Classification and adaptations of muscle fibers: a review

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  • I S S N : 1 8 0 9 - 2 9 5 0

    FISIOTERAPIA^, PESQUISA

    REVISTA DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FACULDADE

    DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Volume 12 - nmero 3 Setembro - Dezembro 2005

  • Fisioterapia e Pesquisa

    em continuao a Revista de Fisioterapia da Universidade de So Paulo.

    P u b l i c a o quadrimestrall do Curso d e Fis ioterapia da F a c u l d a d e d e M e d i c i n a da U S P

    Fisioterapia e Pesquisa visa disseminar conhecimento cientfico rigoroso de modo a subsidiar tanto a docncia e pesquisa na rea quanto a fisioterapia clnica. Publica, alm de artigos de pesquisa originais, revises de literatura, relatos de caso/s, bem como cartas ao Editor.

    I N D E X A D A E M : LILACS - Latin American and Caribbean Health Sciences; LATINDEX - Sistema

    Regional de Informacin en Lnea para Revistas Cientificas de Amricas; e C INAHL - Cumulative

    Index to Nursing and Allied Health Literature.

    Tiragem: 1.000 exemplares

    E D I T O R A C H E F E

    P r o f a . D r a . A m l i a P a s q u a l M a r q u e s

    E D I T O R A S A S S O C I A D A S

    P r o f a . D r a . I s a b e l d e C a m a r g o N e v e s S a c c o

    P r o f a . D r a . S l v i a M a r i a A m a d o J o o

    C O N S E L H O C O N S U L T I V O ( F O F I T O / F M / U S P )

    P ro f . D r . C a r l o s R o b e r t o R. d e C a r v a l h o

    P r o f a . M s . C a r o l i n a F u

    P r o f a . D r a . C e l i s a T i e m i N . S e r a

    P ro f . D r . C e l s o R i c a r d o F. d e C a r v a l h o

    Pro fa . D r a . C l a r i c e T a n a k a

    P r o f a . D r a . F t i m a A p a r e c i d a C a r o m a n o

    P r o f a . D r a . R a q u e l A p a r e c i d a C a s a r o t t o

    P r o f a . D r a . M a r i a E l i s a P i m e n t e l P i e m o n t e

    S E C R E T A R I A

    A n a A s s u m p o

    E D I O D E T E X T O

    T ina A m a d o

    N O R M A L I Z A O B I B L I O G R F I C A E I N D E X A O

    S e r v i o de B ib l i o teca e D o c u m e n t a o da F M U S P

    e-mail: pub l i sh@b ib l i o t eca . fm .usp .b r

    P R O J E T O G R F I C O

    A l b a A . G . C e r d e i r a R o d r i g u e s

    D I A G R A M A O

    D a n i e l C a r v a l h o

    I M P R E S S O

    G r f i c a U N I N O V E

    C O R P O E D I T O R I A L

    A l b e r t o C a r l o s A m a d i o E E F E / U S P

    A n t o n i o F e r n a n d o B r u n e t t o D F i s i o / U E L

    A r m l e D o r n e l a s d e A n d r a d e D F i s i o / U F P e

    A u g u s t o C e s i n a n d o d e C a r v a l h o D F i s i o / U N E S P

    P r e s . P r u d e n t e

    C a r m e n S i l v i a B e n e v i d e s F e l l i p p a C C S / U F S M

    C l u d i a R. F u r q u i m d e A n d r a d e F M / U S P

    D b o r a B e v i l q u a G r o s s i F M R i b e i r o P r e t o / U S P

    D i r c e u C o s t a F A C I S / U N I M E P

    G i l L c i o A l m e i d a D F i s i o / U N A E R P

    H e l e n i c e J a n e C o t e G i l C o u r y D F i s i o / U F S C a r

    J o o C a r l o s Fe r ra r i C o r r a D C S / U N I N O V E

    J o s R u b e n s R e b e l a t t o D F i s i o / U F S c a r

    M a r c o s D u a r t e E E F E / U S P

    M a r i a I g n z Z a n e t t i F e l t r i m I N C O R / F M U S P

    N e i d e M a r i a L u c e n a D F i s i o / U F P B

    O s w a l d o C r i v e l l o J u n i o r F O / U S P

    P a t r i c i a C a s t e l u c c i I C B / U S P

    F t i m a C o r r a O l i v e r T O / F M U S P

    R i n a l d o R o b e r t o d e J . G u i r r o F A C I S / U N I M E P

    R o s n g e l a C o r r a D i a s E E F F T O / U F M G

    S r g i o L. D o m i n g u e s C r a v o D F i s i o l o g / U N I F E S P

    S r g i o T e i x e i r a d a F o n s e c a E E F F T O / U F M G

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    T n i a d e F t i m a S a l v i n i D F i s i o / U F S C a r

    V e r a M a r i a R o c h a C C S / U F R N

    Curso de Fisioterapia Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupac ional - FOF ITO/FM/USP R. Cipotnea 51 Cidade Universitria 05360-160 So Paulo SP e-mail: [email protected] http://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php

    A P O I O INSTITUIES COLABORADORAS

    S I Bi M Itl^ CREFITO -3

    FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRO P R E T O / U S P

    mailto:[email protected]:[email protected]://medicina.fm.usp.br/fofito/fisio/revista.php

  • SUMRIO CONTENTS

    Editorial 5

    Editorial

    PESQUISA ORIGINAL

    ORIGINAL RESEARCH

    Interferncia de ondas curtas pulsadas na adesividade e na fagocitose de macrfagos em

    ratos com desnutrio neonatal 6

    Interference of pulse short waves on macrophage adhesion and phagocytosis in rats with neonatal malnutrition

    Eduardo J. N. Montenegro, Paula Roberta T. Hirakawa, Maria D. Costa, Mrcio B. Pedroza, Ana

    Carine M. Gouveia, Raul M. de Castro, Clia M. M. B. de Castro

    Anlise morfomtrica de tecido muscular de coelhos submetido a ultra-som pulsado e contnuo de 1 MHz 15

    Morphometric analysis of rabbit muscle tissues submitted to pulse and continuous 1 MHz ultrasound

    Lara G. Lopes, Snia M.M.G.Bertolini, Eguimar E. R, Martins, Pedro M. Gewehr, Mrio S. Lopes

    A contribuio da extenso comunitria para a formao acadmica em Fisioterapia 22

    Contribution of community extension to the academic training of physiotherapists

    Ktia Suely Q. S. Ribeiro

    Fisioterapia e complicaes fsico-funcionais aps tratamento cirrgico do cncer de mama 30

    Physical therapy and physical-functional complications after breast cancer surgical treatment

    Adriane P. Batiston, Silvia M. Santiago

    Efeitos de um programa de exerccios fsicos na tolerncia ao esforo de indivduos com tuberculose pulmonar 34

    Effects of a physical exercise program in the effort tolerance by patients with pulmonary tuberculosis

    Viviane V. Reck, Daisy Bervig, Lenice F. Rodrigues, Cristiano Sanches, Roberto Frota

    RELATO DE CASOS CASE REPORT

    Mobilizao pelo mtodo Maitland para correo da discrepncia de membros inferiores: estudo de caso 41

    Mobilization by the Maitland method to correct lower limb length discrepancy: a case study

    Daniela B. Gonzalez, Danielli Cristina B. Ttora, Elaine L. Mendes

    Fisioterapia respiratria na doena de Parkinson idioptica: relato de caso 46

    Respiratory physical therapy in idiopathic Parkinson's disease: case report

    Luiz Antonio Alves, Ana Cludia Coelho, Antonio Fernando Brunetto

    REVISO REVIEW

    Classificao e adaptaes das fibras musculares: uma reviso 50

    Classification and adaptations of muscle fibers: a review

    Viviane B. Minamoto

    Instrues para autores 56

    Ficha de assinatura 59

  • EDITORIAL EDITORIAL

    Este foi u m a n o importante para a revista Fisioterapia e Pesquisa. O que era um

    p r o j e t o n o i n c i o d e 2 0 0 5 t r a n s f o r m o u - s e e m r e a l i d a d e : n o v o t t u l o ,

    quadr imestra l idade, prof issional izao da ed io de texto, parcerias etc. G raas

    a o aux l io f inancei ro do Crefi to-3 e do Sistema Integrado de Bib l io tecas (S IB i ) , bem

    c o m o parcer ia c o m U N I N O V E - Cent ro Univers i tr io N o v e de Ju lho - que

    disponibi l izou os servios grficos, foi possvel terminar o ano c o m a sensao de

    d e v e r c u m p r i d o . A pa rce r i a c o m o Cre f i to -3 t a m b m v i a b i l i z o u o acesso

    pub l i cao na internet (em www.cref i to3.org.br, " revistas") .

    Para os f isioterapeutas brasileiros, 2005 foi a inda o ano do X V I C O B R A F - C o n g r e s s o

    Brasi le i ro de Fisioterapia - que agregou um nmero indito de part icipantes, cujos

    resumos dos t raba lhos const i tu ram o v o l u m o s o sup lemento de Fisioterapia e

    Pesquisa n.2 de 2005 .

    H o j e nossa revista indexada nas bases de dados L I L A C S - Latin Amer i can and

    Car ibbean Hea l th Sc iences , L A T I N D E X - Sistema Regional de Informacin en Lnea

    para Revistas Cient f icas de Amr i cas e C I N A H L - Cumula t i ve Index to Nursing

    and A l l ied Hea l th Literature. Dessa forma, na c lassi f icao de per idicos cientf icos

    da C A P E S , na rea 21 (Educao Fsica, onde a Fisioterapia est inserida), a revista

    passou para a categoria Internacional C .

    O s planos para 2006, po rm, no param. N o prximo ano pretendemos apresent-

    la a outras bases d e dados , in format izar todo o p rocessamento dos or ig inais

    submetidos e prepar- la para a per iod ic idade trimestral.

    Este o momento de agradecer a todos os que , neste ano , co laboraram de diversas

    formas c o m a revista e contr iburam para que as mudanas fossem implementadas

    c o m sucesso.

    Profa. Dra . Am l ia Pasqual Marques

    Ed i to ra -Che fe

    http://www.crefito3.org.br

  • Interferncia de ondas curtas pulsadas na adesividade e na fagocitose

    de macrfagos em ratos com desnutrio neonatal

    Interference of pulse short waves on macrophage adhesion and phagocytosis in rats with neonatal malnutrition

    Eduardo J. N. Montenegro1, Paula Roberta T. Hirakawa2, Maria D. Costa3, Mrcio B. Pedroza4, Ana Carine M.

    Gouveia5, Raul M de Castro6' Clia M. M. B. de Castro7

    1 Fisioterapeuta; Prof, do Depto. de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

    2 4 5 Alunos do Curso de Fisioterapia da UFPE

    3 Aluna do Curso de Medicina da U F P E

    6 Mdico; Prof, do Depto. de Nutrio da UFPE

    do Mdica; Profa. Laboratrio de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) do Depto. de Medicina Tropical da UFPE

    ENDEREO PARA

    CORRESPONDNCIA

    Clia M . M. B. de Castro Hospital das Clnicas bl. A Av. Moraes Rego s/n Cidade Universitria 53670-910 Recife PE e-mail: [email protected]

    ACEITO PARA PUBLICAO

    mar. 2005

    RESUMO: Tendo em vista a relao estabelecida entre desnutrio neonatal e

    atividade celular ligada ao sistema imune, macrfagos peritoniais de ratos

    Wistar machos, desnutridos e recuperados, foram expostos diatermia de

    ondas curtas pulsadas ( D O C P ) e a campo magntico (CM) alternado em

    freqncia ultrabaixa para verificar in vitro as possveis alteraes no ndice

    de aderncia e na at iv idade fagoct ica. Foram submetidos a D O C P

    modulada em 30 Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcnica de Schliephake e na

    tcnica convencional em paralelo, e a um C M de 60 Hz. Foi constatado

    aumento no ndice de aderncia celular nos grupos experimentais de 30

    Hz e 50 Hz na tcnica de Schliephake e ao C M de 60 Hz em relao ao

    controle (p

  • acarretar danos no desenvolvi-

    mento e f unc ionamen to das

    funes do sistema imune 7 . As

    interaes entre o encfalo, a hi-

    pf ise e o t imo em estgios

    precoces de desenvolvimento tm

    sido estudadas e os resultados de-

    monstram uma relao clara entre

    o encfalo, a hipfise e o timo na

    fase embrionria, ou seja, entre o

    sistema nervoso, o sistema end-

    c r ino e o s istema i m u n e 8 . A

    maioria dos estudos a respeito

    realizada em animais desnutridos,

    mas que no foram recuperados

    totalmente ou parcialmente da

    desnutrio, deixando com isso

    lacunas no esclarecimento do

    comportamento do sistema imune

    aps recuperao total ou parcial

    do quadro de desnutrio pro-

    movido durante esse perodo.

    Progressos recentes em imu-

    nologia enfatizam o papel dos

    macrfagos no sistema imune,

    como reguladores da homeostase

    ou como clulas efetoras nas in-

    feces, tumores e ferimentos9. A

    desnutrio neonatal acarreta no

    rato adulto seqela duradoura na

    atividade funcional do macrfago

    alveolar 1 0 . A desnutrio, mesmo

    aps recuperao nutricional, pa-

    rece deixar seqelas irreversveis

    sobre os elementos do sistema

    imune, a exemplo dos macr-

    fagos 1 0.

    O s macrfagos so inf luen-

    ciados tambm pela ao dos cam-

    pos eletromagnticos, alterando-se

    sua capacidade de resposta dian-

    te de antgenos 1 1. Na Fisioterapia,

    tem aumentado o emprego das

    irradiaes eletromagnticas em

    diversos tipos de tratamento. Nos

    hospitais pblicos atende-se dia-

    riamente, no setor de Fisioterapia,

    um grande nmero de pacientes

    que utilizam esse recurso. A per-

    gunta que surge ento na ativida-

    de da clinica diria : os "renu-

    tridos" respondem s teraputicas

    vigentes, que em geral no levam

    em conta eventual desnutrio

    pregressa?

    O objetivo deste estudo in-

    vestigar a influncia da diatermia

    de ondas curtas pulsadas (DOCP)

    e do campo magntico (CM) de

    freqncia ultrabaixa sobre a ati-

    vidade fagoctica e o ndice de

    aderncia (mecanismos bsicos

    das c lu las fagoc t i cas) de

    macrfagos peritoniais de ratos

    desnutridos durante o perodo de

    desenvolvimento do sistema imu-

    ne e posteriormente submetidos a

    recuperao nutricional.

    METODOLOGIA

    Obteno das clulas

    Foram utilizados 24 ratos ma-

    chos Wistar com idade entre 60 e

    90 dias (nessa idade os animais

    so considerados adultos), desnu-

    tridos, aleitados por mes subme-

    tidas a dieta nutricional deficien-

    te* durante o perodo de lactao,

    aproximadamente 24 dias ps-na-

    tal. Aps o desmame os animais

    foram mantidos no biotrio sob

    temperatura de 23 2 C e ciclo

    claro/escuro de 12 horas, receben-

    do a dieta padro do biotrio

    (LABINA) e gua ad libitum at o

    sacrifcio. Quatro dias antes do

    experimento, os animais foram es-

    * A dieta insuficiente das mes foi calculada com base na Dieta Bsica Regional (DBR), modelo diettico da alimentao consumida por comunidades do Nordeste do Brasil, que comprovadamente causa desnutrio (Tabela 1).

    Tabela 1 Composio centesimal da D B R

    Ingredientes g % Protena C a rbo id ratos Lipdeos Cinzas Fibras K c a l

    Feijo cozido e seco 18,34 i 99 10,66 0,24 0,57 1,09 60,76

    Farinha de mandioca 64,81 0,84 48,59 0,12 0,43 5,64 198,8

    Carne seca salgada 3,74 2,74 . - 0,06 0,06 - 11,50

    Gordura da carne salgada e seca 0,35 - - 0,35 - - 3,15

    Batata doce 12,76 0,30 9,99 0,03 0,20 0,48 41,43

    Total 100,00 7,87 69,24 0,80 1,26 7,21 315,64

    Adaptado de Teodsio et al.u

    A desnutrio um dos proble-

    mas mais importantes de sade

    pblica no mundo. Estima-se que

    cerca de metade da populao

    mundial sofra de algum tipo de

    desnutrio 1 . A prevalncia de

    molstia infecto-contagiosa em

    reas onde a fome endmica

    torna a situao mais agravante,

    uma vez que a resistncia a in-

    feces nessas populaes apre-

    senta-se reduzida. Como con -

    seqncia, a severidade dos pro-

    cessos infecciosos e a mortalida-

    de na populao malnutrida so

    maiores do que na populao

    hgida 2.

    Dados epidemiolgicos e clni-

    cos demonstram que a deficin-

    cia nutricional altera o comporta-

    mento do sistema imune 3 , promo-

    vendo enfraquecimento na imuni-

    dade mediada pelas clulas, na

    funo fagoctica, na concentra-

    o de anticorpos nos lquidos or-

    gnicos, na produo de citocinas;

    a l tera-se tambm o sistema

    complemento, aumentando com

    isso o risco de infeco 4.

    A deficincia de nutrientes sim-

    ples, como zinco, selnio, ferro,

    cobre, vitaminas A, E, C, B-6 e

    cido flico, resulta em alterao

    da resposta imune, mesmo quan-

    do o estado de deficincia relati-

    vamente pequeno 5. Esses nutrien-

    tes esto envolvidos nos efeitos

    regulatrios da funo imune

    adaptativa, principalmente quan-

    do mediados por citocinas 6 . H

    indcios de que a desnutrio du-

    rante o perodo crtico de desen-

    vo lv imento do encfa lo pode

  • t imulados com in jeo intra-

    peritonial de 5 ml de caseinato de

    sdio a 6% estril (substncia in-

    dutora de diferenciao de mon-

    citos em macrfagos).

    Aps pesagem e sedao, os

    animais foram sacrificados por

    seco medular para realizao

    do lavado peritonial (mtodo uti-

    lizado pelo laboratrio e aceito

    pelo Comit de tica). Fez-se a

    l impeza da rea c o m l coo l

    iodado, inciso da pele na poro

    mediana do abdome e injeo de

    10 ml de soluo salina estril.

    Aps massagem digital, realizou-

    se a inciso na membrana perito-

    nial e aspirao de todo o lqui-

    do. Todo volume do exudate re-

    cuperado foi quantificado e centri-

    fugado a 1500 rpm por 10 minu-

    tos. As c lu las foram ressus-

    pendidas em 2 ml de NaCI 0,2%

    estril para lisar as hemcias, por

    dois minutos, e o volume final do

    lavado recuperado com N a C I

    0 ,9% estr i l para nova c e n -

    trifugao (10 minutos/1500 rpm).

    As clulas foram ressuspendidas

    em meio de cultura RPMI 1640

    completo (penicilina 100U/ml e

    estreptomicina 100|ig/ml - Sigma)

    com o vo lume equivalente ao

    volume final do lavado, para con-

    tagem. Para cada animal obteve-

    se em mdia 40 mi lhes de

    macrfagos, dos quais 9 5 % eram

    clulas morfologicamente aceitas

    pelas tcnicas de colorao de

    Giemsa, no qual se utiliza um

    reagente no 1 que contm eosina

    e azul de metileno e o reagente

    no 2 contendo azul II (80mg/dl) e

    eosinato de azul II (100 mg/dl). A

    v iabi l idade testada foi sempre

    maior que 95% pela excluso com

    azul tripan.

    Equipamentos e irradiao das clulas

    Para obteno das culturas de

    macrfagos irradiados, parte da

    suspenso das clulas provenien-

    tes de cada animal (em triplicata),

    aps o lavado per i ton ia l , foi

    submetida a um campo magnti-

    co seno ida l de f reqnc ia

    ultrabaixa (60 Hz) com densida-

    de de campo magntico de 1OuJ

    (microTesla) e a um emissor de

    D O C P (Diatermax L M 9006 da

    KLD) com onda portadora senoidal

    modulada em freqncia ultra-

    baixa em bursts (pulsos), com os

    parmetros de exposio que cons-

    tam do Quadro 1 , com emisso de

    40% de sua potncia total, como

    indicado pelo fabr icante 1 3 uti-

    lizando a tcnica de Schliephake

    (que consiste em um distanciamen-

    to dos eletrodos da rea tratada

    de 10 a 20 cm) e a tcnica con-

    vencional em paralelo (que con-

    siste em um distanciamento dos

    eletrodos da rea tratada de 2 a 4

    cm). Note-se que os campos el-

    tricos gerados foram dependentes

    da potncia emitida, da distncia

    da fonte emissora (eletrodos) e da

    modulao da freqncia. A den-

    sidade de potncia do campo foi

    medida fora do meio de cultura

    R P M I 1640 onde se encontra a

    amostra. A condutividade do meio

    RPMI-1640 de 7,64 mSiemens

    (~164 ohm) e a resistncia do ar

    aproximadamente 377 ohm. Com

    esses valores verificou-se que a

    resistividade do meio no interfe-

    re na potncia do campo medido.

    As amostras irradiadas foram

    colocadas a 15 cm de distncia

    dos eletrodos da D O C P na tcni-

    ca de Schliephake (valor mdio

    das distncias de 10 a 20 cm) e

    na tcnica convencional em pa-

    ralelo foram colocadas a 3 cm de

    distncia do eletrodo (valor m-

    dio das distncias de 2 a 4 cm)

    que, nesse local, gerou uma ten-

    so de campo eltrico alternado.

    A tenso do campo eltrico gera-

    do pela D O C P foi medida por

    osc i l oscp io digi tal (marca

    Hewlett Packard 54600B) acopla-

    do a uma bobina indutora de cam-

    po eletromagntico proveniente de

    um multmetro {Logger Multimeter)

    no local onde o tubo de vidro es-

    tava com a amostra. Esse proce-

    dimento teve como objetivo ga-

    rantir que qualquer elevao em

    termos de energia fornecida ao

    sistema (clulas) fosse exclusiva-

    mente dependente da freqncia

    e no do aumento de tenso. A

    distncia entre os eletrodos foi de

    30 cm. As amostras foram colo-

    cadas em estante de isopor

    (poliestireno expandido, 2 % de

    poliestireno e 98% de ar) durante

    a exposio. Os eletrodos emis-

    sores da D O C P tambm foram fi-

    xados em suportes de isopor. As

    amostras que serviram de contro-

    le foram colocadas em ambiente

    seguro, afastado da emisso do

    campo. Foi efetuada no ambien-

    te, antes da exposio, uma var-

    redura para mapear qualquer cam-

    po que pudesse interferir com o

    campo experimental. O equipa-

    mento utilizado foi o Trifield Na-

    tural EM Meter e o referido oscilos-

    cpio digital. No foi identifica-

    do qualquer campo com intensi-

    dade suficiente para interferir no

    experimento (o campo eltrico al-

    ternado ambiental foi de 47,8 mV).

    A densidade da potncia do cam-

    po foi medida pelo equipamento

    Anritsu Power Meter ML 4803A.

    Quadro 1 Esquema de irradiao para D O C P com 40% de potncia de sua emisso total

    Tratamento Tempo Freqncia Vp-p D.P.C

    (minutos) (Hz)

    Controle 0 0 0 0

    Schliephake 15 30 7,8 V 0,381 u W / c m 2

    Schliephake 15 50 7,8 V 0,65uW/cm 2

    Schliephake 15 430 7,8 V 6,35uW/cm 2

    Convencional 15 30 32 V 6,36|iW/cm 2

    Convencional 15 50 32V 11uW/cm 2

    Convencional 15 430 32 V 91,37|iW/cm 2

    Hertz (Hz): nmero de ciclos por segundo; Vp-p: Voltagem pico a pico da onda eletromagntica (burst); D.P.C: Densidade de potncia do campo em microWatts/centmetro quadrado

  • Para obteno dos macrfagos

    irradiados com o campo magnti-

    co senoidal de freqncia ultra-

    baixa (60 Hz) com densidade de

    fluxo magntico de 10uT, foi uti-

    lizado um autotransformador ATS

    Line de 500 VA. As amostras fo-

    ram colocadas em uma estante de

    Poliestireno expandido a uma dis-

    tncia de 11,5 cm em sentido ver-

    tical da fonte emissora do campo

    por um perodo de 1 hora. O cam-

    po magntico foi mensurado atra-

    vs do equ ipamen to Tr i f ie ld

    Broadband Meter. O mesmo pro-

    cedimento de segurana utiliza-

    do para a D O C P foi tomado em

    relao exposio baixa fre-

    qncia.

    ndice de aderncia

    Para o experimento, macrfa-

    gos provenientes do lavado peri-

    tonial irradiados ou no e dividi-

    dos em triplicata foram transferi-

    dos para poos de 35 mm de

    dimetro em placas de culturas

    com 6 poos cada, em uma den-

    sidade de 2 X 106clulas/ml com

    total de 2 ml por poo. As placas

    foram mantidas em estufa a 37C,

    sob atmosfera mida com 5 % de

    C 0 2 por 60 minutos. Em seguida,

    alquotas de 10uJ da amostra fo-

    ram retiradas para contagem das

    clulas no-aderidas, em diluio

    de 1/10 em azul tripan na cmara

    de Neubauer.

    O clculo do ndice de ade-

    rncia foi realizado empregando-

    se a frmula de Segura et al.u:

    IA=100 - clulas no aderidas X 100

    n iniciai de clulas/ml

    Atividade fagoctica

    Macrfagos recuperados do la-vado peritonial foram divididos em triplicata, como descrito aci-ma. Para se aval iar a taxa de fagocitose, foram utilizados fun-gos Saccharomyces sp. Os fungos foram lavados trs vezes com So-luo Sa l ina B a l a n c e a d a de Hanks' (HBSS) . Em seguida, 10 8

    fungos/ml foram misturados em suspenso, contendo 10 6 macr-fagos/ml de meio RPMI 1640.

    As clulas (macrfagos e fun-

    gos) irradiadas ou no foram dis-

    t r ibudas em lmina para

    microscopia ptica e incubadas a

    3 7 C , em atmosfera mida, por um

    perodo de uma hora. Aps esse

    perodo as lminas foram lavadas

    com H B S S , secadas temperatu-

    ra ambiente e coradas com Diff-

    Quik set (Baxter Dade, Ddinen,

    Switzerland). A leitura foi feita em

    microscpio ptico, com objetiva

    de 100X sob imerso. A taxa de

    fagocitose foi obtida, em per-

    centual, pela contagem de macr-

    fagos que fagocitaram o fungo, em

    um total de 200 clulas.

    ultrabaixa de 30 Hz (2), 50 Hz (3),

    430 Hz (4) e campo magntico de

    60 Hz (5). Aumento significativo

    no ndice de aderncia foi de-

    tectado nos grupos experimentais

    na tcnica de Schliephake de 30

    Hz e 50 Hz e no C M de 60 Hz

    aps um perodo de exposio de

    15 minutos para a D O C P e 60

    minutos para o C M . O grupo ex-

    perimental de 430 Hz no apre-

    sentou aumento no ndice de ade-

    rncia. A mdia e o desvio padro

    do IA no controle foi de 54,13

    4,86 em relao a 71,7 9,54

    para D O C P de 30 Hz, 68,86

    6,64 para D O C P de 50 Hz, 64,28

    Anlise estatstica

    Para anlise comparativa entre

    o grupo controle e o grupo expe-

    rimental, tanto para a fagocitose

    quanto para o ndice de adern-

    cia, foi ut i l izado o Teste-t de

    Student com nvel de signif i-

    cncia de p

  • dia e o desvio padro da ativida-

    de fagoctica no controle foi de

    22,75 2,18 em relao a 11,83

    2,16 para D O C P de 30 Hz, 11,75

    2,40 para D O C P de 50 Hz, 21,83

    0,98 para D O C P de 430 Hz e

    9,75 1,4 para C M de 60 Hz

    (p0,05).

    Tampouco qualquer efeito sig-

    nificativo foi observado na ativi-

    dade fagoctica nos grupos da

    D O C P na tcnica convencional

    em para le lo com modu lao

    ultrabaixa de 30 Hz, 50 Hz e 430

    Hz, aps um perodo de exposi-

    o de 15 minutos (Fig.4). A m-

    dia e o desvio padro da ativida-

    de fagoctica no controle foi de

    22,57 3,59 em relao a 20,85

    4,59 para D O C P de 30 Hz, 22,28

    3,19 para D O C P de 50 Hz, 22,71

    4,99 para D O C P de 430 Hz

    (p>0,05).

    DISCUSSO

    Neste estudo a adesiv idade celular de macrfagos peritoniais de ratos foi avaliada por meio do ndice de aderncia (IA), aps a exposio das clulas dos animais desnutridos e recuperados da des-nutrio aos campos de D O C P e C M de 60 Hz. Foi observado au-mento da adesividade celular aps um tempo de exposio de 15 minutos para as freqncias mo-duladas em ultrabaixa freqncia de 30 Hz e 50 Hz na tcnica de Schliephake e de 60 minutos para

  • os C M de 60 Hz, cujos parmetros

    so utilizados na prtica fisiote-

    rpica e encontrados em ambien-

    tes de trabalho respectivamente.

    Os campos de D O C P modulados

    em freqncia ultrabaixa de 30

    Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcnica

    convencional em paralelo e de

    430 Hz na tcnica de Schliephake

    no alteraram a adesividade ce-

    lular.

    A desnutrio energtica pro-

    teica modifica tanto a resistncia

    especfica como a no-especfica

    do organismo para agentes in-

    fecciosos 1.

    Os macrfagos so reconheci-

    dos por sua atuao na defesa

    contra a invaso do organismo por

    antgenos estranhos. Essas clulas

    podem migrar para o interstcio do

    foco de reao aps aderir s c-

    lulas endoteliais 1 4. A desnutrio

    energtica protica altera esse

    mecanismo reduzindo a expresso

    de molculas de adeso e a ati-

    vao de macrfagos 1 4 1 6 , poden-

    do assim interferir de forma nega-

    tiva no mecanismo de sinalizao

    celular dos macrfagos, como o

    fluxo de clcio e a fosforilao

    das protenas quinases 1 6. Alm dis-

    so, a atividade da cadeia trans-

    portadora de eltrons drastica-

    mente reduzida na desnutrio,

    ocorrendo menor produo de ATP

    para as clulas 1 6 . O ATP tem como

    principal funo fornecer energia

    para o equilbrio entre o processo

    de fosforilao e desfosforilao

    de protena especfica na sinali-

    zao celular 1 7.

    A interao adesiva mediada

    por molculas proteicas transmem-

    branares dependentes ou no dos

    ons clcio. As molculas adesi-

    vas dependentes de clcio apre-

    sentam fortalecimento na adeso

    quando em presena desse on 1 8 .

    Molculas independentes de cl-

    c io so eletronegativas (cido

    silico) e quanto maior for essa

    eletronegatividade, menor ser a

    fora de adeso. Caso essas mo-

    lculas se tornem menos e le -

    tronegativas, o processo de ade-

    so fortalecido 1 9 . Estudos da

    d inm ica de adeso ce lu la r

    demonstraram que esse tipo de

    interao responde pelas leis que

    regem as atividades enzimticas

    tendo sua velocidade diminuda

    na presena de baixas temperatu-

    ras 2 0.

    O s campos eletromagnticos

    alteram no s a concentrao do

    clcio intracelular como tambm

    interferem na atividade enzim-

    tica das clulas imunes 2 1 . Esse

    efeito pode interferir na sinali-

    zao e no comportamento celu-

    lar, mecanismo ainda no total-

    mente compreendido 2 1 2 3 .

    Pelos resultados deste trabalho,

    sugere-se que a D O C P com a po-

    tncia e a freqncia modulada

    de 30 Hz e 50 Hz na tcnica de

    Schliephake, bem como o C M de

    60 Hz entraram em ressonncia

    com o sistema (clulas), defla-

    grando aumento da adesividade

    celular e interferindo no com-

    portamento do clcio. Neste tra-

    balho os animais foram subme-

    tidos a uma desnutrio severa

    durante o perodo de formao do

    sistema imune e foram recu-

    perados aps essa fase. Apesar de

    a literatura indicar que a desnu-

    trio energtica proteica promo-

    ve eventos como desarranjo na

    expresso de molculas de ade-

    s o 1 4 1 6 , reduo da ativao de

    macrfagos, interferncia na sina-

    l i zao in t race lu la r dos

    macrfagos 1 7, no presente estudo

    os campos eletromagnticos au-

    mentaram o ndice de aderncia

    que, em parte, est diretamente

    relacionado com os ons clcio,

    fortalecendo esse fenmeno celu-

    lar. O mecanismo pelo qual isso

    ocorre ainda no conhecido.

    A adesividade celular no so-

    freu influncia da D O C P na tc-

    nica convencional em paralelo na

    m o d u l a o de f reqnc ias

    ultrabaixas de 30 Hz, 50 Hz e 430

    Hz, como tambm no sofreu in-

    fluncia na tcnica de Schliephake

    na freqncia ultrabaixa de 430

    Hz. Isso sugere que a potncia de

    densidade do campo, que em par-

    te foi dependente da freqncia

    modulada, no se encontra na fai-

    xa de janela especfica do siste-

    ma celular. Deve ser observado

    que a D O C P de 430 Hz na tcni-

    ca de Schl iephake gerou uma

    densidade de potncia no local

    das amostras de 6,35uA/V/cm 2,

    coincidente com a potncia ge-

    rada na D O C P de 30 Hz com a

    tcnica convencional em paralelo

    (6,36uW/cm 2 ) . Neste trabalho, o

    que podemos observar que o

    campo eletromagntico com os

    parmetros utilizados no foi efi-

    caz em alterar o comportamento

    das molculas de adeso celular.

    O processo de ativao celu-

    lar promovido puramente pelos

    campos no-ionizantes muito

    discutido. Alguns resultados de-

    monstram que esse processo s

    possvel caso a clula j tenha si-

    do pr-estimulada com alguma

    substncia 2 4. Resultados recentes

    apresentam evidncias de que

    esses campos podem ativar a

    clula de forma d i re ta 2 5 2 6 mas,

    como j comentado, o mecanismo

    exato dessa ativao permanece

    d e s c o n h e c i d o 2 0 2 3 . H ip teses

    existem; uma delas que a cadeia

    de s ina l izao que envo lve o

    inositol trifosfato (IP3) poten-

    c ia l i zada pelos campos no-

    ionizantes. O IP3 abre os canais

    de clcio no retculo endoplas-

    mtico, elevando a concentrao

    desse on no interior da clula e

    de f lagrando assim todos os

    processos de sinalizao celular

    promovidos pelo c l c i o 2 7 . No

    momento em que o macrfago

    entrou em contato com o plstico

    da placa, a exposio prvia aos

    campos agiu como um co-est-

    mulo, aumentando a afinidade

    pela interferncia nos ons clcio.

    A provvel apl icao clnica

    deste conhec imen to que a

    D O C P pode ser utilizada em pro-

    cesso inflamatrio onde clulas

    necessitam de adeso para migrar

    ao foco inflamatrio (leses trau-

    mticas agudas e crnicas). J foi

    demonstrado c l in icamente em

    idosos, que apresentam natu-

    ralmente aumento da adeso de

    macrfagos, que esse fenmeno,

    quando instalado crnicamente,

    no benfico para o organismo,

    pois est ligado formao de

    aterosclerose 2 8. A utilizao des-

    se tipo de irradiao (DOCP) deve

  • ser por tempo relativamente cur-

    to e a anlise foi efetuada aps

    uma hora da irradiao in vitro,

    no se sabendo ento como esse

    processo se comporta aps tempo

    mais longo. Com o C M de 60 Hz,

    o perodo de exposio de 60 mi-

    nutos foi suficiente para deflagrar

    o mesmo processo. A preocupa-

    o inicial com esse tipo de irra-

    diao que ela encontrada em

    ambientes de trabalho industrial que

    utilizam equipamentos eltricos,

    onde pessoas permanecem por pe-

    rodos de at oito horas dirias 2 9.

    A atividade fagoctica demons-

    trou uma reduo aps a exposi-

    o a D O C P modulada em fre-

    qncia ultrabaixa na tcnica de

    Schliephake de 30 Hz e 50 Hz e

    ao C M de 60 Hz. A ativao fisio-

    lgica do macrfago est asso-

    ciada fagocitose e aumenta a

    formao de espcies reativas de

    oxignio. Caso contrrio, se a ati-

    vidade fagoctica reduzida, a

    formao de espcies reativas de

    oxignio d e c a i 2 2 . A at ivao

    deflagrada por estmulos na mem-

    brana celular, que transduzida

    para o interior citoplasmtico pe-

    las cascatas de sinalizao celular30.

    No caso particular deste estudo, foi

    utilizada a levedura Saccharomyces

    sp para ativar a resposta fagoci-

    tria dos macrfagos.

    Macrfagos obtidos de animais

    com de f i c i nc ia energ t ica

    proteica, de vitamina D3 e A apre-

    sentaram baixa atividade fagocti-

    ca e anti tumoral 3 1 3 3 . A associao

    entre def icincia nutricional e

    aumento na susceptibilidade s

    doenas infecciosas j bem co-

    nhecida 3 4 . Uma diminuio na

    atividade fagoctica com aumen-

    to nos nveis de clcio intracelular

    foi conseguida com campo mag-

    ntico contnuo 3 5 e com microon-

    das de baixssima intensidade 3 6.

    As variaes nos nveis do on

    clcio intracelular promovem al-

    teraes tanto estimulatrias como

    inibitrias nas clulas do sistema

    imune 3 7 . Os dados experimentais

    levam a crer que campos eletro-

    magnticos aumentam a permeabi-

    l idade da membrana c i toplas-

    mtica para ons clcio pelos ca-

    nais de clcio, podendo tambm

    inibir o efluxo desse on para o ex-

    terior da clula. A reserva de clcio

    no retculo endoplasmtico li-

    berada por mensageiros celulares

    e a prpria captao para o inte-

    rior do retculo endoplasmtico

    pode ser alterada pelos campos

    eletromagnticos, com isso man-

    tendo as concentraes do on ele-

    vadas no citosol 3 8.

    Cations divalentes como o cl-

    cio foram identificados como dos

    fatores mais importantes para in-

    fluenciar a fagocitose. O aumen-

    to intracelular est associado com

    a diminuio da fagocitose de

    partculas estranhas 3 9 4 0 .

    A dificuldade para entender a

    resposta celular aos campos no-

    ionizantes que ele se apresenta

    de forma no-linear e no-limiar,

    ou seja, pequenas intensidades

    podem apresentar grandes efeitos,

    altas intensidades podem passar

    despercebidas pela c lu la 3 5 . A

    adesividade celular e a atividade

    fagoct ica dos macrfagos dos

    animais desnutridos e recupe-

    rados, estudados neste trabalho,

    foram alteradas com campos que

    apresentaram menor densidade de

    potncia de energia (30 Hz e 50

    Hz na tcnica de Schliephake e

    C M de 60 Hz) em relao a cam-

    pos com maiores densidades (430

    Hz na tcnica de Schliephake e

    30 Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcni-

    ca convencional em paralelo).

    Os macrfagos residentes dos

    tecidos conjuntivos representam a

    primeira linha de defesa contra

    processos infecciosos9. Caso o sis-

    tema tenha sua atividade dimi-

    nuda, agentes externos e internos

    podem proliferar-se com maior

    facilidade, pois encontrariam pou-

    ca resistncia a seu avano; isso

    traz preocupao quanto expo-

    sio do terapeuta e do trabalhador

    a campos dessa ordem, por tem-

    po indeterminado. Pacientes que

    sofreram desnutrio durante a

    fase crtica de desenvolvimento

    do sistema imune podero natu-

    ralmente apresentar diminuio na

    atividade fagoctica, que poder

    ser potencializada pela aplicao

    da D O C P ou da exposio ao C M

    de 60 Hz.

    CONCLUSO

    A D O C P modulada em ultra-

    baixa freqncia de 430 Hz na

    tcnica de Schliephake e de 30

    Hz, 50 Hz e 430 Hz na tcnica

    convencional em paralelo no

    interfere no ndice de aderncia

    e na atividade fagoctica dos ra-

    tos desnutridos e recuperados. A

    D O C P modulada em ultrabaixa

    freqncia de 30 Hz e 50 Hz na

    tcnica de Schliephake e o C M

    de 60 Hz aumentam o ndice de

    aderncia (IA) e reduzem a ativi-

    dade fagoctica dos macrfagos

    dos ratos desnutridos e recupera-

    dos, podendo ter aplicaes pr-

    ticas em processos traumticos

    agudos que necessitem de inter-

    ferncia na adesividade celular e

    na atividade fagoctica.

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  • Anlise morfomtrica de tecido muscular de coelhos submetido a ultra-som pulsado e contnuo de 1 MHz I

    Morphometric analysis of rabbit muscle tissues submitted to pulse and continuous 1 MHz ultrasound

    Lara G. Lopes1, Snia M.M.G.Bertolini2, Eguimar E. R. Martins3, Pedro M. Gewekr4, Mrio S. Lopes5

    Fisioterapeuta; Prof, do Curso de Fisioterapiada Universidade Para na ens e (UNIPAR) e do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica e Informtica Industrial (CPGEI) do Centro Federal de Educao Tecnolgica do Paran (CEFET-PR)

    Fisioterapeuta; Prof, da Universidade Estadual de Maring ( U E M )

    Graduando em Fisioterapia na UNIPAR

    Engenheiro e I I: r i c; o ; Pro l do CPGEI do CEFET-PR

    Fisioterapeuta; Prof, do Curso de Fisioterapia da UNIPAR

    ENDEREO PARA CORRESPONDNCIA

    Lara Gurios Lopes Av. Duque de Caxias 4410 87504-040 Umuarama PR e-mail: [email protected]

    Dissertao desenvolvida no Programa de Ps-Graduao CPGEI do CEFET-PR para obteno do ttulo de Mestre em Cincias.

    ACEITO PARA PUBLICAO

    maro 2005

    RESUMO: Visando estabelecer uma relao entre os efeitos do ultra-som e a variao da rea da clula muscular, este estudo analisou os efeitos do ultra-som (US) de 1 M H z , pulsado e contnuo, uti l izado com a intensidade mxima de 3 W / c m 2 , em tecido muscular sadio do msculo vasto lateral de coe lhos (Oryctolagus Cuniculus) machos adultos. Uti l izaram-se dois grupos, cada um com 5 coelhos, sendo um para o U S pulsado e o outro para o U S contnuo. Uti l izou-se a coxa esquerda dos coelhos como antmero experimental, sendo a direita o controle. Em ambos os grupos foram realizadas 10 sesses consecutivas de U S de 1 M H z , com intensidade de 3 W / c m 2 / durante 12 minutos. Ao trmino das 10 sesses os coelhos foram sacrificados, retirando-se o msculo vasto la tera l , b i la te ra lmente , para p reparao das lminas, que foram analisadas histomorfometricamente. Consideraram-se sempre 10 clulas musculares em cada extremidade da lmina analisada - superior, inferior, direita e esquerda. Obtiveram-se assim 40 clulas analisadas, em cada antmero de cada coelho. Pela anlise estatstica (teste t-Student) da mdia das reas destas clulas, verificou-se que no houve diferena significativa entre o antmero experimental e o controle em ambos os grupos. Conclui-se que, com a metodologia empregada nesta pesquisa, o U S no produz efeitos morfomtricos no tecido muscular sadio de coelhos.

    DESCRITORES: Engenharia biomdica; Tcnicas de fisioterapia; Msculos/ ultrasonografia; Coelhos

    ABSTRACT: In order to seek a relation between applied ultrasound (US) and variation of muscle cell area, this study analysed the effects of 1 M H z U S , in pulsed and continuous mode, at the maximum intensity of 3 W / c m 2 , in healthy muscle tissue of adult male rabbits' (Oryctolagus Cuniculus) vast lateral muscle. Rabbits' left thighs were tested in the experiment, the right ones being taken as control. Two groups of 5 rabbits each were formed, one for pulsed U S and the other for continuous U S . In both groups were applied 10 consecutive sessions of 1 M H z U S with intensity of 3 W / c m 2 during 12 minutes. At the end of the 10 sessions the rabbits were sacrificed and both thighs lateral muscles were excised, prepared and fixed to slides for microscopic analysis of the cells area. Ten cells were considered at each slide sector (upper, lower, right and left), thus a total of 40 cells were analysed from each thigh. The mean area of cells for each slide sector was compared to control thigh cells area by means of t-Student test. No statistical I ly significant differences were found between the two sides in both groups, leading to the conclusion that, with the described methodology, U S does not produce any effect in the cell size of rabbits healthy muscles.

    KEY WORDS Biomedical engineering; Physical therapy techniques; Muscles/

    ultrasonography; Rabbits

    mailto:[email protected]

  • ram reportados em 192 7 por W o o d

    e Loom is em The physical and

    biological effects of high frequency

    waves of great intensity, demons-

    trando que altas freqncias (300

    kHz) e intensidades de U S causa-

    vam lise e diminuio da mobili-

    dade das clulas vermelhas do

    sangue 7. Vrios estudos controla-

    dos tm demonstrado a efetivida-

    de da terapia com U S para cicatri-

    zao de lceras varicosas e l-

    ceras de presso 8 1 1 . Porm, numa

    reviso de literatura feita em 293

    artigos publicados desde 1950,

    sobre os efeitos do U S em desor-

    dens do sistema musculoesque-

    ltico, observou-se que seu uso era

    baseado em empirismo, faltando

    evidncias cientficas de seus re-

    ais efeitos 1 2. Os efeitos do U S c i -

    tados em vrios trabalhos cient-

    ficos no justificam seu uso e pro-

    vavelmente no so benficos.

    Essas concluses basearam-se na

    falta de evidncias biolgicas da

    sua ef iccia descritas nos arti-

    gos 1 3 . No estudo de 35 artigos pu-

    blicados no perodo de 1975 a

    1999, sobre a eficcia do U S no

    tratamento de diversas patologias,

    somente 10 foram considerados

    tendo uma metodologia adequa-

    da, contendo todas as informaes

    necessrias, desde equipamento

    utilizado at a justificativa da dose

    de tratamento.

    Conclui-se que as opinies so-

    bre as dosagens utilizadas para o

    tratamento diferem significativa-

    mente e que existem poucas evi-

    dncias dos efeitos clnicos do U S ,

    da a necessidade de importante

    e sistemtica investigao de seus

    efeitos clnicos e estudo da rela-

    o entre doses e respostas biol-

    gicas 1 4 .

    Ultra-som e terapia

    Geradores de U S de alta fre-

    qncia, 3 M H z , so empregados

    para o tratamento de tecidos su-

    perficiais, pois a energia absor-

    vida na superfcie. O gerador mais

    utilizado, o de 1 M H z , oferece

    um ajuste entre a penetrao pro-

    funda e um aquecimento adequa-

    do, em funo da freqncia relati-

    vamente baixa empregada1 5.

    Os efeitos do U S dependem de

    muitos fatores fsicos e biolgicos,

    tais como a intensidade, o tempo

    de exposio, a estrutura espacial

    e temporal do campo ultra-snico

    e o estado fisiolgico da estrutura

    a ser tratada. Esse grande nmero

    de var iveis compl ica a com-

    preenso exata do mecanismo de

    ao do U S na interao com os

    tecidos biolgicos 1 6.

    A freqncia de sada, em um

    equipamento de U S , determina a

    profundidade de penetrao da

    energia, com uma relao linear

    entre a freqncia do \JS e a pro-

    fundidade na qual a energia

    absorvida pelo tecido. A taxa de

    absoro e, conseqentemente, a

    atenuao aumentam conforme a

    freqncia do U S aumenta, devi-

    do frico entre as molculas

    que as ondas sonoras devem su-

    perar para passar atravs dos teci-

    dos 1 7 . O aumento de temperatura

    nos tecidos, causado pelas ondas

    de U S , depende da intensidade de

    sada (W/cm 2 ) do equipamento e

    da durao do tratamento. Embo-

    ra esse mtodo de determinao

    da dosagem do tratamento tenha

    sido tradicionalmente utilizado, ,

    na melhor das hipteses, uma tc-

    nica imprecisa 1 8.

    Os efeitos do U S so divididos

    em trmicos e no-trmicos. Os

    efeitos trmicos so produzidos

    por ondas de U S contnuas, ou

    pulsadas com alta intensidade, e

    levam a uma alterao dos teci-

    dos, como um resultado direto da

    e levao de sua temperatura,

    provocada pelo U S . O s efeitos

    no-trmicos produzidos pelo US

    pulsado causam alteraes resul-

    tantes do efeito mecnico da ener-

    gia de U S 5 - 1 8 " 2 0 .

    O efeito trmico do U S con-siderado de grande importncia. O som atenua-se medida que atravessa um meio ou diminui sua intensidade durante esse trajeto. Parte dessa atenuao causada pela converso da energia em ca-lor por absoro e o restante, pela reflexo e refrao do feixe 2 0. O U S pode elevar a temperatura tecidual a 5 cm ou mais de profun-didade. A resposta fisiolgica atri-

    Na prtica clnica, em fisiote-

    rapia, vrios so os recursos ele-

    troteraputicos e termoteraputi-

    cos utilizados na reabilitao das

    diversas desordens do sistema

    musculoesqueltico, porm faltam

    estudos sobre os reais efeitos biol-

    gicos que estes recursos podem

    provocar no organismo tratado.

    U m dos equipamentos termote-

    raputicos utilizados para a pro-

    duo de calor o que utiliza

    ultra-som (US) , produzindo calor

    profundo pela propagao de suas

    ondas mecnicas. O U S teraputi-

    co freqentemente utilizado em

    fisioterapia com o objetivo de di-

    minuir sintomas e manifestaes

    inflamatrias de diversas pato-

    logias ortopdicas e reumatolgi-

    cas. Entretanto, existem poucos

    trabalhos cientficos que suportam

    ou demonstram a eficcia do U S

    utilizado em baixas intensidades

    ou do U S pulsado (onde o efeito

    trmico minimizado) e sua atua-

    o nas manifestaes do proces-

    so inflamatrio1.

    O U S um recurso teraputico

    muito utilizado no tratamento das

    leses musculares, geralmente

    associado a outras terapias como

    mobilizaes ativas e passivas,

    massagens e resfriamento com

    bolsas de gelo. A incidncia des-

    sas leses maior no mbito es-

    portivo, onde comum os atletas

    serem submetidos a tratamento com

    US, que tem tido, aparentemente,

    resultados eficientes2.

    A terapia por U S tem vrias in-

    dicaes, tanto nos processos agu-

    dos como nos crnicos; seus efei-

    tos fisiolgicos tm sido inves-

    tigados h mais de 50 anos e vm

    sendo descritos de maneira em-

    prica atravs dos tempos e da pr-

    tica clnica de cada terapeuta3 6.

    Experimentos realizados com o

    US demonstram que a interao

    deste com os tecidos biolgicos

    provoca alteraes fisiolgicas,

    que podem ser benficas ou pro-

    vocar danos. Os primeiros efeitos

    biolgicos causados pelo U S , nos

    tecidos submetidos a terapia, fo-

  • buda a esse efeito inclui o au-

    mento da extensibilidade do col-

    geno, alteraes no fluxo san-

    gneo, mudanas na velocidade

    de conduo nervosa, aumento da

    atividade enzimtica e mudanas

    na atividade contrtil dos mscu-

    los esquelticos 1 8.

    A vasodilatao, em resposta

    ao aumento do fluxo sangneo

    causado pelo uso do U S , pode ser

    considerada, em parte, como um

    fenmeno protetor, destinado a

    manter a temperatura corporal

    dentro dos limites da normalida-

    de, 36 a 3 7 C 2 0 . As causas que

    levam vasodilatao podem ser

    consideradas como: liberao de

    estimulantes tissulares em conse-

    qnc ia da agresso ce lu la r

    causada pela vibrao mecnica

    das ondas ultra-snicas; estimu-

    lao, possivelmente direta, das

    fibras nervosas aferentes, o que

    conduz depresso ps-excitatria

    da atividade ortossimptica, le-

    vando a uma reduo do tnus

    muscular4. Os efeitos combinados

    de vasodilatao, vasoconstrio

    e edema podem ocorrer na clula

    aps a aplicao de U S .

    Dada a falta de comprovao

    dos reais efeitos do U S e de este

    ser dosado de maneira emprica,

    este trabalho teve como objetivo

    estudar os efeitos produzidos pelo

    ultra-som de 1 M H z , pulsado e

    contnuo, quando utilizado com a

    intensidade mxima de 3 W / c m 2 ,

    em tecido muscular sadio - no

    caso, msculo vasto lateral de

    coelhos (Oryctolagus Cuniculus)

    machos adultos - buscando esta-

    belecer relao entre a ao do

    ultra-som e os efeitos causados na

    variao da rea da clula mus-

    cular.

    MATERIAIS E MTODOS

    Para a realizao do presente

    estudo foram utilizados 10 coelhos

    da raa Nova Zelndia, adultos,

    com aproximadamente 4 meses

    de vida, machos, com uma m-

    dia de peso corporal de 2,7kg,

    fornecidos pelo Instituto de Pesqui-

    sa Acadmica, sendo todo o pro-

    cedimento metodolgico previa-

    mente submetido apreciao e

    aprovao do Comit de tica em

    Pesquisa Envolvendo Animais da

    UNIPAR.

    Os dez coelhos foram divididos

    em dois grupos de cinco, sendo

    denominados grupo 1 - de U S

    pulsado - e grupo 2, de U S cont-

    nuo. O grupo 1 foi submetido a

    uma intensidade ultra-snica de 3

    W / c m 2 no modo pulstil, enquan-

    to o grupo 2 foi submetido mes-

    ma intensidade no modo cont-

    nuo. Os grupos eram seus prprios

    autocontroles, sendo a coxa es-

    querda a experimental e a direita

    o contro le. O s animais foram

    tricotomizados na regio do ms-

    culo vasto lateral bilateralmente

    e, antes da aplicao do U S , fa-

    zia-se a assepsia da regio com

    l coo l 70%. C o m o meio de

    acoplamento da interface trans-

    dutor-pele, ut i l izou-se gel de

    carbocol base de gua da KLD

    Biosistemas. Cada grupo foi sub-

    metido a sesses dirias de U S

    durante 12 minutos num perodo

    de 10 dias. O tempo utilizado foi

    o sugerido no manual do equi-

    pamento, que propunha 1 minuto

    por c m 2 de rea tratada. A dose

    utilizada foi a mxima recomen-

    dada no manual 2 1 e sugerida por

    autores j citados.

    O equipamento utilizado foi o

    ultra-som Avatar I - 1 M H z -

    T U S 0 1 0 1 da K L D Biosistemas

    Equipamentos Eletrnicos Ltda,

    fornecido pela prpria empresa 2 1.

    O cabeote transdutor foi con-

    feccionado especialmente para o

    experimento, com dimenso de 1

    cm 2 , facilitando sua adaptao e

    acoplamento aos animais. Seu

    diafragma metlico foi feito num

    dimetro menor que o conven-

    cional utilizado para tratar huma-

    nos. Antes do incio do experi-

    mento o equipamento foi verifi-

    cado atravs de uma balana para

    ultra-som modelo O H M I C - U P M

    DT-10, na prpria KLD, onde a

    potncia de sada do transdutor

    obteve um desvio mximo de

    20%, sendo esse valor tolervel

    pela norma N B R IEC 60601 -2-5 2 2 .

    No dcimo dia os coelhos fo-

    ram sacrificados para a coleta do

    material para a anlise. Para a

    realizao da eutansia todas as

    cobaias foram anestesiadas pela

    associao de xilazina (10 mg/kg) e

    cloridrato de cetamina (100 mg/kg),

    administrada por via intramus-

    cular no msculo triceps braquial.

    Tais doses so duas vezes maio-

    res que as usualmente emprega-

    das para anestesia cirrgica de

    leporinos, e visaram estabelecer

    uma garantia plena de anestesia

    profunda. Uma vez anestesiado,

    cada animal recebeu, por via

    intracardaca, uma dose letal de

    pentabarbital sdico, equivalente

    a cerca de 30-35 mg/kg.

    A coleta do material para con-

    feco das lminas era feita logo

    aps o sacrifcio, num intervalo

    menor que 1 hora. Retirava-se o

    mscu lo vasto lateral b i la te-

    ralmente, desde sua origem at

    sua insero, que era fixado por

    imerso em formol a 10% duran-

    te 5 dias at o incio da prepara-

    o das lminas.

    Passado o perodo de 5 dias, os

    msculos eram retirados do Formol

    e submetidos a cortes, com bistu-

    ri cirrgico, na regio central do

    ventre muscular, da face mais

    externa do msculo para a mais

    interna, formando pequenos blo-

    cos de 1 cm 2 . Iniciava-se ento a

    incluso desses blocos em uma

    srie ascendente de lcoois a 70,

    80 e 90% de concentrao e l-

    cool absoluto por um perodo de

    24 horas, aps o que os blocos

    eram mergulhados durante 20 mi-

    nutos em clorofrmio e banhados

    trs vezes em parafina derretida

    para fazer o emblocamento e pos-

    terior corte no micrtomo.

    Os cortes foram feitos transver-salmente fibra muscular, com uma espessura de 6|im formando finas lminas de tecido. Aps este processo, realizava-se a hidra-tao da pea e desparafinao em uma estufa. Iniciava-se ento a montagem das lminas que, quando prontas, eram coradas com eosina hematoxilina (HE) e fixa-das com resina Permot para pos-terior anlise em microscopia de

  • luz, com aumento de 400x, e analisador de imagens, para me-dida do tamanho da rea absolu-ta das c lu las musculares. O microscpio utilizado foi da marca Olympus BX50 com cmara de cap-tura 3 CCD pr-series. O programa de captura de imagens foi o Image Pr-plus verso 4.5 da Cybermetics.

    Para a anlise histomorfomtri-ca das lminas o parmetro utili-zado foi a morfometria da clula muscular, comparando-se sempre o antmero experimental com o controle. A escolha dos campos para observao foi feita conside-rando-se sempre 10 clulas mus-culares em cada extremidade da lmina analisada - superior, infe-rior, direita e esquerda. Dessa ma-neira, obtiveram-se 40 clulas ana-lisadas em cada antmero de cada cobaia.

    Para a anlise estatstica uti-

    lizou-se o teste t de Student, pre-

    sumindo varincias diferentes en-

    tre os grupos. Considerou-se em

    cada lmina a mdia aritmtica

    das reas das clulas de cada ex-

    tremidade analisada isoladamente

    (mdia das reas das 10 clulas

    da extremidade superior (ES) ,

    mdia das reas das 10 clulas da

    extremidade inferior (El), depois

    da extremidade direita (ED) e es-

    querda (EE) , sucess ivamente) .

    Depois, para cada grupo de 5 coe-

    lhos, obtiveram-se as mdias gerais

    das extremidades superior, inferior,

    direita e esquerda tanto do antmero

    experimental como do controle em

    questo. A essas mdias gerais apli-

    cou-se o teste t de Student.

    RESULTADOS

    Com os valores calculados das

    reas mdias das clulas de cada

    extremidade das lminas dos 5

    coelhos, fez-se a comparao es-

    tatstica para cada grupo. Para

    essa comparao estatstica le-

    vantaram-se duas hipteses: H 0=u

    (mdia) do antmero experimen-

    tal = u do antmero controle; e

    H ^ u do antmero experimental ^

    u do antmero controle. Para es-

    sas duas hipteses considerou-se

    um nvel de significncia (p) de

    5%.

    Por meio do teste t-Student,

    observaram-se as amostras presu-

    mindo varincias diferentes. Veri-

    ficou-se que para o grupo dos cin-

    co coelhos submetidos ao U S con-

    tnuo (Tabela 1) e para o grupo dos

    5 coelhos submetidos ao U S pul-

    sado (Tabela 2), de 1 M H z , du-

    rante 12 minutos, com intensidade

    de 3 W / c m 2 , num perodo de 10

    dias, no houve diferena estats-

    t ica s ign i f ica t iva nas extre-

    midades superior, direita e esquer-

    da do grupo do U S contnuo e em

    nenhuma extremidade no grupo

    do U S pulsado, portanto no hou-

    ve alterao na rea das clulas

    do msculo vasto lateral dos coe-

    lhos. Desse modo, aceitou-se H 0 para os dois grupos, isto , no

    houve diferena significativa en-

    tre as mdias do antmero experi-

    mental e do controle.

    Na extremidade inferior do gru-

    po do U S contnuo houve uma di-

    ferena significativa, onde p=3%,

    Tabela 1 Resultados da anl ise estatstica (teste t - Student paramtr ico) da rea mdia

    dos msculos submetidos a U S cont nuo

    das clu las das extremidades das lminas

    Segmento rea mdia das

    extremidades (um 2 )

    Desv io

    padro (um 2 )

    Var inc ia p(T

  • menor que 5%, portanto deve-se

    aceitar H r Porm a correlao de

    Pearson, nesse ponto de observa-

    o, resultou em 0,98 (98%), muito

    prximo de 1 (100%). Nesse caso,

    quanto mais prximo de 100% for

    a correlao, mais semelhante foi

    a variao nos dois antmeros ob-

    servados, El-C e El-E; portanto, se

    houve uma modificao na rea

    das c lu las muscu la res do

    antmero experimental, essa mo-

    di f icao tambm ocorreu no

    antmero controle, fazendo, des-

    sa forma com que se aceite a hi-

    ptese H 0 , pois os dois antmeros

    no poderiam se alterar na mes-

    ma proporo.

    DISCUSSO

    Embora se tenha procurado re-

    ferncias na literatura sobre o

    emprego de U S pulsado e cont-

    nuo em tec ido muscu la r

    esqueltico sadio de coelhos, no

    se encontrou trabalho onde, even-

    tualmente, se pudessem estabele-

    cer comparaes diretas com esta

    pesquisa. Optou-se pois por discu-

    tir aqui, luz da literatura perti-

    nente, a dosimetria do equipamen-

    to e a tcnica empregada, bem

    como comentar aspectos impor-

    tantes que devem ser analisados

    em novos experimentos que utilizem

    o U S como proposta teraputica.

    Equipamento

    Quando se realiza a aplicao de U S , alguns cuidados so indis-pensveis. Pr imeiro h neces-sidade de garantir que o aparelho esteja funcionando adequada-mente 2 3 . Para garantir isso, o equi-pamento utilizado para este ex-per imento foi ver i f i cado pre-viamente pela empresa KLD. Se-gundo, necessrio garantir que as ondas sejam transmitidas ade-quadamente do transdutor para o animal . Dev ido ao animal es-colhido ser o coelho, e este ter um porte fsico muito menor que o ser humano, optou-se por reduzir a rea do cabeote transdutor de U S para garantir o acoplamento ade-quado. Optou-se tambm pela tcnica de aplicao direta com uso de gel no inico, por ser a

    tcnica mais uti l izada em cl-

    nica. Na aplicao do U S foi utili-

    zada a freqncia de 1 M H z para

    atingir tecidos mais profundos 4 7 1 5 .

    Devido grande controvrsia

    entre os autores citados com rela-

    o intensidade e a patologia a

    ser tratada, optou-se pela intensidade

    mxima emitida pelo equipamento,

    de 3 W / c m 2 , tambm proposta para

    tratamentos com U S 4 ' 1 7 2 4 2 6 .

    O tratamento foi realizado du-

    rante 12 minutos conforme indi-

    cado pe lo manua l do e q u i -

    pamento 2 1 , que preconizava 1

    minuto por c m 2 de rea submeti-

    da ao U S . O perodo de 10 dias

    consecutivos de tratamento foi

    escolhido para simular condies

    clnicas.

    pertinente lembrar que os

    parmetros utilizados neste expe-

    rimento levam a um aumento da

    temperatura local, tanto para o U S

    pulsado como para o contnuo. O

    U S pulsado, dependendo do ciclo

    de trabalho uti l izado, tambm

    produz um efeito trmico, mesmo

    que de forma reduzida5.

    Experimento

    A opo de se trabalhar com

    uma musculatura sadia foi feita

    para ser possvel avaliar o even-

    tual efeito morfomtrico real do

    U S sobre as clulas musculares,

    independente das reaes infla-

    matrias que pudessem vir a acon-

    tecer sob a influncia do proces-

    so cicatricial causado por leses

    externas. Quanto escolha do

    mscu lo , pa receu mais inte-

    ressante utilizar o msculo vasto

    lateral por ser mais fusiforme e

    espesso, assemelhando-se, morfolo-

    gicamente, musculatura humana.

    Essa caracterstica tambm favo-

    receu a dissecao desse msculo

    em relao aos demais, tornando

    assim as etapas de processamento

    das peas mais segura.

    Menciona-se em muitas publi-

    caes a possibilidade de favo-

    recer a circulao sangnea me-

    diante o uso do U S 4 1 8 2 5 . A absor-

    o da energia do U S produz um

    efeito trmico e o organismo res-

    ponde a isso com vasodilatao.

    Pode-se concluir que o efeito pri-

    mrio do U S , por produzir calor

    local, o inflamatrio. O proces-

    so inflamatrio, que pode ser pro-

    duzido pelo calor, caracteriza-se

    por: vasodilatao local, com con-

    seqente excesso de f luxo

    sangneo; aumento da permeabi-

    lidade dos capilares, permitindo

    o extravasamento da grande quan-

    t idade de lquido nos espaos

    intersticiais; com freqncia, coa-

    gulao do lquido nos espaos

    intersticiais, devido quantidade

    excessiva de fibrognio e de ou-

    tras protenas que extravasam dos

    capilares; migrao de inmeros

    granulcitos e moncitos para o

    tecido; e edema. Alguns dos in-

    meros produtos teciduais que cau-

    sam essas reaes inc luem

    histamina, bradicinina, serotonina

    e prostaglandinas 2 7.

    Por se produzir um processo in-

    flamatrio local, devido ao au-

    mento da temperatura com con-

    seqente vasodilatao e libera-

    o de histamina, levando a um

    edema como resposta fisiolgica,

    poderia se esperar que houvesse

    aumento do tamanho da rea das

    clulas musculares tratadas pelo

    U S . Porm, o que pde ser obser-

    vado neste estudo, conforme os

    resultados, que no houve dife-

    rena estatist icamente signifi-

    cante, do ponto de vista morfo-

    mtrico, entre as clulas muscula-

    res tratadas com U S quando com-

    paradas s no-tratadas.

    Alguns fatores fisiolgicos, re-

    lacionados aos efeitos do U S , po-

    deriam promover o aumento do

    fluxo sangneo. A alterao da

    permeabi l idade da membrana

    celular (um resultado da corren-

    teza acstica) poderia causar di-

    minuio do tnus vascular levan-

    do, dessa forma, dilatao dos

    vasos. A liberao de histamina

    na rea tratada tambm poderia

    produzir vasodilatao, elevando

    ainda mais o fluxo sangneo. A

    histamina liberada em pratica-

    mente todos os tecidos do corpo

    quando eles so lesados ou sofrem

    inflamao ou reao alrgica. A

    maior parte da histamina provm

    dos mastcitos nos tecidos lesa-

    FISIOTERAPIA E PESQUISA 2005; 12(3) 19

  • dos e basfilos no sangue. A hista-

    mina tem potente efeito vasodi-

    latador sobre as arterolas e, como

    a bradicinina, tem a capacidade

    de aumentar acentuadamente a

    porosidade capilar, permitindo o

    extravasamento de lquido e de pro-

    tenas plasmticas nos tecidos 2 7.

    Considera-se razovel esperar-

    se que o fluxo sangneo aumen-

    te durante e aps a aplicao do

    U S , simplesmente devido a seus

    efeitos trmicos 1 8. Em um estudo

    experimental em 10 coelhos da

    raa Nova Zelndia 2 , analisou-se

    o efeito teraputico do U S na

    vascularizao do msculo reto

    femoral ps-leso por esmaga-

    mento, concluindo-se que o U S

    pulsado de 1 M H z , com inten-

    sidade de 0,5 W / c m 2 , utilizado

    durante 10 dias consecutivos, no

    provoca mudanas no padro da

    vascularizao (arterolas e art-

    rias) muscular.

    Pde-se notar, nos experimen-

    tos aqui descritos, que a variao

    do tamanho das reas celulares

    entre o lado controle e experimen-

    tal no foi significante. O nvel

    de significncia (p) ideal, mostra-

    do nas Tabelas 1 e 2, seria o de

    5%, porm este variou numa m-

    dia de 65,5% para o U S pulsado e

    em 22% para o U S contnuo.

    Na leitura feita na extremida-

    de inferior das lminas do U S con-

    tnuo, observou-se uma diferena

    significativa de 3%, porm, como

    menc ionado, a cor re lao de

    Pearson nesse ponto de obser-

    vao foi muito prxima de 1 ,

    mostrando que existe correlao

    entre a variao dos dois lados,

    que variaram na mesma proporo.

    Se a anlise dos resultados con-

    siderasse somente as mdias arit-

    mticas simples (sem a anlise

    estatstica), no grupo do U S con-

    tnuo a diferena entre as mdias

    das reas calculadas obtidas teria

    sido de 49,27um 2; e, ainda, o gru-

    po experimental foi o que apre-

    sentou as menores mdias. Para o

    grupo do U S pulsado a diferena

    entre as mdias simples foi de

    34,77 um 2 , porm neste caso a

    mdia maior foi do grupo experi-

    mental. Esses valores no foram

    expostos nos resultados, pois es-

    tatisticamente no apresentaram

    significncia.

    Hipteses interpretativas

    Para interpretar os resultados

    obtidos podem ser aventadas ou-

    tras hipteses. Uma delas que o

    mtodo de avaliao poderia no

    ter apresentado sensibilidade ne-

    cessria para detectar possveis

    alteraes, pois a tcnica utili-

    zada analisa a clula como um

    todo, no avaliando assim pos-

    sveis alteraes nos componen-

    tes celulares, como as organelas

    e a membrana celular. As mem-

    branas celulares tornam-se mais

    permeveis, devido aos movimen-

    tos unidirecionais do fluido em

    campo ultra-snico, e as organelas

    podem se alterar devido s foras

    produzidas pelo U S 2 8 .

    Outra hiptese que se pode le-

    vantar que, por mais que o ma-

    terial tenha sido colhido logo aps

    a morte dos coelhos, a rigidez

    cadavrica e/ou o espasmo mus-

    cular ps-morte podem ter influ-

    enciado o resultado final. E ain-

    da, depois de colhido o material,

    o mesmo ficava submerso em for-

    mol, o que poderia causar modifi-

    cao estrutural na pea colhida.

    Nesta investigao a anlise

    qualitativa dos resultados foi rea-

    lizada por ser o usual no estudo

    histolgico; na literatura consul-

    tada, outros autores tambm utili-

    zaram a mesma tcnica.

    H 20 anos, havia desconhe-

    cimento dos efeitos do U S . Ainda

    hoje, todos esses efeitos atribu-

    dos ao tratamento ultra-snico so

    dependentes de mediadores qu-

    micos e mecanismos moleculares,

    os quais no so bem conhecidos.

    Enquanto se procura associar os

    efeitos do U S aos mecanismos

    celulares e moleculares, muitas

    divergncias so encontradas na

    literatura em relao micro-

    circulao, mediadores inflama-

    trios, infiltrao celular e na repa-

    rao tecidual aguda e crnica 2.

    Diante dessas consideraes e

    dos resultados apresentados, fica

    evidente a necessidade de mais

    investigaes para determinar

    como o U S pode atuar nos dife-

    rentes tecidos biolgicos, princi-

    palmente o muscular, por ser o

    mais submetido aos tratamentos

    ultra-snicos.

    CONCLUSO

    O s resultados obtidos mos-

    traram que o msculo estriado

    esquelt ico sadio de coelhos,

    quando submetido aos efeitos do

    US de 1 MHz, pulsado ou contnuo,

    com intensidade de 3 W / c m 2 , du-

    rante 12 minutos, num perodo de

    10 dias consecutivos, utilizando-

    se a metodologia proposta, no

    apresentou modificaes na rea

    da clula muscular. Ressalta-se

    porm a importncia de dar con-

    tinuidade aos estudos relaciona-

    dos com os efeitos do U S para que

    se possa estabelecer protocolos de

    tratamento sabendo-se dos reais

    efeitos que as diferentes intensi-

    dades e potncias de U S podero

    causar nos tecidos biolgicos.

  • REFERENCIAS

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  • A contribuio da extenso comunitria para a formao acadmica em fisioterapia

    Contribution of community extension to the academic training of physiotherapists

    Fisioterapeuta; Profa. Ms Assistente do Depto. de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraba (UFPb)

    ENDEREO PARA CORRESPONDNCIA

    Avenida Umbuzeiro 91 Manara 58038-180 Joo Pessoa PB e-mail: [email protected]

    ACEITO PARA PUBLICAO abril 2005

    Ktia Suely Queiroz Silva Ribeiro

    RESUMO: A formao acadmica em Fisioterapia em geral voltada atuao na reabilitao, desenvolvida em nveis de ateno sade secundrio e tercirio, com uma abordagem dos problemas de sade restrita aos aspectos biolgicos. Partindo da experincia em um projeto de extenso universitria denominado Fisioterapia na Comunidade, foi realizada uma pesquisa qualitativa visando analisar a potencial contribuio dessa experincia para a formao do fisioterapeuta. Evidenciou-se que a possibilidade de vivenciar a atuao fisioteraputica no nvel de ateno primria, ao longo da formao universitria, proporciona ao acadmico uma viso diferenciada do adoecimento humano e da interveno profissional, possibilitando uma atuao mais contextualizada e relaes mais humanizadas.

    DESCRITORES: Fisioterapia/educao; Integrao docente-assistencial; Sade pblica

    ABSTRACT: Physical therapy training in universities is usually focussed on rehabilitation processes developed in second and third health-attention levels; the approach to health problems is generally restricted to biological aspects. Based on the experience of a university extension project called Physical Therapy in the Community, this paper presents a qualitative analysis of that experience to assess its potential contribution to physiotherapists training. It became evident that the opportunity of providing physical therapy at first-level health services during school years may give the student a better perception of both human illness and professional intervention, thus enabling a more adjusted performance and more humanized relationships. KEYWORDS: Physical therapy/education; Teaching care integration; Public health

    mailto:[email protected]

  • individuais de sade, mais dire-

    c i o n a d o s doenas e suas

    seqelas, atuando primordialmen-

    te em servios concentrados em

    centros de reabilitao e hospi-

    tais. A organizao curricular de

    Fisioterapia vem direcionando a

    abordagem para determinados

    problemas de sade, com predo-

    mnio do estudo das doenas que

    deixam seqelas reabi l i tveis,

    excluindo da discusso um leque

    de problemas de sade comuns

    populao. Isso, somado ao fato

    de que a discipl ina de Epide-

    miologia nem sempre obriga-

    tria, vem ocasionando ao fisiote-

    rapeuta dificuldade na abordagem

    de questes mais gerais de sade,

    comprometendo a interlocuo

    desse profissional com o restante

    da equipe no que tange ao debate

    em sade colet iva e a sua in-

    sero nas aes de promoo e

    manuteno da sade.

    A discusso acerca da pre-

    veno de doenas e a atuao

    em servios de ateno bsica,

    em geral, tm ficado restritas

    disciplina de Fisioterapia Preven-

    tiva, sendo esta, na maioria dos

    currculos, oferecida aos estudan-

    tes no final do curso. Essa estrutura

    no favorece ao acadmico de

    Fisioterapia uma aproximao

    com a realidade social da popu-

    lao pobre, com o conhecimento

    concreto acerca do adoecimento

    dessa populao e das estratgias

    que adota para enfrentar seus

    problemas. Em decorrncia dessa

    formao, existe um certo despre-

    paro do fisioterapeuta para atuar

    em servios de ateno bsica,

    cuja simpl i f icao tecnolgica

    exige maior cr ia t iv idade para

    execuo do tratamento, fazendo-

    se necessria uma adaptao dos

    procedimentos realidade social

    onde o trabalho desenvolvido.

    Em vista desse quadro, destaca-

    se a importncia da participao

    dos acadmicos de Fisioterapia

    em experincias que lhes permitam

    vivenciar a atuao na ateno

    bsica com uma interveno que

    tambm vise promoo e manu-

    teno da sade, possibilitando

    uma reor ien tao da prt ica

    profissional. essa vivncia que

    a participao no projeto de ex-

    tenso Fisioterapia na Comuni-

    dade vem proporcionando aos

    acadmicos do curso de Fisiote-

    rapia da Universidade Federal da

    Paraba ( U F P B ) . Esse projeto

    desenvolv ido em um trabalho

    conjunto com outro projeto de

    extenso da U F P B , denominado

    Educao Popular e Ateno

    Sade da Famlia que, baseando-

    se na estratgia sade da famlia,

    prope a participao dos estu-

    dantes, assumindo a responsa-

    bilidade de fazer o acompanha-

    mento sade das famlias, tendo

    como referencial a educao

    popular. Participam desse projeto

    estudantes de vrios cursos da

    U F P B .

    As atividades so realizadas em

    duas comunidades da periferia de

    Joo Pessoa e consistem em acom-

    panhamento sade das famlias

    por meio de visitas semanais, aten-

    dimento fisioteraputico domi-

    ciliar, participao em grupos de

    coluna, gestantes, idosos, pessoas

    com diabetes e hipertenso, alm

    de outras atividades educativas

    colet ivas. So realizadas, tam-

    bm, reunies de estudo e plane-

    jamento.

    A experincia nas atividades

    desse projeto, especialmente no

    acompanhamento s faml ias,

    tem sido muito relevante para os

    estudantes, pois, habituados durante

    o curso a desenvolver atividades

    de reabilitao, precisam a redi-

    recionar seu olhar da seqela a ser

    reabilitada para as condies de

    vida que comprometem a sade.

    A dificuldade demonstrada pelos

    estudantes que j cursavam os

    perodos mais avanados em se

    situar nessa lgica de atuao e

    intervir em situaes em que no

    havia seqelas a serem reabilita-

    das revelou a importncia de que

    * A Rede UNIDA 1 foi criada pela associao entre a Rede de Integrao Docente Assistencial (IDA) e os projetos UNI (nova

    iniciativa na educao de profissionais de sade - unio com a comunidade), financiados pela Fundao Kellogg.

    A necessidade de mudanas na

    formao dos profissionais de

    sade visando sua adequao a

    um modelo assistencial que tem

    como pressupostos principais a hu-

    manizao do atendimento, a in-

    tegral idade do ser humano, a pro-

    moo da sade e a necessidade

    da in te r l ocuo c o m outros

    saberes, inclusive o saber popular,

    v e m sendo objeto de muitos

    debates e propostas. O fato de que

    essas propostas de m u d a n a

    estejam anunciadas nas diretrizes

    cur r i cu la res nac iona i s e nos

    programas ass is tenc ia is no

    assegura que elas ocor ram, a

    menos que sejam debatidas e

    vivenciadas entre os profissionais

    e acadmicos.

    A Rede U N I D A * d iscute a

    impor tnc ia de m u d a n a na

    formao profissional como parte