgimento das
mesmas (crises), e do período de crescimento económico que normalmente
antecede as crises financeiras. Tudo isto será analisado adiante.
5
Metodologias de trabalho
O nosso grupo para realizar este projecto procurou organizar-se de
maneira a que cada um trabalha-se numa parte do projecto para assim ser
mais rápida a realização deste projecto, para a sua realização decidimos usar
alguns meios como a Internet, os Jornais, Revistas e alguns conhecimentos de
professores especializados na área da economia de onde tentámos seleccionar
a informação que achámos mais útil para o nosso tema “Crises Económicas”.
Criámos algumas regras dentro do grupo para assim se trabalhar num
bom ambiente e criámos também dentro do grupo alguma calendarização para
assim no final todos terem o seu trabalho realizado e se puder realizar para o
principal objectivo do nosso projecto sem haver algo em falta.
O grupo criou os seus métodos de trabalho para assim permitir uma
maior interacção entre os elementos do grupo e uma maior flexibilidade para a
realização do trabalho.
6
Ciclos Económicos
Os ciclos da actividade não constituem nada de novo na Economia
mundial. Desde o início da era industrial, as nações industrializadas sofreram,
muitas vezes, grandes movimentações na actividade económica, com uma
prosperidade crescente seguida de “pânico” e, depois, de depressão.
Em qualquer crise económica tudo parece ser único, com as suas
dificuldades e interrupções violentas, resultando cada uma de um evento
precipitante único: más colheitas, uma guerra ou uma revolução, retrocesso de
uma tecnologia de ponta. Foi só perto do virar do século que os Economistas
desviaram a atenção da descrição de crises económicas particulares e
exploraram as características comuns destes fenómenos recorrentes.
A agricultura constituía uma grande parte da produção nacional dos
EUA, por isso, os estudos centraram-se nas flutuações do mercado agrícola, os
economistas reuniram dados sobre preços e rendimentos agrícolas e usaram
ferramentas estatísticas para identificarem regularidades e relações entre cada
ano. Para alguns economistas os ciclos da actividade económica na Terra são
resultado de causas exteriores á economia da Terra, desta maneira dizem que
as causas são exógenas (é um impacto exterior) e o seu impacto é mais difícil
de explicar, de prever e de controlar do que se fossem causas
endógenas(gerada dentro do próprio sistema).
Um analista comparou estas flutuações com as de um pêndulo ao qual
se atirem ervilhas intermitentemente dizendo que os projécteis disparados
contra um pêndulo perturbam o seu ritmo, mas ele regressa rapidamente ao
seu movimento regular até que outra ervilha o atinja.
O desenvolvimento da Econometria:
Os primeiros estudiosos dos ciclos de actividade económica seguiram o
processo analítico familiar aos cientistas físicos, avançando e recuando entre
teoria e a informação, e, ultimamente, usando técnicas estatísticas para testar
as suas teorias. O seu esforço originou a econometria: um corpo de estatísticas
para analisar cientificamente o comportamento económico observado.
7
Econometria combina ferramentas matemáticas e estatísticas no sentido de
testar as hipóteses económicas. O seu objectivo é uma teoria económica que
explique com maior precisão o comportamento no mundo real. Os
econometristas começaram as suas carreiras como Matemáticos e Físicos.
Uma das características dos econometristas é a sua preocupação
fundamental pelo bem-estar dos seres humanos. A econometria liga o
pensamento matemático, à relação de causa-efeito dos Físicos e à
preocupação pessoal pelo bem estar dos seres humanos com programas
activos que afectam a actividade económica.
Modelos econométricos:
A primeira tarefa destes econometristas foi a de construir modelos de
comportamento económico. Um modelo é uma visão simplificada da realidade,
incluindo características essenciais do mundo real, mas omitindo detalhes
supérfluos. Um modelo econométrico serve de meio-termo entre a teoria
económica e a actividade económica real. Alguns modelos são só descritivos,
úteis para comparar situações económicas ao nível regional ou cronológico.
Um modelo descritivo serve para fazer simulações.
Os modelos econométricos orientados para a política ultrapassam a
mera descrição e incluem uma função de preferência, definida como uma
equação matemática a ser maximizada por alterações específicas nas políticas
governamentais. Para fazer política económica, o objectivo a ser maximizado é
geralmente o output, emprego, crescimento das exportações, ou qualquer
índice alargado de actividade económica.
A procura de regularidades:
O primeiro Economista a ser descrito como econometrista foi o
Economista norueguês Ragnar Frisch.
Ragnar Frisch baseou-se em ideias anteriores de cientistas como
Evariste Galois, Galois introduziu a ideia de transformação: expressões
matemáticas que descrevem a forma como valores particulares de certos
8
factores se “transformam” em valores particulares de outro, ele acreditava que
através destas transformações os cientistas poderiam descobrir as causas
gerais e princípios subjacentes das coisas – na verdade, as “leis” da natureza.
Frisch caracteriza-se a ele próprio como um amante da sabedoria, e vê
a econometria como um meio de ganhar sabedoria e diz ainda que vê a
econometria como um meio para a sobrevivência. Frisch acredita que a longa
luta evolucionista da história elimina espécies incapazes de indentificar
regularidades no seu meio ambiente. Segundo Frisch, a importância da
econometria é “fazer avançar, com saltos e sobressaltos, a linha de
demarcação a partir da qual temos de confiar na intuição e no sentido do
olfacto”.
As conclusões econométricas que confundem relações causa-efeito são
exemplos daquilo a que ele chama correlação espúri.
Dados retirados de “Como os grandes economistas deram forma ao
pensamento moderno” de Marilu Hurt McCarty
9
Equilíbrio Inflação-Desemprego
Ao estudar este tema encontrámos, nas nossas pesquisas, informação
sobre o equilíbrio inflação-desemprego que nos suscitou um forte interesse e
do qual já tínhamos ouvido falar (no 10º ano na disciplina de Economia).
Achámos que era uma teoria interessante de referir no nosso trabalho escrito,
sendo este sobre crises económicas.
Segundo alguns economistas, existe uma relação de oposição entre o
conceito de inflação e desemprego, ou seja, quando a inflação aumenta há
uma subida no emprego, e quando aumenta o desemprego há uma diminuição
na subida generalizada e sustentada dos preços dos bens e serviços. Assim,
os governos devem tomar medidas de forma a tentar evitar excessos em
ambas as variáveis promovendo um equilíbrio entre estas. A ideia da relação
Inflação-Desemprego foi ilustrada, pela primeira vez, na curva de Phillips.
Nesta, a relação era ilustrada entre inflação dos salários dos
trabalhadores e o desemprego. No entanto, através desta outros economistas
auferiram que a relação existia também entre a inflação dos preços dos bens e
serviços e o desemprego porque o aumento dos gastos com salários obriga a
aumentos dos preços.
Existem obviamente alguns economistas que discordam com esta teoria
e argumentam que a relação não se verifica de facto de uma forma tão certa, o
desemprego existe sempre na orla dos 5%, 6% e que por mais que se aumente
a inflação isso não se alterará. Além disso, dizem que se os governos se
seguirem por esta teoria e utilizarem os preços de bens para combater o
10
desemprego os preços aumentarão mais e mais e o desemprego poderá nunca
diminuir, o que traria consequências nefastas para economia de um país na
medida em que as pessoas sem emprego rapidamente perderiam as suas
poupanças perante os demasiado elevados preços.
No entanto, Paul Samuelson, Prémio Nobel da Economia em 1970,
concorda com a curva de Phillips, e legitima-a porque acredita que um aumento
dos salários irá aumentar o consumo. Esse aumento do consumo vai por sua
vez levar a uma maior necessidade de mão-de-obra para responder à procura.
O Efeito Dominó
O sistema financeiro mundial está de tal forma globalizado que acontece
aquilo a que chamamos efeito do dominó. Existem tantas cedências de créditos
e realização de depósitos entre os diferentes países do mundo que os bancos
se tornam dependentes uns dos outros. E quando um acaba por falir os outros
são imediatamente afectados também. Daí o conceito de dominó. As peças de
dominó, quando juntas, ao caírem, empurram-se umas às outras gerando uma
queda de todas as peças e aqui o mesmo acontece. Quando um banco abre
falência irá empurrar muitos outros bancos para a falência.
Por outro lado a notícia da falência de um banco depressa chega a todo
o mundo devido ao complexo fenómeno de globalização existente no mundo.
Isto por sua vez também vai levar a uma queda da confiança dos investidores
no resto do mundo. Com a diminuição do investimento, consumo, rapidamente
se expandem os despedimentos para procura de lucro e consequentemente o
consumo volta a diminuir e mais uma vez mais despedimentos, um ciclo que
afunda as economias cada vez mais até ao ponto de viragem, o retorno.
Dados retirados de “Como os grandes economistas deram forma ao
pensamento moderno” de Marilu Hurt McCarty
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Intervenção do Governo
Quando falamos em crise existem certos temas que rapidamente vêm a
debate, um deles é se um Governo deve ou não intervir na economia para
tentar garantir o bom funcionamento desta, ou se deve deixar o mercado auto-
regular-se. Até aos princípios do século XX era apoiada no mundo a teoria
liberalista, esta consistia numa não intervenção do Governo na economia,
deixando que a procura e a oferta regularem-se a economia. No entanto, foi
com o surgimento da crise de 1929, em que a oferta excedia a procura, que se
começou a falar mais em Estado Intervencionista. Assim, existem economistas
defensores da não intervenção do Estado, como Milton Friedman, e outros
defensores da intervenção, como Paul Samuelson ou John Maynard Keynes.
Do lado de Milton Friedman, é argumentado que o mercado se auto-
regula e que a utilização de instrumentos como a política monetária pode
perturbar esse funcionamento equilibrado da procura e da oferta. Ele indica que
o apoio do Estado pode ter consequências indesejadas. Por exemplo, quando
o Estado apoia as vítimas de uma inundação está a incentivar as pessoas a
instalarem-se em locais com preços de terra baixos por risco de se alagarem
porque o Estado cobre os riscos. O dinheiro que as pessoas poupam na
compra de um terreno com menos qualidade devia ser utilizado para criar um
seguro contra inundações, mas assim o Estado incentiva a que isto não seja
feito, o que vai provocar desequilíbrios na capacidade do mercado livre de
distribuir terras eficientemente. Por outro lado, a política monetária não tem os
efeitos necessários para combater uma crise piorando a situação. O aumento
da circulação de moeda não baixa as taxas de juro a longo prazo, por isso, não
promove o investimento.
Do lado oposto John Maynard Keynes defendia que o Estado devia
garantir à população a eficiência da economia porque as situações de
concorrência imperfeita, a necessidade de bens públicos, as externalidades,
impedem que o mercado se auto-regule. Cabe ao Estado garantir que ao
interesse lucrativo das empresas é ligado o interesse nacional, procurando que
a população. Hoje em dia, a ideologia mais aceite é esta segunda e já não é
acreditado que o mercado se auto-regula, cabendo ao Estado garantir a
eficiência da Economia e ajudar a ultrapassar os momentos de crise.
12
Globalização Financeira
A globalização é um fenómeno que se verifica em diversos domínios. No
entanto, interessa-nos apenas abordar o domínio financeiro.
Devido à necessidade de se transferir elevados montantes de capitais,
mais rapidamente e com menor custo, temos assistido à supressão das
regulações referentes ao comércio internacional (liberalização), o que acaba
por se traduzir numa maior intensificação da livre circulação de capitais. No
decorrer desta situação surge o mercado financeiro global. Graças a esta
globalização, é hoje possível movimentar grandes quantidades de capitais,
para qualquer zona do globo, numa questão de segundos. Exemplo desta
situação é a acção dos grandes bancos internacionais, que captam depósitos
em diversos países, concedem empréstimos e vendem produtos financeiros em
diferentes partes do Globo1.
Contudo a globalização financeira apresenta um inconveniente, a
desregulação da actividade financeira, que pode conduzir a graves crises
económicas.
Os mercados financeiros estão cada vez mais integrados, mais
interdependentes, graças à desregulação e à globalização, pelo que hoje um
investidor europeu, facilmente investe em mercados asiáticos ou americanos.
Esta integração, associada à desregulação, faz com que a instabilidade
verificada num determinado mercado, se transmita aos restantes, uma vez que
eles se financiam entre si.
A interdependência entre os mercados financeiros é o principal problema
da globalização financeira, pelo que deve ser rapidamente solucionado. Caso
contrário, o mercado financeiro global ficará a mercê dos investidores
internacionais.
1 Economia C 12ºano – Livro da Texto Editores - por Maria João Pais, Maria Da Luz Oliveira,
Maria Manuela Góis e Belmiro Gil Cabrito
13
Grande Depressão
Há aproximadamente 80 anos ocorreu a maior crise económica que o
Mundo já conheceu, a Grande Depressão ou Crise de 29. Ainda hoje não
existe um consenso em relação às causas que lhe deram origem, havendo
quem dê destaque à especulação financeira e quem mencione o excesso de
produção. Ao nosso olhar, devemos ter sempre em conta esses dois factores
para melhor perceber o que levou ao fim dos loucos anos 20.
Antes de tentar explicar o que aconteceu devemos estar cientes do
período que antecedeu a crise. A 1ª Guerra Mundial tinha terminado e a
Europa, que se encontrava completamente devastada, teve que recorrer à
importação de alimentos e outros bens para garantir a sua sobrevivência. Os
EUA rapidamente estabeleceram relações comerciais vantajosas com os seus
aliados europeus. A crescente procura externa impulsionou a Indústria
produtora americana. Com a chegada dos anos 20, também o mercado interno
norte-americano tornou-se dinâmico, graças ao aparecimento de um novo
estilo de vida, o “American way of life”, que assentava em elevados níveis de
consumo pessoal e na posse de bens. Durante os loucos anos 20 o cidadão
comum americano levava uma vida de consumo desenfreado, repleta de bens
materiais. Este período foi também bastante revolucionário no contexto cultural,
artístico e social. (1)
14
Na década de 20 a economia norte-americana cresceu a um ritmo sem
precedentes. Para se ter uma pequena noção, deixamos aqui alguns números.
Entre 1921 e 1923, o produto dos EUA aumentou 10.5% (!) ao ano, e entre
1923 e Junho de 1929 cresceu 3.4%. Um estudo de um economista americano,
J.W. Kendrick, mostra que o período 1919-1929 foi aquele onde a taxa de
produtividade cresceu mais na História dos EUA, atingindo os 3.7% anuais. (2)
Obviamente todo este crescimento industrial e económico concentrava-
se na Bolsa de Nova Iorque (NYSE – New York Stock Exchange). Entre 1922 e
o primeiro semestre de 1929, o índice da Bolsa de Nova Iorque, Dow Jones,
mostrava que as acções valorizaram-se em 218.7%, o que perfaz uma média
anual de 18%. No dia 3 de Setembro de 1929, o Dow Jones atingiu o seu pico
máximo, com 381.17 pontos. No entanto as acções encontravam-se a um
preço acima do seu valor real.
Colapso
Durante a década de 20 a euforia era tal que quase todo o cidadão
americano negociava em bolsa, tendo ou não os conhecimentos necessários
para perceber minimamente como é que os mercados funcionam. Para se ter
noção desta euforia basta referir que uma das principais firmas de corretagem
de Wall Street inaugurou um serviço de compra e venda de acções a bordo dos
transatlânticos que faziam os percursos Nova Iorque – Europa. Este
entusiasmo em torno da bolsa foi a principal razão que levou à
sobrevalorização das acções, e a tornar o NYSE num mercado dominado pela
especulação.
No decorrer da década de 20 a economia europeia estabilizou, e passou
a importar cada vez menos aos EUA. Com esta queda da procura externa as
indústrias norte-americanas não conseguiram vender toda a sua produção, por
Ilustração referente aos “loucos anos 20”
15
sua vez esta situação conduziu à acumulação de excedentes;
consequentemente os preços caíram, a produção diminuiu e o desemprego
aumentou.
A 25 de Março de 1929, a Bolsa assiste a um Mini-Crash,
motivado por uma onda de vendas inexplicável. Em Abril os principais
indicadores económicos norte-americanos são revelados e para
surpresa, alguns desses indicadores encontram-se negativos,
nomeadamente o crescimento económico. A partir daí até Outubro
inicia-se um longo debate, entre aqueles que defendem haver razões
suficientes para o mercado crescer (Banqueiros e alguns economistas
reputados), e aqueles que afirmam que os níveis da Bolsa não passam de
mera especulação (Herbert Hoover – Presidente dos EUA -, Reserva
Federal…). Não obstante os investidores continuam com uma posição bullish
(optimista) no mercado de acções, levando o Dow Jones a atingir o seu
máximo de 381.17 pontos a 3 de Setembro.
Dias depois Roger Babson, um dos poucos economistas respeitados da altura
a defender que o mercado estava dominado pela especulação, afirma que
“mais tarde ou mais cedo, um colapso chegará, e será terrível”. A partir desta
declaração que ficou conhecida como a “Quebra Babson”, o mercado viveu
momentos de verdadeira instabilidade.
No dia 24 de Outubro, que ficou conhecido
como a Quinta-Feira Negra, o volume de vendas, até
ao meio-dia, aumenta exponencialmente. As perdas
atingiram o valor de 5 mil milhões de dólares. Pouco
depois do meio-dia os banqueiros das principais
instituições financeiras reuniram-se e decidiram
injectar dinheiro para a compra de acções tentando
contrariar o comportamento do mercado. No fim da
reunião um dos principais accionistas faz uma
declaração, que acabou por ser descrita no livro de
John Kenneth Galbraith, célebre economista norte-
americano, como “uma das mais extraordinariamente eufemísticas de sempre”
- “ocorreu um ligeiro aumento no volume de venda de acções, devido a uma
questão técnica do mercado e a situação é susceptível de melhorar” - o que é
Roger Babson
John Kenneth Galbraith
16
certo é que o preço das acções nessa tarde subiram, contudo no dia seguinte
os investidores voltaram a vender em massa. O pior estava ainda para chegar,
o fim-de-semana, que dita o enceramento dos mercados até à sua abertura na
segunda-feira. Durante este fim-de-semana as notícias e a informação
circularam em grande escala. Os políticos e alguns economistas tentaram
acalmar a situação, mas o mundo ficou em suspenso a aguardar pela
reabertura dos mercados. Na segunda-feira era oficial, a esperança dos
investidores tinha acabado. A Bolsa de Nova Iorque sofre uma quebra de
22.6%. Na terça-feira 29 de Outubro, ou Black Tuesday, “o dia mais devastador
na história do mercado bolsista de Nova Iorque”, segundo Galbraith, as ordens
de venda sofrem um aumento nunca antes verificado, no final deste dia tinham
sido vendidas 16 milhões de acções e as perdas em dinheiro
chegaram aos 14 mil milhões de dólares, perfazendo um total de
30 mil milhões de dólares, desde quinta-feira, 10 (!) vezes mais que
o orçamento federal anual dos EUA. (2) Esta terça-feira negra
deixa marcas que durarão até perto de duas décadas. A queda no
mercado bolsista prolongou-se até ao dia 8 de Junho de 1932, dia
em que o Dow Jones fecha nos 41.22 pontos o que constitui um
recorde negativo, e só em 1954 é que o índice volta a atingir os
valores históricos obtidos a 3 de Setembro de 1929. Quer isto
dizer, que os investidores que não tivessem vendido as suas
acções, só recuperariam o seu dinheiro 25 anos depois.
Vida pós “Black Tuesday”
As quedas verificadas na bolsa levaram à falência de muitas
empresas, indústrias e instituições financeiras, e por conseguinte o
desemprego aumentou brutalmente chegando aos 22%. Grande
parte da população americana foi afectada, milhares de famílias
ficaram sem casa, por não ter dinheiro para pagar a renda. A
subnutrição junto da população desempregada tornou-se comum e
acabou por levar à morte de milhares de pessoas. Mas não era só
nos EUA que se sentiam os efeitos da crise, a Alemanha, Austrália, França,
Itália, Reino Unido e especialmente o Canadá tambem sofreram com o crash.
17
Os EUA só viriam a recuperar lentamente a partir de 1933, ano
em que Franklin Roosevelt é nomeado presidente e lança uma
estratégia, “New Deal”, com o intuito de recuperar a economia norte-
americana. O “New Deal” era um acordo que pretendia tornar o estado
mais intervencionista na economia, através da criação de empresas,
bancos e instituições financeiras públicas. Através desta estratégia o
estado queria garantir a estabilidade economica tornando-se no
principal agente económico do país.
O despoletar da 2ª Grande Guerra Mundial acabou por ajudar a
economia americana a recuperar os níveis dos anos 20. As políticas de
rearmamento levadas a cabo pelo estado impulsionaram novamente a indústria
americana, e permitiram a criação de inúmeros postos de trabalho. Por outro
lado muitos dos desempregados do sexo masculino alistaram-se no exército
contribuindo para a diminuição da taxa de desemprego. Com o fim da Grande
Guerra os EUA afirmaram-se como uma superpotência mundial, o seu território
não tinha sido afectado pela guerra, e a sua produção estava agora a
aumentar.
Esta grande crise veio por em evidência as fragilidades de um sistema
económico liberal, mostrando que é extremamente complicado, o mercado auto
regular-se sem intervenção do estado. Por outro lado veio reforçar a posição
daqueles que defendem, que deve haver um certo equilíbrio entre o liberalismo
e o intervencionismo do estado na economia.
“A crise de 1929 tinha a singular característica de não parar de piorar. Aquilo que
parecia num determinado dia ser o fim dos problemas revelava-se depois como apenas o
início. Não há nada pior para aumentar o sofrimento, e também para garantir que ninguém
escapava à desgraça generalizada”. (4)
Franklin Roosevelt
Evolução da taxa de desemprego nos EUA. (3)
18
1 – http://en.wikipedia.org/wiki/Roaring_Twenties
2 - Retirado do artigo da revista Maxmen de Outubro de 2009 - “
Dividendos da Ganância”
3 - http://en.wikipedia.org/wiki/File:US_Unemployment_1910-
1960.gif#filehistory
4 – Comentário retirado do livro “ The Great Crash 1929” de John
19
Crise do Petróleo
O fim do boom do pós-guerra
O fim do prolongado boom do pós-guerra tanto pode ser datado de 1968-70, altura
em que se registou um aumento do desemprego e da inflação, como de 1972, ano
em que se deu a explosão dos preços dos produtos primários. Nesse ano, a pressão
da procura, ocasionada pelo aumento do fluxo monetário das economias de todos
os países industrializados ao mesmo tempo, inverteu de imediato a tendência de
degradação dos termos de troca entre produtos dos sectores secundário e primário.
O encarecimento dos produtos alimentares e das matérias primas reduziu o poder
de compra do ocidente. A avaliar pelas taxas de crescimento económico, a
depressão, associada a politicas monetárias austeras e a crise do petróleo de 1979-
80, podia ser encarada como o fim do boom, pois o crescimento a nível mundial
continuou a registar, em media, valores bastante consideráveis durante a década de
70. No entanto, os acontecimentos económicos mais significativos registados nos
anos a seguir á segunda guerra mundial, os da primeira crise do petróleo de 1973-
74 são o momento derradeiro mais obvio do boom.
Estes anos pareceram assinalar um ponto de viragem no equilíbrio do
poder económico entra o ocidente e os países mais pobres. Nos EUA a recessão de
1974 foi a mais severa desde a grande depressão dos anos 30 se bem que bastante
menos profunda e também menos prolongada. Tal como durante a grande
depressão, em 1973-1974 assistiu-se á falência de grandes bancos, como o United
States Nacinal Bank of San Diego e o Franklin Nacional
Bank of New York.
O petróleo do médio oriente e a OPEP
Por alturas dos anos 70, já os países do
ocidente, em geral, haviam criado uma grande dependência
do abastecimento regular de petróleo em termos
energéticos para a indústria pesada, transportes e ate
mesmo para uso doméstico como aquecimento central.
◄ Em 1973, o poder económico e
político árabe assentava no forte
controlo dos fornecimentos de
petróleo ao mundo.
As exportações do médio oriente
dominavam a importações de
petróleo feias pela Europa ocidental,
união soviética, china, África, extremo
oriente e Austrália. Algumas destas
regiões em particular a união
soviética eram grandes produtores de
petróleo e as suas importações eram
reduzidas. no entanto, a maioria
estava inteiramente dependente das
importações de petróleo para fazer
face as suas necessidades. Qualquer
interrupção no fornecimento
reapresentava, uma ameaça real para
20
Embora a Grã-Bretanha e a França se tivessem retirado politicamente do médio
oriente nos anos a seguir á segunda guerra mundial eram ainda bastantes
dependentes do abastecimento do petróleo proveniente dessa região, tal como
outros países industrializados da Europa.
Em 1973 os EUA tinham-se tornado importadores de petróleo. Os países
da OPEP tiveram então a oportunidade de alterar o equilíbrio do poder.
No início de Outubro de 1973 começou a guerra Israelo-árabe. Os
estados árabes reduziram a produção de petróleo e impuseram embargos tanto aos
EUA, país que fornecia armas a Israel durante a guerra do Yom kippur, como á
Holanda que se identificava de perto com a politica externa israelita. A nível mundial,
o abastecimento de petróleo registou um decréscimo de aproximadamente de 7%
durante o trimestre seguinte. Passado um mês a comunidade europeia tomou uma
posição pró árabe no médio oriente, á qual os árabes responderam facilitando os
abastecimentos de petróleo á Europa. Os japoneses adoptaram uma atitude similar.
Contudo, o petróleo era ainda insuficiente para as necessidades do
ocidente. Então, companhias americanas, japonesas e alemãs fizeram subir o preço
do petróleo que chegou a atingir um máximo de 16-17 dólares por barril, quando o
preço oficial antes da crise era de 3 dólares por barril. A inflação no ocidente
começou então a subir á medida que os governos iam reagindo adoptando políticas
cujo objectivo era a contracção da procura, uma resposta perfeitamente inadequada,
uma vez que o aumento dos preços fora desencadeado por uma crise externa.
Como alternativas nos EUA foram procuradas e exploradas novas fontes
de petróleo mesmo em climas tão inóspitos como o do Alasca onde os oleodutos
ficavam cobertos de gelo e os trabalhadores tinham de usar mascaras de protecção
contra temperaturas extremamente baixas. Graças á construção de um oleoduto de
1300 km que se estendia desde da baia Prudhoe, na encosta norte do árctico, ate
ao porto Valdez, no pacífico, o Alasca tornou-se umas das regiões mais ricas do
mundo.
Bibliografia:
Publicações alfa – Historia do século XX, volume 8,
o nascimento da sociedade de empresa 1973-1997
21
Crise Financeira Asiática 1997
A crise financeira asiática teve repercussões na economia dos Novos
Países Industrializados do Sudeste Asiático e da Ásia Oriental, países esses
que conheciam, na altura, um elevado crescimento económico. Podemos
observar que esta crise teve um comportamento um tanto quanto semelhante
ao da Grande Depressão. Os anos que precederam a crise de 29’ foram anos
de grande crescimento económico nos EUA, o mesmo aconteceu nos NPI
durante a década de 80 e 90. Por outro lado o mercado financeiro teve também
um papel importante no despoletar de ambas as crises, em 29’ devido à
especulação e em 97’ devido à desvalorização das moedas nacionais e dos
activos financeiros.
Crescimento Económico
Países como a Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura
afirmaram-se no contexto económico mundial nos finais do século XX. Esta
afirmação no panorama internacional ficou a dever-se sobretudo às estratégias
de industrialização adoptadas, assentes na promoção das exportações, entre
outros factores. O desenvolvimento das indústrias especializadas na produção
de produtos manufacturados foi bastante benéfico, porque estes países
privilegiavam de vantagens comparativas e de uma grande capacidade
competitiva em relação à Europa e aos EUA, graças ao preço da sua mão-de-
obra. Esta industrialização foi o motor do crescimento económico e permitiu o
desenvolvimento destes países em quase todos os sectores, como o
tecnológico, e a afirmação das suas praças financeiras (bolsa de valores) na
economia mundial. Outros factores que contribuíram para este crescimento
são: a proximidade de um país modelo, o Japão, que passou das ruínas (fim da
2ª GM) a uma das principais potências mundiais, servindo por isso de exemplo
para os NPI. E a posição geográfica destes países, uma vez que, todos eles
têm contacto com o Oceano Indico o que de certa forma facilitou a integração
destes países nas rotas de comércio marítimo internacionais.
Contudo estes países dependiam bastante do exterior, uma vez que as
suas principais fontes de receita provinham das exportações e do Investimento
Directo Estrangeiro (IDE). (1)
22
Crash
Foi no verão de 1997 que surgiram os primeiros indícios que estariam na
origem da crise asiática. O Baht, moeda tailandesa, desvalorizou em cerca de
18% em relação ao dólar. Esta desvalorização ficou a dever-se à decisão do
governo tailandês de colocar a sua moeda em câmbio flutuante, o que leva a
que o valor da moeda seja determinado pelo próprio mercado, de acordo com a
lei da oferta e da procura, mercado esse que estava dominado por alguns
movimentos especulativos. Rapidamente a Tailândia viria a decretar-se
insolvente, por não ser capaz de combater a sua elevada dívida externa. De
imediato todas as outras moedas asiáticas desvalorizaram, esta queda no valor
das moedas asiáticas fez aumentar a insegurança e desconfiança nos
investidores de todo o mundo, consequentemente as praças financeiras
asiáticas entraram em queda e devido à globalização dos mercados, que se
caracteriza pela sua elevada interdependência, também as praças financeiras
na Europa e na América foram afectadas.
Os fluxos de capital diminuíram drasticamente e o seu saldo passou a
ser negativo, estes países passaram a receber cada vez menos e as saídas de
capital acabaram por ultrapassar o montate de entradas.
Porto de Hong Kong
23
Currency
Exchange rate
(per US$1) Change
June 1997 July 1998
Thai baht 24.5 41 – 40.2%
Indonesian rupiah 2,380 14,150 – 83.2%
Philippine peso 26.3 42 – 37.4%
Malaysian ringgit 2.5 4.1 – 39.0%
South Korean won 850 1,290 – 34.1%
Esta crise teve consequências imediatas para estes países asiáticos.
Para que constem alguns exemplos, a Maláisa viu o seu PIB diminuir 19%, a
Coreia do Sul 18% e a Indonésia 42%, tudo isto entre 97’ e 98’. As praças
financeiras também registaram elevadas quebras. Este período de recessão
económica teve as suas óbvias implicações na economia, com falências,
desemprego e agravamento de problemas sociais. Milhões de asiáticos
passaram a viver abaixo da linha de pobreza. (3)
Evolução do valor das moedas de alguns países asiáticos (2)
Cidade de Singapura, capital e maior cidade do país – Evidência do enorme crescimento económico.
24
1 – Livro de Geografia C de Cristina Domingos, Jorge Lemos e Telma
Canavilhas – Plátano Editora
2 - http://en.wikipedia.org/wiki/1997_Asian_Financial_Crisis
25
Crise de 2008
A crise de 2008 teve a sua origem alguns anos antes, em 2005-20062.
Os problemas surgiram com o aumento dos créditos subprime atribuídos nos
Estados Unidos da América. Estes são créditos que são atribuídos a pessoas
com um mau historial de créditos e com poucas garantias de terem capacidade
de o pagar denominadas de NINJA (No Income, No Job, No Assets). Era assim
um crédito de alto risco3. O crédito começava com taxas de juro baixas durante
os primeiros anos e depois esta era ajustada para valores exorbitantes e
difíceis de pagar, no entanto, as pessoas acreditavam (em grande parte por
incentivo de Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal Americana) que
poderiam depois refinanciar e o valor dos seus imobiliários permitir-lhes-ia
obter melhores condições de pagamento de juros. No entanto, em 2006 a
Reserva Federal Americana aumentou as taxas de juro para combater a
inflação. Isso criou uma queda no valor dos imobiliários impossibilitando as
pessoas de alterarem as suas taxas de juro refinanciando. Desta forma muitas
famílias ficaram impossibilitadas de pagar as amortizações com juros dos seus
créditos4. Muitas pessoas foram despejadas de suas casas como
consequência5. Os bancos, sem os empréstimos a serem pagos, começaram a
ter dificuldades financeiras e a necessitar de financiamento governamental.
A 15 de Setembro de 2008 o banco americano Lehman Brothers
declarou falência, estava oficialmente no início a crise financeira. O efeito
dominó (explicado na pág. x) rapidamente expandiu a crise por todo o mundo
levando bancos como o Northern Rock, banco inglês que nunca trabalhou com
créditos subprime, a necessitar de intervenção do governo.
Esta “crise sem precedentes”, como a denomina Paul Samuelson,
mostra-nos como, por vezes, o mercado não se auto-regula e a procura por
lucros sem preocupação com o bem geral exige que haja forte regulação, diz
Joseph Stiglitz6. O norte-americano culpa os banqueiros pelo surgimento da
crise e refere que embora a regulação tenha falhado é quem comete os erros
2 Baseado em en.wikipedia.org
3 Informações de empresasefinancas.hsw.uol.com.br 4 Informações de en.wikipedia.org
5 Informação retirada de en.wikipedia.org e do filme “Capitalism: A Love Story”
6 Entrevista na revista “Visão”
26
que deve ser culpado e não quem não os impede de serem cometidos. Por
outro lado, muitos economistas apoiaram um sistema de excessos e
desregulação e têm também responsabilidade nesta matéria.
É também argumentado por uma quantidade considerável de
economistas, nos quais se incluem Stéphane Garelli (Professor do Institute for
Management Development), George Soros (Presidente do Soros Fund
Management), que o ponto em que a economia mundial se encontrava
anteriormente à crise era demasiado elevado e, como tal, insustentável.
Surge assim, uma crise que, segundo Stéphane Garelli tem três fases
diferentes. A primeira fase é a crise financeira em 2008, actualmente esta fase
já terminou. A segunda fase é a crise económica que decorreu ao longo de
2009 e está perto do fim. Ele afirma que esta é uma crise em U e que estamos
agora no fundo do U, prontos para começar a subir. A terceira fase é a crise
social. A perda de empregos das pessoas, amigos, familiares trará problemas
emocionais às pessoas. A crise social marcará 2010. A maioria dos países
europeus terá taxas de desemprego superiores a 10%, como já sucede.
Alguns, como a Espanha atingirão os 20%, isto porque demora pelo menos um
ano até que as empresas comecem a contratar pessoas7.
Como resposta à crise os governos decidiram intervir entregando
dinheiro aos bancos, isto é por muitos considerado como uma óptima resposta
à crise, no entanto, coloca agora alguns problemas para o futuro a nível de
dívida pública e défices orçamentais.
Esta crise mundial já custou 46 biliões de euros (mais de um ano de
produto mundial).
7 Stéphane Garelli em entrevista à Revista Exame
27
A Islândia
A Islândia foi um dos países mais afectados por esta crise. Após o
começo da crise nos EUA, a sua expansão chegou à Islândia e rapidamente
levou o terceiro maior banco do país, Glitnir, a declarar falência técnica, sendo
este por isso nacionalizado. Na origem dos problemas esteve o crédito mal
parado, o endividamento excessivo à banca8 e as elevadas taxas de juro, na
casa dos 15%, que tinham como objectivo combater a inflação9. Apesar da
garantia estatal sobre os depósitos, instalou-se o pânico junto dos investidores
e depositantes, o que ameaçou a falência de muitos outros bancos. Assim,
uma semana depois os outros dois maiores bancos da Islândia, Landsbanki e
Kaupthing, foram postos a cargo Autoridade Supervisora Financeira da
Islândia. Tal acontecimento levou mesmo à falência do Estado. A Islândia
declarou a bancarrota e teve eleições antecipadas para o posto de primeiro-
ministro10. Mas a tragédia real na crise é o impacto nas famílias islandesas, que
enfrentam um aumento de 50% nos pagamentos de empréstimos e ainda uma
inflação que pode chegar a 30%, com salários congelados e demissões11. Para
procurar a recuperação a Islândia pediu ajuda ao FMI. Além disso, o país pediu
um empréstimo à Rússia para financiar os seus bancos de 4 mil milhões de
euros. O país foi vendido no eBay em leilão por 10 milhões de libras 12.
8 Informações de tsf.sapo.pt
9 Informações de ultimosegundo.ig.com.br
10 Dados apresentados em pt.wikipedia.org
11 Dados de ultimosegundo.ig.com.br
12 Informação de noticias.terra.com.br
28
Portugal
“Nenhum país foi imune à crise e os países em desenvolvimento têm
sido gravemente afectados pelo colapso do comércio mundial e menores
remessas de emigrantes”, disse Joseph Stiglitz numa entrevista à revista
francesa Jeune Afrique. Como tal, Portugal foi também vítima desta crise. O
primeiro grande sinal de crise em Portugal foi a falência do banco BPN, que
exigiu ao Governo desembolsar uma quantia elevada para salvaguardar os
interesses dos clientes deste banco. O desemprego começou a aumentar e
atingiu valores na casa dos 10%, o défice orçamental que andava abaixo dos
3% subiu muitíssimo, para cerca de 6% devido à necessidade de intervenção
do governo13. O Governo decidiu apostar em obras públicas embora estas
sejam polémicas, como por exemplo, a 3ª auto-estrada Lisboa-Porto. Paul
Samuelson afirma que a construção de infra-estruturas só é uma boa medida
quando foi planeada e traz vantagens. A construção de uma estrada que já tem
todos os estudos de impacte ambiental realizados e aguarda apenas
financiamento governamental deve avançar em momentos de crise como um
estímulo à economia. Pontes para lugar nenhum não conduzem à recuperação
económica, é deitar dinheiro fora14. Neste caso não temos uma ponte para
lugar nenhum, mas sim uma auto-estrada que liga dois lugares já ligados por
duas outras auto-estradas, daí a oposição existente a esta medida.
Os índices da bolsa das grandes empresas portuguesas começam agora
a recuperar, no entanto, demorará algum tempo até que Portugal chegue ao
ponto em que estava antes da crise e recupere os níveis de emprego que tinha.
É também de assinalar que os bancos e o Governo começam agora a
afastar-se. Os bancos centrais e o governo tinham durante o auge da crise
interesses comuns – evitar que a economia entrasse em colapso – após a
retoma estes interesses divergem. Enquanto que os bancos ficam de olho nos
riscos de regresso da inflação o governo procura essencialmente combater o
desemprego. Afastando por isso o mais depressa possível a crise sem pensar
muito no futuro. O governador do banco de Portugal referiu que Portugal (para
baixar o défice para os 3%) terá de tomar medidas como a subida de impostos.
13
Dados de jn.sapo.pt 14
Entrevista de Paul Samuelson à revista Visão
29
Teixeira dos Santos logo ripostou comentando que isso não iria acontecer. Isto
está a acontecer, também, na Europa. O BCE já começou a alertar para a
necessidade de baixar os défices orçamentais. E opõe-se às diminuições nas
cargas fiscais. Mais tarde virão decerto os conflitos em relação às taxas de
juro. Assim irá crescer a oposição à política seguida pelo BCE15.
Por fim, Portugal precisa de investir mais em infra-estruturas. Portugal
tem de deixar de competir com base em preços baixos para passar a competir
com base em valor acrescentado e conhecimento. Deve disseminar a
inovação, o conhecimento e a tecnologia ao número possível de firmas16.
Recuperação
Alguns economistas acreditam que a recuperação será demorada mas
pelos finais de 2010 as coisas irão começar a recompor-se, é o caso de
Stéphane Garelli, já referido anteriormente, no entanto outros fazem previsões
menos optimistas. Paul Samuelson acredita que a recuperação total da crise
acontecerá apenas em 2012 ou até mesmo 2014. E que para esta os Governos
terão de trabalhar bastante e terão um papel fundamental na recuperação. A
política orçamental e os investimentos do Estado desempenham o papel
principal na condução de uma economia de mercado17. No entanto já existem
alguns sinais de retoma. A Comissão Europeia obteve no fim de 2009 o
segundo trimestre consecutivo com crescimento positivo o que marca o fim
oficial da fase de recessão18. A juntar a isto na mesma altura o mercado
bolsista começava já a recuperar com o PSI 20 a valorizar 3,64% numa
semana19.
O mais difícil de combater será o desemprego que aumentou para níveis
muito elevados. Por outro lado, e antevendo a recuperação concordamos com
Stéphane Garelli quando ele diz que esta é uma recessão em U mas
provavelmente a economia mundial sairá dela num ponto abaixo daquele em
que entrou. O ponto em que a economia se encontrava não era sustentável,
15
Informações de publico.pt 16
Stéphane Garelli na revista Exame 17
A entrevista a Paul Samuelson (prémio Nobel da economia em 1970) apresentada na revista Visão 18
Notícia de www.leiriaeconomica.com 19
Notícia de Diário Económico
30
era muito elevado. Entre 2001 e 2007 Portugal multiplicou as suas exportações
mais de 2,5 vezes. Por fim, o combate à crise com fortes intervenções
governamentais deixa no ar uma questão pertinente: A recuperação resistira à
retirada do apoio público? Stéphane Garelli acha que será difícil os governos
diminuírem a sua intervenção sem que a economia entre em colapso. Por isso,
têm de fazê-lo de uma forma lenta e progressiva.
Lições da crise
Embora uma crise deixe sempre as suas lições e nos permita aprender
(essa é a parte boa de uma crise), nem sempre é fácil aferir aquilo que de facto
há a retirar de uma crise. Principalmente nos primeiros anos, é passado algum
tempo que se torna mais acessível a compreensão do fenómeno.
Para Joseph Stiglitz as lições são duas. Em primeiro, e ao contrário do
que acreditavam, os E.U.A. não tinham nem boas instituições nem boa política.
Todos os instrumentos de controlo falharam. Em segundo lugar, nenhum país
no mundo é imune à crise e são os países que tinham boas reservas e aqueles
cujos sistemas financeiros são bem regulamentados contra capitais
especulativos ou de curto prazo têm resistido melhor20. Na opinião do antigo
funcionário da Administração Clinton e do Banco Mundial, esta crise marcou o
fim da desregulação porque foi essa a causa da mesma. Deve-se assim
aumentar a transparência, reformar os incentivos, quer ao nível dos indivíduos
quer das organizações, e reduzir os níveis de alavancagem financeira;
normalizar os produtos derivados, como os Credit Default Swaps (espécie de
seguro contra as falhas)21. Stéphane Garelli partilha da mesma opinião,
afirmando que no fim desta crise as pessoas não quererão apenas voltar ao
crescimento económico como antes, quererão mudanças no sistema. Mais
transparência, mais ética, maior preocupação com o ambiente e os países mais
pobres22. Por fim, Edward Prescott, prémio Nobel em 2004, acrescenta:
“Deveria haver uma profunda reforma, queremos um sistema financeiro que
não desperdice recursos e que sirva às pessoas mas fortes conexões entre
20
Entrevista do Prémio Nobel de Economia de 2001 na revista Visão 21
Entrevista na revista francesa Jeune Afrique 22
Entrevista na Revista Exame
31
Wall Street e Washington não permitem ter muita esperança de que serão
feitas mudanças significativas. Deve-se lutar pelo aumento da competitividade.
É importante pôr em prática políticas de redução de impostos e de estímulos à
produtividade23”.
De um lado oposto encontra-se José Maria Brandão de Brito, o
economista doutorado português explica que a regulação é, em primeiro lugar,
pouco eficaz porque, como Alan Greenspan já afirmou, esta baseia-se na
análise daquilo que causou as crises passadas. Como a história não se repete,
isto de pouco servirá, para evitar uma nova crise. Na opinião deste português a
regulação aumenta, em boa verdade, o risco de uma nova crise, porque com a
garantia estatal dos depósitos, controle da acção dos bancos, entre outras
medidas, os bancos vão ser incentivados a correrem riscos excessivos que
poderão ter as suas consequências24. No entanto, José Maria Brandão de Brito
e Joseph Stiglitz estão de acordo numa coisa: os apoios governamentais são
prejudiciais à economia quando feitos a grandes bancos, uma vez que,
incentivam os investidores a correrem grandes riscos fazendo crescer estes
bancos que depois se tornam impossíveis de gerir. Isso explica porque os
maiores bancos foram as primeiras vítimas da crise.
Fica aqui então um pequeno paradoxo, o Estado deve tentar não ajudar
muito, mas deve regular a economia para combater os interesses dos bancos
pelo lucro que pode causar problemas, no entanto esta regulação dá aos
bancos um sentimento de protecção (se errarem serão corrigidos) que os leva
a tomar grandes riscos. José Maria Brandão de Brito refere, por isso, a terceira
via, uma mistura da economia capitalista com a de direcção central, no entanto,
implementar um sistema desse tipo torna-se muito difícil. Portanto, podemos
extrair desta análise que ainda é complicado compreender qual o caminho que
a economia deverá tomar no futuro, mas uma coisa é certa, não deve ser o
mesmo que tomou nos últimos anos.
23
Apresentado na revista Focus 24
Texto de José Maria Brandão de Brito no jornal i
32
Crise do Futuro
Possíveis causas…
Sabemos que uma crise económica nunca surge de um único
acontecimento isolado, mas sim de um conjunto de factores. No entanto, é
possível diferenciar os acontecimentos/factores, quanto ao grau de importância
que tiveram no despoletar da crise. Neste sentido vamos apenas indicar,
aqueles, que a nosso ver, poderão ter um papel de destaque na próxima crise.
Após o estudo do historial das crises económicas e depois de um olhar
atento, que incidiu sobre as principais questões económicas dos dias de hoje,
identificámos como presumíveis causas da próxima crise três fenómenos:
Guerra, Especulação e Petróleo.
Sendo a especulação financeira, a causa que apontamos com maior
probabilidade de ocorrer, adiante iremos explicar porquê.
Guerra
Aprendemos com a história que toda e qualquer guerra tem os seus
custos, sejam eles humanos, económicos, culturais, etc. Até mesmo hoje, o
facto de os EUA estarem em guerra, tem consequências económicas que se
propagam ao resto do Mundo. É portanto compreensível que caso os conflitos
no globo se multipliquem a situação económica de muitos países se agrave,
devido em grande parte à instabilidade dos mercados, gerada pela
desconfiança e pelo medo dos investidores. A par da oscilação dos mercados,
verificar-se-iam perdas tremendas associadas ao investimento em material
bélico e a perda de vidas humanas (o bem mais valioso), isto só ocorreria nos
países em guerra, ao passo que a oscilação dos mercados seriam globais,
graças ao já referido fenómeno da globalização financeira.
Num cenário quase que apocalíptico, a existência de uma III Guerra
Mundial traria, com toda a certeza, consequências económicas, e não só,
inimagináveis. Se no período da guerra fria já existia um suposto “pacto de não
agressão”, devido à potência dos arsenais bélicos, então hoje, o impacto
33
poderia ser de tal maneira arrasador que deixaria de rastos qualquer economia
Mundial, até mesmo uma superpotência como os EUA.
Petróleo
O petróleo é um recurso natural e uma fonte de energia de elevada
importância na vida humana. É um bem que se encontra mal distribuído entre
as nações, um recurso não renovável e a principal matéria-prima energética e
industrial do planeta, pelo que a sua transacção é, no mínimo, susceptível à
criação de conflitos (guerras, massacres, disputas, carteis). Podemos
facilmente recordar vários acontecimentos marcantes, ainda presentes na
nossa memória, que foram originados pela disputa e pela comercialização
deste bem, como é o caso da Crise de 73’, a guerra do Golfo Pérsico e a
guerra do Afeganistão. Como é evidente estes conflitos vão-se reflectir no
preço do petróleo, tornando este bem muito mais caro.
"A guerra é um massacre de homens que não se conhecem, em benefício de
outros que se conhecem, mas não se massacram." (Paul Valéry)
Refinaria
34
O facto de ser um bem que tem originado tantos problemas nas últimas
décadas, e der ser um bem não renovável, impede-nos de o descartar como
possível causa da próxima crise económica.
Caso o progresso tecnológico não encontre alternativas viáveis a este
produto, é bastante provável que continuaremos a assistir a conflitos
internacionais e regionais, e a flutuações do preço do petróleo.
Especulação Financeira
A especulação financeira tem estado presente em todas as crises desde
a existência de mercados financeiros. Por definição, consiste no acto de
adquirir títulos com o objectivo único de os vender mais tarde a um preço mais
elevado. Podemos afirmar que é intrínseca ao sistema capitalista, que se rege
pela maximização dos lucros.
Tanto na Grande Depressão, como na Crise Asiática e na “Bolha da
Internet” em 2001 a especulação financeira foi fundamental para que grande
parte dos investidores tomasse uma posição “bearish” (pessimista), levando à
queda dos mercados financeiros.
Hoje os mercados financeiros aproximam-se, mais do que nunca, do
ideal neoliberal de um mercado livre e flexível. As regulamentações estatais
foram cortadas e os custos de transacção são mínimos, os "impulsos do
mercado" podem portanto impor-se sem obstáculo.
A liberalização dos mercados e a facilidade com que um comum humano
pode “negociar” em bolsa, tornam este “espaço” atractivo para especuladores.
Bolsa de Valores nova-iorquina
35
A juntar a isto, a globalização financeira que se tem verificado e que tem
levado à interdependência dos mercados, faz com que o efeito dominó se
estenda a todos os cantos do Mundo.
Concluímos então, que a especulação financeira será a causa mais
provável da próxima crise. Não só pelo historial que tem no passado
económico, mas também pelas razões anteriormente referidas.
Para corroborar com a nossa teoria apresentamos aqui algumas
palavras de Josef Ackermann, responsável do Deutsche Bank, que admitiu
recentemente já não acreditar nos “poderes” de auto-correcção do mercado,
sendo provável que seja necessária uma nova crise, até que apareça a
desejada regulação dos mercados e da economia. (1)
1 - “The Current Financial Crisis and the Future of Global Capitalism” –
Michael Heinrich
Local de início da Crise
Acreditamos que a próxima crise terá origem nos EUA. Qualquer um dos
cenários previamente enunciados tem uma grande probabilidade de ter como
origem este país. Os EUA é o país mais poderoso do mundo, a única
superpotência mundial, como tal, seria o mais afectado pelo fim de petróleo. O
fim do petróleo, poderia levar a uma forte desaceleração do processo produtivo
deste país consumista, tal iria levar a uma inadequação da oferta em relação à
procura (oferta insuficiente) o que poderia levar a uma grande inflação que
poderia ter consequências catastróficas no nível de vida da população.
Olhando para o cenário da especulação financeira, sendo a Bolsa de Wall
Street a mais importante a nível mundial e sendo os EUA um país de grandes
excessos é provável que uma crise com esta causa começasse neste país. Há,
também, que lembrar que todas as grandes crises que analisámos neste nosso
projecto, com excepção da Crise Asiática de 1997, começaram nos EUA, 1929,
1973, 2008…
É verdade que os EUA devem aprender uma lição com a crise de 2008.
Nesse sentido muitos podem argumentar que é pouco provável que a
36
especulação financeira volte a afectar os EUA nos próximos anos. Sim, de
facto, e uma vez que há a exigência de muitos economistas por uma economia
regulada, a regulação deve aumentar. No entanto, não será fácil que esta seja
aplicada porque haverá sempre a preocupação de não controlar demasiado o
que impedirá a correcta implementação do sistema. Por outro lado, como
explica José Maria Brandão de Brito, a regulação tem falhas de eficácia porque
o seu controle é baseado em crises anteriores, podendo assim uma nova crise
ser induzida pelo uso imprevisível de instrumentos financeiros ainda não
inventados, que a regulação não terá “debaixo de olho”. Por outro lado, os EUA
são um país com grandes empresas multinacionais e bancos que procuram o
lucro acima da estabilidade, tal linha de pensamento pode originar
consequências a nível do funcionamento de uma economia nacional.
Como travar essa futura crise?
No mundo actual, como pudemos perceber pela forma como a crise de
2008 foi atacada, o Governo intervém na economia fortemente em situações de
crise, aumentando bastante as despesas públicas. Na próxima isto não será
diferente, desde a Grande Depressão que a ideologia Keynesiana está
presente em todo o mundo capitalista e o Estado procura sempre ajudar a sua
economia em situações de crise aumentando muito as suas despesas públicas.
Assim, numa crise originada pelo petróleo, os Estados, principalmente o
americano, iriam em primeira instância procurar apoderar-se dos últimos do
petróleo. Esta medida, a ser tomada, não trará grandes benefícios quando
comparado com os impactos negativos, uma vez que as enormidades de
dinheiro gastas numa Guerra pelo petróleo piorarão o desempenho económico
do país, tal como a Guerra do Iraque fez. No entanto, esta intervenção bélica
muito dependerá de quem estiver no poder quando tal acontecer. Só a criação
de novas energias que substituam o petróleo poderá ultrapassar tal crise
porque um mundo consumista como o que vemos hoje não funcionará de
forma equilibrada com uma grande diminuição da produção, e por isso só com
a normalização da produção é que os países poderão começar a recuperação.
37
Os subsídios à inovação serão muito importantes para que as empresas
consigam ter capacidade financeira para alterar a sua fonte de energia.
Numa crise causada pela especulação financeira a situação ocorreria de
forma diferente. Em primeiro lugar será necessário procurar recuperar a
confiança dos investidores, depois o Estado terá de combater o desemprego
que sempre ocorre numa fase mais avançada da crise. Para evitar esta fase da
crise as medidas passam pela aposta na formação e qualificação dos
trabalhadores a começar no presente.
Curiosidade
Várias teorias dos ciclos foram feitas, no entanto, a maioria foi baseada
apenas na análise de um variável com o objectivo de medir os ciclos.
Schumpeter foi o único que procurou explicar o que originava os ciclos
atribuindo a responsabilidade à vida das inovações. Assim, através da análise
da inovação do momento é possível ficar com uma ideia de quando a próxima
crise surgirá.
Anteriormente tivemos como grandes inovações a televisão, os
telemóveis, os computadores e talvez a mais recente tenha sido a internet. A
internet ainda desempenha um papel muito importante na economia,
principalmente na difusão da globalização e é por isso uma inovação que ainda
contribuirá para a fase de expansão da economia, não querendo isto dizer que
seja a inovação a que conduzirá à recessão económica pela teoria de
Shumpeter.
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Conclusão
Após uma longa jornada de trabalho acerca das crises ficamos sem a
dúvida de que este é um dos muito interessantes fenómenos da Economia. A
sua complexidade e variedade permitiu-nos um estudo extensivo e profundo
que, ainda assim, nunca fez o tema perder a capacidade que tem de criar uma
forte curiosidade em nós. O estudo das crises abriu-nos as portas para vários
conhecimentos económicos que nos permitem agora entender de uma forma
mais precisa a actividade económica.
As crises demonstram a importância do papel de um economista.
Diariamente ouvimos falar sobre como os médicos salvam vidas ou como os
polícias prendem os criminosos fazendo da sociedade melhor, mas então e os
economistas? Os Economistas existem há muitos anos e têm sido eles que tem
procurado criar uma sociedade que funcione da melhor forma possível e, neste
caso, uma sociedade que não tenho colapsos económicos que prejudicam a
vida de todos os habitantes do planeta.
Queríamos apenas dar ênfase, nesta conclusão, à importância do
investimento em capital humano para resistir melhor às crises. São países
como a Dinamarca, Finlândia e Noruega, que tem os melhores níveis de
educação, que melhor recuperam das crises porque têm uma capacidade de
inovação grande e mais interesse pela comunidade e não pelo lucro próprio.
Assim, à questão Crise: Ontem e Hoje… E Amanhã?, podemos começar por
responder que, de facto, não temos dúvidas da pertinência da questão, as
crises existirão amanhã e os ciclos são perpétuos. Por mais esforços que os
economistas façam por regularizar a actividade económica ela irá sempre
superar esses esforços e novos problemas surgirão que criarão novas crises.
Escolhemos um tema intemporal e por isso pretendemos que o nosso trabalho
e as ideologias aqui apresentadas resistam o máximo possível ao passar dos
tempos. Essa foi uma das razões que nos motivou à realização deste trabalho;
será muito interessante olhar para o nosso trabalho daqui a uns anos e ver o
quanto actual se mantém, um desafio que nos lançamos a nós próprios. Mas
voltando à resposta à questão, achamos que amanhã as crises serão
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diferentes daquelas a que assistimos “Ontem e Hoje”, a história mais do que
para cultura geral serve para nos ensinar para impedir o homem de cometer o
mesmo erro duas vezes. No entanto, novos instrumentos financeiros surgirão,
novos motivos de conflitos surgirão, a escassez de recursos aumentará e por
isso o Amanhã não promete ser melhor que o Ontem ou o Hoje. Pelo contrário,
o fim do petróleo, a sobrepopulação do planeta Terra, a escassez de água
potável, o envelhecimento da população dos países desenvolvidos entre outros
problemas do futuro, dão muito que pensar acerca das dificuldades a enfrentar.
Acreditamos que no futuro haverá melhorias na economia, novas formas
de funcionamento mais seguras e eficazes mas a perfeição não é atingível, por
isso, as crises estarão sempre presentes para baixar a confiança dos
investidores e dar novos ensinamentos ao mundo.
Resta-nos então dizer que apesar do nosso trabalho de pesquisas para
Área de Projecto ter terminado nesta fase, este criou-nos um forte interesse por
esta área e como tal estaremos atentos às notícias deste tema sempre
tentando aprender mais.
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Bibliografia
Pt.wikipedia.org
En.wikipedia.org
Focus – 512/2009
Visão – 5 de Março de 2009; 11 de Março de 2010
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Jornal i - Outubro de 2009
www.ultimosegundo.ig.com.br
tsf.sapo.pt
jn.sapo.pt
Manual de Economia C do 12º ano Texto Editores - por Maria João Pais, Maria Da Luz
Oliveira, Maria Manuela Góis e Belmiro Gil Cabrito
www.leiriaeconomica.com
Exame – Dezembro de 2009
Diário Económico – 19 de Setembro de 2009
Maxmen
Livro de Geografia C de Cristina Domingos, Jorge Lemos e Telma Canavilhas –
Plátano Editora
“The Current Financial Crisis and the Future of Global Capitalism” – Michael Heinrich
Filme “Capitalism: A Love Story” de Michael Moore
Publico.pt
Jeune Afrique – 17 de Janeiro de 2010
Exame Expresso – 1 de Março de 2010
Publicações alfa – Historia do século XX, volume 8, o nascimento da sociedade de
empresa 1973-1997