Contributos para a Evolução Biológica - Dados da Anatomia Comparada
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©Copyright Marisa Milhano 2010
Contributos das diferentes áreas científicas na fundamentação e
consolidação do Conceito de Evolução: Dados da Anatomia Comparada
As Teorias Evolucionistas apoiaram-se em diversos factores para reforçarem as suas
ideias de que as espécies actuais surgiram a partir de outras existentes no passado.
São exemplos desses factores os dados fornecidos pela Anatomia Comparada.
A Anatomia Comparada surgiu da necessidade dos cientistas de estudarem as
semelhanças morfológicas dos diversos seres vivos, a fim de se desenvolver e
organizar novos sistemas de classificação para os mesmos.
Assim, descobriu-se que, animais aparentemente diferentes apresentavam na
verdade semelhanças anatómicas, ou seja, semelhanças na estrutura e organização
interna e externa dos seres vivos. Isto indicava a existência de um ancestral comum
entre os organismos, ancestral este que possuiria um plano estrutural idêntico aos
dos actuais descendentes que dele terão derivado.
A Anatomia Comparada revelou a existência de 3 tipos de órgãos diferentes: os
órgãos ou estruturas homólogas, que possuem a mesma origem mas funções
diferentes, os órgãos ou estruturas análogas, que possuem origem diferente mas
funções idênticas, e os órgãos ou estruturas vestigiais, que são estruturas atrofiadas e
sem qualquer função em certos organismos.
Órgãos ou estruturas homólogas
São órgãos que, apesar de desempenharem funções diferentes, apresentam,
contudo, planos estruturais semelhantes, a mesma posição relativa e a mesma
origem embriológica.
O braço de um homem, a pata dum leão, a asa de um morcego e a nadadeira da uma
baleia são estruturas homólogas entre si, visto que todas possuem a mesma origem
embriológica. Contudo, nestes casos não existe qualquer semelhança funcional entre
os mesmos, uma vez que estas estruturas apresentam diferentes graus de
desenvolvimento conforme a função que desempenham.
©Copyright Marisa Milhano 2010
O mesmo acontece no caso das plantas: um ancestral comum pode dar a origem a
diferentes tipos de folhas, como é o exemplo das folhas em forma de espinho, das
folhas de captura, das folhas em forma de gavinha e das folhas de reserva.
Do mesmo modo, verificou-se que, animais que vivam no mesmo ambiente, como o
meio terrestre ou o meio aéreo, apresentam esqueletos desenvolvidos de forma
semelhante, como é o caso das baratas, das abelhas, das borboletas e dos mosquitos
(visto que todos pertencem ao meio aéreo).
As semelhanças anatómicas entre o Homem e os chimpanzés foram igualmente um
grande contributo da Anatomia Comparada.
Assim sendo, a existência de estruturas homólogas foi um dos dados que melhor se
explicava pelas Teorias Evolucionistas, contrariamente às Teorias Fixistas, que
possuíram uma enorme dificuldade em explicá-las.
Darwin e os seus seguidores admitiam que os organismos de uma espécie, ao
colonizarem habitats diferentes, seriam sujeitos a uma selecção natural, na medida
em que só sobreviveriam aqueles que apresentassem características adequadas ao
meio em que se encontravam.
A este fenómeno dá-se o nome de Evolução Divergente, uma vez que se verifica a
divergência, a discrepância, o afastamento de organismos que derivam do mesmo
ancestral, mas que migraram para zonas ecológicas diferentes e, portanto, sofreram
selecções naturais distintas.
A selecção natural permitiu então a ocorrência da evolução de novas espécies em
diferentes ambientes, a partir dum organismo ancestral comum.
Assim, as estruturas homólogas permitiram criar séries filogenéticas, ou seja,
permitiram criar distintas evoluções de diferentes estruturas desses organismos.
Nas séries filogenéticas progressivas evoluiu-se na complexidade das estruturas
homólogas, isto é, a partir dum órgão ancestral simples, desenvolveu-se órgãos mais
complexos, como é o exemplo do sistema nervoso e o coração dos vertebrados.
Nas séries filogenéticas regressivas, as estruturas homólogas dos organismos
diminuíram a sua utilidade, perdendo progressivamente a sua complexidade, como é
o caso da perda dos membros nas serpentes, da evolução dos membros do cavalo
ou da atrofia dos ossos das asas das aves corredoras.
©Copyright Marisa Milhano 2010
Órgãos ou estruturas análogos
São órgãos que têm origem, estrutura e posição relativamente diferente,
desempenhando contudo uma função idêntica. Estes órgãos surgem quando
espécies ancestrais diferentes colonizam ambientes semelhantes, adquirindo
adaptações semelhantes, ou seja, a selecção natural nos habitats favoreceu os
indivíduos cujas características fossem mais apropriadas para o meio em que se
encontravam, independentemente do grupo a que pertenciam.
Como exemplos deste tipo de estruturas temos as caudas/barbatanas caudais dos
tubarões e dos golfinhos, as pernas das rãs e dos gafanhotos, a estrutura anatómica
das cobras e das enguias, assim como a comparação entre a asa dum morcego, a asa
duma borboleta e a duma ave.
Outro exemplo conhecido ocorre entre das famílias de plantas, os cactos e as
eufórbias (ambos possuem origens evolutivas diferentes, assim como invadiram
desertos em dois locais diferentes do globo terrestre) Contudo, ambos apresentam
espinhos, caules com tecidos que armazenam água e, superficialmente, parecem
semelhantes; no entanto, apresentam flores diferentes.
Este fenómeno conduz a uma Evolução Convergente.
Órgãos ou estruturas vestigiais
São órgãos que, enquanto nuns organismos encontram-se atrofiados, com tamanho
reduzido, sem função aparente nem importância fisiológica, noutros organismos são
bem desenvolvidos, de grandes dimensões, e com uma função vital bem definitiva.
Segundo a Teoria Evolucionista, estes órgãos poderão ter sido importantes
anteriormente, num passado longínquo dum ancestral comum. Contudo, devido às
diversas pressões selectivas, estes órgãos terão evoluído de maneiras diferentes
conforme os meios colonizados pelos organismos: estes órgãos mantiveram-se
funcionais e bem desenvolvidos em algumas espécies, enquanto noutras estes foram
regredindo, tornando-se vestigiais.
©Copyright Marisa Milhano 2010
Como exemplos no Homem, podem ser citados o apêndice, certos músculos nas
orelhas e no nariz, os dentes do siso, a membrana nictitante dos olhos, os pêlos no
peito e os mamilos nos homens.
Outro exemplo bem conhecido de órgão vestigial no Homem é o ceco (uma
estrutura localizada no ponto onde o intestino delgado se liga ao grosso). Nos
mamíferos roedores, o ceco é uma estrutura bem desenvolvida, na qual o alimento
parcialmente digerido é armazenado e degradado.
Por fim, a cintura pélvica e o fémur presente nas baleias é também um exemplo de
uma estrutura vestigial.