Criolipólise - Josiane Mendes e Marcia Raquel Pauletto Bender
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Trabalho de Iniciação Científica do Curso Superior de Técnologia em Cosmetologia e Estética –
Universidade do Vale do Itajaí – Balneário Camboriú – 2014/II.
1
2
Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected]
3
Acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected]
Orientador e professor do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética – Universidade do Vale do Itajaí. Email: [email protected]
A TÉCNICA DA CRIOLIPÓLISE: ACHADOS CIENTÍFICOS E PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Josiane Mendes1 Marcia Raquel Pauletto Bender2
Felipe Lacerda3
Resumo: A adiposidade localizada é uma disfunção estética que impera entre os
tratamentos mais procurados tanto por mulheres quanto por homens nas clínicas de estética. A degradação dos triglicerídeos se dá de forma lenta e não satisfatória em muitos casos, e no intuito de intensificar os resultados, a busca de recursos estéticos inovadores são cada vez mais explorados entre profissionais da área. Pesquisas revelam que a busca por procedimentos menos invasivos como a criolipólise são os tratamentos mais difundidos no ramo da estética atualmente, diminuindo a demanda de tratamentos cirúrgicos como a lipoaspiração. À vista disso o objetivo do presente estudo visa aprimorar os conhecimentos da técnica de criolipólise, uma vez que estudos experimentais que abordam estas importantes questões são escassos e muitas vezes divergentes sendo oportuno realizar a análise crítica do que existe de mais recente na literatura sobre o assunto, seja de cunho empírico ou baseado em evidências cientificas. Á vista disso, adotou-se uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo e exploratório apontado como revisão bibliográfica. Para análise de dados foram realizadas buscas em bases de dados, desta forma foram utilizados no total 3 artigos de publicações recentes que correspondem com o objetivo deste estudo, onde por fim, foi possível elucidar a técnica da criolipólise e seus aspectos relevantes para efetividade do tratamento e pode ser considerada uma técnica segura e eficaz quando são seguidos parâmetros de aplicação e devida avaliação prévia do paciente
Palavras-chave: Criolipólise. Adiposidade. Frio.
1 INTRODUÇÃO
A indústria cosmética lança a cada dia facilidades tecnológica e tratamentos
ultramodernos que permitem não só mulheres, mas também os homens a chegar
mais perto do que se considera belo. Séculos de estudos e de práticas cosméticas
nos permitem moldar, formar e tratar nosso corpo como um delicado instrumento
(MATARAZZO, 1998).
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As alterações estéticas causam grande impacto na imagem corporal das
mulheres, que são fortemente influenciadas pela mídia, diante deste quesito
favorece o desenvolvimento de novas tecnologias que objetivam principalmente a
remodelação corporal (ROCHA, 2013).
Em 2012, estimava-se que mais de 10 milhões de procedimentos estéticos
foram realizados nos Estados Unidos, com gastos totais de 11 bilhões de dólares.
Isso representa um aumento de 250% na demanda por procedimentos cosméticos e
não invasivos nas duas últimas décadas. Desta forma os procedimentos cirúrgicos
diminuíram em 16% desde 2000, enquanto o número de procedimentos não
invasivos aumentou simultaneamente (KRUEGER, et al, 2014).
Enquanto a lipoaspiração permanece como o procedimento mais efetivo para
remodelagem facial e corporal os pacientes continuam a procurar por métodos não
invasivos de remoção de gordura que tenham menor taxa de morbidade e curto
tempo de recuperação. Os atuais procedimentos não invasivos empregam
endermoterapia, lasers, radiofrequência, ultrassom e led embora tais procedimentos
não parecem reduzir expressivamente o tecido adiposo (SASAKI, et al, 2014)
Em decorrência das novas tecnologias associadas aos riscos inerentes, como
inúmeros casos em cirurgias de lipoaspiração, introduz-se no mercado recursos não
invasivos e com o mínimo de efeitos colaterais. Diante disso cita-se a criolipólise, um
sistema de congelamento a vácuo assistido que age no tecido adiposo a fim de
promover a lipólise e consequentemente a redução de medidas (JEWELL; SOLISH;
DESILETS, 2011).
Criado por estudiosos da Universidade de Harvard em conjunto com o
professor Dr. Rox Anderson da Escola de Medicina e Dermatologia de Harvard,
também diretor do Wellman Center, em Massachussets deram origem à criolipólise.
Os estudiosos descobriram que as células adiposas são extremamente sensíveis ao
frio, e que isso poderia ser uma arma eficiente no combate à gordura localizada. A
técnica foi testada em 1.200 pessoas nos Estados Unidos e na Europa com um
desfecho promissor: a média de perda de circunferência foi de quatro centímetros
por sessão. Os primeiros estudos foram realizados em porcos, em 2008, na cidade
de Boston, e em setembro de 2010 a tecnologia foi liberada para uso em seres
humanos pelo Food and Drugs Administration (FDA), agência governamental norte-
americana que controla alimentos e remédios no país. A agência também sugeriu
que um nível determinado de temperatura e tempo de exposição fosse estabelecido
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para evitar queimaduras de frio ou qualquer outro risco. No Brasil, a Anvisa liberou a
Criolipólise para realizar os procedimentos de redução de gordura, e temos hoje
disponíveis no mercado o Coolscupting da empresa Zeltiq, o PowerShape Galeno
da LMG Crioredux da empresa Advice e CoolShaping da empresa LGM (BUENO,
2012; SBCD, 2014).
Haja vista que a técnica de criolipólise vem sendo amplamente utilizada nas
clínicas de estética como conduta principal no tratamento da gordura localizada,
embora ainda por tratar-se de um método que pouco se sabe a respeito do
mecanismo de ação, da técnica de aplicação ideal e as precauções a serem
tomadas, assim como possíveis reações adversas, podem criar expectativas
errôneas aos pacientes, impedindo o crescimento do mercado ou até mesmo a
comercialização imprópria do tratamento para demais disfunções estéticas. À vista
disso o objetivo do presente estudo visa aprimorar os conhecimentos da técnica de
criolipólise, uma vez que estudos experimentais que abordam estas importantes
questões são escassos e muitas vezes divergentes sendo oportuno realizar a
análise crítica do que existe de mais recente na literatura sobre o assunto, seja de
cunho empírico ou baseado em evidências cientificas.
2 REFERECIAL TEÓRICO
2.1 CARACTERÍSTICAS DO TECIDO ADIPOSO
O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo frouxo de células adiposas
semelhantes a sacos, é especializado no armazenamento de gordura. As células
adiposas são encontradas em todo o corpo: na camada subcutânea da pele; ao
redor dos rins, no interior das articulações e na medula dos ossos longos (RIZZO,
2012).
Desta maneira salientam Junqueira; Carneiro (2013) que o tecido adiposo
forma também coxins absorventes de choques, principalmente nas plantas dos pés e
das mãos. Como as gorduras são más condutoras de calor, o tecido adiposo
contribui para o isolamento térmico do organismo. Além disto, preenche espaço
entre outros tecidos e auxilia a manter determinados órgãos em suas posições
normais.
Para Guyton e Hall (2003) a principal função do tecido adiposo é o
armazenamento dos triglicerídeos até que eles sejam necessários ao suprimento de
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energia em outras partes do corpo, e uma função subsidiária é proporcionar
isolamento térmico para o corpo.
O número de calorias necessárias para o funcionamento do corpo varia
conforme o estilo de vida. Embora muitas vezes a gordura seja associada à
obesidade, certa quantidade de gordura é essencial para manutenção da saúde. A
camada de gordura no corpo além de auxiliar na manutenção da temperatura,
também é utilizada para produzir os materiais das glândulas sebáceas que lubrificam
a pele e os lipídeos são utilizados para ajudar na absorção das vitaminas A, D, Ee K
que são solúveis em gordura (GERSON, et al, 2011).
Diante do exposto, cabe elucidar conforme Schimidt (2000) que gordura é o
nome dado a uma categoria numerosa de substâncias que obtemos dos alimentos,
ou que produzimos em nosso organismo, conhecidos como lipídeos.
Nos seres humanos, aproximadamente 15% do peso corporal de um adulto
normal do sexo masculino, e cerca de 22% no feminino, corresponde a tecido
adiposo, representando cerca de 2 meses de reserva energética (GARCIA;
CHAVES; AZEVEDO, 2002).
As células adiposas do tecido adiposo são fibroblastos modificados, que tem
capacidade de armazenar triglicerídeos praticamente puros em quantidades
correspondentes a 80 a 95 % de seu volume (GUYTON; HALL 2003).
A célula adiposa possui núcleo, retículo endoplasmático, membrana celular,
mitocôndrias e grandes gotas de gordura. A gordura no citoplasma ocupa a maioria
dos espaços, deslocando o núcleo para um lado da célula, dando ao adipócito a
aparência de um anel sinete (JACOB et al, 1990).
Conforme os autores Garcia; Chaves; Azevedo (2002) também pode
apresentar capacidade acentuada de alteração de tamanho, em casos de obesidade
ou anorexia, pode elevar seu peso total acima de 100% ou diminuir, chegando até a
3% do normal.
O tecido adiposo é o maior depósito corporal de energia, sob a forma de
triglicerídeos, modela a superfície corporal, sendo responsável pelas diferenças do
contorno entre os corpos das mulheres e dos homens (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2013).
O triglicerídeo é uma subcategoria de lipídios que inclui gordura e óleo. Cujas moléculas são formadas pela condensação de uma molécula de glicerol com três moléculas de ácidos graxos. Deste modo tal estrutura, que os profissionais de química atualmente preferem se referir
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pelo termo triacilglicerol, embora o termo triglicerídeo seja extensamente utilizado (FOX, 2007).
Nos mamíferos existem dois tipos de tecido adiposo, o tecido adiposo branco
ou unilocular e o tecido adiposo pardo ou multilocular: O tecido unilocular apresenta-
se distribuído no corpo humano de acordo com o biótipo, sexo e idade, sua cor varia
entre branco e amarelo-escuro, dependendo em parte da dieta, essa coloração
deve-se principalmente ao acúmulo de carotenoides dissolvidos nas gorduras.
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
O tecido adiposo branco ou unilocular possui um tamanho variado de 25 a 200
µm, contêm uma única e grande gota lipídica. Aproximadamente 60% a 80% do
peso de um depósito de tecido adiposo branco é representado por lipídio, 90% a
99% de triacilgliceróis. Na mistura de lipídios em média 90% é ácido graxo o restante
é representado por água e proteínas. São os adipócitos importantes no
armazenamento e balanço energético do indivíduo. Na espécie humana, este tecido
é amplamente distribuído subcutaneamente, em algumas regiões mais
desenvolvidas que em outras. Sendo diferentes em homens e mulheres e acabam
por influenciar nas diferenças do contorno corporal entre os sexos. No tecido
adiposo branco, cada adipócito está em contato com pelo menos um capilar, o fluxo
sanguíneo para o tecido adiposo varia dependendo do peso corporal e estado
nutricional, aumentando durante o estado de jejum. No tecido adiposo branco
encontram-se adipócitos brancos, que são mais importantes no armazenamento e
balanço energético do indivíduo, além disso, secreta fatores que desempenham
funções na resposta imunitária, em doenças vasculares, e na regulação do apetite
(GARCIA; CHAVES; AZEVEDO, 2002).
Já o tecido adiposo pardo ou multilocular é importante para a regulação da
temperatura corporal em recém – nascidos e na produção de calor nos animais de
espécies que hibernam. Os adipócitos pardos podem alcançar 60 µm de diâmetro e
se caracterizam pela presença de várias gotículas lipídicas. O grande número de
mitocôndrias em suas células confere uma capacidade incomum de gerar calor pela
oxidação dos ácidos graxos (GARCIA; CHAVES; AZEVEDO, 2002).
O aumento do tecido adiposo pode ocorrer por hiperplasia (aumento de
número) e hipertrofia (aumento do tamanho) das células. Sendo ele capaz de
remover os ácidos graxos da circulação para a síntese dos triglicerídeos e também
manufaturá-los a partir da glicose. Deste modo, a célula adiposa estoca, sintetiza e
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libera ácido graxo, dependendo das necessidades do organismo. A velocidade de
formação dos triglicerídeos na célula adiposa depende, primariamente, do balanço
energético do organismo, no momento em questão (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
2.2 METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO
2.2.1 Lipogênese
Segundo Tortora (2000) a lipogênese é a síntese de lipídeos a partir da glicose
ou de aminoácidos que ocorre quando uma grande quantidade de carboidratos entra
no corpo e pode, então, ser utilizado para energia ou armazenado como glicogênio.
Os carboidratos em excesso são sintetizados em triglicerídeos. A conversão de
glicose em lipídios envolve a formação de glicerol e acetilCoA, que podem ser
convertidos em ácidos graxos.
Para Geneser (2003) os triglicerídeos dos adipócitos são sintetizados em parte,
de ácidos graxos que chegam através da corrente sanguínea até os adipócitos e que
provem dos alimentos ingeridos na dieta ou da produção de ácidos graxos pelo
fígado.
Tais ácidos graxos, serve de energia para praticamente todas as células do
corpo, com exceção das células neurais do cérebro. Em contrapartida, o glicerol é
oxidado somente por alguns tecidos, a maioria é levada ao fígado, que é
metabolizado, transformando-se em energia, ou formando-se novos triglicerídeos
(KRUMMEL, 1998; GUYTON, 1988).
Os quilomícrons são lipoproteínas, que tem a função de transporte dos lipídios
alimentares aos tecidos adiposos (TORTORA, GRABOWSKI, 2006).
Tais quilomícrons, após deixarem as células epiteliais, penetram nos capilares
linfáticos do intestino e são levados pela corrente linfática, posteriormente indo
atingir o sangue, que os distribui por todo o organismo. Nos capilares sanguíneos
do tecido adiposo, graças a presença de uma lípase, produzida pelas células
adiposas, ocorre a hidrólise dos quilomícrons e das lipoproteínas (VLDL)
plasmáticas, com a liberação de ácido graxo e glicerol, que penetram nas células
adiposas, onde se recombinam formando novamente triglicerídeos sendo então
armazenados (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2008).
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2.2.2 Lipólise
Ressaltam Garcia; Chaves; Azevedo (2002) que é crucial que se entenda como
se desenvolve a gordura, bem como o metabolismo do tecido adiposo participa na
fisiopatologia desse e demais distúrbios metabólicos envolvidos no aumento dos
ácidos graxos.
Lipólise é a degradação dos triglicerídeos a glicerol e a ácidos graxos.
(TORTORA, 2000).
É o processo que ocorre em sítios citoplasmáticos e mitocondriais dos
adipócitos, no tecido adiposo, e hepatócitos, no fígado (GARCIA, CHAVES;
AZEVEDO, 2002).
O glicerol pode ser convertido em gliceroldeído-3-fosfato, que pode, então ser
convertido em glicose ou entrar no ciclo de Krebs para sua oxidação, via acetilCoA
(TORTORA, 2000).
Os triglicerídeos são transportados do intestino e do fígado principalmente sob
a forma de quilomícrons e outras lipoproteínas, como as lipoproteínas de densidade
muito baixa. Nos capilares do tecido adiposo essas lipoproteínas são atacadas pela
enzima lípase protéica, liberando ácidos graxos e glicerol. Essas duas moléculas se
difundem do capilar para o citoplasma do adipócito, onde formam triglicerídeos que
são depositados até serem necessários. Norepinefrina liberada nas terminações
nervosas estimula o sistema intracelular de AMP cíclico (cAMP) que ativa a lípase
sensível a hormônio. Essa lípase hidrolisa os triglicerídeos armazenados, formando-
se ácidos graxos livres e glicerol. Essas duas substâncias se difundem para o
interior do capilar, no qual os ácidos graxos se ligam à porção hidrofóbica das
moléculas de albumina para serem distribuídos para tecidos distantes, que serão
utilizados como fonte de energia. O glicerol permanece livre no sangue e será
captado principalmente pelo fígado (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
O processo da quebra de triacilgliceróis e a liberação de ácidos graxos do
tecido adiposo predominam sobre a lipogênese quando energia adicional é
necessária (GARCIA, CHAVES; AZEVEDO, 2002).
A maioria dos depósitos de gordura vem diretamente dos triglicerídeos da
dieta, conforme evidenciado pelo fato de que a composição de ácido graxo do tecido
adiposo reflete a composição de ácidos graxos da dieta. O carboidrato e a proteína
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em excesso na dieta também são convertidos em ácidos graxos no fígado, por meio
do processo de comparatividade ineficiente da lipogênese (MAHAM et al, 2005).
2.3 CRIOLIPÓLISE
Sugerem Kennet et al (2009) que a criolipólise consiste de um método novo e
não invasivo para redução de gordura, utilizando de tecnologias de resfriamento
intenso e localizado.
Fazendo uma análise etimológica da palavra CRIOLIPÓLISE, podemos extrair
facilmente seu exato conceito. “CRIO”, do grego “kryos” significa gelo, frio. LIPO, do
grego “lípos” significa gordura, substância gorda. E “LISE” do grego “lúsis”, exprime
a ideia de dissolução, ato de separar. Essa técnica consiste, portanto, na dissolução
da massa gorda pelo frio (LACRIMANTI, 2008; COLEMAN et al, 2009; JEWELL;
SOLISH; DESILETS, 2011).
A criolipólise é um método contemporâneo para a redução de gordura
localizada que emprega controlada e seletiva extração de calor dos adipócitos
poupando adicional lesão a pele e a outras estruturas. O mecanismo proposto que
resulta na falência depositaria imediata e gradual apoptose dos adipócitos e são
associadas a cristalização ou congelamento dos adipócitos, paniculite inflamatória,
processo de fagocitose e consequente limpeza do local envolvido. Os princípios da
criolipólise foram estabelecidos durante os anos 1960 – a era moderna da
criobiologia e criocirurgia – e consiste no rápido resfriamento, consequente isquemia,
lento descongelamento, deficiência na reperfusão do tecido e em algumas
circunstâncias de repetição no ciclo congelamento-descongelamento. Desde então
inúmeras pesquisas em modelos animais e sistema de cultura de células tem
buscado definir o tempo de exposição e a temperatura de resfriamento adequados, o
risco real da estase vascular induzida pelo frio e, recentemente, a proposta de
produção de espécies reativas ao oxigênio (ROS) associada à lesão vascular falha
na reperfusão induzida (pela hipotermia do tecido) (SASAKI et al, 2014).
A técnica de destruição dos adipócitos através da exposição ao frio tem
demonstrado de forma segura e eficaz a redução da gordura subcutânea sem afetar
os tecidos adjacentes (BERNSTEIN, 2013).
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Concluem Urzedo, Lipi, Rocha (2012) que a criolipólise é uma técnica que
promete resultados satisfatórios chegando a perdas de 20% a 26% de gordura
localizada, tornando-se uma alternativa ideal para pacientes que necessitam de
remoção pequena ou moderada de tecido adiposo.
Ferraro et. al (2012) comprovam por meio científico publicado na revista Aesth
Plast Surg a eficácia do procedimento, em seu artigo, utilizando amostra
considerável e em várias áreas de diferentes aplicações.
O protocolo de aplicação pode chegar à temperatura de -100C, onde uma
membrana de gel é aplicada sobre a pele para perfeito acoplamento do aplicador. A
sucção do tecido é realizada no interior da manopla, por pressão a vácuo, durante
60 minutos, quando ocorre o processo de resfriamento tecidual, seguidos por 5
minutos de massagem manual (SASAKI et al, 2014).
Zelickson et al (2009) afirma que a técnica envolve efeitos adversos mínimos,
que puderam ser contornados ou desapareceram nos indivíduos que a técnica foi
submetida, possibilitando o mesmo a sair do procedimento e retomar as atividades
normalmente. Tais efeitos colaterais foram dor local, edema, hematoma, equimose,
dormência, entre outros. Evidenciando também que foram excluídos da pesquisa
indivíduos de grupos de riscos ou que possuíam alguma contra indicação, como
problemas cardíacos, câncer, gestação, crioglobulinemia e dermatites.
Em levantamento realizado nos estudos de Krueger et al (2014) os
pesquisadores relataram que 86% dos 518 pacientes apresentaram melhora. Os
locais do corpo em que a criolipólise foi mais eficaz foram o abdômen, costas e
flancos. Os pacientes responderam a um questionário de satisfação, com 73% de
cobertura sendo satisfeita e 82% sendo preparado para recomendar criolipólise a um
amigo. A maioria descreveu o mínimo de desconforto tolerável durante o
procedimento. Oitenta e nove por cento dos entrevistados relataram uma percepção
positiva da duração do tratamento.
3 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, conforme salienta Gil
(2002) por ser quando um fenômeno pode ser mais bem compreendido, e ainda por
se tratar de aprimoramento de idéias adotadas no processo de pesquisa. De caráter
descritivo, pois principal objetivo é descrever características de determinado grupo.
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Do tipo exploratório, por ser compreendida como investigações de pesquisa
empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla
finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um
ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa
ou modificar e clarificar conceitos (MARCONI; LAKATOS, 2000).
Refere-se a uma pesquisa bibliográfica conforme o ponto de vista de Gil
(2002) sendo elaborados a partir de material já publicado, constituído principalmente
de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.
Para composição da revisão de literatura foram utilizados livros e textos sobre
o assunto, igualmente foram realizadas buscas em bases de dados de informativos
em saúde nas línguas portuguesa e estrangeira. Sendo: Science direct.com e
scielo.br com os seguintes unitermos: gordura abdominal; adiposidade; lipodistrofia;
lipólise; frio; gelo; criolipólise. Foram descartados artigos que não correspondiam ao
objetivo do estudo, utilizados apenas os que abordaram os unitermos citados.
Para a coleta de dados foram utilizadas publicações encontradas entre o mês
de Agosto e Novembro de 2014, sido encontrados ao total 20 publicações de artigos
científicos na língua portuguesa e estrangeira. As amostras selecionadas para
análise foram as publicações mais recentes, visto que o objetivo é reunir estudos
que utilizaram de modernos meios de investigações acerca dos mecanismos
fisiológicos envolvidos na Criolipólise.
Desta forma utilizou-se o total de 3 publicações que datavam o ano de 2014,
de língua estrangeira, sendo de metodologia qualitativa e quantitativa, do tipo
experimental, que correspondiam ao objetivo de estudo.
4 ANALISE DE DADOS
A pesquisa realizada por Sasaki et al (2014) registrou os perfis de
temperatura no tecido durante um único tratamento em um grupo de estudo piloto
com temperatura induzida e tempo de exposição controlado, além de avaliar a
segurança e eficácia da técnica. O equipamento usado no estudo controlou a
temperatura, duração e taxa de redução de calor que é expressa em mw/cm².
O tratamento foi realizado na região abdominal, flancos, culotes, pregas nas
costas e interno de coxas, e temperatura do corpo dos sujeitos foi medida a cada 15
minutos com termômetro oral. A temperatura da pele, também foi monitorada por
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termômetro infravermelho na região tratada. Após a administração de anestesia
local, um sensor de temperatura foi inserido no tecido adiposo subcutâneo na região
lateral do abdômen com o intuito de monitorar a temperatura in loco. O procedimento
de resfriamento foi realizado por 60 minutos, seguido por 5 minutos de massagem
no tecido congelado. O controle de temperatura foi realizado continuamente até que
a temperatura da pele e hipoderme retornassem aos valores pré-tratamento. Em um
dos sujeitos vigorosa massagem manual foi realizada pelo período de 1 hora após o
tratamento com o objetivo de averiguar a influência da reperfusão produzida por
vasodilatação e consequente aumento na oxigenação do sangue com liberação
substancial de radicais livres que presumidamente potencializariam a queima de
gordura. O registro fotográfico dos pacientes foi realizado por seis meses após o
procedimento. O estudo antropométrico também foi realizado por adipometria e a
espessura da camada de tecido adiposo subcutâneo na área tratada medida por
ultrassom.
Com relação à temperatura, a variação média, medida via oral variou de 1°C
a 2°C, enquanto a temperatura da pele de cada sujeito decresceu durante a fase de
resfriamento. No que diz respeito a adipometria a média na redução do grupo
tratado foi de 21,5%, sendo observado uma redução de 19,6% na gordura ao exame
por ultrassom.
Os autores reiteram estudos prévios que afirmam ser a suscetibilidade das
células adiposas ao frio maior que em outras células e que a exposição controlada
dessas células ao frio causa apoptose e necrose sem envolver tecidos adjacentes.
Existem evidências de que o efetivo congelamento do tecido (efeito “picolé”)
contribui para a morte imediata dos adipócitos. Durante a lesão isquêmica induzida
pelo resfriamento, outros mecanismos conhecidos que promovem a morte celular
relacionados a perturbações na homeostasia, redução na atividade da enzima Na-K-
ATPase, nos níveis de ATP e no ácido lático intracelular mostram-se perceptíveis.
Sugere-se que os radicais livres liberados pelas mitocôndrias durante o resfriamento
também contribuem para a lesão celular mesmo havendo redução no metabolismo e
na atividade enzimática em função do frio. Acredita-se que o processo de reperfusão
do tecido adiposo após o congelamento é responsável pelo aumento no cálcio
citoplasmático e assim pela ativação de inúmeras enzimas proteolíticas cálcio-
dependentes e cálcio-independentes, inclusive as caspases responsáveis por boa
parte das lesões celulares subletais envolvidas na apoptose.
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Observou-se ainda que a redução no tecido adiposo ocorre de forma segura e
efetiva na maior parte das regiões corporais em até seis meses após o tratamento,
variando em cerca de 25% de redução, sendo que os melhores resultados, na
plicometria e ultrassonografia, foram observados no abdome, no culote e nas
costas.
Não foram observados no estudo efeitos colaterais à técnica como
queimaduras de pele, bolhas ou úlceras de forma que todos os pacientes retomaram
suas atividades de vida diária normais imediatamente após o tratamento.
Para tanto a investigação realizada no estudo e os resultados clínicos
sugerem que o arrefecimento de gordura para temperaturas normais resulta na
morte celular e apoptose de adipócitos ao longo do tempo. Resultando em redução
significativa na gordura subcutânea na maioria das áreas do corpo sem causar
danos à pele. O retorno de temperatura a níveis pré-tratamento que ocorreram mais
rápido devido ao procedimento por mensagem contínua pode resultar em morte dos
adipócitos adicional por liberar espécies reativas de oxigênio e ativar outros eventos
intracelulares deletérios que acompanham a reperfusão.
O estudo de Garibyan et al (2014) investigou quantitativamente a perda de
gordura por criolipólise utilizando tecnologia de imagem tridimensional. Onze
indivíduos (55% sexo feminino, 45% sexo masculino; idade média de 37,6 anos)
foram submetidos a um único ciclo de criolipólise em um dos flancos entre dezembro
de 2012 e Julho de 2013 para realizar o trabalho de Garibyan e seus colaboradores.
Fotografias em 3D (antes e depois), peso e medidas por adipômetro foram tomadas
de cada indivíduo. Efeitos colaterais e satisfação foram registrados mediante
entrevistas. Resultados clínicos como segurança, medições do adipômetro, peso,
fotografias e entrevistas foram em 10 minutos, 48 horas, 72 horas, 1 semana, 2
semanas, 3 semanas e 2 meses após o tratamento.
O primeiro objetivo, avaliar eficiência do tratamento, foi alcançado por
medições quantitativas utilizando uma câmera 3D e respectivo software. As
fotografias foram tiradas de ângulos e posturas fixos e pré-determinados, para
garantir a padronização do estudo.
Os objetivos secundários foram a eficácia e efeitos colaterais 10 minutos, 48
horas, 72 horas, 1 semana, 2 semanas, 3 semanas e 2 meses após o tratamento.
Medições secundárias de eficácia incluíram medições com adipômetro e avaliação
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por investigadores aleatórios. Todos os indivíduos tiveram o flanco tratado e o flanco
controle medidos no início e no final do experimento.
O índice de massa corpórea médio foi 27,1. Os indivíduos foram aleatorizados
para que o flanco direito ou esquerdo fossem tratados. Cada indivíduo recebeu
apenas uma sessão de tratamento. No início do experimento, área tratadas e
controles apresentaram medição por adipômetro, sem diferença significativa.
A aplicação ocorreu durante 60 minutos, utilizando-se do mesmo
equipamento em todos os indivíduos. O local foi identificado e marcado por um único
pesquisador para garantir a precisão de acoplamento do aplicador à pele.
De maneira geral, a perda de volume médio entre o flanco tratado e controle
foi de 39,5cc. Esses valores mostraram uma correlação com as medidas tomadas
pelo adipômetro, que mostraram redução significativa no flanco tratado de 45,6±
5,8mm no início para 38,6± 4.6mm ao final do experimento. O flanco controle não
apresentou redução significativa por meio da medição com adipômetro, sendo de
45,3± 5.0mm no início e 44,6± 5.1mm ao final do experimento. A redução média na
camada de gordura foi de 14,9% no flanco tratado e 0,7% no flanco não tratado.
Todos os indivíduos relataram eritema e edema, seguidos da redução na
sensação 10 minutos após o tratamento. Esses sintomas reduzidos persistiram por
três semanas em 73% dos indivíduos e por dois meses em 18% dos indivíduos, 55%
dos indivíduos reportaram dor na área tratada 10 minutos após o tratamento, com
36% relatando dor fraca e 18% dor moderada. Nenhum indivíduo relatou dor na área
tratada após uma ou duas semanas respectivamente. Nenhum indivíduo necessitou
de medicação durante ou após o tratamento. Não houve dor crônica, bolhas,
coceira, hipopigmentação, hiperpigmentação ou edema. Ao final do estudo 82% dos
indivíduos ficaram satisfeitos com o resultado. Dos 82% indivíduos satisfeitos, todos
disseram que realizariam o procedimento novamente, e recomendariam o tratamento
a um amigo. A principal razão que levou os indivíduos a gostar do tratamento foi seu
caráter não invasivo.
Esses dados sugerem que uma única seção de criolipólise pode eliminar
cerca de 40cc de gordura após dois meses da aplicação. Sem dúvidas ao se
comparar com técnicas invasivas como a lipoaspiração, 40cc é uma pequena
quantidade, porém significativa suficiente para que os indivíduos ficassem satisfeitos
com os resultados. A rapidez e o caráter não invasivo do procedimento foram
exaltados repetidamente pelos indivíduos.
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Outro trabalho recente publicado por Kwon et al (2014), estudou os efeitos da
criolipólise na redução da gordura subcutânea de porcos, buscando elucidar o
mecanismo de ação, a eficácia e a segurança da técnica e do equipamento em
utilização.
No estudo, o abdômen de micro-porcos fêmeas foi tratado com um dispositivo
de congelamento, sendo os resultados avaliados por fotografia comum, fotografia
tridimensional, ultrasonografia, microscopia óptica e análise dos níveis de gordura no
sangue (plasma), de 0 a 90 dias após uma sessão de tratamento com 1 hora de
duração.
O artigo concluiu que a técnica efetivamente reduziu a gordura abdominal no
modelo experimental proposto. O estudo histológico por microscopia óptica
confirmou a destruição seletiva da gordura subcutânea induzida pelo congelamento
não invasivo, além do aumento na diferenciação dos pré-adipócitos e no catabolismo
lipídico. Uma particularidade encontrada na análise imuno-histoquímica foi o
aumento nos níveis de PPARδ (peroxisome proliferator-activated receptors) no
tecido adiposo subcutâneo, de 30 a 60 dias após o tratamento.
A expressão deste mediador químico se encontra aumentada em tecidos com
metabolismo lipídico ativo (catabolismo), como o tecido adiposo, o coração e o
músculo esquelético. A literatura relata que o PPARδ age como um sensor
lipoproteíco de muito-baixa densidade nos macrófagos, células em quantidade
altamente evidenciadas, e ativadas no local da aplicação, perceptível pelo estudo
histológico.
A pesquisa relata, como um detalhe interessante, que após a análise dos
indicadores de processo inflamatório, percebeu-se que o pico ocorreu em torno do
15º dia, decrescendo após o 30º dia pós-tratamento, embora as reduções no tecido
adiposo fossem observadas até o 90º dia.
Destaca ainda que não foram observados nos estudos histológico,
morfológico e patológico, efeitos colaterais ou reações adversas à técnica,
corroborando outros estudos que afirmam ser o tecido adiposo mais sensível ao
congelamento em relação a outros tecidos.
Finalmente, o estudo sugere que a técnica de criolipólise pode ser uma opção
no tratamento das dislipidemias, uma vez que reduções nas taxas de gordura no
sangue foram observadas 60 dias após o tratamento.
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5 DISCUSSÃO
Na análise conclusiva dos artigos encontrados é exequível elucidar os efeitos
da criolipólise, pelo estudo de Garibyan et al (2014) a redução média da camada
adiposa foi de 14,9% no tratamento de flancos analisados pela técnica de
mensuração de imagens tridimensionais durante um período de dois meses. Isso
corresponde em uma perda aproximada de 40cc de gordura após uma única sessão.
No estudo de Sasaki et al (2014) a redução média mensurada por adipometria
foi de 21,5% ou de 19,6% quando observada por exame de ultrassom. Esses
resultados foram analisados após seis meses a aplicação da técnica de criolipólise.
No que se refere aos mecanismos de ação, os estudos de Sasaki et al (2014)
apresentam a lesão isquêmica induzida pelo resfriamento como o mecanismo que
promove a morte celular, e ainda a contribuição dos radicais livres liberados pelas
mitocôndrias durante o resfriamento, sendo responsáveis pela lesão celular mesmo
havendo redução no metabolismo e na atividade enzimática em função do frio. De
forma que a reperfusão produzida por vasodilatação, aumente a oxigenação do
sangue com liberação de substâncias de radicais livres que potencializariam a
queima da gordura.
Constatou-se nos estudos realizados em modelos suínos de Know et al
(2014) a destruição seletiva da gordura induzida pelo resfriamento e a diferenciação
dos pré-adipocitos e do catabolismo lipídico. Sendo encontrado em analise imuno-
histoquimica dos adipócitos aumento dos níveis de PPARδ que age como um sensor
lipoproteíco de muito-baixa densidade nos macrófagos, que foram células
encontradas em quantidade altamente evidenciadas e ativadas no local da
aplicação.
Foi observado ainda no estudo de Sasaki et al (2014) que o retorno a
temperatura inicial após a aplicação da técnica ocorreu mais rápido em um individuo,
devido ao procedimento por mensagem contínua, que portanto pode resultar em
morte dos adipócitos adicional por liberar espécies reativas de oxigênio e ativar
outros eventos intracelulares deletérios que acompanham a reperfusão.
Relatam Know et al (2014) que indicadores do processo inflamatório mostram
pico em torno do 15º e 30º dia após o tratamento de criolipólise e a redução do
tecido adiposo pode ser observada até o 90º dia pós tratamento.
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Na análise de Garibyan et al (2014) reforçam a ideia de estudos anteriores
que demonstram que a exposição ao frio pode induzir danos a gordura subcutânea
pela indução de paniculite, reduzindo a camada de gordura superficial, por serem os
adipócitos mais sensíveis ao frio do que demais tecidos corporais.
O protocolo de aplicação ficou evidenciado nos estudos analisados, que cada
área tratada deve ficar exposto ao resfriamento tecidual por 60 minutos, cujas
temperaturas alcançam até -10º C. Entre a pele o aplicador deve ter uma membrana
de gel para acoplamento do aplicador, que pode ter vácuo superior a 50 mmHg de
sucção.
Foram considerados em todos os estudos como grupo de risco, os indivíduos
com históricos de lesão induzida pelo frio, como crioglobulinemia, urticária ao frio,
hemoglobinúria, histórico de cirurgias recentes ou portadores de patologias diversas,
sendo elegíveis ao tratamento homens e mulheres que apresentam região corporal
com gordura localizada, de peso normal ou pouco acima, analisados através de IMC.
Nos estudos abordados não foram observados quaisquer efeitos colaterais à
técnica como dor crônica, bolhas, coceira, edema, hiperpigmentação, úlceras ou
queimaduras. Sendo relatado nos estudos de Garibyan et al (2014) a presença de
eritema, edema e redução da sensação em todos os indivíduos 10 minutos após o
tratamento, sendo reduzidos em até 3 semanas após a aplicação.
Para Sasaki et al (2014) a redução do tecido adiposo ocorre de forma segura
e efetiva na maior parte das regiões corporais em até seis meses do tratamento.
Apropria-se a técnica de Criolipólise a um método válido para degradação dos
triglicerídeos, sendo os melhores resultados observados no abdome, culote e costas.
Concluem Garibyan et al (2014) ao final do estudo 82% dos indivíduos
ficaram satisfeitos com o resultado. Dos 82% indivíduos satisfeitos, todos disseram
que realizariam o procedimento novamente, e recomendariam o tratamento a um
amigo. A principal razão que levou os indivíduos a gostar do tratamento foi seu
caráter não invasivo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os tratamentos oferecidos em clínicas de estética por muito tempo, tornaram-
se medidas paliativas no que se refere a adiposidade. Em virtude disso muitos
![Page 17: Criolipólise - Josiane Mendes e Marcia Raquel Pauletto Bender](https://reader037.fdocuments.net/reader037/viewer/2022103006/563db7d6550346aa9a8e6d35/html5/thumbnails/17.jpg)
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procedimentos cirúrgicos como a lipoaspiração se faziam necessários, cujo
procedimento perdurou durante anos o mais eficaz para amenizar as alterações
estéticas ocasionadas pelo aumento de peso. Dados apresentados mostram a
diminuição desse procedimento em virtude dos riscos cirúrgicos e demora na
recuperação. Desde a liberação da Criolipólise pela FDA em 2010, a busca por
procedimentos não invasivos para redução de gordura aumentou significativamente,
mostrando-se um método eficaz, porém por se tratar de um procedimento recente no
mercado, ainda causa dúvidas quanto o real benefício e a sua segurança. Mediante
isso o presente estudo trouxe aproximação à técnica abordando os principais
aspectos levantados nos estudos publicados recentemente.
A criolipólise pode ser considerada uma técnica segura e eficaz quando são
seguidos parâmetros de aplicação e devida avaliação prévia do paciente. O
protocolo de tratamento deve ser descrito conforme modelo e marca do aparelho
utilizado, entretanto se faz regra o uso da membrana de gel protetora.
O esclarecimento da técnica bem como do público alvo que se destina o
procedimento visa a venda do tratamento de maneira garantida e efetiva, impedindo
a irregularidade nos resultados e reações colaterais inesperadas.
É importante salientar que criolipólise é um tratamento indicado para redução
de gordura em regiões localizadas como abdome, flancos, costas, culote entre
outros, que o intuito não visa o tratamento da obesidade, nem a redução de demais
alterações estéticas.
Apoptose é o resultado do congelamento do tecido adiposo pela técnica de
criolipólise, sugerem os autores que os adipócitos são mais sensíveis ao frio que os
tecidos adjacentes, levando a redução da camada de gordura em média de 20%.
Processo que perdura por até 90 dias após a aplicação, quando então será
observada a quantidade total de redução de gordura. Mediante as evidencias
levantadas neste estudo, resultados satisfatórios de redução de gordura subcutânea
foram alcançados, entretanto o mecanismo de ação não se encontra totalmente
elucidado, se fazendo necessárias mais pesquisas neste sentido.
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