Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1961

Novembro/2014

JAPONVAR

Fruto nativo do Cerrado, com característico cheiro forte e marcante o Pequi é o destaque da cidade de Japonvar/MG, famosa por fazer parte dos municípios que mais produzem o fruto, no Norte de Minas, o “Ouro do Cerrado”. O pequi é conhecido por esse nome porque vai além do valor comercial: ele é símbolo do Norte de Minas. Fama que é reforçada pelos trabalhadores/as da Cooperativa dos Produtores Rurais e catadores de Pequi em Japonvar/MG – Cooperjap que tem papel fundamental no processo de manejo do fruto principalmente por ser uma cooperativa forte na geração de emprego e renda na região, mesmo fora do período de safra.

A cooperativa explica que o Pequi está em constante processo de crescimento, antes só era possível encontrar em período de safra entre novembro e fevereiro, agora é comercializado durante todo o ano. Isso se deve as técnicas de conservação do fruto, onde os apreciadores possam ter o fruto no cardápio quando quiserem. O trabalho de colheita e higienização do pequi começa na madrugada, os agricultores/as estão acostumados a levantar bem cedo para iniciar esse processo. A Cooperjap tem uma longa experiência nesse trabalho de valorização e armazenamento do fruto.

As atividades na cooperativa são feitas a partir da vontade coletiva de todos os agricultores/as de avançar e expor cada vez mais o pequi, para isso os cooperados contam com a prestação de serviços do "Cartão Minas Rural" onde os agricultores/as que queiram fazer parte da cooperativa, totalmente grátis, tem acesso a esse Cartão que apoia a cooperativa na desburocratização no processo de comercialização do produto rural levando fácil acesso ao mercado.

Seu Josué Barbosa de Araújo é agricultor, associado e presidente da cooperativa, ele explica que a expectativa é grande para o avanço da produção.“Espero e acredito muito na cooperativa temos uma boa matéria prima, temos demanda e com ela vem a esperança de vida melhor. É possível expandir a partir do conhecimento que adquirimos para lidar com a produção de alta qualidade que gera renda para várias famílias”, afirma.

Cooperativa dos Produtores Rurais beneficia catadores, agricultores e agricultoras com o manejo do “Ouro do Cerrado”

gerando renda e esperanças

de Pequi

Os associados da Cooperativa estão de portas abertas para receber o fruto do cerrado.

Árvore nativa do Cerrado é cobiçada pelos agricultores do Norte de minas.

Processo de manipulação do Pequi.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

Realização Apoio

Com as facilidades de acesso a cooperativa gera uma cadeia onde são beneficiadas, diretamente, 100 famílias. Atualmente, a cooperativa é formada por 180 sócios, que contribuem para a produção de: Pequi em conserva, óleo de Pequi, farinha de Pequi e castanha desidratada de Pequi. Na última safra, do ano passado, a cooperativa recebeu 53.200 quilos de pequi, e no período de 2007 a 2009, exportou 600 quilos para o EUA, Japão e Itália. Atualmente, a cooperativa tem disponível 9.400 quilos do fruto para comercialização.

A Transformação no Norte de Minas

A expansão do mercado do pequi a partir da venda dos produtos reflete nos municípios produtores do Norte de Minas, modificando a vida das famílias do sertão. O fruto é forte e importante para fortalecer a identidade cultural regional, além de ser mais uma possibilidade de alimento que garante a soberania alimentar das famílias, durante o período de safra e pós-safra.

A cooperativa é uma alternativa para os agricultores/as que fazem do fruto uma realidade para obter renda e sustentar suas famílias. Trabalhadores que valorizam o Cerrado e a natureza, em especial os pequizeiros; que não são mais derrubados para a produção de carvão. O agricultor Euclides Ferreira de Aquino, da comunidade Dois Barreiros, em Japonvar, faz parte da cooperativa e explica que no seu quintal produtivo ele plantou cento e dez pés de pequi e com orgulho afirma a importância do fruto. “Esse ano, a safra será farta. Na última safra, por exemplo, a média de produção foi de 200 quilos de polpa, ao dia", explica.

A agricultora Maria dos Anjos Ferreira da Silva, desde criança, está acostumada a lidar com o pequi. Casada e mãe de três filhos ela é uma das integrantes da cooperativa e afirma que se sente vitoriosa por ser mulher que está se especializando e aprendendo cada vez mais como manejar o pequi. “A safra do Pequi é tudo. Ele é o Ouro do Cerrado é renda para as famílias. Faço o trabalho com o pequi com satisfação, com ele aprendo demais: o manejo é fácil, gera saúde e garante segurança alimentar. Eu especializei em fazer produtos com o pequi e me sinto uma vitoriosa principalmente por ser mulher e ajudar a minha família”, afirma.

Produtos feitos com o "Ouro do Cerrado"

Pequi armazenado para comercialização.

O fruto é a riqueza do Cerrado.