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  • 1 Eng. Agrn., M.Sc., Embrapa Rondnia, BR 364 km 5,5, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, RO. E-mail: [email protected]. 2 Farmacutico, D.Sc., Embrapa Rondnia. E-mail: [email protected]. 3 Biloga, M.Sc., Embrapa Rondnia. E-mail: [email protected]. 4 Eng. Agrn., B.Sc., Embrapa Rondnia. E-mail: [email protected].

    Flvio de Frana Souza1

    Clberson de Freitas Fernandes2

    Farah de Castro Gama3

    Zenildo Holanda Ferreira Filho4

    Doenas da cultura da melancia em Rondnia

    298ISSN 0103-9458 Julho, 2005 Porto Velho, RO

    O cultivo da melancia em Rondnia representa umainteressante alternativa para os agricultores locais, hajavista que a demanda pela fruta superior a ofertadurante praticamente todo o ano, o que deixa ospreos em um patamar bastante lucrativo. EmRondnia, no ano de 2004, foram produzidas 13.103toneladas de frutos de melancia, sendo que osprincipais produtores foram os Municpios de PimentaBueno, Porto Velho, So Francisco do Guapor e AltoParaso (IBGE, 2005). As condies edafoclimticas do Estado so muitopropcias ao desenvolvimento de microorganismospatognicos melancieira, fazendo com que aincidncia de doenas seja um fator limitante ao bomdesenvolvimento da cultura, afetando a qualidade e aquantidade dos frutos produzidos.

    Doenas causadas por fungos Tombamento O tombamento ou "damping-off" pode resultar doataque de diversos fungos, notadamente de Pythium,Rhizoctonia e Fusarium. favorecido pelo plantio emsolos mal drenados, material orgnico em excesso, altadensidade de plantas e uso intensivo do solo. Adisseminao dos patgenos auxiliada pelamovimentao na rea de cultivo, uso de implementose ferramentas contaminados e pelo excesso de guade irrigao.

    Controle - Emprego de sementes sadias, tratamento dassementes com fungicidas; desinfeco de ferramentas,evitar a semeadura densa e o excesso de irrigao. Fusariose ou Murcha de fusarium causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp.niveum [(E.F. Smith) Snyder & Hansen] e afeta a culturada melancia em qualquer fase de desenvolvimento. Opatgeno coloniza o sistema vascular, causando aobstruo da passagem da seiva. O fungo est presenteem todas as reas onde se cultiva esta planta e, at o

    Os sintomas se caracterizam por falhas na emergncia,murcha e morte das plntulas (Fig. 1).

    Fig. 1. Plntula de melancia com sintomas caractersticos detombamento.

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    momento, existem trs raas do fungo. A infeco na fase de plntula ocasiona tombamento e morte, ou interrupo do crescimento e murcha dos cotildones. Nas plantas adultas, s vezes, ocorrem clorose e enfezamento, posteriormente ocorre a morte. A morte pode ser generalizada ou atingir apenas a parte superior da planta, acima do ponto de infeco. Nos horrios mais quentes do dia, as plantas adultas murcham devido presena do fungo no xilema. Aps as infeces iniciais, o patgeno atinge outros tecidos, podendo ocasionalmente alcanar os frutos e contaminar as sementes. O fungo sobrevive em restos culturais, solo e sementes infectadas. Os ferimentos existentes no sistema radicular, principalmente os ocasionados por nematides, facilitam a penetrao do patgeno. O fungo produz estruturas de resistncia denominadas de clamidsporos. Essas estruturas possibilitam a sobrevivncia do fungo por vrios anos, resistindo s condies ambientais adversas. O vento, gua e sementes contaminadas so os principais agentes de disseminao da doena, e as condies ideais para o desenvolvimento da doena so: temperatura do solo de 23 C a 26 C, umidade relativa alta, presena de nematides e solos ricos em matria orgnica e com pH baixo. O controle cultural pode ser realizado com as seguintes medidas: a) Uso de variedades resistentes, tais como:

    Charleston Gray e Crimson Sweet.

    b) Estabelecer a cultura em reas livres do patgeno e utilizar sementes sadias. Tratamento de sementes com gua a 52 C por 15 minutos ou com fungicidas.

    c) Eliminao das plantas doentes.

    d) Correo do pH (prximo a 6,5).

    e) Rotao de culturas.

    Micosferela ou Cancro das hastes Tambm conhecida como crestamento-gomoso-do-caule, essa doena causada pelo fungo Didymella bryoniae (forma anamrfica: Phoma cucurbitacearum = Ascochyta cucumis) e afeta a cultura da melancia em qualquer fase de desenvolvimento. A infeco na fase de plntula ocasiona leses circulares nos cotildones e o tombamento e morte da plntula. Nas plantas adultas, forma cancro no colo e nas hastes, provocando o seu fendilhamento e uma exudao gomosa (Fig. 3a). Geralmente, as plantas murcham, podendo haver a morte de ramos ou da planta inteira. Nas folhas formam-se manchas concntricas de colorao castanha (Fig. 2b). Sob alta infeco, pode haver murcha e apodrecimento de frutos novos. O fungo sobrevive em restos culturais e em cucurbitceas silvestres. A disseminao da doena longas distncias ocorre por meio de sementes contaminadas. Na lavoura, disseminada pelos respingos da chuva ou da irrigao. As condies ideais para a doena so: temperatura do ar entre 22 C a 28 C e umidade relativa acima de 70%.

    Fig. 2. Planta com murcha de fusarium.

    Fig. 3. Sintomas caractersticos de micosferela (Dydimellabryoniae): Cancro e exsudato nas hastes (a) e lesesnecrticas e concntricas nas folhas.

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    As principais medidas de controle so: a) Uso de sementes sadias.

    b) Arranquio e queima das plantas infectadas.

    c) Rotao de culturas.

    d) Aplicao de fungicidas. Mldio Doena causada pelo fungo Pseudoperonospora cubensis [(B. & C.) Rostow] que, recentemente, foi detectada causando srios prejuzos em lavouras de melo, da Linha Triunfo, no Municpio de Itapo do Oeste, em Rondnia Caracteriza-se pela ocorrncia de manchas angulares e necrticas na regio internerval das folhas, geralmente de colorao amarronzada e contornadas por halos amarelos (Fig. 4). Vista na face inferior, nota-se a frutificao do patgeno, esporangiforo e esporngios que exibem uma colorao purprea, principalmente durante os perodos de alta umidade relativa. Sob condies climticas favorveis, poder ocorrer a juno de vrias leses e ocasionar a morte dos tecidos, provocando a queda prematura das folhas. Na ausncia de culturas de hospedeiros comerciais, o patgeno pode sobreviver nas espcies selvagens, num contnuo crescimento vegetativo. Os esporngios so disseminados pelo vento, respingos de gotas de gua de chuva, irrigao por asperso, orvalho e insetos. Alta umidade relativa do ar favorece o desenvolvimento da doena. Controle - Usar fungicidas e evitar o plantio em baixadas midas, mal ventiladas e sujeitas ao acmulo de neblinas. As pulverizaes devem atingir a face inferior das folhas. Antracnose Doena causada pelo fungo Glomerella cingulata var. Orbiculare, cuja forma imperfeita Colletotrichum.

    O patgeno pode se desenvolver em toda parte area da planta. As leses nas folhas so detectadas, inicialmente, nas nervuras, e apresentam formato angular, (Fig. 5a) passando a circular. Primeiramente, as leses so castanho-claras a pardo-acinzentadas, tornando-se castanho-escuras ou pretas. Em reas muito infestadas, as plantas parecem queimadas. Nas hastes e pecolos, as leses comeam alongadas, estreitas e encharcadas, para depois ficarem castanhas. As manchas podem contornar toda a haste e pecolo, provocando a queda das folhas e morte dos brotos. Em frutos novos, podem causar a sua m formao ou queda. Nos frutos desenvolvidos, as leses, inicialmente pequenas, amareladas, arredondadas e ligeiramente elevadas, tornam-se deprimidas, circulares e de colorao negra (Fig. 5b), nestas, v-se anis concntricos. Esse fungo sobrevive no solo, nos restos culturais, durante um a dois anos. No campo, insetos, respingos de gotas de chuvas ou da irrigao por asperso constituem os principais meios para disseminar este patgeno. Controle - uso de sementes de boa qualidade, tratamento das sementes, rotao de cultura e pulverizao de fungicidas desde o incio da cultura.

    Fig. 4. Folha de melancia com sintomas de mildio.

    Fig. 5. Sintomas de antracnose na folha (a) e no fruto (b). Fonte: Watermelon..., 2005.

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    Cercosporiose

    Essa doena causada pelo fungo Cercospora citrulina (Cooke), e tem importncia secundria, haja vista que ocorre com mais freqncia no final do ciclo. Caracteriza-se pela ocorrncia de muitas manchas pequenas, irregulares ou circulares (Fig. 6), brancas, bronzeadas ou marrom-claras no centro, com uma borda, de prpura-escura a preta e rodeadas por um halo clortico amarelo (Fig. 7). As manchas, ao aumentarem de tamanho, coalescem, ocupando grandes reas da superfcie foliar, tornando quase toda a folha amarela. Um ataque severo pode conduzir desfolha total das plantas, afetando desta forma o tamanho e a qualidade dos frutos. O patgeno sobrevive no solo sobre os restos vegetais de um ano para outro; tambm pode sobreviver nas sementes de certas cucurbitceas. O fungo disseminado a longa distncia pelos ventos sob condies de alta umidade relativa e temperatura; as ferramentas de trabalho, a roupa dos operrios, os respingos da chuva e da irrigao so tambm vias de disseminao. O

    desenvolvimento da doena e o crescimento e esporulao do fungo so notoriamente rpidos sob as condies climticas dos trpicos, quando predominam temperaturas entre 26 C e 32 C e gua livre sobre as folhas. Com o aparecimento dos primeiros sintomas, deve evitar-se a gua livre sobre as folhas e a alta umidade ambiental. A irrigao no campo deve ser feita nas horas da manh para evitar a acumulao de gua sobre as folhas. Em cultivos em estufa, deve arejar-se ao mximo e evitar a irrigao superficial e por asperso. As folhas e plantas muito afetadas devero ser retiradas do campo e destrudas. Aps a colheita, deve-se retirar e destruir os restos vegetais, tanto no campo quanto na estufa. O controle qumico feito com fungicidas.

    Mancha de Alternria Essa doena causada pelo fungo Alternaria cucumerina [(Ellis & Everh.) J.A. Elliot], e provoca perdas severas, principalmente no final do ciclo da cultura. Esse fungo capaz de parasitar praticamente todas as cucurbitceas comerciais, assim como as silvestres. Os sintomas caractersticos so manchas foliares que podem provocar at a desfolha total da planta. Nesses casos, os frutos e hastes tambm so afetados. As manchas, pequenas e circulares no comeo, evoluem rapidamente e formam manchas maiores, marrom-escuras a negras (Fig. 8), e aparecem crculos concntricos na face superior (Fig. 9). Nos frutos, ocorrem manchas superficiais, geralmente circulares e deprimidas, nas quais o fungo cresce e esporula rapidamente, dando-lhes uma colorao marrom-olivcea a negra. So freqentes tambm as perdas em ps-colheita, quando os frutos so mantidos em atmosfera mida e quente.

    Os condios de A. cucumerina sobrevivem durante vrios meses sobre os restos vegetais em condies

    Fig. 6. Folhas de melancia com sintoma de cercosporiose.

    Fig. 7. Detalhe da mancha de cercospora em folha de melancia.Porto Velho, 2004

    Fig. 8. Folha com sintoma de alternria em experimentoinstalado na Embrapa Rondnia, em Porto Velho, 2004.

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    de seca, mas perdem rapidamente sua viabilidade no solo. O fungo tambm conservado na forma de miclio dormente nos restos vegetais. Os condios formados sobre os tecidos infectados so facilmente disseminados pelo vento. Os restos vegetais contendo o fungo podem ser tambm uma via de disseminao dentro do campo e entre campos vizinhos quando utilizam maquinrio agrcola sem uma prvia desinfeco. As sementes podem estar contaminadas superficialmente e servir como vias de disseminao a longa distncia.

    Condies de umidade relativa alta estimulam a germinao de condios e miclio dormentes que do incio contaminao. gua livre sobre as folhas e temperaturas altas (21-32 C) so essenciais para o desenvolvimento da doena. O aparecimento dos primeiros sintomas ocorre aps 3-12 dias de incubao, dependendo das condies climticas. O controle preventivo pode ser realizado evitando-se a presena de gua livre sobre as folhas, assim como alta umidade relativa. O cultivo deve ser arejado, e os sulcos orientados na direo dos ventos predominantes. Em cultivos em estufas, deve-se arejar ao mximo a estufa e evitar a irrigao superficial e por asperso. No campo, evitar a irrigao por asperso, caso se utilize, deve ser realizada no perodo da manh. As plantas e os frutos muito afetados devem ser retirados do campo e destrudos. Em campos com alto ndice de infestao, recomendvel a rotao de cultivos. O controle qumico pode ser feito com fungicidas.

    Podrido do fruto causada pelo fungo Phytophthora capsici (Leonian). Esta doena pode surgir em qualquer estgio de desenvolvimento das plantas. Nas plntulas, ocasiona tombamento. Nas plantas

    adultas, induz podrido de razes e do colo. O caule vai escurecendo e passando de uma podrido da casca, inicialmente, mole para seca, ao fim do ciclo da doena. Durante os perodos midos, o caule fica recoberto pela frutificao do patgeno, ou seja, esporngio e esporangiforos. A planta murcha e seca. Nos frutos, desenvolve uma podrido mole, de cor parda, que vai escurecendo paulatinamente, recoberto pelo miclio do fungo, esporangiforos e esporngios de colorao branca. O patgeno sobrevive no solo em restos de cultura. O vento, a gua de irrigao, a chuva e os insetos constituem os principais veculos de disseminao. Controle - Plantio em solos bem drenados, cobertura do solo com palha de arroz ou capim seco, aplicao preventiva de fungicida, cuidados durante os tratos culturais, colheita e transporte, evitando-se injrias nos frutos.

    Murcha de Esclercio Essa doena ocorre principalmente na cultura do feijo comum, pimento e tomate, no entanto, alguns casos tm sido registrados em lavouras de melancia na regio de Porto Velho. At o momento, no foram verificados grandes prejuzos causados por essa doena, todavia, quando em estgio avanado, os danos causados s plantas geralmente so irreversveis. causada pelo fungo Sclerotium rolfsii. O fungo se desenvolve ao redor do colo da planta, onde geralmente, podem ser observados uma grande quantidade de estruturas esfricas de colorao parda, denominadas esclerdios (Fig. 10a) e o miclio branco do fungo (estruturas de crescimento) (Fig. 10b). A planta murcha e morre repentinamente. O fungo desenvolve-se rapidamente durante os perodos mais quentes e midos do ano. Pode crescer em uma grande quantidade de plantas hospedeiras ou mesmo sobre material vegetal em decomposio. Os esclerdios possuem um duro envoltrio que os protege contra as intempries, possibilitando a sobrevivncia no solo por longos perodos. Controle - As principais prticas culturais so o plantio em leiras, ao invs de covas; a rotao de culturas com gramneas; a utilizao de cobertura morta; a eliminao ou arao profunda de restos de culturas (quando hospedeiras); o uso de espaamentos mais amplos e o plantio em pocas com menor precipitao. O controle qumico pode ser realizado com os fungicidas relacionados na Tabela 1.

    Fig. 9. Leses causadas por Alternaria cucumeris em folhas demelancia, Porto Velho, 2004.

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    Doenas causadas por bactrias Mancha bacteriana da melancia O agente causal da doena a Acidovorax avenae subsp. citrulli. A doena tem incio com pequenas leses encharcadas na casca que, rapidamente, se expandem, tomando grandes reas do fruto. Com a maturao, essas leses evoluem em profundidade, afetando a polpa, que se torna escura e amolecida. A bactria transmitida por sementes. Controle - Uso de sementes de boa qualidade.

    Doenas causadas por nematides Para se verificar a infestao dos nematides de galhas (Meloidogyne spp.), gnero que mais ataca a cultura melancia, o diagnstico deve ser feito no incio da florao da cultura. Os sintomas na parte area manifestam-se por meio de crescimento retardado, deficincia mineral nas folhas e at murchamento nas horas mais quentes do dia, queda de flores e frutos. Meloidogyne spp. induz formao de galhas (engrossamentos localizados) nas razes. As razes reagem presena desse nematide pela formao de grandes galhas, cujos tecidos apresentam-se

    amolecidos, o que a difere de outras famlias de olercolas, nas quais os tecidos das folhas permanecem firmes. comum essas galhas tomarem toda a extenso do sistema radicular da melancia, que pode atingir mais de 1 m de comprimento. Para um diagnstico mais seguro, preciso que se faa anlise em laboratrio. As amostras do solo e de razes representativas devem ser acondicionadas em sacos plsticos e encaminhadas ao laboratrio o mais rpido possvel. Controle - Rotao de cultura, destruio de plantas infectadas, adubao orgnica, plantas antagonistas. O uso de plantas enxertadas sobre espcies resistentes como abbora gila (Cucurbita ficifolia) e cabaa (Lagenaria siceraria) tem-se mostrado eficiente; no entanto, importante fazer o possvel para evitar a infestao das reas.

    Doenas causadas por vrus Vrus da mancha anelar do mamoeiro estirpe melancia (Papaya ringspot virus watermelon strain, PRSV-W) Anteriormente conhecido por vrus do mosaico da melancia, o PRSV-W pode ser considerado como limitante para a produo da melancia, principalmente quando a infeco ocorre no incio do ciclo. Pertence ao grupo dos Potyvirus e o vrus de maior ocorrncia e importncia econmica em cucurbitceas plantadas em todo o Brasil. Os sintomas so variveis, podendo apresentar mosqueado, mosaico, reduo no crescimento da planta e de suas partes e deformao de folhas (Fig. 12) e frutos (Fig. 13). transmitido por afdeos, na forma no persistente, ou seja, o inseto leva apenas alguns segundos para adquirir o vrus na planta infectada

    Fig. 10. Esclerdios (a) e miclio (b) do fungo Sclerotium rolfsii, em melancia.

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    Fig. 11. Razes de melancieira apresentando galhas resultantesda presena de nematides. Fonte: Aggie Horticulture, 2005a.

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    e uma hora para inocul-lo na planta sadia, sendo esta a principal forma de disseminao da doena no campo. No transmitido por meio de sementes de plantas infectadas.

    Vrus do mosaico da melancia 2 (Watermelon mosaic virus 2, WMV-2) O vrus do mosaico da melancia 2 (WMV2) pertence ao grupo dos Potyvirus. Os sintomas ocasionados so mosaico, reduo de tamanho, encrespamento e bolhosidade nas folhas. O vrus reduz a qualidade e a produo dos frutos. O WMV-2 ocorre naturalmente em leguminosas, malvceas, chenopodiceas e plantas ornamentais. transmitido de forma no persistente por, pelo menos, 38 espcies de afdeos, incluindo Aphis citricola, A. craccivora, A. gossypii, Aulacorthum solani, Macrosiphum euphorbiae, Myzus persicae e Toxoptera citricidus. No existem, at o momento, gentipos de cucurbitceas cultivadas com resistncia ao WMV-2, no Brasil.

    Controle - O uso de inseticidas para o controle de virose no medida eficiente, pois o inseto transmite o vrus antes de o inseticida atuar. Como regra, apenas as seguintes medidas preventivas de controle podem ser adotadas, para evitar ou retardar a introduo das viroses no campo: a) Usar sementes de origem idnea.

    b) Preparar adequadamente o solo, com boa fertilizao.

    c) Controlar adequadamente as plantas daninhas.

    d) Evitar o plantio sucessivo e o plantio prximo de campos mais velhos de cucurbitceas.

    e) Destruir restos de cultura infectados. O uso de proteo cruzada, atravs da infeco de mudas com estirpes menos "virulentas" do vrus, tem sido testado, mas os resultados ainda no so conclusivos. Para determinar, com segurana, se uma doena virtica e qual vrus que a est causando, deve-se levar a folha da planta a laboratrios especializados e conhecer a origem da semente, a poca de plantio, as condies climticas, durante o ciclo, e os tratos culturais adotados. Todas essas informaes devem ser enviadas ao laboratrio juntamente com as amostras.

    Doenas no patognicas Amarelo a doena no patognica mais importante da melancia no cultivo de terras altas em Rondnia. causado pelo efeito txico das altas concentraes de alumnio e mangans, geralmente observadas nos solos do Estado. Seu principal sintoma o amarelecimento progressivo da planta, a partir das folhas mais velhas (Fig. 14). As folhas amareladas tornam-se espessas, quebradias e podem evoluir para um quadro de necrose e seca que promove o desfolhamento da planta na regio da base do caule. Geralmente as plantas doentes apresentam desenvolvimento lento, alto ndice de abortamento floral, baixa produtividade e frutos pequenos e de baixa qualidade. Pode ser evitado com a correo do pH do solo, sobretudo com a aplicao de calcrio na cova.

    Fig. 12. Folha de melancia com sintoma de virose.

    Fig. 13. Mosaico caracterstico de viroses em frutos de melanciadas cultivares Crimson Sweet (a) e Charleston Gray (b).

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    Podrido apical Doena fisiolgica causada pela deficincia de clcio. Os sintomas aparecem nos frutos em diferentes estdios de desenvolvimento, caracterizando-se pelo aparecimento de leso necrtica escurecida na regio apical do fruto. Alm da deficincia de clcio, o estresse hdrico (principalmente por falta de gua) e a ocorrncia de ventos secos e temperaturas elevadas, na fase de crescimento do fruto, podem causar a podrido apical. Os frutos cilndricos, como da cultivar Charleston Gray (Fig. 15) so mais suscetveis a esse distrbio. A adoo de medidas preventivas, como escolha da variedade, calagem e manejo adequado da irrigao evita a ocorrncia desta anomalia. Rachadura dos frutos A rachadura de frutos provocada, geralmente, pelo excesso de gua disponvel planta, aps perodo de forte dficit hdrico. Notadamente, algumas cultivares, como a Crimson Sweet (Fig. 16a) so mais suscetveis ao rachamento. Quando as condies so propcias ao rachamento de frutos, mesmo variedades tolerantes podero apresentar frutos rachados, se acometidas de quaisquer leses que fragilizem a sua casca, tais como podrido apical (Fig. 16b), danos fsicos causados por insetos, doenas ou implementos agrcolas. Solos de textura pesada so mais favorveis ao aparecimento desse distrbio fisiolgico.

    O rachamento de frutos pode ser evitado pela escolha de cultivares adequadas, pelo manejo adequado da irrigao e pela aplicao do potssio em cobertura. Ocamento de Fruto Esse distrbio mais comum nos hbridos sem sementes (Fig. 17). favorecido pelo manejo deficiente da irrigao (estresse hdrico) e pela adubao inadequada. Tambm tem causas genticas, de modo que algumas cultivares tm maior predisposio a esse distrbio.

    Fig. 16. Frutos rachados: cultivar Crimson Sweet (a) e cultivar Charleston Gray (b).

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    b

    Fig. 15. Fruto da cultivar CharlestonGray com sintoma de podridoapical.

    Fig. 14. Planta apresentando sintomas de toxidez por alumnio.

    Fig. 17. Fruto de hbrido sem sementes apresentando ocamentona polpa.

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    Abortamento e frutos deformados Abortamentos de flores e frutos (Fig. 18a) e frutos mal-formados (Fig. 18b) podem ser causados por problemas de polinizao, ataque de pragas e doenas, problemas nutricionais, como deficincia de boro e clcio, ou ainda por dficit hdrico. Portanto, a presena de abelhas, o correto manejo fitossanitrio, nutricional e hdrico concorrem para minimizar esse problema.

    Queimaduras de sol (Fig. 19) Esse distrbio mais comum nas variedades de fruto escuro e est freqentemente associado desfolha causada por doenas fngicas ou por problemas nutricionais. Portanto, o adequado manejo fitossanitrio e nutricional das plantas evitam a ocorrncia desse distrbio.

    Tabela 1. Fungicidas registrados para o controle qumico das principais doenas da melancia.

    Doenas Fungo Produtos registrados

    Nome tcnico Nome comercial (*) Alternaria Alternaria cucumerina Thiophanate+Methyl Cercobin/Tiofanato Chorothalonil+Thiophanate+Methyl Cerconil Chorolothalonil+oxcloreto de cobre Dacobre Cercosporiose Cercospora citrulina Thiophanate+Methyl Cercobin/Tiofanato Chorothalonil+Thiophanate+Methyl Cerconil Chorolothalonil+oxcloreto de cobre Dacobre Antracnose Colletotrichum orbiculare Oxicloreto de cobre Agrinose/Cupravit/Hokko Cupra/Ramexane Chlorotalonil Bravonil/Daconil/Dacostar/Vanox Thiophanate+Methyl Cercobin Tebuconazole Constant/Elite/Domark/Folicur/Triade Chlorothalonil+oxicloreto de cobre Cuprodil/Dacobre Mancozeb+oxicloreto de cobre Cuprozeb Mancozeb Dithane/Mancozeb Cancro das hastes Micosferela

    Didymella bryoniae Tebuconazole Constant/Elite/Domark/Folicur/Triade

    Chorothalonil+Thiophanate+Methyl Cerconil Mancozeb+oxicloreto de cobre Cuprozeb Metiltiofan Thiophanate methyl (Precursor da benzimidazol) Difenoconazole Score Mildio Pseudoperonospora cubensis Oxicloreto de cobre Agrinose/Cupravit/Hokko Cupra/Ramexane Chlorotalonil Bravonil/Daconil/Dacostar Captan Captan/Orthocide Chorothalonil+Thiophanate+Methyl Cerconil Chlorothalonil+oxicloreto de cobre Cuprodil/Dacobre Mancozeb+oxicloreto de cobre Cuprozeb Mancozeb Dithane/Mancozeb/Manzate/Persist Chlorothalonil+Methalaxyl-M Folio Gold Folpet Folpet/Folpan Agricur Maneb Maneb Murcha de Esclercio Tebuconazole Constant/Elite/Domark/Folicur/Triade Quitozene Kobutol Propiconazole Tilt

    (*) Os nomes comerciais apresentados, so citados apenas para convenincia do leitor, no havendo preferncia por este ou aquele produto comercial.

    Fonte: Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, 2005.

    Fig. 19. Fruto de melancia apresentando queimaduras de sol.

    Fig. 18. a) Frutos abortados; b) Frutos deformados. Fonte: Aggie horticultural, 2005b.

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  • Doenas da cultura da melancia em Rondnia 10

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    ComunicadoTcnico, 298

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