Contato 15 11 2014

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COMO TOMAR AS MELHORES DECISÕES 10 simples passos para o sucesso Sob neblina? Como navegar com baixa visibilidade Um polvo de patins Desenvolva a autodisciplina MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

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COMO TOMAR AS MELHORES DECISÕES 10 simples passos para o sucesso Sob neblina?Como navegar com baixa visibilidade Um polvo de patins Desenvolva a autodisciplina

Transcript of Contato 15 11 2014

COMO TOMAR AS MELHORES DECISÕES10 simples passos para o sucesso

Sob neblina?Como navegar com baixa visibilidade

Um polvo de patinsDesenvolva a autodisciplina

MUDE SUA V I DA . MUDE O MUNDO .

Volume 15, Número 11

C O N TATO P E S S OA La e s col h a certa

Desde o sexto dia da Criação, cada ser humano tem nas mãos o maior poder que existe: o de escolher. O livre arbítrio não foi concedido porque o homem podia ser confiado com ele, mas para que aprendesse pelas suas escolhas.

Para os crentes, tomar decisões deve ser um processo relacional que envolve a pessoa e Deus. Levamos a Ele nossas ansie-dades, seguros do Seu desvelo por nós1 e do seu desejo de participar de nossas decisões. Honrar Deus em nossas escolhas é uma maneira de Lhe mostrar que O amamos de todo o coração, corpo, alma e mente.2

Os desdobramentos de nossas decisões e os que observamos nas escolhas que os outros fazem são importantes blocos para a formação da sabedoria necessária para deliberações futuras. É curioso notar, contudo, que, em geral, as repercussões negativas são mais eficazes que as positivas, quando se trata de fixar uma lição. Algumas deixam marcas na alma. Quando somos magoados, Deus nos diz para perdoar: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo.”3

A Bíblia ensina que Deus esquece nossos pecados.4 Trata-nos como se não tivessem acontecido. É verdade que não simplesmente esquecemos o que perdoamos, mas escolhemos viver como se não o lembrássemos.

É o exemplo que o mundo viu no estadista sul-africano Nelson Mandela, que revelou seus pensamentos ao ser solto, após 27 anos na prisão por se opor ao apartheid: “Quando passei pelo portão para a liberdade, sabia que, se não deixasse o rancor e o ódio para trás, ainda permaneceria preso.”

Mário Sant’AnaEditor

1. Ver 1 Pedro 5:7.

2. Ver Lucas 10:27.

3. Efésios 4:32

4. Ver Hebreus 8:12.

© 2014 Aurora Production AG.

www.auroraproduction.com

Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.

Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana

A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências

às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia

Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição

Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Editor Mário Sant'AnadEsign Gentian Suçidiagramação Angela HernandezProdução Samuel Keating

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Eu havia mudado fazia pouco tempo para Winnipeg. Como meu apar-tamento ainda não dispunha de conexão com a Internet, dirigi-me à cafeteria Starbucks mais próxima para me conectar à Web e trabalhar um pouco.

No caminho, fiquei em dúvida se havia colocado a carteira na mochila e parei para olhar. Naquele instante, senti uma batida forte no meu tornozelo e, automaticamente, virei para ver quem me estava “atacando”.

Imagine minha surpresa quando deparei com um cego simpático, com uma bengala branca na mão, pedindo um milhão de desculpas. Sob aquelas circunstâncias, não havia como ficar zangada. O homem

disse mais algumas palavras e seguiu caminho.

Como eu havia esquecido a carteira, voltei para buscá-la no apar-tamento. Finalmente no Starbucks, parei para pensar naquela experiên-cia. Não foi a batida no tornozelo que me impressionou, mas a imagem do cego andando confiante pela rua.

Refleti sobre minha própria vida e atual situação. Acabara de me mudar para aquela cidade, longe de meus amigos e dos colegas com quem convivera por anos e ainda estava aprendendo a andar ali. Precisava de um emprego, mas não tinha certeza no que queria trabalhar. Devia tomar uma série de outras decisões com certa urgência. O que priorizar? Trabalho ou universidade? Em que deveria investir

meus recursos? Como tudo aquilo se alinhava com minhas metas de longo prazo? Havia tantas questões que sequer sabia por onde começar.

Aquele recomeço era emocio-nante, mas me deixava um pouco apreensiva. Parecia haver mais perguntas que respostas.

Em minha mente, repetia-se a imagem do cego circulando pela área central de Winnipeg, com toda confiança, pisando firme, mesmo sem poder ver o que o cercava. Se ele consegue se virar e encontrar o caminho, também posso! — disse para mim mesma.

Olivia Bauer trabalha em uma organização sem fins lucrati-vos em Winnipeg, Canadá. ■

UM CEGO ME ENSINOU

Olivia Bauer

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Você está diante de opções, escolhas e decisões, mas não faz a menor ideia que caminho deve tomar? Sabe que quer seguir na direção que Deus está orientando, mas não consegue identificar que direção é essa. Por isso, permanece incerto quanto aonde ir ou ao que fazer, incapaz de enxergar longe o bastante para antever as possíveis consequências de suas escolhas. Um complicador é que raras são as coisas que podem ser decididas de forma isolada, mas, tipicamente, muitos fatores têm de ser considerados ao se fazer qualquer decisão.

Recentemente, estive pensando no versículo: “Espera no Senhor, anima--te, e Ele fortalecerá o teu coração”1. É sábio esperar que Deus dissipe a neblina, em vez de tomar decisões sem uma visão clara do que está à frente. Com o tempo, as coisas caem em seus devidos lugares e passamos a ver tudo com mais nitidez.

Tenho certeza de que você passou por momentos em que não recebeu as respostas que pediu a Deus para poder decidir com segurança, mas viu que, depois de esperar em oração e fé, confiante de que a ajuda viria, Ele iluminou o caminho e que foi melhor esperar e confiar.

A espera é um elemento importante da vida de fé. Não é um exercício fácil, mas é parte do processo pelo qual Deus nos ensina paciência, forma nosso caráter e nos atrai para junto dEle. Da próxima vez em que se vir em “modo de espera”, anime-se. A neblina vai se dissipar, pois, afinal, é o que sempre acontece!

Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle, e Ele tudo fará. — Salmo 37:5

Tudo tem o seu tempo deter-minado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. — Eclesiastes 3:1

Se estamos esperando alguma coisa que ainda não podemos ver, então esperamos com paciência. — Romanos 8:25 NTLH

Tendo Abraão esperado com paciência, alcançou a promessa. — Hebreus 6:15 NVI

Guardemos firme a confissão da nossa esperança, pois fiel é Aquele que fez a promessa. — Hebreus 10:23

A prova da vossa fé desenvolve a perseverança. — Tiago 1:3

Vejam como o agricultor aguarda que a terra produza a preciosa colheita e como espera com paciência até virem as chuvas do outono e da primavera. Sejam também pacientes e fortaleçam o seu coração — Tiago 5:7–8 NVI

SOB NEBLINA?

1. Salmo 27:14

Maria Fontaine, adaptação

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Cada dia de longas discussões com respeito às possíveis mudanças fazia o futuro parecer mais incerto. Havia vários anos que meu marido, eu e alguns amigos fundamos uma organização humanitária para tentar ajudar a amenizar as graves consequências da guerra civil travada na antiga Iugoslávia.

Em nenhum momento a empreitada foi fácil, mas éramos encorajados pelos resultados positi-vos, pelos voluntários que se uniam a nós e pelas muitas ocasiões em que pudemos levar auxílio e ânimo para as crianças nos campos de refugiados. Contudo, a maior parte da nossa equipe estava indo para novos projetos, outras ONGs estavam se realocando e começamos a encerrar aquele trabalho que fundáramos. De certa forma, sentia-me triste e derrotada.

“Por que não caminhamos à beira do rio?” — sugeriu meu marido. Como estava mesmo querendo parar um pouco, concordei na hora. “Rio” é como chamamos o córrego borbulhante que escorre pela colina próxima à nossa casa.

Os dias anteriores tinham sido muito chuvosos e o tempo conti-nuava nublado, de forma que as árvores e os arbustos ainda estavam úmidos. Caminhando na trilha enlameada, comparei o clima ao meu estado de espírito. Não era a primeira vez que encerrávamos um capítulo do livro de nossas vidas, mas parecia que algo não estava certo. Meu coração teimava que deveríamos perseverar, apesar do que indicavam o raciocínio lógico e as circunstâncias.

Começamos a rever os prós e contras, mas quanto mais conversávamos, mais difícil ficava decidir. Então paramos, sentamos sobre umas pedras e abrimos o coração ao nosso amoroso Criador,

prontos para ouvir o que Ele tivesse a dizer. Deus nos encorajou ao nos mostrar que grandes coisas estavam a caminho e, junto com elas, mais voluntários que deveríamos estar prontos para receber.

Quatorze anos depois, ainda estamos aqui. No mês passado foi a inauguração do centro de treinamento para receber o número crescente de voluntários que continuam chegando, ávidos por ajudar. A promessa se cumpriu.

Tudo teria sido muito diferente se não tivéssemos parado e nos afastado das demandas da situação para elevar os olhos para o céu e receber de lá uma visão mais clara, vinda de além das nuvens, onde o sol está sempre brilhando.

Anna Perlini é cofundadora da organização humanitária Per un Mondo Migliore (http://www.perunmondomigliore.org/), ativa na região da antiga Iugoslávia desde 1995. ■

Ao lado do rioAnna Perlini

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As decisões perfeitas são raras, mas é sempre possível fazer ótimas escolhas, as quais, ainda que nem sempre produzam finais como os dos contos de fadas, alcançam os melhores resultados possíveis, dadas as circunstâncias.

Os melhores decisores não costumam se orientar somente por impulso, intuição ou experiência, mas adotam algum sistema passo a passo, como o seguinte:

● Defina a questão. Um bom enunciado é em si 50% da solução do problema. Empregue a aborda-gem do “quem, o que, quando, por que e como”. Por que a decisão é necessária? Qual é o objetivo? Como uma ótima decisão pode mudar as coisas para melhor? A quem afetará? Quando precisa ser tomada?

● Adote uma abordagem positiva. Veja as oportunidades, não apenas os problemas.

● Relacione suas opções. Quanto maior for o número de alternativas, maiores serão as chances de encontrar a melhor solução.

● Reúna informações sobre as opções. Você não apenas tomará decisões melhores se estudar bem a questão, mas também se sentirá mais seguro na hora de colocá-las em prática.1

● Seja objetivo. Se já tiver uma opi-nião sobre o assunto, a tendência é procurar uma evidência que confirme sua opinião. Isso é bom se você esti-ver certo, mas se não estiver, estará se afastando de uma ótima decisão. Considere alternativas e opiniões contrárias às suas. Lembre-se que a meta não é provar que você tem razão, mas fazer a escolha certa.

● Avalie suas opções. Escreva e compare os prós e contras de cada opção. Tente identificar os melhores e os piores cenários possíveis de cada uma delas. Procure conjugar várias opções promissoras em uma exce-lente solução.

● Seja leal a si mesmo. Deixe de fora o que contrariar os seus valores.

● Tome uma decisão. Quando estiver convencido de ter encontrado a melhor alternativa, abrace-a.

● Esteja aberto às mudanças de cir-cunstâncias. É possível que, depois de ter tomado uma decisão e começado a efetivá-la, surja uma opção melhor. Às vezes, é como acontece com um barco: a ação do leme só tem efeito quando a embarcação se movimenta e é o que a torna a manobra possível.

● Pergunte a Jesus. Por fim, peça a orientação de Deus em cada passo do processo de decisão. Como alguém disse: “Talvez eu não saiba todas as respostas, mas conheço Quem sabe!” Jesus tem as respostas e Ele o guiará.2

Alex Peterson é membro da equipe de articulistas da Contato. ■

Alex Peterson

Como tomar as melhores decisões

1. Ver Lucas 14:28.

2. Ver Mateus 7:7–8.

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Uso o GPS do meu telefone todo o tempo. Para alguém como eu, que está sempre em deslocamento, a vida se torna muito mais fácil quando se tem instruções claras. Mas também conheço o sentimento de estar em um lugar desconhecido, sem um mapa.

Certa vez, durante uma visita aos meus pais, no Texas, minha família e eu decidimos ir a um lago onde espe-rávamos passar uma relaxante tarde de verão. Fui criado naquela área e tinha uma vaga lembrança de como chegar lá, mas depois de meia hora em estradas secundárias desertas, tive de admitir que não tinha certeza do caminho. Não havia placas nem quem pudesse nos dar informações e as vacas nos pastos que ladeavam a estrada não ajudavam muito.

Por fim, recebemos algumas orien-tações do funcionário de um posto de

gasolina que parecia ser o único nas redondezas. “Lago? Sei, sim. Continue por essa estrada, até a 390. Daí vire à esquerda até chegar à 36. Aí é só virar à direita e em breve vai ver o lago. Seu colega, provavelmente percebendo minha desconfiança, garantiu: “Não se preocupe. Este cara é muito bom para dar direções.” Agradeci e partimos.

Ao encontrarmos a 390, viramos à esquerda, mas depois de 30 minutos nessa estrada, começamos a duvidar. Era para a esquerda que tínhamos de virar, ou será que...? Fiquei com raiva de mim mesmo por não ter escrito. Não podíamos sequer verificar se ainda estávamos na 390, pois não havia placas indicativas nem a quem perguntar.

Estávamos prestes a desistir e dar meia-volta quando uma placa anun-ciou um cruzamento à frente. Será que… Sim, era a Rodovia Estadual 36! Viramos à direita.

Mais à frente, dois homens de idade que se embalavam em cadeiras

de balanço na varanda de uma casa nos deixaram ainda mais tranquilos:

“O lago? Vocês estão quase lá. É só continuar. Não tem errada!”

Em pouco tempo estávamos nos refrescando na água, felizes por não havermos desistido quando pensamos que estávamos perdidos.

Como isso se assemelha à vida! Quando nos sentimos perdidos, quando temos a impressão de estarmos seguindo na direção errada por algum tempo, quando nos vemos numa bela enrascada, esta é uma oração que Deus quer ouvir e atender: “Faze-me saber o caminho que devo seguir, pois a Ti levanto a minha alma.”1 Deus é muito bom para dar direções. É só segui-las. Não tem errada.

Curtis Peter van Gorder é ro-teirista, criador de animações em Mumbai, Índia, e membro da Família Internacional. ■

Não tem erradaCurtis Peter van Gorder

1. Salmo 143:8

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O que um acrobata de corda bamba de alto nível, um mestre em artes marciais e um empresário bem sucedido têm em comum?

Aprenderam autodisciplina. Para alcançarem sucesso, precisaram aperfeiçoar suas habilidades e para isso, em alguns casos, tiveram de abrir mão de certas coisas em sua dieta ou vida pessoal.

A autodisciplina é mais do que evitar algumas coisas e vai além de cumprir o dever apesar de reveses. É um meio para um fim. Alcançar metas significa tanto para esses expoentes, que o esforço e o sacrifício de uma vida disciplinada se tornam praticamente irrelevantes. Estão dispostos a desafiar os próprios limites e suas realizações demonstram essa determinação.

De um modo geral, todos precisamos de mais autodisciplina. Provavelmente você não aspira

atravessar sobre um precipício equili-brando-se em um cabo de aço, mas e aquela pilha sobre sua mesa de coisas a fazer, as metas de boa forma física, ou de melhor gestão do tempo? A autodisci-plina não é sinônimo de autonegação; na verdade, tem um poder liberador. Um amigo me disse certa vez: “Só quando você consegue ter autodisci-plina é que se torna verdadeiramente livre.” Uma frase simples, mas cheia de sabedoria e que mudou totalmente meu ponto de vista sobre o assunto.

Certa vez, conheci o gerente de uma loja de uma rede internacional que me disse: “O sucesso não resulta de a pessoa fazer o que quer, mas da capacidade de fazer o que deve para alcançar sua meta.” O autodiscipli-nado tem melhores condições de superar os limites e os empecilhos,

Jackson Brown Jr., cujos livros frequentam a lista dos mais vendidos publicada pelo New York Times,

explica: “Uma pessoa talentosa sem disciplina é como um polvo de patins: não lhe faltam movimentos, mas é difícil dizer se está indo para frente, para trás ou para os lados.” Direcionar a energia na direção certa e concentrá--la no que é mais importante produz os avanços que buscamos.

Jesus foi o exemplo máximo de disciplina. Fez o que precisava ser feito, mesmo quando era difícil e inclusive quando resultou em Sua morte. A disciplina e a determinação que Ele manifestou pela Sua causa tiveram resultados que mudaram o mundo.

Quem estiver disposto a disci-plinar a si próprio, pode mudar a própria vida e sua parte do mundo.

Chris Mizrany é web designer, fotógrafo e missionário na organização Helping Hand, sediada na Cidade do Cabo, África do Sul. ■

UM POLVO DE PATINSChris Mizrany

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No clássico da literatura Os Miseráveis, Victor Hugo conta a história do personagem Jean Valjean, cuja vida, que já era difícil, foi quase destruída pelas cruéis decisões de alguém. Por ter roubado um pão para alimentar os sobrinhos que passavam fome, Valjean passou 19 anos no infame presídio de Bagne de Toulon. Incapaz de conseguir um emprego por ser ex-presidiário, pede ajuda a um bispo que o alimenta e o hospeda por uma noite. Tomado pelo desespero diante do que lhe parece ser um futuro tenebroso, o hóspede cede à tentação, rouba alguns artigos de prata e foge na calada da noite.

Horas depois, é capturado e con-duzido pelos policiais de volta à casa do bispo. Ciente do que acontecerá àquele homem se for novamente condenado, o religioso decide dar uma chance ao ladrão e diz à polícia: “Eu dei a prataria a esse homem”.

ESCOLHA JESUS

Querido Jesus, entre em minha vida. Por favor, perdoe-me pelos meus erros e esteja comigo em minhas lutas diárias. Ilumine meu caminho com Sua orientação e envolva meu coração com Seu amor. Conceda-me forças para fazer as escolhas certas, para agradar Você e fazer o que estiver ao meu alcance para tornar a vida dos outros mais fácil e mais feliz.

Livre da lei, mas não da própria consciência, Valjean se vê diante de outra decisão e, dessa vez, faz a escolha certa: arrepende-se e, naquele momento, começa uma nova vida. Os anos seguintes lhe trazem mais inquietações e novas decisões difíceis, mas ele se mantém leal ao novo curso que Deus o ajudara a traçar.

Os Miseráveis é uma bela ilustração do poder redentor do amor de Deus, mas também ensina que nossas vidas são construídas pelas nossas decisões e que até mesmo as pequenas podem ter grandes consequências. Como podemos nos certificar de que vamos fazer as escolhas certas? A única maneira é envolvendo Deus no processo de tomada de decisões, porque só Ele sabe o que é melhor. Deseja que sigamos as melhores opções e está sempre pronto para nos apoiar quando escolhemos corretamente.

Portanto, a decisão mais acertada é cultivar o hábito de recorrer a Ele.

Keith Phillips foi editor da Activated (Contato em inglês) por 14 anos (de 1999 a 2013). Atualmente, ele e sua esposa, Caryn, trabalham atendendo pessoas sem teto, nos EUA. ■

PRATARIA ROUBADAKeith Phillips

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Recentemente, deparei-me com um versículo bíblico que já havia lido, ouvido e até citado centenas de vezes, mas meditar nele, pensar em suas aplicações práticas e na enormidade das consequências que poderiam advir se eu escolhesse ignorá-lo me ajudou a perceber mais amplamente sua importância.

Mateus 6:14–15 diz: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Porém se não perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai celestial não perdoará as vossas.”

A passagem deixa claro que

UM PENSAMENTO PROVOCADOR

tanto perdoar quanto não perdoar tem um efeito direto no nosso relacionamento com Deus.

Sobre o mesmo tema, algumas páginas depois, encontramos uma pergunta feita por Pedro, que recebe uma resposta óbvia: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe respondeu: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.”1 Esse número tão alto, 490, serve para enfatizar que ninguém deve se sentir no direito de parar de perdoar.

Para esclarecer ainda mais a questão, Jesus fala de valores bem

elevados ao contar a história de um rei que queria fazer o acerto com seus servos ou súditos:

Um servo do monarca lhe devia dez mil talentos. Como um talento equivale a 57 quilos, a dívida era de 570 toneladas de, provavelmente, prata ou ouro. Se fosse prata, em valores de hoje, o homem devia R$ 900 milhões; no caso do ouro, cerca de R$ 57 bilhões — em qualquer época, valores enormes. Como o devedor não tinha como pagar, o rei ordenou a venda do servo, de sua esposa, dos filhos do casal e de todos os bens da família. O homem implorou ao rei por paciência e este,

1. Ver Mateus 18:21–22.

2. Ver Mateus 18:23–35.

3. Ver Romanos 3:23.

4. Ver Marcos 11:25.

5. Colossenses 3:12–14

Peter Amsterdam, adaptação

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com pena, perdoou a dívida.Pouco depois, o que fora

perdoado encontrou alguém que lhe devia cem denários — menos de cinco mil reais. Infelizmente, não houve perdão para essa dívida e o credor mandou que o inadimplente fosse preso.

Quando o rei ficou sabendo, chamou o servo e lhe disse:

“Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu igualmente compadecer-te do teu companheiro, como também eu me compadeci de ti? Assim, encolerizado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse tudo o que devia.”

Jesus conclui a história com uma afirmação alarmante: “Assim vos fará também Meu Pai celeste, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.”2

Às vezes, intencionalmente ou não, os outros pecam contra nós ou

nos magoam. Infelizmente, fazemos o mesmo. Independentemente das ofensas que sofremos, nosso dever é perdoar, mesmo quando somos enganados, tratados injustamente, roubados, caluniados e trapaceados.

Perdoar não é aprovar o que a outra pessoa fez nem significa que as perdas que sofremos foram reparadas, mas em vez de insistirmos em definir quem está certo e quem está errado, escolhemos deixar o assunto e suas repercussões nas mãos de Deus. É a escolha do perdão.

Todos pecamos e estamos aquém da glória de Deus.3 Como o servo que se recusou a perdoar, temos uma dívida enorme e impagável com Deus. Por meio de Jesus, Ele perdoa nossa dívida, mas também nos chama para, na mesma medida, perdoarmos os demais.

Cria certo desconforto pensar que, se não perdoarmos os que pecam contra nós, Deus não

nos perdoará quando pecarmos contra Ele. Mas esse pensamento também traz a promessa de que, por concedermos perdão aos outros, Deus nos dará o dEle.4 Se formos misericordiosos, receberemos misericórdia. Quem perdoa, é perdoado.

“Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de compaixão, de benignidade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.”5

Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

O fraco não pode jamais perdoar. A capacidade de conceder perdão é um atributo dos fortes. — Mahatma Gandhi (1869–1948)

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A MAGIA DO PERDÃOVictoria Olivetta

Quem me dera você tivesse nascido menino!” Perdi a conta de quantas vezes minha mãe me disse isso quando eu era criança. Ao considerar a criação que ela teve e as atitudes da sociedade argentina à época, hoje consigo compreender melhor sua decepção de a única criança que ela gerou ser do sexo feminino. Contudo, isso

me magoava muito e nos privava da relação carinhosa que mãe e filha devem ter. Para complicar, eu adoecia com muita frequência nos invernos úmidos de Buenos Aires e, quando isso me impedia de ir à escola ou de brincar com meus amigos, minha tristeza e sentimento de isolamento cresciam.

Meu pai faleceu quando eu tinha 15 anos e passei a trabalhar meio período para pagar meus estudos em uma escola particular. Dediquei-me muito aos livros e fiz um curso de

secretariado, mas meus esforços raramente eram recompensados com palavras de amor e aprovação da minha mãe, coisa que eu tanto desejava. Fiquei muito rebelde e ela me colocou para fora de casa, o que me forçou a enfrentar o mundo sozinha.

Impossibilitada de continuar custeando meus estudos, aluguei um quarto e consegui um emprego melhor. Sentia-me infeliz, sem propósito e o tempo parecia incapaz de mudar isso. Por fim, em um

1. Mateus 10:8

2. Lucas 6:36–38

3. Mateus 6:12

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momento de profunda angústia, pedi a Deus que fizesse algo com minha vida.

Naquela semana, conheci um membro da Família Internacional com quem tive uma conversa pro-funda, que levou a outras conversas sobre Deus, sobre verdades espirituais e a encontrar respostas para as perguntas que mais me atormenta-vam. Quando descobri que Deus queria que dividisse minha alegria e felicidade com os outros, tornei-me voluntária cristã em tempo integral, por conta do que, morei em várias partes do país e do mundo.

Enquanto isso, mantive contato com minha mãe, mas nossas comu-nicações eram curtas e superficiais. Ela não aprovava o caminho que eu escolhera.

Com o tempo, pensei que a havia perdoado. É mais simples perdoar alguém quando não há convivência, pois assim essa pessoa não pode nos magoar outra vez. Isso atestei quando, depois de muitos anos, voltei ao meu país e a reencontrei. A maneira como expressou sua reprovação quanto às minhas esco-lhas e sua falta de carinho reabriram

antigas feridas que até então eu pensava estarem curadas e bastaram alguns reencontros para as brigas recomeçarem.

Certo dia, eu ouvia a canção “La Magia del Perdón” (“A Magia do Perdão”) e senti a minha consciência pesar. Depois de escutar a faixa várias vezes consecutivas e entender que só me restava perdoar, pedi a Deus que me ajudasse a perdoar cada palavra ríspida, acesso de raiva e tudo mais que minha mãe me fizera e que me causara dor.

Agradeci-Lhe por me mostrar que precisava ter misericórdia com minha mãe, pois eu também precisava da misericórdia dos outros. Muitas vezes, falhei às outras pessoas e as magoei, mas Jesus nunca deixara de me amar e esperava o mesmo de mim. Chorei ao pensar nos anos de proximidade que minha mãe e eu poderíamos ter tido e quanto ela deve ter sofrido por isso.

Jesus disse aos Seus seguidores: “De graça recebestes, de graça dai.”1 “Sede misericordiosos, assim como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis, e não sereis condenados.

Perdoai, e perdoar-vos-ão. Dai, e dar-se-vos-á. Boa medida, recalcada, sacudida e transbordante, generosa-mente vos darão. Pois com a mesma medida com que medirdes vos medirão também.”2

Ele também nos ensinou a orar: “Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam.”3 Eu havia recebido perdão e agora precisava compartilhar essa dádiva com minha mãe.

Quando voltei a vê-la, eu estava mudada e isso pareceu ter um efeito nela. Preparou uma refeição deliciosa, falou-me de suas receitas prediletas e relembramos bons momentos. Desde então, conversar com minha mãe tem sido como reencontrar uma boa amiga e deixar os assuntos em dia. O caminho do perdão parece difícil no início, mas quanto mais viajamos por essa estrada, mais suave ela se torna. Agora posso falar aos outros da magia do perdão, porque a vivenciei.

Victoria Olivetta é membro da Família Internacional na Argentina. ■

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Sejam bondosos e compas-sivos uns para com os outros, perdoando-se mutua-mente, assim como Deus os perdoou em Cristo. — Efésios 4:32 NVI

O perdão não muda o passado, mas aumenta as opções futuras. —Paul Boese (1923-1976)

Sem o perdão, a vida é governada por um ciclo interminável de res-sentimentos e revanches. —Roberto Assagioli (1888–1974)

Quem não perdoa os outros, destrói a ponte na qual deve passar, pois todos precisamos de perdão. —Autor desconhecido

A ira diminui a pessoa, enquanto o perdão a força a crescer. —Cherie Carter-Scott (nascida em 1949)

Perdoar é quase um ato egoísta, por causa dos imensos benefícios que colhe o que concede perdão. — Lawana Blackwell (nascida em 1952)

Um espírito de perdão faz crescer a esperança em meio aos mal-entendidos ou à má vontade. Em um ambiente de perdão, é possível haver esperança e cura.—C. Neil Strait (1934–2003)

O perdão abre a porta trancada pelo ressentimento e as algemas do ódio. É o poder que rompe as cadeias da amargura e os grilhões do egoísmo. —Autor desconhecido

O poder do amor não cria historia-dores rabugentos. O amor prefere guardar os erros e acertos no seio do perdão e nos conduzir a um novo começo. —Lewis B. Smedes (1921–2002)

Não perdoar é manter-se prisioneiro do passado e dos ressentimentos que não deixam a vida avançar. É submeter-se ao controle de outra pessoa... ficar trancado em uma sequência degradante de ação e reação; de indignação e revanche; de “deu, levou”. O presente é derrotado e devorado pelo passado. O perdão

liberta quem o concede e o remove dos pesadelos de outra pessoa.—Lance Morrow (nascido em 1939) Guardar rancor é como beber veneno, na esperança que isso mate seus inimigos.—Nelson Mandela (1918–2013)

Devolver o ódio na mesma moeda faz crescer esse sentimento nefasto e aumenta a escuridão de uma noite que já não tem estrelas. Não podemos expulsar as trevas; só a luz o pode. O ódio não consegue afastar o ódio; só o amor é capaz disso.—Martin Luther King, Jr (1929–1968)

É preciso perdoar. Não temos de gostar da outra pessoa, tornar-nos amigos dos que perdoamos nem lhes enviar corações nas mensagens de texto, mas devemos, sim, perdoá-los, fazer vista grossa e esquecer. Do con-trário, ataremos aos nossos pés pedras tão pesadas que nos impedirão de voar! —C. Joybell C. ■

A ponte que devemos cruzar Pontos para refletir

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Das parábolas contadas por Jesus, a do filho pródigo é provavelmente a mais conhecida.1 Narra a história de um jovem que deixa o lar, desvia-se do bom caminho, arrepende-se e volta para casa, onde recebe as amorosas e calorosas boas-vindas do pai. O tema aparece incontáveis vezes na literatura, na vida, na pintura, no balé, na música e até na capa da segunda edição do álbum Beggar's Banquet da banda Rolling Stones.

Tão pungente e relevante hoje quanto o era há dois milênios, a história ensina sobre decisões. As tomadas pelo rapaz — que saiu de casa, desperdiçou a vida e a herança — são contadas no início

da narrativa. Na sequência, vêm as escolhas melhores, que o jovem faz quando cai em si e volta para casa.

O pai também tem de escolher: aceitar o filho de braços abertos ou puni-lo pelos seus erros? E essa parte da história tem um detalhe muitas vezes ignorado.

Imagine a cena: o jovem surge magro, maltrapilho e derrotado. Vertendo lágrimas de alegria, o pai abraça seu menino. Mas o momento em que o homem abre o coração para acolher o filho não se dá, como tantas vezes imaginamos, quando este, de joelhos, roga perdão e expressa profundo arrependimento por haver se desviado. A decisão do pai acontece antes disso, conforme lemos em Lucas:

“Quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo,

lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.”2

O jovem não havia dito palavra, mas aquele pai — que sem dúvida sofrera angústias e tristezas por muitos meses ou até anos — não hesitou. Na verdade, sequer esperou que o filho se aproximasse, mas correu a seu encontro.

Tal é Seu amor incondicional, que Deus não espera que digamos as palavras corretas, não olha para nossa penúria, não avalia quão longe nos desviamos nem aguarda nossa recuperação. Tampouco nos repreende pelos erros passados e pelas decisões infelizes que toma-mos, mas nos recebe de braços abertos e nos perdoa.

Abi May é escritora freelancer e educadora na Grã-Bretanha. ■

1. Ver Lucas 15:11–32.

2. Lucas 15:20

DECISÕES PRÓDIGAS

Momentos de QuietudeAbi May

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Com amor, Jesus

Quero que sua vida seja cheia de sentido e que Eu e você sintamos orgulho dela. Apesar de ser você o principal responsável por sua vida e por fazer as escolhas que o levarão para as situações certas, pode Me entregar seus caminhos e pedir Minha orientação. Por isso, se seguir as decisões que fizermos juntos, você pode estar confiante de que está seguindo na trilha certa.

Às vezes, o processo para encontrar Minha vontade pode ter surpresas. É possível que você tenha de espe-rar e exercitar a paciência. As circunstâncias mudam e as pessoas também, inclusive você. Entretanto, continue se lembrando de que quero que você encontre Minha vontade e que sua paciência e fé serão recompensadas.

Criei você, estamos juntos desde o início e com você ficarei até o fim. Nunca Me afastarei de você. Nada pode Me substituir na sua vida. Busque-Me de todo o coração para Me encontrar e as respos-tas que precisa.1

1. Ver Jeremias 29:13.

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