Ciência na internet: a voz da experiência
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Ciência na internet: a voz da experiência
Durante cinco semanas apresentei, no blog Pós-graduando, os porquês de se utilizar a
internet como ferramenta de divulgação científica e algumas plataformas que poderiam
ser empregadas para esse fim. Quem quiser conferir os textos, basta acessar
posgraduando.com/autor/giovaniarieira e dar uma olhada. Agora, chegou a vez de ouvir
quem já divulga ciência na rede. Deixo aqui meu agradecimento a todos que se
disponibilizaram em responder às minhas questões. Então, com a palavra, os mais
experientes:
Lucas Marques e Luciano Queiroz, criadores e responsáveis pelo Dragões de
Garagem.
1. O que os motivou a usar a internet para divulgar ciência?
R: A principal motivação para criar um podcast sobre ciência foi o nosso interesse em
divulgação científica. Felizmente durante a graduação tivemos uma disciplina chamada
Filosofia da Ciência. As aulas eram às 7:30 da manhã de segunda-feira e todas eram
muito boas, apesar do sono. Acredito que o professor dessa disciplina foi a primeira
pessoa a nos apresentar alguns autores e gerar em nós um interesse por filosofia da
ciência e divulgação. Nela fomos apresentados ao Carl Sagan, Ernest Mayr, Richard
Dawkins Thomas Kuhn, Karl Popper, Stephen Jay Gold e tantos outros. A partir disso
começamos a buscar as obras desses autores. Temos que destacar o grande Carl Sagan.
Suas obras “O mundo assombrado pelos demônios” e “Cosmos” nos inspiraram a
querer consumir e criar conteúdos de divulgação científica. No final da nossa
graduação, já tínhamos contato com podcasts e pensamos que essa seria uma boa
plataforma de divulgação científica, ainda pouco explorada no Brasil. Aos poucos e aos
trancos e barrancos, fomos procurando softwares e outras facilidades pra desenvolver
esse tipo de trabalho.
2. Quais as maiores dificuldades enfrentadas no início e agora?
R: Fizemos um planejamento inicial de como gravar, escolha de temas, hospedagem,
domínio, participantes, edição, divisão do trabalho… ufa… muita coisa. Nosso
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planejamento inicial foi bom, mas ainda assim tivemos um caminho árduo pela frente,
na verdade, continua um pouco difícil, mas estamos vivos!
No começo o maior problema era a qualidade do áudio dos participantes. Ainda temos
problemas eventuais com alguns participantes, mas não como nos primeiros episódios,
quando a gravação era horrível, com vozes desniveladas e outros problemas.
Atualmente, para continuarmos crescendo, queremos que todos os participantes tenham
bons microfones e que a edição fique mais rápida e bem trabalhada. Com isso vamos
melhorar ainda mais a qualidade do áudio, tornando o programa mais agradável e
atraente para os ouvintes.
Juntar toda essa galera da academia em um horário específico pra gravar é dureza
também. Todo mundo com uma tese pra escrever, um artigo pra terminar, aulas pra
preparar, problemas com qualidade da internet, etc. Mas fazemos o possível e o
impossível pra encaixar as gravações na agenda dos participantes.
Uma grande dificuldade que está presente em todos os momentos do podcast, desde o
começo até o momento atual é o financiamento. Tudo que fizemos foi com dinheiro do
nosso próprio bolso, porque gostamos e queremos divulgar ciência. Acreditamos que o
podcast é uma ótima mídia para fazermos isso.
3. Que conselho vocês dariam pra quem quer começar a usar internet para esse
fim e está meio perdido?
R: É meio prepotente, ou pedante como diria o Cristiano, querer dar dicas de como
fazer ou quais caminhos seguir. Mesmo porque ainda estamos no começo. Mas se você
gosta de ciência e tem vontade de divulgá-la, a primeira coisa que você deve ter em
mente é que no começo tudo vai dar errado. Então, tente se planejar o máximo possível
e não fique esperando que as coisas aconteçam de uma hora para outra. A primeira
gravação nunca será excelente, e nunca terá milhões de ouvintes também. Às vezes até
vale a pena gravar um ou outro piloto antes, sem colocar no site, só pra pegar o ritmo.
Como já falamos em vários episódios, as maiores descobertas da ciência não surgiram
em um estalar de dedos, todas exigiram muita dedicação de seus idealizadores
(excetuando a penicilina e outras grandes loterias da história da ciência). Isso vale para
qualquer coisa que formos fazer em nossas vidas. Mais importante do que um tal
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“talento” inato, é o esforço e a vontade de não desistir na primeira dificuldade. Essa
resposta ficou com cara de livros de autoajuda, mas meio que funciona.
CONHEÇA O DRAGÕES DE GARAGEM:
Twitter: twitter.com/dragoesgaragem
Página no Facebook: facebook.com/dragoesdegaragem
Website: scienceblogs.com.br/dragoesdegaragem e dragoesdegaragem.com
Contato: [email protected]
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Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira, responsável pelo Universo Racionalista.
1. O que te motivou a usar a internet para divulgar ciência?
R: O principal motivo que me fez começar a divulgar ciência na internet foi à falta de
conteúdo relacionado ao tema no Facebook, isto é, quando criei a Universo racionalista
não existia muitas páginas de “ciência” como existem hoje, na época o Facebook estava
completamente dominado por páginas de humor, e eu não aguentava mais ver aqueles
“memes” no feeds de notícias, era algo inútil e desmoralizante.
A princípio o Universo Racionalista nasceu da pseudociência, isto é, o blog inicial
abordava de tudo, de ciência à pseudociência. O modelo de abordagem do Universo
Racionalista nasceu da divulgação da informação, ou seja, como no início tive que fazer
o trabalho todo sozinho, a maneira mais fácil de enriquecer o blog e a página com
conteúdo, era por meio de artigos e notícias veiculadas através de terceiros.
Com o sucesso da página, o blog acabou ficando parado, então comecei a me dedicar
totalmente à página. Nesse meio caminho andado, eu já estava mais crítico em relação
ao conhecimento, isto é, já sabia diferenciar ciência de pseudociência. E foi através da
obra “O Mundo Assombrado pelos Demônios” de Carl Sagan, que consegui desprender-
me da pseudociência e da superstição.
Em meio ao “desenvolvimento” do meu ceticismo, mudei a forma de abordar a
pseudociência na página e no site, isto é, o que era uma simples divulgação da
informação, acabou se tornando um alvo para as minhas críticas e refutações em relação
ao que a pseudociência divulga.
2. Quais as maiores dificuldades enfrentadas no início e agora?
R: A maior dificuldade em divulgar ciência é quando uma notícia bombástica acaba se
tornando viral na internet, isto é, se você acabar indo no embalo e não verificar a
veracidade da informação, isto é, correr atrás do “paper” original do estudo científico,
talvez você possa estar contribuindo para disseminação de um HOAX ou de uma notícia
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que foi distorcida, por isso é sempre bom correr atrás das fontes primárias antes de
divulgar qualquer tipo de informação.
3. Que conselho você daria pra quem quer começar a usar internet para esse fim e
está meio perdido?
R: A pessoa deve ter um bom conhecimento em ciência e em filosofia da ciência, em
especial nos critérios de demarcação entre ciência e pseudociência, deve-se saber onde e
como verificar a veracidade de uma informação, isto é, é necessário ter um
conhecimento básico para conseguir saber quando um periódico científico (paper
científico) foi ou não revisado (indexado) por pares, e assim saber quando uma notícia
de fato é credível, e é sempre bom saber o histórico de publicação dos autores, isto é, se
ele tem um histórico positivo (credível) ou negativo por algum motivo (pseudociência,
ou indução de uma crença na realização e publicação de um trabalho científico).
CONHEÇA O UNIOVERSO RACIONALISTA:
Twitter: www.twitter.com/U_Racionalista
Página no Facebook: www.facebook.com/UniversoRacionalista
Website: www.universoracionalista.org
Contato: [email protected]
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Jota, fundador do Canal Ciência e Ficção.
1. O que te motivou a usar a internet para divulgar ciência?
R: Meu interesse em divulgação científica se aflorou quando eu comecei a assistir a
documentários sobre ciência. Destaco a série Cosmos, por Carl Sagan, que, para mim e
para muitos fãs, foi um divisor de águas. Ao ter contato com a sabedoria de Sagan e
com sua ânsia pela disseminação do conhecimento científico, eu me senti impelido em
fazer alguma coisa que também mostrasse às pessoas a importância desse tipo de
conhecimento. Inicialmente, tentei desenvolver um blog. Entretanto, não houve o
alcance esperado e o deixei de lado. Então, recentemente, depois de navegar pelo
Youtube, ocorreu-me de começar a produzir vídeos com conteúdo científico. Como eu
gosto muito de ficção científica e sempre tive vontade de estudar os princípios
científicos e a viabilidade das tecnologias apresentadas nos filmes e séries, tive a ideia
de criar vídeos que explicassem as bases científicas e a probabilidade de aquilo tudo que
vemos na ficção se tornar realidade. Percebi que muita gente também tinha as mesmas
perguntas que eu.
Mas, por que vídeos? O vídeo é uma mídia que permite maior dinâmica na hora de
repassar o conteúdo. Com cada vídeo, eu consigo abordar um número grande de
informações, de forma mais atrativa e que prenda mais a atenção do público,
aproveitando o recurso audiovisual.
Foi assim que comecei o Canal Ciência e Ficção. Fiz um primeiro vídeo, sobre Jurassic
Park, abordando a clonagem de dinossauros e a Teoria do Caos. Logo depois, produzi
um vídeo sobre o filme Gattaca, falando sobre genética e eugenia. Vi que algumas
pessoas estavam assistindo e comentando nos vídeos, então fui produzindo mais e mais.
Nos vídeos, eu procuro passar algumas informações gerais sobre o filme (ano de
lançamento, gênero, diretor, protagonista etc.) e também falo de algumas curiosidades
sobre a produção, que pouca gente sabe. Depois, explico os princípios científicos
aplicados no filme e sua correspondência com a realidade.
2. Quais as maiores dificuldades enfrentadas no início e agora?
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R: Como em qualquer projeto com o qual nos envolvemos, muitas dificuldades surgem.
Dentre elas, eu destaco as seguintes:
1- Muito pouco tempo disponível para produzir vídeos. Como eu não ganho nada
com o Youtube, preciso seguir com minhas atividades rotineiras. Assim, fico com muito
pouco tempo disponível.
2- Divulgação dos vídeos e do canal. Eu dependo da ajuda dos inscritos para a
divulgação do trabalho. Eles compartilham os vídeos às vezes. Com isso, o meu alcance
é pequeno, já que não conto com um site ou grandes parcerias para aumentar o número
de inscritos. Mesmo assim, tenho ficado surpreso com os recentes ganhos do canal.
3- Edição de vídeos. Eu não tenho apoio técnico para editar os vídeos. Estou
aprendendo tudo sozinho, com ajuda de pesquisas da Internet e também “fuçando” nos
softwares de edição. A cada vídeo que faço, aprendo mais e mais. Tento sempre me
superar.
Apesar dessas e de outras dificuldades, não me senti, em nenhum momento,
desanimado. Ao contrário, parece que o surgimento dos problemas me estimula a
continuar e a melhorar cada vez mais, para conseguir superá-los.
3. Que conselho você daria pra quem quer começar a usar internet para esse fim e
está meio perdido?
R: Se você tem interesse em criar um canal no Youtube e começar a produzir vídeos,
aqui vão algumas dicas:
- Leia o material que o Youtube disponibiliza. É essencial conhecer bem o
funcionamento do site antes de se aventurar postando vídeos e montando um canal. O
Youtube tem muitas políticas que precisam ser conhecidas pelo usuário. Além disso, o
próprio site disponibiliza algumas informações sobre produção de vídeos e divulgação
de canal que podem ajudar.
- Aprenda a usar os softwares de edição. Um vídeo bem editado faz toda a diferença.
Muitas pessoas deixam de se inscrever em um canal que tem bom conteúdo porque os
vídeos são mal editados.
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- Divulgue o canal. Utilize as redes sociais, peça ajuda a outros canais, converse com
donos de páginas no Facebook, peça-os para divulgar os seus vídeos. As estratégias de
divulgação são importantíssimas para quem está iniciando um canal.
- Invista em qualidade. Não adianta divulgar muito e saber editar vídeos sem ter um
material de qualidade, que atenda ao público. É importantíssimo tentar manter ou
aumentar a qualidade do seu conteúdo a cada novo vídeo. Afinal, você precisa estimular
as pessoas a quererem continuar assistindo aos seus vídeos! Você não se inscreveria
num canal com conteúdo de baixa qualidade, não é mesmo?
- Tenha originalidade. Tente criar a sua “marca registrada”, o SEU jeito de fazer vídeos.
Você pode se inspirar em outros, mas não deve, de forma alguma, copiá-los. O Youtube
está repleto de canais muito parecidos uns com os outros. Para se destacar, é preciso ser
original.
-E, o principal, GOSTE do que você está fazendo. Se você tem, de fato, um grande
interesse sobre o assunto que aborda nos vídeos, tudo fica muito mais fácil.
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