Conta outra

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Livro de poesias de Marcia Knop

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são paulo - 2009

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Catalogação na Fonte. SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros.Rio de Janeiro, RJ

Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, diagramadores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por transformar boas idéias em realidade e trazê-las até você.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.

Impresso no Brasil. Printed in Brazil.

CapaZeca Martins

RevisãoLuciana V. Cameira

Esta obra é uma publicação da

Editora Livronovo Ltda.CNPJ 10.519.646/0001-33www.livronovo.com.br© 2009. São Paulo, SP

Projeto gráficoFabio Aguiar

DiagramaçãoAlexandra Aguiar

Editores-responsáveisFabio AguiarZeca Martins

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Para André, meus pais e meus irmãos Eric, David e Isa.

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Um poeta é sempre irmão do vento e da água:deixa seu ritmo por onde passa.

Cecília Meireles

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Noiva moderna Alta-costura Ponto de encontro Mudez Sou diurna Mudança Parti Águas Dúvida Microplaneta Imaginário infantil Sardenta Caixa de lembranças Coimbra Oxford em duas rodas Entre duas rainhas Luz, câmera, açãoQuase um monólogo Palavra

Sumário

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Pode começar Lição nº. 1 Lição imprópria Fim de aula A Mariposa de Lecuona Lecuona Pedido (Des)encontro A dois Dupla ironia Desconhecido Lei de Murphy Pot-pourri História de uma amarílis Tempo O enigma de PietraCalmariaCéu marinho C’est fini

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Noiva moderna

o sono inquieto, na noite prévia,não dura muitoe cedo despertapó, base, batom,cabelo de artista.

vestido sim, mas tomara-que-caia

branco, bem alvolembra a pureza;coisa do passado!de véu e grinalda,pensa na escolha

eterna?

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já se questionaa noiva modernacoração na boca,assim elas ficam,desde as antigasaté as modernaso choro abafadoo buquê pesandoas flores tremem,nas mãos ternas

da noiva modernapalavras, palavras

jura, beijo, anelmas que dia! – pensa

acordar solteirae dormir casada!

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Alta-costura

o meu vestido indefectível

foi feito à mãoé um romance

de mistérioa trama do tecido

é elaboradaa textura,

sem emenda,provoca

uma sensaçãovisual e outra tátil

segredos somente desvendados

pela alta-costuraabrir seus botões

é um risco

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Ponto de encontro

me encontrolá naquele nanoponto

do céu(invisível a olho nu)

– é um planeta distantesó habitado por mim

único em seu sistema,que segue sua órbita

oval e longacada volta

equivale a dez anosmas há

quem o alcancetão rápido

que até assusta

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Mudez

errou de novo:meu silêncionão é vaziocaixa oca

falta de assuntotimidez ou acefalia

ouço em dobrohá, por dentro,uma ebuliçãoalma prolixa

com síndromede pensamento acelerado

se falo,confundose calo,

ganho cumplicidade

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Sou diurna

e não seicomo é possíveltrabalhar à noitemeu organismo

assemelha-se ao de uma planta -faço fotossíntese:

se há luz,tem lugar a fase fotoquímica

se não há,tem lugar a fase escura

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Mudança

minha vida suspensa,

presaem caixas,

que não estão comigonão sei,

com exatidão,quando as terei

de voltae se uma delas se perder?

pior – e se eu me perder de uma delas?

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Parti

parti de casa, dali, da rotinaparti o espelho, o copo, o gelo

parti em pedaços

parti o bolo, a torta, o pãoparti pra longe, pra lá, outro lugar

parti um coração.

e isso foi cruel

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Águas

há muita água“chovem duas chuvas”uma vez caídas do céu,

confundem-seas gotas alcançam o chão

e sobem dois aromas – de asfalto lavado e de terra molhadade uma chuva,

a gente se protegede duas,

a gente se encharca em dobro,

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