Cogumelo shitake

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Aprenda a produzir shitake

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  • Universidade de So Paulo

    Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Casa do Produtor Rural

    Produo de

    Shiitake em toras de eucalipto

    Srgio Florentino Pascholati Carla Mariane Marassatto

    Jos Renato Stangarlin Simone Cristiane Brand

  • Casa do Produtor Rural Av. Pdua Dias, 11 - Cx. Postal 9 Bairro Agronomia Piracicaba, SP

    Comisso de Cultura e Extenso Universitra Presidente Prof. Dr. Pedro Valentim Marques em Exerccio

    Servio de Cultura e Extenso Universitria

    Chefe Administrativo Maria de Ftima Durrer Coordenao editorial

    Reviso tcnica Foto capa

    Marcela Matavelli Fabiana Marchi de Abreu Srgio Florentino Pascholati

    Fotos da cartilha Marcela Matavelli

    Marylin Del Nero Grecco

    Layout de capa Editorao eletrnica

    Impresso Tiragem

    Jos Adilson Milanz Maria Clarete Sarkis Hyppolito ESALQ/USP - Servio de Produes Grficas 3000 exemplares 1 Impresso (2014)

    Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Av. Pdua Dias, 11 Cx. Postal 9 Bairro Agronomia Piracicaba, SP

    Distribuio Gratuita Proibida a comercializao

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao DIVISO DE BIBLIOTECA - ESALQ/USP

    Produo de shiitake em toras de eucalipto / Srgio Florentino Pascholati ... [et al.]. - - Piracicaba: ESALQ, 2014. 52 p. il.

    Bibliografia. ISBN 978-85-86481-34-5

    1. Cogumelos comestveis - Produo 2. Tora de eucalipto I. Pascholati, S. F.

    II. Marassatto, C. M. III. Stangarlin, J. R. IV. Brand, S. C. V. Ttulo CDD 635.8

    P964

    CEP 13418-900 Fone (19) 3429-4178/3429-4200 [email protected]

    Mariana Calencio Ellen Camila Silva

    Casa do Produtor Rural

    CEP 13418-900 Fone: (19) 3429-4178/3429-4200 [email protected]

  • Srgio Florentino Pascholati1 Carla Mariane Marassatto2

    Jos Renato Stangarlin3 Simone Cristiane Brand4

    1 Professor Titular - Departamento de Fitopatologia e Nematologia - ESALQ/USP 2 Aluna de Graduao em Engenharia Agronmica - ESALQ/USP 3 Professor Doutor - UNIOESTE 4 Aluna de Doutorado - Departamento de Fitopatologia e Nematologia - ESALQ/USP

    Produo de

    Shiitake em toras

    Piracicaba 2014

    de eucalipto

  • Agradecimentos Pr-Reitoria de Cultura e Extenso Universitria Programa Aprender com Cultura e Extenso Diretoria da ESALQ/USP Comisso de Cultura e Extenso Universitria Servio de Cultura e Extenso Universitria Casa do Produtor Rural Departamento de Fitopatologia e Nematologia Ao Prof. Dr. Fernando Campos Mendona do Departamento de Enge- nharia de Biossistemas

    Ao Prof. Associado Angelo Pedro Jacomino do Departamento de Produo Vegetal

    Aos funcionrios do Departamento de Fitopatologia e Nematologia FAPESP Ao CNPq Apoio Fundo de Fomento s Iniciativas de Cultura e Extenso da Pr-reitoria de Cultura e Extenso Universitria

    Comisso de Cultura e Extenso Universitria - CCEx Servio de Cultura e Extenso Universitria - SVCEx

  • ndice

    Introduo 7

    Aspectos bsicos da biologia do fungo 9 Tipos de cultivo

    Obteno do inculo

    11

    13

    Produo de shiitake em toras de eucalipto 15 Seleo das toras Confeco dos furos nas toras de eucalipto Colocao do inculo semente nas toras de eucalipto Vedao dos furos com parafina Incubao Estmulos trmico/mecnico e conduo da frutificao

    Produo de shiitake a partir de substrato Produo de shiitake em substrato composto por serragem Etapas para a produo de shiitake em substrato formado por serrragem Produo de shiitake por substrato utilizando a tcnica de Jun-Cao Etapas para realizao da tcnica Jun-Cao Preparo da gramnea: Produo do feno Triturao da gramnea Preparo do substrato Inoculao no substrato Incubao e produo dos cogumelos

    17 18 20 21 24

    27 27

    28

    31 31 31 33 33 34 34

    15

  • Colheita dos cogumelos cultivados em toras de eucalipto e em substratos (bloco de serragem e tcnica Jun-Cao)

    Ps-colheita

    Pragas na produo de shiitake

    Custo de produo do shiitake em toras de

    eucalipto Clculo da renda lquida

    Produo do inculo semente Produo da matriz me e a matriz de trabalho Protocolo - Preparo e distribuio do meio de cultivo em placas Materiais e equipamentos Procedimento Preparo de substrato com serragem para produo do inculo

    Bibliografia consultada

    35 38

    40

    43 43

    45 46 46 47

    48

    51

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 7

    Introduo

    O cogumelo shiitake foi o primeiro a ser cultivado pelo homem. Shiitake o nome popular do fungo Lentinula edodes, que tem origem na lngua ja- ponesa e significa shii = rvore e take = cogumelo.

    Foi descoberto pelo chins Wu San Kyung, que ao caminhar por uma flo- resta, observou um tipo de cogumelo que se desenvolvia em troncos de r- vores e assim o denominou de cogu- melo perfumado e passou a cultiv-lo em sua propriedade.

    Entre os anos de 1.500 e 1.600, a tcnica de produo de cogumelos foi difundida pelos chineses. Atualmente, a China e o Japo so os principais produtores do cogumelo shiitake no mundo.

    No Brasil, a produo do shiitake re-

    cente, tendo seu incio na dcada de 90. Atualmente, o segundo cogumelo mais produzido e consumido no pas, ficando somente atrs do champignon (Agaricus bisporus). A rpida expanso do cultivo e do consumo est relacionada s facilida- des no aprimoramento de novas tcnicas, das j existentes e baixo investimento de capital. Para os consumidores, o principal atrativo do cogumelo shiitake o sabor caracterstico e suas propriedades tera- puticas e curativas.

    Estima-se que a produo de shiitake no Brasil seja superior a 200 t/ano, e a tcnica mais comum a do cultivo em toras de Eucalyptus spp. Outra forma conheci- da o axnico, onde o L. edodes colo- cado em um substrato preparado com

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    materiais especficos, nutritivo para o cres- cimento do fungo. Nessa tcnica, o custo de produo maior do que em toras.

    Mesmo com a facilidade de cultivo comum alguns produtores no conse- guirem atingir a produo potencial do shiitake, devido falta de conhecimen- to tcnico no manejo e cuidados inten- sivos. Para ter qualidade e rentabilida- de na produo importante escolher cor-

    retamente o inculo e o local, e ainda con- trolar a temperatura e a umidade do ambi- ente, evitando-se as contaminaes com outros fungos.

    Dessa forma, o objetivo desta car- tilha fornecer informaes bsicas sobre a produo do cogumelo comes- tvel shiitake, demonstrando as tcni- cas de cultivo para uma produo bem sucedida comercialmente.

    8

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 9

    Aspectos bsicos da biologia do fungo

    O shiitake um basidiomiceto per-

    tencente ao Reino Fungi. tambm conhecido como cogumelo ou chapu de sapo, podendo ser encontrado na matria orgnica em decomposio ou em qualquer outro tipo de substrato. Os fungos, na sua maioria, so multice lulares e constitudos de filamentos, denominados de hifas, que por sua vez, formam uma rede filamentosa mais resistente, denominada de mic- lio. A reproduo realizada atravs de esporos sexuais ou assexuais que podem ser disseminados pelo vento, gua de chuva, partculas de solo ou

    pelo homem. Os esporos sexuais so chamados de basidisporos e so observados na forma de um p branco durante a produo de shiitake, liberado pelo cogumelo maduro.

    Encontrando condies propcias para seu desenvolvimento, os esporos iro germinar e dar origem ao miclio primrio (haplide) que improdutivo e in- capaz de colonizar, sendo, portanto, necessria a fuso de hifas de miclios primrios distintos (plas- mogamia) para originar o miclio secundrio (dicaritico), e dessa

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    forma, dar origem ao cogumelo (Fi- gura 1).

    Uma vez inoculado na madeira ou em qualquer outro substrato o fungo ir se desenvolver, ocupar o ambiente e formar o primrdio do corpo de

    frutificao (estrutura arredondada, branca e pequena), originando posteriormente, o cogumelo propriamente dito, que subdividido em pleo (chapu) e estipe (pednculo,haste).

    Figura 1. Ciclo de vida do cogumelo Lentinula edodes (shiitake)

    10

    Fonte: Pascholati et al., 1998

  • O fungo cresce e produz cogume- los atravs da degradao da madei- ra ou de algum substrato orgnico que contenha celulose. A forma de produo mais comum do shiitake realizada atravs da inoculao do fungo em toras de espcies arbreas de fcil acesso ao produtor, como por exemplo, o eucalipto.

    O shiitake tambm pode ser culti- vado em substratos, cuja composio pode conter serragem ou feno, adicionado a uma mistura de cal e farelo de trigo ou farelo de arroz. Este con- junto de insumos tem a finalidade de garantir um crescimento micelial de qualidade. Aps realizar a mistura destes componentes, os mesmos devero ser armazenados em sacos de

    Produo de Shiitake em toras de eucalipto 11

    Tipos de cultivo

    polipropileno e autoclavados para a es- terilizao e obteno de um ambiente livre de microrganismos indesejveis.

    Comparando as duas tcnicas de pro- duo de shiitake (produo em toras de eucalipto ou em substrato), existem vantagens e desvantagens entre ambas, portanto, fica a critrio do produtor es- colher a tcnica que melhor se adeque aos recursos existentes em sua pro- priedade e ao investimento que preten- de fazer. A produo de shiitake em toras de eucalipto um mtodo tradicio- nal, contendo etapas mais simples e de menor custo para o produtor que pre- tende iniciar a produo. J a produo em substrato exige maior investimento onde, por exemplo, o preo do substrato (blocos) quatro vezes maior do que

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    o preo da tora de eucalipto. Contudo, a produo por substrato tambm maior, se comparado ao mtodo de produo em toras de eucalipto.

    Na cartilha ser abordada didaticamente a produo de shiitake em

    moures de eucalipto, detalhando-se as fases: seleo de toras, inoculao, induo e frutificao (Figura 2). Algu- mas noes sobre a tcnica de produ- o em substrato tambm sero abor- dadas.

    Figura 2. Etapas para produo de shiitake em toras de eucalipto

    12

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 13

    Obteno do inculo

    O inculo, tambm, equivocadamente denominado de semente, representado por partes do fungo (hifas/miclio) que cultivado em meio esterilizado para intro- duo nas toras de eucalipto ou no substrato. A produo da semente requer estrutura apropriada, de alto custo (inves- timento em equipamentos); profissional com conhecimento na rea de mi- crobiologia e monitoramento constante do material, visando a obteno do inculo semente de qualidade e sem contamina- o com outros microrganismos.

    Aos pequenos produtores torna-se eco- nomicamente mais vivel a aquisio do inculo semente de empresas especia- lizadas, devido ao alto investimento em infraestrutura laboratorial e mo de obra

    especializada para a produo do inoculante. O inculo semente pode ser fornecido em saco de polipropileno (mistu- ra de p de serra e outros insumos que formaro um meio propcio para o desen- volvimento do fungo, normalmente com ca- pacidade de 1 litro), como mostra a Figura 3, proporcionando a inoculao de 10 mou- res. O material tambm pode ser encon- trado na forma de cavilhas ou plugs (ma- deira de eucalipto cortada no tamanho de 2 cm de comprimento e dimetro em torno de 0,7 cm) para sua introduo nos furos realizados nas toras (Figura 4).

    Para os produtores que pretendem inves- tir na produo do inculo semente, os pro- cedimentos para sua obteno esto expli- cadosdetalhadamentemaisadiante.

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    Figura 3. Inculo semente composto por serragem, farelo de arroz e gua

    Figura 4. Inculo semente em forma de cavilhas ou plugs

    14

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 15

    Produo de shiitake em toras de eucalipto

    Seleo das toras

    Os moures de eucalipto so muito uti- lizados na produo de shiitake, devido facilidade de obteno pelo produtor, me- nor custo e bons resultados em nvel co- mercial de produo. Existem diversas espcies de eucalipto com propriedades fsicas e qumicas diferentes, portanto, so indicadas para o cultivo do cogumelo shiitake: Eucalyptus saligna (vermelho), E. grandis (branco), E. dunii, E. globulus (co- mum) e E. camaldulensis. A espcie E. citriodora (lima ou de cheiro) no reco- mendada para o cultivo do shiitake devido a presena de resinas e substncias vo- lteis, que podem comprometer o desen- volvimento do fungo.

    No cultivo do shiitake, os moures

    devem ter 1 m de comprimento e di- metro variando entre 10 a 12 cm, alm de alta densidade, cerne ou medula pequena e casca grossa e ntegra. importante destacar que as toras devem ser originrias de solos frteis, visando maior concentrao de nutrientes para o melhor desen- volvimento do cogumelo. A idade da planta outro fator a ser observado, pois esse fator influenciar no dimetro do mouro e na densidade da madeira. Nes- se sentido, importante visitar a pro- priedade em que ser realizado o corte do eucalipto para a produo dos moures,

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    com a finalidade de obter informaes so- bre adubao e histrico da rea, idade das plantas e espcie de eucalipto.

    O intervalo de tempo entre o corte e o uso dos moures para inoculao deve- r ser de at sete dias. Nesse perodo o armazenamento dos moures deve ser feito em um local sombreado, evitando incidncia direta de raios solares e empilhados na horizontal (Figura 5). Esse procedimento evita a perda de gua excessiva e auxilia na obteno de uma umidade ideal de 35% a 55% nos moures, teor adequado para facilitar a recuperao do fungo aps o estresse causado na etapa de inoculao. Figura 5. Empilhamento dos moures em local

    As toras de eucalipto na etapa de inoculao, primeiramente devem ser selecionadas, descartando-se os moures tortos. Posteriormente faz-se a limpeza, reti- rando-se brotos, folhas e galhos (Figura 6). Com este procedimento, evita-se a forma- o de meios (abrigos) que propiciem o de- senvolvimento de fungoscontaminantese o alojamentodeinsetos.

    Figura 6. Limpeza das toras de eucalipto

    16

    sombreado

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 17

    Confeco dos furos nas toras de eucalipto

    lio de um instrumento denominado de inoculador.

    A confeco dos furos nas toras de eucalipto permitir a introduo do inculo semente para o crescimento do fungo no interior do mouro.

    Inicialmente so realizados furos nas toras com uma furadeira eltrica, prefe- rencialmente com alta rotao, para ob- teno de furos melhor acabados e sem rebarbas (rotao mnima 2500 rpm; rota- o ideal 3500 rpm; Figura 7A).

    Os furos devem ter profundidade de 2 cm por 1,2 cm de dimetro (broca com polegada). A profundidade obtida atra- vs da adaptao de um limitador de furo acoplado a furadeira eltrica (Figura 7B). Os furos devem ser dispostos em linhas (padro em zigue-zague) (Figura 8). O nmero total de linhas pode ser calculado atravs do valor do dimetro do mouro dividido por 2,5 e o nmero total de furos deve ser, aproximadamente, quatro vezes o valor do dimetro do mouro, mantendo- se uma distncia de 10 cm entre eles. Por exemplo, para a inoculao em um mouro de 1 m de comprimento e 12 cm de dime- tro, sero necessrios aproximadamente 48 furos distribudos em cinco linhas. A quantidade de furos em cada linha ir va- riar de sete a dez, sendo que quanto maior a quantidade de furos maior ser o uso do inculo semente.

    Aps a confeco dos furos realizada a inoculao das toras, atravs da trans- ferncia do inculo semente, com o aux-

    (A)

    (B) Figura 7. Furadeira de alta rotao com limitador

    de polegada (A); Adaptador para

    Figura 8. Realizao dos furos na tora de eucalipto

    de furo acoplado a mquina e broca

    realizao dos furos (B)

  • Casa do Produtor Rural

    O espao fsico para a conduo

    das diferentes etapas (confeco dos furos, inoculao e vedao) deve ser o mesmo, j que estes pro- cedimentos devem ser realizados conjuntamente. O local deve ser co- berto e limpo, evitando dessa forma a incidncia de sol, vento e poss- veis contaminaes a cu aberto. As toras devem ser colocadas em ca- valetes adaptados para cada etapa, como mostrado na Figura 9, ou pode-se utilizar uma mesa adapta- da em suas extremidades com ma- deiras, impedindo a movimentao das toras. Esse procedimento facili- tar o manuseio das toras durante a confeco dos furos, inoculao e vedao. Figura 9. Cavalete adaptado para a confeco dos

    a produo de shiitake em toras de

    Colocao do inculo semente nas toras de eucalipto

    Imediatamente aps a realizao dos fu- ros nas toras realizada a inoculao, que consiste no preenchimento dos furos com o inculosemente.

    Para a inoculao necessria a assepsia dos equipamentos, com lcool na concentrao de 70%, com a finalidade de evitar contaminaes.

    Existem vrios mtodos de inocu- lao, inclusive com o uso dos dedos, porm no recomendado devido demora do procedimento e o apareci- mento de fungos contaminantes. Para que a inoculao seja feita de modo racional e tecnificada, visando uma produo de qualidade e retorno eco- nmico, aconselhvel a utilizao de aparelhos inoculadores, que podem ser de dois tipos: inoculador tipo caneta e inoculador de copo. O inoculador tipo ca- neta tem a capacidade de inocular um furo por vez aps a realizao da recarga com o inculo semente (Figura 10). Nes- se caso a inoculao por tora leva em tor- no de 6 a 10 minutos, dependendo do ope- rador, e o valor de custo do equipamento varia entre R$ 50,00 e R$ 60,00 reais.

    J o inoculador com reservatrio ou inoculador de copo(Figura 11), promove a inoculao das toras em tempo menor, po- rm, pode apresentar problemas de entu- pimento devido granulometria do ma- terial. O custo do inoculador (modelo nacio- nal) de aproximadamente R$ 350,00.

    18

    furos, inoculao do fungo e vedao para

    eucalipto

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 19

    Efetuada a escolha do inoculador, o prximo passo preparar o substrato para inseri-lo nas toras de eucalipto. Em uma bacia (lavada com detergente e l- cool 70% e seca com panos limpos), despejado o inculo semente (Figura 3), e com as mos (usando-se luvas) deve-se homogeneizar o mesmo, obten- do um material solto (Figura 12), o que facilitar seu uso principalmente nos inoculadores com reservatrio. A inoculao deve ser realizada com o preenchimento completo do volume dos furos.

    Figura 10. Inoculador tipo caneta para inocula- Figura 11. Inoculador de copo para inoculao

    Figura 12. Inculo semente na bandeja aps a

    No caso da inoculao por cavi-

    lhas, a sua introduo por completo nas toras deve ser realizada com o auxlio de uma marreta ou martelo (Figura 13). O tempo gasto para a inoculao de cada tora fica em torno de 1 minuto, sendoum procedimento rpido dependendo do operador.

    o do fungo em toras de eucalipto

    sua homogeneizao

    de toras de eucalipto

  • Casa do Produtor Rural

    Figura 13. Inoculao com cavilhas contendo o Vedao dos furos com parafina

    Aps a inoculao importante verifi-

    car o preenchimento de todos os furos das toras antes de iniciar a etapa de vedao. A vedao ou parafinagem o procedimento realizado aps a inoculao e consiste na colocao de uma pelcula de parafina derretida so- bre os furos inoculados, cuja funo proteger o inculo semente do meio ex- terno, contra microrganismos e pragas, e tambm do ressecamento.

    Os materiais necessrios para a

    parafinagem so fogo ou fogareiro, botijo de gs, fsforo, panela, parafina, esponja de ao, arame fino e vareta de madeira ou bambu (de 30 a 40 cm de comprimento).

    O procedimento consiste em derreter a parafina em uma panela de 30 cm de dimetro e com boa profundidade (Figu- ra 14). A parafina deve ser colocada em blocos pequenos na panela para facilitar o seu derretimento por completo ou pode-se adquiri-la no formato de pasti- lhas, facilitando o derretimento do mate- rial. A temperatura ideal da parafina para a vedao de 115oC, e pode ser con- firmada atravs da liberao de fumaa branca na panela. importante fechar a panela com uma tampa, para evitar pro- blemas de combusto e inalao da fu- maa txica pelo operador. Figura 14. Panela contendo a parafina derretida

    lados

    20

    fungo

    pronta para vedao dos furos inocu-

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 21

    A aplicao da parafina deve ser realizada com o auxlio de uma vareta de madeira ou bambu contendo uma esponja de ao na ponta (boneca). Para produo deste material, tambm chamado de trouxinha, faz-se o amarrio com arame de uma esponja de ao na ponta da vareta de madeira ou de bambu (Figura 15). Molha-se a boneca na parafina derretida, onde a mesma batida rapidamente em cada um dos furos (uma nica batida em cada furo, formando uma pelcula com dimetro duas vezes maior do que a rea de inoculao) e repassando com o aparecimento de falhas na vedao (Figura 16).

    Geralmente, uma mergulhada na parafina suficiente para fechar uma linha de dez furos. importante sali- entar que se deve realizar a vedao tambm dos ferimentos existentes nas toras, pois podem proporcionar o apa- recimento de contaminantes.

    Figura 15. Trouxinha usada para a parafinagem

    Figura 16. Vedao com parafina dos furos

    A solidificao ideal da parafina

    acontece quando a pelcula aplicada ficar transparente na tora, conferindo maior adeso. Caso fique com a colo- rao branca, a parafina se tornar quebradia e sem adeso, podendo facilitar a entrada de contaminantes, fazendo-se necessrio o descarte do mouro contaminado.

    A quantidade de parafina para vedao de 150 a 200 toras de eucalipto inocula- das de aproximadamente 5 kg. Deve- se evitar o excesso do material, pois a tora ficar impossibilitada de absorver a gua, realizar a respirao e a troca gasosa do fungo shiitake no seu interior. A execuo bem sucedida da para- finagem fundamental para a proteo do inculo semente contra possveis contaminantes e ressecamento. Incubao

    A incubao o perodo de descan- so dos moures, que aps serem ino- culados e vedados com parafina, de-

    inoculados

    e vedao dos furos

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    vem ser colocados em local coberto e sombreado, de forma a evitar a incidn- cia direta de raios solares, mantendo- se a temperatura em torno de 20oC a 27oC e umidade em torno de 60%. As toras devem ser empilhadas no formato de uma fogueira (Figura 17A) e man- tidas assim por um perodo mnimo de seis meses, podendo variar at 12 me- ses, dependendo das condies clim-

    Durante o perodo de incubao, as

    pilhas devem ser molhadas e revolvidas. O empilhamento em forma de fogueira tem a finalidade de facilitar a ventilao e a infiltrao da gua entre as toras, de forma homognea. Dessa forma, o empilhamento pode ser realizado em espaos pequenos, sendo utilizada uma rea aproximada de 1,7 m para cada pilha.

    ticas locais. As pilhas devem ficar 25 cm afastadas do solo e apoiadas em cal- os (tijolos), como mostra a Figura 17B.

    Na montagem dessa estrutura so

    selecionadas duas toras, preferenci- almente as mais grossas, que sero sustentadas por tijolos e acima do solo, para evitar contaminaes. Sobre elas

    devem ser colocados de quarto a cinco moures, com espaamento de 15 cm entre eles. Deve-se sempre colocar nas extremidades das pilhas as toras de maior espessura. Quantidades acima de cinco moures por fileira prejudicam o espaamento e a ventilao, formando um meio pro- pcio para o aparecimento de con-

    (A)

    (B)

    Figura 17. Pilhas montadas corretamente (A);

    pilha (B)

    taminantes, ocasionando perda de produtividade e descarte (Figura 18A).

    A altura da pilha deve facilitar aces- so ao operador (altura maxima de 2 m) para a realizao do revolvimento mensal.

    A inverso dos moures (revol- vimento) importante para a coloniza- o uniforme do shiitake no interior da madeira. A cada ms, deve-se fazer a inverso, realizando-se um giro de 180o em cada mouro antes de se montar

    22

    Uso de tijolos para sustentao da

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 23 uma nova pilha, colocando as toras que estavam em cima para baixo na nova pilha e vice-versa. O espao pode ser simples, feito de telado tipo sombrite, co- bertura de bambu ou barraces (Figura 19).

    Figura 19. Estufa com telhado e cobertura

    (A)

    (B)

    Figura 18. Empilhamento incorreto, tornando

    nantes (A); Empilhamento efetuado

    Nesta fase necessrio o molha-

    mento ou irrigao, das toras, sendo esta realizada trs vezes ao dia, distri- budos nos perodos da manh, meio do dia e final da tarde. O excesso de gua, alm de acelerar o apodreci- mento da tora (escurecimento) tambm facilita o surgimento de fungos contaminantes. J a falta de gua causa o ressecamento das toras. O importante que o molhamento seja realizado em pequenos

    volumes de gua e em perodos curtos, com auxlio de uma mangueira ou instalao de um sistema simples de irrigao com temporizador. importante sa-lientar que o cultivo do cogumelo nunca

    plstica, para incubao das toras

    ambiente propcio para contami-

    corretamente (B)

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    deve ser abandonado, sendo neces- srio um acompanhamento dirio.

    Aps trs semanas, possvel verifi- car o desenvolvimento do fungo na re- gio inoculada. Ao redor dos furos ha- ver alterao da cor e o amolecimento da madeira, bem como o aparecimento de manchas brancas nas extremidades dos moures (Figura 20).

    material e impulsionar a sada e a formao dos cogumelos.

    Em caso de dvida do momento ideal para a induo da frutificao, sugere-se que seja feita uma amos- tragem com 10% das toras - que se pretende dar o choque trmico - e se proceder a um teste de frutificao. Se a produo obtida alcanar em mdia 200 gramas por tora ou mais, continua-se com os estmulos trmico e mecnico no restante das toras.

    Para estimular a produo do fun- go realizado um choque trmico na madeira. As toras so organizadas em um recipiente, como tanque de al- venaria, caixa dgua ou tambores (Figura 21) e, dessa forma, feita a imerso por um perodo de 12 horas em gua fria (10oC abaixo da tempe- ratura ambiente).

    Figura 20. Alteraes na casca e manchas

    moures Estmulos trmico/mecnico e conduo da frutificao

    Aps o perodo de seis meses de incubao, os moures sero subme- tidos a um estmulo trmico e mec- nico para a induo dos primrdios dos cogumelos. Os estmulos tm a funo de realizar um choque no

    Figura 21. Exemplo de caixas dgua utilizadas para

    O resfriamento da gua pode ser feito com a adio de gelo (aproximadamen- te quatro barras de gelo para 1.000 litros de gua ou atravs de um siste-

    24

    brancas nas extremidades dos

    a realizao do choque trmico

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 25 ma de refrigerao com serpentina. O choque trmico deve durar aproxima- damente de 12 a 16 horas, dependen- do da absoro de gua pelas toras. aconselhvel realizar esse proce- dimento ao entardecer, quando as temperaturas so mais amenas.

    Para evitar a flutuao das toras dentro do tanque, recomenda-se a colocao de ripas de madeiras nas laterais do tanque, prendendo-se com cordas, pesos ou cor- rentes. O objetivo da imerso dificultar a respirao do fungo, aumentar a umidade e efetuar o resfriamento das toras, indu- zindo a formao dos cogumelos.

    Aps o perodo de imerso, realizado o estmulo mecnico, que consiste em le- vantar as toras verticalmente a uma altura de aproximadamente 45 a 60 cm do solo e soltar, deixando a madeira bater livremen- te no cho, porm guiada pelas mos, sem deixar tombar. Este procedimento deve ser feito uma nica vez sobre um piso firme ou em uma pedra. A medida que as toras en- velhecem, deve haver mais cuidado com o material ao se realizar este processo, principalmente a partir do 5o choque trmi- co, para que no ocorra seu descarte an- tes do tempo.

    Aps esses estmulos trmico e me- cnico as toras so armazenadas em ambiente protegido, com temperatura em torno de 25oC (ideal em torno de 21oC), com boa ventilao, pois o fungo libera gs carbnico que, em grandes con- centraes no ambiente, inibe a formao

    do cogumelo. Para que o cogumelo no fique com aspecto plido, o ambiente pre- cisa ser medianamente iluminado, pois a luz influencia diretamente na colorao e firmeza do pleo (chapu do cogumelo).

    As toras so colocadas na posio vertical, com 15 cm de espaamento entre elas (Figura 22). O local - onde sero colocadas as toras na fase de frutificao - deve ser fechado para im- pedir a entrada de animais que se ali- mentem dos cogumelos, alm disso, o cho deve ser protegido com pedra britada ou coberto preferencialmente por algum tipo de piso ou concreto, para evitar a contaminao e o contato direto das toras com o solo. Nas primeiras 24 horas, os moures devero ser borrifa- dos com gua, para se manter a umida- de relativa do ar prxima 90%.

    Aps esse perodo, a umidade pode ser controlada molhando-se o cho e as pare- des, mantendo assim a umidade relativa do ar em torno de 70%. Os primrdios aparecero entre dois e trs dias, aps o processo de induo (Figura 23).

    A partir do quarto dia a gua deve ser reduzida gradualmente at seu encerra- mento por completo no stimo dia (pr- ximo da colheita). Deve-se evitar molhar o cogumelo em qualquer etapa aps o aparecimento de seus primrdios. O molhamento do cogumelo pode acarre- tar em perda de qualidade do produto final, alm de causar manchas no pleo, diminuindo seu valor comercial.

  • Casa do Produtor Rural

    Marylin DelNeroGrecco(Funghi&Flora)

    Figura 22. Colocao das toras para a etapa de frutificao

    Marylin DelNeroGrecco(Funghi&Flora)

    Figura 23. Mouro de eucalipto com os

    shiitake.

    26

    primrdios e cogumelos do

    ,

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 27

    Produo de shiitake a partir de substrato

    O cogumelo shiitake pode se desen-

    volver em uma ampla variedade de materiais compostos por celulose. Dentre algumas alternativas para o cultivo do shiitake em toras de eucalipto, tem-se a produo em substrato (mistura contendo material volumoso e insumos), que pode ser composto por serragem, resduos agr- colas e forragens, dentre outros.

    O mtodo de cultivo em substrato pode ser feito com serragem (madeira de eucalipto) ou composto por gramnea (tc- nica de Jun-Cao).

    Produo de shiitake em

    substrato composto por serragem

    Antigamente o homem buscava o co- gumelo na floresta. Observando a natureza, tentou reproduzi-lo de for- ma natural at a dominao da arte de produo. Os estudos cientficos tiveram incio na China, com o apri- moramento das tcnicas de produ- o. Avanos ocorreram na dcada de 50 com a inoculao de esporos e miclio, mas foi na dcada de 70 que resultados expressivos surgiram

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    com a produo em substrato de ser- ragem misturada com farelo de ar- roz (suplemento que proporciona alta velocidade de crescimento micelial) e gua, e utilizando saco plstico como recipiente (Figura 24). Assim, se obteve um meio nutritivo e adequado para o desenvolvimen- to do cogumelo. Este novo mtodo contribuiu para a preservao dos re- cursos florestais e facilitou o aumento da produtividade para fins comerciais.

    Figura 24. Sacos de polipropileno contendo o

    A tcnica de cultivo de shiitake em substrato de serragem uma alter- nativa ao uso da tora de eucalipto, possibilitando o controle e a previsi- bilidade da produo. Apesar de possuir um custo mais elevado po- dendo custar o triplo do valor do culti- vo em toras de eucalipto - a tcnica tem sido adotada pelos produtores, pois oferece um rendimento de 800 g/ 1 kg de substrato, enquanto que em toras de eucalipto obtm-se em torno de 400 g/tora.

    Etapas para a produo de shiitake em substrato formado por serragem

    Tanto no cultivo em tora como no substrato, o fungo se desenvolve da mesma maneira e nas mesmas fases: inoculao, incubao, induo seguida da frutificao e repouso (Figura 25).

    Figura 25. Cronograma de produo em subs-

    No cultivo de shiitake com substrato, o material pode ser ad- quirido em empresa especializada na forma de blocos (1 kg) j inoculados. A prxima

    etapa a incubao, onde o material fica em re-

    28

    substrato para a produo de shiitake

    trato de serragem

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 29 pouso para que haja colonizao do fungo nos blocos (crescimento micelial). A durao dessa etapa geralmente de quatro meses, porm depender das condies climticas de cada regio, j que a melhor temperatura para o de- senvolvimento do fungo varia en- tre 20oC e 27oC.

    Na fase de incubao, o armaze- namento dos blocos deve ser feito em estantes, com ripas de madeira de forma simplificada (Figura 26), em lo- cal coberto, com umidade relativa de aproximadamente 60%.

    Durante o perodo de incubao, ser observado o desenvolvimento micelial do fungo. Aps quatro me- ses, os blocos ficaro com aparn- cia esbranquiada, prontos para a prxima etapa que ser a induo.

    A induo consiste no estmulo tr- mico, sendo que os blocos devero ser colocados durante 24 horas em um tanque com gelo, chegando a uma temperatura de 3oC. Esta etapa tem a funo de induzir a frutificao dos co- gumelos.

    (A)

    Aps a etapa da induo, ser rea- lizado o processo de frutificao para a produo dos cogumelos. Nesse senti- do retirado o saco plstico de cada bloco contendo o substrato colonizado e realiza-se a armazenagem em estan- tes no interior de um galpo ou estufa, prpria para a frutificao (Figura 27).

    (B)

    Figura 26. Estante de madeira vazada (A);

    de incubao (B) Estantes com substratos, na etapa

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    como adubo no cultivo de espcies ve- getais.

    (A)

    (B)

    Figura 27. Armazenamento do substrato em

    para a produo dos cogumelos.

    retirado

    O espao deve ser coberto, com tem-

    peratura variando entre 23oC e 25oC e umidade relativa em torno de 60%, sen- do necessrio realizar a irrigao na forma de asperso para manter o ambi- ente mido, evitando o contato direto da gua com os cogumelos.

    Aps o armazenamento dos blocos, a frutificao ocorrer em no mximo 10 dias (Figura 28). O substrato pode ser reutilizado at quatro vezes, realizando sempre o repouso e repetindo-se o cho- que trmico. Aps este perodo, torna- se invivel reutiliz-lo, devido exausto dos nutrientes, porm pode ser utilizado

    (C)

    Figura 28. Etapas de frutificao: Primeiros

    cogumelo (B); Cogumelo pronto

    30

    forma de blocos, aps a induo

    Repare que o saco plstico foi

    primrdios (A); Formao do

    para colheita (C)

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 31 Produo de shiitake por substrato utilizando a tcnica de Jun-Cao

    A palavra Jun-Cao significa Jun = fungo e Cao = gramnea. Essa tcni- ca surgiu na dcada de 80 na China, onde a produo de cogumelo feita utilizando a gramnea como principal substrato. Apresenta diversos benef- cios ecolgicos, sociais e econmicos, devido aos materiais utilizados serem provenientes da natureza e de fcil ob- teno, sem a necessidade de se reali- zar o corte de madeiras. Alm disso, a produo do shiitake aproximada- mente a mesma que em toras, obtendo assim, uma rentabilidade econmica.

    O Jun-Cao uma tcnica vantajo- sa, pois o Brasil possui uma extensa rea com alta produo de gramneas, principalmente na poca das guas (vero). Atualmente, no pas, a tcni- ca vem sendo estudada na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) - Recursos Genticos e Biotecnologia e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

    Outras vantagens so a utilizao de diversos tipos de gramneas; bai- xo custo de produo; curto perodo de cultivo; praticidade e facilidade de produo em pequena ou grande es- cala. Porm, a produo do cogume- lo pela tcnica Jun-Cao exige um cus- to maior em investimento; rea para produo de feno (exigncias nutricionais, pasto de boa qualidade);

    triturador de gramnea, motossega- deira ou roadeira, equipamento (autoclave) e investimento em labo- ratrio. Alm disso, necessrio co- nhecimento do mtodo de fenao. Etapas para realizao da tcnica Jun-Cao

    Como essa tcnica consiste em pro- duzir o cogumelo shiitake a partir de substrato contendo a gramnea (prin- cipal constituinte) e outros suplemen- tos, exigidos para o bom desenvolvi- mento micelial do fungo, o cultivo passa pelas seguintes etapas: corte e fenao da gramnea, triturao da forrageira, adio de insumo, ume- decimento, ensacamento, tratamento trmico, semeadura, induo e produ- o de cogumelos (Figura 29). Preparo da gramnea: Produo

    do feno O feno nada mais do que a gramnea

    picada, seca e estocada (Figura 30). Possui as mesmas caractersticas nutricionais de uma forragem no campo, porm quando seca pode-se realizar seu armazenamento, ficando disponvel em qualquer poca do ano.

    As etapas de produo do feno consistem em ceifa, viragem e enleiramento. A ceifa o processo de corte e pode ser feita manualmen- te, por roadeira ou motossegadeira, ou ainda pela ceifadeira.

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    Figura 29. Etapas na produo de shiitake usadas na tcnica de Jun-Cao

    Figura 30. Feno para a produo do substrato pela tcnica de Jun Cao

    32

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 33

    Depois de cortada, a forrageira fi- car exposta a cu aberto para de- sidratao. Alguns cuidados devem ser tomados para diminuir a perda do material, como evitar a realiza- o do corte prximo poca chu- vosa, o que influencia na secagem e na qualidade nutricional do mate- rial. Recomenda-se que o corte seja feito no perodo da manh, aps a evaporao do orvalho, facilitando a perda de gua por evaporao at se obter uma quantidade aproxima- da de 20% de gua em sua compo- sio.

    A segunda etapa consiste na vira- gem, que o revolvimento da forra- geira com um garfo ao longo do dia para a desidratao de todo materi- al exposto em campo. Para conferir a desidratao recomendado levar o material estufa e fazer a com- parao dos pesos do material mi- do e seco. Por exemplo, em uma amostragem de 20 g de feno reali- za-se a subamostra homogenei- zando-se com as mos e separan- do-se ento duas subamostras de 10 g. Seleciona-se uma delas para ser levada a estufa a 40oC, onde ser feita a secagem completa. Aps al- gumas horas pesada novament e, se a amostra tiver 8 g, significa que as 2 g perdidas correspondem gua, ou seja, 20% da composi- o.

    A ltima etapa o enleiramento,

    que se refere aglomerao do material e mudana de lugar para secagem por completo. Diversas espcies de gramneas podem ser usadas para a produo do substrato, como Brachiaria brizantha (Brachiaria), Brachiaria decumbens (Brachiaria), Cynodon spp. (Cost cross e Tifton) e Pennissetum purpureum (Capim elefante).

    Triturao da gramnea

    A triturao da gramnea propor- ciona o maior aproveitamento dos nutrientes disponveis pela forra- geira e ainda facilita o manuseio. A tcnica simples, porm, necessita de um triturador forrageiro, que dei- xar a gramnea pronta para a pro- duo do substrato.

    Preparo do substrato

    O substrato uma mistura homo- gnea, com boa caracterstica nutricional para o desenvolvimento do fungo. Para elaborar a mistura, ser necessrio um recipiente grande, lcool

    70% para a assepsia, barbante, gramnea triturada, farelo de arroz, gesso agrcola e gua. A mistura feita na seguinte proporo: 78% de capim (tambm conhecido como volumoso), 20% de farelo de

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    arroz ou de trigo e 2% de gesso agr- cola. Para a obteno de um materi- al homogneo, preciso revolver os materiais, e aos poucos, adicionar gua para umedec-lo. necess- rio adicionar 8 litros de gua para cada 5 quilos de matria seca.

    O substrato homogneo acondi- cionado em sacos plsticos de poli- propileno e amarrados com barban- te. Os sacos devem ser esterilizados em uma autoclave a 120oC, 1 atmos- fera, por 20 minutos, eliminando-se qualquer microrganismo presente no material.

    Aguarda-se o resfriamento do substrato no interior dos sacos para a transferncia do fungo e sua colo- nizao. Antes de serem inoculados, a armazenagem dos sacos plsticos com o substrato, deve ser feita e local limpo e em temperature ambiente por dois dias. Inoculao no substrato

    A inoculao o processo de transferncia do inculo semente para o substrato. realizada em ca- pela de fluxo laminar ou diretamen- te na sala de inoculao, em tempe- ratura de 15oC e umidade relativa do ar de 60%. So feitos furos de 1,5 a 2 cm de dimetro nos sacos, sendo que em cada um deles depositado o

    inculo. Aps a inoculao sela-se a regio com uma fita adesiva ou com uma mistura preparada a partir de parafina (20%), resina (70%) e leo mineral (10%).

    Incubao e produo dos

    cogumelos

    Aps o processo de inoculao, os sacos so levados para a sala de incubao e devem ser mantidos sem movimentao por 40 dias. O local deve ser limpo, bem ventilado, escuro, temperatura em torno de 25oC e umidade relativa do ar em torno de 70%.

    Aps o intervalo de 40 dias, o substrato transportado para um galpo ou casa de vegetao. A primeira colheita ser realizada nos prximos 10 dias com as condies de temperature em torno de 20oC e 27oC e umidade relativa em torno de 60%. A umidade pode ser obtida por um sistema de irrigao simplifica- do com microaspersores, evitando- se o contato direto da gua com o fungo. Com o tempo, haver o cres- cimento do miclio que sair na aber- tura do saco de polipropileno onde se realizou a inoculao. Nessa fase ocorre uma mudana na colorao do substrato, visto que, o miclio d origem aos cogumelos.

    34

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 35

    Colheita dos cogumelos cultivados em toras de eucalipto

    e em substratos (bloco de serragem e tcnica Jun-Cao)

    O ponto ideal de colheita do shiitake aquele onde os cogumelos atingem o maior tamanho e peso. Dependendo das condies climticas de cada re- gio onde produzido o cogumelo, a colheita pode ser realizada entre sete e nove dias aps a induo, quando em toras de eucalipto. Na produo em substrato, a colheita varia de sete a dez dias aps a induo e transfe- rncia do substrato para a sala de frutificao. A colheita deve ser feita

    duas vezes em trs dias seguidos quando os cogumelos estiverem fi- sicamente formados.

    Por se tratar de um produto frgil e perecvel, importante que a colhei- ta seja feita com cuidado e se possvel com o

    uso de EPI (Equipamento de Proteo Individual), para evitar alergias aos esporos e a contaminao dos cogumelos.

    Deve-se evitar atrasos na colhei- ta, pois pode haver rompimento do

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    vu, abertura em excesso do pleo e vrias reaes qumicas, escurecen- do os cogumelos e desvalorizando- os comercialmente.

    Na colheita do shiitake, indepen- dente da tcnica utilizada, basta rea- lizar uma leve toro na base do co- gumelo (estipe) evitando-se deixar resduos do fungo nas toras (Figura 31) que podem servir de meio para surgimento de contaminantes fngi- cos e bacterianos. Durante a colhei- ta, deve-se realizar uma breve lim- peza do cogumelo, evitando que a parte de baixo do chapu (lame- las) fique suja, podendo depreciar a qualidade do produto. Figura 31. Toro do pleo para colheita do cogumelo

    Nos cestos usados para colheita, deve-se evitar a sobreposio dos cogumelos para no danific-los. Em caso de cogumelos midos e encharcados realiza-se o descarte para no serem misturados com os demais, evitando-se problemas com a perda de qualidade. Porm, para evitar problemas com a umidade, h possibilidade de se instalar venti- ladores, melhorando assim, o local onde a etapa de frutificao ocorrer.

    Aps a colheita dos cogumelos, as toras podem ser empilhadas e incuba- das sem a necessidade de realizar novamente a inoculao. Devem ser molhadas por um a dois meses (de- pendendo das condies climticas), aps serem empilhadas para a etapa de frutificao.

    Aps o perodo de descanso, as toras devem ser submetidas nova- mente ao choque trmico e mecni- co. A reutilizao das toras para a pro- duo de novos cogumelos realiza- da de quatro a seis vezes, dependen- do do estado das mesmas.

    De acordo com a quantidade de indues realizadas, aos poucos a taxa de produtividade das toras vai dimi- nuindo, tornando o procedimento an- tieconmico. As toras descartadas podem ser usadas para composta- gem, transformando-as em adubo.

    Para a produo de shiitake pelo uso de substrato, deve-se realizar a

    36

  • limpeza do material (Figura 32) reti- rando restos do cogumelo aps a co- lheita, evitando-se que os blocos se tornem um meio de propagao de contaminantes. O substrato pode ser reutilizado novamente para mais qua- tro produes, mantendo-o no local de frutificao e realizando a irrigao para a etapa de obteno dos cogu- melos.

    Produo de Shiitake em toras de eucalipto 37

    umidade nas etapas de incubao, enfim, do processo como um todo.

    importante destacar que quando o cogumelo colhido prematuro, h perda de peso e tamanho, porm quan- do colhido muito maduro, pode no ser aceito no mercado. Para identificar o ponto ideal da colheita, deve-se obser- var a abertura do pleo, que no deve passar de 90% (Figura 33).

    Figura 32. Substrato em bloco contendo res-

    A produo de cogumelo por tora pode variar de 200 a 400 g, em cada colheita, sendo que a mesma de- pender do manejo, ou seja, do inculo utilizado, da forma como fo- ram realizadas as etapas de inoculao, da vedao dos furos, das condies de temperatura e

    Figura 33. Shiitake pronto para colheita com o

    qucios da colheita para limpeza

    chapu aberto em torno de 90%

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    Ps-colheita

    O cogumelo shiitake, aps a colhei- ta, deve ser imediatamente embalado para o consumo, devido a sua alta perecibilidade. A venda in natura (fres- co) deve ser realizada em aproxima- damente cinco dias, pois o cogumelo tem seu rpido escurecimento causan- do sua depreciao. As formas de comercializao do shiitake so in natura, desidratado (seco) ou em sal- moura.

    A venda in natura o modo mais atra- ente para a comercializao dos co- gumelos, pois expressa melhor suas propriedades organolpticas como sabor, aroma e textura caracterstica, porm, a durabilidade nas prateleiras menor (Figura 34).

    Figura 34. Shiitake in natura (fresco) pronto para

    Outro mtodo utilizado para a comercializao do produto a desi- dratao do cogumelo. Aps serem colhidos, os cogumelos ainda frescos apresentam 80% de gua em sua com- posio e aos poucos sofrem reaes, alterando suas caractersticas visuais

    38

    ser embalado

  • e qualitativas. Portanto, a desidrata- o tem como funo preservar sua qualidade e aumentar o perodo de armazenagem.

    H vrios mtodos para a realiza- o da secagem do shiitake. A for- ma mais simples a exposio dos cogumelos frescos ao sol durante o dia, recolhendo-os durante a noite. Os cogumelos devem ficar dispos- tos em uma tela ou peneira de pls- tico e com a parte branca das lamelas voltadas para cima. So considerados secos quando no houver mais movimentao ao em- purrar a estipe (pednculo) contra o pleo (chapu). Outra forma de desi- dratar os cogumelos com uma desidratadora, popularmente conhe- cida como secadora (Figura 35).

    Produo de Shiitake em toras de eucalipto 39

    Antes da secagem pode-se realizar o corte com auxlio de uma faca, pre- viamente desinfestada com lcool a 70%, no sentido longitudinal, aumen- tando assim, a superfcie de contato e agilizando o processo de desidratao. Aps a secagem, a embalagem pode ser feita em sacos de polipropileno contendo sachs de slica gel para im- pedir a rehidratao do shiitake e pos- sveis contaminaes (Figura 36).

    O armazenamento da embalagem deve ser feito em local limpo, protegi- do da umidade e, em temperatura am- biente.

    (A) (B)

    Figura 35. Secadora para desidratao dos Figura 36. Shiitake desidratado inteiro (A); Shiitake cogumelos desidratado cortado em tiras (B)

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    Pragas na produo de shiitake

    O aparecimento de pragas pode

    acontecer aps o procedimento de inoculao, devido ao ambiente prop- cio para o crescimento e reproduo. Algumas espcies de baratas, lesmas e moscas tambm se alimentam de cogumelos e disseminam microrga- nismos indesejveis.

    Por exemplo, o Trichoderma spp. um fungo contaminante que afeta as toras devido ao excesso de umidade (Figura 37). Para que no ocorra o aparecimento e a proliferao desse fungo contaminante, deve-se evitar o excesso de toras nas fileiras, pois isto impede a ventilao e facilita o acmulo de gua. As toras contamina-

    das na regio da inoculao devem ser descartadas, pois no h como tratar o fungo impregnado no mou- ro. As toras pouco contaminadas so tratadas com gua sanitria (hipoclorito de sdio 2% a 2,5%), aplicada com auxlio de um pincel, conforme a Figura 38.

    Realiza-se tambm a limpeza das toras no caso de aparecimento de cogumelos contaminantes durante a etapa de incubao (Figura 39). A limpeza deve ser realizada com uma faca, fazendo a retirada do material e prosseguindo com uma limpeza com gua sanitria (hipoclorito de sdio).

    40

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 41

    Figura 37. Toras que devem ser descartadas devido contaminao com Trichoderma Figura 38. Limpeza das toras com gua sanitria (Hipoclorito de sdio)

    sp. (crescimento verde pulverulento)

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    Figura 39. Aparecimento de cogumelo contaminante na etapa de incubao

    42

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 43

    Custo de produo do Shiitake em toras de eucalipto

    A fase inicial para a implantao do shiitake requer investimentos como, por exemplo, aquisio do inculo semente que varia entre R$ 7,00 e R$ 8,00, sendo que um frasco suficiente para inocular 10 moures. O inoculador custa em torno de R$ 350,00. A barra de gelo, usada no choque trmico, custa em torno de R$ 7,00/unidade, sendo o suficiente para induo de 25 toras de eucalipto.

    Na Tabela 1 so apresentados os principais materiais necessrios para a implantao inicial do culti- vo, visando a inoculao de 1.000 moures de eucalipto. Atravs do

    clculo de subtrao entre a renda bruta e despesas, obtm-se os valo- res da renda lquida (lucro). Clculo da Renda lquida

    Considerando o preo do shiitake em R$ 17,00/kg e a produo de 270 g/tora de eucalipto, para 1.000 moures, teremos ento a produtivi- dade de 270 kg.

    A renda bruta ser de R$ 4.590,00, e o Investimento inicial ser de R$ 3.090,00, sendo a renda lquida de R$ 1.500,00 na primeira produo.

    Para as trs prximas produes, subtraindo da renda bruta os custos

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    com gelo (na fase de induo) a ren- da lquida ser de R$ 4.310,00.

    Somando a renda lquida da produ- o inicial (R$ 1.500,00) e mais as duas posteriores (R$ 8.620,00), o total da renda lquida ser de R$ 10.120,00.

    Com estes valores, tem-se uma esti-

    mativa de lucros e despesas de uma pro- duo de pequena escala. importan- te ressaltar que outros valores como sa- lrios de funcionrios, gua e energia, no foram includos na lista de custos.

    Tabela 1. Tabela de materiais para a produo de shiitake em 1.000 toras.

    MATERIAL QUANTIDADES VALORES (R$)

    Inoculador profissional

    Inculo semente Parafina (1 Kg suficiente para 30 moures) Barras de gelo

    Moures de eucalipto (R$ 60,00/m; Broca importada para furadeira Furadeira Anteparo para a broca Valor total

    1

    100 L 30 Kg

    40 1000

    1 1 1

    350,00 800,00 360,00 280,00 1000,00 30,00

    250,00 20,00

    3090,00

    44

    1m = 60 moures)

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 45

    Produo do inculo semente

    Para a produo do inculo se-

    mente ser necessrio um local para a instalao do laboratrio e, ainda, a aquisio de equipamentos espe- cficos. Dentre estes, os mais impor- tantes e de maior custo so cmara de fluxo laminar, cmara de cresci- mento com temperature controlada (para armazenamento das placas de Petri para a multiplicao do inculo) e autoclave.

    Produo da matriz me e a

    matriz de trabalho Primeiramente, necessria a obten-

    o do miclio que dever ser isolado sob condies asspticas adequadas,

    para evitar possveis contaminaes. O miclio, obtido a partir do cogumelo colhido, ser conhecido como matriz me e, a partir dele, sero obtidas as matrizes de trabalho.

    Assim, realiza-se o isolamento in vitro cultivando pedaos do basi- diocarpo do fungo em meio de cultivo.

    Este consiste de uma mistura de caldo de batata (fonte de car- boidratos, vitaminas, nitrognio e minerais), dextrose (fonte de car- boidratos) e gar (agente solidi- ficante). H produto, formulado em p, disponvel comercialmente con- tendo os nutrientes necessrios ao crescimento do fungo.

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    De maneira geral, com auxlio de

    uma agulha de platina (Figura 40) realiza-se a transferncia do fungo para o meio de cultivo em cmara de fluxo laminar em meio assptico.

    Du-rante 15 dias haver o desenvolvimento do fungo no interior

    das places de Petri contendo o meio de cultivo, sendo estas mantidas em cmara de crescimento com temperatura mxi- ma de 25oC. Durante este perodo im- portante observar o aparecimento de contaminantes e se necessrio realizar o descarte de placas contaminadas.

    externo, podendo ser armazenado as- sim, em geladeira, por perodos pro- longados. Esse isolado ser a matriz me e, a partir dele, faz-se a transfe- rncia para as placas de Petri, com a finalidade de multiplicao do fungo e obteno das matrizes de trabalho. A multiplicao importante para cer- tificar-se da ausncia de contaminante na matriz. Se houver o aparecimento de fungos com colorao diferente do L. edodes (esbranquiado), trata-se de um contaminante e o descarte da pla- ca ser necessrio.

    Para o preparo do meio de cultivo para L. edodes, os materiais e o proto- colo adotado encontram-se descritos a seguir.

    Figura 40. Agulha de platina para a transferncia do

    O fungo pode ser transferido para tubos de ensaio fechados com algo- do, para evitar contato com o meio

    Protocolo - Preparo e distribuio do meio de cultivo em placas

    Materiais e equipamentos

    Meio de cultivo batata-dextrose- gar (BDA, disponvel comercialmen- te); gua destilada; provetas; Erlenmeyer com tampas de algodo ou frascos de vidro com tampas resis- tentes ao calor; balana; recipiente para pesar; esptula; barras magnti- cas ou basto de vidro; agitador mag- ntico; autoclave; placas de po- lietileno; cmara de crescimento com controle de temperatura e fotoperodo; cmara de fluxo laminar.

    46

    fungo

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 47

    Procedimento 6. Esperar que a temperatura e a 1. Seguindo as instrues da emba-

    lagem para o preparo do meio de cultivo BDA, deve-se pesar a quan- tidade de p necessrio para o pre- paro de 1 L de meio de cultivo;

    2. Medir o volume de gua destilada em uma proveta e transferi-la com o p para um Erlenmeyer;

    3. Dissolver o p agitando manual- mente com um basto de vidro ou colocar uma barra magntica den- tro do Erlenmeyer e levar ao agi- tador magntico at obter uma suspenso homognea;

    4. Fechar o Erlenmeyer com tampo de algodo e papel de alumnio;

    5. Colocar o Erlenmeyer contendo o meio de cultivo para esterilizar na autoclave (121OC, 1 atm durante 20 minutos) (Figura 41);

    presso dentro da autoclave dimi- nuam para retirar o Erlenmeyer;

    7. Deixar esfriar o meio de cultivo at atingir uma temperatura que per- mita o seu manuseio (45OC a 55OC). Em temperaturas inferiores a estas o meio torna-se slido im- possibilitando a colocao nas placas de Petri;

    8. Desembrulhar as placas de Petri esterilizadas e identificar com o nome do meio de cultivo e a data da sua elaborao;

    9. Verter o meio de cultivo nas pla- cas de Petri (9 cm de dimetro) (Figura 42) em condies de assepsia, fazendo uma camada de aproximadamente 5 mm (com 20 a 25 mL por placa);

    Figura 41. Autoclave para esterilizao do material

    Figura 42. Placas de Petri para produo do inculo

    10. Deixar solidificar o meio de cultivo e

    utilizar imediatamente, ou ento, in- verter a placa contendo o meio de cultivo slido e armazenar a 4oC (ge- ladeira) at a sua utilizao. reco- mendvel passar filme plstico (de

    semente

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    Uso domstico) em volta das pla- cas para evitar a secagem e con- taminao do meio.

    Durante o trabalho na cmara de fluxo laminar (Figura 43) deve-se ter o cuidado de flambar todos os materi- ais que entram em contato com meio de cultivo para evitar contaminaes. Deve-se tambm passar lcool 70% nas mos e trabalhar em volta da lamparina.

    aproximado de 1 cm. Uma placa pro- duz inculo para seis sacos de substrato. Por exemplo, para 60 sa- cos, devem ser produzidas 10 placas de Petri contendo o inculo semente de interesse.

    Figura 43. Cmara de fluxo para realizar a inoculao

    Para a realizao da transferncia do fungo das placas de Petri para o saco com substrato utiliza-se furador de rolhas (Figura 44) com o dimetro

    Figura 44. Furador de rolhas

    Preparo de substrato com serragem para produo do inculo

    A produo do substrato consiste

    na mistura de material volumoso com outros complementares, que propor- cionaro valor nutritivo adequado para o desenvolvimento do fungo. Neste procedimento, a quantidade de fungo em placas de Petri deve ser suficiente para a realizao da produo por substrato, sendo que para cada saco de substrato inocu- lam-se 10 moures.

    A quantidade de fungo produzido em placa de Petri ser proporcional quantidade de toras que se deseja ino- cular. Por exemplo, para 600 moures

    48

    do fungo no substrato

  • sero necessrios 60 sacos de inculo semente, ou seja, uma placa seria suficiente para 10 sacos de inculo semente.

    Realiza-se a mistura de serragem de eucalipto (espessura uniforme e fina), farelo de arroz e gua, em uma proporo de (3:1:1; v/v/v). A homo- geneizao deste material pode ser feita de forma simplificada. Neces- sitam-se de uma mesa para realizar

    Produo de Shiitake em toras de eucalipto 49

    dies asspticas, colocando-se trs discos (aproximadamente 1 cm de dimetro) de meio de cultivo BDA + miclio do fungo em cada saco. Com o furador de rolhas de lato feito o furo na placa de Petri, depois se faz um corte no saco que contm o meio de cultivo e, em seguida, feita a transferncia dos discos de fungo com auxlio de agulha de platina (Figura 40).

    a assepsia, recipiente de plstico grande, sacos de polipropileno que podem ser submetidos ao processo de autoclavagem e barbante. Colo- ca-se a mistura no recipiente, homogeneizando com as mos at a obteno de uma mistura uniforme.

    Com as mos coloca-se 500g da mistura em cada saco, que em segui- da deve ser fechado para evitar o con- tato com o meio externo e amarrado com barbante para facilitar a abertura aps a autoclavagem. Aps estes pro- cedimentos, os sacos devem ser autoclavados por 20 minutos a 120oC e 1 atmosfera. Realiza-se o descanso por dois dias em um local arejado e em temperatura ambiente.

    Aps o descanso feita a transfe- rncia dos fungos da placa de Petri (matriz de trabalho) para os sacos. A adio deste fungo ser realizada em uma cmara de fluxo laminar, sob con-

    Este procedimento somente deve

    ser feito aps a assepsia do local e das mos com lcool 70% em uma cma- ra de fluxo. Todos os materiais que entraro em contato com o fungo (agu- lha de platina e furador), devem ser flambados (chama de lamparina) para eliminar microrganismos indese- jveis.

    O armazenamento, para o cresci- mento dos fungos por 40 dias, pode ser feito em local arejado, temperatu- ra ambiente, porm sem contato com a luz. A cada semana deve ser obser- vado o desenvolvimento do fungo e descartando os substratos com pos- sveis contaminaes (Figura 45). O substrato estar pronto para ser usado quando estiver totalmente reco- berto com o fungo (substrato coberto por colorao esbranquiada, indi- cando um bom crescimento micelial do fungo; Figura 46).

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    Figura 45. Substrato que deve ser descartado devido a presena de

    Figura 46. Substrato contendo o fungo inoculado

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    contaminantes

  • Produo de Shiitake em toras de eucalipto 51

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