Coluna prestes

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A Coluna Prestes Claudio Blanc

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A Coluna Prestes

Claudio Blanc

Projeto Memória Sindicato dos Padeiros

de São Paulo

Presidente: Francisco Pereira de Sousa Filho (Chiquinho Pereira) Coordenador: Aparecido Alves Tenório (Cidão)

Curador: Claudio Blanc www.padeirosspmemoria.com.br

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A Coluna Prestes

Depois que os rebeldes paulistas deixaram São Paulo, em 28 de julho de 1924, iniciaram uma marcha pelo interior do Estado na direção sudoeste. Entrando no Paraná, em setembro conquistaram Guaíra, Foz do Iguaçu (onde estabeleceram seu quartel-general) e depois Catanduvas. Aí permaneceram até abril de 1925, enfrentan-do em uma série de combates as forças federais comandadas pelo general Cândido Rondon.

No entanto, alguns líderes revolucionários como Juarez Távo-ra, João Alberto e Siqueira Campos, que retornara clandestinamente do exílio em Buenos Aires, foram ao Rio Grande do Sul para sincro-nizar a revolta militar que abriria naquele Estado uma nova frente de combate ao governo. Em outubro de 1924, a insurreição foi fi-nalmente deflagrada, com o levante, comandado pelo capitão Luís Carlos Prestes, do 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo. Ao mesmo tempo, tropas das cidades de São Luiz, São Borja, Alegrete, Guaçuboi e Uruguaiana também se sublevaram, comandadas, entre outros pelos tenentes Távora, Campos e João Alberto.

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Os líderes da Coluna Prestes

Obedecendo às ordens do general Isidoro Dias Lopes, as forças rebeladas no Rio Grande marcharam para Foz do Iguaçu. Em abril de 1925, depois de travarem com os legalistas vários combates nos quais perderam quase metade do seu contingente, as tropas gaú-chas chegaram finalmente ao seu destino. Logo a seguir, no dia 12 de abril, houve uma reunião para decidir os rumos da revolução. Entre outros, estavam presentes Isidoro Dias Lopes, Miguel Costa e Luís Carlos Prestes. Nessa ocasião, os oficiais decidiram pela estra-

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tégia de guerra de movimento, acreditando que as populações do interior iriam aderir à sua causa.

A junção da Coluna de Prestes com a Coluna Miguel Costa

Em consequência disso, foi formada a 1ª Divisão Revolucioná-

ria, comandada pelo general comissionado Miguel Costa e tendo como chefe do estado-maior o coronel comissionado Luís Carlos Prestes. Assim nasceu aquela que ficaria conhecida como Coluna Miguel Costa-Prestes ou simplesmente Coluna Prestes, segundo

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Hélio Silva, "à época, a mais importante demonstração de guerrilha do continente".

A coluna era composta de quatro destacamentos, comanda-dos por Cordeiro de Farias, João Alberto, Siqueira Campos e Djalma Dutra. Também ficou decidido na reunião que, devido à idade avan-çada, o general Isidoro partiria para a Argentina, onde deveria coor-denar a ação dos revolucionários exilados e tentar fomentar um levante no Sul do país.

A coluna concluiu a tra-vessia do rio Paraná em fins de abril de 1925 e penetrou no Paraguai, evitando as tropas legalistas, rumo a Mato Grosso. Em seguida, percorreu Goiás, entrou em Minas Gerais e re-tornou a Goiás. Seguiu em dire-ção ao Nordeste e em novem-bro atingiu o Estado do Mara-nhão; em dezembro, penetrou no Piauí, chegando a ameaçar a cidade de Teresina. Rumando então para o Ceará, a coluna teve uma baixa importante: na serra de Ibiapina, Juarez Távora

Juarez Távora

foi capturado. Jorge Amado, em seu livro "O Cavaleiro da Esperança – Vida de Luís Carlos Prestes", celebra a travessia: "Nessa campanha de três Estados, Prestes se encontrou com o im-paludismo. Antes, fora a praga das sarnas que batera sobre a Colu-na (...) na travessia do Rio Piauí, quando das grandes chuvas , o im-paludismo derrubou quatrocentos homens da Coluna. Prestes mar-

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chava com febre".Em janeiro de 1926, a coluna atravessou o Ceará, chegou ao Rio Grande do Norte e, em fevereiro, invadiu a Paraíba, enfrentando na vila de Piancó forte resistência comandada pelo padre Aristides Ferreira da Cruz, líder político local.

Depois de ferrenhos combates, a vila acabou ocupada pelos revolucionários. Em fevereiro daquele ano, os rebeldes chegaram a Pernambuco, onde esperavam receber a adesão de mais forças. Isso, porém, não se concretizou, pois o Tenente Cleto Campelo, que se uniria à coluna, e os demais rebeldes pernambucanos foram ven-cidos e mortos pelas tropas governistas.

Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os revolucionários pro-moviam comícios e divulgavam manifestos contra o regime oligár-quico da República Velha e contra o autoritarismo do governo de Artur Bernardes, que mantinha o país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1922. Mas a ideia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfa-zendo durante o trajeto na região Nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, a coluna não encontrou nas populações do interior o apoio que pensava que encontraria.

Havia ainda uma forte propaganda feita pelo governo e pelos coronéis contra a coluna, o que obteve grande efeito na população, que acreditavam que os rebeldes eram um grande agrupamento de bandidos e assassinos. O Maranhão e o Piauí foram os Estados que mais se mostraram receptivos aos revolucionários, tendo havido adesão significativa de seus habitantes à marcha.

De Pernambuco, a Coluna seguiu para a Bahia, uma das tra-vessias mais turbulentas. Prestes e seus seguidores foram duramen-te perseguidos por jagunços dos coronéis da região.

Minas Gerais foi ocupada pelos rebeldes em abril. Mas sem conseguir manter a posição, eles executaram uma estratégia bem sucedida: o "Laço Húngaro", mais uma ação para desviar a atenção

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das tropas legalistas, no rio São Francisco. (Box: As Potreadas - As potreadas eram missões audaciosas, formadas por alguns rebel-des, que se destacavam temporariamente do resto do efetivo à procura de informações a respeito de tudo o que envolvia a colu-na. Também conseguiam carne para os rebeldes, de animais abati-dos dos rebanhos que encontravam. Enganavam os inimigos, que achavam que onde as potreadas estavam, estaria toda a coluna.) Dessa forma, entraram novamente em território baiano. Então, a coluna retornou a Pernambuco, Piauí, noroeste da Bahia, Goiás, reforçando os objetivos da campanha e frustrando os planos gover-nistas de destruí-la.

Em outubro de 1926, a coluna finalmente chegou de volta a Mato Grosso. Àquela altura, o estado-maior revolucionário decidiu enviar Lourenço Moreira Lima e Djalma Dutra à Argentina, para consultar o general Isidoro Dias Lopes quanto ao futuro da coluna: continuar a luta ou rumar para o exílio.

Entre fevereiro e março de 1927, afinal, depois de uma penosa travessia do Pantanal, parte dos rebeldes, comandada por Siqueira Campos, chegou ao Paraguai, enquanto o restante ingressou na Bolívia.

Por causa das condições precárias da coluna, a desarticulação de movimentos revolucionários que deveriam ter ocorrido no sul e as instruções de Isidoro, levadas pelos emissários à Bolívia e ao Pa-raguai, os revolucionários decidiram se exilar. Durante sua marcha de quase dois anos, haviam percorrido cerca de 25.000 quilômetros, sem nunca terem sido vencidos.

Miguel Costa seguiu para Libres, na Argentina, enquanto Pres-tes e mais duzentos homens rumaram para Gaiba, na Bolívia, onde trabalharam por algum tempo para uma companhia inglesa, a Boli-via Concessions Limited.

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A Coluna de Prestes na Bolívia

Mesmo sem conseguir sensibilizar as classes mais desfavore-

cidas, a Marcha serviu para conscientizar as elites – e os próprios tenentes – da existência de um outro Brasil. Como os demais seto-res dessa elite, os tenentistas tinham uma visão pequeno-burguesa, que não reivindicava reformas substanciais. Ao longo do caminho, porém, em contato direto com a realidade do interior do Brasil – uma colcha de retalhos, dividido em domínios oligárquicos, submer-so em servidão humana – surgiram questões com maior profundi-dade, como o problema agrário, que começaram a fazer parte do universo dos revolucionários.

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Prestes e parte do comando da Coluna quando exilados na Bolívia Os 1.500 homens liderados por Luís Carlos Prestes e Miguel

Costa (dos quais 630 completaram a marcha) não conseguiram der-rubar o governo. Ainda assim, a reputação de invencibilidade que adquiriram, sua coragem e a sinceridade de intenções que mantive-ram na marcha de 25 mil quilômetros tornou sua saga vitoriosa. Mais que isso, abalou a ponto de ruir as já instáveis fundações da Velha República.

As Lendas da Coluna Entre as lendas à respeito da Coluna Prestes, a mística serta-

neja acreditava que os rebeldes tinham o corpo "fechado" e que uma feiticeira cuidava da coluna. Além disso, acreditava-se que

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havia uma máquina portátil na qual os revolucionários fabricavam balas. Houve quem corresse para ver a Princesa Isabel, que estaria acompanhando a Coluna!

As Mulheres da Coluna A princípio foi vetada pelo próprio Prestes a permanência de

mulheres na coluna, mas essa ordem não foi respeitada. Elas acaba-ram sendo aceitas, exceto no destacamento de Siqueira Campos – “o mais disciplinado e disciplinador dos oficiais da coluna" –, aju-dando os homens a cozinhar, trabalhando como enfermeiras e até mesmo combatendo.

Alguns dos líderes da Coluna Prestes

Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 1898 – Rio de Janeiro, 1990).

Engenheiro militar, tomou parte das reuniões preparató-rias do levante tenentista de 1922. No entanto, não chegou a participar das ações, pois estava doente. Transferido para o 1º Batalhão Ferroviário, em Santo Ângelo, RS, envolveu-se no mo-vimento revolucionário de 1924, liderando as guarnições do inte-rior do Rio Grande do Sul que se sublevarem. Derrotados, os rebeldes gaúchos rumaram ao

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Paraná, onde encontraram as forças paulistas, formando a Coluna Prestes, comandada por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa. Por quase dois anos a coluna percorreu cerca de 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil, deixando o território brasileiro em fevereiro de 1927, internando-se na Bolívia. A coluna proporcionou a Prestes enorme prestígio militar e político, valendo-lhe o título de Cavaleiro da Esperança.

Na Bolívia, Prestes fixou-se em La Gaíba e assinou contrato com a Bolivian Company Limited para trabalhar, junto com cerca de 400 homens que ainda permaneciam sob seu comando, em obras de saneamento e abertura de estradas. No final de 1928, transferiu-se para a Argentina, onde atuou como engenheiro. Nessa época, estudou o marxismo e aderiu ao socialismo, travando contato com importantes líderes comunistas.

Foi assediado por seus antigos companheiros para aderir à campanha presidencial da Aliança Liberal. Manteve dois encontros com Getúlio Vargas em Porto Alegre, para onde se dirigiu clandesti-namente, mas o político e o guerrilheiro não chegaram a qualquer acordo. Depois da derrota eleitoral de Vargas, em março de 1930, foi novamente procurado por líderes da Aliança, que o convidaram a assumir a chefia militar do movimento que se preparava contra Washington Luís. Mas Prestes achava que o movimento não resulta-ria em nada além de uma simples troca de oligarquias no poder e se negou a apoiá-lo.

Em novembro de 1931, foi morar na União Soviética a convite do governo daquele país. Lá, trabalhou como engenheiro e dedicou-se ao estudo do marxismo-leninismo. Foi aceito, em agosto de 1934, como membro do PCB. Logo depois, participou de uma reunião em Moscou na qual decidiu-se promover uma revolução armada no Brasil, cabendo a Prestes dirigi-la. Assim, em dezembro daquele

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ano, deixou a União Soviética com destino ao Brasil, acompanhado por Olga Benário, com quem se casara.

O cavaleiro da esperança, Luis Carlos Prestes

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Em princípios de 1935, foi fundada no Brasil a Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente política que aglutinava tenentes decepcio-nados com o governo Vargas, socialistas e comunistas, unificados por um programa de conteúdo antifascista e anti-imperialista. Pres-tes foi aclamado presidente de honra da organização. Sempre na clandestinidade, assistiu ao crescimento da ANL nos meses seguin-tes e buscou restabelecer antigos contatos nos meios militares para desencadear a revolução. Em julho, divulgou manifesto em que pregava a derrubada do governo e exigia todo o poder à ANL. Var-gas aproveitou a ocasião para jogar a organização na ilegalidade. Em novembro, a insurreição teve início em Natal (RN), logo seguida por guarnições do Exército em Recife e no Distrito Federal. O governo, contudo, controlou facilmente a situação e desencadeou violenta repressão aos grupos de oposição. Em março de 1936, Prestes e Olga Benário foram presos. Meses depois, Olga, grávida, foi entre-gue pelas autoridades brasileiras ao regime nazista da Alemanha, onde morreu executada. A filha do casal, Anita Leocádia Prestes, nascida em um campo de concentração nazista, acabou sendo res-gatada por sua avó paterna, depois de uma campanha internacio-nal.

Em 1943, ainda na prisão, foi eleito secretário-geral do PCB. Com a redemocratização do país em 1945, foi libertado, ao mesmo tempo em que o PCB conquistava a legalidade. Nesse momento, aproximou-se de Vargas, que segundo ele deveria conduzir a re-constitucionalização do país, bem como o processo de sucessão presidencial. Nas eleições realizadas em dezembro daquele ano, elegeu-se senador pelo Distrito Federal e participou da elaboração da nova Constituição do país.

Em maio de 1947, o PCB teve seu registro cancelado, e seus parlamentares, entre eles Prestes, foram cassados. Voltou, então, a viver na clandestinidade.

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No começo da década de 60 deu apoio ao governo de João Goulart. Com o golpe militar de 1964 e a volta do país ao regime ditatorial, foi obrigado, mais uma vez, a viver na clandestinidade, exilando-se, em 1971, na União Soviética. Voltou anistiado ao Brasil em 1979. Na década de 80, apoiou o Partido Democrático Trabalhis-ta (PDT).

Miguel Crispim da Costa Argentino naturalizado

brasileiro, iniciou sua carreira como soldado da Força Pública de São Paulo, onde chegou ao posto de oficial da cavalaria. Teve participação destacada, em julho de 1924, no levante de São Paulo. Como resultado do movimento, ele se tornou um dos líderes da Coluna Mi-guel Costa - Prestes. Depois da marcha revolucionária, fixou-se na Argentina. Em 1930, deu apoio ao movimento que der-

rubou o presidente Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao po-der. Com o início da Revolução Constitucionalista em julho de 1932, em São Paulo, à qual se opunha, foi preso, sendo libertado somente após a derrota do movimento.

Nos anos seguintes afastou-se, gradualmente, de Vargas. Em 1935, aderiu à Aliança Nacional Libertadora (ANL). Embora não te-nha participado diretamente dos levantes deflagrados, em novem-

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bro, acabou preso, perdendo a cidadania brasileira e a patente de general honorário de Exército, títulos que só recuperou pouco antes de morrer.

Antônio de Siqueira Campos

Militar, foi um dos líderes,

em julho de 1922, da revolta do Forte de Copacabana. No ano seguinte retomou as atividades revolucionárias sublevando uma guarnição do Exército em São Borja (RS). Em seguida, juntou-se ao grupo de rebeldes lidera-dos por Luís Carlos Prestes, e se tornou líder de um dos quatro destacamentos da Coluna Pres-tes. Depois da marcha de 25 mil km, fixou-se em Buenos Aires e procurou reagrupar os revoluci-onários brasileiros exilados na

Argentina e no Uruguai. Em 1929, iniciaram-se os entendimentos entre os militares rebeldes e políticos dissidentes que formaram a Aliança Liberal. Apesar das restrições que fazia a uma aliança com representantes das oligarquias contra as quais havia combatido durante anos, Siqueira Campos foi designado para preparar um levante na capital paulista. Descoberto pela polícia, fugiu de volta a Buenos Aires.

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Morreu em maio de 1930, antes da revolução ser deflagrada, quando o avião em que retornava ao Brasil caiu nas águas do rio da Prata.

João Alberto Lins de Barros (Recife, 1897 – Rio de Janeiro, 1955)

Militar, tomou parte na preparação do levante tenentis-ta de 1922, mas não participou da insurreição. Mesmo assim foi preso por cinco meses. Engajou-se nos levantes defla-grados no interior do Rio Gran-de do Sul, a partir de outubro de 1924. Comandante de um dos quatro destacamentos da Coluna Prestes, desempenhou papel de destaque na marcha. Após o fim da campanha, re-gressou ao Brasil, onde viveu na clandestinidade, e estabeleceu contato com os políticos da Aliança Liberal. Com a derrota de Vargas nas eleições de 1930, participou do movimento revo-lucionário que derrubou o pre-

sidente Washington Luís em outubro daquele ano. Foi, então, no-meado por Vargas delegado militar da revolução e, mais tarde, in-terventor federal de São Paulo, medida que gerou uma grande crise

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entre o novo governo e os grupos dirigentes paulistas. Sua gestão foi marcada por medidas polêmicas, como a autorização para o funcionamento do Partido Comunista do Brasil (PCB) e a ameaça de confisco das fábricas que não acatassem as medidas sociais decre-tadas. Ao mesmo tempo, buscava aproximar-se dos cafeicultores. Junto com Miguel Costa, que passou a comandar a Força Pública estadual, organizou a Legião Revolucionária, partido político que buscava promover a mobilização de massas em apoio ao novo regi-me. Por causa disso, seu governo, que terminou com sua deposição em julho de 1931, foi marcado por fortes tensões.

Em abril de 1932, assumiu a chefia de polícia do Distrito Fede-ral. Em 1934, elegeu-se deputado federal constituinte por Pernam-buco, pelo Partido Social Democrático. Em 1935, iniciou um período de missões diplomáticas, que se estendeu até o início da década seguinte.

Em março de 1945, foi designado novamente para a chefia de polícia do Distrito Federal e passou a defender a redemocratização do país. Assim, opôs-se, como chefe de polícia, às manifestações que reivindicavam a permanência de Vargas no poder. Sua substi-tuição nesse cargo por Benjamin Vargas, irmão do presidente, foi o estopim para a deflagração do golpe promovido pela cúpula das Forças Armadas em outubro de 1945, que culminou com o afasta-mento de Vargas da presidência.

Em 1947, elegeu-se vereador no Distrito Federal, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). No início da década de 50, participou do segundo governo Vargas, ocupando cargos técnicos.

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