CONHECIMENTOS DOS ALUNOS SOBRE O AMOR E A VIOLÊNCIA NO NAMORO Efetividade de uma Sessão de...
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CONHECIMENTOS DOS ALUNOS SOBRE O AMOR E A VIOLÊNCIA NO NAMOROEfetividade de uma Sessão de Educação
Helena Catarino (1), Maria dos Anjos Dixe (2), Márcia Lopes(3) ,Susana Pires(4)
1) Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, [email protected]
(2) Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, [email protected] (3) Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, [email protected]
(4) Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico de Leiria, [email protected]
Desenho do estudo
Delineou-se um estudo quantitativo quase experimental, de pré-teste e
pós-teste sem grupo de controlo, com o objetivo de avaliar a efetividade
de uma sessão de educação para a saúde sobre violência no namoro,
em alunos do 3º ciclo do ensino básico.
Foram aplicados os seguintes instrumentos de colheita de dados:
Questionário de caracterização sociodemográfica e da relação de
namoro, as Escalas de Comportamentos perante uma Situação de
Violência, Conhecimentos dos Alunos sobre a Violência nas Relações
de Namoro e Práticas e Comportamentos de Violência, validados para a
população portuguesa por Dixe et al. (2010) e a versão portuguesa da
Escala de Mitos face ao Amor de Catarino et al. (2011).
O protocolo de investigação foi implementado, após autorização da
Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, Direção da
Escola e Encarregados de Educação, durante o ano letivo de
2011/2012.
Participantes
Participaram no estudo, um total de 141 alunos (28,5% da população-
alvo) do 9º ano de escolaridade do Agrupamento de Escola D. Dinis,
Leiria selecionados por amostragem não probabilística de conveniência.
A amostra era constituída por jovens com idades compreendidas entre
os 13 e os 17 anos (M=14,56; DP= 0,75), maioritariamente do sexo
masculino, (51,1%). Do total, 28 (19,9%) alunos namoram, só 2 (1,4%)
referiram ter experienciado violência na relação amorosa, mas 30
(21,3%) mencionaram ter conhecimento de situações de violência no
namoro.
MITOS FACE AO AMOR Xmim Xmax M DP
1. Em alguma parte há alguém predestinado para cada pessoa (“tua cara-metade”)
1 5 3,2 1,1
2. A paixão intensa dos primeiros tempos de uma relação deve durar para sempre
1 5 3,1 1,1
3. O amor é cego 1 5 3,5 1,2
4. O casamento é a sepultura do amor 1 5 2,4 1,1
5. É possível ser feliz sem ter uma relação de namoro 1 5 3,7 1,1
6. Os ciúmes são uma prova de amor 1 5 3,2 1,2
7. Separar-se ou divorciar-se é um fracasso 1 5 2,3 1,1
8. É possível amar alguém que maltratamos 1 5 2,3 1,3
9. É possível maltratar alguém que amamos 1 5 2,3 1,3
10. O amor verdadeiro ultrapassa/aguenta tudo 1 5 3,8 1,2
Relativamente às crenças sobre o amor, em média, os níveis de
concordância mais altos estão associados aos mitos 3, 5 e 10 e os mais
baixos aos mitos 7, 8 e 9, estando estes últimos associados a
comportamentos de violência (Tabela 1).
Tabela 1. Nível de concordância quanto aos Mitos face ao Amor
Os dados revelaram que 25% dos alunos não sabe como pedir ajuda
sendo este valor inferior aos 38% dos estudantes na mesma situação
identificados pelo estudo de Knowledge Netwoks (2011). Após a sessão
de educação o número de alunos capazes de identificar meios de ajuda
aumentou de 73,1% para 94,2% revelando que a informação transmitida
teve resultados positivos. Verifica-se o aumento das atitudes proativas
perante um (a) amigo (a) que vivesse uma situação de violência no
namoro (Tabela 2).
Tabela 2. Atitudes dos alunos antes e após a sessão de educação
Constatou-se que a média dos conhecimentos dos alunos sobre
violência nas relações de namoro aumentou do primeiro momento
(M=37,5; DP= 6,0) para o segundo momento (M=39,9; DP=6,1), sendo
as diferenças estatisticamente relevantes entre as duas médias.
Concluiu-se que o nível dos conhecimentos aumentou depois de
realizada a sessão de educação (Figura 1).
Figura 1. Conhecimentos dos alunos antes e após a sessão de educação
Os resultados obtidos estão em consonância com os de Matos et al.
(2006) e Ribeiro (2008).
A violência é parte integrante do nosso quotidiano, surgindo sob as mais
variadas formas (Oliveira, 2009).
Em Portugal, a partir da década de 90 começou a verificar-se uma maior
consciencialização sobre a gravidade e dimensão do problema da
violência na intimidade e o seu alargamento a outros grupos específicos
como é o caso da violência nos setores juvenis (Caridade & Machado,
2006 citados por Ribeiro, 2008). Um número considerável de jovens já
foi vítima de violência nas relações de namoro, pelo que se deve
privilegiar a prevenção da vitimação de jovens (CIG, 2008).
A Educação pelos pares deve ser considerada como estratégia para
educação para a saúde (OMS citada por Carvalho, 2009).
Carvalho, C. (2009). Relatório da Campanha de Prevenção da Violência no Namoro: Eles & Elas…
pela Igualdade. In: Concurso Nacional “A Nossa Escola pela Não Violência”, Benedita.
Catarino, H., Custódio, S.; Leitão, M.; Silva , T. & Quaresma, M.H. (2011). Mitos face ao amor e
competências intrapessoais e interpessoais dos jovens. Referência, III Série, Vol 2, Suplemento,
pp741.
Dixe, R., Rodrigues, A., Freire, C., Rodrigues, G., Fernandes, M., & Dias, T (2010). A Violência de
Género na Relação de Namoro em Estudantes do Ensino Superior: Práticas e Comportamentos de
Violência. Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Saúde.
Matos, M., Machado, C., Caridade, S., & Silva, M. (2006). Prevenção da Violência nas Relações de
Namoro: Intervenção com Jovens em Contexto Escolar. Psicologia: Teoria e Prática, 8 (1), 55-75.
Knowledge Netwoks (2011). Love Is Not Abuse 2011 College Dating Violence and Abuse Poll.
Acedido em 20 de dezembro de 2011 em: http://www.loveisrespect.org/pdf/College_Dating_And_
Abuse_Final_Study.pdf.
Oliveira, M. (2009). Violência Intergeracional: da violência na família à violência no namoro.
Dissertação de Mestrado em Ciências Forenses. Universidade do Porto, Porto.
Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (2008). III Plano Nacional Contra a Violência
Doméstica 2007-2010. Lisboa: CIG, Presidência do Conselho de Ministros.
Ribeiro, M. (2008). Prevenção Primária da Violência: Construção, implementação e avaliação de um
programa de intervenção em contexto escolar. Dissertação de Mestrado em Psicologia.
Universidade Fernando Pessoa, Porto.
***
Face aos resultados, consideramos que a sessão de educação teve um
impacto positivo no nível de conhecimentos dos alunos sobre a violência
no namoro.***
A evidência científica aponta para a importância da implementação de
programas de educação, demonstrando a sua eficácia na prevenção da
violência e na sua aceitação nas relações de namoro. ***
A informação recebida ao longo da formação dos jovens tem implicações
na perceção e conceção da violência. Neste sentido, a intervenção de
enfermeiros integrados num projeto de saúde escolar terá um papel
preponderante na promoção de comportamentos saudáveis.***