CONTROLE ZOOTÉCNICO EM PROPRIEDADES...
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CONTROLE
ZOOTÉCNICO EM
PROPRIEDADES
LEITEIRAS DIEGO CRUZ
Uso de ferramentas gerencias na produção
eficiente de leite
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CONTROLE ZOOTÉCNICO EM PROPRIEDADES
LEITEIRAS
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O mercado de leite no Brasil é historicamente conhecido
por apresentar tendências instáveis com estreitas margens de
lucro ao produtor.
No Brasil, a maioria das fazendas tradicionais são
conduzidas de forma empírica e, de certo modo,
desorganizada, com raros estabelecimentos adotando
registros zootécnicos, sanitários e contábeis.
Desse modo, o uso de ferramentas gerenciais que
auxiliem na tomada de decisão por parte do produtor é
essencial. Nessa tangente a Ferramenta mais eficiente no
gerenciamento da propriedade é o:
CONTROLE ZOOTÉCNICO
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Neste material, serão apresentadas algumas perguntas básicas
a respeito do controle zootécnico:
O que é controle zootécnico?
Porque realizar o Controle Zootécnico?
Vantagem do uso do Controle Zootécnico?
Como realizar o Controle Zootécnico?
Como iniciar o controle zootécnico?
Com os dados calculados, qual deve ser o procedimento
seguinte?
Todas essas perguntas serão respondidas neste material,
vamos começar?
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O que é controle zootécnico?
O controle zootécnico é uma técnica de gerenciamento
utilizada na propriedade leiteira, em que o produtor faz
anotações sobre a vida produtiva (controle leiteiro),
reprodutiva (controle reprodutivo) e sanitária (controle de
sanidade) de cada animal da propriedade;
Estes indicadores de desempenho zootécnico obtidos
são fundamentais para a tomada de decisões do produtor de
leite, visando à eficiência e produtividade da atividade leiteira.
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Porque realizar o Controle Zootécnico?
Fazendo uso do controle zootécnico é possível gerenciar
toda propriedade do ponto de vista de produção, de sanidade
e de reprodução, além disso, é possível, através do controle
zootécnico, gerenciar o comportamento de cada animal, de
maneira única.
Assim:
O gerenciamento da propriedade se torna mais preciso e
a chance de erros ou precipitações na tomada de decisão será
diminuída gradativamente;
FIGURA 1: Controle do rebanho e controle leiteiro, respectivamente.
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Quais as vantagens da adoção do Controle Zootécnico?
São muitas as vantagens ao se usar técnicas de controle no
rebanho, dentre elas, cita-se:
Seleção de filhas das melhores vacas para permanecerem
no rebanho, promovendo o melhoramento genético dos
animais.
FIGURA 2: Vaca Holandesa e sua bezerra
Ter conhecimento de quais são realmente as melhores
vacas do rebanho, ou seja, aquelas que apresentam longo
período de lactação, elevada persistência de produção e,
claro, maior produção por lactação.
Promover a secagem das vacas 60 dias antes do parto ou
por baixa produção, segundo os critérios estipulados para o
rebanho.
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Conhecimento do perfil de produção dos animais da
fazenda, permitindo que estes sejam separados em lotes,
assim o balanceamento da dieta pode ser especifico para cada
grupo de animais e o direcionamento da alimentação
volumosa para cada categoria seja realizado com maior
eficiência.
FIGURA 3: Dieta dos Animais
Agregar valor ao rebanho por meio da
comercialização de tourinhos, filhos das melhores vacas.
Verificar, ao longo de anos, a evolução da
produtividade do rebanho.
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Como realizar o Controle Zootécnico?
Para realização de um controle zootécnico é necessário
que a propriedade tenha uma boa escrituração zootécnica*,
unida a um bom sistema de gerenciamento de dados (não
precisa ser necessariamente um software) e colaboradores
treinados;
Organização é o ponto chave do controle zootécnico
para que este apresente eficiência.
O controle zootécnico é pautado em três pilares básicos,
assim apresentados:
Figura 4: Pilares da Organização das propriedades
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O uso de uma escrituração zootécnica de qualidade, agregada
com uma boa organização e, claro, colaboradores treinados,
especializados e bem remunerados, obtêm-se um controle
zootécnico com extrema eficiência e qualidade para o
funcionamento de toda a propriedade leiteira. Também é
interessante a assistência de técnicos externos para garantir a
saúde, alimentação e higiene do rebanho, e das instalações.
*escrituração zootécnica consiste no conjunto de práticas relacionadas às
anotações da propriedade rural que possui atividade de exploração animal;
mecanismo de descrição formal de toda a estrutura da propriedade.
Controle Zootécnico
eficiente
Escrituração Zootécnica
Organização Treinamento
de colaboradores
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Como iniciar o controle zootécnico?
Um bom controle zootécnico deve ser realizado em três
passos básicos:
1. Identificar os animais;
Consiste em identifica-los com o uso de brincos ou
marcação a ferro, assim a visualização e identificação fica
mais eficiente e rápida.
Figura 5: Brinco de identificação em vaca leiteira.
2. Fichar o lote e fichar todos os animais;
Primeiramente prepara-se uma ficha coletiva de controle
leiteiro, onde são anotadas as produções individuais de cada
animal, para, em seguida, transferir os dados para a ficha
individual.
Em seguida é preparada a ficha individual para cada
animal do rebanho contendo os seguintes dados:
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- Nome e número do animal, nome do produtor e da
propriedade, idade, pelagem;
- Dados genealógicos: nome dos pais e avós (se possível),
necessários para futuras análises genéticas destes animais;
- Dados reprodutivos do animal: data de cio, data de
inseminação/cobertura, diagnóstico de gestação, data provável
de parto, dentre outros que julgar pertinente;
- Dados do controle leiteiro da vaca, incluindo data de parto e
início do controle leiteiro, número da lactação, produção
mensal ou quinzenal, data de secagem, duração da lactação,
produção total e produção média diária (estes quatro últimos
são calculados e preenchidos após o final da lactação);
3. Realizar as anotações e observações necessárias:
- Dados particulares: anotar todos os dados que são
específicos para cada animal, como por exemplo, nome e
número do animal, proprietário, pelagem e dados
genealógicos;
- Controle leiteiro: pesar a quantidade de leite mensalmente
(ou quinzenalmente), com o auxilio de balanças precisas e
anotar na ficha de controle coletivo. Esta produção deve ser
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multiplicada pelo número de dias do mês ou da quinzena e
ser anotada na ficha de controle individual de cada vaca;
- Controle Reprodutivo: Todas as ocorrências reprodutivas do
animal devem ser anotadas na ficha individual de cada vaca.
FIGURA 4: Fichas de controle leiteiro
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Após a coleta dos dados é aconselhável que o produtor
realize cálculos dos indicadores de desempenho zootécnico.
A partir deles conseguimos verificar quais são os pontos
fortes e fracos do sistema produtivo, melhorando, desta
maneira, todo o sistema e garantindo maior lucro. Os
principais indicadores de desempenho zootécnico são os
seguintes:
Intervalo entre partos (meses): tempo decorrido entre
dois partos consecutivos de uma mesma vaca;
Produção anual de leite por hectare (kg/ha/ano):
produção total de leite no ano dividido pela área em hectare
destinada à produção;
Duração da lactação (dias): somatório de todos os dias
de uma lactação. Para animais taurinos o ideal é uma
produção completa de 305 dias, para zebuínos ou mestiços, o
tempo de duração tende a ser menor, na faixa de 270 a 290
dias;
Produção de leite por vaca por lactação (kg/vaca):
Somatório de toda a produção da vaca na lactação;
Porcentagem de vacas em lactação (%VL): número de
vacas em lactação dividido pelo número de vacas total do
rebanho, o ideal é atingir um valor aproximado de 80 a 85%
da vacas em lactação;
Produção média diária por vaca em lactação
(kg/vaca/dia): Produção média obtida pela vaca em um dia de
lactação.
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Com os dados coletados, qual deve ser o procedimento
seguinte?
Com todos estes dados em mãos dá-se a possibilidade da
realização da análise da eficiência do sistema produtivo e
reprodutivo;
Isso irá auxiliar na tomada de decisão do processo,
principalmente na escolha das melhores vacas do rebanho e
no auxílio ao descarte de animais menos eficientes;
Neste material serão apresentados os procedimentos
referentes aos:
INDÍCES
PRODUTIVOS
INDÍCES
REPRODUTIVOS
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Índices Produtivos
Produção diária de leite: É o primeiro indicador que
deveríamos checar num rebanho. O ideal é que a
produção diária aumente, respeitando sempre as
limitações de cada sistema e o poder genético de cada
raça, assim a lucratividade apresenta uma crescente com
o aumento da produção.
Produção por lactação: deve ser a maior possível
(levando também em consideração o padrão genético,
condições de manejo e de ambiente), lembrando que a
melhor vaca não é a que dá mais leite no período e sim a
que dá mais lucro.
Duração da lactação (DL): tempo em dias
decorridos do parto até o final da lactação (secagem da
vaca).
Para animais taurinos o ideal é uma duração média
de 305 dias, em mestiços este período está atinge
aproximadamente 290 dias e em zebuínos este período
gira em torno de 270 dias.
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O ideal é realizar o controle leiteiro e assim estabelecer a
duração e a curva de lactação de cada vaca, levando
sempre em consideração o padrão genético do animal.
Este índice é muito indicado para auxiliar o
produtor a escolher seus animais que serão descartados.
Persistência de lactação (PL): caracterizada como
sendo a capacidade da vaca em manter sua produção de
leite após atingir sua produção máxima na lactação
(pico).
A maneira que a produção cai após o alcance do
pico da lactação determina se a curva do animal é
persistente.
FIGURA 6: Persistência de lactação em diferentes raças.
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Maior persistência de lactação é um ótimo indicativo de
lucratividade/vaca, pois vacas mais persistentes
necessitam de um menor consumo de concentrados,
possuem maior produção leiteira e maior longevidade,
gerando maior aproveitamento do animal durante a vida
produtiva e, por consequência, maior lucratividade.
Porcentagem de vacas em lactação (%VL): obtida
dividindo-se o número de vacas em lactação pelo
número total de vacas do rebanho, multiplicado por 100.
A %VL ideal é de 83%, o que somente pode ser obtido
com IP de 12 meses e duração da lactação de 305 dias.
Valores abaixo de 80% são representativos de uma
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indicação de desempenho reprodutivo inadequado ou
baixa persistência de lactação.
Período Seco: através do controle zootécnico, pode-
se controlar o período seco das vacas, o ideal é de 60
dias antes da data prevista do parto, 90 dias ainda é
aceitável, no entanto, quando esse período atinge 120
dias devem ser realizadas mudanças no manejo geral, a
fim de diminuir este período.
Índices reprodutivos
Porcentagem de Prenhez (%P): representa o número
de vacas prenhes dividido pelo número total de vacas do
rebanho (vacas prenhes mais vacas vazias), multiplicado
por 100.
Este índice deverá ser medido todo mês, para depois
se tirar a média anual. Se ficar entre 75% e 80% há uma
boa indicação da boa eficiência reprodutiva.
Taxa de natalidade: número de bezerros nascidos
vivos durante o ano dividido pelo número médio mensal
de vacas, multiplicado por 100. O ideal é ter 100% de
bezerros nascidos vivos no período, apesar de ser difícil
devido problemas de saúde que as vacas possam ter,
impossibilitando o cio ou o parto.
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Intervalo entre partos (IP): tempo compreendido
entre dois partos consecutivos da mesma vaca,
corresponde ao período de serviço mais o período de
gestação. Embora tenha algumas limitações, o IP é
considerado o índice mais utilizado na medição da
eficiência reprodutiva, e com ele se pode estimar o
potencial de produção leiteira. Para promover a
diminuição do intervalo entre partos é importante fazer
uso de uma boa nutrição e um manejo sanitário
adequado.
Período de serviço (PS): Tempo transcorrido entre
o parto e uma nova concepção (em dias). Este período
não pode ultrapassar os 90 dias, para que assim, se possa
obter um intervalo entre partos de 12 meses. O PS
depende de vários fatores que podem ser controlados ao
usar o controle zootécnico, entre eles cita-se: a sanidade,
escore corporal, manejo e raça.
Escore de condição corporal (ECC): Sabe-se que em
vacas leiteiras, o pico de produção leiteira ocorre antes
do pico de consumo de matéria seca, o que gera um
balanço energético negativo, por consequência, vacas
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com aptidão leiteira fazem uso de suas reservas corporais
(ou seja, tecido adiposo), sustentando suas altas
produções.
A ferramenta mais utilizada para monitorar o grau de
mobilização da gordura é o ECC, que varia entre 1
(excessivamente magra) a 5 (obesidade excessiva).
Abaixo, há um esquema muito interessante
exemplificando a relação entre em ECC e a Produção.
FIGURA 7 : Relação entre o Escore de Condição Corporal e a Produção. Fonte: Wildman
(1982)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A adoção do controle zootécnico nas propriedades
leiteiras é de extrema importância, pois:
Não implica em custos extras ao produtor; e
Faz com que todo o sistema de produção seja
conhecido, diminuindo a incidência de erros nas
tomadas de decisões da propriedade.
Ao realizar anotações de todas as ocorrências,
nota-se uma gradativa melhora de todo o sistema
produtivo, principalmente na tangente de produção
e reprodução, além da sanidade e higiene.
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