Crescimento Econômico, Desenvolvimento e Saúde - ufjf.br · Carlos Morel, Coordenador do Centro...
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Crescimento Econômico
Podemos definir crescimento econômico como o aumento da
capacidade produtiva da economia (produção de bens e
serviços). É definido basicamente pelo índice de crescimento
anual do Produto Nacional Bruto (PNB), per capita. O
crescimento de uma economia é indicado também pelo
crescimento da força de trabalho, pela receita nacional poupada
e investida e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico.
(Carlos Escóssia - 2009)
Desenvolvimento Econômico
Já o desenvolvimento econômico, podemos conceituá-lo como
sendo o crescimento econômico, acompanhado pela melhoria
da qualidade de vida da população e por alterações profundas
na estrutura econômica.
(Carlos Escóssia - 2009)
Mankiw et al (1992) introduziram o capital humano nos modelos
de crescimento econômico. A hipótese seria que o Modelo de
Solow expandido, incluindo o capital humano, explicaria melhor
as divergências de renda per capta entre os países
Y = f (K, A*L, H)
Y = Produto
K = Capital
A = Conhecimento
L = Trabalho
H = Capital Humano
O estado de saúde é considerado parte do
estoque de capital humano, alterando
diretamente a capacidade produtiva dos
trabalhadores.
Taxa de Depreciação do Estoque
de Capital Humano
O “estoque” de saúde dos indivíduos diminui ao longo
do tempo.
“...Em seu livro Desenvolvimento como liberdade,
Amartya Sen demonstra que investir em educação e
em saúde tem um efeito muito positivo sobre o
crescimento econômico, citando o exemplo da
China, cujo crescimento atual foi bastante
favorecido pela expansão da alfabetização e dos
serviços públicos de saúde...”
Luis Eugenio Portela Fernandes de SouzaPresidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)
22/11/2012
“... o aumento do PIB torna um país mais rico, mas
se as condições de vida das pessoas, incluindo seus
níveis de saúde, não melhoram, o país não se torna
desenvolvido. Nesse sentido – e considerando que a
experiência histórica e a teoria econômica
evidenciam que o crescimento do volume de
riquezas, como medido pelo PIB, não é suficiente
para produzir bem-estar social...”
Luis Eugenio Portela Fernandes de SouzaPresidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)
22/11/2012
Folha de São Paulo – Da Redação
“Crescimento econômico causa aumento da incidência de sífilis”06/05/2010 - 17h34
A cada hora, um bebê nasce com sífilis na China. A infecção bacteriana de fácil
tratamento foi quase erradicada há 50 anos, mas agora é a doença
sexualmente transmissível mais comum em Xangai, maior cidade do país.
Prostitutas e homens bissexuais estão espalhando a epidemia, segundo artigo
publicado no "New England Journal of Medicine".
O aumento da incidência da sífilis está ligado ao crescimento
econômico do país, que aumenta a renda disponível para executivos e
operários, dando mais oportunidade para sexo sem proteção enquanto eles
estão fora de casa a trabalho, de acordo com o artigo.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u731263.shtml
“...A maioria dos economistas clássicos diz que a saúde de
uma população melhora quando a economia melhora. Mas o
que a OMS aponta é que a saúde não é só consequência do
desenvolvimento: é um requisito para ele. Com saúde, vive-se
mais, falta-se menos ao trabalho, ao estudo, então produz-se
mais, e a economia ganha. Esse relatório mede isso. O
dinheiro que seria gasto com doença pode ir para educação.
Uma pessoa com malária fica pelo menos 15 dias de cama; já li
que uma menina, no Norte do país, tinha sido reprovada na
escola de tanto que faltava, por causa da malária...”
Carlos Morel, Coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz e professor da Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento da UFRJ, para
Alessandra Duarte (O Globo, 2010).
“...No Brasil, está havendo um movimento interessante:
pesquisas sobre o conceito de "complexo industrial da saúde".
Querem mostrar ao setor privado que saúde pode ser uma
chance de negócio. Na balança comercial brasileira, o déficit
do setor saúde é US$ 7 bilhões/ano. A gente importa demais,
há aí demanda por novos negócios. O Brasil está querendo se
desenvolver, mas esbarra na falta de muita coisa, como
mão-de-obra qualificada para a área. Além da falta da própria
saúde para a população...”
Carlos Morel, Coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz e professor da Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento da UFRJ, para
Alessandra Duarte (O Globo, 2010).
Bibliografia
DUARTE, A. Saúde é requisito para desenvolvimento econômico, diz
especialista. O Globo. 04 jun. 2010. Disponível em:
http://oglobo.globo.com/pais/saude-requisito-para-desenvolvimento-economic
o-diz-especialista-2998484#
PRATA, P.R. Desenvolvimento Econômico, Desigualdade e Saúde. Cad. Saúde
Públ., Rio de Janeiro, 10 (3): 387-391, Jul/Sep, 1994. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v10n3/v10n3a18.pdf
SOUZA, L. Saúde é desenvolvimento. Carta Capital - 22 nov. 2012. Disponível
em:http://www.cartacapital.com.br/saude/saude-e-desenvolvimento/
Curva de Lorenz
Mostra a desigualdade existente na distribuição de renda em
uma determinada sociedade. Consiste em um diagrama em
que num dos eixos é o Rendimento e no outro a População.
"os x% da população mais pobre detêm y% do total de
rendimento".
Fonte: Adaptado de Factorama (03/11/2007)
W = Linha de perfeita igualdade
Quanto mais afastada da diagonal estiver esta linha, maior é a
concentração do rendimento, ou seja, maior será a
desigualdade na repartição do rendimento
Curva de Lorenz
w
Coeficiente de Gini
Medida de desigualdade desenvolvida em 1912. Consiste em
um número entre 0 e 1. Em que 0 corresponde à completa
igualdade de renda e 1 à desigualdade.
0 1
Igualdade Desigualdade
Coeficiente de Gini
Nada mais é do que a razão das áreas no
diagrama da Curva de Lorenz.
A = Área entre a linha de perfeita igualdade
e a curva de Lorenz
B = Área abaixo da curva de Lorenz
Saúde e Desigualdade
Já se passaram 23 anos desde que o SUS foi oficializado por meio de uma Lei
Orgânica. Por que ele ainda apresenta tantos problemas de gestão e
funcionamento?
“...Quando o SUS surgiu, os especialistas imaginavam que chegaríamos a um
sistema-modelo de saúde pública, mas eles ignoravam que um sistema de saúde
privado já estava em franca expansão, tanto pela política do então Instituto Nacional de
Assistência Médica Previdenciária de estimular empresas a criarem assistência médica
para seus empregados quanto pela atuação de pequenos hospitais que lançaram
“planos de saúde” para a classe média. Acabamos com um modelo altamente
fragmentário e que espelha a desigualdade da sociedade brasileira. Sistema
único pressupõe um modelo que serve a população inteira, para todos e para tudo. Mas
o que temos atualmente é o SUS atendendo no nível de atenção básica, mas ainda sem
a cobertura integral...”
Cornelis Van Stralen – UFMG (03/07/2013)
https://www.ufmg.br/online/arquivos/028945.shtml
“Durante muito tempo no Brasil foi divulgado,
equivocadamente, que a relação de um médico para
1.000 habitantes seria considerada ideal pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS jamais
defendeu esse índice, que não tem fundamento. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização
Pan- Americana da Saúde (OPAS) não estabelecem,
tampouco taxas ideais de número de leitos por habitante
a serem seguidas e cumpridas por seus
países-membros.”
(No brasil faltam médicos: mito ou realidade? Por João Carlos Simões)
“...Mas é a comparação com os países ricos,
principalmente da Europa, que revela a disparidade
entre a situação no Brasil e nas economias
desenvolvidas. Em geral, existem duas vezes mais
médicos na Europa que no Brasil - 33,3 a cada 10 mil
habitantes. São 48 médicos na Áustria a cada 10 mil
cidadãos, contra 40 na Suíça, 37 na Bélgica, 34 na
Dinamarca, 33 na França, 36 na Alemanha e 38 na Itália.”
(Agência Estado – 20 mai 2013)
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-05-20/oms-alerta-para-o-baixo-numero-de-m
edicos-no-brasil.html
“O Ministério da Saúde pretende alcançar 2,5
médicos para cada mil pessoas - índice similar ao da
Inglaterra*, que tem 2,7.”
*A Inglaterra possui um sistema público de saúde, o NHS (National Health Service)
(Fernanda Bassete e Giovana Girardi – Agência Estado em 04 jul 2013)
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-dois-medicos-para-cada-mil-habitantes,10
50074,0.htm
Saúde e Desigualdade
“...Richard Wilkinson e Kate Pickett divulgaram extensa
documentação para comprovar, no livro The Spirit Level,
que a riqueza média de uma nação, medida pelo produto
interno bruto, tem pouco impacto sobre uma longa lista
de males sociais, enquanto a forma como essa riqueza é
distribuída, em outras palavras, o nível de desigualdade
social, influi profundamente na dispersão e intensidade
dos males.”
(Zygmunt Bauman - "44 cartas do mundo líquido moderno")
Saúde e Desigualdade
“Por exemplo, Japão e Suécia são países administrados de
maneira muito diferente; a Suécia é um grande Estado de
bem-estar social, enquanto o Japão oferece pouquíssimos
programas de previdência social. O que os une, todavia, é uma
distribuição relativamente equitativa da renda, e, portanto,
uma defasagem pequena entre o padrão de vida dos 20% mais
ricos e dos 20% mais pobres da população. Mais importante
ainda é que nesses países há menos “problemas sociais” que
em outras sociedades altamente industrializadas, com uma
divisão menos igualitária da renda e da riqueza social.”
(Zygmunt Bauman - "44 cartas do mundo líquido moderno")
Saúde e Desigualdade
“Descoberta notável e preocupante é que o acréscimo dos
níveis de investimento na área de saúde quase não tem
impacto na expectativa de vida média, mas o crescimento do
nível de desigualdade tem forte impacto, e extremamente
negativo.”
(Zygmunt Bauman - "44 cartas do mundo líquido moderno")
Leitura Recomendada
Brasil mostra que só crescimento não gera
desenvolvimento, aponta estudo da ONU
http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=1980
Saúde e Desigualdade
http://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/255772.html
Bibliografia
A Curva de Lorenz e o Coeficiente de Gini. Disponível em:
http://www.cps.fgv.br/cps/Pesquisas/Politicas_sociais_alunos/2012/Site/Hoffma
nn_3_DL.pdf
BAUMAN, Z. 44 cartas do mundo liquido moderno. Caítulo 21 – Saúde e
Desigualdade. 2011. Disponível em:
http://divagacoesligeiras.blogs.sapo.pt/255772.html
SIMOES, J.C. No Brasil faltam médicos: mito ou realidade?. 2011.