Contexto Digital Um olhar sobre a nova...
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Universidade Tuiuti do Paran
Contexto Digital
Um olhar sobre a nova comunicao
Florianpolis, julho 2008
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Universidade Tuiuti do Paran
Jacqueline Iensen
Contexto Digital
Um olhar sobre a nova comunicao
Trabalho apresentado ao Curso de
Especializao latu sensu Estratgias da
Comunicao da Universidade Tuiuti do
Paran como parte dos requisitos para a
obteno do ttulo de especialista sob a
orientao do Prof. Dr. Marco Maschio Chaga
Florianpolis, julho 2008
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TERMO DE ISENO DE RESPONSABILIDADE
Declaro para os devidos fins que assumo total responsabilidade pelo material aqui
apresentado isentando a Universidade Tuiuti do Paran, Coordenao do Curso de
Especializao em estratgias da Comunicao e ao Orientador de toda e qualquer
responsabilidade acerca do aporte terico empregado no mesmo.
Florianpolis, julho de 2008.
Jacqueline Iensen
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RESUMO
Este projeto nasceu a partir da observao e da reflexo sobre o impacto que a
chamada nova comunicao vem provocando na sociedade. Por nova comunicao se
entende como as infinitas possibilidades que surgiram no final do sculo 20 e incio do
sculo 21 para a troca, compartilhamento, envio e recebimento de informaes
facilitadas pela tecnologia - suporte para o trfego de dados em blogs, sites de
relacionamento, listas de discusso, sites com noticirio especializado ou geral, redes
sociais, comunicadores instantneos.
Ao descobrir-se como fonte, o usurio da web, at ento habituado a somente
consumir notcias por meio dos veculos da mdia tradicional, ficou perdido na onda
informativa gerada pela internet onde no possvel determinar veracidade, origem,
interesses e nvel de confiabilidade.
Frente a este cenrio, o projeto prope um estudo sobre esta nova
comunicao e suas conseqncias polticas, econmicas, pessoais e culturais,
abordando, sobretudo, os impactos no comportamento da mdia tradicional.
PALAVRAS-CHAVE Internet, avalanche informativa e web 2.0
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Sumrio 1. INTRODUO 1.1 Delimitao do tema
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
1.2.2 Objetivos Especficos
1.3 Relevncia e Justificativa
1.4 Metodologia da Pesquisa
1.5 Organizao dos Captulos
2. FUNDAMENTAO TERICA 2.1 O passado recente da comunicao social
2.3 O papel das novas tecnologias na comunicao social
3. A INTERNET E A AVALANCHE INFORMATIVA 3.1 Web 2.0
3. 2 Credibilidade, fonte e autoria
3.3 Impacto da web 2.0 na mdia tradicional
4. UM ESTRATGIA PARA COMPREEENDER A WEB 2.0 5. CONSIDERAES FINAIS 6 . REFERNCIAS
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1. INTRODUO
A comunicao social vive um perodo de profundas mudanas. O acesso
informao a partir da convergncia de tecnologias como, por exemplo, o computador
e o telefone, criaram novos ambientes para a troca de informaes, alterando
radicalmente sua estrutura tradicional.
No modelo de comunicao desenhado em 1947 pelo matemtico Claude
Shanon e pelo engenheiro-eletricista Warren Weaver a comunicao era vertical
regida pelo emissor que, alm de ter o poder de enviar a mensagem, escolhia o cdigo
e o meio de repass-la. Ao receptor cabia apenas o papel de dar um feedback, um
retorno ao emissor para que o processo de comunicao fosse considerado completo.
O modelo dos estudiosos no implicava em ouvir e responder aos interesses do
receptor.
Hoje, a convergncia de tecnologias criou uma sociedade baseada na
informao. Aquele consumidor passivo de notcias tem oportunidade de tornar-se
uma fonte produtora de dados. O cidado no est mais merc de uma grande rede
de comunicao para receber informaes e que, por meio de mensagens
subliminares, acaba passando valores, conceitos ideolgicos e apelos de consumo.
Ao se ver como fonte, o cidado consome, produz, repassa e faz circular
informaes s que agora dentro de uma comunidade sem limites geogrficos,
culturais ou acadmicos. O que vale a associao de interesses que promove a troca
de conhecimentos.
Mas assim como a unio de tecnologias de certa forma liberta o cidado da
comunicao monopolista ela cria uma avalanche informativa. Ao mesmo tempo em
que permite a circulao livre da de informaes, que normalmente no entraria nos
noticirios das grandes redes, este aparente excesso de informaes tambm gera
confuso e perplexidade na sociedade.
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1.1 Problema
A internet mudou radicalmente a estrutura de comunicao da sociedade.
Primeiro foi o modo de produo de notcias. Qualquer cidado que tem acesso web
pode escrever e publicar o que considera interessante e compartilhar com outros
usurios da rede. Hoje h troca de informao, de sabedoria, de conhecimento.
Mas a facilidade na circulao de mensagens acabou por gerar um excesso de
informao, onde praticamente impossvel qualquer forma de controle sobre o que
veiculado. A conseqncia direta a confiabilidade da informao.
Importante ressaltar que esta crise de confiabilidade tambm atinge a
imprensa tradicional. O que antes era tido como verdade incontestvel, afinal estava
no jornal, comeou a ser questionado por vias paralelas. No caso da mdia tradicional,
esta crise de credibilidade foi alimentada, principalmente, pelos blogs. Exemplo disso
o que vem acontecendo no Rio Grande do Sul com a crise no governo de Yeda
Crucius. Enquanto o Jornal Zero Hora, publicao de maior circulao do Estado com
uma tiragem diria de 150 mil exemplares, publica informaes oriundas as assessoria
de imprensa do governo o blog rsurgente, assinado pelo jornalista Marco Weissheimer,
mostra um lado da administrao estadual expondo udios, filmes, fotos e outros
documentos que contrapem as informaes que esto na mdia tradicional. Um dos
fatos recentes que vale registro aqui foi um protesto feito por integrantes do Movimento
Sem-Terra, na Praa da Matriz em frente ao Palcio Piratini, sede do governo. O jornal
ZH e outras mdias pertencentes ao grupo RBS mostraram os integrantes do
movimento como simples baderneiros minimizando o ato. No blog rsurgente, o farto
material formado udio, vdeo e texto mostrou uma sucesso de agresses do
Batalho de choque da Brigada Militar contra os manifestantes. Um dos filmes
inclusive mostrava um grupo de mulheres que estava parado e que, sem dar nenhum
passo frente - O que indicaria uma posio de confronto foi espancado. No jornal
Zero Hora tambm no foi mencionado que 10 pessoas ficaram feridas. Tampouco
foram estampadas as fotos que mostravam algumas pessoas machucadas. Em outros
blogs de assessores do governo outras verses eram publicadas. Da oposio vinham
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informaes exageradas sem nenhuma preocupao com a credibilidade dos seus
leitores. Este apenas um exemplo, mas todos os dias centenas de verses sobre um
mesmo fato circulam pela rede.
Ento como a sociedade est reagindo frente avalanche informativa? Que
mudanas so observadas no comportamento do cidado e de forma ela influencia e
provoca mudanas na mdia tradicional?
1. 2 Objetivo geral
Estudar a nova comunicao e suas conseqncias polticas, econmicas, pessoais e culturais e na mdia tradicional.
1.2. 1 Objetivos especficos
Compreender a avalanche informativa e o como a sociedade reage diante do excesso de informao.
Identificar as mudanas de comportamento do cidado frente s novas mdias e analisar a forma como a mdia tradicional est reagindo.
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1.3 RELEVNCIA E JUSTIFICATIVA
A internet provocou uma avalanche informativa que est gerando uma grande
perplexidade e confuso entre os produtores e consumidores de informao. O que
antes era um exclusividade da imprensa, passou a ser de domnio pblico. Todos
podem informar, opinar, dividir seus interesses com grupos, independente da
localizao geogrfica ou formao acadmica. No h mais barreiras para a troca de
informao. O que vale o conhecimento acerca de determinado assunto. As pessoas
se descobriram como fontes e no mais apenas como passivos receptores da
informao, conforme o modelo desenhado em 1947 pelo matemtico Claude Shanon
e pelo engenheiro-eletricista Warren Weaver.
Ao descobrir que tinha voz e vez o consumidor da informao passou a
questionar algumas formas de comunicao que antes eram digeridas sem crtica.
A informao deixou de ser vertical e passou a ser horizontal permitindo a
troca de dados entre os grupos sem passar pelo aval de um veculo tradicional de
comunicao (rdio, tv, jornal impresso).
Dentro deste novo cenrio social que se desenha e re-desenha a todo o
momento as estratgias de comunicao deixaram de ser estticas. Todas as
estratgias empresariais e os modelos de negcios esto sendo revistos para garantir
a sobrevivncia da empresa e do produto. E tudo puxado pela web. A internet
praticamente obriga qualquer cidado a estar conectado no apenas com a sua rea
de trabalho, mas com todos os mecanismos que esto em torno dela.
A forma tradicional de comunicao que antes era voltada para atender a um
grande nmero de pessoas com uma nica ao passou a ser questionada, ou melhor,
no d mais os resultados esperados. Esta segmentao de pessoas e conseqentes
mercados, provocada pelas novas tecnologias, exigem um novo atento olhar de todas
as pessoas envolvidas no processo de comunicao.
O fim da centralizao da informao est deixando os tomadores de deciso
desnorteados. O que antes era visto como certeza, pois havia experimentos indicando
resultados no pode mais ser usados. Os modelos de comunicao, de negcios, de
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propaganda, de abordagem de um consumidor, de troca de informaes no podem
mais ser aplicados como frmula. Dentre as mudanas que a web provocou na
sociedade est o fim do monoplio da fala. Todas as informaes so questionadas,
independente de sua origem. H uma dcada o que circulava na imprensa tradicional
era visto como verdade absoluta e inquestionvel.
Este estudo justifica-se na medida em que pretende registrar um perodo da
histria de comunicao social onde ainda no h muitas definies de futuro, onde as
mdias alternativas, apesar de estarem ainda dando seus primeiros passos, j
provocam uma crise de credibilidade nos veculos tradicionais de massa, que por
questes de mercado comeam a rever seus modelos.
A mdia tradicional resistiu muito s mudanas e, ao perder espao, para a
web se viu numa encruzilhada.
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1.4 Metodologia da pesquisa
O estudo ser desenvolvido apoiado em pesquisa bibliogrfica e exploratria,
dois mtodos de trabalho que, na verdade, so complementares. A pesquisa
bibliogrfica ser desenvolvida a partir de material j elaborado, constitudo
principalmente de livros, artigos, sites, blogs e redes sociais. Conforme comenta Gil
(1991) ambos mtodos so dotados de vantagens e desvantagens. Como ponto
favorvel ele diz que a pesquisa exploratria permite uma familiaridade com o
problema. Quanto pesquisa bibliogrfica o autor indica como principal vantagem o
fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenmenos e a reunio de
dados dispersos em diferentes publicaes. Mas destaca que o pesquisador precisa
estar atento credibilidade de suas fontes de informao para no processar ou
produzir reflexes e concluses equivocadas.
Entende-se como pertinente a juno destes dois mtodos, considerados
interdependentes, uma vez que o estudo tem como objetivo principal estudar e
registrar as mudanas que a nova comunicao provoca na sociedade com o advento
da web 2.0.
1.5 Organizao dos captulos
Este estudo ser apresentado em quatro captulos. O primeiro apresenta o
roteiro do trabalho, atendendo as exigncias formais. Em seguida ser traado um
panorama histrico da comunicao social com nfase nas mudanas ocorridas nos
ltimos 20 anos. O captulo 3 apresenta a web 2.0 e algumas das inmeras mudanas
que ela provoca na comunicao social, ao alterar o perfil cultural do usurio, e, por
conseqncia provocar uma crise de credibilidade na mdia tradicional. O quarto
captulo apresenta uma estratgia para a web 2.0 e o quinto faz uma reflexo a partir
dos estudos empreendidos na bibliografia de referncia que est indicada no ltimo
captulo.
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2. FUNDAMENTAO TERICA 2.1 O passado recente da comunicao social
De uma forma ou de outra o homem sempre buscou registrar suas aes e
hoje temos condies de reconstruir a histria antiga por meio dos smbolos deixados
por nossos ancestrais. E pela interpretao destes smbolos e objetos encontrados em
escavaes a humanidade vai revelando e escrevendo o seu passado. O fato que a
comunicao intrnseca ao homem e, valendo-se de diferentes formas e meios, ele
est sempre se comunicando. Conforme David K. Berlo (2003), uma pesquisa
demonstrou que os norte-americanos gastam 70% de seu tempo ativo comunicando-
se verbalmente ouvindo, falando, lendo e escrevendo, nesta ordem. Em outras
palavras, cada um de ns gasta de 10 a 11 horas por dia em comportamento de
comunicao verbal. Importante dizer que a linguagem apenas um dos cdigos que
usamos para expressar nossas idias. Mas h tambm as formas no-verbais por
meios de expresses faciais, por movimentos das mos e dos braos.
Para resumir o complexo processo de comunicao podemos dizer que a
comunicao se faz sempre por meio de smbolos aos quais so atribudos
arbitrariamente os significados. E aqui comea uma importante fase do processo de
comunicao, que o momento em que o indivduo precisa interpretar os sinais que
lhe so enviados. O problema ou soluo - dependendo do ponto de vista e do
interesse quem envia a mensagem - que esta interpretao, esta leitura, se d a luz
do conhecimento e da sabedoria de quem recebe a informao. Ento pode- afirmar
com segurana que muito difcil se determinar os nveis de entendimento e de
assimilao de uma informao. As pesquisas de recepo existem, mas ainda so
muito rudimentares ou limitadas. A comunicao de massa desconsidera a capacidade
do indivduo de questionar, uma vez que joga uma nica mensagem ao receptor, sem
se preocupar com sua capacidade crtica, fato este que est se alterando radicalmente
com a popularizao da internet. Importante destacar que a edio uma aliada
fundamental nos veculos de comunicao de massa, na construo de um
pensamento nico. O jornalismo nos d muito mais um trato que um retrato da
realidade (Silva, 2006).
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Embora tenha crescido o acesso informao, o Brasil conta com 40 milhes
de pessoas familiarizadas com a internet, conforme pesquisa de junho de 2008 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). A televiso, em especial, ainda
exerce grande controle sobre a informao.
A palavra mdia tornou-se popular em 1920 (Briggs e Burke, 2004) mais foi s
em 1950 que comeou a se falar em revoluo da comunicao. Isto por conta de
duas guerras mundiais onde a propaganda foi usada para manipular as massas. Mas
foi com a Era do Rdio que o mundo acadmico reconheceu a importncia deste
poderoso veculo de comunicao. Mais tarde, nos anos 1950 a chegada da televiso
somou mais elementos transmisso de dados. Alm da linguagem, o telespectador
podia receber mais informao por meio da imagem.
No Brasil a televiso desembarcou em 1950, mas foi no final da dcada que
ganhou fora. No incio dos anos 1960 existiam 200 mil aparelhos no pas regidos por
poltica monopolista capitaneada pelo fundador dos Dirios Associados Assis
Chateaubriand. Para se manter no topo, Chateaubriand apoiava e submetia as suas
empresas a srie de leis que impediam a circulao de informaes que no
interessavam ao governo. Depois do golpe militar de 1964, a televiso comea a se
sustentar com a propaganda oficial, linhas de crdito foram abertas para facilitar o
acesso da populao a este importante veculo de comunicao que passa a funcionar
sob forte censura. Com a mdia impressa no foi diferente. No foram poucas s vezes
em que receitas de bolo ocuparam lugar dos editoriais dos grandes jornais do centro
do pas. Era a forma que alguns corajosos editores e donos de jornal encontraram para
protestar, ainda que de forma velada, contra a ditadura.
Mesmo passados mais de 20 anos da volta da democracia, da legalizao dos
partidos e eleies diretas, as seqelas deste perodo ainda so visveis. O baixo nvel
do ensino, a elitizao do ensino superior acabaram por gerar um sociedade passiva,
acostuma apenas a digerir informao, sem esprito crtico.
A chegada da internet em sua primeira verso onde a alvo era o comrcio
eletrnico e, agora, na chamada de web 2.0 comeam a provocar o esprito crtico do
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cidado, fazendo dele um ativo participante da construo da sociedade e do
conhecimento, como veremos a seguir.
2.3 O papel das novas tecnologias na comunicao social
As novas tecnologias foram aos poucos mudando radicalmente a comunicao
social. O que antes podia ser controlado, filtrado por editores, passou a ser livre. O
cidado, a quem cabia apenas receber a informao comeou verdadeiramente a se
comunicar, exercer o direito de expressar seu pensamento, compartilhar idias e
interesses. Uma informao no precisa mais do aval de um veculo de comunicao
para circular.
Impossvel citar todas as mudanas que a tecnologia provocou na grande mdia,
mas a primeira e talvez a fundamental transformao foi a possibilidade de trocar
informao. No incio apenas arquivos eram transportados na rede. Mas s o fato de
se poder ter acesso a dados oriundos de estudos realizados em outros lugares, outros
pases, que poderiam levar anos para chegar forma de livro numa livraria da sua
cidade j representa uma grande revoluo para o tempo e evoluo para o
conhecimento. Comeavam a se extinguir as barreiras geogrficas.
A troca de arquivos provocou uma nova aproximao entre os internautas.
Junto com arquivos era possvel trocar opinies, comentrios, idias, anlises. Desde
ento a aproximao entre os usurios foi s se aperfeioando. Dos sites nasceram
os blogs, os fotologs (incrementado pela popularizao das cmeras digitais),
comunicadores instantneos, os sites de relacionamento que pendem mais para o
lado recreativo como orkut, Flickr, Myspace, Facebook, Live Spaces e Hi5 e os
profissionais, caso do Lindekin, Plaxo, Namyz, Via6, Xing e Unyk.
Todas as ferramentas que surgem na web acabaram por achatar a
comunicao, como repete incansavelmente o jornalista americano Thomas L.
Friedman. No livro O Mundo Plano, ele diz que a plataforma do achatamento
comea a emergir a partir de 1990. Os primeiros sinais das grandes mudanas
comeam com a queda do muros, a abertura das janelas (o nascimento do windows),
a digitalizao do contedo e a difuso do navegador da internet geraram uma
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conexo irrestrita entre as pessoas. Mais tarde, os softwares de fluxo de trabalho e
seus aplicativos que permitiam aos usurios manipular o contedo digital. Juntando a
comunicao interpessoal, programas, aplicativos surge uma plataforma global
inteiramente nova para as mais variadas formas de colaborao.
3. A INTERNET E A AVALANCHE INFORMATIVA Com os canais livres para a comunicao e, por conseqncia, fazendo do
cidado um ativo colaborador do processo de comunicao e de construo do
conhecimento, nada mais natural que surgisse uma onda informativa. E toda a
informao disponvel abriu, em linhas gerais, dois caminhos. O primeiro deles a
oferta de dados, de conhecimento. Hoje possvel pesquisar sobre qualquer assunto
na rede. O outro que h um excessivo nmero de verses para o mesmo fato. Em
meio a este emaranhado o cidado fica sem saber onde e com quem est a verdade,
ainda que verdade em comunicao seja mera iluso.
Mas o que vai ser da informao sem fronteiras neste novo milnio? Em
meados 1995, no auge da euforia provocada pela rede mundial de computadores
Nicholas Negroponte ao escrever A Vida Digital disse que em 2000 haver mais gente
se divertindo na internet do que assistindo quilo que hoje chamamos de redes de
televiso. Em 2001, pensadores do ciberespao adotaram uma postura mais
conservadora sobre a internet e se limitaram a dizer que apenas os produtos de
qualidade iriam prosperar. Tambm no foi isso o que aconteceu.
Hoje, o descontrole que existe na internet permite a publicao de uma srie
de informaes que antes no tinha espao para circular. Um exemplo so os sites
dedicados medicina. Com dois ou trs cliques o internauta fica sabendo sobre uma
doena, conhece os efeitos colaterais de um medicamento. Mas em contrapartida, os
mdicos fazem uma forte crtica, pois algumas pessoas chegam aos consultrios
dizendo-se portadores de doenas a partir da lista de sintomas que so fartamente
publicados web.
Neste quadro pode-se dizer que a partir do desenvolvimento do pensamento
crtico do usurio que ele que vai poder selecionar e formar a sua rede de
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confiabilidade onde ele poder trocar idias, informaes, conhecimento. A seleo
ser natural. Ningum vai poder determinar o que melhor. Tudo depende do
interesse da cada um.
3.1 Web 2.0
A expresso web 2.0 nasceu durante um brainstorm na conferncia promovida
pelas empresas MediaLive e OReilly Media, em So Francisco (2004), nos Estados
Unidos. O encontro tinha por finalidade reunir, integrar e compreender uma srie de
fenmenos que vistos em conjunto formavam um novo cenrio, uma nova verso da
Internet e do ambiente de rede.
A partir do estouro da bolha pontocom onde todos os investimentos eram
direcionados para a criao de estruturas virtuais (sites) com o foco no comrcio e nas
grandes idias _ que obviamente eram copiadas e, ao se tornarem padro, perderam
boa parte do seu principal atrativo, o lucro, a web 2.o emergiu com a fora de um
vulco.
Longe valorizar apenas as idias geniais, a web 2.0 trabalha em sentido
contrrio de sua verso inicial. Ao apostar em contedos, a partir da construo
coletiva, do compartilhamento de idias, ela subverte a ordem e faz da minoria a sua
grande fora e referencial. E a fora destas minorias vem da sua opinio sobre as
informaes mais lidas, o nmero de acessos de um vdeo no youtube, por exemplo,
que d um status ao trabalho e que, certamente, vai servir para realimentar um novo
contedo. Na web 1.0 a fora vinha das idias. Milhes eram investidos numa nova
inveno. Primeiro os sites de vendas. Milhes deles foram parar na web, os
investimentos se reduziam a softwares e logstica. No havia o custo com depsito de
produtos e de empregados, entre outros que so bsicos no comrcio tradicional. Com
milhes de pginas que estavam soltas pela rede a prxima idia valorizada foi a
criao de um software capaz de organizar estes sites. Surgiram ento os mecanismos
de busca que tambm enriqueceram alguns geniais jovens. O fim, ou o estouro da
bolha pontocom, provocou uma mega desvalorizao de aes de empresas virtuais.
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E foi a partir de deste cenrio que novas possibilidades de comunicao surgiram. O
usurio passou de consumidor passivo para ativo produtor de informao numa rede
que no lhe dava apenas a chance de comprar, mas de compartilhar idias, opinar
sobre contedos, passar adiante seu conhecimento e sabedoria. O cidado se
transformou num agente ativo da comunicao. Neste caminho, a comunicao social
passou a ser horizontal e, quem tem acesso rede, no depende mais de um
noticirio da mdia tradicional para ficar informado sobre os fatos do cotidiano.
Pela web, alm da informao, ele ter vrias verses sobre o mesmo fato, o
que lhe permite um juzo de valor mais apropriado, uma vez que viu a notcia por
diversos ngulos. A flexibilidade do novo formato permite ainda que o usurio retire
informao (seja ela em forma de texto, udio, vdeo ou foto) e a reproduza em outros
espaos, o que provoca um efeito em rede, viral, que se espalha com uma velocidade
impressionante.
Muda tambm a forma de se ler contedos antes restritos aos livros. A
valorizao dos contedos altera as narrativas antes limitadas ao texto. Hoje as
histrias podem ser contadas por meio de udio, vdeo, fotografia, os dados das redes
sociais aproximam usurios com interesses afins que provocam novas associaes de
idias.
Na web 2.0 o que vale o contedo construdo de forma coletiva, a
recombinao de idias que d origem a novo conhecimento. Nada est acabado
neste formato. Tudo est sempre em construo.
3. 2 Credibilidade, fonte e autoria
A partir do momento em que a web 2.0 entra provocando um verdadeiro
tsunami na vida do usurio, onde ele pode escrever, opinar, publicar seus vdeos,
textos, compartilhar suas idias enviar e receber informaes questes como
credibilidade, fonte e autoria precisam ter seus conceitos revisados.
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Assim que o usurio teve acesso a uma rede horizontal para a troca de
informaes, a credibilidade da chamada grande imprensa passou a ser questionada,
pois a opinio, o entendimento, a percepo do cidado passou a ser alimentada por
diferentes verses sobre determinado tema. Claro que nesta onda informativa h os
locais que disseminam informaes tendenciosas e mal-intencionadas e que, muitas
vezes, criam percepes distorcidas a cerca de determinados assuntos. Mas como a
grande rede no tem censura, o usurio vai precisar conhecer, experimentar,
questionar, cruzar dados para formar a sua rede de informaes.
Quanto questo da fonte e da autoria, como determinar quem o criador de
uma idia se ela resultado da associao de pensamentos de diversas pessoas, da
reelaborao de conceitos, da recombinao de elementos?
A questo complexa e sua discusso ainda est em fase embrionria. H os
que defendem a autoria de textos como propriedade a ser negociada garantindo
direitos autorais seguindo o modelo antigo. Mas os recursos tecnolgicos tornam este
pensamento obsoleto e obrigam a sociedade a discutir uma nova postura frente a mais
este desafio imposto pela web 2.0 onde o conhecimento no tem dono, mas
construdo de forma coletiva, democrtica e enriquecedora.
3.3 Impacto da web 2.0 na mdia tradicional
Ao confiar em seu poder de fogo e praticamente ignorar todas as mudanas que
vinham ocorrendo na sociedade por conta da tecnologia, pode-se dizer que a mdia
tradicional (rdio, televiso e jornal impresso) levou um susto quando compreendeu a
dimenso que o processo empreendido pela rede mundial de computadores era
irreversvel. At metade da dcada passada, como a web tinha um formato,
capacidade e plataforma para o comrcio eletrnico, a comunicao social no
acreditou no grande desafio que seria imposto e, foi somente a partir de 2004, que as
empresas de comunicao comearam a acreditar na internet como o grande veculo,
mas no para o envio de informao, mas para a troca.
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Hoje, TV, jornal e rdio procuram de alguma forma chamar o seu consumidor de
informao com produtos caractersticos da internet como, por exemplo, chats,
pesquisas de opinio, listas de discusso. Mas a mdia tradicional ainda no d o
peso necessrio ao leitor quando por exemplo, estabelece a sua pauta ou convida o
seu consumidor a participar. Na maioria das vezes para medir audincia para
conhecer o pensamento de quem est do outro lado da TV, do rdio ou do jornal.
importante ressaltar a criao de alguns espaos como o conselho de leitores, espao
para cartas com a livre manifestao do leitor, ainda que passe pelo filtro de um
editor, podem ser considerados grandes avanos. Vale ressaltar que neste caso o
editor de opinio entra mais como um filtro para evitar que a publicao de calnia,
injria e difamao renda processos contra o jornal. Porm muito claro que nas
redaes tradicionais ainda h muita resistncia participao do leitor.
4. UM ESTRATGIA PARA COMPREEENDER A WEB 2.0
O projeto Contexto Digital surgiu a partir deste cenrio gerado pela web 2.0. A
idia reunir estudiosos, observadores e usurios desta nova rede de comunicao,
que existe muito alm daquilo que conhecemos comunicao tradicional. Para estudar
e refletir sobre estes fenmenos resultantes dos processos de convergncia digital
estamos propondo a realizao de um seminrio que ser construdo de forma no
tradicional. Ao invs de elaborar uma programao, definir um pblico e divulgar o
encontro, nossa proposta caminha em sentido contrrio. Primeiro preciso identificar
quais so os temas em debate e que mais inquietam e geram debates na web. Para
isso, o primeiro passo ser selecionar oito monitores. A estes cabe a funo de
identificar os espaos na web onde h discusso sobre a nova comunicao. Mas no
apenas os locais onde h uma discusso acadmica a cerca do tema. O grupo que
orienta a pesquisa ir definir com os monitores temas que sero lanados nestes
locais (listas de discusso, sites de notcias, blogs, sites de relacionamento, grupos de
discusso, entidades especializadas propaganda, marketing, comunicao
corporativa) que se propem a refletir sobre as mudanas culturais e os novos
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modelos de negcios que comeam a se desenhar a partir das infinitas possibilidades
geradas pelas novas tecnologias que esto a todo o momento com um novo apelo ao
consumidor, seja ele de um produto ou de uma informao. Alm deste papel de
provocar discusses a cerca de temas especficos, o grupo tambm ir recolher
impresses, identificar quais so temas que despertam mais interesse, o que mais
preocupa estes grupos, quais so suas opinies e experincias.
Cabe aos monitores gerenciar grupos de discusso, gerenciar redes sociais,
participar de grupos de discusso j existentes, participar ativamente das discusses
em blogs sobre os assuntos relacionados. Esta primeira etapa do projeto e dever
se desenvolver nos meses de junho, julho e agosto, quando o grupo de monitores
dever levar adiante as estratgias lanadas anteriormente com a finalidade de
marcar uma reunio presencial em Florianpolis em setembro para se definir quais
sero as caractersticas finais do simpsio. O Simpsio Contexto Digital realizar-se-
em agosto de 2009, com a formatao definida na reunio de Florianpolis.
CONSIDERAES FINAIS Quanto mais buscamos informao, com usurios, estudiosos e pesquisadores
mais clara fica a idia que no h como determinar, pelo menos por enquanto, um
formato para a comunicao social a partir da web 2.0. No h frmula, formato, cada
processo nico, se d de forma horizontal. Acredito que no se usou ou se
desenvolveu nem 10% do potencial da web 2.0.
Ao longo deste trabalhando fui descobrindo o quanto o usurio j tem
sedimentada sua participao na web, o quanto os sites de relacionamento, por
exemplo, no apenas aproximam pessoas mas permitem uma troca de informaes
com grau maior de confiabilidade, o quanto o internauta est seletivo. O conhecimento
coletivo anterior a sua teoria. Hoje os acadmicos tentam decifrar esta intrincada
rede que nasceu a partir da tecnologia, que, se foi anteriormente pensada, certamente
surpreendeu a quem geriu a idia, pois tamanha a dimenso que ocupa.
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Inserida neste cenrio a mdia tradicional, e principalmente a mdia impressa,
corre para no perder mercado, mas ainda se mantm arrogante e teima em repetir
no dia seguinte o que est no rdio, na TV, nos sites. A web 2.0, ao permitir ao leitor
vrias verses sobre o mesmo fato, torna o cidado mais crtico em relao ao que
publicado na mdia tradicional. Muda tambm o trabalho dos jornalistas que precisam
usar a internet como fonte de pesquisa (para tambm conhecer estas verses e trazer
algo de novo ao leitor) e jamais como fonte nica de suas reportagens. A internet
precisa ser cada vez mais uma ferramenta de trabalho do jornalista para que o
resultado do seu trabalho seja mais abrangente, consiste e inovador. A web 2.0 nos
apresenta perspectivas promissoras mas fundamentalmente desafiadoras.
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