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ATO UM
Anteriormente em “Estrada das Lágrimas”:
LUCIA, CAMILA, ISABELA e ANDRÉ descobrem que ROBSON está
envolvido no desaparecimento de SANDRA e CARLOS. SAMUEL e
DANIEL conseguem resgatar CARLOS e SANDRA. LUCIA recebe
uma ligação de SAMUEL que revela toda a verdade sobre
CARMEN. Após uma emocionante ligação, os irmãos Sanges
utilizam uma última carta para conseguirem uma confissão
de CARMEN. A situação fica tensa e CARMEN saca uma arma e
aponta para CAMILA. ISABELA parte para a força bruta e
luta com CARMEN. Um tiro é disparado.
INT. CASA DA FAMÍLIA SANGES - DIA
CARMEN e ISABELA continuam travando uma luta. GUILHERME
DOS ANJOS aparece e ele aponta a arma para a perna de
CARMEN. De repente, escuta-se o barulho de um tiro.
CARMEN solta a arma e cai gritando de dor. Ele se
aproxima e algema ela.
CARMEN
(sentindo dor)
Minha perna…
ISABELA
Podia ter sido na sua cara! Cretina!
CARLOS e SANDRA aparecem.
LUCIA
Mãe! Pai!
CARLOS e SANDRA
Lucia!
Eles se abraçam forte. SAMUEL aparece.
LUCIA
Samu!
SAMUEL e LUCIA se abraçam. DANIEL entra lentamente.
LUCIA
Meu Deus…
Dois Samuels?
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SAMUEL
(rindo)
Isso seria o seu pesadelo, não é?
(tocando no ombro de DANIEL)
Este é o Daniel.
Ele é o seu meio irmão.
DANIEL
É Dani…
(sorrindo)
Espera, você acertou o meu nome.
LUCIA
Meio irmão? Como…
Quer saber? Depois de hoje, não questiono mais nada!
Só me dá um abraço!
LUCIA abraça DANIEL, que fica constrangido.
CARMEN
Foi você que fez isso, Dani? Como pôde?
Depois de tudo o que fiz por você!
DANIEL
A única pessoa por quem você fez algo,
foi pra você mesma.
CARMEN
Eu te criei!
Eu sou sua mãe!
DANIEL
Quem me criou foi a Célia.
Você não é a minha mãe.
Nunca soube ser uma.
Eu nunca consegui te amar.
SAMUEL
(toca o ombro de DANIEL)
Você tem a gente agora, irmão.
DANIEL olha para SAMUEL comovido. De repente, sente
perder o controle da consciência do corpo e desmaia.
TODOS ficam em volta dele. CARMEN pega a arma de
GUILHERME DOS ANJOS e começa a atirar. TODOS se abaixam.
CARMEN encara DANIEL e foge mancando. GUILHERME DOS ANJOS
corre atrás.
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EXT. ENTRADA DA CASA DA FAMÍLIA SANGES - DIA
CARMEN saí da casa e entra no carro de DANIEL. Ela pega a
chave extra no tapete debaixo dos pés e arranca a faixa
do braço. GUILHERME DOS ANJOS aparece e CARMEN atira.
GUILHERME recua. CARMEN liga o carro e foge. GUILHERME
entra no carro dele e aciona reforços.
INT. ESTRADA DAS LÁGRIMAS - MUITOS ANOS ATRÁS
Uma CARMEN criança está sentada na calçada, enquanto um
DANILO criança dorme em seu colo. De longe, uma mulher
chamada LOURDES, vem andando de mãos dadas com um ROBSON
criança.
LOURDES
Ora! O que duas crianças estão fazendo sozinhas
no meio dessa rodovia?
CARMEN [criança]
(muda)
LOURDES
Onde está a sua família, querida?
CARMEN [criança]
Foi o meu pai…
Ele nos mandou fugir.
LOURDES
Fugir?
CARMEN [criança]
Sim... Minha mãe segurava uma faca.
LOURDES
(engole a própria saliva)
Por que ela segurava uma faca?
CARMEN [criança]
Meu pai disse que ela é doente.
LOURDES
Vocês estão bem?
CARMEN [criança]
Estamos.
Mas não sabemos se meu pai está.
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LOURDES
Onde é a sua casa?
CARMEN [criança]
(apontando para a cabana)
LOURDES
Robson, fique aqui.
Eu já volto.
LOURDES anda em direção da cabana.
ROBSON [criança]
A sua mãe é louca?
CARMEN [criança]
É o que o meu pai disse.
Qual é o seu nome?
ROBSON [criança]
Robson e o seu?
CARMEN [criança]
Me chamo Carmen.
Este aqui é o Danilo, meu irmão.
De repente, LOURDES grita. A cena corta para a ambulância
em frente da cabana. LOURDES conta para o policial o que
viu, enquanto retiram o corpo de um homem e prendem uma
mulher numa camisa de forças.
ROBSON [criança]
Aqueles são seus pais?
CARMEN [criança]
Sim.
ROBSON [criança]
Sinto muito…
(olhando bem para CARMEN)
Você não está triste?
CARMEN [criança]
Estou.
ROBSON [criança]
Quando fico triste, eu choro.
Por que você não está chorando?
CARMEN [criança]
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Eu não sei chorar.
A cena escurece e aparece o título “ESTRADA DAS LÁGRIMAS
criado por Mario Madureira”.
FIM DO ATO UM
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ATO DOIS
EXT. ESTRADA DAS LÁGRIMAS – DIAS ATUAIS
Um carro da polícia consegue ficar do lado de CARMEN. Ela
desvia de alguns tiros, enquanto percebe que o pneu
furou. Quando tenta atirar novamente, sua arma fica sem
munição. Ela acelera o carro e escuta outro pneu furando.
CARMEN olha longe e nota uma fileira de policiais
fechando a estrada. Ela acelera mais e escuta outro pneu
furando. CARMEN se aproxima da fileira de policias,
enquanto escuta o policial do lado gritando para ela
parar. O último pneu fura e o carro tomba em cima de dois
carros. Por algum milagre, CARMEN ainda está viva, mas
toda baleada, juntamente com o carro. De longe, um corvo
pousa em cima de uma placa escrita „Estrada das
Lágrimas‟.
EXT. FACULDADE DE FILIPINAS - VÁRIOS ANOS ATRÁS
Um DANILO jovem está lendo um livro, quando uma CARMEN
moça aparece de repente.
CARMEN [moça]
Isso é Freud?
DANILO [jovem]
(surpreso)
Que susto!
CARMEN [moça]
(rindo)
DANILO [jovem]
O que está fazendo aqui?
Eu não tenho mais dinheiro.
CARMEN [moça]
Fiquei sabendo que você ficou amigo de um tal… Lucio.
DANILO [jovem]
Sim. E daí?
CARMEN [moça]
Quero conhecê-lo também.
DANILO [jovem]
Não vai me dizer que você…
Ah! Você é inacreditável…
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Não foi atoa que mamãe te expulsou.
CARMEN [moça]
Você fala como se aquela velha
fosse nossa mãe de verdade.
DANILO [jovem]
Pra mim, ela foi.
Um LUCIO jovem vem conversando com um menino e avista
DANILO de longe.
CARMEN [moça]
Se não me apresentar,
eu conto pra ele o seu real interesse nessa amizade.
DANILO [jovem]
Do que você está falando?
CARMEN [moça]
Ambos sabemos que você só é amigo do Lucio
para trabalhar no hospital do pai dele.
Me apresenta ou acabo com essa possibilidade.
DANILO [jovem]
Isso é mentira.
Ele não vai acreditar nisso.
CARMEN [moça]
Vai pagar pra ver?
LUCIO [jovem]
(aparece)
Fala Dan Dan, tudo certo?
DANILO [jovem]
Tudo e você, rapaz?
LUCIO [jovem]
(encarando CARMEN)
Melhor agora.
Ela é sua namorada?
DANILO [jovem]
Ahn… Essa é a minha irmã, Carmen.
Maninha, esse é o Lucio.
CARMEN [moça]
(cumprimentando LUCIO)
Prazer em te conhecer.
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O “Dan Dan” disse que você é um médico promissor.
Impressionante.
LUCIO [jovem]
O Dan é um exagerado.
Estou estudando ainda pra ser…
Mas impressionante aqui é você, gatinha.
Com todo o respeito, Dan.
CARMEN [moça]
(rindo)
DANILO [jovem]
(virando os olhos)
INT. IGREJA - DIA
A cena corta para CARMEN, com uma aparência mais atual,
se casando com LUCIO. DANILO, no altar como padrinho,
encarando aquilo com desaprovação. Nos bancos, CÉLIA
segura um DANIEL bebê em seu colo.
INT. CASA DE LUCIO SANGES - ESCRITÓRIO - DIA
LUCIO termina de redigir alguns papéis. CARMEN entra.
CARMEN
Me chamou?
LUCIO
Sim, sente.
CARMEN
(senta-se)
LUCIO
Depois de ontem, eu fiquei…
Muito abalado.
Não queria que Daniel tivesse ouvido aquilo.
CARMEN
Você teria que contar em algum momento.
LUCIO
Mas não daquela forma.
Deve estar sendo difícil para ele.
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CARMEN
Seria de qualquer maneira.
LUCIO
Enfim… Não te chamei para isso.
Eu vou morrer e Daniel é o meu herdeiro.
Mas como ainda é menor de idade,
você ficará como tutora dele…
Até completar a maioridade.
CARMEN
Você não precisava decidir isso agora.
LUCIA
Você sabe que sim.
CARMEN
Eu conheço esses olhos cinzentos.
Não vou conseguir mudar sua ideia.
Farei o meu melhor para a educação de Daniel.
LUCIO
Eu sei.
Só tenho a agradecer por tudo que fez por ele.
Você foi uma verdadeira mãe.
CARMEN
Não foi nenhum sacrifício.
Sempre foi o meu sonho.
INT. CASA DE ROBSON - NOITE
A cena corta para CARMEN virando um copo de tequila. Uma
música toca no fundo, enquanto ROBSON está sem camisa
olhando para CARMEN.
ROBSON
(rindo)
Você é muito malvada.
CARMEN
(fica um pouco tonta e começa a dançar)
E por quê?
Não fui eu que fiz ele ficar doente!
ROBSON
Exatamente.
Seu marido está morrendo
e você está aqui… Bebendo tequila.
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CARMEN
Não aguentava mais ele, Rob.
É um homem frio e calculista.
Estava cansada de fazer a boa esposa.
ROBSON
E agora?
CARMEN
(caindo em cima do sofá)
Agora?
Agora é que ainda estamos na boa!
Vou ser tutora do Dani e a gente vai continuar na boa.
Vou conseguir desviar mais dinheiro agora.
ROBSON
Você vai ter que cuidar do menino sozinha!
CARMEN
Isso não é um problema.
Cuidar dele nunca fui um sacrifício para mim.
(se aproxima de ROBSON)
Entendeu?
ROBSON
(sorrindo)
Entendi.
Tendo a empregadinha fica fácil mesmo.
INT. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA - DIA
DANIEL, com dezoito anos, está assinando um papel,
enquanto CARMEN olha para o lado.
DANIEL
Pronto.
CARMEN
Tem certeza mesmo, Dani?
Esse tipo de tarefa exige responsabilidade e…
DANIEL
Eu já disse que tenho!
Que saco, Carmen.
Eu quero assumir os negócios de papai.
É a maneira que tenho de me sentir próximo dele.
CARMEN
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Tudo bem, meu filho.
Me desculpa.
DANIEL
Não precisa se preocupar…
Sua mesada não será cortada.
CARMEN
(muda)
INT. CASA DE ROBSON - QUARTO - NOITE
CARMEN e ROBSON estão deitados na cama. ROBSON alisa o
cabelo de CARMEN.
ROBSON
Vai me dizer que se apegou ao menino?
CARMEN
Eu convivi com ele por anos e…
ROBSON
Ah, para, Carmen!
CARMEN
Eu criei ele, Rob.
Ele é o meu filho.
ROBSON
(se levanta da cama)
Você nunca foi mãe de verdade.
Nunca levou jeito.
CARMEN
Você me ofende dizendo isso.
ROBSON
Estou falando alguma mentira?
CARMEN
Está sim.
Eu menti muitas vezes para o Lucio…
Mas sobre o Daniel, não.
Sempre o considerei um filho.
Pensar que… Ele vai morrer… Como o pai.
É de cortar o coração.
ROBSON
Você está mesmo triste com isso?
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CARMEN
Estou.
ROBSON
E quanto a fortuna?
CARMEN
Eu vou falar com o advogado hoje.
Mas tudo indica que eu vou assumir.
ROBSON
É bom mesmo.
Depois de tanto esforço…
Não podemos perder tudo agora.
INT. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA - DIA
CARMEN e o ADVOGADO conversam.
CARMEN
Você só pode estar brincando comigo.
ADVOGADO
É o que está escrito aqui.
“Caso, meu filho, Daniel Sanges, não possa assumir a
liderança da empresa, seja por opinião própria, seja por
fatalidades, a liderança do Hospital Cachoeira das Águas
deve passar para meu outro antecessor, Samuel Sanges e…”
CARMEN
(interrompendo)
Pode parar de ler. Isso é impossível!
Ninguém me informou sobre isso antes.
Nem ele mesmo!
ADVOGADO
Olha, senhora Sanges…
CARMEN
Senhorita.
ADVOGADO
…não sei quem te informou sobre a herança,
mas é o que consta aqui.
Com a informação da doença do senhor Sanges,
é necessário informar
ao outro herdeiro sobre a possibilidade
de assumir a liderança do hospital
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conforme era o desejo do senhor Lucio.
O senhor Samuel tem esse direito.
CARMEN
Não quero que você informe isso a ninguém.
Vou resolver essa questão sozinha.
ADVOGADO
Como queira.
CARMEN
(se levanta e sussurra)
Filho da mãe.
INT. HOSPITAL CACHOEIRA DAS ÁGUAS - DIA
SAMUEL está num corredor aguardando o resultado de uma
tomografia. CARMEN está do outro lado da parede.
CARMEN
(sussurrando)
É assim que vou pressioná-lo a passar tudo pra mim.
CARMEN se aproxima de um ENFERMEIRO.
CARMEN
Aqui está o resultado da tomografia
do senhor Samuel Sanges.
Pode entregar.
ENFERMEIRO
O que aconteceu? Não está no sistema?
CARMEN
Por alguma razão, o sistema não registrou o exame dele.
Pode entregá-lo.
ENFERMEIRO
Ok. Obrigado.
INT. CASA DE LUCIO SANGES - ESCRITÓRIO - NOITE
CARLOS está sentado, enquanto SANDRA e CARMEN estão de
pé.
SANDRA
Não.
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CARMEN
Como não?
Seu filho não entende nada de administração de empresa!
SANDRA
Eu entendo.
Mas essa decisão não é nossa. É dele.
Samuel já é maior de idade.
Ele precisa decidir se quer ou não.
Se não quiser, aí ele passará para você.
CARMEN
Você é uma cretina
e quem deveria estar aqui era ele!
SANDRA
Eu nunca deixaria ele vir.
CARMEN
Ele vai morrer!
Não pode assumir a liderança!
SANDRA
Do que você está falando?
CARMEN
Ele tem leucemia!
SANDRA
Não, ele não tem!
Fiz questão de fazer alguns exames
com ele depois do anúncio da doença do Lucio.
Fiz quando ele ainda era criança.
Ele pode até ficar doente um dia,
mas não será por razões hereditárias.
CARMEN
O quê?
SANDRA
Não sei de onde você tirou essa ideia,
mas não vou deixa-la se aproximar do meu filho!
Vou resolver isso com um advogado!
Eu não devia ter vindo. Interesseira!
CARLOS
(se levanta)
Pelo amor de Deus,
não briguem!
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SANDRA
Se o Lucio ficou com peso na consciência
depois de tanto tempo…
Isso é problema dele.
Mas Samuel terá esse direito.
E quanto a Daniel… Tenho pena dele.
Por ter sido criada por você.
(olhando para CARLOS e colocando a mão na barriga)
Vamos. Estou enjoada.
CARMEN
(saca o revólver e aponta para SANDRA)
Olha para mim.
SANDRA e CARLOS olham para CARMEN e arregalam os olhos.
CARLOS
Carmen, abaixa essa arma!
CARMEN
Cala a boca.
Quem fala agora sou eu.
Primeiro: eu sou uma mãe exemplar. Você é que não é.
Você largou o seu filho e nunca veio vê-lo.
Segundo: você vai convencer o Samuel e ponto final.
Aliás…
(pegando um contrato)
Você vai obrigá-lo a assinar isto esta noite
e me entregar.
Você me ouviu?
CARLOS
Por favor…
CARMEN
Eu fui clara?
Ou Lucia e Samuel ficarão órfãos.
Aliás, Carlos...
Você não fica com ciúmes pela sua filha
se chamar Lucia e não Carla?
SANDRA
Cala a boca, Carmen!
CARMEN
(se aproximando com o revólver)
O que você disse?
CARLOS
Nós vamos fazer, está bem?
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CARMEN
Perfeito.
Vocês dirigem e eu vou atrás... Motivando.
INT. ESTRADA QUALQUER - NOITE
CARLOS vai dirigindo um Corsa Sedan preto. Ao seu lado,
está SANDRA segurando um caderno e atrás CARMEN,
apontando uma arma para SANDRA.
SANDRA
(Passa a mão pelo pescoço,
sentindo algum desconforto)
CARLOS
Tudo bem?
SANDRA
Prefiro não responder.
(respira)
CARLOS
Aguenta firme. A gente já está chegando.
(olha para o retrovisor)
SANDRA
(gritando)
Carlos!
CARLOS volta a olhar para frente e se depara com um Celta
branco atravessando a rua. Ele pisa no freio em
desespero, mas, sem sucesso, bate no carro, ocasionando
um terrível acidente. Uma roda começa a rolar pela
avenida até bater em um poste. Em cima dele há uma placa
escrita “Estrada das Lágrimas”.
FIM DO ATO DOIS
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ATO TRÊS
EXT. ENTRADA DA CASA DA FAMÍLIA SANGES - ALGUNS DIAS
ATRÁS
CARMEN e ROBSON conversam na rua. Logo a frente, o carro
da polícia está estacionado.
ROBSON
Não encontrei.
CARMEN
Tem certeza que olhou em todos os lugares?
ROBSON
Tenho.
CARMEN
Não recebeu nenhuma chamada?
ROBSON
Não.
CARMEN
Mas que droga!
(pausa)
O que faremos agora?
ROBSON
Não sei.
CARMEN
Eu vou pensar nisso.
(se aproxima de ROBSON)
Acho que terei que ficar aqui está noite.
Não poderei matar as saudades hoje.
CARMEN repara na presença de ISABELA e se afasta de
ROBSON.
CARMEN
Está de saída?
ISABELA
Eu tenho uma informação importante para dar.
O Tavares tem uma câmera instalada lá.
Você poderia ir lá e...
ROBSON
Só posso fazer isso com um mandado.
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ISABELA
Eu entro e pego para você.
ROBSON
(olha para CARMEN e depois para ISABELA)
Vou ser sincero.
Vim para acalmar a menina Lucia.
Mas acho um exagero esse chamado.
O garoto só deve ter saído com uns amigos.
ISABELA
Você está falando sério?
ROBSON
Estou.
(anda em direção do carro)
Descansem um pouco.
Vocês estão precisando.
CARMEN
Não diga nada.
Deixará Lucia mais preocupada.
ISABELA
(encarando CARMEN)
Eu preciso ir em casa.
Depois eu volto para ficar com as meninas.
CARMEN
Ficar com as meninas?
Não, querida. Você não precisa.
Eu nunca deixaria uma sobrinha, sozinha,
numa hora dessas.
ISABELA
Ok. Volto amanhã.
CARMEN
Durma bem.
ISABELA vai embora.
CARMEN
Está menina é irritante.
Preciso ficar de olho nela.
ROBSON
Ela trabalha no mesmo restaurante que o Samuel.
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CARMEN
É mesmo?
Não sabia disso…
ROBSON
Bem…
Qualquer coisa, eu te ligo.
CARMEN
Está bem.
(tenta beijar ROBSON)
ROBSON
(desvia o rosto)
CARMEN
O que foi?
ROBSON
Não estou no clima.
CARMEN
Você nunca me negou antes.
ROBSON
Não seja dramática.
CARMEN
O que mais aconteceu na minha ausência, Robson?
ROBSON
Eu disse tudo.
CARMEN
(encarando ROBSON)
ROBSON
Preciso ir. Eu te ligo.
ROBSON entra no carro da polícia, enquanto CARMEN encara
de longe.
INT. CASA DA FAMÍLIA SANGES - DIA
CARMEN está no telefone.
CARMEN
Já é a quinta vez que eu te ligo
e você não responde!
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Aconteceu uma explosão naquele restaurante
que o garoto trabalha!
Isso não pode ser coincidência!
Me liga de volta! Estou preocupada!
(desliga o celular)
EXT. DELEGACIA - DIA
CARMEN está escondida olhando para a entrada, até que
avista ROBSON saindo de lá.
CARMEN
Robson!
ROBSON
(surpreso)
O que está fazendo aqui?
CARMEN
Você não responde as minhas ligações.
O que está acontecendo?
ROBSON
Eu estou ocupado.
Está ocorrendo a investigação no restaurante.
Está todo mundo em cima de mim!
CARMEN
Você está mentindo.
(se aproxima)
O que está escondendo de mim?
ROBSON
Eu já te disse tudo.
CARMEN
Nós estamos juntos nessa, não estamos?
ROBSON
(mudo)
CARMEN
Por que está me tratando assim?
O que mudou?
ROBSON
(respira profundamente)
Mudou tudo.
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CARMEN
(encarando ROBSON)
Você se apaixonou por outra pessoa.
ROBSON
(vira o rosto)
CARMEN
Quem é?
ROBSON
Me deixa, Carmen.
CARMEN
Escuta aqui…
Eu tenho provas suficientes para condenar a nós dois!
Você não pode me deixar na mão!
ROBSON
Você não tem nada contra mim.
Eu sempre apago os meus rastros!
CARMEN
E quanto ao dinheiro?
ROBSON
Não me importo mais com isso.
Fiz o que me pediu.
Agora você está sozinha.
ROBSON anda em direção do carro.
CARMEN
Robson!
ROBSON entra no carro. CARMEN corre atrás dele.
CARMEN
Não faça isso comigo!
Robson!
ROBSON
Acabou, Carmen.
(encarando CARMEN)
Acabou.
ROBSON liga o carro e saí da delegacia.
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INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - DIAS ATUAIS
Existe uma mesa no meio do sala. De um lado, está CARMEN
numa cadeira de rodas, coberta por várias faixas no toráx
e na perna. O cabelo está preso e os olhos estão
aparentemente mortos. Do outro lado, O ADVOGADO digita
algumas coisas num notebook.
ADVOGADO
Depois resolveu agir por conta própria?
CARMEN
Sim.
Foi quando a pirralha me mostrou o vídeo.
Perdi o controle.
ADVOGADO
Algo mais que pode ser usado contra você?
CARMEN
(irritada)
Isso não foi o suficiente?
Silêncio.
CARMEN
Você… Tem notícias do Robson?
ADVOGADO
Não, mas prenderam o seu irmão.
CARMEN
Eu preciso falar com ele.
ADVOGADO
Ele está me pagando para te defender,
mas foi claro em dizer que não quer falar com você.
CARMEN
Ele disse isso?
ADVOGADO
(se aproxima)
Escuta, Carmen, vou montar a sua defesa, mas já adianto…
Vai ser difícil conseguir um regime semi aberto...
CARMEN
(sussurrando)
Eu estou sozinha.
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ADVOGADO
...eles tem provas concretas contra você.
A condenação é quase inevitável e...
CARMEN não escuta mais o que o ADVOGADO diz. Ela começa a
encarar o horizonte. Tudo o que aconteceu começa a vir a
tona de maneira mais intensa e uma lágrima escorre em seu
rosto.
FIM DO EPISÓDIO
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CRÉDITOS
CRIAÇÃO E SUPERVISÃO
Mario Madureira
“A Primeira Lágrima”
ESCRITO POR
Mario Madureira
COLABORAÇÃO
Ramoniele Batista
ILUSTRAÇÃO
Felipe Torres
“ESTRADA DAS LÁGRIMAS” É UMA OBRA DE FICÇÃO BASEADA NA
LIVRE CRIAÇÃO ARTÍSTICA E SEM COMPROMISSO COM A
REALIDADE.
Para mais informações, acesse:
www.mariomadureira.com.br