CONTRA O ARMINIANISMO -...
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CONTRA O ARMINIANISMO E seu dolo pelagiano, o livre-arbtrio
John Owen
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Traduzido do original em Ingls
OR
A DISPLAY OF ARMINIANISM:
BEING
A DISCOVERY OF THE OLD PELAGIAN IDOL FREE-WILL, WITH THE NEW
GODDESS CONTINGENCY,
ADVANCING THEMSELVES INTO THE THRONE OF THE GOD OF HEAVEN, TO THE PREJUDICE OF
HIS GRACE, PROVIDENCE, AND SUPREME DOMINION OVER THE CHILDREN OF MEN;
WHEREIN
THE MAIN ERRORS BY WHICH THEY ARE FALLEN OFF FROM THE RECEIVED DOCTRINE OF ALL
THE REFORMED CHURCHES, WITH THEIR OPPOSITION IN DIVERS PARTICULARS TO THE
DOCTRINE ESTABLISHED IN THE CHURCH OF ENGLAND, ARE DISCOVERED AND LAID OPEN OUT
OF THEIR OWN WRITINGS AND CONFESSIONS, AND CONFUTED BY THE WORD OF GOD.
Via: CCEL.org Monergism.com
Traduo por Camila Almeida e Amanda Ramalho Reviso e Capa por William Teixeira
1 Edio: Junho de 2015
Salvo indicao em contrrio, as citaes bblicas usadas nesta traduo so da verso Almeida
Corrigida Fiel | ACF Copyright 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Portugus pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a permisso do
site CCEL.org, sob a licena Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0
International Public License.
Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que tambm no altere o seu contedo
nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
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THEOMACHIA AUTEXOUSIASTIK
Ou
UMA EXPOSIO DO ARMINIANISMO:
COMO SENDO
Uma Descoberta Do Antigo dolo Pelagiano Do Livre-Arbtrio, Com A
Nova Divindade, A Contingncia, Erguendo-Se Ao Trono Celestial De
Deus, Em Desonra Sua Graa, Providncia, e Supremo Domnio Sobre
os Filhos dos Homens;
ONDE
Os Principais Erros Pelos Quais Eles Se Negam A Receber a Doutrina
de Todas as Igrejas Reformadas, Com a Sua Oposio Em Muitos
Particulares Doutrina Estabelecida Na Igreja Da Inglaterra, So
Descobertos E Revelados A Partir de Seus Prprios Escritos E
Confisses, E Refutados Pela Palavra De Deus.
_____________________________________
Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor; trazei as vossas firmes
razes, diz o Rei de Jac. (Isaas 41:21)
Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos
de barro! Porventura dir o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua
obra: No tens mos? (Isaas 45:9)
_____________________________________
Traduo da pgina de ttulo da Publicao original em Ingls
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Sumrio
Prefcio Para A Presente Edio Em Portugus............................................................... 6
Notas De Traduo ..................................................................................................... 12
Reflexes Sobre A Vida E Pensamento De John Owen, Por John Piper ..............................13
Nota Prvia ................................................................................................................ 36
Aos Excelentssimos Lordes E Senhores Do Comit Pela Religio ................................... 41
Para O Leitor Cristo .................................................................................................. 46
Captulo 1 Sobre Os Dois Principais Fins Almejados Pelos Arminianos, Por Suas Inovaes Na
Doutrina Recebida Das Igrejas Reformadas. ................................................................... 48
Captulo 2 Sobre A Eternidade E Imutabilidade Dos Decretos Do Deus Todo-Poderoso, Negadas
E Atacadas Pelos Arminianos. ....................................................................................... 52
Captulo 3 Sobre A Prescincia Ou Pr-Conhecimento De Deus, E Como Isso Questionado E
Atacado Pelos Arminianos............................................................................................. 61
Captulo 4 Sobre A Providncia De Deus Em Governar O Mundo Diversamente, E Como Ele
Rejeitado Desta Preeminncia Pelo dolo Arminiano Do Livre-Arbtrio ................................ 70
Captulo 5 Se A Vontade E O Propsito De Deus Podem Ser Resistidos, E Se Ele Ser Frustrado
Em Suas Intenes ...................................................................................................... 84
Captulo 6 Como Toda A Doutrina Da Predestinao Corrompida Pelos Arminianos ......... 94
Captulo 7 Sobre O Pecado Original E A Corrupo Da Natureza ....................................111
Captulo 8 Sobre O Estado De Ado Antes Da Queda, Ou Sobre A Justia Original ...........124
Captulo 9 Sobre A Morte De Cristo, E Sobre A Eficcia De Seus Mritos .........................130
Captulo 10 Sobre A Causa Da F, Da Graa E Da Justia ..............................................144
Captulo 11 A Salvao Pode Ser Obtida Sem O Conhecimento Ou A F Em Jesus Cristo? .154
Captulo 12 Sobre O Livre-Arbtrio, Sua Natureza E Poder .............................................161
Captulo 13 Sobre O Poder Do Livre-Arbtrio Em Preparar-Nos Para A Nossa Converso
A Deus ......................................................................................................................171
Captulo 14 Sobre A Nossa Converso A Deus .............................................................178
ndice De Citaes ....................................................................................................186
ndice De Nomes .......................................................................................................189
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Apndices ..........................................................................................................191
A Soberania De Deus Na Salvao Dos Homens, Por Jonathan Edwards .......................192
O Que Calvinismo? .................................................................................................209
Um Ensaio Sobre O Calvinismo, Patrick Hues Mell .......................................................210
Uma Defesa Do Calvinismo, Por C. H. Spurgeon ..........................................................223
Contra O Arminianismo E Seu dolo Dourado, O Livre-Arbtrio, Por A. Toplady ..............235
O Mito Do Livre-Arbtrio, Por Walter Chantry ...............................................................253
Objees Soberania De Deus Respondidas, Por A. W. Pink .......................................258
Eleio Particular, Por C. H. Spurgeon ........................................................................268
As Doutrinas Da Graa No Levam Ao Pecado, Por C. H. Spurgeon ..............................281
Eleio E Santidade, Por C. H. Spurgeon .....................................................................296
Uma Carta De George Whitefield A John Wesley Sobre A Doutrina Da Eleio ...............311
Referncias Da Biografia E Dos Apndices: .................................................................329
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Prefcio
Muito nos alegramos no Senhor por nos conceder fazer mais esta publicao to solene e
importante para ns, e por meio dela reafirmar nossa luta. Lutamos pela causa de Deus e
da verdade. Trabalhamos e anelamos para sermos constantes no amor e firmes na dou-
trina. Estas duas coisas, ao mesmo tempo. Portanto, esta publicao no foi idealizada co-
mo uma luta contra a carne e o sangue, mas contra o erro e a mentira. No odiamos as
pessoas daqueles a quem nos opomos, muito pelo contrrio, as amamos e por isso
combatemos os seus graves erros, buscando convencer-lhes a se voltarem daqueles para
a verdade das Sagradas Escrituras, como ns mesmos fizemos em um passado recente.
Amar de verdade falar a verdade.
Ao contrrio do que alguns pensam, nesta obra, Owen trata de um assunto da maior rele-
vncia para a F Crist. Algumas pessoas dizem que tolice perder tempo com discusses
a respeito de Calvinismo e Arminianismo, pois estas questes no so importantes; o que
importante mesmo a salvao das almas e a pregao do Evangelho. As pessoas que
so desta opinio claramente demonstram profunda ignorncia tanto quanto discusso
em si, quanto ao ensino das Escrituras, e o que o mais terrvel: mostram-se falsamente
zelosas por Deus e por Sua glria, posto que negligenciam em grande medida, a verdade
de Deus e a preciso bblica. somente a verdade que capacita qualquer alma a glorificar
a Deus. Quando falamos de Calvinismo e Arminianismo, no estamos falando das prprias
ideias que foram desenvolvidas pelo homem Joo Calvino ou pelo homem Jac Armnio,
como se isso fosse um debate entre doutrinas de homens, estamos falando sobre qual o
verdadeiro ensino das Escrituras Sagradas sobre Deus e a salvao dos homens. Em
outras palavras, estamos buscando responder s perguntas: Quem Deus? Como um
homem pode ser salvo?
Ora, posto que isso seja assim, quem se atreveria a dizer que essa disputa no importan-
te, ou que ela no tem nada a ver com o que realmente o mais importante como eles
geralmente dizem , a salvao dos homens? como se algum dissesse que mexer ou
remover os alicerces de uma casa no afetar em nada tal casa. Portanto, ningum trate
este assunto como algo de pequena importncia, pois nada menos que a glria de Deus e
a salvao dos homens esto em questo.
Parece ser um dos nossos fardos, viver em uma gerao que marcada pela falta de
compromisso com a sua prpria f, com o conjunto de doutrinas que ela mesma professa
ser a verdade do Deus das Escrituras Sagradas. De fato, poucos esto dispostos a lutar
por aquilo que creem, ou a pagar o alto preo de agir em coerncia com aquilo que afirmam
crer, ou a suportar as dolorosssimas consequncias da constncia na luta pela verdade.
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No era assim com Owen, ele sabia no que cria, e mais ainda, em Quem cria, e estava
completamente disposto e animado pela graa de Deus a lutar pela glria de Cristo e por
Sua Igreja. A Display Of Arminianism (1642) foi a primeira obra publicada daquele que mais
tarde ficaria conhecido como o Prncipe dos Telogos Puritanos, o maior telogo do sculo
XVII, e um dos maiores de todos os tempos. Owen escreveu a presente obra quando
William Laud, um inimigo da verdade foi elevado S de Canterbury, e, ento, o Arminia-
nismo despontou fortemente em seu mbito e todos os cargos eclesisticos disposio
da Coroa foram concedidos queles que se inclinassem s perspectivas Arminianas. Os
seguintes trechos desta obra nos do uma ideia do que levou Owen a escrev-la:
Leitor, tu no podes ser tal como um estrangeiro em nosso Israel, de modo a ser
necessrio que eu te familiarize com a primeira semeadura e disseminao desses
joios no campo da igreja, muito menos que eu declare que divises e pensamentos
do corao, que disputas abertas e amargas, e que perda da paz eclesistica, foram
despertadas entre ns por causa deles. Eu estou disposto a te advertir somente a
respeito de algumas poucas coisas, relativas a este meu esforo particular:
Primeiro, nunca houve tantos erros prodigiosos introduzidos na igreja, com uma mo
to elevada e to pouca oposio, como entre ns, desde que a nao dos Cristos
foi conhecida no mundo...
O fato de nossa igreja ter ultimamente transferido seu governo para as mos de ho-
mens contaminados com esse veneno, o Arminianismo, ou t-los apoiado com pode-
rosos argumentos de louvor e promoo, os levou a prevalecerem rapidamente lan-
ando a pobre Verdade sem defesa para um canto. Chegou a hora, ento, de todos
os amantes das veredas antigas se oporem a esta inovao que est prevalecendo
por tais meios indignos, antes que a nossa brecha se torne to grande quanto o mar,
e no haja ningum que a cure.
Minha inteno neste fraco esforo (que apenas a comunicao no digerida de
poucas horas no sequenciais de estudo, muito por causa destes dias malignos e
furiosos constantemente interromperem a sequncia dos meus estudos) apenas
agitar os tais que, tendo mais tempo livre e maiores habilidades, ainda assim no que-
rem mover um dedo para ajudar a vindicar a verdade oprimida.
[...]
Agora, o que a paz na igreja sem a verdade? Toda a conformidade com qualquer
outra coisa que se oponha verdade apenas o acordo entre Herodes e Pilatos, para
tentar destruir a Cristo e Seu reino. Tambm no esta ou aquela verdade particular,
mas todo o conselho de Deus revelado a ns, sem acrescentar ou diminuir, cujo rece-
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bimento necessrio para tornar a nossa paz firme e estvel. No deve haver nenhu-
ma indeciso entre Jeov e Baal, Cristo e Anticristo... Uma igreja no pode envolver
em sua comunho Agostinho e Pelgio, Calvino e Armnio.... O vnculo sagrado da
paz rodeia apenas a unidade daquele Esprito que conduz a toda a verdade.
Oh! como carecemos, nestes tempos maus, desta coragem e deste amor por Cristo e por
Sua verdade! Onde esto os homens, os amantes das veredas antigas que vindicaro a
verdade em nossos dias?
Nos ltimos dois sculos, embora os ortodoxos no tenham, de forma geral, conseguido
preservar e anunciar fielmente a verdade bblica das Doutrinas da Graa; por outro lado, os
Pelagianos, os Semi-Pelagianos, os Arminianos e os Molinistas, tm sido duplamente bem-
sucedidos no somente ao preservarem a mentira de suas Doutrinas Pelagianas do Livre-
Arbtrio, mas tambm ao haverem sido capazes de desenvolver e potencializar o alcance e
perniciosidade de muitos de seus falsos ensinos; neste empreendimento eles foram ajuda-
dos pelos liberais, secularistas, etc. Eles prometeram avivamento, mas na verdade promo-
veram a maior secularizao das igrejas jamais vista. O resultado disto que hoje a mais
terrvel ignorncia prevalece entre aqueles mesmos que, em sua grande maioria, j no
podem mais ser chamados de evanglicos, pois sequer sabem o que o verdadeiro Evan-
gelho realmente significa. Pergunte a um dos evanglicos modernos o que significa a
doutrina da justificao pela f, e voc ouvir as explicaes mais absurdas e grosseiras;
em suma, voc ouvir qualquer coisa menos a explicao bblica do verdadeiro carter
desta doutrina fundamental da F Crist.
Neste triste cenrio, o Arminianismo que outrora foi considerado uma heresia intolervel no
Cristianismo, agora tem muitos de seus ensinamentos amplamente disseminados no meio
dito evanglico, de modo que a maioria dos que se dizem evanglicos atualmente creem
em muitos dos falsos ensinos Arminianos.
No meu propsito aqui fazer uma explicao detalhada sobre como os defensores do
livre-arbtrio perverteram o verdadeiro Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, mas direi
somente algumas poucas palavras sobre como eles perverteram o claro ensinamento
bblico da justificao pela f somente, sem as obras da lei. O homem no justificado
pelas obras da lei, mas pela f em Jesus Cristo, temos tambm crido em Jesus Cristo, para
sermos justificados pela f em Cristo, e no pelas obras da lei; porquanto pelas obras da
lei nenhuma carne ser justificada... E evidente que pela lei ningum ser justificado
diante de Deus, porque o justo viver pela f (Glatas 2:16; 33:11; Romanos 2:20).
Certa vez, vi um Arminiano dizer que eles, os Arminianos, que eram os verdadeiros Refor-
mados, pois a sua doutrina a que mais se alinha aos Solas ou Pilares da Reforma Protes-
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tante. Ora, das duas, uma: ou ele no sabe no que ele mesmo cr ou no sabe o que Lutero,
e quase todos os outros Reformadores juntamente com quase todos os Puritanos pretende-
ram dizer, quando proclamaram fiel e firmemente: Sola Fide! Sola Gratia! A verdade que
a doutrina dos Arminianos se alinha muito mais s doutrinas humanistas de Erasmo de
Roterd, e at mesmo doutrina Papista do Conclio de Trento, doutrinas estas as quais
justamente os Solas se opunham! Os Cinco Solas necessariamente conduzem s Doutrinas
da Livre e Soberana Graa de Deus, e negao de tudo que se ope a estas.
Os Arminianos, geralmente, dizem que a salvao pela f, e dizem tambm que esta f
salvfica uma obra humana em cooperao com a graa Divina. Ora, se a salvao pela
f e a f uma obra humana, no h como fugir de salvao pelas obras. Os termos siner-
gismo e salvao pelas obras so sinnimos. Muitos deles alegam que a doutrina da graa
preveniente (a graa que vem antes) e no a do livre-arbtrio seja a principal doutrina que
defendem e que ela foi primeiramente defendida por Agostinho. Isso no negamos em
absoluto, o que negamos a sua v suposio que Agostinho quis dizer com essa doutrina
o mesmo que eles afirmam! Por diversas vezes eles falam como ns, mas no pensam
como ns. A graa preveniente que eles afirmam e defendem praticamente a mesma que
os Papistas1 afirmaram. A doutrina da graa preveniente ou universal somente uma capa
para cobrir seu dolo libertador e salvador, o livre-arbtrio!
Se no assim, se estou sendo desonesto, me responda Arminiano: No final das contas
os homens sero salvos porque receberam a graa preveniente de Deus, ou porque usaram
seu prprio livre-arbtrio e praticaram as obras humanas da f e da perseverana? Use
tantos sofismas e astcias quanto quiser para responder a esta pergunta, mas a sua res
posta deve ser simples e clara: sem que o homem use seu livre-arbtrio e pratique a obra
humana da f, a salvao impossvel e Deus no pode fazer mais nada!
__________
[1] A expresso graa preveniente aparece na Sexta Sesso do Conclio de Trento: O Snodo, ademais,
declara que, nos adultos, o comeo da dita Justificao deve ser derivado da graa preveniente de Deus,
atravs de Jesus Cristo, o que significa dizer que, desde sua Vocao pela qual, sem quaisquer mritos,
existindo por parte deles, eles so chamados; que eles, que por pecados foram alienados de Deus, podem
ser dispostos atravs de Seu despertamento e graa de assistncia, converter-se a si mesmos a sua prpria
justificao, por livremente assentir e cooperar com esta dita graa. Conclio de Trento, Captulo 5: Sobre a
necessidade, nos adultos, de preparao para justificao, e de onde ela procede. Disponvel em:
http://socrates58.blogspot.com.br/2006/08/did-council-of-trent-teach-that-man-is.html. Acesso em: abril 2012.
Citado por Heber Carlos de Campos. In: A Graa Preveniente Na Tradio Arminiana/Wesleyana (Parte 1).
Fides Reformata XVII, N 1 (2012): 25-43.
Sejamos sinceros, esta doutrina diablica Papista de justificao pelas obras (embora disfarada sobre
expresses como: sem quaisquer mritos, existindo por parte deles), no poderia muito bem sair (e sai!) da
boca de um Arminiano? Os Papistas rejeitam abertamente, o Sola Fide, a justificao pela graa somente,
sem as obras da lei, j os Arminianos no tm essa mesma sinceridade e coragem, embora, na prtica, a
rejeio seja a mesma.
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A Escritura Sagrada, por sua vez, declara que a f salvfica um dom gracioso de Deus,
uma obra de Deus e no do homem (Joo 6:29; Filipenses 1:29), um fruto e obra do
Esprito de Cristo e no um fruto do livre-arbtrio em cooperao com uma suposta graa
(Glatas 5:22; 1 Corntios 2:9-12). A ideia de salvao pelo livre-arbtrio completamente
oposta ao claro ensinamento bblico de salvao pela graa somente, mediante a f
somente, e isso no vem do homem ou das obras do homem em qualquer sentido, mas de
Deus somente (Efsios 2:1-9; Romanos 6:23). Quando a Bblia fala de salvao, ela nunca
confunde graa com obras, ela muito clara em dizer que se por graa, j no pelas
obras; de outra maneira, a graa j no graa. Se, porm, pelas obras, j no mais
graa; de outra maneira a obra j no obra (Romanos 11:6). Em matria de salvao, se
temos 99,99% de graa e 0,01% de obras humanas, simplesmente a graa j no graa.
Eles confundem f com obras e graa com livre-arbtrio, e o resultado disto um abismo
de incoerncia bblica e auto-contradio!
Martinho Lutero2 em sua obra clssica, A Escravido da Vontade, no Captulo 1, postula
o seu Argumento 5 com a sentena: A doutrina da salvao pela f prova que o livre-
arbtrio falso, e este quinto argumento resumido (ou talvez parafraseado) pela frase
com a qual concludo: A doutrina da salvao pela f completamente contrria a
qualquer ideia de livre-arbtrio. Esta ltima frase resume o pensamento de todo o livro e
o verdadeiro pensamento da Reforma Protestante! Afastar-se deste pensamento bblico foi
uma tragdia para a Igreja, como hoje em dia claramente se v.
Paro por aqui, no multiplicarei argumentos para provar que a doutrina do livre-arbtrio
falsa e anti-evanglica. Isso far John Owen, fortalecido pelo Senhor e pela fora do Seu
poder, a seguir.
Quero apenas concluir este prefcio com as solenes palavras do Prncipe dos Pregadores,
em seu sermo de nmero 2007, Retendo Firmemente a F. uma das mais comoventes
exortaes luta pela f e pela verdade da obra substitutiva do Senhor Jesus Cristo, do
Pacto Eterno, das Doutrinas da Graa, em suma: do Evangelho.
Eu estou aberto convico, disse um homem que conhecia seu fundamento, Eu
estou aberto convico, mas gostaria de ver o homem que poderia me convencer.
Estou nesta mesma condio no que diz respeito ao Evangelho do meu Senhor Jesus.
__________
[2] LUTERO, Martinho. Nascido Escravo. 2 Ed. So Jos dos Campos: Editora Fiel, 2007. pp 26-27.
Disponvel em: . Acesso em: junho
2015. Recomendamos altamente a leitura deste livro que disponibilizado gratuitamente pela Editora Fiel.
Ou ento voc poder ouvi-lo no You Tube, na inigualvel narrao de Josemar Bessa.
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Estou aberto convico, mas eu nunca verei o homem que pode convencer-me a
afastar-me de minha experincia, de minha convico, de minha conscincia, de
minha esperana, de meu tudo.
Antes que eu pudesse renunciar minha f na obra substitutiva do Senhor Jesus
Cristo e minha confiana no Pacto Eterno, em tudo bem ordenado e seguro, eu deveria
ter que ser reduzido ao p e cada tomo separado deveria ser transformado. Suponha
que as Doutrinas da Graa fossem obliteradas e nossa esperana pudesse ser remo-
vida, o que eles nos dariam no lugar delas tanto para esta vida ou para a prxima?
Eu nunca vi nada proposto no lugar do Evangelho que fosse digno de considerar por
um segundo. E voc?...
[...] O que seria de ns se nossos pais no a tivessem defendido? Se Confessores,
Reformadores, Mrtires e Pactuantes tivessem sido indiferentes ao nome de e f
em Jesus, onde estariam as Igrejas de hoje?
Aqui est o dia para o homem onde est o homem para o dia? Ns, que temos o
Evangelho passado para ns pelas mos do mrtir no nos atrevemos a brincar com
ele, nem sentarmos e ouvi-lo negado por traidores que fingem am-lo, mas que interi-
ormente abominam cada linha dele [...].
A f que eu sustento carrega sobre ela a marca do sangue de meus ancestrais. Devo
negar a f deles, pelo que eles deixaram a sua terra natal, para peregrinar aqui?
Vamos jogar fora o tesouro que foi entregue a ns atravs das grades das prises, ou
veio para nos carbonizado com as chamas de Smithfield?
Deus nos conceda fidelidade para o bem das almas ao nosso redor! Como o mundo
ser salvo se a Igreja for falsa ao seu Senhor? Como moveremos as massas se o
nosso fundamento for removido? Se o nosso Evangelho for incerto, o que resta, seno
o aumento da misria e do desespero?
Permaneam firmes, meus amados, em nome de Deus! Eu, o vosso irmo em Cristo,
vos suplico para que permaneam na Verdade de Deus. Ajam varonilmente, sejam
fortes. O Senhor vos sustente por causa de Jesus. Amm.
Publicamos esta obra na esperana de que atravs dela o Senhor abenoe a muitos dos
Seus amados e, sobretudo, seja glorificado. Amm!
William Teixeira, EC
11 de junho de 2015.
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Notas de Traduo
Esta foi sem dvida a traduo mais difcil que j fizemos. De forma geral, as obras dos
Puritanos no so fceis de traduzir, esta foi especialmente assim. Levamos aproximada-
mente um ano para finalizar esta traduo. Tivemos algumas dificuldades em construir as
frases e sentenas, e vert-las para nosso idioma. Buscamos sempre manter a semntica,
a lgica, a literalidade e a clareza da argumentao do Prncipe dos Telogos Puritanos.
Como um dos propsitos do autor era refutar os Arminianos pela Palavra de Deus aps
exp-los a partir de seus prprios escritos e confisses, Owen fez a maioria das citaes
dos escritos e confisses Remonstrantes a partir dos originais em Latim, isso principalmente
nas notas. E como ns no temos conhecimento deste idioma e nem conhecemos algum
que pudesse traduzir as citaes das notas, ento resolvemos simplesmente transliterar as
notas assim como aparecem na obra original. Caso encontremos algum que consiga tra-
duzir as notas em Latim, ou que possa promover as tradues das mesmas por algum meio,
planejamos futuramente fazer uma nova edio e publicao desta obra.
Tambm transliteramos as abreviaes das referncias s obras e aos nomes feitas pelo
autor e por isso acrescentamos no final dos captulos as sees ndice de Citaes e
ndice de Nomes para que o leitor possa consultar e ver a que se referem as abreviaes.
Aconselhamos ainda que, quem puder, acesse a obra original no site CCEL.org, pois estas
listas encontram-se com links que facilitam a localizao e verificao da correspondncia
que h entre a abreviatura e a obra a que essa se refere.
Buscamos fazer uma traduo o mais fiel possvel. Embora nossos talentos de traduo
ainda no estejam muito trabalhados, cremos ter feito um trabalho de traduo razovel,
todavia, no ns, mas a graa de Deus em ns.
Desejamos ardentemente que esta obra e cremos que este tambm era o anelo do autor
ao escrev-la edifique a sua alma, e, acima de tudo, glorifique a Deus.
Sola Gratia!
Soli Deo Gloria!
Editores EC.
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O Principal Propsito de Minha Vida: Mortificao e Plena Santidade
Reflexes Sobre a Vida e Pensamento de John Owen Por John Piper
[Conferncia de Bethlehem para Pastores 25 de janeiro de 1994]
Introduo
Houve seis palestrantes na Conferncia de Bethlehem para Pastores antes deste ano. Me-
tade deles disseram que John Owen o escritor Cristo mais influente em suas vidas. Isso
surpreendente para um homem que morreu h 311 anos, e que escreveu de uma forma
to difcil de ler que ele mesmo concebeu o seu trabalho como extremamente difcil em sua
prpria gerao.
Por exemplo, seu livro A Morte da Morte na Morte de Cristo, , provavelmente, o seu livro
mais famoso e mais influente. Foi publicado em 1647, quando Owen tinha 31 anos. o livro
mais completo e provavelmente o mais persuasivo j escrito sobre o L em TULIP:
expiao limitada.
O ponto do livro que quando Paulo diz: Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou
por ela (Efsios 5:25), ele intenciona que Cristo realmente fez algo decisivo e nico pela
igreja quando Ele morreu por ela, algo que particular e soberano, e diferente do que Ele
faz pelas pessoas que experimentam o Seu julgamento final e ira. O livro argumenta que o
amor especial que Cristo tem por Sua noiva algo mais maravilhoso do que o amor geral
que Ele tem por Seus inimigos. uma aliana de amor. Ele busca, alcana, domina, perdoa,
transforma e supera toda resistncia em Seus amados. A Morte da Morte um grande e
poderoso livro, ele me sustentou por muitas noites, cerca de 12 anos atrs, quando eu esta-
va tentando decidir o que eu realmente cria sobre o terceiro ponto do Calvinismo.
Mas, eu estou me adiantando. O ponto que eu estava construindo que incrvel que Owen
tenha um impacto to notvel hoje, quando ele morreu h 311 anos e sendo a sua forma
de escrita extremamente difcil. E mesmo ele sabe que seu trabalho difcil. No prefcio
(Ao Leitor) de A Morte da Morte, Owen faz o que nenhum bom agente de marketing permi-
tiria hoje. Ele comea assim: LEITOR... Se tu s, como muitos nesta era de fingimento, um
contemplador de indcios ou ttulo, e vens aos livros como Cato ao teatro, para sair nova-
mente tu j tiveste o teu entretenimento; despedido! (X, 149)1.
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A Influncia De Owen Sobre Telogos Contemporneos Proeminentes
No entanto, J. I. Packer, Roger Nicole e Sinclair Ferguson no aceitaram a despedida de
Owen. Eles permaneceram. E eles aprenderam. E hoje os trs dizem que nenhum escritor
Cristo teve um impacto maior sobre eles do que John Owen.
J.I. Packer
Packer diz que Owen o heri de seu livro, Quest for Godliness (Busca Pela Piedade),
um livro sobre A Viso Puritana da Vida Crist. Isso diz muito, pois para Packer os Puritanos
so as sequias na floresta da Teologia2. E John Owen o maior entre os telogos
Puritanos. Em outras palavras, ele a mais alta das sequias. Pela consistncia, profun-
didade, solidez e majestade em expor a partir da Escritura, os caminhos de Deus para com
a humanidade pecadora, no h ningum que o alcance3.
Mas Packer tem uma razo muito pessoal para amar John Owen. Eu o ouvi contar a histria
da crise em que ele entrou logo aps a sua converso. Ele estava em perigo em seus
tempos de estudante de desesperar-se sob um ensino perfeccionista que no levava o
pecado interior a srio. A descoberta de John Owen o trouxe de volta realidade. Basta
dizer ento, Packer relembra, que sem Owen eu poderia muito bem ter sado de meu juzo
ou ficado atolado em fanatismo mstico4.
Ento Packer praticamente diz que deve sua vida, e no apenas a sua teologia a John
Owen. No surpreendente, ento, que Packer diria sobre o estilo de Owen que, embora
trabalhoso e difcil a recompensa a ser colhida a partir do estudo de Owen faz todo o tra-
balho empregado valer a pena5.
Roger Nicole
Roger Nicole, que ensinou no Gordon-Conwell Seminary por mais de 40 anos disse quando
ele esteve aqui em 1989 que John Owen o maior telogo que j escreveu em idioma
Ingls. Ele at fez uma pausa e disse, ainda maior do que o grande Jonathan Edwards. Is-
so realmente me chamou a ateno, porque eu tenho certeza que Nicole leu mais desses
dois grandes nomes do que a maioria dos telogos e pastores leram.
Sinclair Ferguson
Sinclair Ferguson, que esteve aqui em 1990, escreveu um livro inteiro sobre Owen, John
Owen on the Christian Life (John Owen Sobre a Vida Crist), e nos diz sobre a sua dvida
que comeou, se voc pode acreditar, quando ele ainda era um adolescente:
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Meu interesse pessoal [em Owen] como professor e telogo comeou no final de
minha adolescncia, quando comecei a ler alguns dos seus escritos. Como os outros,
antes e depois, descobri que eles lidavam com as questes que a literatura evanglica
contempornea raramente, ou nunca, tocava. A exposio penetrante de Owen abriu
reas de necessidade em meu prprio corao, mas tambm de forma correspon-
dente a profundas garantias da graa em Jesus Cristo... Desde aqueles primeiros en-
contros com as suas Obras, permaneci em dvida com ele... Ter conhecido o ministrio
pastoral de John Owen durante estes anos (ainda que de forma escrita) tem sido um
rico privilgio; ter conhecido o Deus de Owen um privilgio ainda maior6.
Outros
claro que a magnitude da influncia de John Owen vai muito alm desses trs. Para Am-
brose Barnes ele foi o Calvino da Inglaterra. Para Anthony Wood, ele foi o Atlas e Patriar-
ca da Independncia7. Charles Bridges, em The Christian Ministry (O Ministrio Cristo),
1830, disse:
Em verdade, sobre o todo: pela exposio luminosa e poderosa defesa da doutrina
bblica; pela resoluta aplicao de obrigao prtica; pela hbil anatomia do auto-
engano do corao, e por um detalhado e sbio tratamento dos exerccios diversifica-
dos do corao do Cristo, ele , provavelmente, sem paralelo8.
Se Nicole e Bridges esto certos, a saber, que John Owen inigualvel no mundo da lngua
Inglesa, ento Jonathan Edwards no estava muito atrs, e Edwards presta respeito a Owen
no apenas citando-o substancialmente em Religious Affections (Afeies Religiosas), mas
tambm atravs de registro em seu Catlogo de leituras de recomendao de Hallyburton
aos seus alunos na Universidade de St. Andrews, que os escritos de John Owen devem
ser avaliados acima de todos os escritos humanos para uma verdadeira viso do mistrio
do evangelho9.
Uma das razes pelas quais eu permaneci ao longo destes tributos por tanto tempo que
eu quero que voc se sinta atrado no apenas a Owen, mas ao valor de ter alguns grandes
heris no ministrio. No h muitos ao nosso redor, hoje. E Deus quer que ns tenhamos
heris. Hebreus 13:7: Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de
Deus, a f dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. Parece-me que os lde-
res Cristos de hoje que mais se aproximam de serem heris so aqueles que tiveram gran-
des heris. Espero que voc tenha um ou dois, vivos ou mortos. Talvez Owen se tornar
um deles.
Uma Viso Geral Da Vida De Owen
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Muitas pessoas inclusive pastores e telogos no conhecem muito sobre John Owen.
Uma das razes que seus escritos no so populares hoje10. Mas outra razo que no
se sabe muito sobre ele, pelo menos no muito sobre sua vida pessoal. Peter Toon, em
sua biografia de 1971 diz: Nenhum dos dirios de Owen foi preservado, e ...as cartas
existentes em que ele desvela a sua alma so pouqussimas, e as reaes pessoais regis-
tradas por outros em relao a ele so breves e escassas11 [...]. Temos que confiar em
algumas cartas e poucas observaes de outros para procurar entend-lo como homem. E
estas so insuficientes para sondar as profundezas de seu carter. Assim Owen deve per-
manecer oculto, pois estava por trs de um vu... seus pensamentos secretos permanecem
propriamente seus12.
Acho que isso pode ser um pouco mal entendido, porque quando voc l as obras mais
prticas de Owen o homem brilha atravs de uma forma que eu acho que revela as profun-
dezas do seu corao. Mas ainda assim os detalhes de sua vida pessoal so frustrante-
mente poucos. Voc ver isso e compartilhar a minha frustrao no que se segue.
Owen nasceu na Inglaterra em 1616, no mesmo ano em que William Shakespeare morreu
e quatro anos antes dos peregrinos partirem para a Nova Inglaterra. Isso aconteceu
praticamente no meio do grande sculo Puritano (cerca de 1560-1660).
O Puritanismo era cordialmente um movimento espiritual, apaixonadamente preocu-
pado com Deus e a piedade. Tudo comeou na Inglaterra com William Tyndale, o
tradutor da Bblia, contemporneo de Lutero, uma gerao antes da palavra puritano
ser cunhada, e preservada at os ltimos anos do sculo XVII, algumas dcadas de-
pois de puritano ter cado fora de uso [...]. Puritanismo era essencialmente um movi-
mento para reforma da igreja, a renovao pastoral e evangelizao e reavivamento
espiritual [...]. O objetivo Puritano era completar o que reforma da Inglaterra comeara:
terminar de remodelar a adorao Anglicana, introduzir uma disciplina eclesistica
eficaz nas parquias Anglicanas, estabelecer a justia nos campos polticos, nacionais
e socioeconmicos, e converter todos os Ingleses a uma f evanglica vigorosa13.
Owen nasceu no meio deste movimento e se tornou o seu maior pastor-telogo, enquanto
o movimento terminou quase simultaneamente com a sua morte, em 168314. Seu pai era
um pastor em Stadham, cinco milhas ao norte de Oxford. Ele tinha trs irmos e uma irm.
Em todos as suas obras ele no menciona a sua me ou seus irmos. H uma breve
referncia ao seu pai, ele diz: Eu fui criado desde a minha infncia sob os cuidados de meu
pai, que era um No-conformista por todos os seus dias, e um rduo trabalhador na vinha
do Senhor15.
Aos 10 anos ele foi enviado para a escola primria dirigida por Edward Sylvester em Oxford,
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onde ele se preparou para a universidade. Ele ingressou em Queens College, Oxford aos
12, obteve o seu Bacharelado em Artes aos 16 e seu M. A. [Mestre em Artes N. R.] trs
anos depois, aos 19. Podemos obter uma prova de como era o menino a partir da obser-
vao de Peter Toon, que o zelo de Owen pelo conhecimento era to grande neste momen-
to que muitas vezes ele se permitia apenas quatro horas de sono por noite. Sua sade foi
afetada, e mais tarde na vida, quando ele esteve muitas vezes em um leito de enfermidade,
ele lamentou aquelas horas de descanso que ele perdera na juventude16.
Owen comeou seu trabalho para o B. D. [Bacharel em Divindade/Teologia N. R.] mas
no podia suportar o Arminianismo da alta igreja e o formalismo de Oxford por mais tempo
e saiu para se tornar um tutor pessoal e capelo de algumas famlias abastadas perto de
Londres.
Em 1642 a guerra Civil comeou entre o Parlamento e o Rei Charles (entre a religio da
alta igreja de William Laud e a religio Puritana dos Presbiterianos e Independentes na
Cmara dos Comuns). Owen foi simptico com o Parlamento contra o rei e Laud, e por isso
ele foi expulso de sua capelania e mudou-se para Londres, onde cinco grandes aconteci-
mentos de sua vida aconteceram nos prximos quatro anos, que marcaram o restante de
sua vida.
Cinco Eventos Que Marcaram O Restante De Sua Vida
A. Converso
O primeiro a sua converso, ou a sua certeza de salvao e aprofundamento de sua co-
munho pessoal com Deus. notvel que isso aconteceu de uma maneira quase idntica
converso de Charles Spurgeon, dois sculos depois. Em 6 de janeiro de 1850 Spurgeon
foi impulsionado, devido uma tempestade de neve, a uma capela Metodista Primitiva, onde
um leigo estava no lugar do pastor e tomou o texto de Isaas 45:22: Olhai para mim, e
sereis salvos, vs, todos os termos da terra, Spurgeon olhou e foi salvo17.
Owen foi um Calvinista convicto com grande conhecimento doutrinrio, mas faltava-lhe o
senso da realidade de sua prpria salvao. Esse senso de realidade pessoal em tudo o
que ele escreveu faria toda a diferena no mundo para Owen nos anos vindouros. Ento, o
que aconteceu em um Domingo, em 1642, muito importante.
Quando Owen tinha 26 anos, ele foi com seu primo ouvir o famoso Presbiteriano, Edmund
Calamy na Igreja de St. Mary's Aldermanbury. Mas ocorreu que Calamy no pde pregar e
um pregador do pas tomou o seu lugar. O primo de Owen queria ir embora. Mas algo
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segurou Owen em seu lugar. O simples pregador tomou como seu texto Mateus 8:26, Por
que temeis, homens de pouca f?. Esta foi uma palavra e tempo designados por Deus
para o despertar de Owen. Suas dvidas, temores e preocupaes quanto possibilidade
de que ele realmente nasceu de novo pelo Esprito Santo foram embora. Ele sentiu-se liber-
to e adotado como Filho de Deus. Quando voc l as penetrantes obras prticas de Owen
sobre a obra do Esprito e da natureza da verdadeira comunho com Deus, difcil duvidar
da realidade do que Deus fez naquele Domingo, em 164218.
B. Casamento
O segundo evento crucial naqueles primeiros anos em Londres foi o casamento de Owen
com uma jovem mulher chamada Mary Rooke. Ele foi casado com ela por 31 anos, de 1644
a 1675. Ns no sabemos praticamente nada sobre ela. Mas conhecemos um fato absolu-
tamente impressionante que deve ter colorido todo o ministrio de Owen pelo restante de
sua vida (ele morreu oito anos depois da morte dela). Ns sabemos que ela deu luz a 11
filhos, e todos, exceto um, morreram quando ainda eram crianas, e uma filha morreu quan-
do era uma jovem adulta. Em outras palavras Owen experimentou a morte de onze filhos e
de sua esposa! Ou seja, uma criana nascia e morria, em mdia, a cada trs anos da vida
adulta de Owen19.
Ns no temos uma referncia Mary ou aos filhos ou sua dor em todos os seus livros.
Mas apenas saber que o homem andou no vale da sombra da morte a maior parte de sua
vida, d-me uma pista para a profundidade do lidar com Deus que encontramos em suas
obras. Deus tem suas formas incompreensveis e dolorosas de nos fazer o tipo de pastores
e telogos que Ele quer que sejamos.
C. Primeiro Livro
O terceiro evento nestes primeiros anos em Londres a publicao de seu primeiro livro.
Ele havia lido cuidadosamente sobre a recente controvrsia na Holanda entre os Remons-
trantes (a quem ele chamou de Arminianos) e os Calvinistas. A Remonstrncia foi escrita
em 1610 e a resposta Calvinista foi o Snodo de Dort, em 1618. Apesar de todas as suas
diferenas Owen diz que a Alta Igreja Inglesa de William Laud e os Remonstrantes holan-
deses eram essencialmente um s em sua rejeio da predestinao, que para Owen havia
se tornado absolutamente crucial, especialmente desde que ele to plenamente atribua a
sua converso a Deus.
Assim, ele publicou seu primeiro livro em abril 1643 com o ttulo polmico, semelhante a
prefcio: Uma exposio do Arminianismo: sendo uma descoberta do antigo dolo Pelagia-
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no, livre-arbtrio, com a nova deusa, a contingncia, elevando-se ao trono de Deus no cu,
em detrimento de Sua graa, providncia e domnio supremo sobre os filhos dos homens.
Isto importante no s porque define sua diretriz como um Calvinista, mas como um escri-
tor pblico, polmico, cuja vida inteira seria engajada em escrever at o ltimo ms de sua
vida, em 1683.
D. Tornando-se um Pastor
O quarto evento crucial nestes anos foi Owen tornar-se um pastor de uma pequena par-
quia em Fordham, Essex, em 16 de julho de 1643. Ele no permaneceu por muito tempo
na igreja. Mas eu menciono isso porque isso define o rumo de sua vida como um pastor.
Ele sempre foi essencialmente um pastor, mesmo quando envolvido com a administrao
na Universidade de Oxford e mesmo quando envolvido com os acontecimentos polticos de
sua poca. Ele era tudo, menos um acadmico de clausura. Todos os seus escritos foram
feitos em meio a presso dos deveres pastorais. H pontos em sua vida onde isto parece
absolutamente incrvel, que ele pudesse continuar estudando e escrevendo com o tipo de
envolvimentos que ele teve.
E. Discursando ao Parlamento
O quinto evento destes primeiros anos em Londres foi o convite em 1646 para falar ao Par-
lamento. Naqueles dias, havia dias de jejum durante o ano, quando o governo solicitava
que certos pastores pregassem para a Cmara dos Comuns. Foi uma grande honra. Esta
mensagem catapultou Owen em assuntos polticos pelos prximos 14 anos.
Owen chamou a ateno de Oliver Cromwell, o lder (Protetor) governamental na ausncia
de um rei, e Cromwell tem a fama de ter dito a Owen: Senhor, voc uma pessoa com
quem eu devo estar familiarizado, ao que Owen respondeu, isso ser muito mais para
meu proveito do que seu20.
Bem, talvez sim e talvez no. Com essa familiaridade Owen foi lanado no tumulto da guer-
ra Civil. Cromwell fez dele o seu capelo e o levou para a Irlanda e para a Esccia, para
pregar s suas tropas, avaliar a situao religiosa nestes pases e para dar a justificao
teolgica para a poltica de Cromwell.
Fecundidade Em Meio Presso
O que comeou a me surpreender, enquanto eu aprendia quo grandemente pblica e ad-
ministrativa era a vida de Owen, foi como ele era capaz de continuar estudando e escre-
vendo, apesar de tudo, e em parte por causa de tudo isso.
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Em Oxford, Owen era responsvel pelos servios de adorao, porque Christ Church era
uma catedral, bem como uma faculdade, e ele era o pregador. Ele era o responsvel pela
escolha dos alunos, pela nomeao de capeles, pelo suprimento das instalaes de tuto-
rial, pela administrao da disciplina, pela fiscalizao dos bens, pela cobrana de aluguis
e dzimos, e pela doao de subsistncia e cuidados aos indigentes do hospital da igreja.
Mas todo o seu objetivo em todos os seus deveres, como diz Peter Toon, era estabelecer
toda a vida da Faculdade sobre a Palavra de Deus21.
Sua vida era simplesmente inundada pela presso. Eu no posso imaginar que tipo de vida
familiar ele tinha, e durante o tempo que seus filhos estavam morrendo (sabemos que, pelo
menos, dois filhos morreram na praga de 1655). Quando ele terminou seu mandato como
vice-chanceler, disse em seu discurso de encerramento:
Os labores tm sido inumerveis; alm de submeter-me a enorme despesa, muitas ve-
zes, quando trazido para a beira da morte em vossa considerao, eu tenho odiado
estes membros e este corpo dbil que estiveram prontos para abandonarem a minha
mente; as reprovaes da plebe foram ignoradas; a inveja dos outros tem sido superada:
nestas circunstncias eu desejo-lhes toda a prosperidade e despeo-me de vocs22.
Apesar de toda a presso administrativa e at mesmo da hostilidade por causa de seu com-
promisso com a piedade e com a causa Puritana, ele estava constantemente estudando e
escrevendo, provavelmente, tarde da noite, em vez de dormir. assim que ele preocupava-
se com a fidelidade doutrinria s Escrituras. Peter Toon lista 22 obras publicadas durante
esses anos. Por exemplo, ele publicou sua defesa da Perseverana dos Santos em 1654.
Ele viu um homem chamado John Goodwin espalhando erro sobre esta doutrina e sentiu-
se constrangido, em todas as suas outras atribuies, a responder-lhe com 666 pginas!
Isso preenche todo o volume 11 em suas Obras. E ele no estava escrevendo vaidades
que desapareceriam durante a noite. Um bigrafo disse que este livro a vindicao mais
magistral da perseverana dos santos escrita em lngua Inglesa23.
Durante esses anos administrativos ele tambm escreveu Sobre a Mortificao do Pecado
nos Crentes (1656), Sobre a Comunho com Deus (1657), Sobre a Tentao: Sua Natureza
e Poder (1658). O que mui notvel sobre esses livros que eles so o que eu chamaria
de intensamente pessoais e em muitas passagens, dulcssimos. Assim, ele no estava ape-
nas travando batalhas doutrinrias, ele estava lutando contra o pecado e a tentao. E ele
no estava apenas lutando, ele estava tentando estimular os alunos comunho sincera
com Deus.
Ele foi dispensado de suas funes da Reitoria em 1660 (tendo entregado a Vice-Chance-
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laria em 1657). Cromwell morreu em 1658. A monarquia com Charles II estava de volta. O
Ato de Uniformidade que retirou 2.000 ministros Puritanos de seus plpitos era iminente
(1662). Os dias que viriam para Owen agora no eram os grandes, polticos, acadmicos
dias dos ltimos 14 anos. Agora, ele foi de 1660 at sua morte, em 1693, uma espcie de
pastor fugitivo em Londres.
Durante esses anos, ele se tornou o que alguns tm chamado de Atlas e Patriarca da Inde-
pendncia. Ele comeou seu ministrio como um Puritano de convices Presbiterianas.
Mas ele convenceu-se de que a forma congregacional de governo mais bblica. Ele foi o
principal porta-voz desta ala da No-conformidade, e escreveu extensivamente para defen-
der o ponto de vista24.
Porm, ainda mais importante, ele foi o principal porta-voz da tolerncia de ambas as for-
mas Presbiterianas e Episcopais. Mesmo enquanto estava em Oxford, ele tinha a autori-
dade para esmagar o culto Anglicano, mas ele permitiu que um grupo de Episcopais cultu-
assem em quartos em frente aos seus aposentos25. Ele escreveu numerosos tratados e
livros para pedir tolerncia dentro da Ortodoxia. Por exemplo, em 1667, ele escreveu (em
Indulgncia e Tolerncia Consideradas):
Parece que somos uns dos primeiros que alguma vez, em qualquer lugar do mundo,
desde a fundao do mesmo, pensamos em arruinar e destruir pessoas de nossa
mesma religio, meramente devido a escolha de algumas formas peculiares de culto
nesta religio26.
Suas ideias sobre tolerncia foram to significativas que tiveram uma grande influncia so-
bre William Penn, o Quaker e fundador da Pensilvnia, que era um aluno de Owen. E sig-
nificativo para mim como um Batista, que em 1669 ele escreveu, com vrios outros pasto-
res, uma carta de preocupao para o governador e Congregacionalistas de Massachusetts
suplicando-lhes para no perseguirem os Batistas27.
Ministrio Pastoral
Durante estes 23 anos aps 1660 Owen foi um pastor. Por causa da situao poltica, ele
nem sempre foi capaz de ficar em um lugar e estar com seu povo, mas ele parecia carreg-
los em seu corao, mesmo quando ele estava se mudando. Perto do fim de sua vida, ele
escreveu ao seu rebanho: Embora eu esteja ausente de vocs no corpo, estou em mente,
afeio e esprito presente com vocs, e das vossas assembleias, porque eu espero que
vocs sero a minha coroa e alegria no dia do Senhor28.
No somente isso, ele ativamente aconselhou e fez planos para o cuidado deles em sua
ausncia. Ele aconselhou-os em uma carta com palavras que so incrivelmente relevan-
tes para esforos de cuidados pastorais em nossas igrejas hoje:
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Rogo-vos que ouam uma palavra de aconselhamento caso a perseguio aumente,
o que deve ocorrer por um tempo. Eu desejaria, pelo fato de que vocs no tm pres-
bteros regentes, e seus mestres no podem andar publicamente com segurana, que
vocs apontassem alguns dentre vs, que possam continuamente, conforme as oca-
sies admitam, ir de casa em casa e aplicarem-se peculiarmente aos fracos, aos tenta-
dos, aos temerosos, aqueles que esto prontos para desfalecer, ou a parar, e
encoraja-los no Senhor. Para esse propsito, escolha aqueles que so dotados de um
esprito de coragem e fora; e que eles saibam que so felizes aqueles que Cristo
honrar com Sua bendita obra. E eu desejo que sejam as pessoas deste nmero, os
que so homens fiis, e conheam a condio da igreja; por meio disso, vocs sabe-
ro qual o quadro dos membros da igreja, o que ser uma tima diretriz para vocs,
mesmo em suas oraes29.
Em circunstncias normais, Owen acreditava e ensinava que: O primeiro e principal dever
de um pastor alimentar o rebanho pela diligente pregao da palavra30. Ele apontou para
Jeremias 3:15 e o propsito de Deus: dar-vos-ei pastores segundo o meu corao, os quais
vos apascentaro com cincia e com inteligncia. Ele mostrou que o cuidado de pregar o
evangelho foi confiado a Pedro, e atravs dele, a todos os verdadeiros pastores da igreja
sob o nome de apascentar (Joo 21:15-16). Ele citou Atos 6 e a deciso apostlica para
libertarem-se de todas as incumbncias, para que eles pudessem se entregar inteiramente
palavra e orao. Ele se referiu a 1 Timteo 5:17 que o dever do pastor trabalhar na
palavra e na doutrina, e a Atos 20:28, onde os supervisores do rebanho devem apascenta-
los com a palavra.
Depois, ele diz: No necessrio apenas que ele pregue agora e, em seguida, em seu
descanso, mas que ele deixe de lado todas as outras ocupaes, embora lcitas, todas as
demais funes dentro da igreja, de forma que as participaes to constantes nelas os
desviem deste trabalho, para que ele se entregue quele. Sem isso, nenhum homem ser
capaz de dar uma explicao confortvel de seu ofcio pastoral no ltimo dia [31]. Eu acho
que seria justo dizer que esta a forma pela qual Owen cumpriu seu ofcio durante estes
anos, sempre que a situao poltica o permitiu.
Owen e Bunyan
No est claro para mim por que alguns Puritanos neste momento estavam na priso e ou-
tros, como Owen no estavam. Parte da explicao foi que aqueles pregavam abertamente.
Parte disso era que Owen foi uma figura nacional que possui ligaes com as classes mais
altas. Parte disso era que a perseguio no foi nacionalmente uniforme, mas alguns ofici-
ais locais foram mais rigorosos do que outros.
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Todavia, seja qual for a explicao, notvel o relacionamento que John Owen teve nestes
anos com John Bunyan, que passou muitos deles na priso. Uma histria diz que o rei
Charles II perguntou a Owen uma vez por que ele preocupava-se em ouvir um latoeiro igno-
rante como Bunyan pregar. Owen respondeu: Sua majestade, se eu possusse as habilida-
des do latoeiro para a pregao, eu ficaria feliz em renunciar a todo o meu conhecimento32.
Uma das melhores ilustraes de Deus escondendo um sorriso no rosto por trs de uma
providncia carrancuda a histria de como Owen falhou em ajudar Bunyan a sair da pri-
so. Repetidamente quando Bunyan estava na priso Owen se esforou pela sua libertao
por todas as cordas que ele pudesse puxar. Mas no adiantou. Mas quando John Bunyan
saiu em 1676, trouxe com ele um manuscrito cujo valor e importncia dificilmente podem
ser compreendidos33. Na verdade Owen encontrou-se com Bunyan e o recomendou sua
prpria editora, Nathaniel Ponder. A parceria foi bem-sucedida e o livro que, depois da
Bblia, foi o que provavelmente fez mais bem, foi lanado ao mundo, tudo porque Owen
falhou em suas boas tentativas de libertar Bunyan, e porque ele conseguiu encontrar um
editor para ele. A lio: No julgue o Senhor com dbil entendimento, mas confie nEle por
Sua graa, por trs de uma providncia carrancuda, Ele esconde um sorriso no rosto.
Morte
Owen morreu em 24 de agosto de 1683. Ele foi sepultado em 4 de setembro, em Bunhill
Fields, em Londres, onde cinco anos depois, um latoeiro e Imortal Sonhador da Priso de
Bedford seria enterrado com ele. Foi apropriado que os dois se deitassem juntos, depois
que o gigante Congregacional havia se esforado por tanto tempo na causa da tolerncia
para com os humildes Batistas na Inglaterra e na Nova Inglaterra.
Seu Pleno E Abrangente Objetivo Na Vida: Santidade
O que eu gostaria de tentar fazer agora chegar perto do corao do que fez este homem
notvel e do que o fez grande. Penso que o Senhor quer que sejamos inspirados por este
homem em alguns profundos aspectos pessoais e espirituais. Essa parece ser a maneira
como ele tocou a maioria das pessoas, como J.I. Packer e Sinclair Ferguson.
Acho que as palavras dele que mais se aproximam de mostrar-nos o corao e objetivo de
sua vida so encontradas no prefcio do pequeno livro: Sobre a Mortificao do Pecado
nos Crentes, que foi baseado em sermes que ele pregou para os alunos e comunidade
acadmica em Oxford:
Espero que eu possa reconhecer em sinceridade que o desejo do meu corao para
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Deus, e o principal desgnio da minha vida [...] so, que a mortificao e a santidade
universal sejam promovidas no meu e nos coraes e caminhos dos outros, para a
glria de Deus, de forma que assim o Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo possa ser adornado em todas as coisas34.
Isso foi em 1656. Owen tinha 40 anos. Vinte e cinco anos depois, ele ainda estava tocando
a mesma nota por meio de suas pregaes e escritos. Em 1681 ele publicou A Graa e o
Dever de Pensar Espiritualmente, Sinclair Ferguson est provavelmente certo quando diz:
Tudo o que ele escreveu para seus contemporneos tm um objetivo prtico e pastoral em
vista: a promoo da verdadeira vida Crist35, em outras palavras, a mortificao do
pecado e progresso da santidade.
Este era o seu fardo, no somente em relao s igrejas, mas tambm Universidade,
quando ele estava ali. Peter Toon diz: A nfase especial de Owen era insistir que todo o
currculo escolar fosse submergido em pregao, catequese e orao. Ele queria que os
graduados de Oxford no apenas fossem proficientes em Artes e Cincias, mas tambm
anelassem por piedade36.
Mesmo em suas mensagens polticas os sermes ao Parlamento o tema era repetida-
mente a santidade. Ele baseou isso no padro do Antigo Testamento, que o povo de Israel
esteve no auge de suas riquezas, quando os seus lderes eram piedosos37. Ento, a
questo-chave para ele era que a legislatura fosse composta de pessoas santas.
Ele preocupava-se que a propagao do evangelho e o ser adornado com santidade no
fosse apenas uma obrigao para sua terra natal Inglesa. Quando ele voltou para a Irlanda
em 1650, onde ele havia visto as foras Inglesas, sob Cromwell, dizimarem a Irlanda, ele
pregou no Parlamento e clamou por um outro tipo de guerra:
Como que Jesus Cristo na Irlanda apenas como um leo que mancha Suas vestes
com o sangue de seus inimigos; e ningum o apreende como um Cordeiro aspergido
com seu prprio sangue por Seus amigos [...] isso lidar justamente com o Senhor
Jesus? Convoc-lO para a batalha e depois afastar a Sua coroa? Deus tem sido fiel
em fazer grandes coisas por vocs; sejam fiis nesta nica coisa: faam o seu mximo
pela pregao do Evangelho na Irlanda38.
A partir de seus escritos e do testemunho de outros, parece justo dizer que o objetivo da
santidade pessoal em toda a vida, e a mortificao de todo pecado conhecido, foi o trabalho
no somente de seus ensinamentos, mas de sua prpria vida pessoal.
David Clarkson, seu associado pastoral nos anos finais do ministrio de Owen, dirigiu o seu
funeral. Nele, ele disse:
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Uma grande luz se apagou; algum eminente por causa de sua santidade, conheci-
mento, talentos e habilidades; um pastor, um erudito, um santo de primeira grandeza;
a santidade concedeu um brilho Divino s suas outras realizaes, ela brilhou em todo
o seu curso, e foi difundida atravs de toda a sua conversao39.
John Stoughton disse que Sua piedade se igualou sua erudio40. Thomas Chalmers
da Esccia comentou em Sobre a Natureza, Poder, Engano e Prevalncia de Pecado Inte-
rior nos Crentes, muitssimo importante ser instrudo sobre este assunto por algum que
alcanou tais elevadas realizaes em santidade, e cujo conhecimento profundo e experi-
mental com a vida espiritual to bem o capacite a expor a sua natureza e operaes41.
Por que Deveramos Ouvir a John Owen
A razo pela qual esta questo to urgente para ns hoje no apenas que h uma santi-
dade, sem a qual no veremos o Senhor (Hebreus 12:14), mas por que parece haver uma
escassez de lderes polticos e eclesisticos hoje que faam da busca por santidade algo
to central como a busca pelo crescimento da igreja ou do sucesso poltico. O Presidente
dos Estados Unidos comunicou claramente que ele no cria que sua santidade pessoal
fosse um fator significativo em sua liderana desta nao. A forma arrogante como muitos
lderes eclesisticos tratam o decoro sexual um eco da mesma doena. John Owen teria
ficado chocado tanto com o cenrio nacional quanto com o eclesistico.
John Owen um bom conselheiro e modelo para ns neste assunto de santidade porque
ele no era um eremita. Muitas vezes pensamos que algumas pessoas buscam a obtm o
luxo monstico justamente por ficarem fora da confuso da vida pblica e se tornarem
pessoas santas. No era assim com os Puritanos da poca de Owen. J.I. Packer disse que
o Puritanismo foi um monasticismo reformado, fora do claustro e longe dos votos mons-
ticos42. Isto especialmente verdadeiro sobre Owen.
Seu contemporneo, Richard Baxter, chamou Owen o grande executor43. Ele viveu uma
vida pblica. Ele estava envolvido na administrao acadmica; ele estava mergulhado na
poltica; ele estava envolvido com os lderes militares do pas; ele estava envolvido em
controvrsias sobre todos os tipos de assuntos, desde a autenticidade dos pontos vogais
Hebraicos e a Epstola de Incio, at s leis nacionais de tolerncia e a natureza da justifica-
o; ele foi procurado por milhares de ministros congregacionais independentes para ser o
porta-voz deles a nvel nacional; ele estava o tempo todo pastoreando pessoas, e no se
esquea, perdia um filho para a morte, de trs em trs anos.
E todos ns sabemos que uma vida como esta cheia de crtica que pode quebrantar o
esprito e fazer a busca pela santidade pessoal duplamente difcil. Quando seus adversrios
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no podiam super-lo em sua argumentao, eles recorriam ao ataque de seu carter. Ele
foi chamado de o grande sino do tempo de perturbao e sedio... uma pessoa que teria
disputado com o prprio Maom tanto pela ousadia quanto pela impostura... uma vbora,
to inchada com veneno que deveria ou explodir ou cuspir seu veneno44.
E ainda mais doloroso e desanimador a crtica de amigos. Certa vez, ele recebeu uma
carta de John Eliot, o missionrio para os ndios na Amrica, que o feriu mais profundamen-
te, disse ele, do que qualquer um de seus adversrios.
O que eu recebi de voc... marcou mais profundamente, e deixou a maior impresso
sobre minha mente, do que todos os ultrajes virulentos e falsas acusaes que encon-
trei da parte de meus adversrios abertos [...]. Que eu deveria agora ser tido como
algum que feriu a santificao nas igrejas, uma das mais tristes carrancas nas
frontes nubladas da Divina providncia45.
Adicione a isso os encargos dirios de viver em um mundo pr-tecnolgico, sem as conve-
nincias modernas, e passando por duas grandes pragas, uma das quais, em 1665, matou
70 mil das 500 mil pessoas que viviam em Londres46, adicione os 20 anos vivendo fora da
proteo da lei ento saberemos que a santidade de John Owen no foi exercitada no
conforto da paz, do lazer ou da segurana. Quando um homem como este, nestas
circunstncias lembrado e exaltado por sculos por causa de sua santidade pessoal,
devemos ouvir.
Como Ele Buscou Por Santidade?
1 - Owen humilhou-se sob a poderosa mo de Deus.
Embora ele fosse um dos homens mais influentes e conhecidos de seu tempo, a sua viso
de seu prprio lugar na economia de Deus era sbria e humilde. Dois dias antes de morrer,
ele escreveu em uma carta a Charles Fleetwood: Eu estou deixando o navio da Igreja em
uma tempestade, mas enquanto o grande Piloto est nele a perda de um pobre remador
ser desprezvel47.
Packer diz que Owen, embora fosse um homem orgulhoso por natureza, foi quebrantado
na e pela sua converso, e, posteriormente, ele se manteve rebaixado pela contemplao
de sua recorrente pecaminosidade inata48. Isto foi o que Owen escreveu ilustra isso:
Manter nossas almas em constante estado de luto e auto-humilhao a parte mais
necessria de nossa sabedoria... e isso est to longe de ter alguma incompatibilidade
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com aquelas consolaes e alegrias, que o evangelho prope a ns como crentes,
antes esta nica maneira de permiti-las na alma de uma forma devida49.
No que diz respeito sua imensa erudio e o tremendo discernimento que ele tinha para
as coisas de Deus, ele pareceu ter uma atitude muito humilde para com os seus feitos, por-
que ele tinha subido o suficiente para ver sobre o primeiro cume da revelao dos mistrios
infinitos de Deus.
No tenho a pretenso de procurar a fundo ou nas profundidades de qualquer parte
deste grande mistrio da piedade, Deus manifestado em carne. Eles so completa-
mente insondveis, at o limite das mentes mais iluminadas, nesta vida. O que com-
preenderemos mais sobre eles no outro mundo, s Deus sabe50.
Esta humildade abriu a alma de Owen para maiores vises de Cristo nas Escrituras. E ele
acreditava de todo o corao na verdade de 2 Corntios 3:18, que ao contemplar a glria
de Cristo somos transformados de glria em glria na mesma imagem51. E isso no
nada mais do que santidade.
2 - Owen cresceu no conhecimento de Deus, obedecendo o que ele j conhecia.
Em outras palavras Owen reconheceu que a santidade no era meramente o objetivo de
toda a verdadeira aprendizagem; ela tambm o meio do mais verdadeiro aprendizado. O
conhecimento elevava a santidade ainda mais em sua vida: a santidade era o objetivo de
sua vida e, em grande medida, o conhecimento era o meio de chegar a ela.
As verdadeiras noes das santas verdades evanglicas no vivero, pelo menos no
florescero, onde elas esto separadas de uma santa conversao (= vida). Assim co-
mo ns aprendemos tudo para praticar [!!!], assim ns aprendemos muito pela prti-
ca... e somente aqui podemos chegar segurana de que o que sabemos e aprende-
mos de fato a verdade [cf. Joo 7:17] [...]. E nisto eles sero levados continuamente
a nveis mais profundos do conhecimento. Pois a mente do homem capaz de receber
suprimentos contnuos no aumento da luz e conhecimento... se... eles so melhorados
at seu fim prprio em obedincia a Deus. Mas sem isso a mente rapidamente se en-
cher com noes, de modo que nenhum crrego pode descer nela, a partir da fonte
da verdade52.
Assim, Owen manteve os crregos da fonte da verdade abertos, por fazer da obedincia
pessoal o efeito de tudo o que ele aprendia, e os meios para mais.
3 - Owen apaixonadamente buscou uma comunho pessoal com Deus.
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incrvel que Owen foi capaz de continuar a escrever livros e panfletos edificantes e densos
sob as presses de sua vida. A chave era a sua comunho pessoal com Deus. Andrew
Thomson, um de seus bigrafos, escreveu:
interessante encontrar a ampla evidncia que [a sua obra sobre Mortificao] pro-
porciona, isso em meio ao rudo da controvrsia teolgica, as atividades desgastantes
e desconcertantes de uma posio pblica elevada, e os desanimadores abatimentos
de uma universidade, no entanto, ele ainda vive perto de Deus e, como Jac em meio
s pedras do deserto, mantendo comunho secreta com o eterno e invisvel53.
Packer diz que os Puritanos diferem dos evanglicos hoje porque com eles:
[...] A comunho com Deus era uma coisa grandiosa, para os evanglicos de hoje
uma coisa relativamente pequena. Os Puritanos estavam preocupados com a comu-
nho com Deus de uma forma que ns no estamos. A medida da nossa despreocu-
pao o pouco que falamos sobre isso. Quando os Cristos se encontram, eles con-
versam entre si, sobre a sua obra Crist e interesses Cristos, seus conhecidos Cris-
tos, o estado das igrejas, e os problemas da teologia, mas raramente sobre a sua
experincia diria com Deus54.
Mas Deus estava cuidando para que Owen e os sofredores Puritanos de sua poca vives-
sem mais perto dEle e procurassem pela comunho com Deus mais intensamente do que
ns. Escrevendo uma carta durante uma enfermidade, em 1674, ele disse a um amigo:
Cristo o nosso melhor amigo, e dentro em breve ser o nosso nico amigo. Oro a Deus
de todo o meu corao para que eu possa estar cansado de todo o mais, mas converse e
tenha comunho com Ele55. Deus estava usando a doena e todas as outras presses da
vida de Owen para lev-lo a comunho com Deus e no para longe dela.
Mas Owen tambm era muito intencional sobre a sua comunho com Deus. Ele disse: A
amizade mais conservada e mantida por visitas, e estas, mais livres e menos ocasionadas
por negcios urgentes56 [...]. Em outras palavras, em meio a todos os seus labores acad-
micos, polticos e eclesisticos, ele fez muitas visitas ao seu Amigo, Jesus Cristo.
E quando ele ia, ele no apenas ia com peties de coisas ou mesmo por libertao em su-
as muitas dificuldades. Ele ia ver seu glorioso Amigo e contemplar a Sua grandeza. O ltimo
livro que escreveu, e que ele o estava finalizando quando morreu chamado de Meditaes
sobre a Glria de Cristo. Isso diz muito sobre o foco e os xitos da vida de Owen. Neste
livro ele disse:
A revelao... de Cristo... merece os mais srios de nossos pensamentos, o melhor
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de nossas meditaes e nossa maior diligncia neles [...]. Que melhor preparao po-
de haver para [nosso futuro gozo da glria de Cristo] do que uma contemplao ante-
rior constante dessa glria, na revelao que feita no Evangelho57.
A contemplao que Owen tem em mente composta de pelo menos duas coisas: por um
lado, h o que ele chamou de seus pensamentos mais srios e melhores meditaes ou
em outro lugar meditaes assduas, e, por outro lado havia a orao incessante. Os dois
so ilustrados em sua obra sobre Hebreus.
Um de seus maiores empreendimentos foi o seu comentrio de sete volumes sobre He-
breus. Quando ele o finalizou, perto do fim de sua vida, ele disse: Agora meu trabalho est
feito, hora de eu morrer58. Como ele o fez? Temos um vislumbre a partir do prefcio:
Agora devo dizer, que, aps toda a minha pesquisa e leitura, orao e meditao ass-
duas tm sido o meu nico recurso, e de longe o meio mais til de luz e assistncia.
Por estes os meus pensamentos foram libertados de muitos emaranhados59.
Seu objetivo em tudo o que ele fazia era entender a mente de Cristo e refleti-la em seu
comportamento. Isto significa que a busca da santidade sempre esteve ligada a uma busca
do conhecimento verdadeiro de Deus. por isso que a orao, e o estudo, e a meditao
sempre andavam juntos.
Eu suponho... isto pode ser fixado como um princpio comum do Cristianismo; a saber,
que a orao constante e fervorosa pela assistncia Divina do Esprito Santo, um tal
meio indispensvel para alcanar... o conhecimento da mente de Deus, na Escritura,
de modo que sem isso, todos os outros no [traro benefcio]60.
Owen nos d um vislumbre da luta que todos ns temos a este respeito, antes que algum
pense que ele estava acima da batalha. Ele escreveu a John Eliot, na Nova Inglaterra,
Eu reconheo diante de voc que tenho um esprito seco e estril, e eu sinceramente
peo suas oraes para que o Santo Ser, apesar de todas as minhas provocaes
pecaminosas, me guie do alto61.
Em outras palavras, as oraes de outros eram essenciais, no apenas as suas prprias.
A principal fonte de tudo o que Owen pregou e escreveu foi esta: meditao assdua na
Escritura e orao. O que nos leva ao quarto caminho pelo qual Owen alcanou tal santida-
de em sua vida imensamente ocupada e produtiva.
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4 - Owen era autntico em recomendar em pblico apenas o que ele havia experimen-
tado em privado.
Um grande obstculo santidade no ministrio da palavra que estamos propensos a pre-
gar e escrever sem nos esforarmos para tornar reais, as coisas que dizemos s nossas
prprias almas. Ao longo dos anos as palavras comeam a vir facilmente, e descobrimos
que podemos falar de mistrios sem permanecermos em reverncia; podemos falar de pu-
reza sem nos sentirmos puros; podemos falar de zelo sem paixo espiritual; podemos falar
sobre a santidade de Deus, sem tremor; podemos falar sobre o pecado sem tristeza; pode-
mos falar sobre o cu, sem ansiedade. E o resultado disso um terrvel endurecimento da
vida espiritual.
Palavras vinham fcil a Owen, mas ele se ops a esta terrvel doena da inautenticidade e
garantiu o seu crescimento em santidade. Ele comeou com a premissa: Nossa felicidade
no consiste em conhecer as coisas do evangelho, mas em pratic-las62. Fazer, no a-
penas conhecer, era o objetivo de todos os seus estudos.
Como um meio para esse fazer autntico, ele se esforou para experimentar cada verdade
que ele pregava. Ele disse:
Eu me mantenho no dever de conscincia e na honra, de nem sequer imaginar que
eu alcancei um bom conhecimento de qualquer artigo da verdade, muito menos para
public-lo, a no ser que atravs do Esprito Santo, eu tenha como que provado desta
verdade, em seu sentido espiritual, para que eu possa, de corao, ser capaz de dizer
com o salmista: Cri, por isso falei [Salmos 116:10]63.
Assim, por exemplo, sua Exposio do Salmo 130 (320 pginas sobre oito versos) o des-
velar no somente do Salmo, mas de seu prprio corao. Andrew Thomson diz,
Quando Owen... expunha o livro de Deus, ele desvelava ao mesmo tempo o livro de
seu prprio corao e de sua prpria histria, e produzia um livro que... rico em pen-
samentos dourados, e marcado pela viva experincia de quem falou o que conhecia,
e testemunhou do que ele tinha visto64.
O mesmo bigrafo disse sobre Owen, em A Graa e Dever de Pensar Espiritualmente
(1681) que ele primeiro o pregou ao seu corao, e depois a uma congregao particular,
e que nos revela as eminncias quase intocadas e inexploradas sobre Owen, que cami-
nhava nos ltimos anos de sua peregrinao65.
Esta era a convico que controlava Owen:
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Um homem s prega bem um sermo aos outros, se ele o pregou antes sua prpria
alma. E aquele que no se alimenta e prospera na digesto do alimento que ele forne-
ce aos outros, escassamente o far saboroso para eles; sim, ele no sabe, mas a co-
mida que ele tem fornecido pode ser veneno, a menos que ele realmente prove da
mesma. Se a palavra no habitar com poder em ns, no sair de ns com poder66.
Foi esta convico que sustentou Owen em sua vida pblica imensamente ocupada com
controvrsia e conflito. Sempre que ele se comprometeu a defender a verdade, ele procu-
rou em primeiro lugar aplicar profundamente esta verdade ao seu corao e obter uma real
experincia espiritual da mesma, de modo que no houvesse artificialidade no debate e
nenhum mero posicionamento ou manipulao. Ele se firmou na batalha, porque ele veio a
experimentar a verdade ao nvel pessoal dos frutos da santidade e sabia que Deus estava
nela. Aqui est a maneira como ele colocou isso no Prefcio de O Mistrio do Evangelho
Vindicado (1655):
Quando o corao , de fato, lanado no molde da doutrina que a mente abraa, quan-
do a evidncia e a necessidade da verdade permanecem em ns, quando o sentido
das palavras no est apenas em nossas cabeas, mas o sentido da questo habita
em nossos coraes, quando temos comunho com Deus na doutrina que defende-
mos, ento seremos supridos pela graa de Deus contra todos os assaltos dos ho-
mens67.
Essa, eu penso, foi a chave para a vida e o ministrio de Owen, to conhecidos pela santi-
dade: quando temos comunho com Deus na doutrina que defendemos, ento seremos
supridos pela graa de Deus contra todos os assaltos dos homens.
A ltima coisa que Owen estava fazendo no fim de sua vida era estar comunho com Cristo,
em uma obra que foi mais tarde publicada sob o ttulo Meditaes sobre a Glria de Cristo.
Seu amigo William Payne estava ajudando a editar a obra. Perto do fim, Owen disse: Oh,
irmo Payne, o to desejado dia chegado por fim, no qual eu verei a glria de outra manei-
ra, alm do que eu j vi ou fui capaz de ver neste mundo68.
Mas Owen viu mais glria do que a maioria de ns v, e por isso que ele foi conhecido
por sua santidade, porque Paulo nos ensinou claramente e Owen cria que todos ns, com
rosto descoberto, refletindo como um espelho a glria do Senhor, somos transformados de
glria em glria na mesma imagem, como pelo Esprito do Senhor (2 Corntios 3:18).
Lio Extrada da Vida de Owen
A principal lio que eu tiro deste estudo sobre a vida e pensamento de Owen que em
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todos os nossos empreendimentos e projetos a meta principal para a Sua glria deve ser
santidade ao Senhor. O meio indispensvel desta santidade o cultivo de comunho pes-
soal autntica e profunda com Deus. O pleno significado disto deixo para que ele ensine
voc, enquanto voc l as suas obras69.
Notas:
[1] Neste artigo todas as referncias s obras de John Owen sero extradas das Obras de
John Owen, ed. William Goold, 23 volumes (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1965, esta
edio foi originalmente publicada em 1850-1853). Os ltimos sete volumes so a
exposio da Epstola aos Hebreus. O numeral romano se referir ao volume desta coleo,
e o nmero arbico pgina.
[2] J.I. Packer. Uma Busca Por Piedade: A Viso Puritana da Vida Crist (Wheaton:
Crossway Books, 1990), p. 11.
[3] Uma Busca Pela Piedade, p. 81.
[4] Uma Busca Pela Piedade. p. 12. A histria contada mais detalhadamente em John
Owen, o Pecado e a Tentao, abreviado e editado por James M. Houston (Portland:
Multnomah Press, 1983), Introduo, pp 25-26..
[5] Uma Busca Pela Piedade, p. 147.
[6] Sinclair B. Ferguson. John Owen Sobre a Vida Crist (Edinburgh: Banner of Truth, 1987),
pp. 10-11.
[7] Peter Toon. Estadista de Deus: A Vida e Obra de John Owen, (Exeter, Devon:
Paternoster Press, 1971), p. 173.
[8] Charles Bridge. O Ministrio Cristo, (Edinburgh: The Banner of Truth, 1967, publicado
originalmente em 1830), p. 41.
[9] Jonathan Edwards, Afeies Religiosas, ed. por John E. Smith (New Haven: Yale
University Press, 1959), p. 69 As citaes de Owen em Edwards esto nas pp. 250f, 372f.
[10] The Banner of Truth tem causado um pequeno renascimento do interesse pela
publicao de suas obras completas, em 23 volumes (7 delas so o enorme Comentrio de
Hebreus) mais uma ou duas brochuras.
[11] Estadista de Deus. p. 7.
[12] Estadista de Deus. p. 177.
[13] Uma Busca Pela Piedade. p. 28.
[14] J.I. Packer diz que o Puritanismo desenvolveu-se sob Elizabeth, James e Charles, e
floresceu no intervalo entre estes reinados [de 1640 e 1650], antes que murchasse no tnel
escuro da perseguio entre 1660 (Restaurao) e 1689 (Tolerncia). Uma Busca pela
Piedade. pp. 28f.
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[15] Obras, XII, p. 224.
[16] Estadista de Deus. p. 6.
[17] Charles Spurgeon. C.H. Spurgeon: Autobiografia, vol. I, (Edinburgh: The Banner of
Truth Trust: 1962), p. 87.
[18] Estadista de Deus. p. 12f.
[19] Andrew Thomson escreveu: Quase toda a informao que chegou a ns em relao
a esta unio [com Mary], a partir de biografias anteriores equivale a isso: que a senhora
deu luz a onze filhos, todos os quais, exceto uma filha, morreram no incio da infncia.
Esta nica filha se tornou a esposa de um cavalheiro gals, mas a unio se mostrando
infeliz, ela voltou para a sua parentela e para a casa de seu pai, e logo depois morreu de
tuberculose. Obras I, 33. Quando ela morreu, em 1676 Owen permanecia vivo h cerca
de 18 meses e se casou com Dorothy D'Oyley. Sua aflio era muito grande em relao
aos seus filhos, nenhum dos quais ele fruiu muito enquanto vivos, e viu todos eles saindo
do palco antes dele. Obras I, p. 95.
[20] A Enciclopdia Religiosa. ed. por Philip Schaff, (The Christian Literature Co, 1888) 3
vols. vol. 3, p. 1711.
[21] Estadista de Deus. p. 54.
[22] Estadista de Deus. p. 77F.
[23] Obras. I, p. 57.
[24] Um discurso a respeito do Amor Evanglico, Paz e Unidade na Igreja (1672); Uma
Investigao sobre a Natureza Original e Comunho de Igrejas Evanglicas (1681); e o
texto clssico, Verdadeira Natureza de uma Igreja Evanglica (1689, postumamente)
[25] Obras. I, p. 51.
[26] Estadista de Deus. p. 132.
[27] Estadista de Deus. p. 162 Veja a carta em Peter Toon, ed. A Correspondncia de John
Owen (1616-1683), (Cambridge: James Clarke and Co. Ltd., 1970), pp 145-146.
[28] Estadista de Deus. p. 157.
[29] A Correspondncia de John Owen. p. 171.
[30] Obras. XVI, 74.
[31] Obras. XVI, 74-75.
[32] Estadista de Deus. p. 162.
[33] Estadista de Deus. p. 161.
[34] Estadista de Deus. p. 55.
[35] John Owen sobre a Vida Crist. p. 11. Grifo do autor. Veja abaixo a nota 52.
[36] Estadista de Deus. p. 78.
[37] Estadista de Deus. p. 120.
[38] Estadista de Deus. p. 41.
[39] Estadista de Deus. p. 173.
[40] A Enciclopdia Religiosa. vol. 2, p. 1712.
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[41] Obras, I, p. 84.
[42] Uma Busca Pela Piedade. p. 28.
[43] Estadista de Deus. p. 95.
[44] Obras. I, p. 89.
[45] A Correspondncia de John Owen. p. 154.
[46] Estadista de Deus. p. 131.
[47] A Correspondncia de John Owen. p. 174.
[48] Uma Busca Pela Piedade. p. 193.
[49] Obras. VII, p. 532.
[50] Obras. I, p. 44; cf. VI, pp. 64, 68.
[51] Estadista de Deus. p. 175; Works, I, p. 275.
[52] Obras. I, p. 64-65.
[53] Obras. I, p. 64-65.
[54] Uma Busca Pela Piedade. p. 215.
[55] Estadista de Deus. p. 153.
[56] Obras. VII, 197f.
[57] Obras. I, p. 275.
[58] Estadista de Deus. p. 168.
[59] Obras. I, p. 85.
[60] Obras. IV, p. 203.
[61] Toon, ed., A Correspondncia de John Owen. p. 154.
[62] Obras. XIV, p. 311.
[63] Obras. X, p. 488.
[64] Obras. I, p. 84.
[65] Obras. I, p. 99-c.
[66] Obras. XVI, p. 76. Veja tambm sobre a Justificao, p. 76.
[67] Obras. I, pp. 63-64.
[68] Estadista de Deus. p. 171.
[69] Como recomendao para uma leitura inicial de Owen, eu gostaria de sugerir a
seguinte lista, sob o fundamento de serem especialmente influentes doutrinariamente ou
especialmente inspiradores praticamente.
Doutr