Collapse Underground Art #05

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COLLAPSE UNDERGROUND ART - 1

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Agora no ar: Collapse Underground Art #05 Com Ocultan, Jackdevil, Land of Tears, Vomitfication, Antimídia, Púrpura Ink, Sangrena, Chafun Di Formio, Void of Sun, Lascia e muito mais... Confiram!!!

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DIVERSIDADECULTURAL

ExpedienteEditor responsável: JP Carvalho - Jornalista Responsável: Laryssa Martins MTb: 52.455 Colaboraram nesta edição: Carol Bannwart, Christophe Correia, Gerson Camera, Julie Sousa, Marcos Garcia, Panda Reis e Vlademir Gonzales.Assessoria de Imprensa: Metal Media (www.metalmedia.com.br)A revista Collapse Underground Art é uma publicação digital, de atualização permanente. O conteúdo editorial é produzido pela equipe de redação e as imagens cedidas por representantes ou assessorias de imprensa. Todo o conteúdo é protegido pelas leis que regulamentam o Direito Autoral e a reprodução (de parte, ou completa) das matérias. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a postura ideológica da publicação. Envie sugestões, comentários e críticas para a revista:E-mail: [email protected] ou para Rua Nilo Luis Mazzei, 66 - Vila Guilherme - São Paulo - SP - CEP: 02081-070.

ReleasesPágs. 32, 33, 34 e 35

Sangue NovoVoid of SunPágs. 36 e 37

EntrevistaVomitificationPágs. 38 e 39

EntrevistaAntimídiaPágs. 40 e 41

EntrevistaPúrpura InkPágs. 42, 43 e 44

EntrevistaChafun Di FormioPágs. 46, 47, 48 e 49

EntrevistaLand of TearsPágs. 50, 51, 52 e 53

EntrevistaJackdevilPágs. 54, 55 e 56

ArtigoAforismos doPai MarcãoPág. 57

Artigo...ao caos...Pág. 4

ArtigoThe RessinestesiaPág. 5

ArtigoUnderground´s VoicePágs. 6 e 7

Matéria de CapaOcultanPágs. 8, 9, 10, 11 e 12

EntrevistaSangrenaPágs. 14, 15 e 1615 e 16

EntrevistaMaze of TerrorPágs. 18 e 19

EntrevistaLasciaPágs. 20, 21 e 22

EspecialA História da Harley-DavidsonPágs. 24, 25, 26 e 27

EspecialA CondessaElizabeth BathoryPágs. 28, 29 e 30

Segundo a sociologia, diversidade cultural diz respei-to a variedade de culturas antrópicas, através das mais

variadas manifestações, sendo ela a dança, a música, tradi-ções religiosas e organizações sociais. Muitas vezes essas manifestações mostram idiossincrasia de um povo, ou de um grupo.

Por diversidade, compreendemos os diferentes níveis de profundidade nas diferentes forma de agir nas ações sociais, que mesmo que sigam um determinado padrão, somos capazes (e felizes) de perceber uma vasta quanti-dade de ideias nessas manifestações, e claro que a troca de informações e experiências, engrossa o molho para o enriquecimento e para essa vivencia, temos a capacidade de absorver as diferentes manifestações ou comportamen-tos que se apresentem, e com isso, absorver o que perce-bamos ser melhor e que mais se assemelham a nossa vida cotidiana.

A música, talvez seja a forma mais diversa e a mais popular de todas essas manifestações, é através dela que nos motivamos ao convívio social e nos inserimos num determinado grupo e passamos a ser reconhecidos como parte de uma comunidade e através disso, num primeiro momento, ficam claras as várias faces do mundo a nossa volta, afinal de contas é muito fácil determinar um indivi-duo ou grupo através da música que ouvem, e também pe-las ruas roupas e pelo seu comportamento, e mesmo sendo parte de um mundo, criado e motivado pela paixão deles, existe em cada um, uma característica que traz a tona nossa individualidade.

E é ai que se encontra a beleza do ser humano, com essa capacidade de não apenas criar, mas de transformar e enriquecer o que já é bonito por si só.

JP Carvalho

DIVERSIDADECULTURAL

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Por: Panda Reis

...AO CAOS...

Ainda me lembro de quando eu era um moleque na peri-

feria da zona sul de São Paulo, eu estava na primeira série do que hoje é chamado de ensino fundamental, e mesmo sem en-tender muito que estava acon-tecendo, era notório até para eu e meus irmãos, que éramos crianças, que algo realmente sério estava acontecendo ou para acontecer, percebíamos a movimentação na escola, as conversas dos professores nos corredores, sempre com sem-blante preocupados, as greves que estouraram pelo País era um ponto de percepção de que algo estava acontecendo. Meu pai era eletricista em fabrica de metalúrgica, e mesmo sem falar nada do que estava acon-tecendo ou mesmo o que estaria o afetando para deixá-lo mais preocupado do que o normal, era perceptível algo tenso no ar, mesmo para um moleque como eu. Recordo-me que durante es-sas greves e movimentações do início dos anos 80, éramos dis-pensados algumas vezes e em uma dessas vezes ouvi as pes-soas falarem que aconteciam embates físicos entre a Polícia e os trabalhadores, em outra ocasião, pode-se ouvir, pais de alunos mais abastados, afirma-rem que estavam quebrando tudo e que viriam quebrar a es-cola (sensacionalistas de direita existem faz tempo).

Nos anos 80, todo e qual-quer trabalhador tinham uma forte simpatia pelo PT, isso se não fosse filiado ou partidário, naqueles anos dirigentes sindi-cais , intelectuais de esquerda, católicos da Teologia da Liber-tação e até alguns punk se apro-ximaram do PT, por ser esse o sopro que mais se aproximava do desejo do proletariado, o partido nascerá no subúrbio, na periferia da cidade (tecni-camente falando) e esse recém fundado partido que tinha uma figura emblemática como cara principal (barbudo, operário e nordestino) e fazia do partido legitimamente do povo.

A traição do PT ou apenas política neoliberal ?!O início corroborava pra

isso, pois a aproximação de seus fundadores com os movimentos sindicais (como da Conferência das Classes Trabalhadoras - CONCLAT, que era o embrião da CUT) e uma visão socialis-ta, anti-stalinista, trotskistas e a similaridade (talvez proposital a meu ver) sindical com mo-vimentos da Europa, como o SOLIDARNOSC da Polônia, ver nascer o Partido dos Tra-balhadores como representante legítimo do povo trabalhador e proletário, a faceta radical de postura anticapitalista, anti-usa e contra a burguesia, fez os nor-te americanos ficarem assusta-dos com o metalúrgico sem o dedo, barbudo que declarava a todo instante que romperia com o FMI e não pagaria a dívida externa, que no período era incalculável para um moleque como eu, mas mesmo sem sa-ber nada, percebia que aqueles do partido vermelho, da estrela, davam um equilíbrio a nossa nova, sensível e ideológica re-cém democracia, claro que não era possível saber exatamente por que naquele momento.

Então eis que fui crescen-do e junto comigo o PT foi se modificando, moldando-se as novas aspirações políticas e pessoais de cada integrante re-levante do partido, até que em determinado momento ele se liberalizou, não era mais aque-le partido do proletário puro, o ateísmo foi perdendo espaço para declarações e aproxima-ções com pessoas, partido e ins-tituições que antes eles mesmo repudiavam, a técnica escolhida por eles deu certo, quando um PT, um Lula, muito mais do-mesticados e menos socialistas, ganhou a eleição presidencial em 2002, isso me fez entender por que do processo gradativo de se tornar menos vermelho, trocaram a oposição ao sistema, por fazer parte dele e, mesmo que tenham caráter social mui-to mais forte e atuante que seus antecessores, passou a governar para o sistema neoliberal e para a política internacional, esque-cendo o calote que dariam no FMI, muito pelo contrário, fo-ram eles que pagaram a dívida externa, e ao invés de se afasta-rem dos USA, se aproximaram ainda mais. Era notável que o Partido dos Trabalhadores não era mais tão vermelho assim e abriram caminho para uma opo-sição de direita que dura até os dias de hoje, se tornando cada

vez mais reacionária e a favor das elites capitalistas.

Existe uma maneira muito clara de se notar a mudança do PT, basta ver as alianças coliga-ções feitas em todas as eleições presidenciais que eles partici-param, isso fica transparente ao ver as “siglas” partidárias .

Em 1989 a coligação era: PT, PSB e PC do B.

1994 a coligação foi: PT, PSB, PC do B, PPS, PV e PSTU.

Nas eleições de 1998 a co-ligação presidencial era: PT, PDT, PSB, PC do B e PCB.

No ano em que eles chega-ram ao poder pelo voto popular, a coligação mostra um desejo, uma esperança de mudança por parte do povo, mesmo eles mostrando a tendência política que seguiriam com a coligação: PT, PL, PC do B, PMN e PCB.

Nas próximas eleições a tendência em coligar-se com partido que não necessariamen-te tinham a mesma ideologia político e social , fica evidente que a luta agora era pelo poder e não mais pelo povo, basta ver que entre 2006 e 2014 as coli-gações foram às menos espera-das possíveis, pelo menos para quem ainda acreditava na pos-tura socialista e antiliberal do partido e das pessoas do parti-do, basta ver que as coligações agora incluíam partidos como : PMDB, PR, PSC, PRB, PTC, PTN, PP, PROS, entre outros.

O que as pessoas que acreditavam no PT, não con-seguem entender ou perceber que eles não os traíram, não foi uma traição ideológica e política, nada disso, eles sim-plesmente evoluíram politica-mente como partido, evolução no sentido de quererem fazer parte do jogo capitalista e ne-oliberal que a globalização levou a todo o mundo, eles simplesmente fizeram exata-mente o que queriam como partido e como políticos, pois em um sistema capitalista não faz sentido ninguém governar para o povo de verdade, para a independência e emancipação da força produtiva dos traba-lhadores, caso contrário eles ruiriam junto com o sistema... E perante ruir com o sistema, que agora eles fazem parte in-tegralmente, sendo em alguns momentos mais liberais do que aqueles que por décadas criticaram. O PT um dia foi um partido socialista, mas não o socialismo real, não aquele que visava atravessar todas

as etapas do processo para se progredir para o Comunismo.

Hoje escuto muitos daque-les que viram o partido nascer, que viram os debates históri-co entre Lula e Maluf, Lula e Collor, que o PT os traiu, ou que foi contaminado pelo po-der, discordo! O PT sempre teve esse DNA que demonstra hoje, pois nunca foi um par-tido realmente revolucionário, antes os direitistas do mundo tinham medo de o Lula/PT chegarem ao poder e cumpri-rem a promessa de estatizar as empresas, romper com os USA e o FMI, ignorar a po-lítica neoliberal e fazer uma nação extremamente voltado para o povo mais pobre, mas se sentiram aliviados ao per-ceberem que era apenas o lado oposto da moeda capitalista/neoliberal e que todas as ma-nobras que agora aparecem pelo viés da corrupção, propi-na e maracutaias servem para manter as coisas exatamente como deveriam ser, ou seja, a velha pirâmide social, a dife-rença é que alguns mudam de posição piramidal.

Aqueles que acusam o PT de os traírem, estão errados. Eles estão fazendo exatamente o que aprenderam com a política e com os exemplos das democra-cias falacianas que temos.

O PT não vos traiu, eles apenas estão fazendo polí-tica da maneira mais PSD-Bista possível. Infelizmente nenhum país se tornou co-munista e nem pensaram na autogestão, todos pararam na ditadura do proletariado, e por aqui não foi diferente, porém com um viés liberal que con-taminou completamente qual-quer aspiração socialista que foi herdada por eles no início dos anos 80.

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the redsinestesia

Por: Carol Bannwart

Nos dias de hoje não é di-fícil ouvir argumentos

que desestimulam a produção musical em qualquer que seja seu estilo e aspecto, muito me-nos novidade ouvir dizer que é um mundo hostil, cheio de enganadores e poucas chan-ces de se dar bem. Caso esteja lendo isso e é músico, prova-velmente já acostumou muito bem aos comentários imper-tinentes e desnecessários so-bre o seu trabalho, quer dizer, nem isso! Afinal, “Música não é trabalho” e provavelmente em algum momento uma tia vai citar algo como a Síndro-me do Peter Pan, ou seja, que você não cresceu e ainda não é profissionalmente digno de respeito.

O mundo é competitivo, mas a Música tem algo espe-cial que nos faz brilhar mais nesse aspecto: somos obriga-dos a ter um ego de aço, não é por mal ou necessariamente por arrogância. Nosso traba-lho consiste em arrancar algo interno, totalmente lúdico! Impulsos nervosos, reações químicas e até estados altera-dos de espírito em energia so-nora, ou melhor, em um disco à venda. Compreende o quan-to temos que acreditar em nós mesmos? Compreende a ori-gem do ego de aço? Deixo cla-ro que é algo presente na Arte como um geral, mas aqui me proponho apenas a falar sobre Música.

Tomando o parágrafo acima como bagagem, per-mita-me desenvolver aqui a importância de um bom Equi-pamento de Som para um mú-sico, o que isso significa em termos práticos e o meu total desprezo por quem diz não ser algo primordial.

Um músico passa muito tempo estudando, se aperfei-çoando e no momento de se

“Música não é trabalho”apresentar, o equipamento de som é ruim, ou seja, o meio de transporte de seu produto é um carrinho de mão com o pneu furado. Pensa que fará diferen-ça se estudou muito ou pouco a música apresentada? O pú-blico ouvirá algo ruim, e tenha certeza que ele não pensará em pôr a culpa no Equipamento de Som ou no Técnico de Som, ele dirá para todos que você é um profissional ruim. É injusto? Não, não é injusto! Pois essa deve ser uma preocupação do músico, faz parte do trabalho. O comportamento descom-promissado com esse setor faz com que os técnicos de som e as casas de show não sejam co-brados nesse aspecto, resultan-do uma qualidade sonora ruim nos bares e casas de show do Brasil. Uma qualidade de som ruim, cria um público pouco exigente em termos de cultura musical, dá espaço para músi-cos de menor qualidade, já que o som vai ser ruim de qualquer jeito, o público não percebe a diferença. E é claro que os do-nos de Bares e Casas de Show vão preferir quem cobra me-nos, que no caso, são músicos amadores. Entende como um simples Equipamento de Som pode gerar um grande proble-ma de veio cultural? E essa fal-ta de cultura vai se manifestar em diversos aspectos, coisas que talvez você nunca tinha pensado até agora. Os detalhes nos distanciam cada vez mais de um Primeiro Mundo, muito mais do que se imagina. De-pois da globalização, o mundo tende a ficar cada vez menor, o que aumenta de colossalmente a busca por “um lugar ao sol”.

Propor uma grande mani-festação contra esses fatores que atrasam a cultura é algo tentador, mas não costumo tra-balhar com utopia. Se o músi-co não se dá ao respeito, bebe muito durante as apresenta-ções, não consegue fazer uma boa apresentação, se comporta como um Rockstar sem ainda ter ganho esse título, fica difi-cílimo nos defender as vezes. Se acaso se deparou com al-guma indignação pelo fato de ter sido citado o excesso de álcool, deixo claro um detalhe

de veio importante: a grande maioria dos Gênios da Música, começaram a se dar ao luxo de beber demais e fazer loucuras depois de já serem consagra-dos. O processo inverso tende ao fracasso, e não é apenas a minha opinião, meu caro lei-tor. É algo tão óbvio como pôr a mão sobre o fogo. Quan-do fazemos tudo da maneira correta, já corremos o natural risco de algo dar errado, se co-meçamos fazendo da maneira errada..., não te parece óbvio? É algo até matemático de tanta lógica que faz.

Sempre é importante dei-xar claro que a nossa função é servir às pessoas, trabalhamos para fazer a vida ser mais leve, pois ela pode ser uma carrasca às vezes. O ser humano ne-cessita de arte, às vezes isso é colocado de um modo tão ar-rogante que nos distanciamos do verdadeiro propósito das coisas, o que faz com que as

pessoas não vejam a importân-cia de um bom Equipamento de Som para uma boa execu-ção de nosso trabalho, não en-tendam que o show é para elas, coisa que faz com que elas es-queçam a gentileza e empatia em suas casas. Se o público tiver a plena convicção de que quando uma apresentação co-meça, nos tornamos todos um time, uma grande festa, uma celebração do que é estar vivo, ele cobrará um som de quali-dade, se tornará um público culturalmente apto a distinguir o respeito que você tem por ele, e assim, cada vez mais di-minuir a escola de um público mal educado, que vemos com tanta frequência, que nos fez acostumar a ouvir que “música não é trabalho”.

* Cantora e professorade canto.

E-mail: [email protected]

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UNDERGROUND´S VOICE

Por: Christophe Correia

Olá a todos irmãos! Esta será a segunda parte de um tra-

balho que começou na edição anterior que fala da evolução do Metal Português ao longo dos anos e que teve o contributo de Rui Alexandre (Terror Empire), Victos Matos (Web) e Augusto Peixoto (Head:Stoned / DUM) a quem volto a agradecer imen-so, uma vénia a estes senhores! Tempo para continuar o assunto com o Miguel Inglês (Equa-left) que dá a sua visão sobre os concertos/público atualmente: “Estamos numa era marcada por uma enorme variedade de bandas, concertos e festivais pelo país fora. Fica-se com a sensação que por vezes há um exagero de eventos/concertos á mesma hora, na mesma cidade, fazendo com que o público se disperse e em muitos casos seja escasso. É desolador ver bandas de qualidade em palco, sejam nacionais como internacionais a fazer actuações para casas praticamente vazias, muitas das vezes por culpa dos promotores que não planeiam os concertos de forma adequada á altura em que se vão realizar. É sempre bom haver muitos concertos para que o público não fique formatado e que tenha capa-cidade de escolha. Há só que tentar equilibrar a balança entre concertos e público de cada ci-dade.

O público português é do mais fiel e do mais emotivo que pode haver, por isso espero que continue a ser possível ver bastantes bandas durante o ano inteiro e que haja uma maior afluência do público em todos eventos. Há que deixar o con-forto das suas casa e usufruir da quantidade de concertos que há todas as semanas na sua cidade, as bandas precisam do público e o público das bandas. Todos

O Metal português - Parte IItemos que nos adaptar para nes-ta nova realidade e fazer um esforço para que a musica nao saia a perder.” Uma das pessoas mais experientes, conhecedoras e com mais histórias para par-tilhar, Jó (Theriomorphic) deixa também o seu testemunho sobre o que acontecia à vários anos: “Em finais da década de 80 e primeira metade da década de 90, os concertos de Metal não eram muito frequentes. Das ra-ras vezes em que algumas das bandas mais famosas, como os Iron Maiden, vinham a Portu-gal, juntavam-se milhares de fãs num pavilhão, para os ver.

Quando bandas mais pesa-das como Sepultura, Megadeth ou Slayer deram os primeiros concertos em solo português, as emoções iam ao extremo, chegando por vezes a haver intervenção do Corpo de In-tervenção (C.I.) da polícia. A ignorância dos seguranças e da polícia era enorme e o público era visto como um ajuntamento de marginais e toxicodependen-tes. Quem fizesse crowdsurfing e tivesse o azar de cair no fosso entre público e palco, era con-templado com agressões dos seguranças e expulsão do re-cinto. Ficou célebre um final de concerto de Sepultura em que o Max Cavalera pegou na sua gui-tarra e a lançou contra um se-gurança por este estar a agredir um fã. Os ânimos exaltaram-se, com a revolta do público e ban-da. O C.I. invadiu o pavilhão para conseguir expulsar toda a gente. Nessa época, uma grande parte dos apreciadores de Hea-vy Metal vinha dos subúrbios, de bairros problemáticos, mui-tos caíam no consumo de hero-ína e praticamente todos eram marginalizados pela sociedade mais conservadora, mesmo os mais calmos e pacíficos. Posso dizer que, das primeiras amiza-des que fiz com quem partilha-va a minha paixão pela música mais extrema, e com quem fui a alguns concerto, vários foram os que faleceram devido à dro-ga, directa ou indirectamente.

Nunca esqueço a experi-ência que foi o meu primeiro “grande” concerto, no dia 3 de Abril de 1988, domingo de Páscoa: Motörhead, Girlschool

e Destruction. Eu e um amigo que morava no mesmo prédio e com quem partilhei a desco-berta do Heavy Metal, comprá-mos o bilhete meses antes. No dia do concerto, os pais dele levaram-nos de carro ao mítico pavilhão do Dramático (Grupo Dramático e Sportivo de Cas-cais). Mal passámos em frente ao pavilhão, um indivíduo cla-ramente sob influência de qual-quer coisa, fosse legal ou não, atravessou-se à frente do carro e caíu para cima do capot. Os pais do meu amigo perguntaram: “Vocês têm a certeza de que querem mesmo ficar aqui?”. Com a ansiedade dos dias an-teriores, e apesar do ambiente inesperado e assustador em re-dor do pavilhão, não hesitámos em dizer que sim. Minutos de-pois, na fila para entrar, e sem a segurança da chaparia de um automóvel, a certeza já não era tanta. Estava um grupo à nos-sa frente e aproximámo-nos o mais possível para parecer que estávamos com eles. Dentro do pavilhão, das bancadas, a vista era impressionante, aqui e ali viam-se cenas de pancadaria no meio de um ambiente que estra-nhamente, era também de festa. Na fila à nossa frente, com um isqueiro e uma colher, alguém preparava heroína para injectar. Em vários momentos, o medo parecia mais forte, mas quando começou finalmente o concer-to, foi a loucura total. Nem me lembro de muito do concerto, porque passei grande parte do tempo a fazer headbanging fre-nético, de olhos fechados. Os Destruction, banda de abertura, terminaram o curto set e o pú-blico berrava por mais. Foram os próprios Motörhead a fazê--los voltar ao palco. Ainda hoje, a banda considera este um dos melhores concertos da sua car-reira. E eu testemunhei. No dia seguinte, não aguentava a dor de pescoço, mas a dor é tempo-rária, as memórias ficam. Eram experiências deste tipo que fa-ziam com que ir a um concerto fosse mais do que ir ouvir e ver música. Havia algo de ritualís-tico, que fazia com que não se pensasse em mais nada nos dias anteriores e não se conseguisse dormir nessa noite, à espera da

hora de ir para o concerto. E isso era relativamente cedo.

Normalmente, almoçava-se um pouco antes do que era ha-bitual, para sair logo de seguida para o ponto de encontro, onde se juntava um grupo de algumas dezenas, para iniciar a romaria até ao Dramático. Embarcáva-mos no comboio rumo ao Ros-sio. Já vinham grupos que en-travam nas estações anteriores e mais se juntavam nas seguintes. A Linha de Sintra em peso pare-cia convergir para Lisboa, para depois apanhar novo comboio e percorrer toda a Linha de Cas-cais e fazer depois a caminhada até ao pavilhão. Durante toda esta aventura, conheciam-se no-vos amigos com quem depois se mantinha o contacto e se troca-va música, para alimentar uma fome de Heavy Metal que nos devorava a todos. Mesmo nos concertos mais underground, com bandas nacionais, o ritual não era muito diferente. Almo-çar cedo e sair de casa para um concerto que por vezes decorria durante a tarde, o que permitia depois rumar ao Bairro Alto, ao saudoso Gingão, um peque-no bar que fez parte da história dos movimentos Punk e Metal portugueses. Aqui se concen-trava gente vinda de todos os arredores de Lisboa, como uma família dispersa por vários sí-tios que se reunia religiosamen-te ali, todos os fins de semana. Não era apenas uma questão de amizade. Muitos grupos tinham alguma rivalidade e os confron-tos eram frequentes. Mas ali era o nosso centro de informa-ção, era onde podíamos saber quando e onde havia um con-certo, onde circulavam flyers e mais conhecimento sobre tudo o que envolvia a nossa música. Trocavam-se números de tele-fone (hoje chamado de fixo), para pedir que nos avisassem quando houvesse um concerto algures. Anotávamos as datas, para não correr o risco de nos esquecermos, mas nem era ne-cessário, porque elas ficavam bem vivas na nossa memória e quando o dia chegava, prati-camente ninguém se esquecia. Era quase impensável não ir. A afluência era habitualmente boa, ter 200, 300 ou mais pes-

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Underground’s Voice: www.facebook.com/UndergroundsVoice - E-mail: [email protected]

soas num concerto desses, era normal. Não conhecer qualquer das bandas, também era normal. Ficávamos a conhecer no con-certo. Se eram boas ou más, nós estávamos lá na mesma no con-certo seguinte. Não sabíamos onde era, nem como lá chegar, mas mesmo sem Internet e GPS no telemóvel, sem carro próprio e, muitas vezes sem transportes públicos, sequer, descobríamos como lá chegar. E era toda essa luta que fazia com que houvesse uma paixão quase doentia pelos concertos. Tudo o que fazíamos para conseguir ir, tornava um concerto em algo muito especial e, no fim, só pensávamos em quando e onde seria o próximo. Uma das aventuras mais memo-ráveis que tive, desse género, foi em 1992. Havia um concer-to com Thormenthor, Dinosaur, Sacred Sin (primeiro concerto), Bowelrot e Exomortis, numa localidade chamada Pernelhas, que não sabíamos onde ficava, além de que era para os lados de Leiria, a uns 150 km de Lis-boa. Mas isso bastava. A Linha de Sintra tinha ligação com a Linha do Oeste, que passava em Leiria. Saímos de casa na manhã desse sábado, para apa-nhar o comboio das dez, no

Cacém. Chegados a Leiria, ou melhor, à estação de comboios que servia Leiria, descobrimos que tínhamos uma caminhada de cerca de 3 km pela frente, até à cidade. Feita essa caminhada, à entrada de Leiria, descobri-mos um restaurante onde fomos pedir informações sobre como chegar a Pernelhas. As senhoras do restaurante, pareciam achar que estávamos a brincar. Ainda perguntaram, talvez estranhan-do sermos um grupo de cerca de meia dúzia, se estávamos de carro. Ao dizermos que não, perguntaram, para confirmar: «Mas vocês vão a pé?» Perne-lhas distava entre 10 e 15 km de Leiria, o que ainda era uma longa caminhada, porque não havia transportes ou seriam muito escassos. Mas isso não era problema, ainda era cedo, tivemos ainda tempo de passar num pequeno centro comercial, onde havia uma loja de discos que tinha na montra um cartaz do concerto. O primeiro que nós vimos, porque tínhamos tido conhecimento através de um dos vários programas de Metal da rádio, dessa altura. Então decidimos que era hora de retomar o caminho. Ao fim de alguns quilómetros, passou

por nós um homem com uma criança, numa station e admira-do perguntou: “Vocês vão para Pernelhas?” Dissemos que sim e ele esclareceu que a sua mu-lher trabalhava no restaurante onde pedimos indicações e lhe falou em nós, mas ele achou que era uma brincadeira. Ofere-ceu boleia, na parte de trás, e lá fomos nós. Pela estrada, víamos mais peregrinos, que também se dirigiam para o local do concer-to e acenávamos, a gozar com o que ainda tinham de andar a pé. O concerto foi bom e tam-bém teve as suas peripécias, mas isso fica para um outro dia. No final do concerto, já com algum cansaço, tínhamos ainda uma longa caminhada até Leiria e depois mais um pouco até à estação. E desta vez, não havia boleia, eram umas duas da ma-nhã. Havia muita gente como nós, aliás, não acredito muito que houvesse alguém naquele concerto que fosse realmente de Pernelhas, uma pequena locali-dade no meio de nenhures. Por isso, toda a gente tinha de sair dali e só havia uma possibili-dade: marchar! Havia um com-boio para Lisboa que passava às 4:30 e dois do nosso grupo trabalhavam no dia seguinte.

A dada altura, resolveram ace-lerar para passo de corrida e acompanhei-os durante uma boa parte do trajecto. Depois, achei que não fazia sentido cor-rer, quando ainda vinha tanta gente mais atrás e eu não tinha de ir trabalhar a um domingo. Decidi abrandar e esperar pelos restantes amigos. Perdemos o comboio por 5 minutos, ainda o vimos ao fundo a fazer uma curva. Só havia outro comboio às sete da manhã, ficámos na es-tação e, nessa espera, conhece-mos novos amigos, que estive-ram ligados a algumas fanzines, bandas e editoras da História do Metal português. Cheguei a casa, sem pregar olho, cerca de 24 horas depois. Um dia inteiro para ir ver um concerto e voltar. Mas era um dia vivido em cheio e era assim que um concerto era muito mais do que ir ver umas bandas e beber umas cervejas. Era uma cerimónia de culto à nossa paixão e era tudo levado muito a sério. Termina assim o pequeno balanço da evolução que o Metal em Portugal sofreu ao longo dos anos, como tudo na vida, nem tudo foi bom nem mau. Continua a ser uma constante luta por uma causa superior... o amor ao Metal! Até breve!

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MATÉRIA DE CAPA

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Por: JP Carvalho

Count Imperium, da banda Ocultan, além de um lutador no cenário Black Metal nacional, é afiado

em suas declarações e dono de uma qualidade invejável, a sinceridade. Ele nos concedeu essa entrevista muito esclarecedora sobre sua banda e sua forma de ver e enca-rar o Underground e mundo. Confira agora nas palavras deste verdadeiro batalhador do cenário nacional.

Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.

C.Imperium: Eu que devo agradecer a Collapse Un-derground Art pela conversa! Antes de fundar o Ocultan, já tive passagens por duas bandas paulistas o Ossuary de 1990 a 1991, LuciferI de 1992 a 1994.

Em 1994 no início das atividades da banda eu exer-cia as funções de baixista e vocalista. Após o lança-mento de nossa segunda demo-tape, o então guitarrista Cerberus deixou a banda alegando problemas particu-lares. Foi então que assumi as funções de guitarrista e vocalista. Em 2001, após o lançamento do debut álbum Bellicus Profanus, nosso baterista Lord Fausto deixou a banda também por motivos particulares. Após sua saída encontramos muita dificuldade para encontrar um bate-rista que atendesse as nossas necessidades. Não tivemos alternativa, recrutamos um novo vocalista, eu passei a exercer a função de baterista. Em 2009 após a saída do vocalista Legacy resolvi assumir as funções de baterista e vocalista. No final de 2013 conseguimos encontrar um baterista que atendesse nossas necessidades, foi então que passei a me dedicar apenas aos vocais.

Com tantas mudanças de formação, como foi à luta para manter as características da banda e não permitir que o som mudasse radicalmente?

C.Imperium: É claro que quando ocorre à substituição de um determinado músico, de certa forma acabam ocor-rendo mudanças. Enfim cada músico possui suas próprias características. Sempre que ocorreram mudanças em nossa formação procuramos escolher uma pessoa que se encaixe dentro do contesto ideológico e musical da banda.

Com o passar dos anos nossa música sofreu algumas mudanças, que a meu ver foi de suma importância para a evolução da banda. Essas mudanças ocorreram de forma natural conforme as nossas necessidades. Sabemos até que ponto podemos chegar, e se algum integrante não está mais satisfeito e quer tocar algo diferente, é melhor que o mesmo de lugar para outra pessoa .

Qual é o processo de criação da banda? E como são desenvolvidas as letras?

C.Imperium: Lady of Blood (guitarrista) é respon-sável pela criação das músicas. Eu sou responsável pela parte lírica. Os demais integrantes possuem a liberdade para trabalhar na criação e evolução de seus instrumentos.

Todo o processo de criação de nossas letras provém do conhecimento que possuímos através de estudos e práticas ritualísticas.

Como você vê o cenário da música pesada nacional?

C.Imperium: Temos grandes bandas por aqui, que não perdem em nada para as bandas internacionais. In-felizmente a maioria dos produtores de shows e grava-doras do Brasil preferem trabalhar com artistas interna-cionais para obter maior retorno financeiro. E o público por sua vez prefere pagar R$ 300 para ver shows de bandas de fora e não paga R$ 15 ou R$20 para ver ban-das nacionais. Sempre que tem algum show com bandas nacionais, vejo que a maioria das pessoas reclamar que gostaria de ir, mas não vão porque estão sem dinheiro. Na semana ou mês seguinte tem show com banda inter-nacional, lá estão todos eles. Reclamam que o preço do ingresso esta caro e mesmo assim não deixam de marcar presença. Sem contar que na maioria das vezes pagam para assistir shows de bandas que estão tocando ali, e não estão dando a mínima para o público presente, só estão preocupados em encher seus bolsos de dinheiro.

Não seria cultural do brasileiro, enaltecer produ-tos de outra cultura e desmerecer a própria?

C.Imperium: Sim! Já está mais do que comprovado, que a maioria dos brasileiros pensa dessa forma. Infe-lizmente o povo só tem orgulho do próprio pais, ou da-queles onze brasileiros que nos representam durante os jogos da copa do mundo de futebol. Nessa época param o país, é comum ver bandeiras do Brasil hasteadas pelas ruas e casas. Gostaria de ver o brasileiro agir dessa for-ma durante o ano todo. Fora isso ninguém é valorizado por aqui. A verdade é que a maioria do povo brasileiro além de ser acomodado, também é covarde e omisso. As pessoas preferem parar o país e sair nas ruas para come-morar uma vitória no futebol, do que sair para protestar contra essa merda de governo corrupto que a cada dia que passa afunda cada vez mais o Brasil.

Ainda insistindo na política, você acha que esses planos de investimento cultural do governo são real-mente feitos para a minoria?

C.Imperium: Sim! O governo por sua vez tem que fazer uma coisa aqui outra ali para dizer que está dan-

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do apoio cultural. A verdade é que se o governo faz algumas coisas é apenas com o intuito de desviar o dinheiro publico.

Você e Lady of Blood são casados, isso interfere na hora da composição ou se torna muito mais fácil pela convivência diária?

C.Imperium: Esse é o tipo coisa que não se pode misturar. Quando temos que resolver qualquer coisa re-lacionada às atividades da banda procuramos deixar de lado esse fator.

Como você descreveria o cenário Black Metal brasileiro?

C.Imperium: Temos grandes bandas que não perder em nada para bandas gringas. Mesmo com a falta de apoio da mídia e público que dão preferência aos artistas internacionais o cenário esta cada vez mais forte. Sem-pre que posso compareço em shows e também procuro adquirir materiais de bandas nacionais. De certa forma fico muito chateado com a grande quantidade de bandas que estão à procura de selos para lançarem seus mate-riais. Infelizmente as portas parecem estar se fechando a cada dia que passa para as bandas mais desconhecidas. Não tenho dúvidas em afirmar que o maior culpado nes-sa historia é o próprio publico que em sua maioria acha que os gringos são melhores que nós brasileiros.

Para finalizar não podia deixar de citar esse bando de pau no cu, colecionadores de mp3, que conhecer e ouvem de tudo. Mas se recusam a comprar materiais ori-ginais de bandas que eles mesmos dizem gostar e apoiar.

Hoje uma banda vive muito mais do seu merchan-dising do que do lançamento do seu produto princi-pal, que é a música? Como é essa realidade dentro do Ocultan?

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C.Imperium: Acho muito difícil uma banda under-ground aqui do Brasil conseguir viver somente das ven-das de seu merchandising. Estamos passando por um momento complicado dentro do Underground. A grande maioria das pessoas não faz a mínima questão de ter ma-teriais originais das bandas. Lembro bem que há quinze anos atrás as coisas eram bem diferentes que nos dias atuais. O publico fazia questão de comprar o material di-reto com das bandas que vendia em media 25 a 30 CDs e 5 a 7 camisetas por shows.

Infelizmente hoje em dia as coisas mudaram, além dos gastos com as gravações de seus respectivos CDs. A maioria das bandas, principalmente aquelas que não são conhecidas acabam tendo que pagar de seu próprio bolso todos os gastos referentes as viagens, hospedagem e alimentação para poder tocar ao vivo. Por esse moti-vo acredito que é impossível retornar todos esses gastos com as vendas de seus materiais.

No caso do Ocultan optamos por quase não tocar ao vivo para evitar que tenhamos esse tipo de gasto. Prefe-rirmos tocar uma ou duas vezes durante o ano em shows que os produtores arquem com todos os gastos referen-tes a locomoção e estadia da banda.

Está é uma reclamação que, quase todas as ban-das fazem. Você acredita em uma mudança dessa mentalidade em um futuro próximo?

C.Imperium: Acho muito difícil as coisas mudarem, essa nova geração já se acostumou com essa onda de baixar mp3. A cada dia que passa vejo que os preços de CDs estão baixando. Ao acessar os sites de algumas gra-vadoras encontramos vários CDs de bandas excelentes sendo vendidos por R$15,00. As gravadoras já come-çaram a se mover abaixando seus preços na tentativa de estimular as vendas. Agora só falta o publico se cons-cientizar é fazer sua parte.

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O mais recente lançamento do Ocultan foi “Sha-dows From Beyond”, como foi à aceitação deste tra-balho pelo mundo?

C.Imperium: Esse álbum teve uma excelente acei-tação aqui no brasil! Recentemente foi lançado na Eu-ropa pelo selo Murdher Records da Itália. Apesar do pouco tempo de seu lançamento já estamos notando que também esta tendo por lá uma grande aceitação.

Além de que, agora em novembro teremos um

novo trabalho da banda lançado, tanto aqui como na Europa, o que você pode nos adiantar sobre este trabalho?

C.Imperium – Já estamos com todas as 7 musicas que fará parte do álbum finalizadas. Em breve divagaremos o nome do álbum e sua capa finalizada que esta sendo feita pelo tatuador e desenhista Allan Luiz Rodrigues.

As gravações terão o inicio no dia 8 de agosto. O lançamento está previsto para o mês de novembro de 2015.

Na parte musical ocorrerá algumas mudanças. As musicas estão mais frias e sombrias que em seu ante-cessor “Shadows From Beyond”.

As letras abordam temas sobre cultos relacionados

aos caminhos da mão esquerda. Como se deu o contato para que este álbum também

fosse lançado na Europa?C.Imperium: A Cerca de uma semana após termos

divulgado em nosso site e Facebook a notícia referen-te ao lançamento do novo álbum recebemos alguns e--mails de selos de outros continentes interessados por esse material . Analisamos as propostas de ambos os selos e optamos em fechar com o selo Warheart da Po-lônia, que fará o lançamento e distribuição do material pela Europa.

O Ocultan hoje, conta com uma representativa

discografia, além de ser um dos representantes do Black Metal em nosso país. Que tipo de sentimento você tem, quando olha para trás e vê a importância da banda para o cenário mundial?

C.Imperium: Ao longo desses quase 21 anos de estrada chegamos a passar por vários momentos com-plicados. Procuramos separar nossas vidas particulares das atividades da banda. Infelizmente aqueles que aca-baram deixando que seus problemas particulares inter-ferissem diretamente nas atividades da banda tiveram que ser substituídos.

Ao contrario de muitas bandas que com passar dos anos fizeram mudanças drásticas em sua musica e pos-tura visando ter maior reconhecimento por parte da mí-dia, nós sempre optamos por tocar e se envolver com aquilo que realmente se identificamos. Nunca se preo-cupados com a opinião da mídia em geral. Nunca pen-samos em mudar nossa musica ou postura para agradar esse ou aquele.

Me lembro bem que no final da década de 90 come-ço dos anos 2000 o Ocultan era uma das bandas mais criticadas pela mídia e publico.

Hoje em dia depois de ter passado por todas essas situações difíceis podemos dizer que se sentimos for-talecidos.

Independente de ser uma banda com certo tempo de carreira e contar com uma discografia representativa o Ocultan é uma banda que contribuiu muito em termos de mudanças para o Black Metal. Nunca tivemos receio de abordar uma temática que até então nunca tinha sido envolvida com o Black Metal. Seja aqui no Brasil ou em qualquer outro local do mundo que uma determina-da banda abordar temas relacionados a Quimbanda e seus elementos a essência do Ocultan estará presente.

Planos para o futuro?C. Imperium: No momento estamos se preparando

para dar inícios as gravações do próximo álbum, pre-visto para ser lançado em novembro de 2015.

Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.

C.Imperium: Eu que agradeço pela conversa que tivemos! Gostaria de agradecer a todos aqueles que verdadeiramente apoiam o Metal Extremo nacional.

Hail!

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Entrevista

Por: JP Carvalho

O Sangrena foi formado na cidade de Amparo-SP em agosto de 1998 por Luciano Fedel (vocal, guitarra)

e Fábio Ferreira (guitarra) que logo integraram Marcos (bateria) e Adriano Chersone (baixo) à banda.

Com essa formação o Sangrena gravou a sua primeira demo auto-intitulada com quatro músicas. Após alguns shows, no ano de 2000, o baterista decide deixar a ban-da sendo substituído por Rafael Costa. O Sangrena fez novas composições que no início de 2002 resultaram no lançamento da sua segunda demo chamada “Sanctuary of Fear”. Ainda neste ano, o músico Ricieri Geremias entrou na banda inicialmente como baixista até 2007 quando Luciano Fedel passou a tocar baixo e ele passou a tocar guitarra.

Mais uma vez o baterista resolve deixar o Sangrena. Após algum tempo Diego (Jacutinga-Mg), entra para o Sangrena, mas um acidente de trânsito impossibilitou que ele viesse até a cidade de Amparo para os ensaios (o cara destruiu o seu carro mas saiu ileso). Após o aciden-te a banda ficou parada durante alguns anos só voltando a compor em 2006 quando Alan Marques, que com mui-ta competência, assumiu a batera do Sangrena.

Em 2007 O Sangrena entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum chamado “Blessed Black Spirit”. Esse álbum conta com 11 músicas com muito peso e velocidade. Com influências de Morbid Angel, Slayer, Hate Eternal entre outras. O álbum “Blessed Black Spi-rit” foi lançado no final de 2009 pela Darzamadicus Re-

cords (Macedônia) e Sevared Records (USA). Ricieri Geremias deixa o Sangrena em 2012. Gustavo

Bonfá assume o posto de guitarrista, e com Luciano Fedel no baixo e vocal, Alan Marques na bateria e Fábio Ferrei-ra na guitarra completam a formação atual. E foi com este último que batemos um bapo que você confere a seguir.

Olá, muito obrigado pelo seu tempo e por nos con-ceder essa entrevista. Podemos começar falando do vídeo clipe de Infernal Domination, faixa extraída do álbum Blessed Black Spirit. Como foi o conceito para as filmagens?

Fábio Ferreira: Saudações. A produção de um vídeo para a música “Infernal Domination” era uma ideia que vinha desde 2009, época do lançamento do álbum Bles-sed Black Spirit no exterior. Essa música expressa nos-sa filosofia anti-cristianismo e o clipe conseguiu passar muito bem esse conceito. Ficamos muito satisfeitos com o resultado, superou nossas expectativas.

Além da excelente produção, o clipe mostra a banda tocando enquanto se desenrola uma história dramati-zada por atores, eu particularmente gostei muito das partes onde os atores e a banda aparecem juntos, mas sem interação sobre eles, o conceito era este mesmo?

Fábio: Sim, a ideia era exatamente essa, a música e a dramatização andando juntas mas sem interação. Tudo isso foi consequência do excelente trabalho do diretor--roteirista Felipe Filgueiras que desde nossa primeira

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reunião conseguiu captar a essência da música e da ban-da, e transportou isso pra vídeo.

Eu soube que vocês estão produzindo um novo álbum, o que vocês podem nos adiantar deste novo trabalho?

Fábio: Todas as músicas já estão compostas e arran-jadas. Estamos no processo de pré-produção e entrare-mos em estúdio em setembro para iniciar as gravações. Ainda não definimos o título do álbum e provavelmente terá 10 músicas.

Também, que vai ser um trabalho conceitual so-bre o maior matador de aluguel do Brasil, Júlio San-tana, e que vocês se basearam na obra de Klester Ca-valcanti, “O Nome da Morte” para criar o conceito, como foi o processo para desenvolver os temas?

Fábio: Exatamente. O Luciano Fedel (bx/vc) foi o primeiro que leu o livro e teve a ideia de fazer um disco conceitual sobre ele. O clima do livro é fantástico e ten-tamos compor as músicas mantendo essa atmosfera pe-sada. Acredito que tenha funcionado. Estamos ansiosos para o início das gravações.

Comparada a Blessed Black Spirit, podemos esperar novidades na sonoridade característica do Sangrena?

Fábio: A temática adotada resultou em músicas mais densas e passagens mais extremas. Estamos experimen-tando sonoridades que não havíamos feito. Claro que o estilo é o Death Metal, mas as músicas estão natural-mente diferentes.

Novamente a produção ficará em casa, ou seja, com a produção assinada por você?

Fábio: Sim. O álbum vai ser gravado e finalizado no Es-túdio Mix Music e produzido por mim, assim como o Bles-sed Black Spirit. Isso facilita bastante a logística da gravação e reduz a pressão sobre os músicos. A experiência com o ál-bum anterior foi muito boa, então, vamos repetir nesse novo.

Não precisaremos esperar tanto pelo lançamento deste novo trabalho, como foi com o anterior? Já que ele foi lançado primeiro na Europa para depois ser lançado no Brasil de forma independente pela banda?

Fábio: Não. Se tudo correr como o programado o processo será inverso. Ele será lançado primeiro aqui no Brasil e depois no exterior. Provavelmente sairá no pri-meiro semestre de 2016.

Você acha que o mercado para o Heavy Metal no Brasil ainda é contraditório, já que temos muitos lançamentos de bandas estrangeiras e muito poucos da nossa própria cena?

Fábio: O Brasil ainda não tem uma cultura de con-sumir arte, seja música, pintura escultura, etc.. Como a maioria das músicas de Metal é puramente arte, música sem pretensão, simplesmente com a função de expressar sentimentos, ainda é um item supérfluo na nossa socieda-de. Por enquanto ainda é valorizado por poucos. As ban-das estrangeiras que tem a atenção dos brasileiros são as mais “mainstream”, as mais “underground”, mesmo do exterior ainda tem pouca procura. Claro que nem todos os fãs de Metal são assim. Existem verdadeiros Head-bangers que fazem tudo isso valer a pena e sustentam a filosofia do Metal. Acredito que estamos num processo de transformação e logo a cena nacional se tornará forte.

Isso de certa forma não dificulta o acesso do público ao que se faz de melhor no país, já que somos bombar-deados com toneladas de lançamentos e shows “impor-tados” todos os dias, alguns deles, realmente sem ex-pressão ou significado algum para público brasileiro?

Fábio: Não acho que isso atrapalhe o desenvolvi-mento da cena no país, até porque acredito que o Metal não tem fronteira. Cada lugar tem seu jeito de fazer Me-tal, mas a essência é sempre a mesma. Tem muita coisa boa fora do país que merece o reconhecimento. Talvez o que tenha que evoluir é a ideia do publico, valorizando

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“também” a arte do seu país, do seu estado, da sua cida-de, do seu bairro e não só o que vem do exterior.

Mesmo antes do lançamento nacional de Blessed Black Spirit, vocês fizeram diversos shows pelo país para a divulgação do trabalho, e vão agora em turnê para o Nordeste em dezembro, o que vocês podem nos falar sobre a tour?

Fábio: Estamos muito ansiosos com a tour. É a pri-meira vez que iremos ao Nordeste e sempre ouvimos fa-lar muito bem da cena lá. Já estamos recebendo mensa-gens de Bangers do Nordeste que estão esperando pelos shows e esperamos atender às expectativas.

Fale-nos o quanto é importante para a banda per-correr o seu próprio território e estar junto aos fãs que estão longe dos grandes centros.

Fábio: A interação com fãs de diferentes regiões re-nova a cena. Agrega informações novas que refletem na música. Nos shows a gente conhece pessoas que lutam bravamente pelo underground e nos dão força para con-tinuarmos nessa árdua batalha.

Quais são os planos em relação aos shows pelos país, para o próximo lançamento?

Fábio: Tivemos uma experiência muito boa com a tour do Blessed Black Spirit. Conhecemos lugares no-vos, vários shows insanos e gostaríamos muito de repe-tir isso com o álbum novo e talvez expandir os shows para lugares que ainda não fomos. Nesse momento es-tamos focados com a produção do disco, mas em breve começaremos os preparativos para a próxima tour.

Muito obrigado pela entrevista, o espaço é seu para suas considerações e para deixarem uma men-sagem aos nossos leitores.

Fábio: Muito obrigado à vc JP por abrir esse espaço para nós aqui na Collapse. Quem quiser obter informa-ções sobre o Sangrena, acessem www.sangrena.com ou www.facebook.com/sangrenaofficial

Apoiem o Metal Extremo Brasileiro!Não desistam da guerra!Sigam a marcha!Sangrena | Death Metal | Brasil

SangrenaBlessed Black Spirit

Darzamadicus RecordsÉ incrível como a escola

brasileira de Metal é capaz de criar bandas que sejam ver-dadeiras mutações, e isso no bom sentido. Sim, pois aqui, muitos vão ganhando um bojo de influências musicais, mas na hora de processar e trans-formar isso em música, sem-pre temos algumas surpresas interessantes. E o Sangrena, de Amparo (SP), realmente mostra em seu primeiro tra-balho, “Blessed Black Spirit”, que tem espírito, garra e raça para gerar algo diferente.

A banda trabalha nas trin-cheiras do Death Metal mais tradicional à lá anos 90, na mesma veia de bandas como Morbid Angel, Sinister e Im-molation, ou seja, agressivi-dade saindo pelos poros. Mas mesmo assim, rotular a banda como Death Metal tradicional puro e simples não lhes faz justiça, já que algumas nuan-ces não convencionais estão ali, presentes sob a massa de vocais urrados extremos, riffs coesos e pesados, solos distor-cidos e bem doentios (mas há momentos que certo esmero se faz presente), baixo e bateria muito bem entrosados em uma base rítmica pesada e bem di-versificada (as mudanças de andamento mostram o quanto são eficientes, inclusive com o baixo mostrando momentos dedilhados incríveis, como em “Reign of Illusions”). Juntan-do isso, vemos uma música brutal e opressiva, mas que tende a crescer mais e mais.

Produzido por Fábio Fer-reira (guitarrista do grupo), a sonoridade do disco é bem opressiva, compacta, bruta, mas com boa qualidade. É fácil compreender os instrumentos

musicais, perceber que os tim-bres não são lá muito compli-cados ou rebuscados (o que não quer dizer que sejam ruins, muito longe disso). Poderia ter um pouco mais de qualidade, é fato, mas isso não quer dizer que está ruim. E a arte de Ste-phanie Dole ficou muito boa para a capa, casando perfeita-mente com as músicas e letras.

O Sangrena mostra que fazer música brutal é mesmo com eles, de forma que as mú-sicas soam bem compactas e pesadas, fruto de um processo musical bem burilado, de ar-ranjos estudados e bem com-postos, mas ao mesmo tempo, fica claro que a banda ainda vai render mais, tende a crescer e se tornar um gigante em termos de Metal extremo nacional.

O disco inteiro é muito bom, mostrando mais uma vez que o processo de com-posição foi bem mesurado, com destaques para a bruta e rápida “When the Masks Fall” (com certos toques de Thrash Metal nos riffs, além de vo-calizações muito bem posta-das), a agressiva “Cursed by Revenge” (Death Metal tra-dicional brutal, com riffs bem trabalhados, e bateria precisa. Mas reparem como algumas melodias aparecem nos solos), o pesadelo sonoro de “Abyss of Souls” (a típica faixa mais cadenciada e abrasiva, com belos dedilhados do baixo, mostrando que esse zagueiro sabe marcar gols), a veloz e cavalar “Blessed Black Spirit” (baixo e bateria mostram uma força bem dinâmica e agressi-va na base), a mais trabalhada (ainda que bem brutal) “Reign of Illusions” (muitas mudan-ças de andamento, com riffs agressivos muito bons e bela presença do baixo mais uma vez. Mas se repararem, me-lodias que lembram um pou-co o Iron Maiden surgem nas guitarras), a bem trabalhada “City of Hanged People”.

Sim, o Sangrena mostra no CD que tem potencial para ser grande, bem como é uma ban-da que a dinâmica é a tônica de seu trabalho. Logo, espera-mos que o próximo nos traga surpresas bem agradáveis.

Marcos “Big Daddy” Garcia

Veja o vídeo oficial aqui:

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ENTREVISTA

Por: Gerson Camera

Nascida em Lima, no Peru, a banda Maze of Terror, nasceu da vontade do baixista e vocalista Leviathan

e do baterista Hammer, que tendo se desfeito de alguns projetos anteriores, resolveram partir para uma nova em-preitada. Desta vez buscando um estilo mais brutal, porém associada com uma sonoridade mais polida.

Batizada de Maze of Terror, a banda procurou repre-sentar em seus temas a sua realidade, sobre violência, ódio e sobre momentos em que a brutalidade pode envolver a vida das pessoas e além de mostrar ao mundo como é ser um Headbanger na América do Sul. Buscando a todo custo não ser apenas mais um produto pré-fabricado, mas evoluir e alcançar sua própria sonoridade, dentro da sua proposta agressiva e veloz.

Em janeiro de 2012 a banda partiu para a composição de seu primeiro EP, intitulado “Skullcrusher”, que foi todo composto pela dupla, e somente depois o guitarrista Bes-

tial Slaughter se juntou ao processo e em junho terminadas as sessões de gravação, o guitarrista dá lugar a um novo membro, Criminal Minds, que aprende rapidamente as músicas e partem para as apresentações ao vivo, culminan-do em apresentações na Bolivia, abrindo para o Whiplash e em sua volta para casa, sendo o open act do Destruction e se prepara para shows ao lado do Exumer.

Agora o Maze of Terror nos brinda com mais um artefa-to, o full length “Ready to Kill”, que será lançado pelo selo Empire Records da Bélgica, além de adicionarem outro guitarrista a sua formação, que hoje em dia conta com Le-viathan: baixo e vocal, Hammer: bateria, Criminal Mind: Guitarra e Razor: Guitarra.

Conversamos com o baixista e vocalista Leviathan que nos contou sobre a banda, sobre o seu mais recente álbum e dos planos para o futuro. Confira!

A banda é relativamente nova, formada em 2011,

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mas já conquistou bastante espaço e respeito do públi-co Sul-americano, o você acha que cria essa interação entre o público e o Maze of Terror?

Leviathan: Obrigado por este espaço, realmente somos caras novos nessa frente de batalha, desde o início nós não pensamos em ser uma banda popular, mas nós fazemos o necessário para ser uma grande banda, lançamos folhetos, vídeos ao vivo, singles, enviamos o material para outros países, nós direcionamos a banda para o caminho corre-to, seria uma ótima ideia, a gente sentar e esperar que as pessoas nos ajudassem a tornar a banda mais grande, nós tomamos as rédeas para alcançarmos nossos objetivos.

Seu primeiro trabalho, o EP “Skullcrusher” obteve

ótima aceitação logo após o seu lançamento, sendo in-clusive relançado enquanto a banda fazia sua promo-ção. O que você nos diria deste trabalho hoje em dia e como foi o processo de criação?

Leviathan: Bem, este trabalho é o primeiro em nossas vidas, nós começamos em outras bandas, mas, como com-positores é o primeiro; é extremamente simples, e extre-mamente difícil para nós, pensamos apenas em coisas sim-ples, não procuramos nada mais do que um bom e matador riff, a honestidade é mais importante do que fazer uma bom som de Thrash Metal, nós fazemos primeiro os riffs ou a bateria, e mais tarde juntamos as letras, nós pensamos mais em riffs, e no ritmo, hoje as nossas ideias são mais comple-xas, é uma evolução natural.

Apesar de “Skullcrusher” ter sido gravado pelo gui-tarrista Bestial Slaughter, o mesmo não permaneceu na banda, dando lugar a Criminal Minds, como foi essa mudança de formação num momento tão importante para a banda?

Leviathan: Sim, Bestial Slaughter, foi apenas um mú-sico de estúdio, Hammer e eu compusemos todas as músi-cas, mas tocar com ele abrir nossas mentes nas diferentes maneiras de levar um riff, depois, trabalhamos no nosso álbum de estreia, “Ready to Kill”, que será lançado usando novas ideias, mas a nossa estreia foi o EP Skullcrusher, estamos agradecidos ao Criminal Mind, que é um guitar-rista excelente, ele faz uns solos diferentes de uma maneira mais clássica, pegando algumas coisas do estilo do Bestial Slaughter e colocando isso em um outro nível, no novo álbum.

Mas a banda foi para a estrada logo após o lança-mento do EP, e esse giro culminou em apresentações pela Bolívia e com convites para abrir os shows do Whi-plash e do Destruction, que claramente são uma forte influência no som de vocês. Como foi dividir o palco com essas lendas do Thrash Metal?

Leviathan: Foi incrível, a primeira vez em minha vida abrindo para grandes bandas, incendiamos a cena, e olhá-vamos para os caras da passagem de som e foi incrível, é um ótimo caminho para nos tornarmos uma banda melhor e espalhar a nosso barulho para mais pessoas na cena

Vocês também foram o Open Act do Exumer em sua passagem pelo Peru, o que nos mostra que a banda se tornou um forte representante do Thrash Metal em seu país, como vocês estão lidando com toda essa exposi-ção?

Leviathan: Sim é o nosso modo de ser, o nosso país tem grandes bandas, mas as pessoas não apoiam. Nós real-mente, estamos agradecidos ao produtor Danger Steel por nos levar para este show.

Vocês agora estão lançando o primeiro álbum de inéditas, intitulado Ready to Kill que será lançado pelo selo Belga Empire Records, o que podemos esperar deste trabalho?

Leviathan: Esperamos espalhar nossa música no un-derground de uma forma mais agressiva, hoje nós fazemos músicas em um nível mais complexo mais extremo, mais rápido, somos agradecidos a Empire Records, o álbum está terminado e pronto para matar.

Além disso a capa do álbum remete muito aos tra-balhos lançados no final dos anos 80, fale-nos sobre o conceito e a elaboração.

Leviathan: O conceito da capa é sobre 4 gárgulas sub-terrâneas se erguendo do abismo prontas para matar é sim-ples, é o nosso primeiro álbum e expressamos nossa deter-minação em fazer música matadora.

Quais são os planos do Maze of Terror após este lan-çamento?

Leviathan: Nosso plano é fazer uma turnê sul ameri-cana, mais tarde nós planejamos lançar um o EP com duas novas canções, tentar fazer um split seria uma ideia interes-sante, e trabalhar imediatamente em nosso segundo álbum, e fazer muitos shows, e com isso espalhar nossa música

Muito obrigado pela entrevista, o espaço é seu para suas considerações e para deixarem uma mensagem aos nossos leitores.

Leviathan: Obrigado a todos os Headbangers, pedimos a todos para ouvir a nossa música e curtir nossa página no facebook e podem ir se preparando para o ataque dos lican-tropos! Nós estamos prontos para matar.

Maze of TerrorReady to Kill

Empire Records – ImportadoQuase um minuto de intro-

dução e começa o ataque des-se grupo nascido em Lima no Peru. Thrash Metal de primeira linha onde se encontram todos os elementos, guitarras velozes, baixo e bateria pesados e ríspi-dos, vocal permeando naquela escola oitentista do gênero, e temas muito bem construídos, chega a ser animador pelo fu-

turo desta banda que faz deste Ready to Kill o seu primeiro lançamento.

O disco tem unidade e faz frente aos grandes lançamentos do gênero, já que o trio demons-tra que sabe o que quer e onde quer chegar com a sua música.

Ao todos são dez faixas do mais puro massacre, onde, ape-sar da velocidade que permeia por todo o trabalho, existem belíssimas linhas de guitarras, fazendo dos guitarristas Crimi-nal Minds e Razor, o destaque deste trabalho. Sem esquecer, claro da cozinha formada pelo baterista Hammer e pelo baixis-ta e vocalista Leviathan.

Enfim, um trabalho coeso, recheado de fúria e todos aque-les elementos que fazer um dis-co de Thrash Metal ser amados pelos fãs do estilo

Recomendadíssimo!JP Carvalho

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ENTREVISTA

Por: JP Carvalho

A banda Lascia, formada por Débora Nunes – Vocal, Diego Franco – Guitarra, Denis Almeida – Baixo e

Humberto Bueno – Bateria, nasceu em 2012 da vontade de Débora e Diego, praticando um som pesado emoldu-rado com letras sombrias, sempre abordando o horror e o terror muitas vezes baseados em HQ e filmes do gê-nero e sua música transita entre o Hard Rock e o Heavy Metal, numa fórmula que torna os temas de fácil assimi-lação e com refrães marcantes.

Em Agosto de 2014 a banda lança o EP “Nightma-re”, com quatro faixas e disponibilizado para download gratuito no perfil da banda e no site Palco MP3. Tendo ótima aceitação por parte do público e da mídia, levando

a banda a traçar mais planos para sua profícua carreira.Tivemos uma conversa com Débora e Diego e o re-

sultado você pode conferir a seguir.

A Lascia apesar do pouco tempo de vida conquis-tou e obteve vários resultados positivos até agora, conte-nos como se deu a formação e o desenvolvi-mento de sua música.

Débora Nunes: Primeiramente obrigada pela oportu-nidade, é um prazer.

Desde o início a Lascia já foi estruturada com todos os conceitos que carregamos hoje. A questão sonora sempre voltada para o peso e afinações baixas, o vocal com base na interpretação das letras com mescla de dri-

...o pesadelo continua...

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ves e claro o tema de terror. O EP “Nightmare” trouxe uma significativa expo-

sição ao nome da banda, e obteve ótimos resultados junto aos fãs, e como foi disponibilizado para do-wnload gratuito, obteve, também, ótimos resultados nesse campo, como foi para vocês verem que o públi-co aceitou a Lascia de pronto?

Débora: Algumas pessoas costumam ter um pouco de preconceito com sons mais modernos por isso resol-vemos disponibilizar o Nightmare gratuitamente para que todos tivessem a possibilidade de ouvir e conhe-cer nosso som. Realmente ficamos surpresos com a re-cepção do público, tivemos críticas muito positivas do nosso trabalho o que nos deixou muito animados. Com certeza ficamos muito satisfeitos com a forma que acei-taram nosso trabalho.

Eu soube que a banda viajou para a Suécia para

a mixagem e masterização do próximo single que se chamará “Jealousy”, o que você pode nos adiantar sobre este lançamento?

Débora: Na verdade, não conseguimos acompanhar a mixagem do Jealousy pois estávamos terminando a captação aqui na época, fomos até lá verificar os recur-sos que seriam usados e conhecer pessoalmente o Jakob e o Top Floor Studios. E Jealousy, traz exatamente a cara dessa nova fase, abaixamos mais a afinação, está mais pesado, mais trabalhado, estamos acrescentando tam-bém mais linhas de voz. Acho que crescemos bastante e está ficando como idealizamos, acho que podem esperar da gente algo mais encorpado e lapidado sem perder o peso e a essência.

Além de que será feito um vídeo para este sin-gle, como estão os trabalhos para este lançamento também?

Débora: Vamos investir pesado nesse lançamento, ele é um passo importante na nossa carreira, é o carro chefe e a primeira amostra do álbum, vai ter vídeo, vai ter lyric vídeo, estreia na rádio e tudo mais que ele tiver direito com certeza (risos).

O próximo álbum, que já está gravado, terá o su-gestivo título de “Madhouse” o que vocês podem nos adiantar sobre este trabalho?

Débora: Ele está gravado apenas em versões demo, não é a captação oficial, fizemos isso para ver como ele soaria de fora a fora, vamos dar andamento na captação em breve. Ele está soando exatamente como queríamos, ainda temos que lapidar e definir alguns detalhes, mas o que posso adiantar é que está lotado de personagens para lá de perturbados, riffs que realmente ficam na cabeça, instrumentos bem trabalhados e colocados de forma for-te, pesada bem estruturada com um tipo de terror dife-

rente, mas não menos assustador porém mais profundo.

Vocês acreditam que uma banda deve sim, investir em pré-produções antes mesmo de entrar em estúdio, e como isso afetou nas composições de “Madhouse?

Diego Franco: Com certeza, a pré-produção é tão importante quanto os demais procedimentos e ele nos dá um esboço bem preciso de como será o produto final, no Madhouse nos ajudou a diagnosticar o que funciona ou não, ou o que poderíamos alterar, melhorar e até mes-mo excluir antes mesmo de perder um longo tempo no estúdio com isso. As coisas já vão bem definidas para o processo de captação e ganhamos bastante tempo.

Porque a banda aposta nessa temática do horror? E que tipo de referências vocês usam para elaborar seus temas?

Débora: Bom embora pelo menos uma música em cada trabalho tenha cunho pessoal (acabamos ado-tando isso após escrever a música Lascia) apostar na temática de terror nos dá abrangência para escrever com a visão de “outra pessoa” e espante a temática para diversos pontos.

Para elaborar os temas nos juntamos um grupo de personagens ou histórias de contexto semelhante volta-do para o objetivo que determinamos para cada trabalho.

Que tipo de diferenças estruturais vocês puderam notar estando na Suécia?

Diego: Na Suécia a música é extremamente levada a sério, então eles investem alto, além de ser uma arte muito respeitada. Os estúdios lá trabalham pesado, são muito certos com relação a prazos e exigências de como o material vai chegar até eles (no nosso caso que o mate-rial está sendo capitado aqui) eles possuem uma lista gi-gantesca de como tudo deve ser feito, qual equipamento usar, como eles querem que seja usado, a capitação tem que estar exatamente dentro dos padrões deles para que o trabalho prossiga.

A estrutura é excelente, os equipamentos, mas a maior diferencia é o auge do profissionalismo que os ca-ras encaram os trabalhos.

É fato que temos estúdios de ponta e profissionais de gabarito em nosso país, porém nesse sentido, o ve-lho continente sempre fica um ou dois passos a nossa frente, na sua visão o que nos falta para atingir essa excelência?

Débora: Sim, temos excelentes estúdios profissionais aqui, de fato alguns com a estrutura bem próxima das que vimos lá fora, mas com preços bem altos, o maior pro-blema aqui é seriedade com o trabalho e prazos. Muitas pessoas tratam as bandas que não são famosas como lixo e sem o devido respeito lá fora banda é banda e trabalho é trabalho enquanto aqui mesmo pagando o mesmo va-

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lor que qualquer banda no mesmo estúdio e fazendo trabalho sério nos depara-mos com pessoas que dão prioridade de fazer o traba-lho do “camarada” na fren-te e acaba pecando com os prazos. Nós tivemos uma péssima experiência antes de encontrarmos o Sunshi-ne que fez um trabalho im-pecável dentro de todos os padrões exigidos pelo estú-dio Sueco, nós gravamos em outro lugar e o material se quer foi aceito, mesmo depois de ter sido informa-do todas as coordenadas de como deveria ser captado, perdemos tempo, dinheiro, tivemos problemas com prazos, falta de profissio-nalismo e nos aborrece-mos, então isso deixa claro que tem estúdios por aí que fingem ter um trabalho sé-rio e estão totalmente fora dos padrões e apenas le-vando dinheiro de quem quer fazer algo legal e se quer vai ter o resultado que merece pelo preço que está pagando.

Muito obrigado pela entrevista, o espaço ago-ra é de vocês para suas considerações e para dei-xarem uma mensagem aos nossos leitores.

Débora: Nós que agra-decemos a oportunidade, é muito bom ter meios pelos quais podemos contar um pouco na nossa trajetória, agradecemos de coração o espaço cedido. Bom quem curtir e quiser saber mais sobre a Lascia curtam nos-sa página no Facebook, nosso canal no Youtube e fiquem ligados com a novidades e breve estará disponível para todos “Je-alousy”. Abraços a todos.

Valeu.

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Especial

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A lendária Harley-Davidson é muito mais do que um íco-ne da cultura norte-americana. É, certamente, o mais

tradicional e um dos maiores fabricantes de motocicletas do mundo na atualidade. A empresa, que hoje possui três gran-des fábricas nos Estados Unidos, emprega diretamente cerca de nove mil trabalhadores e deverá atingir uma produção de quase 300 mil motos neste ano. São números expressivos, que escondem um início modesto e repleto de desafios.

A história da marca começou em 1903, num barracão lo-calizado nos fundos da casa dos jovens irmãos Arthur e Wal-ter Davidson, no município de Milwaukee, em Wisconsin. A dupla, que tinha em torno de 20 anos, acabava de se associar com William S. Harley, de 21 anos, para construir artesanal-mente um pequeno modelo de motocicleta destinado às com-petições. Foi neste barracão (com três metros de largura por nove metros de comprimento), e em cuja fachada podia se ler o letreiro “Harley-Davidson Motor Company”, que foram produzidas as primeiras três motocicletas da marca.

Dessas três motocicletas iniciais, uma foi vendida dire-tamente pelos fundadores da empresa, em Milwaukee, para Henry Meyer, amigo pessoal de William S. Harley e Arthur Davidson. Em Chicago, a primeira concessionária nomeada pela marca – C. H. Lang – comercializou outra dessas três motos fabricadas inicialmente.

Os negócios começavam a evoluir, mas num ritmo lento. No dia 4 de julho de 1905, no entanto, uma motocicleta Harley--Davidson venceu, em Chicago, sua primeira competição – e isso ajudou a alavancar ainda mais as vendas da jovem empresa. Neste mesmo ano, foi contratado, em Milwaukee, o primeiro funcioná-rio em tempo integral da Harley-Davidson Motor Company.

No ano seguinte, com as vendas em ascensão, seus funda-dores decidiram abandonar as instalações iniciais e se insta-laram num armazém muito maior, com melhores condições de trabalho, localizado na Juneau Avenue (avenida Juneau), em Milwaukee. Mais cinco funcionários foram contratados para trabalhar lá em tempo integral. Ainda em 1906, a marca produziu o seu primeiro catálogo promocional.

Em 1907, mais um Davidson junta-se ao negócio. William A. Davidson, irmão de Arthur e Walter, pede demissão do seu emprego e também passa a trabalhar na Harley-Davidson

Motor Company. Ainda neste ano, o número de funcionários e a área de trabalho da fábrica praticamente foram dobrados. Um ano depois foi vendida a primeira motocicleta para a po-lícia de Detroit, dando início a uma parceria tradicional, que sobrevive até os dias de hoje.

Em 1909, a Harley-Davidson Motor Company, então com seis anos de vida, apresenta a sua primeira grande evolução tecnológica no mercado de duas rodas. O mundo assistiu ao nascimento do primeiro motor V-Twin montado em motoci-cletas, um propulsor capaz de desenvolver 7 cv – uma po-tência considerável para aquela época. Em pouco tempo, a imagem de um propulsor com dois cilindros dispostos num ângulo de 45 graus tornou-se um dos ícones da história da Harley-Davidson.

Em 1912, foi iniciada a construção definitiva da fábrica localizada na Juneau Avenue e inaugurada uma área exclu-siva para peças e acessórios. Mesmo ano em que a empresa atingiu a marca de 200 concessionários nos Estados Unidos e exportou suas primeiras unidades para o Exterior, atingindo o mercado japonês.

Marca vendeu quase 100 mil motos para o exércitoEntre 1917 e 1918, a Harley-Davidson Motor Company

produziu e comercializou 17 mil motocicletas para o exército americano durante a 1a Grande Guerra Mundial. Um solda-do americano pilotando uma Harley-Davidson equipada com side-car foi o primeiro a entrar em território alemão.

Por volta de 1920, com cerca de 2.000 distribuidores espa-lhados por 67 países, a Harley-Davidson já era a maior fabri-cante de motocicletas do planeta. Na mesma época, o piloto Leslie “Red” Parkhurst quebrou nada menos que 23 recor-des mundiais de velocidade com uma motocicleta da marca. A Harley-Davidson foi a primeira empresa, por exemplo, a vencer uma prova de velocidade superando a marca das 100 milhas/hora.

Em 1936, a empresa introduziu o modelo EL, conhecido como “Knucklehead”, equipado com válvulas laterais. Esta moto foi considerada uma das mais importantes lançadas pela Harley-Davidson em sua história. No ano seguinte, morreu William A. Davidson, um dos fundadores da empresa. Outros dois fundadores – Walter Davidson e Bill Harley – morreriam

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nos próximos cinco anos.Entre 1941 e 1945, período que durou a 2a Grande Guerra

Mundial, a empresa voltou a fornecer suas motocicletas para o exército norte-americano e seus aliados. Quase toda a sua produção, calculada em torno de 90 mil unidades, foi enviada para as forças norte-americanas neste período. Um dos mode-los desenvolvidos pela Harley-Davidson especialmente para a guerra foi o XA 750, que era equipado com um propulsor horizontal com cilindros opostos, destinado principalmente para uso no deserto. Foram comercializadas 1.011 unidades desse modelo para uso militar durante a guerra.

Em novembro de 1945, com o fim da guerra, foi retomada a produção de motocicletas para uso civil. Dois anos depois, para atender a demanda crescente de motocicletas, a empresa adquire sua segunda fábrica – a planta de Capitol Drive -, em Wauwatosa, também no estado de Wisconsin. Em 1952, foi lançado o modelo Hydra-Glide, a primeira motocicleta da marca batizada com um nome – e não com números, como acontecia até então.

A festa em homenagem aos 50 anos da marca, em 1953, não contou com três dos seus fundadores. Nas festividades, em grande estilo, foi criado um novo logo em homenagem ao motor disposto em “V”, marca registrada da empresa. Neste ano, com o fechamento da marca Indian, a Harley-Davidson tornaria-se a única fabricante de motocicletas dos Estados Unidos pelos próximos 46 anos.

O então jovem astro Elvis Presley posou para a edição de maio de 1956 da revista “Enthusiast” com uma Harley--Davidson modelo KH. Um dos modelos mais tradicionais da história da Harley-Davidson, o Sportster, foi introduzido em 1957. Até hoje, este nome desperta paixões entre os fãs da marca. Outra legenda da marca foi lançada em 1965: a Electra-Glide, substituindo o modelo Duo-Glide, e trazendo como inovação a partida elétrica – recurso que pouco tempo depois chegaria também à linha Sportster.

Fusão com a AMF ocorreu em 1969Uma nova fase na história da Harley-Davidson teve início

em 1965. Com a abertura das suas ações na Bolsa, termina o controle familiar na empresa. Como conseqüência dessa deci-são, em 1969, a Harley-Davidson uniu-se com a empresa Ame-rican Machine and Foundry (AMF), um tradicional fabricante norte-americano de produtos de lazer. Neste ano, a produção anual da Harley-Davidson chegou a 14 mil unidades.

Em resposta à tendência de personalização das motoci-cletas, em 1971, foi criada a motocicleta FX 1200 Super Gli-de – um modelo híbrido entre a Electra-Glide e a Sportster. Uma nova categoria de motocicletas, chamada de cruiser e destinada às longas viagens, nascia ali – um produto feito sob medida para atravessar com conforto e segurança as imensas estradas norte-americanas.

Dois anos depois, com a demanda novamente em ascen-são, a Harley-Davidson tomou a decisão estratégica de am-pliar sua produção, deixando a planta de Milwaukee exclusi-vamente para a fabricação de motores. A linha de montagem das motocicletas foi transferida para uma nova planta maior e mais moderna em York, na Pensilvânia. O modelo FXRS Low Rider juntou-se à linha de produtos Harley-Davidson em 1977.

Outro momento decisivo na história da Harley-Davidson ocorreu no dia 26 de fevereiro de 1981, quando 13 execu-tivos seniores da empresa assinaram uma carta de intenção para comprar as ações da Harley-Davidson que pertenciam à AMF. Em junho do mesmo ano, a compra foi concretizada e a frase “The eagle soars alone” (A águia voa sozinha) se popu-larizava. Imediatamente, os novos proprietários da empresa implementaram novos métodos de produção e gerenciamento

de qualidade na produção das motocicletas da marca.Em 1982, a Harley-Davidson solicitou ao governo federal

dos Estados Unidos a criação de uma tarifa de importação para motos com motores acima de 700 cc, com o objetivo de conter a verdadeira “invasão” de motocicletas japonesas no mercado norte-americano. O pedido foi atendido. No en-tanto, cinco anos depois, a empresa surpreendeu o mercado. Confiante na sua capacidade de competir com as motocicletas estrangeiras, a Harley-Davidson solicitou novamente ao go-verno federal que retirasse a tarifa de importação das motos importadas um ano antes do que estava programado.

Foi uma medida absolutamente inédita no país até então. A repercussão deste ato foi tão forte que levou o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, a realizar um tour pelas instala-ções da marca e declarar publicamente que era um fã da Harley--Davidson. Foi o suficiente para dar novo fôlego à marca.

Antes disso, porém, em 1983, foi criado o Harley Owners Group (H.O.G.), grupo de proprietários de motocicletas da marca que reúne atualmente cerca de 750 mil associados em todo o mundo. É o maior clube deste tipo do mercado de duas rodas do planeta. No ano seguinte, foi apresentado o novo

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motor Evolution V-Twin, com 1.340 cc, que exigiu sete anos de pesquisa e desenvolvimento dos engenheiros da Harley--Davidson.

Este propulsor equiparia cinco motocicletas da marca já naquele ano, incluindo a novíssima Softail – outra legenda da marca. O lançamento ajudou a empresa a aumentar ainda mais as suas vendas. Como conseqüência, em 1986, as ações da Harley-Davidson entraram para a Bolsa de Valores de New York – a primeira vez desde 1969, quando havia acontecido a fusão entre a Harley-Davidson e a AMF.

Em 1991, foi introduzida a família Dyna com o modelo FXDB Sturgis. Dois anos mais tarde, perto de 100 mil moto-ciclistas participaram da festa de 90 anos da marca, em Mi-lwaukee. Em 1995, a Harley-Davidson introduziu a clássica FLHR Road King. O modelo Ultra Classic Electra Glide, ao comemorar seus 30 anos de existência, ainda em 1995, tor-nou-se a primeira motocicleta da marca a contar com injeção eletrônica seqüencial de combustível.

Em 1998, a Harley-Davidson adquiriu a Buell Motorcycle Company, abriu uma nova fábrica de motores fora de Mi-lwaukee, na cidade de Menomonee Falls, em Wisconsin, e

construiu uma nova linha de montagem em Kansas City, no Missouri. No mesmo ano, a empresa comemorou em Mi-lwaukee seu aniversário de 95 anos, com a presença de mais de 140 mil fãs da marca na cidade.

Foi também no final de 1998 que a Harley-Davidson inau-gurou sua fábrica em Manaus, no Brasil. Até hoje, é a única linha de montagem da marca instalada fora dos Estados Uni-dos. Nesta unidade, são montados, atualmente, os modelos Softail FX, Softail Deuce, Fat Boy, Heritage Classic, Road King Classic e Ultra Electra Glide. A nova Road King Cus-tom começa a ser montada nesta unidade em novembro.

Em 1999, chegou ao mercado o novíssimo propulsor Twin Cam 88 nas linhas Dyna e Touring. Em 2001, a Harley-Davi-dson apresentava ao mundo um modelo revolucionário: a V--Rod. Além do design futurístico, o modelo foi o primeiro da história da marca norte-americana a ser equipado com motor refrigerado a água.

Confira o site oficial da Harley Davidsonhttp://www.harley-davidson.com

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ESPECIAL

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A Condessa Elizabeth Bathory (Erzsebet Báthory, do original), foi uma das mulheres mais perversas e

sanguinárias que a humanidade já conheceu. Os relatos sobre ela ultrapassam a fronteira da lenda e a rotulam através dos tempos como A Condessa de Sangue.

Nascida em 1560, filha de pais de famílias aristocrá-ticas da Hungria, Elizabeth cresceu numa época em que as forças turcas conquistaram a maior parte do território Húngaro, sendo campo de batalhas entre Turquia e Áus-tria. Vários autores consideram esse o grande motivo de todo o seu sadismo, já que conviveu com todo o tipo de atrocidades quando criança, vendo inclusive suas irmãs sendo violentadas e mortas por rebeldes em um ataque ao seu castelo. Ainda durante sua infância, ficou sujei-ta a doenças repentinas acompanhadas por uma inten-sa ira e comportamento incontrolável, além de ataques epiléticos. Teve uma ótima educação, inclusive sendo excepcional pela sua inteligência. Falava fluentemente húngaro, latim e alemão. Embora capaz de cometer todo tipo de atrocidade, ela tinha pleno controle de suas fa-culdades mentais.

Aos 14 anos engravidou de um camponês, e como estava noiva do Conde Ferenc Nadasdy, fugiu para não complicar o casamento futuro; que ocorreu em maio de 1575. Seu marido era um oficial do exército que, dentre os turcos, ganhou fama de ser cruel. Nos raros momentos em que não se encontrava em campanha de batalha, ensi-nava a Elizabeth algumas torturas em seus criados indis-ciplinados, mas não tinha conhecimentos da matança que acontecia na sua ausência por ação de sua amada esposa.

Quando adulta, Elizabeth tornou-se uma das mais be-las aristocratas. Quem em sua presença se encontrava, não podia imaginar que por trás daquela atraente mulher, havia um mórbido prazer em ver o sofrimento alheio. Num período em que o comportamento cruel e arbitrário dos que mantinham o poder para com os criados era algo comum, o nível de crueldade de Elizabeth era notório. Ela não apenas punia os que infringiam seus regulamen-tos, como também encontrava motivos para aplicar pu-nições e se deleitava na tortura e na morte de suas víti-mas; muito além do que seus contemporâneos poderiam aceitar. Elizabeth enfiava agulhas embaixo das unhas de seus criados. Certa vez, num acesso de raiva, chegou a abrir a mandíbula de uma serva até que os cantos da boca se rasgassem. Ganhou a fama de ser “vampira” por morder e dilacerar a carne de suas criadas. Há relatos de que numa certa ocasião, uma de suas criadas puxou seu cabelo acidentalmente ao escová-los. Tomada por uma ira incontrolável, Bathory a espancou até a morte. Dessa forma, ao espirrar o sangue em sua mão, se encantou em vê-lo clarear sua pele depois de seco. Daí vem a lenda de que a Condessa se banhava em sangue para permanecer jovem eternamente.

Acompanhando a Condessa nestas ações macabras, estavam um servo chamado apenas de Ficzko, Helena Jo, a ama dos seus filhos, Dorothea Szentos (também chama-da de Dorka) e Katarina Beneczky, uma lavadeira que a

Condessa acolheu mais tarde na sua sanguinária carreira.Nos primeiros dez anos, Elizabeth e Ferenc não tive-

ram filhos pela constante ausência do Conde. Por volta de 1585, Elizabeth deu à luz uma menina que chamou de Anna. Nos nove anos seguintes, deu à luz a Ursula e Ka-therina. Em 1598, nasceu o seu primeiro filho, Paul. A julgar pelas cartas que escreveu aos parentes, Elizabeth era uma boa mãe e esposa, o que não era de surpreen-der; visto que os nobres costumavam tratar a sua família imediata de maneira muito diferente dos criados mais baixos e classes de camponeses.

Um dos divertimentos que Elizabeth cultivava durante a ausência do conde, era visitar a sua tia Klara Bathory. Bis-sexual assumida e muito rica e poderosa, Klara tinha sem-pre muitas raparigas disponíveis para ambas “brincarem”.

Em 1604 seu marido morreu e ela se mudou para Viena. Desse ponto em diante, conta a história que seus atos se tornaram cada vez mais pavorosos e depravados. Arranjou uma parceira para suas atividades, uma miste-riosa mulher de nome Anna Darvulia (suposta amante), que lhe ensinou novas técnicas de torturas e se tornou ativa nos sádicos banhos de sangue. Durante o inverno, a Condessa jogava suas criadas na neve e as banhava com água fria, congelando-as até a morte. Na versão da tortura para o verão, deixava a vítima amarrada banhada em mel, para os insetos devorarem-na viva. Marcava as criadas mais indisciplinadas com ferro quente no rosto ou em lugares sensíveis, e chegou a incendiar os pêlos pubianos de algumas delas. Em seu porão, mandou fazer uma jaula onde a vítima fosse torturada pouco a pou-co, erguendo-a de encontro a estacas afiadas. Gostava dos gritos de desespero e sentia mais prazer quando o

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sangue banhava todo seu rosto e roupas, tendo que ir limpar-se para continuar o ato.

Quando a saúde de Darvulia piorou em 1609 e não mais continuou como cúmplice, Elizabeth começou a cometer muitos deslizes. Deixava corpos aos arredo-res de sua moradia, chamando atenção dos moradores e autoridades. Com sua fama, nenhuma criada queria lhe servir e ela não mais limitou seus ataques às suas servas, chegando a matar uma jovem moça da nobreza e enco-brir o fato alegando suicídio.

As investigações sobre os assassinatos cometidos pela Condessa começaram em 1610. Foi uma excelente oportunidade para a Coroa que, há algum tempo, tinha a intenção de confiscar as terras por motivos de dívida de seu finado marido. Assim, em dezembro de 1610 foi presa e julgada. Em janeiro do ano seguinte foi apresen-tada como prova, anotações escritas por Elizabeth, onde contava com aproximadamente 650 nomes de vítimas mortas pela acusada. Seus cúmplices foram condenados à morte e a Condessa de Bathory à prisão perpétua. Foi presa num aposento em seu próprio castelo, do qual não havia portas nem janelas, só uma pequena abertura para passagem de ar e comida.

Ficou presa até sua morte em 21 de agosto de 1614. Foi sepultada nas terras de Bathory, em Ecsed. O seu corpo deveria ter sido enterrado na igreja da cidade de Csejthe, mas os habitantes acharam repugnante a idéia de ter a “Infame Senhora” sepultada na cidade.

Até hoje, o nome Erzsebet Báthory é sinônimo de be-leza e maldade para os povos de toda a Europa.

O castelo de ČachticeO Castelo de Čachtice (em eslovado, Čachtický hrad;

em húngaro, Csejte vára) está localizado próximo do vi-larejo de Čachtice, no oeste da Eslováquia.

Por estar localizado em uma colina com plantas ra-ras ao redor, a área do castelo em ruínas é considera-da uma reserva natural. Contudo, Čachtice é conhecido mundialmente como a residência e, mais tarde, prisão da condessa Erzsébet Báthory (1560-1614), a qual é, alega-damente, a maior assassina em série da História.

O Castelo de Čachtice foi construído em meados do sé-culo XIII, por Casimiro, membro do clã de Hont-Pázmány, para proteger a estrada que levava à Morávia. Mais tarde, passou para Maté Csák, para a família Stibor e então para a famosa Condessa Drácula, Erzsébet Báthory. Čachtice, seus territórios adjacentes e vilarejos eram um presente de casamento da família do marido de Báthory, Ferenc Nádas-dy, com quem contraiu matrimônio em 1575.

Originalmente, Čachtic era um castelo românico, tendo sido transformado em gótico. Seu tamanho sofreu aumentos nos séculos XV e XVI. Uma reforma da Re-nascimento se seguiu no século XVII, mas o castelo, no ano de 1708, foi capturado e saqueado pelos rebeldes de Francisco II Rákóczi. Desde então, esteve em declínio.

Čachtice foi usado como o castelo em ruínas que apa-rece na abertura do filme Dragonheart, de 1996.

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RELEASES

VomitficationSexual Demoniac Invocation

Lvcifvgvm Productions – NacionalEste trio de Dois Vizinhos no Paraná

pratica o que convecionamos chamar de Death Metal Old School, daqueles que é difícil ficar indiferente e que se tornam um verdadeiro convite ao pogo, levadas insanas, riffs excelente e cozinha bate--estaca, aliados ao vocal poderoso do também baixista Tiago Simioni. Claro que a banda flerta com o Brutal Death Metal o que acaba trazendo mais diver-sidade a este trabalho.

A formação conta com, além do cita-do Tiago, com o baterista Jamil Fritzen e com o guitarrista Cleiton Machado.

Esse “Sexual Demoniac Invocation”, terceira demo da banda, transborda agressividade e conhecimento de causa, deixando o Vomitfication muito “bem na fita” com os apreciadores do estilo, já que todos os elementos que fazem um ótimo petardo Death Metal estão presentes nesta demo.

A banda abusa de temas pesados e vociferam sem piedade toda a sorte de maledicências em suas letras, deixando muito claro que a banda não tem intenção de aliviar em nada sua proposta musical.

Enfim, “Sexual Demoniac Invoca-tion” é uma trabalho para os iniciados no Death Metal e certamente causará arrepios em quem não está acostuma-do com tanta brutalidade emanando de suas (pobres) caixas de som!

Soberbo!JP Carvalho

Krisiun – Forget in FuryVoice Music –Nacional

Pois é, o que podemos dizer do Kri-siun que já não tenha sido tido, esmiu-çado, rasgado e colado em partes? É inegável a importância da banda para o cenário mundial, mas é hasteando a bandeira brasileira que o mundo todo se rende e cai de joelhos diante do trio que desde o final dos anos 80 leva seu extremismo a todos os cantos do globo.

Confesso que no meu parecer, o ál-bum anterior (The Great Execution) a banda parou o mundo e fez com que todos ouvissem sua música, não que isso não tenha sido feito nos outros

lançamentos da banda, mas com este úl-timo citado a banda tornou o seu Death Metal algo tão pessoal e tão intenso que até os que sempre torceram o nariz para a banda, se renderam a chacina musical do grupo.

Bom dito isso, vamos ao que inte-ressa. Em seu mais recente lançamento, Forget in Fury, o Krisiun, manteve sua personalidade e sua agressividade, mas foi além, trouxe uma incansável musica-lidade. Sendo, obviamente uma sequen-cia natural do álbum anterior.

A unidade e coesão do trabalho é fantástica, tornando as audição mui-to fácil, além disso, Moyses Kolesne transpirava inspiração e o que vemos é um trabalho de guitarras tão intenso e melodioso que acaba roubando boa parte da atenção no decorrer do algum. Alex Camargo continua a perfeito front-man, dotado de uma capacidade incrí-vel de cantar agressivamente enquanto debulha seu instrumento, e neste álbum até mesmo arriscou em alguns momen-tos menos extremos, mas sem aliviar um milímetro da sua proposta, claro.

Max Kolesne é incansável, quebra tudo a sua frente e é o responsável pelo extremismo latente da banda, além dis-so, consegue criar suas partes de bateria com muita maestria, aliás, esse é outro ponto indiscutível no que se refere ao Krisiun, todos eles são músicos gaba-ritados e plenamente conscientes de sua capacidade e trazer ao mundo atos musicais tão extremos quanto algo que remeta a melodia e tranquilidade)...

Enfim, Forget in Fury já é aclamado pela mídia especializada mundial, já é um clássico nos players ao redor do mundo e que manterá o nome da banda em evidência e lá no alto, onde sempre estiveram e não dá mostras de que vão descer sem uma boa briga.

Resumindo, particularmente eu gosto muito mais do álbum anterior, (The Great Execution), mas Forget in Fury é um grande álbum que se manterá na linha de frente do Death Metal Mundial, pelo me-nos, até um novo lançamento do Krisiun.

JP Carvalho

Roadie MetalA Voz do Rock - Vol. 3

Independente - Nacional

Em sua terceira edição, a coletânea lançada pela Roadie Metal, programa de rádio da cidade de Aparecida de Goiânia (GO), traz um bombardeio de Metal para os headbangers de plantão.

A coletânea idealizada pelo apresen-tador e radialista Gleison Júnior, foi lançada no dia 16 de Abril de 2015 no programa “A Voz do Rock”.

Roadie Metal Vol. 3, distribuído em dois discos, conta com 30 faixas, sendo 15 bandas em cada CD. O que deixa a coletânea ainda mais interessante é a di-

versidade de gêneros, que vai do Heavy Metal ao Metal Extremo, agradando a todos os gostos.

A iniciativa tomada por Gleison Jr, é sem dúvidas um grande apoio, fazendo com que bandas Underground possam através da coletânea, mostrar e expandir seus trabalhos numa meio de divulga-ção de qualidade.

Os destaques do disco ONE, para mim, são:

Tellus Terror - Bloody VisionUma revelação de qualidade para o

metal no ano de 2014, com seu disco “Ez Life DV8” e seu Mixed Metal Sty-les, muito bem aceito pela mídia extre-ma nacional e estrangeira.

Individual - BlindfoldA velocidade e peso apresentado pelo

quarteto paulista de Death Metal.Living Heart - Hunger For LoveO tradicional Heavy Metal melódico,

bem pegado e contagiante.Neohadth - Guerra Contra as TrevasO profano black metal gritante e em

português.Os destaques do disco TWO, para

mim, são:Fates Prophecy - New GenerationA renomada banda de Heavy Metal,

com sua “Nova Geração”, single lança-do em 2012.

Apple Sin - Fire StarFaixa “clássica” tirada do seu novo

disco, também com o mesmo nome.Necromancer - Deadly SymbiosisBrutalidade cerrada e muito peso.Bully Dog - D-A.S.IO Thrash Heavy veloz de Uruguaia-

na.Vale a pena adquirir e conferir a co-

letânea, é uma boa pedida para quem gosta de diversificar dentro do metal.

Ygor Nogueira

Roadie MetalA Voz do Rock - Vol. 4

Independente - NacionalÉ de encher de alegria, o peito de

qualquer headbanger, ver que existem trabalhos que seguem firmes e a cada dia mais qualificados e aprimorados.

Viver de música não é tarefa fácil, quando se trata de underground. . então, aí o bicho pega mesmo!

Mas felizmente, existe gente que ba-talha dia e noite em prol dessa paixão que é o nosso Metal Sagrado de cada dia! Produtores, Assessores de Impren-sa, Blogueiros, Resenhistas e outros mais, pessoas essas que continuam a manter de pé tudo que foi conquistado pelas incontáveis e talentosas bandas do nosso cenário.

Pensando nisso, no intuito de favo-recer o trabalho das bandas dos mais diversos estados brasileiros, o apresen-tador e radialista Gleison Júnior, ideali-zador do programa “Roadie Metal - A Voz do Rock”, põe mais um passo à

frente com o lançamento do “Volume 4” da coletânea Roadie Metal!

Uma edição mais elaborada, com qualidade ainda melhor que o volume anterior, 34 faixas - sendo 17 em cada disco -, com uma ótima nivelação pro-porcionando uma audição agradável.

O digipack capa dura teve sua arte assinada por Marcelo Nespoli. O encar-te em forma de livreto é separado por parte I e II, com a ordem de cada banda, em cada disco, igualmente a numeração do tracklist.

Bem diversificado, “Roadie Metal - Volume 4” expande-se trazendo um vasto leque de estilos dentro do metal, do lírico ao extremo, bandas com mu-lheres à frente, e bandas que cantam em português.

De fato, a Roadie Metal vem se tor-nando um forte meio de apoio, dedi-cação e paixão ao metal underground nacional, e cada edição lançada tem os deixado consagrados!

Os destaques dessa coletânea são:CD 01: SuperSonic Brewer, All

7 Days, Hating Evil, Kalonia, De-mons Inside, Outlanders, Archard e Souls’Guardian

CD 02: [Maua], Jäilbäit, Midnight Order, Ender 7, Basttardos e WearBlack.

Ygor Nogueira

Imminent AttackWelcome to my Funeral

Metal Maximus - NacionalO velocímetro dos furiosos mamutes con-

tinua a todo vapor, ainda mais fuminante!Quando o assunto é “Rock Veloz”,

o quinteto de Barueri-SP, é mestre! Produzindo o mais incessante som, - o energético Crossover / Thrash Metal bem temperado com pitadas de bom humor, sarcasmo, ironia -, o Imminent Attack nos brinda com seu mais novo trabalho, nos dando as boas vindas com: ‘Welcome To My Funeral’.

O segundo trabalho oficial da banda, lançado pela Metal Maximus, em for-mato Digipack foi produzido, gravado e masterizado no Estúdio Casanegra, à cargo do guitarrista do grupo: Rafael Au-gusto Lopes. Rafael também é um dos principais produtores de Metal Nacional, passando pelas suas mãos bandas como: Torture Squad, Individual e Lothlöryen.

A arte sarcástica ficou novamente sobre a assinatura de Carlos Cananéa, - “sexto” integrante, ou mebro extra dos mamutes -, fazendo jus a proposta que o banda apresenta!

A produção do disco está excelente. 15 faixas muito bem niveladas, pren-sadas e bem distribuidas numa dosa-gem oitentista muito insana! Armado da cabeça aos pés e atacando sem dó nem piedade, o Imminent Attack segue como uma máquina avassaladora de causar torcicolos por onde passa.

‘Welcome To My Funeral’ é um

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mosh ambulante, regado de etílicos e muita pancadaria ao pé do ouvido. Riffs esmagadores e de arrepiar, a fúria cheia de distorção; a bateria de todas as faixas me chama muita atenção, levadas rítmi-cas destruídoras que encaixam-se de maneira ideal em cada uma delas; e por fim, - na minha opinião - a autenciadade dos vocais de Dinho Guimarães, usan-do bem todo seu talento. Um dos vocais mais enxutos e marcantes de Thrash Metal que escutei!

Tarefa difícil de ser feita é ressaltar quais os destaques quando se tem um disco assim em mãos, um disco que deixa qualquer amante de Thrash Me-tal como uma criança que ganhou o brinquedo mais foda da galáxia! “Rush of Violence”, “Abductors”, “Kill of be Killed”, “Work Buy Die”, “Defying Gods”, “My Funeral” e “Coward Liar” - encerrando o disco com uma chapada no crânio!

Ygor Nogueira

Individual Worst Case Scenario

Independente - NacionalIndividualmente bruto! É assim que po-

demos chamar, logo de cara, “Worst Case Scenario”, o primogênito do Individual.

Na ativa desde 2012, oriundos de Osasco-SP, o quarteto concentra no dis-co composições bem elaboradas, velo-cidade e muito peso, detonando com seu Death Metal bem personal!

“Worst Case Scenario” foi gravado no estúdio Casanegra e produzido por Rafael Augusto Lopes (Torture Squad, Imminet Attack, Lothlöryen). A capa ficou nas mãos de Gustavo Sazes (Mor-bid Angel, Arch Enemy, Angra), e diga--se de passagem, uma arte impactante e de muito talento. O disco vem em um lindo “Pac” capa dura e de qualidade impressa altíssima, muito interessante.

Além de técnico e agressivo, o “EP” se mostra crítico, dinâmico e afirmativo, trazendo doses de peso e protesto como aliados, representando bem o cotidiano atual e situações vi-venciadas diariamente.

Ríspido por completo, “Worst Case Scenario” mostra-se agressivo do iní-cio ao fim, com uma pegada cravada à unhas e dentes aos vocais afiados de Marco Aurélio, que varia muito bem entre gutural e visceral; os riffs certei-ros - ora sujos, ora claros; e conjunto rítmico entre baixo e bateria, sendo fundamentais para esse estrondo sonoro nada sutil!

Bem estruturado e equilibrado, o potente “Worst Case Scenario” ainda abre portas para os destaques com uma produção viril de “Dissonant Affliction”, “The Synthetic Joy” e a própria faixa-título.

O Individual, sem dúvidas nos pre-senteou com um prato cheio e bem pe-sado, e merece - não apenas uma -, mas várias audições consecutivas dos aman-tes do Metal Extremo!

Ygor Nogueira

LosnaAnother Ophidian Extravaganza

UGK Discos - NacionalHá quem, ridiculamente diga que me-

tal não é “coisa de mulher”, ainda mais quando trata-se de metal extremo. Essa ideia fútil vem descendo pelo ralo nas úl-timas décadas, principalmente pela quali-dade de bandas lideradas - ou totalmente formadas por mulheres - que tem surgido ao longo dos anos. Mulheres essas, que tem deixado muito barbudo no chinelo, afirmando que o metal é para todos!

Um grande exemplo disso é o Losna!O novo álbum da banda gaúcha, que

leva o título de ‘Another Ophidian Ex-travaganza”, lançado pela UGK Disc-cos e terceiro da discografia oficial, gra-vado em Porto Alegre, no Estúdio 1000, junto com o renomado produtor Fabio Lentino, é lenhada pura!

Matador, esse disco tem uma exuberân-cia monstruosa notável, assim que “Amaro Sapore” começa rasgando todas as vísce-ras com os vocais de Fernanda Gomes, que estão impecáveis! Notável também é evo-lução técnica e musical do trio - completa-do por Débora (guitarra - vocal) e Marcelo (bateria) -, desde seu último disco: “Dis-tilling Spirits”, lançado em 2011.

A produção do disco está excelente, riffagens mais curtas, harmonias calibra-das firmemente em cada uma das onze faixas. A ótima masterização faz com que o petardo pareça “contínuo”, interligando uma faixa à outra sem soar enfadonho!

A sonoridade do Losna ganhou ainda mais peso. Bem timbrado e moderno, ‘Another Ophidian Extravaganza” traz à tona uma propagação destruidora de fú-ria, violência, maturidade e criatividade acima do esperado.

Tiago Medeiros, responsável pela capa do álbum anterior, teve mais uma vez sua assinatura da arte visual do po-wer trio, e dessa vez acertou em cheio!

Destilado no mais ácido e perturbador Thrash Metal, esse disco literalmente calará a boca de muita gente por ai, o po-derio feminino nunca esteve tão evidente como atualmente está! E isso é ótimo!

O Losna vive seu melhor momento e lançara seu melhor disco!

Ygor Nogueira

LothlöryenPrinciples of a Past Tomorrow

(Independente – Nacional)Sempre ficou bem claro que os mi-

neiros do Lothlöryen sempre foram de apostar alto no trabalho que fazem, de forma homogênea e puramente criativa, o grupo exala em sua música a autenti-

cidade dentro do metal!O quarto trabalho oficial intitulado

“Principles of a Past Tomorrow” se mos-tra o mais ousado dos bardos, altamente requintado o disco surpreende até aqueles que acompanham a banda mais ativamen-te. O disco, gravado no Bar dos Bardos Studios e Jack Studios com produção de Leko Soares e Tim Alan, não conta com o apoio de selos e foi lançado de forma independente, viabilizado por financia-mento coletivo com o apoio dos fãs.

Totalizando doze faixas equilibradas em harmonia e peso, mantendo sempre a técnica e as raízes do Folk Metal, os riffs e solos estão ainda mais aprimora-dos, limpos e precisos, com alta quali-dade e muito bem mixados por Thiago Okamura. Também há destaque para os vocais afiados de Daniel Felipe, com linhas vocais bem variadas e certeiras.

A belíssima e complexa capa ficou nas mãos do artista Gio Guimarães e re-presenta o conceito lírico abordado, além de indicar novidades que os ouvintes en-contrarão acompanhando o material.

“Principles of a Past Tomorrow” eleva o Lothlöryen à outros patamares, deixando claro que os bardos não se prendem a nada e que estão evoluindo constantemente. Lírico, épico e notavel-mente sofisticado não é equívoco algum dizer que esse, é sim, o melhor álbum da carreira, o mais bem trabalhado, de-senvolvido e uma referência nata para os amantes do estilo.

Com composições detalhadas, escon-dendo em cada uma delas uma parte im-portante para decifrar o disco por inteiro as saudosas doze faixas nos levam, cada uma delas, à uma viagem diferente e surreal.

“Principles of a Past Tomorrow” é po-tencialmente um clássico cheio de glamour e certamente um dos melhores lançamen-tos de 2015. Um absurdo é dizer que no Brasil não existe metal de qualidade!

Ygor Nogueira

Zombie CockbookMotel Hell

Black Hole Productions - NacionalNativos de Joinville (SC), o quinteto de

mortos vivos Zombie Cookbook, produ-zindo mais bruto Death Metal volta a nos brindar com seu “Dead Metal” insano.

O som continua sujo e podre: sangue, morte, decomposição mesclados com Death, Thrash e Crossover. O resultado de tudo isso é uma qualidade absurda-mente profissional e bem apurada.

Violento até o talo, pesado e claro, o Split em Vinil 7°, não deixa a desejar e dispensa reclamações dos críticos e “De-adbangers”. O Split gravado ao lado da banda Offal e foi lançado pela Black Hole Productions, contendo apenas 300 cópias.

Infelizmente, temos que nos contentar com apenas duas faixas da banda: “Mo-tel Hell” e “Eredita Maledetta”, duas pedradas na face, cheias de autenticida-de, brutalidade e ferocidade explosiva. Contudo, o split é visceral e viciante, fi-xando-se em nossos tímpanos e cérebros te fazendo dá “Repeat” inúmeras vezes.

Altamente recomendado para os fãs de Death Metal!

Ygor Nogueira

JackDevilEvil Strikes Again

Urubuz Records - NacionalE eis que os jagunços do Thrash

Metal brasileiros voltam à carga, dis-postos a ganhar mais e mais espaço den-tro do cenário do país. Sim, o quarteto Jackdevil, de São Luís (MA) retorna, e agora, com seu segundo álbum, “Evil Strikes Again”, novamente em parceria com a Urubuz Records.

Antes de tudo, é preciso dizer que alguma coisa mudou no mix de Thrash Metal com elementos do Heavy Metal tradicional à lá NWOBHM que ouvimos em seus trabalhos anteriores: musical-mente, o quarteto deu uma evoluída em termos técnicos, ao mesmo tempo que “Evil Strikes Again” soa mais polido e melodioso. Sim, os “Brazilian Devils” parecem estar se distanciando um pouco do rótulo “old school” e reescrevendo as regras conforme a vontade deles. E isso é ótimo, pois percebemos que a persona-lidade intacta do quarteto possui maior diversidade. Mas se minhas palavras os deixam desconfiados, podem ficar tran-quilos: de forma alguma o disco desagra-dará os fãs mais antigos. Eles continuam cheios de energia e peso, apenas estão fa-zendo as coisas mais limpas e melódicas e do jeito deles, mas sem perder peso ou a pegada agressiva de antes.

Gravado, mixado e masterizado pelo baterista Felipe Stress, a grava-ção deu uma “engordada” em relação ao que vimos em “Unholy Sacrifice”, ou seja, soa mais cheia e pesada, mas ao mesmo tempo, está bem clara. Cada elemento musical do grupo está bem audível sem problemas. E a arte de Ronilson Freire (capa), André Nadler (guitarrista/vocalista, que fez o layout) e Wanderley Perna (do Genocídio, que também trabalhou no layout) é muito boa, ainda buscando aquelas figuras de horror de uma forma bem mais simples, mas muito bem acabada. E tudo em um formato digipack caprichado.

Mais uma vez, o Jackdevil soube o que quer de sua música, apenas dando um passo adiante. Sim, a banda conti-nua com a pegada pesada e músicas à lá old school, com a diferença de estarem mais polidas e o lado melodioso mais evidente, com arranjos excelentes, e mesmo alguns deles são mais intrinca-dos que antes. E refrões muito bem pen-sados agora se tornam comuns, coisa que enriqueceu o trabalho deles.

Melhores momentos: a abertura rápida e feroz de “Evil Strikes Again” (belos arranjos nas guitarras, mais vo-cais furiosos), a mais limpa e melodiosa “Devil Awaits” (as melodias ficam mais evidentes aqui, e a base rítmica mostra uma diversidade incrível, fugindo um pouco dos padrões da velha escola, além de backing vocals raçudos bem postados), a Thrash’n’Roll com jeitão de Metallica antigo “Nightcrawler” (be-las melodias, um tempo não muito ve-loz, e belas vocalizações. Sinceramente, um dos pontos altos do CD, mesmo com alguma coisa nos lembrando os mo-mentos mais lentos do “Kill ‘Em All”), “Bestial Warlust” e seus arranjos mais intrincados de guitarras (outra excelente

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faixa do CD), “Beelzebub” e seu lado mais melodioso (mais uma vez, ótimos backing vocals e enriquecem a faixa, além de solos mais caprichados), e a Thrash’n’Heavy “Black Witch” (com um jeitão Motorhead de ser, levada em tempo médio, empolgante e tende a se tornar um dos maiores sucessos nos shows da banda, com certeza. E repa-rem nas melodias dos solos de guitarra mais uma vez).

Mais uma vez, esses Cangaceiros do Thrash Metal mostraram seu valor, e as portas do sucesso se escancararão para eles. Até chega a ser óbvio, pois “Evil Strikes Again” é uma bicuda na porta.

Marcos “Big Daddy” Garcia

ArkonaYav (Явь)

Shinigami Records - Nacional O chamado Pagan/Folk Metal tem

rendido frutos muito interessantes nos últimos 5-10 anos dentro da cena Metal. Além de promover um resgate histórico das raízes pagãs de várias culturas (des-truídas ou pelo Cristianismo na Idade Média, ou pelas ditaduras socialistas/comunistas no século XX), temos a criação de sonoridades novas, híbridas, e que no fundo, vão aglutinando vida e coisas novas ao Metal como um todo. E um de seus maiores expoentes é, sem sombra de dúvidas, o quinteto russo Arkona, um nome já bem estabelecido e importante no gênero, quase uma refe-rência em muitos aspectos. E mais uma vez, um trabalho deles chega ao Brasil em sua versão nacional. “Yav” (no ori-ginal em cirílico “Явь”, que significa “Realidade”) ganha sua versão nacio-nal pela Shinigami Records, tornando a aquisição bem mais fácil.

Falar de todos os aspectos musicais da banda é um pouco desnecessário, já que a banda é muito reconhecida pelo seu hí-brido de influências do Metal tradicional e mesmo alguma coisa dos gêneros mais ex-tremos com música Folk. Mas em “Yav”, a banda mostra um lado mais obscuro e introspectivo, com músicas de maior du-ração, mas igualmente rico em melodias e ótimos arranjos instrumentais, que nos fascinam sempre. Não há um simples mo-mento enjoativo no álbum inteiro, mesmo com músicas enormes. Quem é fã, vai con-tinuar sendo, e quem não é, corre o risco de se tornar, verdade seja dita.

As mãos de Sergei (guitarrista do grupo) seguraram a produção. E verda-de seja dita: o nível é ótimo, com todos os elementos musicais da banda sendo expostos, mesmo quando usam instru-mentos não convencionais. E a arte está muito bela, trazendo as letras traduzi-das para o inglês (verdade seja dita: não adiantaria querer tentar entender o rus-so. Não há como pronunciar sem saber qual fonema está ali).

É impossível não se apaixonar por “Yav”. O disco é possui algo que nos fala direto ao coração, bem como pos-sui uma riqueza instrumental grande, e os arranjos são ótimos e muito os. E sim, a dinâmica do disco faixa à faixa é excelente.

Os melhores momentos do CD estão nas faixas “Zarozhdenie” (climática, in-

trospectiva e melodiosa, recheada de rit-mos quebrados, vocais que se alternam entre o urrado e o limpo com maestria), a dinâmica e mais rápida “Na Strazhe No-vyh Let” (elementos de Metal extremo e Folk se entrelaçam com um viés Folk perfeitamente, usando muito bem dos instrumentos regionais, Marsh usando vários timbres de sua ótima voz, e ótima base rítmica), a introspectiva e intensa “Gorod Snov” (melodias bem soturnas dão início à canção, mas logo o peso se torna mais presente, sem contanto des-fazer a atmosfera mais depressiva que dá corpo à música em si, fora teclados e flautas muito bem utilizados), a excelen-te “Ved’ma” (cheia de elementos mais agressivos e ríspidos, mas sem danificar a aclimatação Folk/Pagã da canção), e a longa e diversificada “Yav”.

Podemos dizer que “Yav” é o dis-co mais maduro do Arkona, que soube explorar muito bem sua identidade mu-sical e trazer algo de belo, pesado e in-tenso para seus fãs.

Se é fã do gênero, pode comprar sua cópia sem medo algum.

Marcos “Big Daddy” Garcia

CreptumIn the Arms of Death

Independente - NacionalE eis que um grupo tradicional da

cena Black Metal de São Paulo retorna com mais um lançamento. Sim, o Crep-tum, depois de sua volta e alguns sho-ws, mostra mais uma vez as garras em um material inédito, o websingle “In the Arms of Death”.

Se está esperando mudanças, ino-vações, modernidades ou algo mais sinfônico, esqueça. As forças do agora quarteto (com a entrada do baixista T. Aversvs) se foca mesmo em uma forma mais tradicional, azeda e bruta de se fa-zer Black Metal, lembrando em muito as bandas da SWOBM, ou seja, aquelas do revival do gênero no início dos anos 90, em algo mais pesado, denso e sinis-tro. Veloz em alguns momentos (sem ser algo exagerado), mais cadenciado e fúnebre em outros, a banda mostra força e convence mais uma vez. Sim, apesar da fórmula não ser nova, a abordagem do quarteto não é muito convencional, ou seja: a música reflete o que a banda quer, não o que o rótulo pode sugerir.

A produção sonora nos garante uma qualidade melhor que antes. Embora ainda soe sinistro, cru e pesado, está bem mais compreensível, pois podemos perceber os instrumentos separadamen-te sem muito esforço, mostrando que o guitarrista Deimous Nefus sabe bem o que quer em termos de sonoridade, bem como a escolha de timbres mais crus e diretos foi ótima em todos os sentidos. A arte, mais um trabalho de Raphael Grizilli (da estamparia Goetia72) ficou muito bom, resgatando algo que está na raiz do gênero: o choque visual, aquela coisa que uma pessoa não iniciada olha e vira o resto.

Musicalmente, o Creptum se mos-tra mas evoluído e coeso que antes, dando um passo adiante em seu estilo, sem perder a essência. “In the Arms of Death” é brutal e com boas mudanças de ritmo, com alguns momentos mais

atmosféricos bem soturnos, mostrando que baixo e bateria estão bem coesos, e os vocais usam um “approach” mais grave das tradicionais vozes rasgadas do estilo. “Burn the Cross” já usa de uma velocidade mais constante e um pouco maior que a anterior, sendo uma canção um pouco mais simples, mas com um brilho sinistro bem interessan-te. E fechando, uma versão explosiva e própria para a clássica “Massacre”, do lendário Bathory sueco, apresentando ótimos vocais e boas passagens das gui-tarras. Se repararem, é a primeira faixa de “Under the Sign of the Black Mark”, logo, fica perceptível o motivo desse ál-bum ser um dos pilares mais fundamen-tais da sonoridade do Black Metal atual.

O Creptum volta com tudo, mas é preciso que venha logo um álbum deles, para coroar o bom momento da carreira. E se houver justiça, os coroar como um dos nomes mais promissores do gênero no país. E podem baixar o Websingle no Bandcamp da banda de graça aqui.

Marcos “Big Daddy” Garcia

Mad RouletteMad Roulette (EP)

MS Metal Records - NacionalHeavy Metal direto, agressivo,

pesado e com boas melodias. Estas ca-racterísticas andam ficando difíceis de se encontrar no Brasil. Sim, devido a vocação brasileira ao Metal extremo, poucos grupos andam aparecendo com trabalhos mais focados em fórmulas melodiosas. Mas vez por outra, uma aparece, e realmente é ótimo de se ou-vir. E o trio carioca Mad Roulette é des-ses, e chega com seu primeiro trabalho, o EP que leva o nome do grupo.

Oscilando entre o Heavy Metal, o Hard Rock clássico e o Rock’n’Roll, o trio mostra sua força em composições com arranjos firmes, despretensiosos, mas ótimos, que nos pegam pelos ou-vidos devido à facilidade que sua mú-sica flui. Mesmo não sendo inovador, é ótimo e cheio de vida. E energia, meus caros, muita energia.

Produzido pelo trio em conjunto com Fernando Campos, a produção é bem simples, direta e funcional: seca, pe-sada e limpa o suficiente para que com-preendamos e assimilemos o conteúdo musical sem problemas. E em termos de arte, a capa é muito bom, mostrando um lado mais irônico e divertido (embora exista um leve toque de humor negro), que se sente na música da banda.

“Young Revolution” é melodiosa e forte, recheada de bons riffs e uma cozinha segura, uma faixa que nos leva diretamente ao Hard’n’Heavy da NWOBHM. Em “Remember”, temos uma balada pesada, intensa e cheia de melodias ganchudas, com momentos lindos em que guitarras limpas e vo-cais contrastam perfeitamente. E em “Ballerina”, outra pancada que transi-ta entre o Hard Rock e Heavy Metal sem pudores, mostrando bom trabalho de baixo e bateria, com ótimo refrão e energia aos montes.

Bela promessa essa que surge para o gênero no Rio de Janeiro e para o Brasil.

Marcos “Big Daddy” Garcia

AstafixInternal Saboteur

Voice Music - NacionalAs incertezas sempre tomam de assalto

até aqueles que são mais determinados, aqueles que o sucesso para ter escolhido. Mas mesmo assim, diante de tribulações é que uma banda é testada, para ver se as dificuldades não a tiram da ativa. E após uma barra muito pesada, o As-tafix retoma os rumos e volta com seu segundo álbum, “Internal Saboteur”.

O estilo da banda não mudou muito: continuam investindo naquele Thrash Me-tal pesado e azedo à lá Pantera e Sepultura, com muito do chamado Groove Metal em seu som. Mas verdade seja dita: eles voltaram bem mais agressivos que em “End Ever” (pri-meiro álbum da banda, de 2009). Percebe-se que os riffs da banda estão ainda mais agres-sivos e gordurosos que antes, a banda ganhou mais velocidade em alguns momentos (uma influência que claramente vem do Hardcore), mas as melodias que sempre estiveram pre-sentes ainda estão ali, só mais brutas.

A produção é de Brendan Duffay (que também mixou e masterizou o disco), com tudo gravado no Norcal Studios, em São Pau-lo. Óbvio que o resultado seria uma sonori-dade de qualidade e clara, mas mesmo assim, aquele peso brutal e azedo de “End Ever” ficou ainda mais evidente (reparem como as guitarras soam distorcidas e pesadas, mas claras). E a arte (a capa é de Marcelo Vasco, enquanto o encarte ficou nas mãos de Marcus Lorenzet) ficou linda, mais refinada que antes, mas dando corpo a agressividade do quarteto.

Todos sabem que o Astafix é uma banda que nasceu grande, com músicos experientes, e aqui, vemos arranjos ótimos, uma dinâmi-ca que não nos cansa em momento algum. E mesmo depois de sua passagem no ano passado, Paulo Schroeber ainda está presen-te nas guitarras, com o material que gravou antes de falecer aproveitado, como vemos nas faixas “Karma Kill”, “The Scourge”, “Blood Sun”, “Ghosts” e “Unknown”, além do solo em “Unknown”. E estas nos mostram como Paulo se foi ainda muito cedo, o quanto nos deu e ainda poderia dar.

O CD é bem nivelado por cima, mas os melhores momentos são a rápida e agressiva “Karma Kill” (quase Hardcore, com guitarras em timbres azedos intensos, fora uma exibi-ção ótima da cozinha rítmica e um ótimo re-frão), a igualmente bruta e rápida “The Scour-ge” (outra com refrão marcante e um peso absurdo vindo das guitarras), a cadenciada e opressiva “Bad Blood” (mais uma vez, arran-jos fenomenais de guitarra, mas os vocais es-tão dando uma aula de agressividade), a mais melodiosa e densa “Ghosts” (que lembra bastante o que se ouve em “End Ever”, uma paulada azeda, mas cheia de feeling intenso), a totalmente hardcorizada “ Say No!” (que solos!), e opressiva e modernosa “Unknown” (que possui um andamento mediano, solos fantásticos, corais excelentes e um swing mu-sical raramente visto no Brasil).

O ASTAFIX não é apenas um nome no Metal nacional. É um dos nomes fortes desse lado de Thrash/Groove, merece respeito, e “Internal Saboteur” os coloca entre os gran-des sem dificuldades. E aproveitando que o disco é dedicado à memória de Paulo Schro-eber, coloco o nome dele na formação, como quinto membro da banda.

Discão!Marcos “Big Daddy” Garcia

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BandanosNobody Brings MyCoffin Until I Die

Läjä Rekords - NacionalVindos de São Paulo o Banda-

nos lançou em 2014 seu segundo disco, o ótimo “Nobody Brings My Coffin Until I Die”, com sua sonoridade Crossover intacta, porém mais madura e agressiva. A produção do disco está ótima,

soando como se fosse ao vivo, esbanjando energia, já o material gráfico é de primeira, Digipack luxuoso com uma arte instigan-te e bela feita por Jeff Gaither. A sonoridade mostra muita agres-sividade e uma ótima mescla do Thrash com HC e em faixas como “Fato ou Mentira”, “Vynil Ad-diction” (letra que relata a vida de um verdadeiro colecionador),

“Falsas Ambições” e “Urban Thrash Skate Maniacs” mostra o porquê do Bandanos ser referên-cia no estilo, riffs coesos, com baixo-bateria pesados e técnicos e vocalizações rasgadas que bei-ram a insanidade. Certamente um dos melhores discos de 2014 e um verdadeiro clássico para o Cros-sover nacional.

Renato Sansom

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sangue novo

Por: JP CarvalhoA banda Void of Sun nasceu em São Vicente, no litoral

Paulista, das cinzas da então extinta Dawn of Disgrace, onde praticavam um som muito mais para o Death Metal.

Com a criação do Void of Sun a banda passou a bus-car uma sonoridade mais baseada no Metal clássico, tendo bandas como Black Sabbath e Cathedral como referências.

Apesar de nova e de não ter material gravado, a banda aposta em sua sonoridade e em canais como o facebook e o Youtube para mostrar aos fãs sua música e com isso trazer um pouco de luz a sua proposta.

Conversamos com a vocalista Julie e com o guitarrista Rodrigo Patrão e o resultado você pode conferir a seguir.

Porque a banda não apenas mudou de nome, mas partiu para uma sonoridade diferente, mesmo que te-nha mantido a agressividade?

Rodrigo Patrão: Na verdade a mudança no som veio antes, depois nós mudamos o nome da banda, pois não combinava mais com o material que eu estava compondo. Gosto muito de Death, Black e Thrash Metal, mas atual-mente só como ouvinte. Como compositor, decidi tentar uma área que ao mesmo tempo é mais “simples”, porém seria um grande desafio para mim, que é o Rock/Metal

mais tradicional, feito por bandas como Black Sabbath e Deep Purple, ou seja, uma sonoridade mais voltada para as raízes do gênero.

A minha ideia era um som que mesclasse o Rock/Me-tal mais tradicional com uma timbragem e concepção mais modernas, e tem dado certo, pois muitos amigos que vão á ensaios não conseguem classificar o som da banda, o que eu acho muito legal! Apresentei a proposta para os outros integrantes, e eles gostaram, o que para mim foi um alívio, já que eu não tinha mais intenção de escrever material mais extremo. E no final, acho que o material composto com-binou muito mais com o novo nome do que o material na linha do antigo Dawn of Disgrace.

O nome Void of Sun nos remete a bandas atuais que buscam esse som mais vintage. Como foi a escolha e porque deste nome?

Patrão: O nome veio de uma combinação de ideias com uma frase de uma letra de uma banda que gosto muito, e acho que exprime bem a ideia passada pelas letras.

Além disso, a sonoridade da banda parte para um estilo que tem pouca representação no Brasil, como tem sido a aceitação da banda e como vocês se sentem sa-bendo que de uma forma geral, remam contra a maré?

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Patrão: Até agora, todos os que ouviram o som tem mais ou menos a mesma opinião, “é legal, é pesado e é diferente”. Acho que no geral a aceitação tem sido boa, por conta de remeter a bandas clássicas e por ser diferenciado.

Como ainda não fizemos apresentações, não posso di-zer se estamos mesmo remando contra a maré. O que vejo hoje é que há muitas bandas extremas no cenário, algumas excelentes, outras nem tanto. De uma certa forma, há uma maior aceitação do público para com o som extremo em geral (Death, Black, Grind, por exemplo), o que a meu ver acarreta em uma maior quantidade de bandas nesses estilos. A decisão de não seguir esses estilos foi meio que pessoal, eu decidi tentar um caminho novo e até agora os resultados têm agradado tanto a mim e a banda quanto a quem ouve o som. Ainda não posso realmente dizer o que essa decisão vai trazer para a banda.

De certa forma, nesse ponto sou meio egoísta: faço mú-sica em primeiro lugar para mim, se gostarem ótimo, se não gostarem, paciência.

Além do mais, tocar Rock/Metal no Brasil de certa for-ma já é remar contra a maré, então não me preocupo muito com isso.

E sendo uma banda mais voltada aos temas, você acredita que achou a sua forma de se expressar musi-calmente? Ou a fórmula ainda é a mesma, mudando apenas o andamento da coisa?

Patrão: Ainda não encontrei, a banda agora está em processo de estabilização, e isso interfere no processo de composição.

Eu não gosto de escrever tudo sozinho, muitas coisas saem desse jeito, mas eu sinto que não expressam a ban-da como um todo. E para poder colocar mais detalhes nas músicas eu precisava de uma base consistente, o que não acontecia sempre. Acho que ainda não encontrei o formato ideal para o som do Void of Sun, mas agora é uma questão de tempo. E não demora muito!

Além disso, vejo que vocês usam muito a Internet para promover a banda, como é a relação de vocês com essa ferramenta?

Julie: Ótima! Antigamente para divulgar a banda, eu te-ria de fazer uma série de coisas que me tomariam um certo tempo, mas hoje, é tudo muito dinâmico, posto vídeos e fotos de ensaios, e minutos depois já tenho resultados das publicações com um alcance muito maior.

E como você vê a aceitação da banda neste mundo virtual?

Julie: Na nossa cidade temos um apoio bacana e tenho reparado algo curioso, no começo, achamos que só iríamos atingir um tipo específico de público (embora não soubés-semos qual por conta do tipo de som que fazemos) porém, quando divulgamos os vídeos dos ensaios, tanto o pessoal que ouve mais Rock Clássico como o pessoal que prefere som extremo gostaram do nosso som.

Isso realmente não esperávamos. Imagino que se for-mos fazer um show com bandas de som extremo, seremos a banda mais leve da noite, e se formos tocar em um festi-val de Rock mais tradicional, então seremos a banda mais pesada da noite.

É engraçado pensar nisso dessa forma, porque acaba-mos ficando no meio termo.

Hoje em dia, na minha forma de ver, quando uma banda alcança determinado status, logo adquire por consequência uma gama enorme de detratores, que usam do anonimato da Internet para forjar ataques di-retos e muitas vezes sem motivo aparente. Bom, sendo a “grande rede” terra de ninguém, como vocês veem esse novo modo de agir dos fãs?

Julie: É algo desprezível, quem for criticar o trabalho de alguém, que tenha hombridade. Quando se faz música, seja para você ou para os outros, deve-se ter consciência de que terá de arcar com o que vem junto. As críticas fazem parte, as construtivas sim merecem atenção, mas críticas destrutivas de um anônimo não.

Liricamente a banda aborda temas bem pesados, quais inspirações vocês buscam para escrever?

Julie: Quando algo intenso acontece e desperta em mim sentimentos fortes como indignação, ódio ou tristeza, acaba virando letra de música. Escrevendo me livro do que me atormenta, e transformo o que sinto em algo que me faz bem.

Então o cotidiano interfere de forma positiva na for-ma da banda se expressar? Ou isso seria uma particu-laridade sua?

Julie: É uma particularidade minha, até porquê sou eu quem escreve todas as letras.

Eu soube que vocês estão planejando um single para o final do ano, o que vocês podem nos adiantar deste lançamento?

Julie: Bom, a ideia é gravar as duas faixas que estamos divulgando na Internet (My Acid Bitter Wine e All This God Forgives). Com a entrada do Alessandro no baixo, agora poderemos realmente terminar as músicas, pois as versões que divulgamos até agora, não contêm algumas li-nhas novas de guitarra.

Houveram algumas mudanças de formação na tra-jetória do Void of Sun, isso de alguma forma alterou a sua música?

Julie: Com certeza, esse foi um dos fatores que mais influenciou a mudança, pois cada músico têm uma pegada diferente. E o melhor de se fazer música é ter liberdade, você pode até fazer um som que poucos gostem, mas se você gosta, é o que importa. E tanto eu como o Rodrigo queríamos experimentar outras influências e sonoridades na banda. Então para que isso aconteça a banda precisa de um time que compartilhe dessa ideia, estou feliz por termos nessa formação pessoas que pensam como a gente a respeito dessa liberdade.

O que podemos esperar do Void of Sun no futuro?Julie: Muita dedicação com certeza, mas sobre as com-

posições futuras é um mistério até para nós (risos)!

Muito obrigado pela entrevista, o espaço agora é seu para suas considerações e para deixarem uma mensa-gem aos nossos leitores.

Patrão: Nós gostaríamos de agradecer pela oportunida-de, e dizer que estamos apenas começando. Acho que em breve poderemos conversar novamente, mas a respeito de lançamento de algum material gravado pela banda. Muito obrigado a todos, e vamos manter o Rock e o Metal vivos!

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ENTREVISTA

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Por: JP Carvalho

O Vomitfication já tem quinze anos de formação e lançou em 2013 sua

terceira demo “Sexual Demonic Invoca-tion” onde mostram um som cru, direto e pesado. Conversamos com Tiago Si-mioni, baixista e vocalista (completam o time Jamil Fritzen - bateria e Cleiton Machado – guitarra) e o resultado desse bate-papo você confere a seguir.

A mais recente demo “Sexual Demoniac Invocation” foi lançada em 2013, como tem sido a aceitação deste trabalho?

Tiago Simioni: Salve Collap-se Underground Art. Cara o “Sexual Demoniac Invocation” com certeza é a que obteve maior aceitação, tan-to pelas músicas a arte e tal, quanto também pela divulgação, ela está sen-do bem divulgada e o resultado disso tudo tem sido bem satisfatório.

Anteriormente vocês lançaram outros trabalhos, que mostram uma unidade no som praticado pela banda, porém, que diferenças vocês apontariam entre esses trabalhos?

Tiago: Normal os sons mais anti-gos saírem mais cruzão, mas o senti-mento é o mesmo, vontade de fazer som ‘porrada’, descer a lenha mesmo, sempre dentro do Metal Brutal.

Vocês são da cidade de Dois Vi-zinhos no Paraná, como é o cenário da música pesada por lá?

Tiago: Cidade pequena é “foda”, não rola muita coisa aqui não, é a mesma galera de 15, 20 anos atrás se reunindo para curtir som e beber, nas cidades próximas daqui já rola umas paradas diferentes, mais galera, sho-

ws, bandas e direto estamos na estra-da a gente corre atrás mesmo, somos tipo a resistência pagã nessa porra aqui (Risos).

Além disso, a banda é figurinha carimbada em diversos shows, ten-do inclusive participado de alguns shows com representativos nomes do cenário internacional. Isso mostra que a banda investe mais pesado nas apresentações do que em gravações?

Tiago: Sim cara, ainda bem que sem-pre rola bastante shows, isso é um bom sinal, sinal que a galera está curtindo o som e isso é muito importante, da mais vontade ainda de “botar pra dilatar”, tocar ao vivo é muito satisfatório para nós, muita energia, agito, movimento, sem isso não valeria a pena, seria como “tocar para o diabo dar risada” não rola (risos), mas não deixando de lado as gravações, faremos o possível para gra-var algo poderoso no próximo registro, muita coisa foda está por vir.

Pude ver que a agenda de vocês possui muitas datas, e que pelo me-nos até meados de outubro a banda vai estar nos palcos pelo Paraná e por Santa Catarina também, seria certo afirmar que nesses estados os shows são mais recorrentes e existe mais es-paço para as bandas autorais?

Tiago: No Brasil inteiro o bicho está pegando, tá rolando muita coisa fodona mesmo, todo dia eu vejo um cartaz diferente, isso é muito bom é sinal de que o cenário está crescendo, e isso também por causa dos zines, distros, bandas de qualidade, e a ga-lera Headbanger, sinto falta de mais estrutura para shows, suporte, e um reconhecimento maior de tudo, mas é Brasil né, “devagar e sempre”. O fato

de não tocarmos muito para o lado do norte e nordeste e tal, é mais devido a distância, disponibilidade de tempo, trabalho essas coisas.

O Vomitfication pratica um De-

ath Metal cru e direto, com temas brutais e letras nada singelas, você acha que esse lado mais brutal é uma característica das bandas do Sul do país?

Tiago: Acredito que não somen-te do Sul, apesar de que muitas ban-das de Death Metal daqui levam isso como características acredito que tem muita coisa brutal em São Paulo, Mi-nas Gerais e principalmente no Nor-deste, muita galera insana por esse Brasilzão a fora, acredito que seja mais uma característica do estilo mes-mo do que da região.

Liricamente falando, a banda aposta letras caóticas e de conteúdo pesado, como vocês elaboram essa parte e os que motiva a escreverem sobre esses temas?

Tiago: Cara, somos apenas um reflexo de toda essa loucura que rola hoje em dia, claro que com uma visão própria de tudo isso, uma visão mais distorcida e brutal, insanidades a parte.

Muito obrigado pela entrevista, o espaço é seu para suas considera-ções e para deixarem uma mensa-gem aos nossos leitores.

Tiago: O Vomitfication agradece a oportunidade de expressar algu-mas ideias aqui, na gloriosa Collap-se Underground Art, também agra-decendo todo movimento que faz a diferença para o real underground. Stay Drunk!

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ENTREVISTA

Por: JP CarvalhoA banda Antimídia pratica um Hardcore Crust e foi

formada no final de 1999 , se tornou conhecida por des-truir TVs no palco , por fogo em fotos de artistas e pregar em sua música críticas os meios de comunicação, a bana-lização do sexo, as igrejas e a política.

Formada por Luiz na bateria, Cris na guitarra, Alceu no baixo e David nos vocais, no ano de 2002 gravou o CD “Pátria Morta”, no mesmo ano participaram de um tributo canadense ao Misfits, intitulado Stillborn Monster Babies com as músicas Spook City USA e Dig Up Her Bones, no ano de 2006 participaram da coletânea Virala-tas, um tributo ao Cóolera) além de outra coletânea, Pra-gas dos Arrabaldes que além do Antimídia contava com Carne Moida, Menstruação Anarquika e outros.

Aos longos dos anos, a formação teve várias mudan-ças e mesmo após mais de 100 show por todo o Brasil a banda encerrou para voltar em 2010 com a intenção de fazer poucos shows, mas acabou por voltar definiti-vamente no ano de 2014 com uma nova formação que conta com Marcos – vocal, Cris – guitarra, Marquinhos – baixo e Luiz – bateria se preparam para lançar um novo trabalho intitulado “Meu Ódio Será Sua Herança”. Con-versamos com o vocalista Marcos Mancione e o resultado desse bate-papo você confere a seguir.

Começe nos falando sobre o Antimídia e do porquê dessa predileção por destruir as coisas no palco.

Marcos Mancione: A Antimídia é uma banda de Hardcore Crust, mesmo eu não me importando muito com

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esses rótulos. Em nossas letras queremos protestar contra a mídia que incenti-va a banalização da Cultu-ra, que idolatra idiotas, que transformam apresentado-res de TV em ídolos das grandes massas e pregam essa inversão de valores, principalmente ignorando os trabalhadores que são os verdadeiros heróis e que fa-zem essa máquina toda fun-cionar. E foi daí que surgiu a ideia de queimar televiso-res no palco, como forma de protesto contra essa mí-dia lucrativa, mas extrema-mente falida culturalmente.

Mas como eram vistas as apresentações da banda já que vocês deveriam levar todo um aparato para ser destruído no palco?

Marcos: A galera curtia e virou um diferencial da ban-da, geralmente eram TVs velhas que comprávamos para queimar e com o logotipo da Rede Globo, hoje depois do incêndio da boate Kiss, não é uma boa ideia queimar as coisas no palco (risos).

Eu vejo que no cenário Hardcore existe uma maior interação entre público e banda. E você é um cara que vem do heavy Metal. Que diferenças você apontaria entre esses cenários hoje?

Marcos: Acredito que no cenário Hardcore a interação en-tre público e banda é muito maior, ao contrário do que acon-tece no cenário Heavy Metal, onde a maioria do público que prestigiam shows de bandas autorais, tem banda também e não vão nos shows para curtir, mas sim para ficar analisando, no cenário Hardcore a galera vai mesmo para curtir o som, beber e se divertir acho que isso que diferencia os dois cenários.

E na questão das gravações? Em minha opinião, aqui no nosso país existe muito mais profissionais que enten-dem e sabem gravar uma banda de Hardcore do que ou-tros estilos de música pesada. Qual sua visão disso?

Marcos: Acho que quanto a isso, nós estamos bem servidos, tem muito cara bom aqui no Brasil e tenho visto e escutado muita coisa legal sendo lançada, geralmente o material é bom não devendo nada aos gringos, o proble-ma são os custos, que são bancados pelas bandas, porque

jamais existiu incentivo.

A banda tem um úni-co álbum e algumas par-ticipações em coletâneas e tributos. Porque existe tão pouco material gra-vado já que a banda está beirando os vinte anos de existência?

Marcos: A banda sem-pre focou mais em shows e não se preocupava muito com isso, mas agora esta-mos em estúdio, terminan-do um CD que terá 12 fai-xas e posso dizer que está matador. Aguardem “Meu Ódio Será Sua Herança,

será lançado em janeiro.

E conte-nos como foi a composição e gravação deste novo trabalho?

Marcos: Foi bem tran-quila, as músicas já es-tavam prontas e fizemos poucos ajustes e a grava-ção foi suave, o clima den-tro da banda é muito bom e a coisa flui naturalmente.

Este novo trabalho “Meu ódio será sua he-rança” inaugura também uma formação nova do Antimídia, como foi jun-tar esse time para com-por este CD?

Marcos: Então eu conheço o Luiz desde moleque já conhecia o som do Antimídia e quando ele resolveu vol-tar com a banda, tentou reunir um time que estivesse afim de levar a parada em frente. Ele me chamou e eu aceitei de primeira, porque o som estava muito bom, chamou também o Cris que é um dos fundadores da banda e na se-quencia veio o Marquinhos, que toca comigo no Maniac Sex. O entrosamento foi rápido e o astral é muito bom. Sem falar que os ensaios são regados com muita risada e cerveja. E a expectativa para o CD está muito boa, o som ficou bem legal e saiu exatamente como queríamos.

E será lançado de forma independente ou vocês contam com o apoio de algum selo ou gravadora?

Marcos: Será independente, sem apoio de ninguém. Como a maioria das bandas fazemos pelo amor ao som.

E como, na sua visão está o cenário da música pesa-da. Você acha que com este novo CD, o Antimídia vai conseguir uma projeção maior entre os fãs?

Marcos: Eu vejo que o cenário da música pesada anda meio estranho, mas, por outro lado, vejo também que es-tão misturando estilos, acontecem muitos shows de ban-das Punk com Metal e o público está curtindo de boa, quanto a projeção acredito que sim, acho que isso tem que ser natural conforme fomos fazendo shows o trabalho vai se divulgando naturalmente.

Quais os planos futuros do Antimidia?Marcos: Lançar o CD, fazer todos os shows possíveis,

beber muita cerveja e se preparar para gravar outro o ano que vem, porque mate-rial composto a gente tem.

Muito obrigado pela entrevista, o espaço é seu para suas considerações e deixar uma mensagem aos nossos leitores.

Marcos: Queria agrade-cer a oportunidade de falar um pouco do Antimídia e pa-rabéns pela revista realmente é uma honra fazer parte, pois poucos levam um trabalho tão a sério e com tanto amor ao Underground, parabéns meu amigo JP! Valeu!

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ENTREVISTA

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Por: JP Carvalho

Rock´n Roll, assim podemos definir essa ótima banda Ma-ranhense, formada em 2010 que trouxe uma frescor e vi-

talidade ao cenário Hard brasileiro. O Púrpura Ink, anteriormente conhecida apenas como Púr-

pura, surpreendeu os fãs com um belíssimo álbum de estréia, intutulado Breakin’ Chains, agregando influências diversas que vão do Hard Rock/AOR ao Heavy Metal, numa fusão de excelente bom gosto, mesmo remetendo aos medalhões do estilo como Europe (este uma clara influência) a banda mostra personalidade e muita garra, fazendo do álbum uma grata surpresa.

Conversamos com o guitarrista Chris Wiessen e o resulta-do deste bate-papo você confere a seguir.

A banda foi fundada em 2010 com o nome Púrpura, depois passou a se chamar Púrpura Ink, porque a mudan-ça de nome?

Chris Wiesen: Então, no começo, a banda possuía um perfil, tocávamos mais covers e não estávamos muito fo-cados no ramo de autorais ou inéditas, mas com o passar do tempo, foi havendo uma mudança de postura por parte da banda, onde a necessidade de criar se tornou mais forte e começamos a pender para isso, deixando de lado os co-vers. Durante essa mudança de postura e em meio à fase de composições e gravações, descobrimos que já havia outra banda com esse nome. Juntando isso à essa crescente fase de transição pela qual passávamos, a mudança do nome, que já nos acompanhava como anseio, até mesmo para marcar uma nova fase da banda, se revelou necessidade, pelo fator citado acima. Então, decidimos mudar o nome para Púrpura Ink, onde o “Ink” se refera à tattoos, à tinta de cor púrpura também, marcando a nova fase da banda e nossa nova forma de encarar a indústria musical!

Ouvindo Breakin’ Chains percebemos que a banda funciona como um todo, ficando difícil destacar algum elemento, mostrando que a banda funciona perfeitamente no que se propõe, qual a fórmula mágica para atingir essa maturidade e levar isso aos fãs?

Chris Wiesen: Em grande parte por tocarmos juntos há muito tempo, pensarmos de forma sincronizada em como queremos as nossas músicas e trabalharmos de forma concisa em cima disso, buscando sempre o resultado que imaginamos no começo, quando pensamos na canção. Procuramos sempre fazer com que cada instrumento seja uma parte fundamental para a música, onde nada se sobressaia na hora errada, de modo que deixe os outros instrumentos para trás. Você pode entender isso pensando no corpo humano, onde cada órgão

é desenhado para executar uma função, que não poderá ser executada com perfeição sem os outros ao seu redor. Embo-ra cada instrumento seja pensado para ser completo em sua totalidade durante a canção, somente juntos conseguem dar sentido à música

Eu, particularmente, gostei muito das linhas vocais que me remeteram a Joey Tempest do Europe e também, algo de Klaus Meine do Scorpions, e percebo essas agra-dabilíssimas influencias no som de vocês, como é agregar todo esse caldeirão e atingir a originalidade que ouvimos no álbum?

Chris Wiesen: É uma tarefa muito divertida, já que as influências musicais de todos os membros são vastas, dentro e fora do âmbito Rock N’ Roll, surgem ideias muito particula-res, acontece também que estamos juntos há um certo tempo, mesmo antes do Púrpura Ink, logo, as ideias acabam se com-plementando, seja pelo entrosamento como músicos ou por sermos abertos a todo tipo de influência adentrando nossas canções, então, mesmo com várias ideias, há uma harmonia quando pensamos na direção de uma música, acaba por não ser tão difícil assim. (Risos)

Pela energia que emana do disco de estreia, percebo uma preocupação com o lado orgânico no som, como foi a produção de Breakin’ Chains. Vocês consideram ter atin-gido o resultado que queriam com este álbum?

Chris Wiesen: A produção do nosso debut foi longa e trabalhosa, além de ter sido uma experiência muito humana para nós, até mesmo transcendental, pelo fato de que cada uma delas carrega um pouco do interior de cada um de nós. Partindo do processo de composição das músicas, onde hou-ve um cuidado especial na ornamentação de cada uma delas, passando pela nossa experiência em estúdio, onde tudo foi feito com muita minúcia, onde também devemos aos nosso produtores Felipe Hyily e Cid Campelo pelo ótimo trabalho no álbum, assim, tomamos mais ou menos 5 anos para lançar o álbum. No final, quando fomos escutá-lo, na nossa espé-cie de audição em grupo, sentimos que conseguimos passar a nossa mensagem. Ficamos muito felizes com o resultado.

Liricamente a banda mostra que transita por diversos mundo e acaba mostrando uma diversidade de temas que enriquecem o álbum, como se dá o processo de composi-ção do Púrpura Ink?

Chris Wiesen: Geralmente, o processo não possui um pa-drão, estamos sempre criando então temos músicas que se iniciaram com um riff de guitarra trazido de casa, até mesmo um riff que já possuíamos ha bastante tempo, por exemplo,

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“Bitter Wishes”, ou mesmo, durante um ensaio, quando al-guém faz algo interessante, daí, começamos o processo ali mesmo. Trabalhamos da mesma forma com as letras. Nós também gravamos algumas guias e as escutamos e decidimos qual parte fica e qual parte sai da música, e no final, aquela peça pode estar completamente diferente!

Em relação aos fãs, como tem sido a aceitação do ál-bum e da banda em si?

Chris Wiesen: Sobre isso, temos recebido ótimos feed-backs de várias partes do páis e do mundo. A aceitação está sendo muito boa, uma vez que temos muitos comentários positivos na nossa fã page no Facebook, muitos comentário também positivos nos nossos vídeos no Youtube sem contar com as mensagens diretas de fãs as vezes nos parabenizando pelo álbum e até mesmo nos agradecendo por termos lança-do, eles têm muito carinho por nós e não poderíamos estar mais felizes com a aceitação que estamos tendo.

Hoje em dia todos se valem muito a Internet para div-bulgar seu trabalhoe manter o nome em evidencia, como o Púrpura Ink se vale dessa ferramente e mais como você buscam atingir os grandes centros?

Chris Wiesen: Pensamos na internet como vital para a divulgação do nosso trabalho, uma vez que esta ferramenta possui um dinamismo muito grande, podemos alcançar um público muito maior passando por fronteiras e chegando a outros continentes. Podemos com ela, alcançar pessoas de pe-quenas cidades, e os grandes centros aos quais você se refere. Além disso, nós procuramos usar essa ferramenta de maneira

inteligente, com alguns estudos acerca do nosso público, con-seguimos alcançá-lo muito mais rápido e aumentar o número de pessoas que nos conhecem. Procuramos também sempre manter contato com os fãs, mostrar que estamos lá sabe? Que estamos ouvindo o que eles têm a dizer e os resultados não poderiam ter sido melhores.

Quais os planos futuros da banda?Chris Wiesen: Então, por hora, continuamos com a campanha

de divulgação do álbum Breakin’ Chains, enquanto isso, estamos tocando em alguns lugares e fechando mais datas. Mas, nesse meio tempo, estamos também trabalhando no nosso segundo ál-bum de estúdio, e eu posso adiantar muita coisa boa está saindo!

Muito obrigado pela entrevista, o espaço é de vocês para suas considerações e para deixarem uma mensagem aos nossos leitores.

Chris Wiesen: Nós agradecemos a você e sua equipe pelo espaço para a entrevista, desejamos muito sucesso a todos vocês e tudo de bom , bem como desejamos a todos os lei-tores! Reforçamos que estamos em campanha de divulgação do nosso debut e que coisas novas vêm por aí. Fiquem liga-dos nas nossas redes sociais, na nossa fã page do Facebook (http://on.fb.me/1U0jeyH) onde sempre lançamos nossos no-vos materiais e contamos mais sobre o que está por vir! Quem quiser adquirir o ábum em seu formato físico pode o fazer entrando em contato conosco pelo e-mail : [email protected]. E quem quiser adquirir os formatos digitais pode consegui-los em plataformas como Amazon, iTunes, Deezer, MusicMe, Spotify e Google Music Store.

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Por: JP CarvalhoEm 2008 os amigos Léo Araújo (Vocal), Zé Denes (Bai-

xo), Getulio Batista (Guitarra) e Joaquim (Bateria) decidiram montar uma banda com a intenção de tocar os covers clássi-cos do Punk Rock e deram o nome de “The Gummer”. Pou-co tempo depois Joaquim (Bateria) foi substituído por Teles Skillo. Foram feitos poucos shows com nome “The Gum-mers” e logo depois Teles Skilo (Bateria) deu ideia do nome Chafun Di Formio na qual se mantem até os dias de hoje.

A banda esteve firme durante 2 anos e logo após esse prazo a banda veio a se desformar (2010) e o baixista Zé Denes foi embora da cidade. 3 anos depois, Zé Denes (Bai-xo) voltou a visitar a cidade de Ituiutaba-MG. Alguns en-contros com o vocalista Léo Araújo foi o suficiente para decidirem fazer um show de retorno que aconteceu no Fes-tival de Arte e Cultura Alternativa do Tejuco, em Ituiuta-ba-MG (final de 2012). Foi convidado então Pablo Vieito para assumir as guitarras e completar o line up da banda.

Depois do primeiro show, devido a conflitos de horários e compromissos diversos do baterista Teles, foi feito o con-vite para o amigo de longa data da banda Thales Matheus (Lycanthopy), que já havia tocado em diversas bandas na cidade, para assumir as baquetas.

ENTREVISTA

Nascia ali a nova formação do Chafun Di Formio que se mantém firme até hoje.

Com influências de várias bandas indo do Punk Rock ao Thrash Metal a banda começou em 2013 a compor as mú-sicas autorais. Em março de 2014 foi gravado o primeiro EP da banda, intitulado Pague Dez e Vá Pro Céu. Dia 25 de outubro de 2014 foi lançado oficialmente pelo selo inde-pendente Wolves Cave Records. Assim a banda se mantém fazendo vários shows divulgando seu material de estreia.

E como essa mistura de Thrash Metal, Punk Rock e Hardcore sempre rendeu ótimos músicas e ótimas bandas, fomos conversar com a banda e conhecer um pouco mais do seu trabalho, Confira.

Olá, obrigado pelo seu tempo e por esta entrevista. Fale-nos sobre o nome e a criação da banda.

Zé Denes: Em meados de 2008 eu, Léo Araújo e mais dois amigos montamos a banda com intuito de se divertir e tomar umas. Em relação ao nome, todos os integrantes da banda na época (e até hoje) eram fãs do seriado mexicano Chaves. Sen-do assim, tivemos a ideia de nomear a banda com algo do seriado como uma forma de homenagem, daí o nome Chafun di Formio, que é um amigo invisível do Chaves.

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O nome da banda foi trocado de The Gummers para Chafun de Formio, porque as trocas de nome?

Zé Denes: Rolou apenas um show com o nome de The Gummers e foi tão ruim que decidimos mudar o nome da banda (risos).

A banda pratica o que se convencionou chamar de ”Crossover”, trazendo referencias de bandas do estilo como o D.R.I. e Ratos de Porão, por exemplo, como é o público para uma banda com essas caraterísticas no Brasil?

Thales Matheus: Na verdade o som do Chafun di For-mio é uma misturas das varias influencias que temos. Pra você ter noção eu tocava Thrash/Death Metal com o Ly-canthropy. Então o “Crossover” foi o mais próximo que conseguimos pensar para definir nosso som. A vantagem do crossover é que na maioria das vezes desperta interesse na galera do metal e do hardcore (pelo menos é isso que estamos percebendo com o passar do tempo).

Vocês vem de Ituiutaba (MG), conte-nos como é o cenário para a música pesada em sua cidade e melhor, no Estado de Minas Gerais.

Thales Matheus: Minas Gerais é a mina das bandas da música pesada, isso é indiscutível. Podemos afirmar isso pelo Sarcófago e Sepultura, sem contar com outras ban-das mais underground como Sextrash, Overdose, Scourge, Uganga, Krow e etc. Na verdade se fossemos listar todas as bandas ficaríamos o dia inteiro aqui (risos). Ituiutaba é uma cidade pequena, com raízes sertanejas. Então a “pe-quena” cena que temos aqui acaba se tornando muito fiel e unida. Cada dia que passa vem aparecendo uma galera nova que vai somando cada vez mais.

E como vem sendo a aceitação do EP “Pague Dez e Vá Pro Céu”?

Zé Denes: Está sendo bastante positiva,o público e a mídia tem elogiado bastante o EP e a parceria com a Metal Media vem sendo de mera importancia na difulsão do mesmo.

Li algumas resenhas sobre o EP e em sua maioria as críticas foram ótimas em relação ao som da banda, o que mostra que pelo menos a mídia, dita especializada, gostou!

Thales Matheus: Pois é. Estamos muito felizes com o resultado. Trabalhamos muito pra isso e somos muito grato pelo apoio que as pessoas estão nos dando. A caminhada começou agora então estamos anciosos pra saber o que o futuro nos guarda.

Conte-nos sobre a produção do EP.Zé Denes: Em meio aos shows e outras atividades que

exercemos (trabalhos em outras aréas), as composições fo-ram saíndo. Rolou uma pré aqui na cidade mesmo pra ver oque poderia ser melhorado e gravamos no Chederrecords em Uberlândia-MG.

Thales Matheus: Foi um processo evolutivo e fomos crescendo gradativamente.

Apesar de conter apenas 4 faixas, “Pague Dez e Vá Pro Céu” é intenso e coeso, com muito peso e agressivi-dade. Mas a parte lírica dá um up em todo o trabalho, mostrando coerência e criatividade na hora de escre-ver. Como é o processo dentro da banda e onde vocês buscam os temas?

Zé Denes: Essa parte fica mais comigo e com o Léo Araujo (vocal). Na maioria das vezes buscamos algo “po-dre” do cotidiano e jogamos nosso incoformismo com um

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toque de humor (não só nas letras,mas também no nosso dia a dia).

Gosto muito da timbragem dos instrumentos, que dão um ar Old School a produção. Esse já era o som que vocês queriam ou vocês buscaram isso em estú-dio?

Thales Matheus: Na verdade tudo isso foi uma sur-presa para nós. A intenção do EP era soar o mais próxi-mo possível das músicas tocadas ao vivo. É nosso pri-meiro trabalho, então estávamos experimentando ainda. Mas no fim das contas os timbres saíram do jeito que a gente gosta sem termos feito muito esforço.

Em relação aos shows como andam as produções e a constância dos shows para o Chafun di Formio?

Thales Matheus: Nos shows sempre contamos com a ajuda do Silas Demétrio (Lycanthropy) que é um gran-de baixista e irmão do Léo. Ele trampa de roadie, foto-

grafo, técnico de som e etc (Risos). Gostamos mesmo é de montar os equipamentos e quebrar tudo. Uma coisa que percebemos foi que assim que deixamos os covers de lado e decidimos tocar nosso proprio material a pro-cura para contratação de shows aumentou demais. Isso me enche de felicidade pelo fato de nos mostrar que aos poucos os promotores estão perdendo mais o interesse em bandas covers e valorizando o trabalho autoral. Mas analizando todo o contexto, vamo definir que estamos bem, na ativa.

A banda abusa dos backing vocais na faixas o que, pelo menos para mim, dá um senso de união com o público quando a banda se apresenta ao vivo, como é a reação das pessoas as apresentações?

Zé Denes: Quando gravamos os backing vocals nem pensamos por esse lado, acho que foi um pouco da influ-ência do hard core que temos. Geralmente durantes os shows as pessoas costumam berrar na hora dos mesmos.

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Chafun di FormioPague Dez e Vá Pro CéuIndependente – Nacional

Uma das maiores tradições no underground brasileiro é o Hardcore/Crossover. Desde os primei-ros anos da década de 80, o país se mostrou fértil no HC, criando uma cena forte e com nomes contundentes, e já na segunda metade da mesma década, quando ban-das como DRI já mostravam um direcionamento musi-cal híbrido entre o Hardcore raivoso com elementos do Thrash Metal (que é uma síntese do que seria o Cross-over), o RDP já mostrava o mesmo gênero. E ambos os gêneros foram crescendo e se fortificando no nosso país, e atualmente, rende muitos ótimos frutos. E de Ituiu-taba (MG), um pouco longe da efervescência de SP e RJ, vem o quarteto Chafun Di Formio, despejando toda sua ira politizada em forma de boa música com o EP “Pague Dez e Vá pro Céu”.

O mais interessante no trabalho musical do grupo é que a raiva latente do HC está com a presença mais evidente, deixando claro que o Crossover do grupo tem uma leve queda para este lado. Mas não se iludam: as influências do Thrash Met-al estão claras. É pesado, azedo, empolgante e muito feroz, cuspindo um discurso politicamente incorreto e co-erente para todos os lados, misturando vocais explo-sivos, riffs intensos e sóli-dos, base rítmica não muito complexa, mas dando peso e coerência sonora ao grupo.

A produção sonora é De bom nível, mas mantendo a crueza que a música do grupo necessita (estamos falando de uma banda com fortes raízes HC, lembrem-

Thales Matheus: Isso quando não estão se moendo nos mosh’s. (Risos)

Muito obrigado pela entrevista. O espaço é seu para suas considerações e para deixar uma mensa-gem aos nossos leitores.

Thales Matheus: Obrigado a vocês da revista Collap-se Underground Art pela oportunidade, ao Rodrigo Balan e a Débora Brandão, da Metal Media, pelo trampa mara-vilhoso. Agradecer aos nossos amigos, que são muitos, pela força que sempre nos deram (eles sabem quem são). E agradecer também todo o pessoal que tem procurado saber da banda e vem nos seguindo diariamente na nossa jornada. Já estamos trabalhando em material novo e em breve vai sair uma pedrada aí! Obrigado.

Zé Denes: Queria agradecer aos meus parceiros de banda, a vocês da revista Collapse Underground Art, a galera da Metal Media pela otimo trabalho que fazem, e a toda rapaziada que acompanha a banda e dá aquela força e faz todo esforço valer apena. Abraços e Obrigado.

se). Por outro lado, a quali-dade que nos é apresentada nos permite compreender o que a banda está tocando claramente, mas permanece certo “feeling” ao vivo no EP, pois a banda optou por aliar um espírito mais de-spojado e próximo de seus shows do que algo elaborado em demasia. Ou seja, o tra-balho da banda aliada a Rod-rigo Nepomuceno (que fez a mixagem e masterização do EP) está satisfatório. A arte de Arth Silva casa com a música e representa o espíri-to azedo das letras e música do quarteto.

Quatro músicas deste primeiro lançamento do grupo mostram toda a poten-cialidade do quarteto (todas sendo bem curtas) o quanto podem render e contribuir ao cenário. Em “Pague Dez”, temos boas variações de an-damento e ótimo trabalho dos vocais, fora um refrão que fica na mente nas primei-ras audições e belos backing vocals. “Sarjeta”, com um andamento em tempo médio, tem todo aquele ranço Hard-core graças ao trabalho das guitarras (que mostra riffs ótimos), mas se prestarem bem a atenção, o baixo faz um trabalho técnico muito bom. Em “Olhos de Borra-cha”, temos alguns toques do Harcore metalizado de Nova York bem evidentes em alguns momentos, e a cozinha rítmica do grupo mais uma vez se destaca muito. E fechando, “Minha Toada” mostra um andamen-to mais cadenciado, bateria usando bem os dois bumbos em muitos momentos, e são justamente as guitarras que mostram o lado Crossover da banda, com outra inter-pretação de primeira linha. E percebam que as letras em português ajudam em muito a compreensão da mensagem ácida do quarteto.

Sejam bem vindos, Chafun Di Formio, pois precisamos de bandas assim no cenário. E como o EP está disponív-el para download gratuito aqui, ouçam em alto volume, poguem à vontade, mas cui-dado para não quererem sair pela rua arrebentando certos tipos de pessoas no braço.

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ENTREVISTA

Por: Vlademir Gonzales

No ano de 2000, na cidade do Rio de Janeiro, Robson Souto (NightArrow) guitarris-ta/vocalista e o baixis-

ta Sergio Vianna, reorganizaram composições antigas de sua extinta banda Death/Doom, chamada Apochryphon. Com o desejo de desenvolver e melhorar suas idéias, cria-ram o Land of Tears. No começo a banda praticava um Death/Doom Metal, de-pois de muitas mudanças na for-mação, a banda passou a explorar um som mais agressivo, muito mais pesado e rápido, preocupados com a técnica e performance musical.

No ano em que a banda completa 14 de anos de estrada, tem seu line up totalmente estabili-zado e de forma solida e coesa, no qual Robson Souto (guitarra/ vocais), Sergio Vianna (baixo) Leandro Xsa (guitarra solo) e Orion Goba-th (bateria) conduzem a banda perfeita-mente. Após dois CDs demos e de “World of Pain”, que na época tiveram

uma grande re-cepção por parte da mídia especializada e do público, lançam em setembro ultimo pela Black Legion Productions o seu novo álbum full lenght, intitulado “The Ancient Ages of Mankind”. Já com ótimas resenhas e co-tado como um dos melhores do ano por vários críti-cos de som extremo e também pelo público. A banda vem divul-gando o novo trabalho em shows pelo Brasil.

O Land of Tears foi formado em 2000, quais são as mudanças que você pode apontar do começo para os dias atuais?

Night Arrow: No começo eram sempre as dificuldades de toda banda, falta de grana e de estrutura para o Under-ground, creio que essa parte ainda continua até os dias de hoje com a diferença de que hoje sustentamos nós mesmos nosso sonho , nossa relação com a música é a mesma , mais profissional do que no começo, os caminhos tortuosos que passamos como todos passam , não tem como esquecer,

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mas essa bagagem com certeza é que faz uma banda se manter na estrada praticando o mesmo tipo de som com algumas poucas mudanças por quase 15 anos como nós, é amar o que se faz! Mudança de line-up, quebra pau inter-no, falta de grana, um bando de filho da puta de outras ban-das tentando puxar seu tapete, e ficando mais putos da vida ainda, quando você se mantem em pé? Faríamos tudo de novo se fosse preciso por que ao contrário do que se pode pensar estamos aqui por nossas próprias pernas e foda-se quem não gostou! Vocês seus invejosos de merda, seus pa-nelinhas do caralho vo-cês tem que aturar quem trabalha sério, não dependemos de ninguém pra pagar nossas con--tas e temos nossas famílias pra nos apoiar!

No começo vocês praticavam um death/doom, e com o tempo passaram para um som mais agressivo, foi na-tural para vocês essa mudança?

Night Arrow: Sim com certeza, é natural a evolução , quando você a busca, esse tem sido nosso trabalho, sempre procurarmos ser melhores do que nós mesmos, afinal você só depen-de de você querer, mas nada, o desafio é feito a nós mesmos, nosso som eu diria que man-tém muito do que foi feito lá no começo, é cadenciado e pesado mas de forma mais madura e claro técnica também, a musicalida-de do Land of Tears tem aquilo que acho fundamental nas bandas que eu curto, você já identifica logo nos primeiros acordes, é ame-o ou deixe-o.

Com duas demos e um debut de respeito, a ban-da partiu para a gravação de The Ancient Ages of Mankind, como foi a recepção deste trabalho e que frutos o Land of Tears colheu até agora com este lançamento?

Night Arrow: Foram as provas de nossa evolu-ção como mencionei anteriormente, cada tra-balho lançando era um degrau a mais na vida da banda e de cada membro envolvido, nosso lema é que o pró-ximo seja melhor do que anterior, pois os principais críticos, antes de tudo somos nós mesmos, “The An-cient Ages of Mankind” já vem sendo pensado pelo menos uns dois ou três anos de seu lançamento, tudo ali foi pensado, da arte gráfica as composições, re-cebemos algumas críticas que diga -se de passagem são sempre muito bem vindas até quando não nos agradam , afinal quem está na chuva é pra se molhar, em relação a gravação, gostaria de aproveitar essa oportunidade para comentar isso, para nós foi ótimo o resultado final, óbvio sempre após um trabalho , você o analisa e vê pontos que podem ser melho-rados, isso que é o legal da história em fazer parte da construção de um trabalho feito a 08 mãos. Sua repercussão não poderia ser melhor tanto no Brasil quanto no exterior, graças a ele nós faremos nossa primeira tour pela Europa concluindo assim o ciclo de divulgações desse tra-balho.

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As composições de The Ancient Ages of Makind tem unidade e agressividade de sobra, como foi compor um disco tão intenso e em estúdio, você já percebiam que tinham um grande trabalho em mãos?

Night Arrow: Na verdade só percebemos o peso real do trabalho após sua conclusão, antes de tudo concluído é como se você fosse um espectador de uma peça, mui-tas pessoas talvez não saibam, mas ele já era para ter sido lançado há pelo menos quatro anos pelo menos, mas com aquela velha mudança de line-up, atrasou. Na verdade, posso dizer que ele foi lançado no momento apropriado da vida do Land of Tears, talvez ele não tivesse tido o impacto que tem se fosse lançado em outra época que não agora.

Além de grande variação rítmica e dos riffs cortan-tes a banda imprime um andamento mais cadenciado, indo exatamente contra a maré do estilo, e eu, particu-larmente, acho que a mú-sica ganha muito com isso.

Night Arrow: Sim se quiséssemos estar na moda não tocaríamos Death Metal, seríamos esti-listas (risos). To-caríamos outro estilo qualquer sem mencioná-los e esta-ríamos ganhando mi-lhões por semana, que não é o caso, tocamos o que tocamos e sempre colocamos isso dessa forma para todos ouvirem, os primeiros a se satisfazerem com nosso trabalho somos nós. Fazemos o que nos agrada, ficamos mais muito felizes mesmo quando outras pessoas curtem de verdade nosso som, nosso trabalho num todo, mas sem hipocrisia banda que faz som por causa do públi-co A ou B, por que está na moda.

Você soltaram um belíssimo vídeo clipe para a música

título, como foi a concepção e produ-ção deste vídeo clipe?Night Arrow: A realização de um sonho, se é que se

pode resumir um trabalho feito por tantas pessoas, com tan-ta dedicação, assim. Tive a sorte grande de poder trabalhar com Vi-nícius Hozara da CS Video, um cara focado, com ideia e visão próprias, transformou um rascunho no papel em realidade, todas as pessoas envolvidas nesse fantástico trabalho da banda são nossos amigos antes de tudo. Poder fazer um clip com qualidade de cinema, dife-rente do que

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Land of TearsThe Ancient Ages of Makind

Black Legion ProductionsA longevidade de uma banda depen-

de explicitamente de muitos fatores, mas um dos mais marcantes é: o quanto ela pode ser criativa com o passar dos anos, de como pode se diferenciar de tantas ou-tras em uma enxurrada de bons trabalhos que surgem todos os dias. Não se pode ficar para sempre vivendo de passado em termos musicais. É preciso ir adiante. E o experiente quarteto Land f Tears, do Rio de Janeiro, sabem muito bem como lidar com todos os dissabores vindos do longo tempo de vida, bem como sabe se reno-var, ser criativo. E “The Ancient Ages of Makind”, seu primeiro álbum, e que acaba de ser lançado pela Black Legion Productions, é uma prova real de que se pode evoluir e ser criativo, sem no entan-to perder sua essência.

Antes de tudo, para a compreensão de “The Ancient Ages of Makind” como um todo, é preciso saber como a banda evolui bastante nesses anos todos. Do Death Metal com doses de Doom Metal das Demos “Canon Episcopi” e “Total Disgrace”, e do Death Metal ríspido do EP “World of Pain”, o Land f Tears che-ga em uma nova formatação, com uma musicalidade mais encorpada e evolu-ída, que poderíamos denominar como “Epic Death Metal”, pois a música da banda continua com fortes influências do Death Metal dos anos 90 (um mix bem equilibrado entre as escolas euro-péia e norte-americana), mas se percebe muitas nuances do Black, do Doom, do Metal tradicional, e mesmo algumas coisas de fora. Ou seja, existem toques mais ecléticos embaixo da brutalidade opressiva (mas elegante) do quarteto. Os vocais deram uma melhorada em re-lação ao passado (a dicção ficou perfeita, bem como os timbres guturais estão mais equilibrados. E ainda existem uns urros mais rasgados). As guitarras ficaram em um nível excelente, com riffs muito bem trabalhados, e os solos mostram fortes doses de melodia (embora existam aque-les mais doentios e cheios de alavancas que os fãs mais tradicionais adoram). Baixo e bateria estão com ótima técnica, boa presença, e uma dinâmica nos anda-mentos e mudanças de tempos ótimas. Tudo isso muito coeso e homogêneo, sem deixar que algum instrumento se so-bressaia demais. O quarteto se preocupa com a música como um todo.

A produção do disco (que tomou bastante tempo em termos de gravação, mixagem e masterização) é ótima, sem espaço para críticas negativas. O grupo, aliado a Marco Anvito (que ainda gra-vou todas as partes de baixo do CD) nos HCS Studios (RJ), souberam sonorizar muito bem o disco, escolhendo timbres para os instrumentos que fossem poli-dos, mas sem deixar a agressividade e o peso de banda de fora. É bruto e ríspido, mas como uma sonoridade cristalina, que nos permite observar cada detalhe e

é feito hoje, com o padrão que foi constituído no nos-so? Sem palavras amigo, para mim o clip precisa en-volver contando uma histó-ria, tudo bem se você curte um galpão sujo, cada um na sua, eu acho que a ban-da tem que oferecer mais, e como citei anteriormen-te, se nós estamos satisfeitos? Quem curte nosso trabalho provavelmente também fi-cará!

A banda vem se apre-sentando ao lado de no-mes importantes do ce-nário da música pesada, como tem sido a recepção

do público as apresentações do Land of Tears?Night Arrow: Tem sido ótimo , nos apresentar ao lado

de grandes bandas do cenário mun-dial , a exposição da banda tem sido fenomenal , muito disso é fruto de nossa parceria com nosso selo Black Legion Productions, repre-sentado por nosso assessor e brother Alex Cha-gas, temos que dar a mão a quem nos dá a mão, sorrir para quem sor-rir pra nós, ele é o quin-to sócio (risos).

Nós tocamos em um curto espaço de tempo com Toxic Holocaust, e logo depois tocamos com ninguém menos que o Vital Remains, banda de que sou fã e a galera é super bacana, Tony Lazzaro é o verdadeiro representante do Un-derground mundial na ativa até hoje, tam-bém temos que mencionar o convite de Myki Ruta da Fame Enterprises que também trouxe o Toxic, é o reconhecimento de nosso tra-balho como músicos e como fãs, no caso do Vital Remains.

O que podemos esperar do Land of Tears no futuro?Night Arrow: Além de nossa tour que está acontecen-

do pelo Brasil e irá culminar no ano que vem na Europa, posso adiantar que já estamos trabalhando nas composi-ções e na estru-tura geral do novo albúm, que já está nos empolgando e deixando nossos sorrisos estampa-dos, se-guirá a linha de “The Ancient Age of Mankind”, porém com mais veneno no sangue, aguardem pois de resto ainda nem nós podemos saber como será o resultado final!

Obrigado pela entrevista, o espaço é seu para suas considerações e para deixarem uma men-sagem aos nossos leitores.

Night Arrow: Sempre é um prazer poder dividir nossas experiências , nosso dia a dia de banda com todos aqueles que nos acompanham vocês fazem parte da nossa história , fazem parte da enorme família do Land Of Tears , obrigado a vocês todos, nosso muito obrigado a vocês da Collapse, que nos propiciaram tal feito, sem essas ferramentas não seria possível, estamos juntos, nos vemos na estrada, hails!

arranjo perfeitamente. E realmente: esta qualidade deixa claro que este não é um cd para ser ouvindo em MP3!

A arte, com uma linda capa feita por Antônio Sabá um lindíssimo de-sign de Rodolfo Ferreira, da Obsidian Design Digital Art, é totalmente focado nas letras do grupo, e que agora assu-miram um escopo voltado ao épico e ao mitológico, enfocando as culturas da antiguidade européia. Ou seja, aclimata perfeitamente o ouvinte para a música que flui pelas caixas de som.

Em termos musicais, a Legião Ômega do Land f Tears mostra uma evolução absurda, fugindo completa-mente do convencional. As músicas es-tão muito bem arranjadas e trabalhadas, mostrando um nível de composição e entrosamento enormes. É claríssima a idéia de que “The Ancient Ages of Makind” é, antes de tudo, um disco in-teligente, que nasceu para ser grande.

Introduzido por “Sons of Eternity”, uma instrumental de teclado com clima bem épico, o CD já abre em grande esti-lo com “The Colossus of Rhodes”, uma canção longa (mais de seis minutos de duração), com ótimas variações rítmi-cas, riffs bem pesados e um trabalho de bateria excelente, seguida por “Old Le-gends”, com um andamento de veloci-dade mediana no início, antes de ganhar mais velocidade, com boa técnica das guitarras, e vocais fortíssimos. Abrindo com um solo técnico e mais tradicional, vem “Cerberus”, outra com andamen-to bem mais abrasivo, e com um solo fino em termos técnicos e melódicos. Um belo dedilhado de violão dá início a “The Ancient Ages of Makind”, onde mais uma vez a cozinha baixo-bateria se destaca, e mais um excelente solo de guitarra. Em “Forbidden God”, temos uma faixa já mais agressiva e seca, mas bem trabalhada, com riffs bem envol-ventes e andamento dinâmico. Gran-diosidade é o que “Mega Alexandros” transpira, onde novamente algumas in-fluências mais modernas em termos de Metal extremo aparecem, fora algumas melodias bem subjetivas darem as caras nos riffs; além disso, se vê claramente que esta música é a maior influência na arte da capa (uma imagem que re-presenta a Batalha de Hidaspes, onde Alexandre, o Grande, e o Rei Poro, da região de Panjabe, se enfrentaram. Isso foi em 326 A.C.). Também introduzida por violões, “Pentekontoros” é um pou-co mais seca e agressiva, com ótimos vocais e andamento que leva a cabeça a bater involuntariamente, e nesta mú-sica, a melodia fica mais explícita tanto nos riffs quanto solos. Rápida e opressi-va é “Omega Legions”, bem trabalhada, vocais bem assentados na parte instru-mental, onde se destacam as guitarras inteligentemente compostas.

Finalizando: “The Ancient Ages of Makind” não é um disco de difícil assi-milação ou compreensão, pelo contrário. Mas é um disco tão inteligente e maduro que dá vontade de ouvir muitas vezes seguidas para ter uma visão mais ampla sobre ele. Mas cuidado com o volume, senão as paredes vão tremer e os vizi-nhos chatos reclamar (mesmo que eles adorem enfiar em nossos ouvidos coisas terríveis em termos sonoros, coisas que o Pai Marcão recusa chamar de “música”).

E além disso, a Legião Ômega do Land of Tears lançou um disco que veio para bagunçar com o Top 10 de 2014 de muitos. E estará acessível no Norte e Nordeste pela Rising Records, e no Sul e Sudeste pela Impaled Records.

Por Marcos “Big Daddy” Garcia

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ENTREVISTA

Por: JP Carvalho

Formado em 201, na cidade de São Luís (MA) a banda Ja-ckdevil já é figurinha carimbada nos shows e players de

por todos o nosso país.Thrash Metal visceral e muito bem-vindas referências a

N.W.O.B.H.M, fizeram desta banda uma referência e um nome forte num cenário saturado de bandas iguais que se limitam a seguir conceitos cansativos e demasiadamente explorados.

Além de trazer um som empolgante com doses extras de agressividade o Jackdevil aposta muito na velocidade dos seus temas e desde o seu primeiro lançamento, o EP “Under the Satan Command” angariou legiões de fãs espalhados pelo Brasil e pelo mundo.

Tivemos um bate-papo com o vocalista e guitarrista André Nadler e o resultado você confere a seguir.

Desde o lançamento de “Under the Satan Command” o Jackdevil vem seguindo uma carreira meteórica, que di-

ferenças vocês apontariam dos tempos do EP, para hoje?André Nadler: O ‘Under The Satan Command’ nos ser-

viu como o primeiro passo para alcançarmos a sonoridade e estrutura musical que o Jackdevil desenvolve atualmente. Com o amadurecimento, tanto musical quanto pessoal, a ban-da teve a oportunidade de buscar a sua própria identidade a cada trabalho lançado, mas sempre bebendo da fonte do que foi produzido em nosso primeiro registro.

Basta ouvir cada faixa do ‘Under The Satan Command’ que fica evidente que ali éramos uma banda jovem que arris-cava seus primeiros passos na longa estrada do metal. Uma das coisas que mais nos impressiona é a energia que aquela demo tape possui. O fato de gravarmos o instrumental todos juntos, no famoso “take one”, com certeza foi um diferencial que somou bastante naquele momento e seria ótimo se mais bandas nacionais tomassem essa atitude de botar para gravar suas músicas priorizando a essência e entusiasmo que o ce-nário necessita.

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O primeiro full lenght , o “Unholy Sacrifice”, elevou o status da banda. Que conquistas este trabalho trouxe para a banda?

André Nadler: O primeiro disco a gente nunca esquece (risos). O ‘Unholy Sacrifice’ fez a banda explodir fora do país e nos levou a ter boas vendas de CD’s no Japão e Rússia, por exemplo. Ele também marcou uma nova fase para a banda, com todas as composições possuindo a participação direta de todos os integrantes.

Boas resenhas, entrevistas, capas de revistas e o respeito de muita gente do meio musical que nós admiramos acho que também foram destaques que significaram muito para aquele momento.

Com letras baseadas nos contos de Stephen King, o disco superou expectativas e foi vendido mundo afora por sites especializados, além de levar a banda para se apre-sentar em diversos palcos pelo país. Vocês se sentiram pressionados por isso na hora de compor o sucessor de um álbum que caiu nas graças do público?

André Nadler: A pressão faz parte de todos os momentos da nossa história. Resultados mais satisfatórios surgem quan-do você se cobra e chama a responsabilidade da situação. Sa-bíamos que as canções do ‘Evil Strikes Again’ sairiam da me-lhor forma possível, pois tivemos mais tempo para trabalhar em cada detalhe do que nó álbum anterior.

A maior condecoração que uma banda pode se pode se orgulhar de ostentar é ter a propriedade de afirmar que o ál-bum atual realmente superou as expectativas em relação ao anterior e o Jackdevil tem hoje a tranquilidade de dizer isso. É questão de pouco tempo para que o ‘Evil Strikes Again’ caia

nas graças dos fãs e novos ouvintes também.

O “Evil Strikes Again”, na minha forma de ver, trouxe uma banda mais agressiva e mais contundente em seus temas, bem como em sua música. O que os levou a compor um álbum mais agressivo e veloz?

André Nadler: Toda banda quando vai compor um álbum precisa de inspiração e para o ‘Evil Strikes Again’ o maior combustível foram as coisas que estão ao nosso redor. O som do Jackdevil possui uma ‘fúria sonora’ que cresce a cada tra-balho lançado e este novo álbum é só mais um degrau dessa escada. Nós brasileiros possuímos uma forma única de trans-mitir a nossa raiva através da música, uma coisa que vem de herança desde o Sepultura, e nós fazemos questão de dar continuidade ao jeito brasileiro de fazer música pesada.

O ‘Evil Strikes Again’ apesar de ser o álbum mais agressi-vo e veloz, por outro lado, também conta com um instrumen-tal mais trabalhado que os registros anteriores e com músicas que passeiam ainda mais pela esfera do heavy metal tradi-cional. Desde trechos com teclados, solos mais longos até o próprio vocal estão mais apurados.

Além disso, já é tradicional a banda fazer as próprias produções, porque vocês decidiram trabalhar desta forma?

André Nadler: Somos uma banda que sabe o que quer. Gostamos de produzir coisas que realmente sejam como nós queremos e devido ao esforço dos integrantes, o Jackdevil tem através dos próprios músicos a produção de bastante coi-sa. O Filipe Stress já trabalhava com gravações de bandas e, dessa vez, o ‘Evil Strikes Again’ ficou sob o comando dele.

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Se você comparar a sonoridade do ‘Unholy Sacrifice’ com o ‘Evil Strikes Again’ vai conseguir entender como este novo disco tem as nossas raízes impregnadas em todo o trabalho. Ficou mais fácil escolher como queríamos soar para os fãs sendo que éramos nós os produtores e músicos.

Por fim, quanto mais necessitarmos de nós mesmos, me-lhor vai ser. É muito mais fácil nos cobrarmos do que ficar enchendo o saco de terceiros (risos). Afinal de contas, nin-guém melhor do que você mesmo para dizer quem realmente você é, certo?

Certíssimo! A parceria com a gravadora carioca Uru-buz Records e com o desenhista Ronilson Freire já ren-deu ótimos frutos a banda. Como é feito o trabalho nes-sas duas frentes em relação a banda?

André Nadler: A Urubuz Records não é somente a gra-vadora na qual o Jackdevil lança seus materiais, pois já fun-cionamos como uma família. O trabalho transparente e sin-cero dentro do selo nos deixou ainda mais confortáveis para nos preocuparmos com as outras necessidades da banda. É questão de pouco tempo para a Urubuz Records começar a ser citada como uma das principais gravadoras na história do metal nacional, aposto nisso.

Hoje em dia, com a corrupção em alta como nunca, acha gente honesta para trabalhar é raridade e o Márcio, presi-dente da Urubuz Records, é um cara que admiramos muito. Espero que nossa parceria dure bastante.

Com o Ronilson Freire a parceria permanece firme e for-te desde o ‘Unholy Sacrifice’ e sempre rende diversos elo-gios e não é a toa; o cara manda super bem e ninguém nesse mundo desenha tão bem o nosso ‘Zeca Diabo’ quanto ele. Vale destacar que o Ronilson é nosso conterrâneo e detona

nos traços do Green Hornet, da DC Comics.

Com o lançamento de “Evil Strikes Again” a banda se prepara para uma tour sul-americana, o que vocês po-dem nos adiantar sobre isso?

André Nadler: O Jackdevil está se preparando para algu-mas turnês que estão sendo fechadas neste momento. Nosso giro pela América do Sul é apenas o primeiro grande rolê.

Para esta primeira fase de shows fora do Brasil faremos a abertura dos shows do Onslaught e será um sonho sendo realizado, pois abrir os concertos de um grupo que é refe-rência mundial dentro da vertente que tocamos é algo indes-critível. Faremos shows ao lado do Hibria, Vader e vários outros nomes do metal que admiramos, portanto não pode-ria ser diferente; estamos preparando os melhores shows do Jackdevil até aqui.

Muito obrigado pela entrevista, o espaço agora é de vocês para que deixem uma mensagem aos nossos leitores.

André Nadler: Para finalizar queríamos agradecer a to-dos que acompanham e acreditam em nosso trabalho, deixar nossos votos de admiração aos que defendem e carregam o nome do Jackdevil. Além disso, desejamos vida longa ao metal nacional, que mesmo com tanta desunião e proble-mas, sobrevive sem nenhum arranhão. Nossa admiração aos guerreiros(as)de bandas como o Leatherfaces, Fire Strike, Selvageria, School Thrash, Nervosa, Violator, Whipstriker, Mad Dog, Flagelador, Violent, Woslom, Forkill e várias ou-tras que superam toda e qualquer adversidade na luta pelo metal brasuca.

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aforismos do pai marcão

Por: Marcos “BigDaddy” Garcia

Antes de tudo, estas li-nhas visam esclarecer,

e não polemizar. Quem qui-ser polêmicas ou mimimis, favor ser dirigir ao terminal de ônibus mais próximo e pegar um que o leve à puta que os pariu, ok?

Estas palavras surgiram de uma saudável discussão com um colega da imprensa, e cujo conteúdo foi falar so-bre as notas que damos aos CDs lançados. E me veio a necessidade de expor algu-mas coisas sobre o assunto, mas em uma perspectiva mais pessoal.

Antes de tudo, sem que-rer me pôr como o “pica das galáxias” veterano do Me-tal, estou nessa vida desde que tinha treze anos. Hoje, tenho 45, e me sinto um ga-roto, capaz de aceitar as ino-vações musicais sem medo.

Voltando um pouco no passado, eu sou cria, basi-camente, de duas publica-ções: Metal e Rock Brigade. Nesses tempos, se davam as notas altas sem esquentar a cabeça se aquele disco seria uma referência, ou mesmo um clássico. A nota era um reflexo do que o escritor percebia naquele momento.

Injusto?Pode ser. Um exemplo

bem interessante é o Posses-sed e seu famigerado “Seven Churches”. O autor da épo-ca deu-lhe um 7,5 e deixou claro defeitos que pesaram na nota. Hoje, “Seven Chur-ches” é visto como uma das raízes do Death Metal.

Na época, eu não dei bola e tive o disco. Apesar de concordar que ele é im-portantíssimo para mostrar ao mundo o Death Metal (e ainda gosto muito dele), eu também vejo que o escritor tinha as suas razões, e al-guns defeitos citados real-mente existiam no disco.

Outro: o “Open the Ga-tes” do Manilla Road levou 10. E digamos de passagem, esse disco não representa

Notas altas, notas baixasQuem diabos somos nós, escritores?

nada para a história do Me-tal. Mas ele é um disco mui-to bom, verdade seja dita. E nunca fiz questão de o ter na minha coleção, com todo respeito ao grupo e seus fãs (inclusive já resenhei um disco deles, e dei uma boa nota, mesmo não sendo um dos fãs da banda).

Erro?Falta de profissionalismo?Prefiro enxergar as coi-

sas como elas realmente são: somos frutos do nosso tempo, e nossas resenhas não são para o futuro, mas para o presente, onde qual-quer concepção esbarra no véu denso do mistério. Se não sabemos o que ocorrerá daqui há 20 minutos, o que diremos sobre 20 anos...

Nenhum disco nasce clássico. Ninguém consegue dizer que um clássico nas-ceu ou que se pode chamar um disco de “candidato” a clássico baseado em nossos gostos pessoais u em nossas percepções errôneas. A vida muda, o mundo se altera, e o futuro depende de cada ação nos dias presentes.

Um excelente exemplo: Lester Bangs, um famoso crítico norte-americano, quando resenhou o primei-ro disco do Black Sabbath, deu-lhe uma açoitada, uma saraivada de palavras bem negativas. E não satisfeito, trucidou o Master of Reali-ty depois. É o mesmo Les-ter Bangs que irá exaltar Lou Reed, especialmente o disco “Metal Machine Mu-sic”, que rotulou como “The Greatest Album Ever Made”

(ou seja, o maior álbum já feito). Me perdoem, mas além de se envolver demais (me perdoem, mas vou me envolver também: achei este disco do Lou uma bosta, e não gosto de absolutamente nada que ele gravou), Lester carecia de uma visão mais ampla e profunda. Era um intelectual, não podemos negar, mas envolto demais na música pelo próprio gos-to. E realmente, se ele não tivesse falecido de overdose de remédios, provavelmente se arrependeria de ter espi-nafrado o Black Sabbath...

No fundo, creio que cer-to padrão que existe nos dias de hoje, é o medo de deixar os leitores putos (até hoje, tem gente que vive fa-lando por conta dessas notas dadas lá em 1986, acreditem se quiserem). Medo que na época da Brigade que citei não existia. Tudo bem, as resenhas não eram profis-sionais, mas eram aquilo que tínhamos. E o profissio-nalismo em termos de rese-nhas veio com o tempo, veio amadurecendo e graças ao maior intercâmbio e leitura de títulos de fora de nos-so país. E sinto muito, mas não tenho medo que o leitor ouça um disco que resenhei positivamente e ele não gos-tar. O gosto dele diz o que ele gosta ou não, e minhas palavras refletem o que está no disco.

Ainda sobre eu mesmo, não penso em banalizar a nota 10 ou que ela, dada em demasia, me desvaloriza com escritor. Meu padrão é idêntico ao da antiga Briga-de: se o disco é ótimo, por-que cargas d’água não lhe fazer justiça? Pelo contrário: se digo que vários discos são excelentes, é sinal que o Heavy Metal anda produ-tivo, que o nível está alto, e que podemos ter novos gi-gantes surgindo em breve.

Uma banda não inventou nada? Sinceramente, fora

Black Sabbath, Judas Priest e Motorhead, poucos real-mente criaram algo dentro do que concebemos como Heavy Metal e suas verten-tes. Tudo saiu deles, logo, aprimorar o que foi criado é algo que possui méritos, mas não é criar algo do zero.

Tem personalidade? Isso é um ponto importante.

Não é preciso criar nada para ter personalidade e ser ótimo. Digamos que o Me-gadeth é um bom exemplo disso, pois segue o mesmo gênero do Metallica. Ape-nas é diferente e tem perso-nalidade própria. O mesmo vale para o Tank, que pegou o Motorhead e deu uma di-ferenciada (embora nunca tenha sido uma banda gran-de). O que não se pode é ser um Dolly Metal clone, como muitos andam fazen-do por aí.

Não é um clássico? Olhem os exemplos do Pos-sessed e do Manilla Road. Lembrem de Lester Bangs também. E torno a dizer: nós somos escritores, não ciganos jogando tarô, para tentar adivinhar o que vai ser clássico ou não.

Em suma: nós, que es-crevemos resenhas, deve-ríamos continuar apurando nossos estilos de escrita. Clássicos, o tempo dirá se são ou não...

Agora, sobre a matéria em si, me guardo o direi-to à célebre frase do finado Alborghetti: gostou, gos-tou. Não gostou, foda-se! E tenho dito!

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