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Construções Lógico Matemáticas Aula 05 · O desenvolvimento do raciocínio lógico na criança,...
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Construções Lógico –
Matemáticas – Aula 05
IMES – Fafica
Curso de Pedagogia – 2º Ano
Prof. MSc. Fabricio Eduardo Ferreira
O desenvolvimento do raciocínio lógico na criança, segundo Piaget
Jean Piaget pesquisou profundamente o desenvolvimento do pensamento do ser humano,
analisando a passagem do pensamento pré-lógico para o pensamento lógico.
Pensamento pré-lógico Pensamento lógico
Deixa muito claro em toda a sua obra a importância da integração com o outro, da estimulação
e o fato de que o pensamento lógico, apesar de ser possível ao indivíduo, nem sempre é alcançado.
A integração com o outro e a estimulação são fundamentais
para o desenvolvimento do pensamento lógico.
O período sensório-motor
Até dois anos, aproximadamente, a criança funciona num pensamento sensório-motor,
analisando o mundo através dos sentidos e da motricidade.
Ela faz suas descobertas através da ação. A partir de oito meses, aproximadamente,
inicia-se a conduta imitativa, que vai dar condições à atividade simbólica.
Esta produz o pensamento pré-conceitual, isto é, inicialmente constrói conceitos
que são apenas seus e partem de sua própria forma de pensar.
A função simbólica dá condições ao surgimento da linguagem,
que se forma a partir da relação afetiva e social com o outro.
Um pouco mais sobre o período sensório-motor
Entretanto, os “pré-conceitos” da criança são bastante individualizados em princípio, o que a faz produzir
monólogos, porque ainda tem dificuldade em ajustar seus pensamentos aos dos outros.
Inicialmente, só consegue pensar a partir de seu próprio ponto de vista; a isto, Piaget chama de “egocentrismo”.
EGOCENTRISMO
Transdução
A criança distorce a realidade para justificar seu ponto de vista; não distingue o subjetivo do objetivo.
Piaget analisa diversos aspectos deste pensamento peculiar.
TRANSDUÇÃO
Quando acontece x, então acontece y, apesar de não haver, necessariamente, relação entre os fatos.
Por exemplo: “Quando papai compra banana, o cachorro late”.
É uma ligação que a criança faz, mas que não tem verdade, relação casual:
Transdução por justaposição
a) JUSTAPOSIÇÃO: É como a criança explica causa e efeito, sem necessária relação.
O que faz o motor funcionar ?A fumaça.Que fumaça ?A fumaça da chaminé.
Transdução por sincretismo
b) SINCRETISMO: É o pensamento que surge através da concentração no todo de uma experiência,
sem relacionamento do todo com as partes.
Eu não consigo chutar a bola porque ela é vermelha.
Como a criança só consegue raciocinar a partir de sua própria realidade, isto é, do
mundo que construiu até então, seu pensamento e, consequentemente, sua verbalização
vão apresentar certas características típicas dessa etapa.
Verbalização com base no animismo
1) ANIMISMO: É a tendência que a criança tem de dar vida e consciência aos seres inanimados.
Se a criança não distingue o mundo físico do mundo psíquico e não percebe os limites entre o seu eu e o mundo
exterior, considera como vivos um grande número de corpos que são inertes. A isto se chama animismo.
Eu sei que estou
rolando ...
Estou bem
carregado ...
Enxergo as
pessoas com meus
raios ...Observarmos que, com frequência,
a criança considera vivo tudo o que
se move: nuvens, bicicleta, relógio.
Quase todas as crianças crêem que
o sol e a lua seguem-nas.
Verbalização com base no artificialismo
2) ARTIFICIALISMO: A criança considera as coisas como o produto da fabricação humana.
Por uma lado, as coisas são vivas; por outro, são fabricados.
“Na verdade, não existem questões absurdas para as crianças. Imaginar de onde saiu o sol não as embaraça mais
do que imaginar de onde vêm os rios, as nuvens ou a fumaça”. (PIAGET, c 1926, p. 207)
Como o sol começou?Com o fogo.E ele veio de onde?De um fósforo.Como o sol ficou grande?Porque nós crescemos.Quem faz o sol crescer?As nuvens.E nós?Porque a gente come.O sol come?Não.Como as nuvens fazem o sol crescer?Porque elas também crescem.
(PIAGET, c 1926, p. 209)
Verbalização com base no finalismo
3) FINALISMO: Na concepção da criança, todas as coisas existem para alguma coisa.
É para subir.O que é uma montanha?É para andar de barco.O que é um lago?É para dormir.O que é a noite?É para molhar.O que é a chuva?
Diante da necessidade de definir seu pensamento, a criança cria um mito.
As coisas são feitas por nós e para nós. O intencionalismo infantil repousa sobre
a ideia de que tudo na natureza tem uma razão de ser e uma função de exercer.
O pensamento pré-lógico
O animismo, o artificialismo e o finalismo são três artifícios de pensamento complementares e devem-se ao egocentrismo
típico dessa fase, que faz com que a criança desenvolva seu raciocínio a partir de suas próprias experiências.
Em seus argumentos, a transdução é observável, pois a criança não dispõe de um referencial mais amplo,
o que a obriga a usar seu próprio referencial ainda restrito.
Esse pensamento não pode ser chamado de ilógico,
pois a lógica ainda não se construiu.
Piaget chama tal pensamento de pré-lógico.
Para Refletir
1) O quê Piaget julga importante para que a criança suplante o pensamento pré-lógico pelo pensamento lógico?
2) Até qual idade, aproximadamente, se configura o período sensório-motor?
3) Qual a principal característica apresentada nos conflitos por brinquedos feitos pelas crianças?
4) Na transdução a criança distorce a realidade para justificar uma relação de causa e efeito. Elabore uma transdução.
5) Basicamente a transdução ocorre de dois tipos. Que tipos são estes?
6) Nas verbalizações das crianças fica evidente as transduções ocorridas. Elabore verbalizações utilizando:
a) animismo b) artificialismo c) finalismo
7) Por quê Piaget não considera as transduções como exemplos do pensamento ilógico?