Cinema Pedagogia Professores

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LUZ, CÂMERA E EDUCAÇÃO: A PEDAGOGIA DO CINEMA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Albano Goes Souza 1 Edson Victor Lima Mendonça 2 Ronaldo Nunes Linhares 3 Interfaces Científicas - Educação • Aracaju • V.01 • N.01 • p. 9-20 • out. 2012 ISSN IMPRESSO 2316-333X ISSN ELETRÔNICO 2316-3828 RESUMO Pensar o cinema enquanto prática pedagógica é eluci- dar a complexidade do processo de educação, de como o olhar pode ser direcionado para esse foco, bem como questões culturais que envolvem este processo. A par- tir disso, o presente artigo tem por objetivo estudar a utilização de filmes no processo de formação docente inicial das licenciaturas em História, Geografia, Edu- cação Física, Matemática, Biologia, Letras-Português, Letras-Inglês e Informática da Universidade Tiradentes (UNIT). É utilizado como método norteador a pesquisa social descritiva, voltada para análise e interpretação, tanto dos dados obtidos quanto dos resultados alcança- dos. Esse artigo é análise do projeto intitulado “Filmes sobre Professor: análise da utilização e contribuição para identidade de professores sergipanos em forma- ção”, desenvolvido no Grupo de Estudos Comunicação, Educação e Sociedade (GECES/CNPQ) com o apoio fi- nanceiro da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC-SE). PALAVRAS-CHAVE Educação. Formação de Professores. Cinema.

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Cinema na formação de professores

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  • LUZ, CMERA E EDUCAO: A PEDAGOGIA DO CINEMA NA FORMAO DE PROFESSORES

    Albano Goes Souza 1 Edson Victor Lima Mendona2

    Ronaldo Nunes Linhares3

    Interfaces Cientficas - Educao Aracaju V.01 N.01 p. 9-20 out. 2012

    ISSN IMPRESSO 2316-333X

    ISSN ELETRNICO 2316-3828

    RESUMO

    Pensar o cinema enquanto prtica pedaggica eluci-dar a complexidade do processo de educa o, de como o olhar pode ser direcionado para esse foco, bem como questes culturais que envolvem este processo. A par-tir disso, o presente artigo tem por objetivo estudar a utilizao de filmes no processo de formao docente inicial das licenciaturas em Histria, Geografia, Edu-cao Fsica, Matemtica, Biologia, Letras-Portugus, Letras-Ingls e Informtica da Universidade Tiradentes (UNIT). utilizado como mtodo norteador a pesquisa social descritiva, voltada para anlise e interpretao, tanto dos dados obtidos quanto dos resultados alcana-

    dos. Esse artigo anlise do projeto intitulado Filmes sobre Professor: anlise da utilizao e contribuio para identidade de professores sergipanos em forma-o, desenvolvido no Grupo de Estudos Comunicao, Educao e Sociedade (GECES/CNPQ) com o apoio fi-nanceiro da Fundao de Apoio Pesquisa e Inovao Tecnolgica do Estado de Sergipe (FAPITEC-SE).

    PALAVRAS-CHAVE

    Educao. Formao de Professores. Cinema.

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    ABSTRACT

    Thinking the cinema as a pedagogical practice is elu-cidating the complexity of the education process, the look which can be directed toward this focus, and the cultural issues that surround this process as well. Taking it as a starting point, this paper aims to inves-tigate the use of films in the process of initial teacher training in History, Geography, Physical Education, Mathematics, Biology, Portuguese, English, and In-formatics degrees of the Tiradentes University (UNIT). It is used as a guiding method of the social descriptive research, focusing the analysis and interpretation of both data and outcomes. This article represents the analysis of the project entitled Films about Profes-sors: analysis of the use and contribution to the iden-tity of teachers from Sergipe in a formation process, developed by the Group of Communication Studies, Education and Society (GECES / CNPq) with the fi-nancial support from the Foundation for Support of research and Technological Innovation of the State of Sergipe (SE-FAPITEC).

    KEY WORDS

    Education. Teachers Formation. Cinema.

    RESUMEN

    Pensar en la pelcula como prctica pedaggica es di-lucidar la complejidad del proceso de educacin y la forma en que la mirada puede dirigirse a este enfoque, as como los aspectos culturales que estn involucra-dos en este proceso. A partir de esto, este trabajo tie-ne como objetivo investigar el uso de pelculas en el proceso de formacin docente para grados iniciales en Historia, Geografa, Educacin Fsica, Matemticas, Biologa, Lengua Portuguesa, Lengua Inglesa e Infor-mtica de la, Universidad Tiradentes (UNIT). Se utiliza como mtodo gua la investigacin social descriptiva, centrada en el anlisis y la interpretacin de los datos y los resultados. Este artculo es el anlisis del proyec-to titulado Las pelculas sobre el profesor: anlisis de la utilizacin y la contribucin a la identidad de la for-macin de profesores en Sergipe, desarrollado por el Grupo de Estudios sobre Comunicacin, Educacin y Sociedad (GECES / CNPq), con el apoyo financiero de la Fundacin de Apoyo a la Investigacin e Innovacin Tecnolgica del Estado de Sergipe (SE-FAPITEC).

    PALABRAS CLAVE

    Educacin. Formacin de Docentes. Cine.

    1 INTRODUO

    Na contemporaneidade, a discusso sobre o pa-pel da educao em uma sociedade onde as relaes sociais so realizadas a partir de contextos diversifi-cados, permite-nos debruar sobre a maneira como so formados nossos professores e quais elementos so necessrios serem includos nesse processo para que, ao concluir sua graduao, o futuro professor tenha condies de incorporar em sua prtica edu-cativa os elementos constitudos para uma determi-nada sociedade. Apesar disso, percebemos que algu-mas universidades costumam distanciar os smbolos

    sociais, como o cinema, de suas propostas de forma-o docente criando, assim, lacunas no exerccio da docncia.

    E, no sentido de compreender a importncia do cinema na formao docente, a pesquisa retratada nesse artigo teve por objetivo descobrir se as produ-es cinematogrficas tm, realmente, influncia na prtica educativa dos futuros docentes e quais as contribuies que esse tipo de mdia acrescenta na formao de professores. A importncia desse

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    estudo est na possibilidade de anlise da insero do cinema na formao de professores no Estado de Sergipe possibilitando, assim, adequar as necessi-dades regionais s caractersticas didticas dessa proposta miditica. E, para tal procedimento, uti-lizaram-se como sujeitos de pesquisa os alunos do

    ltimo perodo das Licenciaturas de dois campus da Universidade Tiradentes (UNIT), sendo eles Campus I - Centro, com as licenciaturas em Letras-Portugus, Letras-Ingls, Geografia e Histria, e Campus II Fa-rolndia, com as licenciaturas em Matemtica, Infor-mtica e Educao Fsica.

    2 RELAES SOCIAIS, COMUNICAO, CINEMA E EDUCAO: uma relao necessria?

    As relaes sociais ocorrem atravs da interao recproca com o outro, mediadas pelo processo de co-municao, seja ele escrito, visual ou auditivo, onde necessrio estarem presentes o emissor, a mensagem e o receptor. O homem por si um ser social e, por-tanto, necessita se comunicar, se expressar e se fazer ouvir. Para tanto, se utiliza de sistemas de signos, tais como a escrita, o som e a imagem, que auxiliam nesse processo.

    Os motivos que levam o ser humano a se comu-nicar esto pautados nas questes de compartilhar, seduzir e convencer. Compartilhar a partir do sentido que os homens necessitam trocar informaes, pois a atravs da mensagem que ocorre a transmisso de sentidos e sentimentos. Seduzir, pois a partir da mensagem possvel determinar a vontade do outro. E, por fim a convico, ou seja, Convencer o outro que a informao transmitida verdadeira e necessria.

    Esses trs fatores esto relacionados com Teoria da Comunicao, analisada com propriedade por Wol-ton (2010, p. 19):

    Primeiro: a comunicao inerente condio hu-mana. No h vida pessoal e coletiva sem vontade de falar, de comunicar, de trocar, tanto na escala indi-vidual quanto coletiva. Segundo: os seres humanos desejam se comunicar por trs razes: compartilhar, convencer e seduzir. Com frequncia simultanea-mente por essas trs razes, mesmo se isso nem sem-

    pre enunciado. Terceiro: a comunicao esbarra na incomunicao. O receptor no est sintonizado ou discorda. Quarto: abre-se uma fase de negociao na qual os protagonistas, de modo mais ou menos livre e igualitrio, tentam chegar a um acordo. Cin-co: chama-se de convivncia, com suas fragilidades e pontos fortes, o resultado positivo dessa negociao. A negociao e a convivncia so procedimentos para evitar a incomunicao e as suas consequncias, fre-quentemente belicosas.

    A partir dessas condies, situamos o cinema como elemento importante no processo comunicacional do ser, pois rene a imagem e o som como signos da trans-misso da informao, gerando, assim, espectadores multimdia, que se relacionam com o cinema de diver-sas maneiras em salas, na televiso, no vdeo e revistas de espetculos, percebendo-o como parte de um sis-tema amplo e diversificado (CANCLINI, 1995, p. 177).

    H muitas discusses sobre o exato perodo de criao do cinema enquanto manifestao comunica-cional da sociedade. Contudo, se utiliza como marco histrico a data de 28 de dezembro de 1895, quando os irmos Lumire exibiram no Grand Salo de Paris, a primeira projeo cinematogrfica a partir da tecno-logia denominada cinematgrafo.

    Inicialmente, as projees eram apenas de ima-gens, pois havia problemas tcnicos de sincronia dos dilogos. O perodo em que ocorreu esse descompas-so ficou conhecido como era do cinema mudo e foi re-

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    presentado pelo expoente Charlie Chaplin. Em 1927, os estdios Warner Bros lanaram o filme The Jazz Single, um musical que entrou para histria como a primeira projeo a sincronizar as falas e as cantorias.

    A era urea do cinema ocorreu entre os anos 20 e 50 do sculo XX, quando revelou inmeros nomes e pro-dues que marcaram perodos histricos. Contudo, a partir da dcada de 60, comeou ocorrer o declnio do cinema, principalmente, da indstria norte-americana. Apesar desse enfraquecimento, inmeras produes cinematogrficas marcaram as dcadas posteriores, entre elas, os filmes O Poderoso Chefo (1972), de Francis Fred Coppola, e Laranja Mecnica (1971) de Stanley Kubrick nos anos 70. J os anos 80 se caracte-rizaram pela produtividade do cinema estadunidense. Martin Scorsese dirigiu a produo Touro indomvel (1980) e Robin Williams interpretou o professor John Keating em Sociedade dos Poetas Mortos (1989), edu-cador que propiciou o grito de liberdade juventude, a partir da expresso Carpe Diem1.

    Nos anos 1990 imperou a diversidade nas produes, onde permitido inovar e misturar. Os filmes Silncios do Inocentes (1991), de Jonathan Demme, e Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino, marcaram toda uma gera-o. A partir dos anos 2000, a indstria cinematogrfica sofreu uma grande mudana que fortaleceu o cinema hollywoodiano, devido s modificaes no formato das projees, tornando-as megaprodues que arrebatam milhares aos cinemas. Isso foi possvel graas s novas tecnologias, que possibilitaram inclusive a criao do ci-nema em terceira dimenso.

    A partir do momento de criao do cinema, no final do sculo XIX, at as projees em dimenses antes impossveis, muitos fatos ocorreram. Contudo, o objetivo do cinema de informar, divertir e sensibi-lizar no sofreu alteraes. a partir desse contexto que surge a importncia dos filmes na educao, pois, como nos descreve Linhares (2007, p. 37):

    1 Traduo Nossa: Aproveite o Dia

    Na construo dos alicerces tericos desse novo campo educao considerar os processos culturais, constitudos e constituidores da ao comunicativa e de aprendizagem e que suas diversas formas de mani-festao enriqueam a ao pedaggica. No se educa sem comunicar; por isso, a inter-relao comunicao/educao contribui em diversas frentes para que o es-pao escolar possa efetivamente tornar-se um espao scio histrico de participao poltica e cidado.

    Para que seja possvel essa transformao, ne-cessrio que a escola reconhea na comunicao um campo propicio negociao de sentidos e que, em seus suportes tecnolgicos e diferentes linguagens, encontre os elementos constitutivos do processo de aprendizagem da sociedade contempornea e que encare os meios de comunicao social e, em espe-cial, aqueles que trabalham com a linguagem audio-visual como parceiros nessa caminhada dinmica de transformao de sua prtica pedaggica (LINHARES, 2007).

    O professor o responsvel pela mediao do pro-cesso educativo, pois busca elementos que auxiliem a sua prtica educativa com o objetivo de que seus alu-nos internalizem os conhecimentos trabalhados em sala de aula (FREIRE, 2006). E o cinema um elemen-to que possui essas caractersticas, porque, ao unir as imagens, os movimentos e os sons, oportuniza primei-ro prender a ateno do aluno-espectador e, segun-do, se elaborado de forma clara, consegue transmitir mensagens que provocam questionamentos e posi-cionamentos queles que fazem seu uso.

    A procura por novas formas de educar sempre es-teve presente no processo educativo. Desde a criao do cinema no final do sculo XIX, presenciamos a in-teno de utilizar os filmes como elemento pedag-gico.

    Desde a dcada de 1910, os anarquistas desenvol-veram uma intensa reflexo sobre os usos do cinema como um instrumento a servio da educao do ho-mem do povo e da transformao social (1), deven-

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    do este se converter em arte revolucionria. O pen-samento catlico tambm se dedicou questo do cinema educativo, preocupado com a questo moral dos filmes exibidos. A Igreja criou os Cineacs, salas de cinema nas parquias e associaes catlicas, que tinham por objetivo apreciar os filmes segundo as normas traadas pela Igreja (2). Os educadores, por sua vez, combatiam o que eles chamavam de cine-ma mercantil e propunham a criao do cinema edu-cativo, que, segundo eles, poderia trazer benefcios pedaggicos aos alunos ao mostrar de forma mais real diversos aspectos da natureza e da geografia do Brasil. Para estes, o cinema educativo representava a luta contra o cinema deseducador e portador de elementos nocivos e desagregadores da nacionalida-de (3) (CATELLI, 2003, p. 1).

    A transposio didtica das grandes produes cinematogrficas para o espao da educao bsica ocorreu a partir das modificaes ou miniaturizao das tecnologias de reproduo, em que os projetores das salas de cinemas eram levados ao espao esco-lar. Contudo, a partir da inveno do videocassete, em 1971, esse processo sofreu uma massificao e o cinema alcanou novos espaos educativos, sempre atrelados ao videocassete e, posteriormente, ao DVD.

    A importncia da utilizao de filmes no contexto educativo acaba refletindo na formao dos professo-res uma vez que os docentes necessitam adequar-se tica do filme como elemento comunicacional e peda-ggico no ensino. Assim, o valor das produes cine-matogrficas para a formao docente est presente na sensibilizao do professor em temticas que se fazem presentes no contexto educativo.

    O valor desses filmes em transmitir e provocar de-bates est presente em algumas produes cinema-togrficas tais como, Ao Mestre com carinho (To Sir, with Love, 1967), Sociedade dos poetas mortos (Dead Poets Society, 1989), Escola da Vida (School of Life, 2005) e o documentrio brasileiro Pro Dia Nascer Fe-liz (2007).

    Ao Mestre com Carinho (To Sir, with Love, 1967), filme dirigido por James Clavell, realiza anlise de um ambiente escolar da dcada de 60. No entanto, se transpusermos seus elementos, podero ser vistos com facilidade na contemporaneidade. A produo retrata a luta diria de um professor negro, engenheiro de for-mao, em uma escola do subrbio londrino. Acostu-mado com as adversidades, o professor Mark Thackeray se faz presente em uma luta diria no sentido propiciar aos seus alunos uma formao que possibilite a sua in-sero em uma sociedade cada vez mais exigente.

    A produo cinematogrfica Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989) uma proposta por um grito de liberdade da juventude em contraponto aos valores sociais impostos em escola de regime fe-chado. Na produo, Robin Willians interpreta John Keating, um docente flexvel de uma instituio de ensino onde os valores de tradio, disciplina, honra e excelncia so preconizados aos seus alunos. Con-tudo, Keating prope uma mudana nessa postura ao tentar internalizar nos discentes a busca pelas suas paixes pessoais a partir da ideia de livres pensado-res, pautada na proposta filosfica do Carpe Diem. Ao transpormos a proposta do filme para educao atual, possvel visualizar elementos latentes tais como: a inflexibilidade dos currculos; a postura do-cente tradicional, na qual o professor se considera o detentor do saber e os alunos repositrios de conhe-cimento; e a busca desenfreada por uma excelncia desmedida, voltada para a lgica econmica, em con-traponto formao social cidad do aluno.

    J no filme Escola da Vida (School of Life, 2005), o ponto de analise a postura docente a partir da crtica a educao tradicional centrada nas grades fecha-das, disciplinas estanques e metodologias descompas-sadas com o perfil e a realidade do aluno. A crtica a esses elementos presentes na educao comea a ser desconstruda aps a chegada de um jovem professor e ex-aluno da Escola Fallbrook Middle School, que, a par-tir de uma prtica educativa inovadora, modifica as re-laes escolares, principalmente entre docentes e dis-

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    centes, o que acaba gerando alguns desconfortos com os outros professores. Porm, com o passar do tempo, aqueles docentes de postura tradicional comeam a vi-sualizar que, talvez, os alunos na contemporaneidade exijam uma nova maneira de educar.

    Por fim, o documentrio brasileiro Pro Dia Nascer Feliz (2007) demonstra as realidades educativas bra-

    sileiras dentro da tica do pblico e do privado. Ele aborda a questo de como os jovens veem a escola e como eles se relacionam com esse espao. Essa abor-dagem vista por depoimentos de estudantes de es-colas do Rio de Janeiro, So Paulo e Pernambuco. A partir das perspectivas abordadas, possvel visuali-zar sonhos similares, mundos distintos e possibilida-des diferenciadas.

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    O artigo em questo apresenta consideraes finais da pesquisa intitulada Filmes sobre Professor: anlise da utilizao e contribuio para identidade de profes-sores sergipanos em formao, elaborada no Grupo de Estudos Comunicao, Educao e Sociedades (GE-GES/CNPQ), com o apoio financeiro da Fundao de Apoio Pesquisa e Inovao Tecnolgica do Estado de Sergipe (FAPITEC-SE), cujo objetivo foi compreender qual a influncia do cinema, atravs de filmes sobre professores, na formao do futuro docente, tal pesqui-sa caracterizada como social descritiva, pois abor-da [...] a descrio, registro, anlise e interpretao de fenmenos atuais [...] visa melhorar a compreenso de ordem, de grupos, de instituies sociais e ticas (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 20-21).

    Tal projeto de pesquisa foi desenvolvido em duas de etapas. A primeira compreendeu a aplicao de questionrios aos docentes das licenciaturas da UNIT e a segunda envolveu a aplicao de questionrios aos alunos matriculados nessas licenciaturas. O ob-

    jeto de reflexo desse artigo so os sujeitos presentes na segunda etapa, ou seja, os licenciandos, uma vez que os docentes das disciplinas em questo j foram analisados em trabalhos anteriores (LINHARES, 2010; CUNHA, et.al, 2010).

    Dessa forma, o processo de desenvolvimento da segunda etapa ocorreu a partir do contato inicial com os coordenadores das licenciaturas, com o in-tuito de obteno de autorizao para aplicao dos questionrios junto aos licenciandos. Uma vez auto-rizados, os pesquisadores foram s respectivas salas de aulas, onde explicaram os objetivos do projeto, a forma de anlise dos dados e a importncia da ques-to do anonimato dos sujeitos da pesquisa aos licen-ciados que participaram do estudo. Aps isso, foram aplicados os questionrios aos discentes presentes naquele momento em sala de aula. Aps o trmino do prazo para resposta do instrumento, cerca de 20 minutos, o mesmo foi recolhido para a tabulao e anlises posteriores.

    4 DOCNCIA E CINEMA: um olhar sobre os dados

    O panorama das licenciaturas no pas pode ser ana-lisado a partir dos dados do Censo da Educao Supe-rior de 2009, que revelou um considervel aumento no

    nmero de matriculados nas licenciaturas no pas, sal-tando de 648.666 em 1997 alunos matriculados para 1.191.763 alunos matriculados em 2009 (MEC, 2009).

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    Esses dados demonstram um aumento conside-rvel pelo exerccio da docncia. Uma parcela desses futuros licenciandos ir atuar no Estado de Sergipe, onde a pesquisa se desenvolveu, e iro encontrar matriculados no ensino regular 436.805 alunos nas redes pblicas de ensino municipal e estadual (MEC, 2011). A partir desses dados, possvel visualizar a importncia da UNIT no processo de formao de professores que iro atuar em prticas educativas junto a esses discentes. Assim, a pesquisa torna-se relevante, pois analisa um dos pilares da educao de qualidade, que a questo da formao docente, voltando-se em especial para insero das mdias, como o cinema, no processo de capacitao desses futuros professores.

    Atravs dos dados obtidos a partir dos question-rios respondidos, possvel elaborar o perfil do futuro professor, no caso sujeito participante da pesquisa na UNIT. Ele em, sua maioria do sexo feminino (49%), assim, seguindo uma tendncia nacional revelada no Censo da Educao Superior de 2009, que demons-trou que 55,1% dos alunos matriculados nas gradu-

    aes presenciais so do sexo feminino (MEC, 2009). Podemos atribuir esse fator tica de que a docncia ainda discursada como uma profisso feminizada, acarretando o distanciamento de homens das salas de aulas, isso porque, como nos demonstra Ferraz (2006), [...] quando pensamos na docncia, os olhos e fala de nosso pensamento se inclinam a associ-la imagem feminina, sobretudo quando o alvo o exerc-cio dessa profisso em salas de aula [...].

    O licenciando da UNIT possui idade entre 18 e 25 anos (61%), ou seja, desmistificando aquela ideia que a licenciatura no atrai os mais jovens. De acordo com dados do Censo do Professor de 2007, o Brasil contava naquele perodo com 114.364 do-centes com idade at 24 anos. Esse dado demonstra um nmero considervel de jovens que esto procu-rando a carreira docente e isso pode ser atribudo, entre outros fatores, questo da estabilidade no exerccio da funo em rgos pblicos e o fato de a licenciatura ser uma graduao, normalmente, de custo mensal baixo e de rpida insero no mercado de trabalho (Ver Quadro 1).

    Quadro 1 - Faixa Etria

    Idade Quantidade Percentagem (130 alunos)

    18 a 25 80 61%

    26 a 30 28 21%

    31 a 35 14 11%

    36 ou mais 7 5%

    No responderam 1 1%

    TOTAL 130 100%

    Em contraponto, a anlise dos dados do Quadro 1, no que concerne faixa etria, aponta que pessoas de 36 anos ou mais no procuram tanto licenciatura da

    UNIT, apenas (5%). Dessa maneira, h crescimento de educadores jovens no Estado de Sergipe, tendo em vis-ta que esses licenciandos sero os futuros professores.

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    No tocante questo dos filmes que tratam a for-mao de professores, 75% dos alunos responderam que assistiram a produes que tratam dessa tem-tica, 22% no assistiram e 2% no responderam. As disciplinas de Didtica e Filosofia e Cidadania foram as que mais reproduziram filmes em suas aulas.

    [...] a Didtica se caracteriza como mediao entre as bases terico - cientificas da educao escolar e a prtica docente. Ela opera como uma ponte entre o o qu e como do processo pedaggico escolar [...] A Didtica descreve e explica nexos, relaes e ligaes entre o ensino e a aprendizagem; investiga os fatores co-determinantes desses processos; indica princpios, condies e meios de direo do ensino, tendo em vis-ta a aprendizagem, que so comuns ao ensino das dife-rentes disciplinas de contedos especficos (LIBNEO, 1994, p. 28).

    A partir disso, a utilizao do cinema por parte da disciplina Didtica ocorre devido ao fato de ela estar relacionada com a prtica de ensino, assim reforan-do a ideia do poder educativo do cinema.

    Com relao s produes mais vistas, esto a Escola da Vida e Vem Danar (16,9%), Mentes Peri-gosas e Ao Mestre com Carinho (16,1%). No entanto, as menos visualizadas foram O nome da Rosa, Dana Comigo, Clube de Cinco (0,7%). Os filmes Escola da Vida, Mentes Perigosas, Ao Mestre com Carinho so ambientados em escolas e tm, na figura do profes-sor, o personagem principal, eixo desencadeador do roteiro, que tem nas dificuldades que esses educa-dores tm para lidar com os alunos que, invariavel-mente, so problemticos, que o principal elemento de discusso. Nestes filmes, recorrente questo do salvar os alunos, em sua maioria desacreditados e marginalizados, por meio da educao.

    Percebe-se uma semelhana no enredo destes filmes, tomando como exemplo o filme Ao Mestre Com Carinho, que se passa nos anos 1960, que os alunos so retratados como incertos (da mesma ma-neira que nos demais filmes ambientados em dca-das posteriores) uma espcie de frma, que vai se

    transformar em um clich. Tendo em conta um idea-lismo pueril e pouco poltico do professor, que tido como um salvador e heri, e a preocupao quanto a este tipo de professor construdo pelo filme, as discusses alimentadas pelo professor formador em sala vo no sentido de averiguar o que os futuros professores apreendem sobre o papel do professor a partir destes filmes. Classificado entre os mais uti-lizados em sala de aula, o filme Vem Danar aborda outro enfoque e atenta para o papel do grupo e do professor na construo deste contexto.

    A partir disso, podemos observar que a relao alu-no-cinema-graduao constante. Contudo, precisa-mos analisar de que forma esses discentes encaram a importncia dos filmes em suas prticas educativas. Desse modo, 36,1% dos alunos responderam que o maior benefcio do cinema, em contrapartida com outras linguagens (livros, revistas, musicas, pinturas etc.), a vivncia de sentimentos e a possibilidade de sentir emoes. Isso indica que os futuros educadores enxergam no cinema a possibilidade de chegar at o aluno, atravs de filmes, com apelo sentimental.

    A pergunta que fica se no h nada mais a ser enxergado e extrado dos filmes. Algo comum no ci-nema, especificamente no cinema hollywoodiano, a utilizao exacerbada do apelo sentimental. Uma gama de cenas capazes de sensibilizar as pessoas, apelo utilizado a fim de prender ateno dos que assistem, e deixando margem ou no dando devi-do valor a outros pontos, como a preocupao com a linguagem. Ao longo da evoluo cinematogrfica, evoluo tecnolgica, tornou-se possvel segurar o pblico com imagens chocantes, grandes efeitos. Foi observado nessa pesquisa que os alunos no se sen-tem e no so estimulados a dar o devido valor propor-cionado pela linguagem.

    Outro benefcio de destaque nos questionrios foi a objetividade do filme, o que mostra o interesse por uma produo que seja clara e concisa, dado a neces-sidade contempornea de no se perder tempo, ir ao

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    ponto sem rodeios. No entanto, ao analisar o quadro 2, demonstrado abaixo, fica claro que os alunos no tem interesse no cinema pela possibilidade de alcance de conhecimento por meio da linguagem. Isso leva a crer que, at mesmo os professores, no voltam o olhar ou o ouvido, para anlise desse item rico que a construo de um discurso a partir de uma linguagem audiovisual que rene a oralidade e a imagem, para um exerccio de ver que vai muito alm do texto escrito.

    Mas, se os futuros educadores no consideram a linguagem cinematogrfica de maneira profunda, a linguagem que a ferramenta com a qual tanto se consolida a educao, e que, segundo as falas dos professores e alunos, faz a diferena pela qual o ci-nema escolhido por estes professores, por que uso do cinema na educao? Ele est sendo aproveitado da melhor maneira ou usado como um conjunto de imagens que reproduzem a realidade?

    Quadro 2 - Benefcios

    Benefcios Quantidade

    Abordagem visual 44

    Conduz os alunos ao consenso 22

    Histria com comeo meio e fim 11

    Proximidade com o cotidiano 38

    Resumo de obras literrias 9

    Sonoridade 9

    Identificao de ideologias entre classes 17

    Linguagem mais acessvel 40

    Objetividade 30

    Percepo da realidade 44

    Unio entre som e imagem 32

    Vivncia de sentimentos e emoes 47

    Ao observamos o Quadro 3 abaixo, possvel estabelecer critrios para a exibio de filmes na formao de professores, pois, 58,4% responde-ram que a projeo cinematogrfica necessita trazer aspectos que auxiliem na formao docen-te, tais como a capacidade de mobilizar discusso (46,15%), mensagem do filme (46,1%), relao fil-me/contedo programtico (30,7%). Nesse quesi-

    to, percebe-se uma diferena tnue entre os itens, validando a importncia e a capacidade de obter, por meio dos filmes, auxilio na formao do pro-fissional, a possibilidade de, a partir das histrias retratadas, surgir debates, interao, opinies, per-cepes alm de, evidentemente, deixar claro que a disposio, o interesse no filme, depende do tema e do contedo abordado.

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    Quadro 3 Propostas dos Professores ao Passar Filme

    Quantidade

    Auxlio na formao 76

    Capacidade de mobilizar discusso 60

    Qualidade da produo cinematogrfica 11

    Contedo / tema do filme 30

    Contexto cinematogrfico 9

    Mensagem do filme 54

    Relao filme / contedo programtico 40

    Relao filme/contexto social 49

    Ao analisar a prtica de seus professores ao pro-porem a utilizao de filmes em sua formao, os licenciandos descrevem que os objetivos a serem atingidos foram despertar a reflexo sobre a prtica educativa (53,8%), propiciar novas habilidades ao docente (48,4%) e discutir a relao professor/aluno. Fica evidente, por meio dos dados do Quadro 03, a

    credibilidade atribuda ao cinema no que diz respeito educao. Os que sero futuros professores deixam claro a capacidade e o alcance do cinema na prtica educativa, concordando que, por meio dos filmes, possvel refletir sobre o modo como a educao est sendo praticada e de que maneira possvel ser cria-das novas maneiras docentes.

    5 CONSIDERAES FINAIS

    Vivemos em um contexto social no qual os avan-os das tecnologias ocorrem com rapidez, possibi-litando novas maneiras de realizao, transmisso e absoro de contedo intelectual. E, ao aprovei-tar-se dessas caractersticas, o cinema exerce de extrema valia para educao, pois permite mesclar as linguagens prprias de sua arte com as possibi-lidades pedaggicas que os dilogos, mensagens e objetivos presentes nos filmes trazem. Por isso, inadmissvel fechar os olhos para a realidade: o ci-nema no distrao. No apenas. Mas, sim, uma arte a servio da sociabilidade e educao. Tam-bm preciso dar-se o devido valor s ferramen-

    tas capazes de auxiliar o aprendizado. No adianta fugir da modernidade, assim como no se deve uti-lizar o cinema como tapa-buraco, ou seja, como uma mdia paliativa. A cinematografia necessita ser enxergada como uma grande aliada s escolas, aos estudantes, aos mestres. O estudo realizado nesse projeto mostra o poder transformador do cinema diante dos futuros educadores, que sero responsveis pela formao da sociedade. A partir dos dados coletados junto aos sujeitos da pesqui-sa, foi possvel traar um panorama situacional sobre a questo do uso de filmes na formao de professores.

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    A partir disso, possvel constatar que os docentes precisam planejar a utilizao do cinema em sala de aula, preparar-se para oferecer ao aluno aula qualidade, dar suporte suficiente que possibilite o aluno aprender e apreender o melhor possvel dos filmes assistidos. E isso pode ocorrer a partir de aes integradas dos do-centes, buscando selecionar, estudar e aprofundar-se em projees cinematogrficas que levem o licenciado a observar seu papel enquanto docente em formao e sua atuao em sala de aula. E, invariavelmente, ser possvel se o mestre tiver em mente a resposta para a seguinte pergunta: Por que estou utilizando esse fil-me? No adianta nada assistir a filmes se no houver uma razo, um motivo cabvel e de valor para a turma. O que os alunos podem reter ao assistir a determinado filme o que faz coerente a utilizao da stima arte. preciso saber escolher um filme adequado para chegar aonde deseja e no utiliz-lo como recreao.

    Logo, o estudo dos dados e a anlise dos itens pos-sibilitaram ampliar a percepo sobre o uso e a im-portncia do cinema em sala principalmente se usado a fim de conscientizao para os futuros licenciados, sem, no entanto, desconsiderar sua constituio en-quanto linguagem, produto cultural, econmico e poltico, embora fique claro que, muitas vezes, no utilizado de maneira mais profunda, limitando-se ao raso, ao assistir e se comover, a servio de mostrar o quanto o professor capaz de modificar a vida de um aluno. Comprova-se, entretanto, que o cinema precisa ser visto como algo a mais que simples paliativo ou acrscimo e sim como suporte, ferramenta a mobili-zar grandes questionamentos e reflexes. preciso sair um pouco do patamar emotivo, passar a usufruir de maneira mais consistente o leque de possibilida-des ofertadas pelo cinema no que diz respeito ao meio educacional.

    REFERNCIAS

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    Recebido em: 21 de maio de 2012Avaliado em: 30 de junho de 2012Aceito em: 20 de julho de 2012

    1 BOLSISTA PROCAPS/UNIT/FAPITEC. Mestrando em Educao (UNIT), Graduado em Pedagogia (UNIABC). Programa de Ps-Graduao em Edu-cao da Universidade Tiradentes (PPED-UNIT). Aracaju, Sergipe. E-mail: [email protected].

    2 BOLSISTA/UNIT/FAPITEC. Graduando em Comunicao Social: Jornalis-mo da Universidade Tiradentes (UNIT), Aracaju, Sergipe. E-mail: [email protected].

    3 Doutor em Cincias da Comunicao (ECA/USP), Mestrado em Educao (UFS), Graduado em Histria (UFS). Docente do Programa de Ps-Gradua-o em Educao da Universidade Tiradentes (PPED-UNIT). Aracaju, Sergi-pe. E-mail: [email protected].

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