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Cinema como documento histórico na sala de aula: O Nacional Socialismo através da análise do filme “A Onda”
Autor: Rogério Giroldo Fleuringer1
Orientadora: Márcia Elisa Teté Ramos2
Resumo: Este trabalho se propõe a descrever o projeto desenvolvido no PDE sobre as possibilidades
de uso do filme, em sala de aula, como documento histórico. O material fílmico foi entendido como
um produto de seu próprio tempo; com seus signos e intenções. Tratou-se não só da análise de uma
fonte, mas também de um trabalho de reelaboração de conceitos, como: totalitarismo; nazismo e
neonazismo; alteridade e empatia, que foram expressos a partir da montagem de vídeos pelos
alunos. Esta análise e interpretação do filme “A Onda”, em sala de aula, possibilitou um maior
entendimento, de como se processam as relações de poder, utilizando como exemplo o nazismo, no
contexto da II Guerra. No decorrer do trabalho, os alunos, puderam promover uma aprendizagem
mais significativa, partindo de conhecimentos que eles já possuíam sobre o tema. Buscou-se ainda,
colaborar com o processo de construção da cidadania, pela possibilidade gerada, através do
processo analítico, da percepção e comparação dos elementos que constituem o nazismo e na
atualidade o que denominamos de neonazismo, um estímulo mais direcionado em sua capacidade de
reflexão e crítica social.
Palavras-chave: “Cinema”. “nazismo e neonazismo”. “produção de vídeo”.
1 Professor PDE 2012
2 Professora Doutora da Universidade Estadual de Londrina
Introdução
Nas escolas, é comum percebermos atitudes de discriminação de ordem
racial, sexual, econômica entre outras, ainda que estas sejam veladas em tom de
brincadeiras. Mesmo com todo esforço que tem sido realizado nos últimos anos
acerca da inclusão social, pelas mídias em geral, pelos movimentos sociais e pelo
governo, no contexto histórico em que esta cultura escolar está inserida, problemas
desta ordem parecem ser uma constante. Por isso a necessidade de se trabalhar
em sala de aula com o tema do Nazismo, já que muitos de seus princípios estão
presentes na sociedade, em especial, em relação ao preconceito e/ou intolerância.
Para tanto nos utilizamos do filme “A Onda”. Trazer à tona este assunto e discuti-lo
no meio escolar foi uma forma de ampliar a compreensão deste conceito substantivo
e colaborar para uma sociedade mais inclusiva.
O trabalho com fontes/documentos históricos diversos está previsto nas
Diretrizes Curriculares de Ensino de História: “é indispensável ir além dos
documentos escritos, trabalhando com os iconográficos, os registros orais, os
testemunhos de história local, além de documentos contemporâneos, como:
fotografia, cinema, quadrinhos, literatura e informática” (PARANÁ, DCE, 2008 p. 69).
Nas mesmas diretrizes se ressalva a necessidade de trabalhar cada fonte de acordo
com suas especificidades extrapolando seu uso apenas como mera ilustração.
Seguindo as orientações das diretrizes, esse trabalho buscou utilizar o cinema
para além da ideia de que ele retrata ou reproduz a realidade. Pretendeu-se analisar
o filme a partir da sua produção, levando em consideração o sujeito produtor e o
contexto em que produz o filme, proporcionando aos alunos contato com as etapas
da construção do material fílmico e também, com as etapas narrativas do mesmo.
Observamos que existe todo um conjunto de ações e intenções na realização de um
filme, o que sustenta a construção de determinados conceitos fundamentais para
história.
Este tema tornou-se bastante pertinente, pois ele pertence ao eixo
estruturante, Relações de Poder, contido nas Diretrizes Curriculares de História: “O
poder não apresenta forma de coisa ou de objeto, mas se manifesta como relações
sociais e ideológicas estabelecidas entre aquele que exerce e aquele que se
submete” (PARANÁ, DCE, 2008 p. 66)
Estas relações de poder se realizam na sociedade em geral, na esfera
escolar, assim como em outras instituições, tanto nas instâncias administrativas
como nas relações interpessoais de os sujeitos que a compõe.
Esta percepção colabora para desenvolvimento maior da criticidade no aluno
promovendo a sua cidadania. Acerca do tema que foi proposto, devemos ainda
considerar seus desdobramentos para a atualidade, frequentemente materializados
nos chamados grupos Neonazistas, gerando muita polêmica e discussões nos meios
de comunicação.
Propomo-nos entender o filme em questão, “A Onda”, como produção capaz
de articular o passado (Nazismo) com o presente (Neonazismo). No caso, buscamos
ver como a própria sociedade alemã pensa este tema hoje, por intermédio deste
filme, situando a Alemanha no contexto atual e as implicações que esta temática
suscita, como: nacional-socialismo; totalitarismo; alteridade; preconceito.
A utilização de filmes em sala de aula já é feita por muitos professores. A
questão está em como este material é utilizado. E nosso caso específico é: Como
trabalhar a relações de poder na Alemanha Nazista a partir do filme “A Onda”, de
maneira que o aluno promova a construção de um saber histórico no qual se
perceba parte dele? Extrapolar o uso do filme como ilustração de um fato ou mesmo
como confirmação daquilo que se é trabalhado nas aulas.
Desta forma, nossa problemática pode ser assim resumida: Como podemos
trabalhar o filme “A Onda”, para além do entretenimento, de modo a levar o aluno a
construir determinados conceitos históricos relativos a um dado período, bem como
aqueles que embasam a articulação Identidade/Alteridade?
Cinema como documento histórico
A aplicação da unidade didática referente ao projeto: Cinema como documento
histórico na sala de aula: O Nacional Socialismo através da análise do filme “A
Onda”, se deu no colégio estadual professor Newton Guimarães, com os alunos do
terceiro ano do ensino médio.
Com este trabalho, pretendíamos demonstrar as possibilidades do filme “A
Onda” como documento histórico em sala de aula, ponto de partida para construção
de um conhecimento histórico sobre a Segunda Guerra Mundial e desenvolvimento
dos conceitos de “Totalitarismo”, Nazismo e Neonazismo, bem como de “Alteridade”
e “Empatia”. E também que, os alunos se percebessem como produtores de
conhecimento e a escola como um espaço para tal, que eles pudessem relacionar
passado (nazismo) e presente (neonazismo) e suas relações de poder refletindo
sobre as questões do totalitarismo, partindo para a produção de um vídeo sobre o
tema. Era importante que os alunos percebessem que a produção do conhecimento
era possível pela exploração das fontes, no nosso caso o filme “A Onda”, e esta
produção poderia estar relacionada aos recortes e interpretação do produtor/diretor.
Enfim, pretendíamos que trabalhando os conceitos “totalitarismo”,
“nazismo/neonazismo”, “alteridade e empatia”, pudéssemos contribuir para o
processo de construção da cidadania em nossos alunos.
Paulo Freire já afirmava que, ensinar não é transmitir conhecimento, mas
permitir que o educando construa seu próprio saber. Essa é a tarefa de todo
educador (FREIRE, 1996, p. 47).
Para abordar o uso do cinema como documento histórico é importante
considerar outras questões que envolvem o ensino/aprendizagem da disciplina.
Como a transposição do conhecimento historicamente produzido para um
conhecimento que possa ser reelaborado pelo aluno, e a construção dos conceitos
históricos, o que constituem em dificuldades nem sempre consideradas.
Autoras como Schmidt e Cainelli apontam essas dificuldades no trabalho do
professor de história em sala de aula. “No tocante ao fazer histórico e ao fazer
pedagógico, um dos desafios enfrentados pelo educador na sala de aula é o de
realizar a transposição didática dos conteúdos e do procedimento histórico” (2004, p.
31). Nesse sentido a busca por alternativas, amparadas em procedimentos,
métodos, técnicas, recursos, estratégias, etc. para o ensino de história procuram dar
conta dessa tarefa impregnada de abstração, possibilitando essa reelaboração e a
significação do saber histórico para o aluno.
Essa significação do conhecimento histórico para o aluno passa pela
construção dos conceitos históricos que permitem ao aluno “identificar e ordenar
cientificamente os elementos da realidade social e que pode auxiliá-lo na
organização, no reconhecimento e na interpretação do mundo”. (SCHMIDT;
CAINELLI, 2004, p. 62-63)
Sobre a construção dos conceitos históricos as autoras argumentam aspectos
relevantes, segundo estas, devem-se valorizar duas questões:
A primeira é o respeito pelo conhecimento do aluno, o conjunto de representações que ele já construiu acerca do mundo em que vive e traz para sala de aula. (...) A segunda, ligada à primeira, implica que, com base em suas representações, o aluno tem possibilidade de efetivar suas próprias idéias (...) em vez de ser um mero receptor passivo (...) (SCHMIDT; CAINELLI, 2004, p. 61-62).
Partimos da premissa que as significações e os conceitos históricos vão se
fazendo e refazendo a partir da própria elaboração do aluno, e que estas
significações e conceitos não são adquiridos apenas através da escolarização, mas
circulam em vários espaços da sociedade. Desconsiderar esse fato limita o trabalho
do professor em sala, o que nos remete para a proposta desse trabalho, que é a
utilização do cinema como documento histórico, na medida em que nosso aluno, 1)
provavelmente tem uma bagagem conceitual sobre o tema, provindo de suas
vivências em uma realidade repleta de informações e saberes sobre o tema e 2)
assiste filmes ou partes de filmes, se levarmos em conta que para isso, não precisa
ir ao cinema, mas utilizar a internet.
Explorando a questão do documento histórico e seu suporte Marc Ferro
critica:
(...) tendo os historiadores tal preconceito em relação ao filme não seria viável questionar o documento escrito já que esse também sofre interferências, um recorte, uma montagem, e que passam por um tipo de “verniz de seriedade” que o atesta como histórico e verídico? (FERRO, 1992 p. 84),
Febvre (1974) ressalta também “A história se faz com documentos escritos,
sem dúvida, quando eles existem. Mas ela pode ser feita, ela deve ser feita com
tudo o que a engenhosidade do historiador lhe permitir usar.” (apud SCHMIDT;
CAINELLI, 2004, p. 90).
Esta colocação feita pelo historiador aponta para uma nova etapa nas
pesquisas históricas da qual ele fez parte. Já no inicio do século XX com a criação
da Escola dos Annales, se reforça a discussão sobre o uso de outras fontes para
construção histórica, evitando a documentação escrita oficial como aponta Abud
A aceitação do filme como documento resulta do abandono da concepção de História da escola metódica, concepção esta que tem sua ruptura marcada, sobretudo a partir da obra de Marc Bloch e Lucien Fèbvre e da fundação da revista Annalles: Anais de História Econômica e Social. (ABUD, 2003, p.185).
Em seu estudo sobre a Escola dos Annales, Peter Burke se refere a este
período como a Revolução Francesa da Historiografia chamando a atenção para
este movimento que vai romper com o tradicionalismo historiográfico do final do
século XIX abrindo novas possibilidades para a história, segundo ele
(...) a mais importante contribuição do grupo dos Annales (...) foi expandir o campo da história por diversas áreas. (...) Essas extensões do território histórico estão vinculadas à descoberta de novas fontes e ao desenvolvimento de novos métodos para explorá-las (BURKE, 1997, p. 126).
Com relação ainda às novas abordagens históricas, trazendo a discussão
para a atualidade sobre as fontes históricas, Ramos coloca que
A nova História passa a alargar a noção de fonte histórica (...) concomitante ao surgimento da primeira idade das mídias com o cinema, a fotografia, a música, etc.(...) com a cibercultura, novamente advém a problemática sobre o que pode ser considerado fonte histórica, e entendemos que, por exemplo, os blogs, os chats ou as community websites podem ser consideradas como tal. (RAMOS, 2011, p. 295)
Outros pesquisadores, como Cristiane Nova (1996), Jorge Nóvoa, (1995),
discutem a utilização do cinema como documento histórico ressaltando a
importância nas análises históricas e novos caminhos que se abrem a partir dessa
nova visão documental. A revolução documental, como é chamada pelos autores
Nilton e Fernando, provoca a ampliação das possibilidades dos trabalhos
historiográficos:
De um modo decidido desde o início da chamada Escola dos Anais, mas já bem antes, o conceito de fonte histórica tem se ampliado e se transformado significativamente. Por um lado, a revolução documental acabou com o império do documento escrito, permitindo que o olhar do historiador se desviasse dos documentos oficiais e das tramas políticas, típicas da história positivista, para uma quantidade indefinível e enorme de vestígios do passado: imagens, filmes, crônicas, relatos de viagem, registros paroquiais, obras de arte, vestígios arquitetônicos, memória oral... (PEREIRA; SEFFENER, 2008 p.115)
O que colabora com essa abordagem documental do cinema é que
praticamente desde a sua invenção, pelos irmãos Lumiere, – mesmo eles próprios
achando que não passaria de uma distração passageira –, muitos já vislumbravam
as possibilidades que o cinema traria. Além de toda indústria cinematográfica que se
constituiu e sua total absorção pelo capitalismo, autores como Nascimento destacam
outras utilizações para o cinema, extrapolando a mera exploração do divertimento,
mostrando sua utilização como aparato ideológico nos governos que vão se
estabelecendo.
Estes tem uma preocupação específica com relação à educação para
reafirmação de seu poder. O autor exemplifica o caso do Estado Novo no Brasil,
mas essa prática foi utilizada em outros regimes de governo como Nazismo,
fascismo só para citar os mais conhecidos;
A perspectiva pedagógica, em suma, nas décadas de 1930 e 1940, embora válida, não possuía grandes preocupações teórico-metodológicas, mas, sim, ilustrativas, porque o seu apanágio principal era utilizar o cinema para servir de instrumento ideológico de massa para atender aos interesses patrióticos do Estado brasileiro. (NASCIMENTO, 2008, p.4)
Nascimento amplia a discussão sobre os interesses políticos no uso do
cinema fazendo menção a criação de legislação específica;
Para alcançar esses objetivos políticos e educacionais, dentre outras medidas, foi criado em 1937, pela Lei n. 378, decretada pelo poder Legislativo e sancionada por Getúlio Vargas, o Instituto Nacional do Cinema Educativo, órgão ligado ao Ministério da Educação e Saúde Pública. (NASCIMENTO, 2008, p.3)
Marc Ferro, no que diz respeito ao uso do cinema no regime Nazista destaca
que sua importância superava o aparato ideológico: “O cinema não foi apenas um
instrumento de propaganda para os Nazistas. Ele também foi, por vezes, um meio
de informação, dotando os Nazistas de uma cultura paralela”. (FERRO, 1992, p. 73)
Esta visão permeia o imaginário de muitos que fazem uma leitura do cinema como
aquele que retrata uma “verdade”, criando assim uma ilusão de realidade, por isso o
público na época do nazismo tendia a acreditar no que era visto, embora nada
garanta que este público, de fato, acreditava em tudo que o cinema-propaganda
mostrava.
Ao longo do século XX a difusão dos filmes, chamados educativos, nas
escolas, e mais próximos aos anos 90 com uma maior exibição dos filmes de ficção,
nas salas de aula, uso do cinema deixou de ser uma novidade. Mesmo assim
diversas situações se configuram na escola.
Ainda existe resistência de muitos professores, por não julgarem adequado tal
tipo de material. Outros até gostariam, mas tem dificuldade com as tecnologias que
envolvem esse procedimento. E ainda há, por parte dos alunos, da direção ou até
mesmo do próprio professor de história, a ideia de que o filme seria uma maneira de
“não trabalhar sério” em sala de aula. Há ainda escolas que não possuem
equipamento para projeção de vídeos e, há professores que exibem filmes para
seus alunos, mas acabam não explorando as possibilidades que ele pode oferecer.
”O filme é mais utilizado como um substituto do texto didático ou da aula expositiva,
ou é ainda considerado uma ilustração que dá credibilidade ao tema que se está
estudando”. (ABUD, 2003, p. 189)
Os documentos históricos, provavelmente, costumam ser usados em sala de
aula como uma confirmação ou complemento de informação dos temas estudados,
e, muitas vezes, os filmes, principalmente os chamados históricos, acabam sendo
abordados da mesma maneira.
(...) o filme é pouco utilizado para a formação, que só pode ocorrer quando a informação recebida se relaciona com um conjunto individual de esquemas e de estruturas mentais, que transforma a informação em conhecimento, em novos esquemas e novas estruturas que irão enriquecer o repertório cognitivo ou simbólico daquele que aprende. (ABUD, 2003, p.189)
A análise documental deve permitir a reelaboração dos conceitos e
conhecimentos trazidos pelos alunos. Tratar o filme como documento histórico
pressupõe considerar o momento de realização, seus agentes e atores que
consequentemente influenciará no recorte e na reconstrução histórica elaborada
pelo autor/diretor.
Esta abordagem permite trabalhar o filme, no caso os chamados históricos,
sobre duas perspectivas: como uma fonte documental primária, se considerar a
conjuntura do momento de sua produção e, como fonte documental secundária, se
for considerado a reconstrução/reelaboração histórica de um determinado período.
Considerando o objeto desse trabalho, que são as relações de poder na
Alemanha Nazista, outras duas questões devem ser colocadas: em um primeiro
momento alguns apontamentos sobre o Nazismo seu desdobramento na atualidade
que é o Neonazismo; complementando e ao mesmo tempo interligando, a segunda
questão que se coloca é o conceito de Alteridade que deve permitir o entendimento
necessário para compreensão do outro.
A ideologia nacional-socialista alemã começa a surgir e vai se fortalecendo
dentro de um contexto bastante negativo para a Alemanha que envolve todas as
questões decorrentes do fim da Primeira Guerra: a derrota da Alemanha; a total
responsabilização pela guerra imposta pelo tratado de Versalhes; perdas territoriais;
o pagamento das custas da guerra aos vencedores associada ao fracasso da
“República de Weimar”, como coloca Peter Gay (1968), marcada pela disputa de
poder e pela impunidade nos assassinatos políticos; o Putsch Kampf entre outras
tentativas de subversão interna e a ocupação da região do Ruhr pela França e,
associado a tudo isso, a crise de 1929, que corrói o capitalismo mundial juntamente
com a já fragilizada economia alemã.
Este cenário provoca um sentimento de frustação e impotência na população,
que acaba favorecendo a ascensão grupos de extrema direita ao poder. Estes se
colocam como salvadores, aqueles que irão resgatar a dignidade do povo e
desenvolver a nação. Estas propostas vêm sempre acompanhadas de forte
propaganda política através das mídias, controladas pelo Estado, e conclamam a
população a se unir em prol do país, responsabilizando o outro pelas dificuldades
ocorridas, o que dá um caráter xenófobo ao movimento. Não há lugar para disputas
internas nem competição entre as pessoas e isto justificaria o fim dos partidos
políticos e sua oposição ao capitalismo. A ideologia Nazista tem o líder como figura
central, é ele que vai fazer o papel de conciliador e condutor da sociedade rumo ao
que se acredita ser o progresso da nação.
Em relação aos grupos Neonazistas também é comum observar seu
surgimento/fortalecimento em momentos onde essas pessoas se sentem excluídas
buscando identificação dentro de um espaço, ou mesmo enquanto projeto político,
aproveitando os momentos de maior tensão dentro da sociedade para se colocar
enquanto alternativa viável, utilizando discursos comuns dentro dos nacionalismos,
como os citados anteriormente. Esta situação pode ser exemplificada se
considerarmos a situação pela qual está passando a Grécia atualmente (2012),
aonde grupos de extrema direita quase chegaram à presidência e continuam com
apoio considerável entre a população3.
Considerando as questões que envolvem as ideologias nacionalistas e
neonacionalistas, os conceitos de Empatia e Alteridade, devem ser trabalhados, no
sentido de permitir uma maior compreensão do afloramento destas ideias em
3 Ver: http://oglobo.globo.com/mundo/propomos-minar-as-fronteiras-diz-extrema-direita-grega-
4830519 e http://pt.euronews.com/2012/06/08/na-grecia-deputado-de-extrema-direita-agride-colegas-na-televisao/
determinados momentos, de acordo com o Carl Rogers “ser empático é ver o mundo
com os olhos do outro e não ver o nosso mundo nos refletido nos olhos dele” (apud
SOUZA, 2009, p.22). Ainda segundo Souza:
(...) o professor deve levar os alunos a entenderem os objetivos, os interesses, as necessidades, as dificuldades, dentre outras coisas, que contribuíram para o desencadeamento dos acontecimentos, seja do fato em si ou da historiografia construída a partir do fato. (SOUZA, 2009, p.22)
Entender o outro a partir dele mesmo, se colocar no seu lugar, buscar os
elementos que o fizeram agir de tal maneira é agir empaticamente. Na mesma linha
de raciocínio, caminhando lado a lado com a empatia vem o conceito de alteridade
de acordo com Todorov, “(...) pode-se descobrir o outro em si mesmo, e perceber
que não é uma substância homogênea, e radicalmente diferente de tudo que não é
si mesmo; eu é um outro. Mas cada um dos outros é um eu também, sujeito como
eu” (TODOROV, 1991, p.3). Ao mesmo tempo em que devemos buscar o
entendimento do outro através da sua realidade, devemos desenvolver a capacidade
de perceber que existe um pouco de cada um nas pessoas, podemos entender a
nós mesmos nos outros, mesmos que sejamos diferentes ou estejamos em tempos
diferentes.
O filme “A Onda” em sala de aula
Iniciamos a implementação do projeto fazendo um levantamento dos
conhecimentos prévios dos alunos em relação ao tema com os seguintes
questionamentos: O que vocês sabem sobre nazismo? E sobre neonazismo?
Escreva de forma sintética o que souberem. Considerando que são alunos do
terceiro ano do ensino médio, o resultado deste levantamento demonstrou que eles
de uma forma geral, associavam o nazismo à Alemanha de Hitler e ao assassinato
de judeus, alguns alunos, citam o nazismo como “um movimento com princípios
racistas que visava a soberania da traça ariana, (...) raça pura pátria prospera(...)
exterminar qualquer raça que não fosse a ariana. Outros, até demonstraram certa
admiração pela figura de Hitler, ressaltando a atuação na recuperação econômica
daquele país.
Com relação ao neonazismo, a ligação mais imediata foi com grupos
violentos, como os “carecas” que cometem delitos e “atacam” pessoas nas ruas.
Alguns grupos definiram o neonazismo como “movimento de ideologia nacionalista,
usando de crimes para proteger a ideologia do país”; Pequenos grupos de
simpatizantes o nazismo, que ainda existem, apesar da proibição da prática nazista.
Outros na mesma linha, consideram que o movimento neonazista traz para a
atualidade o nazismo, seguindo seus ideais políticos, “mas como a maioria dos
integrantes são racistas, o movimento torna-se violento (...) “já o neonazismo é um
preconceito racialista, normalmente a grupos específicos, normalmente com
agressões físicas, nunca moral ou psicológica”. É importante considerarmos que
estas são exposições iniciais, impregnadas de senso comum e alguns equívocos.
Em seguida procedemos com a exibição do filme, feita em uma única etapa,
com a colaboração de colegas professores de outras disciplinas. Isto foi possível
após eles conhecerem o projeto, que foi apresentado à escola na Semana
Pedagógica. Assim eles dividiram seu horário comigo, pois entenderam que o
assunto era pertinente e também poderia ser desenvolvido em suas aulas. Após o
filme apresentamos um roteiro (em anexo) para análise e coleta das impressões
causadas pelo filme
As informações trazidas pelos alunos através dos roteiros de análises de filme
foram importantes no sentido de observarmos a percepção que tiveram do nazismo
pelo filme, que impressões foram causadas pelo filme, e como eles se sentiram ao
refletirem sobre esta temática. Outros elementos, como ficha técnica e a narrativa,
foram também relevantes, pois a primeira, permitiu a localização no tempo, ano de
produção, e espaço, local de produção. Estes dois elementos permitiram situar o
contexto em que foi produzido o material fílmico, favorecendo uma análise das
motivações dos produtores para a escolha e recorte que deram ao tema. Pela
narrativa, os alunos podem recontar a história do filme retomando o enredo e
estabelecendo os elos necessários para o entendimento da trama.
Os grupos de uma forma geral gostaram do filme. Eles apontaram que o
formato do filme foi interessante, “dinâmico envolveu o expectador”, em exposição
aberta, eles concordaram que houve uma identificação com o filme a trama do filme
se passa no interior de um colégio, com estudantes de ensino médio, muitos
admitiram se enxergar nas personagens; é claro que elas colocam em evidencia os
dramas que de certa forma afligem a adolescência. Muitos relatam que não
gostaram da morte de um dos personagens no fim do filme e da prisão do professor;
Outros colocam que “pecou no final indefinido”; e ainda, “o ápice foi na reunião onde
Rainer decide que a onda vai acabar e Tim se suicida, foi um pouco previsível, mas
no momento nós perdemos o fôlego”; “gostamos dele (o filme) por ser dinâmico, vai
direto ao ponto”; Nos relatos dos alunos, fica explicito que, o descontentamento,
expresso por alguns, com o final do filme, está ligado a esta identificação e também
a um desejo de que o final fosse outro. Assim como para o prof. Rainer, que propôs
a experiência com os alunos, dentro do enredo do filme, foi difícil acabar com “a
Onda”, nossos alunos expectadores, também queriam outro desfecho, já que
concordaram, em discussão aberta, que nem tudo era ruim naquele movimento.
Com relação ao item da análise que aborda a temática do filme, os alunos
demostraram entender que as ideias, em geral estão relacionadas ao totalitarismo,
“mostrar como um governo autocrata funciona, quais são seus objetivos e o impacto
que causa nas pessoas.” Que as personagens transmitem os conteúdos pelas falas,
comportamentos; transmitem com facilidade o significado de símbolos e mensagens
presentes em governos fascistas. Eles concordam entre si, que o filme tem como
intenção, mostrar que “uma sociedade, pode sofrer sim tamanha influencia a ponto
de haver novas ditaduras no país,” ainda, como um movimento pode se tornar tão
forte e resistente, também apontam para as características e consequências de um
movimento fascista. Na mesma linha é colocada a questão da imposição de outra
concepção de vida, de ética e organização social e o tratamento aos demais
membros da sociedade, dentro desse assunto eles apontam a discriminação, a
exclusão social e a ideia de diferenças nas classes sociais que pelo movimento
devem ser diminuídas.
Na análise e debate com os alunos, do item reflexivo, aparecem questões
importantes como personagens bons e dos maus, aqueles que se colocam mais
fortes e fracos, espertos ou não e o papel de cada um na trama. Também e discutida
a violência; são várias as formas como ela aparece, física, verbal, psicológica, eles
entendem que os conflitos poderiam ser resolvidos de outra forma, mesmo assim
não há consenso em como esta questão poderia ser solucionada. Outro ponto
interessante que aparece em alguns grupos, é que a união do grupo (“A Onda”)
gerou uma opressão, segundo eles, aos que estavam fora do grupo e até aos que
estavam dentro, pois teriam que seguir a uma ideologia. Em conversa com a turma
os alunos expuseram que o filme causou impacto, surpresas, perplexidade na
condução da trama e no desfecho, perceberam como são colocados os princípios da
ideologia fascista e como a vivencia de cada personagem faz com que ele aceite as
condições para permanência no grupo e como elas vão se configurando na
autocracia.
Após a análise crítica do material fílmico, os alunos realizaram outro momento
proposto no projeto, que foi, a “confrontação histórica”, pesquisando outras fontes
que se referem à temática do filme, fazendo levantamento histórico,
contextualizando o período a qual a temática estava voltada e, também do momento
em que o filme é produzido. Esta fase ficou muito complicada para os alunos, pois
eles não conseguiam entender o que era a “contextualização” dos assuntos que
envolviam o tema e a produção do filme “A Onda”. Foram necessárias várias
retomadas com as turmas sobre esta etapa. A inferência na orientação dos trabalhos
foi feita de forma pontual; recolocando os conceitos propostos no projeto e
discutindo os mesmos com os alunos, isto mostrou não só o que sabiam ou não
sobre os conceitos apresentados, mas como eles os vivenciavam em suas relações.
Sobre a produção realizada pelos alunos na última fase da proposta, também
houve dificuldade. Foi solicitado inicialmente a elaboração de pré-roteiro, onde os
grupos pudessem abordar um ou mais conceitos trabalhados, que poderiam estar
diretamente relacionados ao tema principal, nazismo neonazismo e as relações de
poder, ou ao cotidiano social em geral (família, escola, etc.), desde que fossem
abordados os conceitos trabalhados. A única coisa não permitida era a elaboração
de vídeos explicativos, como “vídeo aula” sobre o tema. Esta exigência provocou um
congelamento nas atividades, acostumados a fazerem trabalhos escolares do tipo
“corte e cole”, ficaram sem parâmetros para iniciarem o trabalho. Varias foram as
retomadas com eles, até que os grupos foram compreendendo este novo formato de
trabalho. Em seguida foi pedido um roteiro mais especifico do que eles iriam realizar.
Discutimos com os grupos as possibilidades de suas propostas fazendo sugestões
quando eram necessárias, foram dois momentos específicos para esta fase.
Os formatos dos vídeos realizados pelos grupos foram muito variados. Neste
ponto se mostrou a riqueza de não forçar um modelo fechado de trabalho. Apesar
das dificuldades enfrentadas para iniciar os vídeos, os resultados se mostraram
muito satisfatórios. Seguindo as propostas ofertadas aos alunos, eles produziram
desde vídeos originais, onde se colocavam como as personagens vivenciando
situações de discriminação de ordem étnica, econômica, até montagens com
imagens e/ou vídeos tratando da exclusão social, preconceito racial e sexual. Foram
realizados vídeos que tratavam da dominação e do autoritarismo, usaram trechos de
outros filmes e até desenhos animados. Produziram histórias e animações sobre
preconceito. A associação de imagens com música na construção das temáticas dos
grupos também foi uma estratégia. Também houve um momento onde eles tinham
que apresentar uma previa dos materiais que estavam desenvolvendo, era o
momento de fazer as observações e correções se fossem necessárias. Em quase
toda a totalidade os grupos cumpriram as metas propostas na produção dos vídeos
e apesar das dificuldades os grupos terminaram com êxito seus trabalhos.
Considerações Finais
A proposta de utilizar o cinema como documento histórico em sala de aula,
como um instrumento de análise e produção de conhecimento, se mostrou bastante
viável. O projeto, desde a sua apresentação durante a semana pedagógica teve boa
aceitação por parte dos professores e equipe pedagógica que demonstraram
interesse pela temática e curiosidade pelo filme. Alguns professores conheciam a
primeira versão do filme, mas maioria ainda não tinha conhecimento desta versão
mais recente produzida na Alemanha.
Também os professores participantes do GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
que é uma das atividades que compõe o PDE, como forma de socializar os projetos
junto aos professores do estado do Paraná, de uma forma geral, concordaram entre
si sobre a importância de abordar o assunto em sala, destacando que elementos
inerentes ao nazismo/neonazismo, como preconceito, discriminação, exclusão,
homofobia entre outros está presente em nossa realidade social. O professor
enquanto educador deve participar na desconstrução destes estigmas, num esforço
conjunto em busca de uma sociedade mais inclusiva. Eles demonstraram bastante
interesse pelo projeto e sua aplicabilidade reforçando a ideia de que a temática
abordada é bastante pertinente à realidade vivenciada pelos nossos alunos e, que o
envolvimento da escola e dos professores é essencial, vindo de encontro às políticas
publicas de inclusão e promoção de uma sociedade mais igualitária.
Os alunos demoraram um pouco a entender o que realmente seria pedido
para eles, alguns estranharam e até mesmo resistiram à produção de vídeo como
forma de avaliação. Eles estavam acostumados a outros trabalhos com vídeo, e não
houve o entusiasmo que achava que provocaria. O filme, “A Onda”, pelo contrario
provocou uma reação muito positiva. De uma forma geral agradou a todos, inclusive
muitos professores assistiram e recomendaram aos outros. Isto provocou muita
discussão e esquentou o debate com as turmas o que facilitou a montagens das
fichas de análise de filme e mostrou a necessidade da mediação do professor junto
aos debates realizados com os alunos.
É interessante percebermos como as leituras do material fílmico são
heterogenias, fragmentadas e muitas vezes equivocadas. Muitos dos alunos, apesar
de gostar do filme não tinham compreendido a total dimensão do assunto tratado.
Esperar que um filme, um documentário, ou mesmo a simples leitura de um material
escrito, por si só possa promover o entendimento de um assunto ou mesmo
ilustração do mesmo, acaba sendo um tanto ingênuo, de certa forma a pratica é esta
em muitas das exibições fílmicas na escola. O debate histórico, a análise do filme
como um documento, a contextualização do material, a pesquisa histórica, estes
elementos confrontados e discutidos, puderam permitir aos alunos um melhor
entendimento das relações de poder na Alemanha nazista. Por esta discussão, os
alunos puderam perceber que as situações/contexto em torno das personagens do
filme, favoreceram o envolvimento do grupo na “Onda”. Ainda mais, é essencial
refletir sobre as ideias que se divulgam ou se sustentam na sociedade.
O resultado final das produções foi apresentado aos professores e à equipe
pedagógica, na semana pedagógica de julho, eles apreciaram muito os vídeos que
foram exibidos. Na mesma oportunidade, realizei com os professores uma oficina,
adaptando as propostas do uso do cinema como documento histórico, na ocasião
utilizou-se curtas metragens.
A avaliação foi muito positiva, discutiu-se a possibilidade da implementação
nos próximos anos, inclusive com propostas interdisciplinares, o que seria muito
interessante, não só pela oportunidade de agregar outros elementos, como também
pela otimização do tempo. As possibilidades de desenvolver outras formas de
atividade no interior das escolas em proveito da construção dos saberes existem, na
medida em que se oportuniza espaço e tempo para que as ideias possam ser
desenvolvidas em sintonia com a necessidade de cada escola. Esta oportunidade foi
criada pelo PDE, cabe colocar que este é um processo continuo na valorização do
ensino e da escola publica de qualidade.
Referências
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2003. ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo Cardoso. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010. BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929 – 1989): a Revolução Francesa da historiografia. São Paulo: Unesp, 1997.
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FERRAZ, F. C. Uma agenda alternativa para o debate sobre o uso escolar das fontes históricas. in SCHMIDT, M. A. de; CAINELLI, m. R. III Encontro Perspectivas do Ensino de História. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999.
FERRÉS, Joan. Televisão e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
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educativa. 31ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura). NASCIMENTO, Jairo Carvalho do. Cinema e ensino de história: Realidade escolar, propostas e práticas na sala de aula. Fenix - Revista de História e Estudos Culturais, v. 5 ano V, n. 2 abr., maio, jun. 2008. Disponível em: <www.revistafenix.pro.br>. Acesso em 15 de maio 2012. NOVA, Cristiane. Cinema e o conhecimento histórico. O Olho da História – revista de história contemporânea, n. 3 dez. 1996. Disponível em:
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SOUZA, Aline aparecida de Almeida. Empatia Histórica: um estudo nas Atas das Jornadas Internacionais de Educação Histórica (2000-2006). 2009. 47p.
Conclusão de curso de pedagogia – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2009 SCHMIDT, M.A; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004. TODOROV, Tzvetan. A conquista da América a questão do outro. São Paulo:
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Filmografia
A Onda (Die Welle), Direção de Dennis Gansel, gênero drama; Alemanha, 2008, 110 min.
Sinopse: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.
ANEXOS:
Roteiro de análise de filme:
1. Sobre o filme:
- Local de produção:
- Ano de produção:
- Duração:
- Diretor:
- Roteiro:
- Gênero:
- Produtores/Financiadores:
2- Ponto de partida: verbalização espontânea das reações.
- relate a impressão que o filme causou em vocês
- De forma geral o filme agradou?
- O que foi mais ou menos importante ou mais ou menos satisfatório no filme?
-Relate outras impressões/reações pode ser de nível visceral (angustia medo, horror,
desespero...); de ordem estética (formato que o filme foi feito, local sequencia de imagens...);
de ordem ideológica; ética....
-Comente sobre o estilo do filme: romântico; satírico; irônico; melodramático; caricatural;
épico...
-Comente sobre o tom do filme: realista; hiper-realista; leve; divertido; poético; dinâmico...
3- Narrativa:
- Verbalize aquilo que é amplamente tratado pela história do filme.
- Refaça verbalmente a história organizando em blocos ou sequencia.
- Defina o(s) protagonista(s) (são aqueles em torno dos quais gira a trama/ enredo do filme) e
seus traços característicos: idade, sexo, profissão, aparência, classe social, nível cultural etc.
- Defina os demais personagens.
- Aponte as funções dos personagens na trama: ex. herói, auxiliar, princesa,
agressor/malvado, falso herói, mandatário etc.
- observe se há violência no decorrer da trama e se houver qual o tipo: física, verbal,
psicológica, moral, e as motivações que levam os personagens a recorrer à violência.
4- Temática do filme:
- Aponte as ideias em torno das quais se organizam a trama/história do filme.
- O quanto os personagens podem transmitir de significado ou simbolismo na história.
- Aparece no filme conteúdos de caráter ético, social, racial, concepções de vida, valores que
promove (honestidade, tratamento dado às pessoas etc.)
- A partir dos valores apresentados, qual a visão da sociedade que o filme reflete e estimula?
- Identifique o tema ou a ideia central – a intenção final seja implícita ou explícita que a história
propõe.
5- Reflexiva
- Existe maniqueísmo na apresentação das personagens ( feio/bonito, bom/mau, forte/fraco,
esperto/tolo etc...) esta personagem apresenta uma simplificação ou falsificação da realidade.
- Do ponto de vista ético, avalie as motivações dos personagens, os fins ou objetivos que eles
buscam e os meios que eles usam para alcança-los.
- Observe se no filme há justificativa para a violência e posicione-se em relação a isso – Pense
se os conflitos poderiam se resolver de outra forma.
- Posicione-se em relação à visão de vida, sociedade e valores que o filme transmite explícita
ou implicitamente.
- Avalie a si mesmo como espectador, pelo tipo de reação que o filme despertou –
comparando as reações iniciais ao vídeo com as reflexões críticas elaboradas durante a
análise.