Criolipólise - Josiane Mendes e Marcia Raquel Pauletto Bender

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Trabalho de Iniciação Científica do Curso Superior de Técnologia em Cosmetologia e Estética Universidade do Vale do Itajaí Balneário Camboriú 2014/II. 1 2 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected] 3 Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected] Orientador e professor do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected] A TÉCNICA DA CRIOLIPÓLISE: ACHADOS CIENTÍFICOS E PRESSUPOSTOS TEÓRICOS Josiane Mendes 1 Marcia Raquel Pauletto Bender 2 Felipe Lacerda 3 Resumo: A adiposidade localizada é uma disfunção estética que impera entre os tratamentos mais procurados tanto por mulheres quanto por homens nas clínicas de estética. A degradação dos triglicerídeos se dá de forma lenta e não satisfatória em muitos casos, e no intuito de intensificar os resultados, a busca de recursos estéticos inovadores são cada vez mais explorados entre profissionais da área. Pesquisas revelam que a busca por procedimentos menos invasivos como a criolipólise são os tratamentos mais difundidos no ramo da estética atualmente, diminuindo a demanda de tratamentos cirúrgicos como a lipoaspiração. À vista disso o objetivo do presente estudo visa aprimorar os conhecimentos da técnica de criolipólise, uma vez que estudos experimentais que abordam estas importantes questões são escassos e muitas vezes divergentes sendo oportuno realizar a análise crítica do que existe de mais recente na literatura sobre o assunto, seja de cunho empírico ou baseado em evidências cientificas. Á vista disso, adotou-se uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo e exploratório apontado como revisão bibliográfica. Para análise de dados foram realizadas buscas em bases de dados, desta forma foram utilizados no total 3 artigos de publicações recentes que correspondem com o objetivo deste estudo, onde por fim, foi possível elucidar a técnica da criolipólise e seus aspectos relevantes para efetividade do tratamento e pode ser considerada uma técnica segura e eficaz quando são seguidos parâmetros de aplicação e devida avaliação prévia do paciente Palavras-chave: Criolipólise. Adiposidade. Frio. 1 INTRODUÇÃO A indústria cosmética lança a cada dia facilidades tecnológica e tratamentos ultramodernos que permitem não só mulheres, mas também os homens a chegar mais perto do que se considera belo. Séculos de estudos e de práticas cosméticas nos permitem moldar, formar e tratar nosso corpo como um delicado instrumento (MATARAZZO, 1998).

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Artigo interessante sobre principio e técnica de criolipólise.

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Trabalho de Iniciação Científica do Curso Superior de Técnologia em Cosmetologia e Estética –

Universidade do Vale do Itajaí – Balneário Camboriú – 2014/II.

1

2

Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected]

3

Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected]

Orientador e professor do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected]

A TÉCNICA DA CRIOLIPÓLISE: ACHADOS CIENTÍFICOS E PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Josiane Mendes1 Marcia Raquel Pauletto Bender2

Felipe Lacerda3

Resumo: A adiposidade localizada é uma disfunção estética que impera entre os

tratamentos mais procurados tanto por mulheres quanto por homens nas clínicas de estética. A degradação dos triglicerídeos se dá de forma lenta e não satisfatória em muitos casos, e no intuito de intensificar os resultados, a busca de recursos estéticos inovadores são cada vez mais explorados entre profissionais da área. Pesquisas revelam que a busca por procedimentos menos invasivos como a criolipólise são os tratamentos mais difundidos no ramo da estética atualmente, diminuindo a demanda de tratamentos cirúrgicos como a lipoaspiração. À vista disso o objetivo do presente estudo visa aprimorar os conhecimentos da técnica de criolipólise, uma vez que estudos experimentais que abordam estas importantes questões são escassos e muitas vezes divergentes sendo oportuno realizar a análise crítica do que existe de mais recente na literatura sobre o assunto, seja de cunho empírico ou baseado em evidências cientificas. Á vista disso, adotou-se uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo e exploratório apontado como revisão bibliográfica. Para análise de dados foram realizadas buscas em bases de dados, desta forma foram utilizados no total 3 artigos de publicações recentes que correspondem com o objetivo deste estudo, onde por fim, foi possível elucidar a técnica da criolipólise e seus aspectos relevantes para efetividade do tratamento e pode ser considerada uma técnica segura e eficaz quando são seguidos parâmetros de aplicação e devida avaliação prévia do paciente

Palavras-chave: Criolipólise. Adiposidade. Frio.

1 INTRODUÇÃO

A indústria cosmética lança a cada dia facilidades tecnológica e tratamentos

ultramodernos que permitem não só mulheres, mas também os homens a chegar

mais perto do que se considera belo. Séculos de estudos e de práticas cosméticas

nos permitem moldar, formar e tratar nosso corpo como um delicado instrumento

(MATARAZZO, 1998).

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As alterações estéticas causam grande impacto na imagem corporal das

mulheres, que são fortemente influenciadas pela mídia, diante deste quesito

favorece o desenvolvimento de novas tecnologias que objetivam principalmente a

remodelação corporal (ROCHA, 2013).

Em 2012, estimava-se que mais de 10 milhões de procedimentos estéticos

foram realizados nos Estados Unidos, com gastos totais de 11 bilhões de dólares.

Isso representa um aumento de 250% na demanda por procedimentos cosméticos e

não invasivos nas duas últimas décadas. Desta forma os procedimentos cirúrgicos

diminuíram em 16% desde 2000, enquanto o número de procedimentos não

invasivos aumentou simultaneamente (KRUEGER, et al, 2014).

Enquanto a lipoaspiração permanece como o procedimento mais efetivo para

remodelagem facial e corporal os pacientes continuam a procurar por métodos não

invasivos de remoção de gordura que tenham menor taxa de morbidade e curto

tempo de recuperação. Os atuais procedimentos não invasivos empregam

endermoterapia, lasers, radiofrequência, ultrassom e led embora tais procedimentos

não parecem reduzir expressivamente o tecido adiposo (SASAKI, et al, 2014)

Em decorrência das novas tecnologias associadas aos riscos inerentes, como

inúmeros casos em cirurgias de lipoaspiração, introduz-se no mercado recursos não

invasivos e com o mínimo de efeitos colaterais. Diante disso cita-se a criolipólise, um

sistema de congelamento a vácuo assistido que age no tecido adiposo a fim de

promover a lipólise e consequentemente a redução de medidas (JEWELL; SOLISH;

DESILETS, 2011).

Criado por estudiosos da Universidade de Harvard em conjunto com o

professor Dr. Rox Anderson da Escola de Medicina e Dermatologia de Harvard,

também diretor do Wellman Center, em Massachussets deram origem à criolipólise.

Os estudiosos descobriram que as células adiposas são extremamente sensíveis ao

frio, e que isso poderia ser uma arma eficiente no combate à gordura localizada. A

técnica foi testada em 1.200 pessoas nos Estados Unidos e na Europa com um

desfecho promissor: a média de perda de circunferência foi de quatro centímetros

por sessão. Os primeiros estudos foram realizados em porcos, em 2008, na cidade

de Boston, e em setembro de 2010 a tecnologia foi liberada para uso em seres

humanos pelo Food and Drugs Administration (FDA), agência governamental norte-

americana que controla alimentos e remédios no país. A agência também sugeriu

que um nível determinado de temperatura e tempo de exposição fosse estabelecido

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para evitar queimaduras de frio ou qualquer outro risco. No Brasil, a Anvisa liberou a

Criolipólise para realizar os procedimentos de redução de gordura, e temos hoje

disponíveis no mercado o Coolscupting da empresa Zeltiq, o PowerShape Galeno

da LMG Crioredux da empresa Advice e CoolShaping da empresa LGM (BUENO,

2012; SBCD, 2014).

Haja vista que a técnica de criolipólise vem sendo amplamente utilizada nas

clínicas de estética como conduta principal no tratamento da gordura localizada,

embora ainda por tratar-se de um método que pouco se sabe a respeito do

mecanismo de ação, da técnica de aplicação ideal e as precauções a serem

tomadas, assim como possíveis reações adversas, podem criar expectativas

errôneas aos pacientes, impedindo o crescimento do mercado ou até mesmo a

comercialização imprópria do tratamento para demais disfunções estéticas. À vista

disso o objetivo do presente estudo visa aprimorar os conhecimentos da técnica de

criolipólise, uma vez que estudos experimentais que abordam estas importantes

questões são escassos e muitas vezes divergentes sendo oportuno realizar a

análise crítica do que existe de mais recente na literatura sobre o assunto, seja de

cunho empírico ou baseado em evidências cientificas.

2 REFERECIAL TEÓRICO

2.1 CARACTERÍSTICAS DO TECIDO ADIPOSO

O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo frouxo de células adiposas

semelhantes a sacos, é especializado no armazenamento de gordura. As células

adiposas são encontradas em todo o corpo: na camada subcutânea da pele; ao

redor dos rins, no interior das articulações e na medula dos ossos longos (RIZZO,

2012).

Desta maneira salientam Junqueira; Carneiro (2013) que o tecido adiposo

forma também coxins absorventes de choques, principalmente nas plantas dos pés e

das mãos. Como as gorduras são más condutoras de calor, o tecido adiposo

contribui para o isolamento térmico do organismo. Além disto, preenche espaço

entre outros tecidos e auxilia a manter determinados órgãos em suas posições

normais.

Para Guyton e Hall (2003) a principal função do tecido adiposo é o

armazenamento dos triglicerídeos até que eles sejam necessários ao suprimento de

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energia em outras partes do corpo, e uma função subsidiária é proporcionar

isolamento térmico para o corpo.

O número de calorias necessárias para o funcionamento do corpo varia

conforme o estilo de vida. Embora muitas vezes a gordura seja associada à

obesidade, certa quantidade de gordura é essencial para manutenção da saúde. A

camada de gordura no corpo além de auxiliar na manutenção da temperatura,

também é utilizada para produzir os materiais das glândulas sebáceas que lubrificam

a pele e os lipídeos são utilizados para ajudar na absorção das vitaminas A, D, Ee K

que são solúveis em gordura (GERSON, et al, 2011).

Diante do exposto, cabe elucidar conforme Schimidt (2000) que gordura é o

nome dado a uma categoria numerosa de substâncias que obtemos dos alimentos,

ou que produzimos em nosso organismo, conhecidos como lipídeos.

Nos seres humanos, aproximadamente 15% do peso corporal de um adulto

normal do sexo masculino, e cerca de 22% no feminino, corresponde a tecido

adiposo, representando cerca de 2 meses de reserva energética (GARCIA;

CHAVES; AZEVEDO, 2002).

As células adiposas do tecido adiposo são fibroblastos modificados, que tem

capacidade de armazenar triglicerídeos praticamente puros em quantidades

correspondentes a 80 a 95 % de seu volume (GUYTON; HALL 2003).

A célula adiposa possui núcleo, retículo endoplasmático, membrana celular,

mitocôndrias e grandes gotas de gordura. A gordura no citoplasma ocupa a maioria

dos espaços, deslocando o núcleo para um lado da célula, dando ao adipócito a

aparência de um anel sinete (JACOB et al, 1990).

Conforme os autores Garcia; Chaves; Azevedo (2002) também pode

apresentar capacidade acentuada de alteração de tamanho, em casos de obesidade

ou anorexia, pode elevar seu peso total acima de 100% ou diminuir, chegando até a

3% do normal.

O tecido adiposo é o maior depósito corporal de energia, sob a forma de

triglicerídeos, modela a superfície corporal, sendo responsável pelas diferenças do

contorno entre os corpos das mulheres e dos homens (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2013).

O triglicerídeo é uma subcategoria de lipídios que inclui gordura e óleo. Cujas moléculas são formadas pela condensação de uma molécula de glicerol com três moléculas de ácidos graxos. Deste modo tal estrutura, que os profissionais de química atualmente preferem se referir

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pelo termo triacilglicerol, embora o termo triglicerídeo seja extensamente utilizado (FOX, 2007).

Nos mamíferos existem dois tipos de tecido adiposo, o tecido adiposo branco

ou unilocular e o tecido adiposo pardo ou multilocular: O tecido unilocular apresenta-

se distribuído no corpo humano de acordo com o biótipo, sexo e idade, sua cor varia

entre branco e amarelo-escuro, dependendo em parte da dieta, essa coloração

deve-se principalmente ao acúmulo de carotenoides dissolvidos nas gorduras.

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

O tecido adiposo branco ou unilocular possui um tamanho variado de 25 a 200

µm, contêm uma única e grande gota lipídica. Aproximadamente 60% a 80% do

peso de um depósito de tecido adiposo branco é representado por lipídio, 90% a

99% de triacilgliceróis. Na mistura de lipídios em média 90% é ácido graxo o restante

é representado por água e proteínas. São os adipócitos importantes no

armazenamento e balanço energético do indivíduo. Na espécie humana, este tecido

é amplamente distribuído subcutaneamente, em algumas regiões mais

desenvolvidas que em outras. Sendo diferentes em homens e mulheres e acabam

por influenciar nas diferenças do contorno corporal entre os sexos. No tecido

adiposo branco, cada adipócito está em contato com pelo menos um capilar, o fluxo

sanguíneo para o tecido adiposo varia dependendo do peso corporal e estado

nutricional, aumentando durante o estado de jejum. No tecido adiposo branco

encontram-se adipócitos brancos, que são mais importantes no armazenamento e

balanço energético do indivíduo, além disso, secreta fatores que desempenham

funções na resposta imunitária, em doenças vasculares, e na regulação do apetite

(GARCIA; CHAVES; AZEVEDO, 2002).

Já o tecido adiposo pardo ou multilocular é importante para a regulação da

temperatura corporal em recém – nascidos e na produção de calor nos animais de

espécies que hibernam. Os adipócitos pardos podem alcançar 60 µm de diâmetro e

se caracterizam pela presença de várias gotículas lipídicas. O grande número de

mitocôndrias em suas células confere uma capacidade incomum de gerar calor pela

oxidação dos ácidos graxos (GARCIA; CHAVES; AZEVEDO, 2002).

O aumento do tecido adiposo pode ocorrer por hiperplasia (aumento de

número) e hipertrofia (aumento do tamanho) das células. Sendo ele capaz de

remover os ácidos graxos da circulação para a síntese dos triglicerídeos e também

manufaturá-los a partir da glicose. Deste modo, a célula adiposa estoca, sintetiza e

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libera ácido graxo, dependendo das necessidades do organismo. A velocidade de

formação dos triglicerídeos na célula adiposa depende, primariamente, do balanço

energético do organismo, no momento em questão (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

2.2 METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO

2.2.1 Lipogênese

Segundo Tortora (2000) a lipogênese é a síntese de lipídeos a partir da glicose

ou de aminoácidos que ocorre quando uma grande quantidade de carboidratos entra

no corpo e pode, então, ser utilizado para energia ou armazenado como glicogênio.

Os carboidratos em excesso são sintetizados em triglicerídeos. A conversão de

glicose em lipídios envolve a formação de glicerol e acetilCoA, que podem ser

convertidos em ácidos graxos.

Para Geneser (2003) os triglicerídeos dos adipócitos são sintetizados em parte,

de ácidos graxos que chegam através da corrente sanguínea até os adipócitos e que

provem dos alimentos ingeridos na dieta ou da produção de ácidos graxos pelo

fígado.

Tais ácidos graxos, serve de energia para praticamente todas as células do

corpo, com exceção das células neurais do cérebro. Em contrapartida, o glicerol é

oxidado somente por alguns tecidos, a maioria é levada ao fígado, que é

metabolizado, transformando-se em energia, ou formando-se novos triglicerídeos

(KRUMMEL, 1998; GUYTON, 1988).

Os quilomícrons são lipoproteínas, que tem a função de transporte dos lipídios

alimentares aos tecidos adiposos (TORTORA, GRABOWSKI, 2006).

Tais quilomícrons, após deixarem as células epiteliais, penetram nos capilares

linfáticos do intestino e são levados pela corrente linfática, posteriormente indo

atingir o sangue, que os distribui por todo o organismo. Nos capilares sanguíneos

do tecido adiposo, graças a presença de uma lípase, produzida pelas células

adiposas, ocorre a hidrólise dos quilomícrons e das lipoproteínas (VLDL)

plasmáticas, com a liberação de ácido graxo e glicerol, que penetram nas células

adiposas, onde se recombinam formando novamente triglicerídeos sendo então

armazenados (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2008).

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2.2.2 Lipólise

Ressaltam Garcia; Chaves; Azevedo (2002) que é crucial que se entenda como

se desenvolve a gordura, bem como o metabolismo do tecido adiposo participa na

fisiopatologia desse e demais distúrbios metabólicos envolvidos no aumento dos

ácidos graxos.

Lipólise é a degradação dos triglicerídeos a glicerol e a ácidos graxos.

(TORTORA, 2000).

É o processo que ocorre em sítios citoplasmáticos e mitocondriais dos

adipócitos, no tecido adiposo, e hepatócitos, no fígado (GARCIA, CHAVES;

AZEVEDO, 2002).

O glicerol pode ser convertido em gliceroldeído-3-fosfato, que pode, então ser

convertido em glicose ou entrar no ciclo de Krebs para sua oxidação, via acetilCoA

(TORTORA, 2000).

Os triglicerídeos são transportados do intestino e do fígado principalmente sob

a forma de quilomícrons e outras lipoproteínas, como as lipoproteínas de densidade

muito baixa. Nos capilares do tecido adiposo essas lipoproteínas são atacadas pela

enzima lípase protéica, liberando ácidos graxos e glicerol. Essas duas moléculas se

difundem do capilar para o citoplasma do adipócito, onde formam triglicerídeos que

são depositados até serem necessários. Norepinefrina liberada nas terminações

nervosas estimula o sistema intracelular de AMP cíclico (cAMP) que ativa a lípase

sensível a hormônio. Essa lípase hidrolisa os triglicerídeos armazenados, formando-

se ácidos graxos livres e glicerol. Essas duas substâncias se difundem para o

interior do capilar, no qual os ácidos graxos se ligam à porção hidrofóbica das

moléculas de albumina para serem distribuídos para tecidos distantes, que serão

utilizados como fonte de energia. O glicerol permanece livre no sangue e será

captado principalmente pelo fígado (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

O processo da quebra de triacilgliceróis e a liberação de ácidos graxos do

tecido adiposo predominam sobre a lipogênese quando energia adicional é

necessária (GARCIA, CHAVES; AZEVEDO, 2002).

A maioria dos depósitos de gordura vem diretamente dos triglicerídeos da

dieta, conforme evidenciado pelo fato de que a composição de ácido graxo do tecido

adiposo reflete a composição de ácidos graxos da dieta. O carboidrato e a proteína

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em excesso na dieta também são convertidos em ácidos graxos no fígado, por meio

do processo de comparatividade ineficiente da lipogênese (MAHAM et al, 2005).

2.3 CRIOLIPÓLISE

Sugerem Kennet et al (2009) que a criolipólise consiste de um método novo e

não invasivo para redução de gordura, utilizando de tecnologias de resfriamento

intenso e localizado.

Fazendo uma análise etimológica da palavra CRIOLIPÓLISE, podemos extrair

facilmente seu exato conceito. “CRIO”, do grego “kryos” significa gelo, frio. LIPO, do

grego “lípos” significa gordura, substância gorda. E “LISE” do grego “lúsis”, exprime

a ideia de dissolução, ato de separar. Essa técnica consiste, portanto, na dissolução

da massa gorda pelo frio (LACRIMANTI, 2008; COLEMAN et al, 2009; JEWELL;

SOLISH; DESILETS, 2011).

A criolipólise é um método contemporâneo para a redução de gordura

localizada que emprega controlada e seletiva extração de calor dos adipócitos

poupando adicional lesão a pele e a outras estruturas. O mecanismo proposto que

resulta na falência depositaria imediata e gradual apoptose dos adipócitos e são

associadas a cristalização ou congelamento dos adipócitos, paniculite inflamatória,

processo de fagocitose e consequente limpeza do local envolvido. Os princípios da

criolipólise foram estabelecidos durante os anos 1960 – a era moderna da

criobiologia e criocirurgia – e consiste no rápido resfriamento, consequente isquemia,

lento descongelamento, deficiência na reperfusão do tecido e em algumas

circunstâncias de repetição no ciclo congelamento-descongelamento. Desde então

inúmeras pesquisas em modelos animais e sistema de cultura de células tem

buscado definir o tempo de exposição e a temperatura de resfriamento adequados, o

risco real da estase vascular induzida pelo frio e, recentemente, a proposta de

produção de espécies reativas ao oxigênio (ROS) associada à lesão vascular falha

na reperfusão induzida (pela hipotermia do tecido) (SASAKI et al, 2014).

A técnica de destruição dos adipócitos através da exposição ao frio tem

demonstrado de forma segura e eficaz a redução da gordura subcutânea sem afetar

os tecidos adjacentes (BERNSTEIN, 2013).

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Concluem Urzedo, Lipi, Rocha (2012) que a criolipólise é uma técnica que

promete resultados satisfatórios chegando a perdas de 20% a 26% de gordura

localizada, tornando-se uma alternativa ideal para pacientes que necessitam de

remoção pequena ou moderada de tecido adiposo.

Ferraro et. al (2012) comprovam por meio científico publicado na revista Aesth

Plast Surg a eficácia do procedimento, em seu artigo, utilizando amostra

considerável e em várias áreas de diferentes aplicações.

O protocolo de aplicação pode chegar à temperatura de -100C, onde uma

membrana de gel é aplicada sobre a pele para perfeito acoplamento do aplicador. A

sucção do tecido é realizada no interior da manopla, por pressão a vácuo, durante

60 minutos, quando ocorre o processo de resfriamento tecidual, seguidos por 5

minutos de massagem manual (SASAKI et al, 2014).

Zelickson et al (2009) afirma que a técnica envolve efeitos adversos mínimos,

que puderam ser contornados ou desapareceram nos indivíduos que a técnica foi

submetida, possibilitando o mesmo a sair do procedimento e retomar as atividades

normalmente. Tais efeitos colaterais foram dor local, edema, hematoma, equimose,

dormência, entre outros. Evidenciando também que foram excluídos da pesquisa

indivíduos de grupos de riscos ou que possuíam alguma contra indicação, como

problemas cardíacos, câncer, gestação, crioglobulinemia e dermatites.

Em levantamento realizado nos estudos de Krueger et al (2014) os

pesquisadores relataram que 86% dos 518 pacientes apresentaram melhora. Os

locais do corpo em que a criolipólise foi mais eficaz foram o abdômen, costas e

flancos. Os pacientes responderam a um questionário de satisfação, com 73% de

cobertura sendo satisfeita e 82% sendo preparado para recomendar criolipólise a um

amigo. A maioria descreveu o mínimo de desconforto tolerável durante o

procedimento. Oitenta e nove por cento dos entrevistados relataram uma percepção

positiva da duração do tratamento.

3 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, conforme salienta Gil

(2002) por ser quando um fenômeno pode ser mais bem compreendido, e ainda por

se tratar de aprimoramento de idéias adotadas no processo de pesquisa. De caráter

descritivo, pois principal objetivo é descrever características de determinado grupo.

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Do tipo exploratório, por ser compreendida como investigações de pesquisa

empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla

finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um

ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa

ou modificar e clarificar conceitos (MARCONI; LAKATOS, 2000).

Refere-se a uma pesquisa bibliográfica conforme o ponto de vista de Gil

(2002) sendo elaborados a partir de material já publicado, constituído principalmente

de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.

Para composição da revisão de literatura foram utilizados livros e textos sobre

o assunto, igualmente foram realizadas buscas em bases de dados de informativos

em saúde nas línguas portuguesa e estrangeira. Sendo: Science direct.com e

scielo.br com os seguintes unitermos: gordura abdominal; adiposidade; lipodistrofia;

lipólise; frio; gelo; criolipólise. Foram descartados artigos que não correspondiam ao

objetivo do estudo, utilizados apenas os que abordaram os unitermos citados.

Para a coleta de dados foram utilizadas publicações encontradas entre o mês

de Agosto e Novembro de 2014, sido encontrados ao total 20 publicações de artigos

científicos na língua portuguesa e estrangeira. As amostras selecionadas para

análise foram as publicações mais recentes, visto que o objetivo é reunir estudos

que utilizaram de modernos meios de investigações acerca dos mecanismos

fisiológicos envolvidos na Criolipólise.

Desta forma utilizou-se o total de 3 publicações que datavam o ano de 2014,

de língua estrangeira, sendo de metodologia qualitativa e quantitativa, do tipo

experimental, que correspondiam ao objetivo de estudo.

4 ANALISE DE DADOS

A pesquisa realizada por Sasaki et al (2014) registrou os perfis de

temperatura no tecido durante um único tratamento em um grupo de estudo piloto

com temperatura induzida e tempo de exposição controlado, além de avaliar a

segurança e eficácia da técnica. O equipamento usado no estudo controlou a

temperatura, duração e taxa de redução de calor que é expressa em mw/cm².

O tratamento foi realizado na região abdominal, flancos, culotes, pregas nas

costas e interno de coxas, e temperatura do corpo dos sujeitos foi medida a cada 15

minutos com termômetro oral. A temperatura da pele, também foi monitorada por

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termômetro infravermelho na região tratada. Após a administração de anestesia

local, um sensor de temperatura foi inserido no tecido adiposo subcutâneo na região

lateral do abdômen com o intuito de monitorar a temperatura in loco. O procedimento

de resfriamento foi realizado por 60 minutos, seguido por 5 minutos de massagem

no tecido congelado. O controle de temperatura foi realizado continuamente até que

a temperatura da pele e hipoderme retornassem aos valores pré-tratamento. Em um

dos sujeitos vigorosa massagem manual foi realizada pelo período de 1 hora após o

tratamento com o objetivo de averiguar a influência da reperfusão produzida por

vasodilatação e consequente aumento na oxigenação do sangue com liberação

substancial de radicais livres que presumidamente potencializariam a queima de

gordura. O registro fotográfico dos pacientes foi realizado por seis meses após o

procedimento. O estudo antropométrico também foi realizado por adipometria e a

espessura da camada de tecido adiposo subcutâneo na área tratada medida por

ultrassom.

Com relação à temperatura, a variação média, medida via oral variou de 1°C

a 2°C, enquanto a temperatura da pele de cada sujeito decresceu durante a fase de

resfriamento. No que diz respeito a adipometria a média na redução do grupo

tratado foi de 21,5%, sendo observado uma redução de 19,6% na gordura ao exame

por ultrassom.

Os autores reiteram estudos prévios que afirmam ser a suscetibilidade das

células adiposas ao frio maior que em outras células e que a exposição controlada

dessas células ao frio causa apoptose e necrose sem envolver tecidos adjacentes.

Existem evidências de que o efetivo congelamento do tecido (efeito “picolé”)

contribui para a morte imediata dos adipócitos. Durante a lesão isquêmica induzida

pelo resfriamento, outros mecanismos conhecidos que promovem a morte celular

relacionados a perturbações na homeostasia, redução na atividade da enzima Na-K-

ATPase, nos níveis de ATP e no ácido lático intracelular mostram-se perceptíveis.

Sugere-se que os radicais livres liberados pelas mitocôndrias durante o resfriamento

também contribuem para a lesão celular mesmo havendo redução no metabolismo e

na atividade enzimática em função do frio. Acredita-se que o processo de reperfusão

do tecido adiposo após o congelamento é responsável pelo aumento no cálcio

citoplasmático e assim pela ativação de inúmeras enzimas proteolíticas cálcio-

dependentes e cálcio-independentes, inclusive as caspases responsáveis por boa

parte das lesões celulares subletais envolvidas na apoptose.

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Observou-se ainda que a redução no tecido adiposo ocorre de forma segura e

efetiva na maior parte das regiões corporais em até seis meses após o tratamento,

variando em cerca de 25% de redução, sendo que os melhores resultados, na

plicometria e ultrassonografia, foram observados no abdome, no culote e nas

costas.

Não foram observados no estudo efeitos colaterais à técnica como

queimaduras de pele, bolhas ou úlceras de forma que todos os pacientes retomaram

suas atividades de vida diária normais imediatamente após o tratamento.

Para tanto a investigação realizada no estudo e os resultados clínicos

sugerem que o arrefecimento de gordura para temperaturas normais resulta na

morte celular e apoptose de adipócitos ao longo do tempo. Resultando em redução

significativa na gordura subcutânea na maioria das áreas do corpo sem causar

danos à pele. O retorno de temperatura a níveis pré-tratamento que ocorreram mais

rápido devido ao procedimento por mensagem contínua pode resultar em morte dos

adipócitos adicional por liberar espécies reativas de oxigênio e ativar outros eventos

intracelulares deletérios que acompanham a reperfusão.

O estudo de Garibyan et al (2014) investigou quantitativamente a perda de

gordura por criolipólise utilizando tecnologia de imagem tridimensional. Onze

indivíduos (55% sexo feminino, 45% sexo masculino; idade média de 37,6 anos)

foram submetidos a um único ciclo de criolipólise em um dos flancos entre dezembro

de 2012 e Julho de 2013 para realizar o trabalho de Garibyan e seus colaboradores.

Fotografias em 3D (antes e depois), peso e medidas por adipômetro foram tomadas

de cada indivíduo. Efeitos colaterais e satisfação foram registrados mediante

entrevistas. Resultados clínicos como segurança, medições do adipômetro, peso,

fotografias e entrevistas foram em 10 minutos, 48 horas, 72 horas, 1 semana, 2

semanas, 3 semanas e 2 meses após o tratamento.

O primeiro objetivo, avaliar eficiência do tratamento, foi alcançado por

medições quantitativas utilizando uma câmera 3D e respectivo software. As

fotografias foram tiradas de ângulos e posturas fixos e pré-determinados, para

garantir a padronização do estudo.

Os objetivos secundários foram a eficácia e efeitos colaterais 10 minutos, 48

horas, 72 horas, 1 semana, 2 semanas, 3 semanas e 2 meses após o tratamento.

Medições secundárias de eficácia incluíram medições com adipômetro e avaliação

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13

por investigadores aleatórios. Todos os indivíduos tiveram o flanco tratado e o flanco

controle medidos no início e no final do experimento.

O índice de massa corpórea médio foi 27,1. Os indivíduos foram aleatorizados

para que o flanco direito ou esquerdo fossem tratados. Cada indivíduo recebeu

apenas uma sessão de tratamento. No início do experimento, área tratadas e

controles apresentaram medição por adipômetro, sem diferença significativa.

A aplicação ocorreu durante 60 minutos, utilizando-se do mesmo

equipamento em todos os indivíduos. O local foi identificado e marcado por um único

pesquisador para garantir a precisão de acoplamento do aplicador à pele.

De maneira geral, a perda de volume médio entre o flanco tratado e controle

foi de 39,5cc. Esses valores mostraram uma correlação com as medidas tomadas

pelo adipômetro, que mostraram redução significativa no flanco tratado de 45,6±

5,8mm no início para 38,6± 4.6mm ao final do experimento. O flanco controle não

apresentou redução significativa por meio da medição com adipômetro, sendo de

45,3± 5.0mm no início e 44,6± 5.1mm ao final do experimento. A redução média na

camada de gordura foi de 14,9% no flanco tratado e 0,7% no flanco não tratado.

Todos os indivíduos relataram eritema e edema, seguidos da redução na

sensação 10 minutos após o tratamento. Esses sintomas reduzidos persistiram por

três semanas em 73% dos indivíduos e por dois meses em 18% dos indivíduos, 55%

dos indivíduos reportaram dor na área tratada 10 minutos após o tratamento, com

36% relatando dor fraca e 18% dor moderada. Nenhum indivíduo relatou dor na área

tratada após uma ou duas semanas respectivamente. Nenhum indivíduo necessitou

de medicação durante ou após o tratamento. Não houve dor crônica, bolhas,

coceira, hipopigmentação, hiperpigmentação ou edema. Ao final do estudo 82% dos

indivíduos ficaram satisfeitos com o resultado. Dos 82% indivíduos satisfeitos, todos

disseram que realizariam o procedimento novamente, e recomendariam o tratamento

a um amigo. A principal razão que levou os indivíduos a gostar do tratamento foi seu

caráter não invasivo.

Esses dados sugerem que uma única seção de criolipólise pode eliminar

cerca de 40cc de gordura após dois meses da aplicação. Sem dúvidas ao se

comparar com técnicas invasivas como a lipoaspiração, 40cc é uma pequena

quantidade, porém significativa suficiente para que os indivíduos ficassem satisfeitos

com os resultados. A rapidez e o caráter não invasivo do procedimento foram

exaltados repetidamente pelos indivíduos.

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14

Outro trabalho recente publicado por Kwon et al (2014), estudou os efeitos da

criolipólise na redução da gordura subcutânea de porcos, buscando elucidar o

mecanismo de ação, a eficácia e a segurança da técnica e do equipamento em

utilização.

No estudo, o abdômen de micro-porcos fêmeas foi tratado com um dispositivo

de congelamento, sendo os resultados avaliados por fotografia comum, fotografia

tridimensional, ultrasonografia, microscopia óptica e análise dos níveis de gordura no

sangue (plasma), de 0 a 90 dias após uma sessão de tratamento com 1 hora de

duração.

O artigo concluiu que a técnica efetivamente reduziu a gordura abdominal no

modelo experimental proposto. O estudo histológico por microscopia óptica

confirmou a destruição seletiva da gordura subcutânea induzida pelo congelamento

não invasivo, além do aumento na diferenciação dos pré-adipócitos e no catabolismo

lipídico. Uma particularidade encontrada na análise imuno-histoquímica foi o

aumento nos níveis de PPARδ (peroxisome proliferator-activated receptors) no

tecido adiposo subcutâneo, de 30 a 60 dias após o tratamento.

A expressão deste mediador químico se encontra aumentada em tecidos com

metabolismo lipídico ativo (catabolismo), como o tecido adiposo, o coração e o

músculo esquelético. A literatura relata que o PPARδ age como um sensor

lipoproteíco de muito-baixa densidade nos macrófagos, células em quantidade

altamente evidenciadas, e ativadas no local da aplicação, perceptível pelo estudo

histológico.

A pesquisa relata, como um detalhe interessante, que após a análise dos

indicadores de processo inflamatório, percebeu-se que o pico ocorreu em torno do

15º dia, decrescendo após o 30º dia pós-tratamento, embora as reduções no tecido

adiposo fossem observadas até o 90º dia.

Destaca ainda que não foram observados nos estudos histológico,

morfológico e patológico, efeitos colaterais ou reações adversas à técnica,

corroborando outros estudos que afirmam ser o tecido adiposo mais sensível ao

congelamento em relação a outros tecidos.

Finalmente, o estudo sugere que a técnica de criolipólise pode ser uma opção

no tratamento das dislipidemias, uma vez que reduções nas taxas de gordura no

sangue foram observadas 60 dias após o tratamento.

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5 DISCUSSÃO

Na análise conclusiva dos artigos encontrados é exequível elucidar os efeitos

da criolipólise, pelo estudo de Garibyan et al (2014) a redução média da camada

adiposa foi de 14,9% no tratamento de flancos analisados pela técnica de

mensuração de imagens tridimensionais durante um período de dois meses. Isso

corresponde em uma perda aproximada de 40cc de gordura após uma única sessão.

No estudo de Sasaki et al (2014) a redução média mensurada por adipometria

foi de 21,5% ou de 19,6% quando observada por exame de ultrassom. Esses

resultados foram analisados após seis meses a aplicação da técnica de criolipólise.

No que se refere aos mecanismos de ação, os estudos de Sasaki et al (2014)

apresentam a lesão isquêmica induzida pelo resfriamento como o mecanismo que

promove a morte celular, e ainda a contribuição dos radicais livres liberados pelas

mitocôndrias durante o resfriamento, sendo responsáveis pela lesão celular mesmo

havendo redução no metabolismo e na atividade enzimática em função do frio. De

forma que a reperfusão produzida por vasodilatação, aumente a oxigenação do

sangue com liberação de substâncias de radicais livres que potencializariam a

queima da gordura.

Constatou-se nos estudos realizados em modelos suínos de Know et al

(2014) a destruição seletiva da gordura induzida pelo resfriamento e a diferenciação

dos pré-adipocitos e do catabolismo lipídico. Sendo encontrado em analise imuno-

histoquimica dos adipócitos aumento dos níveis de PPARδ que age como um sensor

lipoproteíco de muito-baixa densidade nos macrófagos, que foram células

encontradas em quantidade altamente evidenciadas e ativadas no local da

aplicação.

Foi observado ainda no estudo de Sasaki et al (2014) que o retorno a

temperatura inicial após a aplicação da técnica ocorreu mais rápido em um individuo,

devido ao procedimento por mensagem contínua, que portanto pode resultar em

morte dos adipócitos adicional por liberar espécies reativas de oxigênio e ativar

outros eventos intracelulares deletérios que acompanham a reperfusão.

Relatam Know et al (2014) que indicadores do processo inflamatório mostram

pico em torno do 15º e 30º dia após o tratamento de criolipólise e a redução do

tecido adiposo pode ser observada até o 90º dia pós tratamento.

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Na análise de Garibyan et al (2014) reforçam a ideia de estudos anteriores

que demonstram que a exposição ao frio pode induzir danos a gordura subcutânea

pela indução de paniculite, reduzindo a camada de gordura superficial, por serem os

adipócitos mais sensíveis ao frio do que demais tecidos corporais.

O protocolo de aplicação ficou evidenciado nos estudos analisados, que cada

área tratada deve ficar exposto ao resfriamento tecidual por 60 minutos, cujas

temperaturas alcançam até -10º C. Entre a pele o aplicador deve ter uma membrana

de gel para acoplamento do aplicador, que pode ter vácuo superior a 50 mmHg de

sucção.

Foram considerados em todos os estudos como grupo de risco, os indivíduos

com históricos de lesão induzida pelo frio, como crioglobulinemia, urticária ao frio,

hemoglobinúria, histórico de cirurgias recentes ou portadores de patologias diversas,

sendo elegíveis ao tratamento homens e mulheres que apresentam região corporal

com gordura localizada, de peso normal ou pouco acima, analisados através de IMC.

Nos estudos abordados não foram observados quaisquer efeitos colaterais à

técnica como dor crônica, bolhas, coceira, edema, hiperpigmentação, úlceras ou

queimaduras. Sendo relatado nos estudos de Garibyan et al (2014) a presença de

eritema, edema e redução da sensação em todos os indivíduos 10 minutos após o

tratamento, sendo reduzidos em até 3 semanas após a aplicação.

Para Sasaki et al (2014) a redução do tecido adiposo ocorre de forma segura

e efetiva na maior parte das regiões corporais em até seis meses do tratamento.

Apropria-se a técnica de Criolipólise a um método válido para degradação dos

triglicerídeos, sendo os melhores resultados observados no abdome, culote e costas.

Concluem Garibyan et al (2014) ao final do estudo 82% dos indivíduos

ficaram satisfeitos com o resultado. Dos 82% indivíduos satisfeitos, todos disseram

que realizariam o procedimento novamente, e recomendariam o tratamento a um

amigo. A principal razão que levou os indivíduos a gostar do tratamento foi seu

caráter não invasivo.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os tratamentos oferecidos em clínicas de estética por muito tempo, tornaram-

se medidas paliativas no que se refere a adiposidade. Em virtude disso muitos

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procedimentos cirúrgicos como a lipoaspiração se faziam necessários, cujo

procedimento perdurou durante anos o mais eficaz para amenizar as alterações

estéticas ocasionadas pelo aumento de peso. Dados apresentados mostram a

diminuição desse procedimento em virtude dos riscos cirúrgicos e demora na

recuperação. Desde a liberação da Criolipólise pela FDA em 2010, a busca por

procedimentos não invasivos para redução de gordura aumentou significativamente,

mostrando-se um método eficaz, porém por se tratar de um procedimento recente no

mercado, ainda causa dúvidas quanto o real benefício e a sua segurança. Mediante

isso o presente estudo trouxe aproximação à técnica abordando os principais

aspectos levantados nos estudos publicados recentemente.

A criolipólise pode ser considerada uma técnica segura e eficaz quando são

seguidos parâmetros de aplicação e devida avaliação prévia do paciente. O

protocolo de tratamento deve ser descrito conforme modelo e marca do aparelho

utilizado, entretanto se faz regra o uso da membrana de gel protetora.

O esclarecimento da técnica bem como do público alvo que se destina o

procedimento visa a venda do tratamento de maneira garantida e efetiva, impedindo

a irregularidade nos resultados e reações colaterais inesperadas.

É importante salientar que criolipólise é um tratamento indicado para redução

de gordura em regiões localizadas como abdome, flancos, costas, culote entre

outros, que o intuito não visa o tratamento da obesidade, nem a redução de demais

alterações estéticas.

Apoptose é o resultado do congelamento do tecido adiposo pela técnica de

criolipólise, sugerem os autores que os adipócitos são mais sensíveis ao frio que os

tecidos adjacentes, levando a redução da camada de gordura em média de 20%.

Processo que perdura por até 90 dias após a aplicação, quando então será

observada a quantidade total de redução de gordura. Mediante as evidencias

levantadas neste estudo, resultados satisfatórios de redução de gordura subcutânea

foram alcançados, entretanto o mecanismo de ação não se encontra totalmente

elucidado, se fazendo necessárias mais pesquisas neste sentido.

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