CRIL_BE2012-1_Túnel de Benfica

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Encontro Nacional BETÃO ESTRUTURAL - BE2012 FEUP, 24-26 de outubro de 2012 Túnel de Benfica/ IC17/ Circular Regional Interior de Lisboa António Campos e Matos 1 Ricardo Leite 1 Domingos Moreira 1 Pedro Araújo 2 Pedro Quintas 2 DESCRIÇÃO O presente trabalho expõe alguns dos aspetos da conceção e projeto de estruturas do Túnel de Benfica. A obra insere-se no fecho da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), via primordial de ligação entre o sul e o norte de Lisboa, atravessando zonas densamente urbanizadas dos concelhos de Amadora e de Lisboa. Devido a essa densidade, o Túnel de Benfica intersetava diversas estruturas existentes, como aquedutos (das Francesas e das Águas Livres), caneiros (da Damaia e de Alcântara) e sistemas municipais de abastecimento de água, saneamento e eletricidade. Exigia-se um cuidado faseamento construtivo que compaginasse a construção do Túnel de Benfica com o desvio/ restabelecimento dos serviços afetados, adotando-se soluções construtivas que minimizassem os impactos da obra sobre a população, salvaguardando o seu bem-estar e património. A realização de uma Análise de Risco (Plano de Instrumentação e Observação) permitiu avaliar as consequências de movimentos de superfície sobre o património edificado contíguo à obra, com o objetivo de garantir a segurança e conforto dos seus utilizadores. A proteção ao fogo da laje de cobertura do Túnel de Benfica é assegurada por um inovador sistema de pré-lajes, associado ao próprio faseamento construtivo. RESULTADOS RELEVANTES A CRIL tem uma extensão de 1446m. É constituído por uma galeria dividida por uma parede contínua, materializando um tubo independente para cada sentido de tráfego. Cada tubo tem largura entre 14,5m e 23,5m e altura entre 5,0 e 15,3m Os aspetos mais notáveis da obra estão associados a vários aspetos, nomeadamente, à laje de cobertura (figura 1), a qual é, em geral, do tipo nervurada e executada sobre pré-lajes. Os espaços entre nervuras são preenchidos com blocos de poliestireno expandido, não inflamável. 1 Gabinete de Estruturas e Geotecnia Lda, 4300-273 Porto, Portugal. [email protected], [email protected], [email protected] 2 Odebrecht – Bento Pedroso Construções S.A. [email protected], [email protected]

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  • Encontro Nacional BETO ESTRUTURAL - BE2012 FEUP, 24-26 de outubro de 2012

    Tnel de Benfica/ IC17/ Circular Regional Interior de Lisboa

    Antnio Campos e

    Matos1

    Ricardo Leite1

    Domingos Moreira1

    Pedro Arajo2

    Pedro Quintas2

    DESCRIO

    O presente trabalho expe alguns dos aspetos da conceo e projeto de estruturas do Tnel de Benfica. A obra insere-se no fecho da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), via primordial de ligao entre o sul e o norte de Lisboa, atravessando zonas densamente urbanizadas dos concelhos de Amadora e de Lisboa. Devido a essa densidade, o Tnel de Benfica intersetava diversas estruturas existentes, como aquedutos (das Francesas e das guas Livres), caneiros (da Damaia e de Alcntara) e sistemas municipais de abastecimento de gua, saneamento e eletricidade. Exigia-se um cuidado faseamento construtivo que compaginasse a construo do Tnel de Benfica com o desvio/ restabelecimento dos servios afetados, adotando-se solues construtivas que minimizassem os impactos da obra sobre a populao, salvaguardando o seu bem-estar e patrimnio. A realizao de uma Anlise de Risco (Plano de Instrumentao e Observao) permitiu avaliar as consequncias de movimentos de superfcie sobre o patrimnio edificado contguo obra, com o objetivo de garantir a segurana e conforto dos seus utilizadores. A proteo ao fogo da laje de cobertura do Tnel de Benfica assegurada por um inovador sistema de pr-lajes, associado ao prprio faseamento construtivo.

    RESULTADOS RELEVANTES

    A CRIL tem uma extenso de 1446m. constitudo por uma galeria dividida por uma parede contnua, materializando um tubo independente para cada sentido de trfego. Cada tubo tem largura entre 14,5m e 23,5m e altura entre 5,0 e 15,3m Os aspetos mais notveis da obra esto associados a vrios aspetos, nomeadamente, laje de cobertura (figura 1), a qual , em geral, do tipo nervurada e executada sobre pr-lajes. Os espaos entre nervuras so preenchidos com blocos de poliestireno expandido, no inflamvel.

    1 Gabinete de Estruturas e Geotecnia Lda, 4300-273 Porto, Portugal. [email protected], [email protected], [email protected]

    2 Odebrecht Bento Pedroso Construes S.A. [email protected], [email protected]

  • Encontro Nacional BETO ESTRUTURAL - BE2012 FEUP, 24-26 de outubro de 2012

    Figura 1. Laje de cobertura

    Ao Caneiro da Damaia que se insere na seco 3A do Tnel de Benfica. Trata-se de uma zona executada em Cut&Cover. A singularidade relativa ao Caneiro da Damaia tem pouca expresso estrutural, j que se localiza sob o Tnel de Benfica. A seco do caneiro constituda por um quadro em beto armado com um septo interior, excntrico, a fazer a separao entre o canal e a galeria tcnica adjacente. Ao Caneiro da Alcntara, o qual, insere-se na seco 3G do Tnel de Benfica. Em termos de tipologia estrutural, a estrutura do tnel nesta seco realizada com um prtico de quatro vos, de beto armado, constitudo por duas paredes laterais exteriores, duas paredes laterais interiores e um alinhamento de pilares centrais, todos encabeados por vigas longitudinais, s quais fica rigidamente ligada a laje de cobertura. Cada um dos vos centrais comporta um dos sentidos de trnsito na CRIL. zona dos Aquedutos das guas Livres e das Francesas, onde a estrutura realizada com um prtico de dois vos, em beto armado, constitudo por duas cortinas de estacas laterais e por um alinhamento de pilares centrais. So encabeados por vigas longitudinais, s quais fica ligada a laje de cobertura. A altura anormalmente grande da seco conduziu adoo de um nvel de escoramento intermdio, integrado na estrutura de suspenso dos aquedutos. E por fim, a construo de obras subterrneas, como o caso presente dos tneis, devido descompresso do meio escavado, so normalmente causadores de movimentos superfcie (bacias de subsidncia). Quando se trata da execuo destas obras em meio urbano, fundamental avaliar as consequncias dos movimentos de superfcie sobre o patrimnio edificado, no sentido de otimizar os locais e quantidades de dispositivos de instrumentao e/ou medidas de reforo.

    CONCLUSES

    Predominantemente, a obra foi executada pelo mtodo invertido (tambm designado por top-down). Este mtodo tende a minimizar os efeitos em construes vizinhas, alm de dispensar suportes provisrios para a escavao e o uso de cavaletes para a laje de cobertura. Os arranjos finais nas reas intervencionadas so antecipados e limita-se os nveis de rudo durante a construo. Este aspeto importante nesta obra, face sua localizao numa zona residencial. Quando a envolvente obra permitiu a materializao de taludes de escavao, a estrutura foi executada pelo mtodo usualmente designado por Cut&Cover. O elemento mais inovador est nos painis de pr-laje. Trata-se de peas com 0,12m de espessura, distribudos por uma camada superior de 0,06m, em beto armado, e por uma camada de 0,06m, em beto de argila expandida. Alm de outros objetivos, as pr-lajes permitiram cumprir as exigncias muito rigorosas de resistncia ao fogo.