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e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IV RO DIGITAL

O TROVADORISMO

Parte II: Cantigas de Amor

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GALAICO-PORTUGUÊS

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Os livros eletrônicosda coleção E-Poket,conforme o título jáindica, têm como ca-racterística o tamanhoreduzido, similar àspequenas coleções debolso. No caso presen-te, o formato e-poketfoi desenvolvido paraser lido, com todo con-forto visual, em celu-lares e outros equipa-mentos de telas comtamanho diminuto.

O TrovadorismoGalaico-Português, li-vro originalmente pu-blicado no ano de1997, em brochura im-pressa, e agora dispo-nibilizado em mídiadigital, é dividido emcinco partes para seadequar ao formatobreve dos demais li-vros da coleção E-Poket.

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GALAICO-PORTUGUÊS

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Tipologia: Gatineau, corpo 12Formato: 100 x 170 mmNúmero de páginas: 110

Salvador, 2019

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O TrovadorismoGalaico-Português

Cid Seixas

Parte 11:Cantigas de Amor

Com Apuração dos Textosem Língua Arcaica

Editora Uviversitária do Livro D igital

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6 coleção e-poket

Coleçãoe-poket

O TROVADORISMOGALAICO-PORTUGUÊS

Volume 1:Crítica e Apuração de Textos

Volume 2:Cantigas de Amor

Volume 3:Cantigas de Amigo

Volume 4:Cantigas de Escárnio e Maldizer

Volume 5:Outras Cantigas Trovadorescas

CONSELHO EDITORIAL:Cid Seixas (UFBA | UEFS)

Ester Ma de Figueiredo Souza (UESB)

Gabriel Evangelista (UEFS)

Marcio Ricardo Coelho Muniz (UFBA)

Rita Aparecida Coelho (UNEB)

Tércia Valverde (UEFS)

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CANTIGAS DE AMORManeyra de proençal .................. 11Proençaes non an coyta ............. 13Cantiga da garvaya ...................... 14Quando vus vi ............................. 15Se eu podesse desamar .............. 16Amor faz a min amar .................. 18Morerey de amor por vos ........... 20A causa da mha morte ................ 21Barcas novas ................................ 22

NOTAS DE LEITURADAS CANTIGAS DE AMOR

Leitura ........................................... 23Maneyra de proençal .................. 30Proençaes non an coyta ............. 37

SUMÁRIO

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8 coleção e-poket

Cantiga da garvaya ...................... 41Quando vus vi ............................. 44Se eu podesse desamar .............. 49Amor faz a min amar .................. 55Morerey de amor por vos ........... 60A causa da mha morte ................ 62Barcas novas ................................ 65

GLOSSÁRIO DE TERMOSGALAICO-PORTUGUESES ........... 71

REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIANÃO REFERENCIADA .................. 97

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Cant igasde Amor

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Se eu podesse desamara quen me senpre desamou,e podesse algu mal buscara quen me senpre mal buscou.Assi me vingaria eu,se eu podesse coyta dara quen me senpre coyta deu.

Mays non posso eu enganarmeu coraçon, que m’ enganou,por quanto me fez desejara quen me nunca desejou.Et por esto non dormio eu,porque non posso coyta dara quen me senpre coyta deu.

Se eu podessedesamar

Pero da Ponte

~

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Quer’ eu en maneyra de proençalfazer agora hun cantar d’amore querrey muyt’ i loar mha senhor,a que prez nen fremosura non fal,nen bõdade; e mays vus direy en:tanto a fez Deus conprida de benque mays que todas las do mundo val;

Ca mha senhor quyso Deus fazer tal,quando a fez, que a fez sabedorde todo be e de muy grã valor,e cõ tod’ esto he muy comunalali hu deve; er deulhi bõ sen,e des y nõ lhi fez pouco de ben,quando nõ quys que lh’ outra foss’ igual.

Ca en mha senhor nuca Deus pos mal,mays pos hi prez e beldad’ e loore falar muy be, e riir melhor

Maneyra de Proençal

D. Denis

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que outra molher; des y he lealmuyt’, e por esto nõ sey oj’ eu quenpossa compridamete no seu befalar, ca nõ ha, tralo seu ben, al.

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Proençaes soen muy ben trobare dizen eles que he cõ amor;mays os que troban no tepo da frole non en outro sey eu ben que nonam tan gran coyta no seu coraçonqual m’ eu per mha senhor vejo levar.

Pero que trobã e saben loarsas senhores o mays e o melhorque eles poden, sõo sabedorque os que trobã quand’ a frol sazõha, e nõ ante, se Deus mi perdon,nõ an tal coyta qual eu ey sen par.

Ca os que trobã e que ss’ alegrarvã eno tepo que ten a colora frol cõsigu’ e, tanto que se foraquel tepo, logu’ en trobar razõnõ an, nõ viven en qual perdiçõoj’ eu vivo, que poys m’ ha de matar.

Proençaes non an CoytaD. Denis

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No mundo non me sey parelha,mentre me for como me vay,ca ja moyro por vos — e aymha senhor, branca e vermelha,queredes que vus retrayaquando vus eu vi en saya.Mao dia me levãtey,que vus enton non vi fea.

E, mha senhor, des aquel dia,ay, me foy a mi muy mal,e vos, filha de don PaayMoniz, e ben vus semelhad’ aver eu per vos garvaya,poys eu, mha senhor, d’ alfayanunca de vos ouve ne eyvalia dua correa.

Cantiga da GarvayaPaay Soares de Taveyrós

ou Martin Soares

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Quando vus viRoy Paes de Ribela

Quando vus vi, fremosa mha senhor,logo vus soube tan grã ben quererque non cuydey que ouvesse poderper nulha ren de vus querer melhor.E ora ja direyvus que mi aven:cada dia vus quero mayor ben.

E porque vus vi fremoso falare parecer, logo vus tantamey,senhor fremosa, que assi coydeyque nunca vus podesse mays amar.E ora ja direyvus que mi aven:cada dia vus quero mayor ben.

Ameyvus tant’ u vus primero vi,que nunca ome tan de coraçonamou molher; e coydey eu entonque mayor ben nõ avia ja y.E ora ja direyvus que mi aven:cada dia vus quero mayor ben.

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Se Eu Podesse DesamarPero da Ponte

Se eu podesse desamara quen me senpre desamou,e podesse algu mal buscara quen me senpre mal buscou.Assi me vingaria eu,se eu podesse coyta dara quen me senpre coyta deu.

Mays non posso eu enganarmeu coraçon, que m’ enganou,por quanto me fez desejara quen me nunca desejou.Et por esto non dormio eu,porque non posso coyta dara quen me senpre coyta deu.

Mays rog’ a Deus que desampara quen m’ assi desanparou,vel que podess’ eu destorvara quen me sempre destorvou.

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E logo dormiria eu,se eu podesse coyta dara quen me senpre coyta deu.

Vel que ousass’ en preguntara quen me nunca preguntou,por que me fez en si cuydar,poys ela nunc’ en mi cuydou.E por esto lazeyro eu:porque non poss’ eu coyta dara quen me senpre coyta deu.

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Amor faz a Min AmarAyras Nunes de Sant’ Iago

Amor faz a min amar tal senhor,que he mays fremosa de quantas sey,e fazm’ alegr’ e fazme trobador,cuydand’ en ben sempr’, e mays vus direy:fazme viver en alegrançae fazme todavia en ben cuydar;poys min Amor non quer leyxare dam’ esforç’ e asperança,mal venh’ a quen se d’el desasperar.

Ca per Amor cuyd’ eu mays a valer,e os que d’ el desamperados sonnunca poderã nehuu ben aver,mays aver mal, e por esta razontrob’ eu e nõ por antolhança,mays por que sey muy lealment’ amar;poys min Amor nõ quer leyxare dam’ esforç’ e asperança,mal venh’ a quen se d’el desasperar.

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Cousecen min os que amor nõ ane nõ cousecen si, vedes qu’ he mal,ca trob’ e canto por senhor de pran,que de beldade quantas eu sey vale de todo ben sen dultança;atal am’ eu e por seu quer’ andar;poys min Amor nõ quer leyxare dam’ esforç’ e asperança,mal venh’ a quen se d’ el desasperar.

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Morrerey de Amor por VosRoy Queymado

Cuydades vos, mha senhor, que muy malestou de vos, e cuyd’ eu que muy beestou de vos, senhor, por ua renque vus ora direy, ca nõ por al:Se morrer, morrerey por vos, senhor;se m’ i ar fezerdes ben, aque melhor.

Tan mansa vus quys Deus Senhor fazere tan fremosa, e tan be falarque nõ poderia eu mal estarde vos, por quanto vus quero dizer:Se morrer, morrerey por vos, senhor;se m’ i ar fezerdes be, aque melhor.

Amovus tant’ e cõ tan gran razon,pero que nunca de vos be prendi,que coyd’ eu est’, e vos que non he ‘si;mays tant’ esforç’ ey no meu coraçon.Se morrer, morrerey por vos, senhor;se m’ i ar fezerdes be, aque melhor.

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A causa da mha morteRoy Queymado

Pregutou Joan Garciada morte de que morria;e dixelh’ eu todavia:— A morte d’esto se m’ ata:Guyomar Affonso Gataest’ a dona que me mata.

Poys que m’ ouve pregutadode que era tan coytado;e dixelh’ eu este recado:— A morte d’esto se m’ ata:Guyomar Affonso Gataest’ a dona que me mata.

Dixelh’ eu: “Ja vus digoa coyta que ey comigo”;per bõa fe, meu amigo:— A morte d’ esto se m’ ata:Guyomar Affonso Gataest’ a dona que me mata.

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Barcas novasJoan Zorro

En Lixboa, sobre lo mar,barcas novas mandey lavrar;ay, mha senhor velida.

En Lixboa, sobre lo ler,barcas novas mandey fazer;ay, mha senhor velida.

Barcas novas mandey lavrar,eno mar as mandey deytar;ay, mha senhor velida.

Barcas novas mandey fazereno mar as mandey meter;ay, mha senhor velida.

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das Cantigas de AmorNOTAS DE LEITURA

Por se tratar do gênero de composi-ção menos ligado à tradição criadoralocal, as cantigas de amor apresentamuma série de regras e preceitos herda-dos do provençalismo, muito emboratenham sofrido adaptações à ideologiae ao estro dos trovadores ibéricos. Tan-to de ponto de vista formal, quantoconceitual, as nossas cantigas de amorapresentam elementos dissonantes docânone da lírica provençal. Ela foi semdúvida o gênero mais prestigiado, tidocomo palaciano e nobre, por excelên-cia, sendo a sua composição reservada

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aos aristocratas letrados e aos religio-sos, igualmente formados no rigor doestudo do trivium.

Convém não perder de vista que otrovadorismo galaico, apesar de ser ummovimento de cantigas orais, exigiapara a composição de qualquer um dosgêneros que o autor fosse um homemnobre que conhecesse os preceitos dacriação poética, postos em prática noestudo e nos exercícios de composiçãode poemas em latim e outras obras decaráter religioso. Daí a discriminaçãopara com os vilões que, postos a servi-ço dos trovadores como jograis, tinhama pretensão de cometer suas própriascomposições.

Especialmente na época de el-Rei D.Afonso X, o Sábio, de Leão e Castela, otrovar passa a ser visto como uma dasatividades mais nobres. Um neto desteRei castelhano, D. Denis (Rei de Portu-gal e, por sua vez avô de um outro rei

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castelhano de sensibilidade intelectual,D. Afonso XI), recebe o cetro trovado-resco do avô, o Sábio. Educado paraser um homem refinado e culto foi dis-cípulo de preceptores famosos comoAméric d’ Ebrard, bispo nascido naAquitânia, sendo el-Rei Trovador conhe-cedor não só do latim como de outraslínguas poéticas de prestígio.

Apesar do Trovadorismo ser ummovimento essencialmente oral, e dagrande maioria da população medie-val ser analfabeta, não esqueçamos deque tanto os trovadores quanto os re-quintados homens cultivavam as letras.Embora a atividade intelectual não fos-se generalizada nas cortes, o exemplodos reis letrados era seguido por umconsiderável número de pessoas inte-ressadas no cultivo da inteligência.

Em 1309 D. Denis assina uma cartade proteção aos estudantes da Univer-sidade de Coimbra, cujo teor revela a

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importância atribuída aos estudos. Ve-jamos um trecho do documento:

“Dom Denis, pela graça de Deus, Reyde Portugal e do Algarve, a quantos estacarta virem faço saber que eu recebo emmha guarda e e mha enconme da e someu defendimeto todollos scollares que

steverem no Studo de Coimbra e os quepera elle vieerem enquamto forem eveerem pela elle, por que mando e de-

fendo que nenhuu nom faça mal a es-ses scolhares ne os feyra ne os traga mal,ca aquelle que o ffizesse pertarmeia os

meus encoutos de seis mill soldos e o sseucorpo staria aa mha merçee. E em teste-munho d’esto dey a Universidade dos

Scollares d’esse Studo esta mha carta.”

Na época de D. Denis, Portugal pas-sa a dominar o panorama do trovadoris-mo ibérico. É simbólico o gesto de umdos seus filhos bastardos, D. Pedro,

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Conde de Barcelos, fruto de um dosmuitos amores proibidos do Rei-Trova-dor com damas ilustres. O último dosnossos trovadores, D. Pedro, ao morrerdeixa no seu testamento os bens poéti-cos, como o seu cancioneiro, não parao irmão, Rei de Portugal, mas para osobrinho D. Afonso XI, o novo Rei-Po-eta de Castela. Como registra, nostálgi-co, o estudioso português Álvaro Pim-pão: o cetro poético passava de mão;Portugal perdia a hegemonia trovado-resca que até aí detivera.

Muito se tem especulado a respeitodo livro de cantigas do Conde de Bar-celos, que teria sido um completo in-ventário da produção galaico-portugue-sa conhecida. Este cancioneiro, hojeperdido, teria originado os apógrafosda Vaticana e Colocci-Brancuti.

Apesar de toda esta relação entre anobreza e o trovadorismo, a criatividadelocal e a influência advinda das formas

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populares, como as cantigas de amigo,amplamente praticadas nos palácios,mudaram a fisionomia das cantigas deamor galaico-portuguesas. Isso DomDenis registra muito bem nas suas com-posições.

A dama que figura nas nossas canti-gas de amor pode ser uma donzela, porinfluência das cantigas de amigo, e nãomais, necessariamente, uma mulher ca-sada, como nos cantares provençais.Como os casamentos da nobreza nãoeram feitos por amor, mas por interes-se, as relações amorosas ganharamamplitude e requinte nas declaraçõesatravés das cantigas.

A cantiga de amor era uma imposi-ção e uma válvula de escape necessá-ria à preservação do próprio sistemaconjugal da época. É possível afirmar,inclusive, que muitos dos cantares deD. Denis são para as donas e donzelasque o Rei queria conquistar.

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Inserida tão umbilicalmente na vidadas cortes ibéricas, a cantiga de amor,às vezes, perde os traços formais toma-dos da tradição trovadoresca provençalpara adquirir uma fisionomia local. Aespontânea musicalidade da cantiga deamigo termina contaminando a formatrazida de Provence, do mesmo modoque o formalismo provençal, às vezes,se faz presente na cantiga de amigo.Assim, não podemos, a rigor, classificaras cantigas galaico-portuguesas a partirda fôrma poética adotada; a classifica-ção será tão somente baseado no temae no modo de dizer.

Comecemos o nosso roteiro de lei-tura com duas das mais conhecidas can-tigas de D. Denis, aqui publicadas.

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1 Maneyra de proençal

D. Denis, o Rei-Trovador, nascido em1261 e morto em 1325, evidencia aconsciência da técnica poética comomarca de um autor que soube usar asua condição de homem de alta linha-gem para ter acesso ao saber mais ele-vado. Apesar de iniciar o seu reinadocom apenas dezoito anos, conciliou asobrigações de soberano da coroa por-tuguesa com a continuidade do seuaprimoramento intelectual.

O papel de D. Denis é comparávelsomente ao de D. Afonso X, o Sábio,rei de Castela, de quem era neto. Alémdo incentivo dado à nascente arte lite-rária portuguesa, D. Denis cria a Uni-versidade e substitui, nos documentoslegais, o uso do latim pelo emprego dofalar vulgar da região, fomentando as-sim a constituição do Português comolíngua histórica e de cultura.

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O Rei-Trovador inicia o seu cantoafirmando o desejo de praticar o mo-delo trazido pelos versejadores daLangue D’ Oc, o que atesta o seu co-nhecimento da arte provençal e de ou-tras formas de arte também praticadasna Península Ibérica.

Passemos à cantiga:— Quero fazer um cantar de amor

em maneira de provençal. E, desta for-ma, desejo louvar minha senhora, aquem não faltam méritos nem formo-sura, nem bondade.

E diz mais:— Deus a fez tão plena de bens que

vale mais que todas as damas do mun-do. Ela é muito sociável, nas ocasiõesdevidas, posto que é sensata e a elanão existe outra igual.

Na última estrofe, estes lugares co-muns e mesuras da galantaria cavalhei-resca são reiterados com a afirmativa:

— Deus não pôs nada de mal naminha Senhora que, além de tudo, sabe

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falar muito bem e rir de maneira aindamelhor, como convém a uma dama dealta linhagem. Por isso, não sei quempossa falar adequadamente das suasqualidades, porque não há nada alémdo seu bem (ca nõ ha, tralo seu ben,al).

Além do louvor à sua senhora, o quebem enquadra esta composição no gê-nero, D. Denis ao optar pela maneirade trovar provençal deixa implícito queexistem outras maneiras de se cantar.Além de outros gêneros, como as canti-gas de amigo, de escárnio e maldizer,existe ainda uma maneira diversa daprovençal de fazer um cantar de amor— criada pelos trovadores ibéricos. Estaforma local é exemplarmente decanta-da na peça “Proençaes non an coyta”,que será analisada em seguida.

Observe-se que, embora abrindo es-paço para questões que ultrapassam atemática da cantiga de amor, “Maneyra

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de Proençal” inscreve-se, através da lou-vação da mulher, nos limites deste gê-nero de cantigas.

Jakobson toma como base para ca-racterizar um discurso a preponderân-cia de elementos, posto que nem sem-pre nos defrontamos com discursos ho-mogêneos, que apresentem um só tipode elementos constituintes. Já no casoseguinte, na composição “Proençaesnon an coyta”, não podemos afirmarque o elemento temático preponderan-te seja a louvação da mulher, ou o so-frimento amoroso, uma vez que o con-fronto de poéticas é um elementotemático igualmente forte. Uma refle-xão de ordem conceitual e teórica seimpõe, aproximando esta segunda can-tiga de um gênero do qual falaremosmais adiante nas “Notas de leitura deoutras cantigas trovadorescas” — osirventês.

Mas, antes de passamos à segundacantiga, convém chamar atenção do lei-

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tor para o aspecto formal de “Maneyrade Proençal”. Sabemos que o trovado-rismo desenvolveu um gênero de com-posição essencialmente oral e destina-do a um público quase sempre não al-fabetizado; pessoas de uma culturamarcada pela oralidade. Daí a designa-ção de cantigas, e não de poemas, paratais peças, o que não impede as com-posições de apresentarem uma estrutu-ra altamente elaborada. Isto porque osseus autores eram pessoas diferencia-das no panorama intelectual da IdadeMédia. Via de regra, os trovadores tive-ram educação esmerada com mongese outros religiosos, conhecendo os pre-ceitos da poética aplicados à composi-ção e à análise de obras sacras.

Deste modo, é impreciso consideraro movimento trovadoresco como sinô-nimo de arte primitiva ou ingênua, comopode supor o leitor mais apressado.Temos ingenuidade e simplicidade na

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estrutura de muitas cantigas de amigo,quando o trovador recupera o saborpopular das mesmas como forma artís-tica de reconstituição ou de imitaçãode um modelo. Outras peças são tãoelaboradas quanto as mais complexascantigas de amor praticadas pelosprovençais. A diferença essencial é quea elaboração da cantiga de amigo deveser ocultada sob o disfarce da singele-za. Lembro aqui uma assertiva atribuí-da a Clarice Lispector que parece apro-priada ao tema discutido: “Que ninguémse engane, só se consegue a simplici-dade através de muito trabalho.”

Não esqueçamos também que a téc-nica de fingimento e despersonalizaçãodas cantigas de amigo, ou a sua natu-reza de texto ficcional, vai influenciaras cantigas de amor ibéricas, tornando-as distintas das provençais.

“Quer’ eu en maneyra de proençal”é um verso decassilábico, como os de-

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mais desta cantiga, que obedece ao es-quema de rimas abbacca, onde o pri-meiro verso rima com o quarto e o séti-mo; o segundo com o terceiro; e oquinto rima com o sexto verso. Isto emtodas as três estrofes, compostas cadauma delas por sete versos de dez síla-bas cada um. Tal esquematicidade for-mal, mesmo numa análise superficialcomo esta, já demonstra o grau de do-mínio das técnicas de versificação porparte do trovador.

As cantigas que trazem refrão ou re-petição de versos nos lembram, na suaestrutura, o gosto popular pela reitera-ção ou pela redundância, como nascantigas de amigo. Já esta composiçãoaqui intitulada “Maneyra de Proençal”é chamada de cantiga de maestria, emoposição às cantigas de refrão. A de-signação parte do pressuposto segun-do o qual tomar uma refrão como basede sustentação da cantiga é mais fácil

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do que compor sem um refrão. Assim,as cantigas cujas estrofes se sucedemsem necessidade de se ancorar numrefrão são denominadas cantigas demaestria. Ou melhor, cantigas feitas porum mestre na arte de trovar.

2 Proençaes non an coyta

Nesta composição de três estrofes deseis versos cada, obedecendo ao esque-ma de rimas em abbcca, o Rei-Trova-dor procura estabelecer a diferença en-tre o cantar galaico-português e oprovençal, apresentando argumentosque, na sua concepção, demonstram asuperioridade do nosso lirismo amoro-so. Tal concepção, inaugurada por D.Denis, faz escola na tradição literáriaportuguesa, só vindo a ser refutada noséculo XX. Antes de discutirmos estaperspectiva, passemos a outros aspec-tos temáticos gerais da cantiga.

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Para ele, os provençais costumam(soen) trovar muito bem, mas aquelesque trovam apenas no tempo da flor,isto é, na primavera, não têm no cora-ção o mesmo sofrimento amoroso queele carrega.

Veja-se que a coyta, o sofrer poramor, o tornar-se coitado e digno, por-tanto, da recompensa da sua senhora éo ponto de honra do trovador.

Mas aqueles que fazem isto apenasna estação das flores, tanto que nãoencontram razão em cantar após estetempo, estariam sendo fingidos.

Ora, vejamos que D. Denis vai oporo seu canto ao dos provençais, afirman-do-se sincero e aos outros fingidos. En-quanto ele canta por um amor sentido,os provençais cantariam por mera artede cantar. Nosso trovador desloca aquestão do valor das composições datécnica de trovar para a motivação docantar.

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Nesta perspectiva, a lírica seria a ex-pressão do sentimento do eu do sujeitoemissor. A ficcionalidade estaria bani-da deste gênero. Observe-se que todaa tradição poética portuguesa segue esteviés, tanto que Fernando Pessoa foi acu-sado de insincero pelos seus contem-porâneos, quando deu lugar na sua voza um outro eu. Ele responde ponto porponto em dois poemas; no conhecidotexto que se inicia com o verso “O poe-ta é um fingidor” e em outro, menosconhecido, “Isto”:

Dizem que finjo ou mintoTudo que escrevo. Não.Eu simplesmente sinto

com a imaginação.Não uso o coração.

Tudo que sonho ou passo,o que me falha ou finda,é como que um terraço

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sobre outra coisa ainda.

Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

Ao responder, Pessoa não faz por

menos: provoca; sem explicitar didati-

camente que a sinceridade não diz res-

peito ao artista, ao enunciador, mas aosujeito enunciado. É como se o poema

lírico também tivesse personagens como

na prosa de ficção. O eu do poeta líri-

co não é necessariamente um eu real,

mas um eu ficcional. Outros poetasmodernos da nossa língua continuam

a fala pessoana. Cecília Meireles, como

se estivesse respondendo ao equívoco

de Dom Denis, escreve:

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Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.

E Drummond imortaliza em um dosseus poemas a expressão “Sentimentodo mundo”, em oposição ao sentimen-to de um sujeito particular.

3 Cantiga da garvaya

Esta cantiga foi por muito tempo con-siderada como a mais antiga composi-ção do gênero, composta entre 1189 ou1198. D. Carolina Michaëlis de Vascon-celos, na sua edição crítica do Cancio-neiro da Ajuda, julgou que fossededicada por Paay Soares de Taveyrósa D. Maria Pais, a Ribeirinha, dama quemereceu as atenções amorosas de D.Sancho I.

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Após as pesquisas da ilustre roma-nista, foram encontradas evidência deque Paay Soares de Taveyrós é um au-tor que floresceu no início do séculoXIII e não durante o século XII.

Em 1963, Valeria Bertolucci Pizzo-russo, em edição crítica das 45 cantigasde Martin Soares, contrapõe-se a D.Carolina Michaëlis de Vasconcelos edesde então afirma com autoridadedocumental que o autor da “Cantiga dagarvaya” — e de três outras cantigas —não é Paay Soares de Taveyrós masMartin Soares.

Ambos os trovadores mantinham di-álogos poéticos, fato, aliás, registradonuma rubrica do Cancioneiro da Aju-

da. Português de Riba de Lima, MartinSoares atuou entre 1230 a 1270, sendoconsiderado pelos seus contemporâne-os como um dos maiores trovadores doseu tempo. Exerceu o seu ofício princi-palmente na corte castelhana de D.

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Afonso X, o Sábio, onde cultivou o gê-nero lírico e o satírico.

Na sua louvação, o autor da “Canti-ga da garvaya” externa o sofrimentoamoroso dizendo mais ou menos o se-guinte:

— No mundo não sei de ninguémigual a mim, enquanto as coisas conti-nuarem como vão, porque morro porvós, minha senhora alva e rosada.Quereis que vos retrate quando vos viem roupas mais informais.

A saya era uma peça do vestuáriodestinada ao uso doméstico ou sob ummanto, quando usada diante de estra-nhos.

Como convinha à ética trovadorescade respeito e manifestação de poucaintimidade com a dama, o trovador la-menta merecer muito pouco desta se-nhora:

— Mal dia em que me levantei enão vos achei feia, porque desde aquele

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dia padeço deste mal e desta melanco-lia, cultivando respeito a vós que soisfilha de D. Paay Moniz. Seria muitobom que eu tivesse como lembrançaum vestido ou um manto (d’ aver eu

per vos garvaya) da minha senhora, masdestas coisas de uso doméstico nãomereci nem mesmo um simples laço (neey valia du a correa).

4 Quando vus vi

Roy Paes de Ribela é um trovadorde origem pouco conhecida. Como oúltimo nome permite localizá-lo, sabe-se que ele é natural de uma aldeia cha-mada Ribela, entre as muitas existentesna Península Ibérica. Somente naGalícia ainda existem cinco e três emPortugal com o nome de Ribela. Apu-rou-se que ele teria frequentado a cor-te castelhana de D. Afonso X, deixan-

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do diversas composições espalhadas edepois recolhidas nos três grandes can-cioneiros. No Cancioneiro da Ajuda, deonde foi retirada a peça aqui intitulada“Quando vus vi”, Roy Paes comparececom esta e com mais doze cantigas deamor, quase todas de refran, sendoapenas duas de maestria.

Alguns estudiosos supõem que eletenha sido um menestrel viandante,destes que viviam acompanhados desoldadeiras e outros jograis de diversaslocalidades, à procura de um paço onderecebessem comida e boa acolhida. Talsuposição se baseia no fato dele serautor de cantigas de escárnio bemchulas, contendo formulações conside-radas vulgares, como também se ba-seia na sua preferência pelas formasmais despojadas, inclusive a chamadacantiga de vilão, na qual a simplicida-de dos dísticos é arrematada por umrefrão mais curto.

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Dona Carolina Michaëlis de Vascon-celos considera fantasiosa a suposiçãoque ele seja um simples menestrel, por-que tal hipótese é baseada tão somen-te na estrutura das cantigas deixadas porRoy Paes de Ribela. Segundo as obser-vações desta estudiosa, seria mais pru-dente considerar que se trata de um “ca-valeiro obscuro, de uma só lança, e tro-vador de seu ofício”, como Joan Garciade Guylhade, Roy Queimado e PeroGarcia.

As estrofes decassilábicas compostasde quatro versos e um refrão em dístico,obedecendo à estrutura jâmbica daversificação latina (um verso breve eum longo), constituem cobras singula-res, ou seja: estrofes de quatro versos,seguidas por um dístico como refrão. Arima segue a sequência abbacc.

Na primeira cobra ou estrofe, o tro-vador diz:

— Quando vos vi, minha formosasenhora, logo descobri o quanto a ama-

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ria (vus soube tan grã ben querer), nãoimaginei que fosse possível amar aindamais (per nulha ren de vus querer me-lhor = por coisa alguma vos querermais). E agora já direi o que me acon-tecerá: cada dia vos querer um bem ain-da maior.

No apógrafo da Ajuda podemos lero verso “E ora ia direiuus como miauen” com o último termo separadamen-te: mia uen; ou aglutinadamente, for-mando uma só palavra: miauen. Naprimeira e na última estrofe lemos tex-tualmente mia uen, enquanto na segun-da consta miauen. Se considerarmosque se trata do pronome mia, aqui trans-crito mha pelo fato do i ser umasemivogal, formando um monossílabo(mha) e não um dissílabo (mí-a), in-terpretaremos o verso transcrito “E oraja direyvus que mia ven” como signifi-cando: “agora já vos direi que vem sen-do minha”. Ocorre que D. Carolina, tal-

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vez baseada no fato da distância quesepara as letras ser irregular e não nospermitir a certeza de estar lendo miauen ou miauen, lê todas as três estro-fes separando as letras diferentemente:mi auen. Neste caso, o sentido encon-trado é o de me advém. Levando emconta a lição da douta filóloga é quesubstituímos a nossa leitura textual pelaleitura que foi adotada na sua ediçãocrítica.

— E porque vus vi falar bem e pare-cer ainda mais bela, logo vos amei tan-to e tanto que imaginei que não pu-desse vos amar ainda mais do que jáamava.

— Amei tanto quando vus vi pelaprimeira vez que nunca um homemamou a uma mulher tão de coração; eimaginei então que no mundo não ha-via mais bem querer do que este. Masagora direi o que me advém: cada diavos querer um bem ainda maior.

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5 Se eu podesse desamar

As quatro estrofes, com sete versosde oito sílabas cada um, obedecendo àrima entrelaçada ababcac, já lembrabastante a poesia dos séculos seguin-tes, tanto pela independência rítmica dotexto com relação à música quanto pelanatureza popular da cantiga. Os doisversos finais de cada estrofe funcionamcomo refrão, enquanto o anterior, oquinto verso de cada uma das estrofes,apresenta variações por analogia desentido, como ocorre nas cantigas deamigo.

O autor desta peça, Pero da Ponte,como deixam transparecer a estrutura ea qualidade do seu trovar, foi um segrelda corte castelhana de D. Fernando (opai de D. Afonso X, o Sábio) e não umnobre trovador.

D. Carolina Michaëlis de Vasconce-los observa que Pero da Ponte obtinha

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seu sustento fazendo cantigas, inclusi-ve de amor, por encomenda de tercei-ros, cujos sentimentos e expectativas osegrel procurava expressar.

Por outro lado, sabe-se que o mes-mo Pero da Ponte era portador de umdefeito físico, em consequência do qualfoi ridicularizado com o epíteto de mal-

talhado, segundo a impiedosa jocosi-dade em voga. Quando D. Afonso Xassumiu o cetro, Pero da Ponte conti-nuou na corte, embora não fosse bemaceito pelo monarca, que dirigia a eleversos de desprezo. Magnânimo commuitos daqueles que precisavam usaro seu talento artístico para viver, o ReiCastelhano não dispensava idêntico tra-tamento a esse segrel galego.

Para que melhor se compreenda olugar desse autor na hierarquia trovado-resca, convém lembrar que o segrel eraum pobre jogral (não nobre) que alémde viver de palácio em palácio tocan-

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do e cantando as trovas dos bem nasci-dos homens, também compunha suaspróprias trovas e melodias. Convémobservar ainda que tanto pessoas dopovo quando nobres decaídos ganha-vam a vida como trovadores-jograis, istoé, como segréis. Pero da Ponte aparecenos cancioneiros com mais de meia cen-tena de cantigas, quase todas de maldi-zer. As suas poucas cantigas de amigoe de amor são de alta qualidade, sevistas sem se levar em conta os rigoro-sos preceitos da fôrma.

Nesta peça, aqui vista como umacantiga de amor, nota-se de início a di-versidade de estrutura com relação aoarquétipo de cantiga de amor que cons-truímos após a leitura de algumas com-posições deste gênero. O versodecassilábico, tomado como medidanova pelos poetas do século XVI e ma-nejado com rigor pelos trovadores doséculo XIII, é substituído por um metro

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mais próximo da fala corrente e tam-bém da redondilha maior.

Por causa disso, o plano do conteú-do desta cantiga se afasta do plano doconteúdo (ou das convenções aristocrá-ticas) das cantigas de amor, onde umconjunto de ideias previamenteestabelecidas davam suporte à louva-ção de uma dama e à manifestação dosofrimento do pretendente.

Na cantiga “Se eu podesse desa-mar”, o sujeito poético gostaria de sen-tir o “confortante” sabor da vingançasentimental, provocando o mesmo so-frimento que a dama lhe impõe. Estavingança seria conseguida se ele fosseamado e deixasse de amar a esta se-nhora, fazendo-a experimentar todo omal causado ao triste suspirante.

Além da coyta amorosa, já referidaem cantiga anterior, aparece outra ex-pressão bastante significativa e muitasvezes encontrada na linguagem das

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cantigas líricas medievais: o cuydar.Evidentemente, este cuidado não é omesmo que se dedica a uma coisa qual-quer. O cuidar amoroso é fazer-separtícipe das alegrias e tristezas do ou-tro. É encantar-se e enamorar-se. En-fim, é cuidar das coisas de amor, nãode outras.

Na segunda estrofe, ele reconhecenão mais poder se enganar com sonhos,nem mais poder desejar a quem nuncao desejou; mas continua buscando con-solo na vingança amorosa. Na estrofeseguinte, acrescenta:

— Mas rogo a Deus que desamparea quem assim me desamparou, ou queeu pudesse causar estorvo a quem sem-pre me estorvou.

E termina, na última instância, apre-sentando como alternativa ao desejo deimpor sofrimento à amada a possibili-dade de saber dela como pôde causartais sentimentos:

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— Ou que eu ousasse perguntar aquem nunca me perguntou nada por-que ela fez com que eu me apaixonas-se por quem nunca sentiu amor pormim. E por isto sofro sem poder fazersofrer a quem sempre me causou ossofrimentos do amor.

Veja-se que enquanto a galanteriacavaleiresca das cantigas de amor fazcom que os trovadores reajam à indife-rença da mulher sonhada, exaltando asqualidades desta dama, na cantiga dePero da Ponte, o sentimento de revoltae ressentimento é a tônica maior. Osegrel, com a natureza primitiva do seusentimento amoroso, onde amor e ódiose intercalam, aproxima o modo de sen-tir desta cantiga de reações presentesnos espíritos menos cultivados. Certaspessoas transitam entre o amor e o ódiocom como se tais sentimentos constitu-íssem estações de uma mesma escala.Se a mesquinhez desta reação estava

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presente no sentimento dos trovadores,

eles conseguiam ocultar ou arrefecer oafeto negativo através da observância

de uma ética cavaleiresca.A cantiga do segrel Pero da Ponte

pode ser tomada como modelo diverso

da cantiga de um trovador de forma-ção e linhagem, onde a observância das

regras presidia o processo de criação.

6 Amor faz a min amar

Estas três cobras ou estrofes de noveversos cada com esquema de rima

ababcddcd apresenta uma estruturamétrica variada, permutando versos

decassilábicos e octossilábicos. São de

oito sílabas o sétimo e o oitavos versosde cada estrofe, que são repetidos como

refrão juntamente ao nono e últimoverso de cada cobra:

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poys min Amor nõ quer leyxare dam’ esforç’ e asperança

mal venh’ a quen se d’ el desasperar.

Também é de oito sílabas o quintoverso de cada estrofe (esquema rímicoc), terminando em “ança” (alegrança,antolhança e dultança) e rimando como oitavo verso, de igual esquema rímico(c = “ança”) e idêntico número de síla-bas.

Ayras Nunes de Sant’ Iago foi umclérigo que viveu em Santiago deCompostela nos fins do século XIII, ten-do portanto frequentado os rigorososensinamentos ministrados pela Igreja,o que lhe assegurou um bom conheci-mento das letras. Com isto, o trovadorpode compor de modo variado e criati-vo, fazendo com que suas composiçõesreflitam a consciência poética e o co-nhecimento das regras trovadorescas. Háinformações de que Ayras Nunes viveu

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também na corte castelhana de D.Sancho IV.

Ele comparece, mais adiante, nestaseleção de peças trovadorescas, com asua primorosa “Baylia das Avelaneyras”,abrindo a parte das cantigas de amigo.

Na cantiga aqui intitulada “Amor faza min amar” temos um amor plenamen-te correspondido, no qual o trovadormanifesta seu contentamento confes-sando a quem quiser ouvir:

— O amor faz-me amar tal senhora,que é a mais formosa de todas que co-nheço, e faz-me alegre e faz-me trova-dor, cuidando do seu bem querer. Emais vos direi: Faz-me viver alegrementee todavia faz-me cuidar dos bens amo-rosos. Pois meu amor, que não me dei-xa, dá-me esforço e esperança; coitadodaquele que do amor se desesperar.

— Por amor recebo maiores aten-ções e sou mais valorizado do que aque-les que são desamparados de amor (os

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que d’ el desamperados son) e nuncapoderão ter qualquer bem, somentemales. Por esta razão é que eu trovo,não por cobiça (antolhança), mas por-que sei amar muito lealmente. Pois meuamor, que não me deixa, dá-me esfor-ço e esperança; coitado daquele quedo amor se desesperar.

— Censuram-me os que não têmamor, mas não censuram a si mesmos.Vejam que isto é errado. Porque eutrovo e canto por uma senhora de va-lor, cuja beleza vale mais do que a detodas que conheço, e sem dúvida valemais por todo bem. A tal mulher euamo e quero estar a serviço do seu bemquerer. Pois meu amor, que não medeixa, dá-me esforço e esperança; coi-tado daquele que do amor se desespe-rar.

A cantiga “Amor faz a min amar”merece especial destaque pelo fato deir contra o lugar comum dos eternos

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lamentos e suspiros por uma dama ina-cessível, que constitui a tônica do gê-nero, entre nós. Aqui, o trovador não éo pobre frenhedor, o coytado, mas, aoque parece, ascendeu à condição denamorado e obteve o galardam doamor.

Esta é, portanto, uma cantiga atípica,quanto ao modo de relacionamentoamoroso previsto pela ética galaico-por-tuguesa. Embora o trovador não assu-ma explicitamente a realização física doamor, ele também não suspira ainacessibilidade de uma dama. Reco-nhece que é censurado por aquelesque não se realizam no amor e sugereque estas pessoas deveriam censurar asi mesmos; e não a ele, que canta etrova por uma mulher de valor e bele-za incomparáveis.

Como o trovador sofre diante do maldo amor, isto é: a relação nãocorrespondida, a possibilidade da dama

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corresponder ou conceder seus favoresamorosos é chamada de “fazer o bem”.

7 Morrerey de amor por vos

Roy Queymado, ou Rui Queimado,tornou-se famoso para a posteridadepelo tom hiperbólico do seu sofrimen-to amoroso, estando sempre a morrerde amor. Esta fama deveu-se ainda aironia com que foi tratado por outrostrovadores em cantigas de escárnio emaldizer. Vivendo na segunda metadedo século XIII, a mesma época de JoanGarcia de Guylhade, Joan SoarezCõelho e Pero Garcia Burgalez, RoyQueymado é objeto da troça deste últi-mo, incluída entre as cantigas de escár-nio e maldizer aqui selecionadas.

Mas vejamos o que ele diz:— Pensais que estou muito mal por

vossa causa, minha senhora, mas cui-

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do que estou bem por uma coisa queagora vos direi, e não por mais nada:se eu morrer morrerei por vós; se mederes outra vez alguma recompensaamorosa, tanto melhor (se m’ i ar

fazerdes be , aque melhor).O refrão — “Se eu morrer, morrerei

por vós, senhora” — traz uma atrevidaesperança de realização do desejo,traduzida no verso — “se me deres al-guma recompensa amorosa” ou “se mefizeres o bem, tanto melhor” –, porquesendo distinguido com as recompensasdo amor, ele não mais morreria de de-sejo. Mesmo insinuando que desejariaos furtivos e doces frutos do amor, otrovador afirma o seu contentamentotão somente pela existência de tão en-cantadora criatura, independentemen-te se ser correspondido ou não:

— Tão meiga Deus vos fez, tão for-mosa e tão cativante no falar que eunão poderia estar descontente. Por tudo

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isso quero dizer: se eu morrer, morrereipor vós; se me deres alguma recom-pensa amorosa, tanto melhor.

— Amo-vos tanto e com tão grandeacerto, mas nunca fui retribuído (nun-

ca de vos ben prendi), que tenho certe-za deste amor, embora não pensais as-sim (e vos que non é ‘si). Estou convictono meu coração: se eu morrer, morre-rei por vós, senhora; se me deres osfrutos do amor, ou se me fizeres o bem,tanto melhor, porque assim não maismorrerei de desejo.

8 A causa da mha morte

Assim como a anterior, esta compo-sição de Roy Queymado é também umacantiga de refrão. Aqui o refrão ganhamaior destaque por se desenvolver emtrês versos, de forma reiterativa como opróprio corpo da cantiga, lembrando

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bastante a estrutura das cantigas deamigo.

Simples e graciosa, esta composiçãonão oferece nenhum dificuldade de lei-tura, impondo a sua mensagem a partirda musicalidade ingênua dos versos.

Aqui, como na cantiga anterior, elemorre de amor com a maior felicidadedo mundo, posto que o seu sacrifício épor uma dama de valor.

Foi para responder à pergunta deJoan Garcia de Guylhade — “da mortede que morria” — que Roy Queimadocompôs esta cantiga que foge às regrasda cantiga de amor tanto do ponto devista conceitual, ao expressar claramenteo nome da sua senhora, quando for-mal, pela proximidade da estrutura sim-ples das cantigas de amigo.

Sabe-se que entre as muitas regrasimpostas ao trovador das cantigas amo-rosas uma era fundamental: a discrição.Anunciar aos quatro ventos o nome da

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dama era uma ofensa à mesma e umafalta de observância ao preceito herda-do do provençalismo. Lembre-se queno sul da França, as cantigas de amoreram quase sempre dedicadas a senho-ras casadas, daí a origem da extremadiscrição destas cantigas quanto àinspiradora. Como no trovadorismo ibé-rico, por influência da cantiga de ami-go, a dama inspiradora era solteira, atransgressão à regra causava problemasmenores.

Daí a resposta de Roy Queymado àindiscrição do nobre amigo:

— Joan Garcia perguntou qual era amorte da qual eu morria. Eu lhe dissetodavia: A morte me prende (me ata) atal sentimento ou a tal pessoa (d’ estose m’ ata): Guyomar Affonso Gatta. Estaé a dona que me mata.

Quanto à indelicadeza de revelar onome da dama por quem o trovadorsuspirava, esta indelicadeza era imper-

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doável quando se tratava de uma mu-lher da alta nobreza. Observe-se que oquarto Livro das linhagens registra emmuitas páginas a importante famíliaGato, em cujas páginas aparecem maisde uma dama, ao longo dos anos, como nome de Guiomar Afonso Gata. Aoatribuir a uma filha o mesmo nome deuma tia-avó ou de uma bisavó, preten-dia-se homenagear a ilustre descendên-cia.

9 Barcas novas

Joan Zorro foi um jogral de origemdesconhecida, como muitos dos ho-mens nascidos no meio plebeu, tendovivido na corte portuguesa de D. Afon-so III e de D. Denis. Deixou registradasnos cancioneiros doze cantigas com es-trutura bem a gosto popular. Como nãoera um homem de letras, mas alguém

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que cantava e tocava como meio desobrevivência, teve mais facilidade emassimilar o esquema paralelístico dascantigas de amigo.

A composição aqui intitulada “Bar-cas novas” merece atenção por se tratarde uma peça cuja classificação divideos estudiosos entre aqueles que identi-ficam aí uma cantiga de amor e outrosque preferem classificá-la como sendouma cantiga de amigo.

Se tomarmos como base para carac-terização do que seja uma cantiga deamigo não apenas a estruturaparalelística e a temática marinha dasbarcarolas, a peça “Barcas novas” nãopoderá ser classificado como tal. Con-siderando como marca essencial destaforma a constituição de um sujeito po-ético ficcional, uma mulher, em lugardo homem que compõe o poema mu-sical, a cantiga de Joan Zorro não seráde amigo, pois quem fala é um homem.

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Por outro lado, classificá-la comocantiga de amor é apenas um expedi-ente simplificador. Observe-se que estacomposição não tem como núcleotemático a exaltação das qualidades damulher amada, ficando portanto distantedas louvações e dos lamentos e ais queidentificam a cantiga de amor. Poderiacaber perfeitamente entre o que aquidenominamos de “outras cantigastrovadorescas”.

Mas a aceitação do ponto de vistaque identifica aí uma cantiga de amortem como finalidade sublinhar a forteinfluência da cantiga de amigo, ampla-mente identificada com a cultura locale com as formas mais espontâneas dacriação. Se a natureza palaciana da can-tiga de amor e a sua origem provençalelevam o seu prestígio como gêneroculto, a força e a graça da cantiga deamigo falam mais alto às formas incons-cientes da criatividade.

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Nada mais natural, portanto, que umjogral ao assumir o papel do trovadortome como fonte de inspiração a for-ma mais próxima do seu meio e dogosto da sua gente. Para Joan Zorro, ouniverso formal da cantiga de amigo éo centro constelar do processotrovadoresco.

A construção de navios é simbolica-mente tomada como meio de amplia-ção dos horizontes do homem:

— Em Lisboa, sobre o mar, ou sobrea praia, mandei construir barcas novas,ai minha bela senhora. Barcas novasmandei fazer e no mar as mandei bo-tar.

O sentido desta cantiga é enriqueci-do e precisado quando lemos a cantigade amigo do mesmo autor que diz as-sim:

El-rey de Portugalebarcas mandou lavrare

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e la irá nas barcas migo,mha filha, o voss’ amigo.

El-rey portugueesebarcas mãdou fazere

e la iraa nas barcas migo,mha filha, o voss’ amigo.

Barcas mãdou lavrareeno mar as deitaree la iraa nas barcas migo,

mha filha, o voss’ amigo.

Barcas mãdou fazere

eno mar as meteree la iraa nas barcas migo,mha filha, o voss’ amigo.

O curioso é que, enquanto em “El-Rei de Portugale”, Joan Zorro empregao e paragógico — isto é, quando háadição de sílaba ou de letra no final deuma palavra — ligando o vocábulo

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galego, através de uma forma arcaica,ao vocábulo latino que lhe deu origem,o mesmo não ocorre em “Barcas no-vas”.

O tema da construção de embarca-ções também aparece nessa composi-ção, onde el-rei é quem manda fazeras embarcações, ao contrário da canti-ga “Barcas novas” onde, aparentemen-te, é o sujeito poético quem mandaconstruir as barcas. Digo “aparentemen-te” porque Joan Zorro pode estar se re-ferindo a um sujeito ficcional, talvez opróprio rei. Desse modo, “Barcas no-vas” estaria assumindo ficcionalmenteo conteúdo da cantiga “El-Rei de Por-tugale” ou seria uma reelaboração damesma cantiga. Seja como for, ambasestão estreitamente ligadas pelo tema.

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GLOSSÁRIO

— A —

Aa – àAbadessa – superiora de ordem religiosa,

feminino de abadeAfeiçom – afeiçãoAfrontado – cansado, insultado, ofendidoAgastada – enfadada, irritadaAginha – depressa, rapidamenteAgrauvo – agravo, aborrecimento, ofensaAgravada – ofendidaAja – haja, do verbo haverAjade – haja, tenhaAl – outra coisa, nadaAlbergado – abrigado, hospedadoAlfaya = alfaia – alfaia, vestimenta de uso

doméstico, enfeiteAlhur – alhures, noutra parte

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Ambrar – fornicar, manter relações sexuaisAmeyvus – amei-vusAmigo – namorado, amadoAmtre = antre – entreAn – têmAnt’ – antesAntolhança – cobiçaAparou – proporcionouAque – tantoAquel – aqueleAquesta – estaAqueste – este, istoAquisto – conquistoAr – igualmente, outra vez, de novo,

tambémArar – trabalhar a terra com o arado, semearArdess’ = ardesse – queimasseArreyte – viril, duro, com apetite sexualArreytado – retado, estimulado sexualmenteAtã = atan – tãoAscondudo – oculto, escondidoAsinha – depressa, rapidamenteAsnaes – de asno, muito grandeAsperança – esperançaAssanhar – provocar a sanha, a raiva, tonar-se

agitadoAssaz – bastante, suficienteAssenso – assentimento, consentimento

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Assi – assimAta – prende, submeteAtal – tal, atéAtan – tãoAtãto – tantoAtenden – esperam, acontecem, tornamAvelanas – avelãs, frutos da avelaneiraAver – haverAverrey – haverei; chegar a um acordoAve – imperativo do verbo aver > haver.Avedes = havedes – haveisAvelaneyra – avelaneira ou aveleira, pé de

avelãAven – advem, sucede, aconteceAver – haver, ter

— B —

Bainha (do latim: vagina) – invólocro, dobraBanhar – nadar, tomar banhoBeldad – beleza, muito belaBenino, bonino – benignoBever – beberBodalho – porcoBõ = boo, bõo – bomBrav’ = bravo – corajoso, enfurecido

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— C —

Ca – do que, pois, porqueCalarm’ – calar-meCalat’ – cala-teCam – cãoCaralhos – pênisCativ’ = cativo – infeliz, desgraçado,

prisioneiroCevada – comida para a criação (isto é: para

animais ou vassalos e vilões)Chufar – dizer chufa, zombar, troçar, mentir,

enganarCitola – cítola, instrumento medieval dos

jograis, tipo alaúde, de quatro ou cincocordas

Citolar – tocar cítolaCitolon – designação depreciativa de cítola,

cítola ruimCo – comCõ – comCoid’ = coydo – cuidar, imaginar, estar a

serviço do amorCoidado = coydado – preocupação, aflição,

zelo amoroso, opiniãoCoidar = coydar – meditar, imaginarCoita = coyta – sofrimento amoroso, cuidado,

trabalho para servir à pessoa amada

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Coitedes = coytedes – forma do verbo coitar,importuneis, perseguis, afligis

Colhedes – forma do presente do indicativodo verbo colher

Colhões – testículosColor – corCome – como; comigoComunal – de boas maneiras, lhano, sociávelConhocert’ – conhecer-teConhoscome – conheço-me, sei do meu valorContrayro – contrárioCõprida – cheia, plenaCoraçam – coraçãoCoraçon – coraçãoCoraes – punhos de rendaCoro – dependência da igreja, onde são

cantadas as oraçõesCorrea – tira de couro (lat. Corrigia), correia,

cinto, coisa de pouco valorCorreger – corrigirCõsigu’ = cõsiguo – consigoCousa – nada; coisaCousecer – repreender, examinar, censurarCoyd’ = coydo – cuidar, imaginar, estar a

serviço do amorCoydado = cuidado – preocupação, aflição,

zelo amoroso, opiniãoCoydar – meditar, imaginar

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Coyta = coita – sofrimento amoroso, cuidado,trabalho para servir à pessoa amada

Coytado = coitado – amante que sofre asconsequências do amor não correspondido

Coytedes = coitedes – forma do verbo coitar,importuneis, perseguis, afligis

Creud’ = creudo – acreditado, verdadeiroCrido – acreditadoCuyd’ = cuydo, coydo – cuido, imaginoCuydade – imaginar, refletir, cuidarCuydado = coydado, cuidado –preocupação,

aflição, zelo amoroso, opiniãoCuydey – imaginei

— D —

Dadeas – dade-as, daiD’aqueste – daqueleDalgo – de algoDamandar – perguntar, procurar, pedirDam’ – da-meDemãdey – forma do verbo demandar,

perguntar, procurar, pedirDan = dão – forma do indicativo presente do

verbo darDantre – antes de, antesDaver – de haverDeantar – cumprir com pontualidade,

progredir

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Delgado – fino, esbelto, eleganteDemanda – litígio, procura, reclamaçãoDemandey = demandei – procurei,

pergunteiDemo – demônio, diaboDes – desdeDes i – além disso, desde entãoDesamar – deixar de amar, odiarDesamperado – desamparadoDesasperar – desesperarDesatinar – endoidecer, desvairarDesaventura – desventuraDesdezidores – maldizentes, que falam malDesfazimento – ato de desfazerDesforço – vingança, desforraDesguysado = desguisado – inconveniente,

fora de propósitoDesloar – desfazer, mal-dizer, o contrário de

loar, ou de louvarDestorvou – forma do verbo destorvar,

incomodar, criar estorvoDeulhi – deu-lheDina – dignaDireyvus – direi-vusDis – disseDixelh’ – dixe-lhe, disse-lheDõa – de umaDoas – presentes, doações

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Doo – dorDordenar – de ordenarDormio – durmoDrudo = drut – amanteDu a = duma – de umaDultança – dúvida

— E —

Ei = ey – hei, tenho (do pres. Do indic. Doverbo aver = haver)

Eeffadado – enfadado, com enfado, tédio,mal estar

El – eleEmanguado – providoEmde – disso, por isso, nemEmprenha – engravidaEn, e – em, isso, daí, por isso, ainda que,

emboraEncaecer – passar por velhoEncaralhado – viril, possuidor de dotes

sexuaisEnd’ = ende – por isso, dissoEndoado – ferido (de amor), magoadoEnfadado – aborrecidoEnmentarey – futuro do verbo enmentar,

relembrarei, mencionarei, farei referênciaEno – em o, no

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Enssinademe – ensinai-meEntenças – fazes tençonEnvio – forma do verbo enviar, mandarEr – também, o mesmo que arErades – forma do imperfeito do verbo seerErgeria – ergueria, levantaria, endireitariaErgas = erguas – a não ser, senão, excetoEscaralhado – impotenteEscarnecia – zombavaEsquyv’ = esquivo – desdenhoso, que trata

malEst = é – é, forma do presente do verbo seerEst’ = esto – istoEstar – lugar de hóspedesEstonces – entãoEstorvar – por obstáculos, impedir, incomodarEt = e – e (do latim et), usada principalmente

antes de vogalEy = ei – hei, tenho (forma do presente do

indicativo do verbo aver = haver)

— F —

Fal – faltaFalha = falha – falta, erro, pecado, enganoFazm’ – faz-meFea – feiaFee = fé – crença

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Fezess’ – fez-seFilha = filha – filha, nascida deFin – fina, bela

Fì = fin – fim, términoFodimalhas – sexualmente aptoFremosa – formosaFremusura – formosuraFrol – florFrolida – floridaFuge – foge

— G —

Gaar = gãar – ganharGaj’ = gajo – velhaco, malandro

Gajé – garboGalardam = galardão – glória, prémio,

recompensa de serviços importantes

Garvaya = garvaia – vestuário da corte, peçade luxo, ver guarvaya

Genta – gentil

Getes = gentes – pessoasGrado – voluntariamente, agradecido, de boa

vontade

Grã = gram, gran – grandeGraue = grave – pesado, penoso, difícilGuarda = garda – proíbe; interdição

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Guarvaya = garvaya – garvaia, vestuário dacorte, peça de luxo

Guysa – guisa, jeito, modo, maneira

— H —

Ham – forma do presente do indicativo doverbo haver

He = e – é (est>e>é)Hi – aíHida – idaHirm’ = hir-me – ir-meHirme = hir-me – ir-meHu – onde, quandoHu ua – uma

— I —

I – aí, nisso, lá, entãoIguar – metrificar, trovar, comporIrmana – irmã

— J —

Ja – jáJaju ar – jejuar, fazer jejum, abster-se de

comerJaz – descansa, está deitado ou quieto

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Jazedes – forma do verbo jazer, estais,permaneceis

Jograr – jogral, tocador e cantador de trovasmedievais

Juizo – juízo, opinião, descriçãoJuntans’ = juntan-se – juntam-se, unem-se,

acasalam-seJuntasse – forma do verbo iuntar, juntar, unir,

acasalarJurado – feito jura, apalavrado

— L —

Lay = lai – antiga canção lírica ou épicaLazeyro = lazeiro – forma do verbo lazerar,

sofro, penoLeon = leão – um dos antigos reinos ibéricos,

depois unido a castelaLer – praiaLevadelo = levade-lo – seguiste oLevado – embravecido, levantado,

encapelado, altoLevãtey = levãtei – levanteiLeyxar – deixarLho – loLo – oLoaçã = loaçan, loaçom – louvação, elogioLoar – louvar

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Logar – lugarLograr – conseguir, alcançarLogu’ – agoraLoor – louvorLouçaã, louçana – bela, formosaLouv’en(o) – louvem-o

— M —

M’ = me – me, a mimMa – minhaMadr’ = madre – mãeMãdades = mandades – forma do verbo

mandar, mandais, ordenaisMãdo = mando – forma do verbo mandarMaestria – talentoMaíça – malíciaMais – mas; maisMaldizetes – maldizentes, detratores, que

falam malMaloutia – doença venéreaMandado – recado, notíciaManho – estou, permaneç, vivoMansa – meigaMao = mal – ruím (do latim malu) mal diaMaridada – que tem marido, casadaMays – mas, porémMea – meia

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Menagem – homenagemMengou – faltouMentr’ = mentre – enquantoMerçe – mercê, compaixão, graçaMester – ofício; atividadeMetesm’ – metes-meMha = mia, mya – minhaMi – mim; meMigo – comigoMilhor – melhorMinguar – faltarMirar – olharMister – urgência, precisãoMoesteyro – mosteiroMofar – zombar, fazer troçaMolher – mulherMoor = mor – maiorMoy = muy – muitoMoyro = moiro – morroMoyto = muyto – muitoMu i = mui – muitoMu y = mu yt’, mu yto – muito

— N —

Nam – nãoNamorada – enamorada, comprometida,

apaixonadaNatura – natural, conforme a natureza

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Ne = nen – nemNemigalha = nemygalha – nada, coisa

algumaNenhuu = nenhu – nenhumNõ = non – nãoNoj’ = noio, nojo – aborrecimentoNu ca = nunca – jamaisNulha – nenhuma

— O —

Ogano – este anoOi – ouviOj’ = oj’, oje – hojeOm’, ome, omen – homemOme – homemOnd’ – ondeOra – agoraOrdinhado – ordenado, membro de uma

ordem religiosa, padreOus’ = ouso – forma do verbo ousar, atrevo,

arriscoOuve – houveOuver – houverOuvesse – houvesse, tivesse

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— P —

Paan = pan – pãoPaços – côrte, solarPagada – contente, satisfeitaPan – pãoPanos – trajes, hábitos, vestesPao – pau, varaPar – porParavoa – palavraPardom – perdãoPariron – pariramParelha = parelha – parParlar – conversar, falarParteria – separariaPastor – jovem, virgem, sem experiênciaPeça – tempoPee – péPeer – traquejar, expelir gasesPeervusia – peer-vos-iaPego – pélago, a parte mais funda do marPeleja – contenda, disputaPelhejar – pelejar, batalhar na guarra, ou travar

uma tençon na arte de trovarPemdemça – penitênciaPeor – piorPer – por; muitoPera – para

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Pero – mas, ainda que, emboraPesar – incômodoPeyor = peior – piorPino = pinho – árvore, plantaPique – espécie de lança antigaPiss’ arreitado – órgão masculino rijo, em

ereçãoPissuça – penisPoer – por (verbo)Pois – depois, depois que, desde que,

porquePolo – peloPont’ – imediatamente, na horaPorfiou – teimouPos – depois, após, prometeuPose-o – pô-loPosfaçan – ridicularizam, troçamPran – valorPrasmo – censura, crítica; medoPregu teyos – perguntei-osPregu tou – perguntouPrenhada = prenhada – paridaPrenhe – prenha, grávidaPrendi – tomar, receber recompensaPrestador – cuidadorPrez – preço, mérito, valor, dignidade, apreçoPrioressa – superiora de um convento,

abadessa

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Privado – favorito, indivíduo queacompanhava o rei

Proençal – provençalProl – proveito; a favorProuguesse – prazerProuve – ordenou, muniu, coubePuinha – ponhaPunhey = punhei – forma do perfeito do

indicativo de punhar ou punhar, decidi,procurei, esforcei-me

— Q —

Queredevus – quereis-vosQueyxarvosedes = queixar-vos-edes – vós

vos queixareisQueyxarvusedes – queixar-vos-edesQuytar = quitar – livrar, tirar, afastar, deixar,

esquecerQuytastesme = quitastes-me – pagaste-

me,deixaste-meQuyso = quiso – quis

— R —

Razõ = razon, rezam – razãoRe = ren, rem – (do latim, res) alguém,

alguma coisa, algo

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Regrado – religioso que obedece a umaregra ou a um juramento, ordenado, que

recebeu ordens eclesiásticasRen – algo (ver re)Retraya – retrate, descreva

Rog’ – rogueRogia – murmurava em segredoRomeus – romeiros, peregrinos

Rosetta – rosinha, pequena rosa

— S —

Sa – suaSaa – sua

Saaide – saiamSab’ – sabeSabedes – sabeis

Sagaz – perspicaz, finoSaíva = saiiva – saliva, secreçãoSalido – particípio do verbo salir,

embravecido, saído fora do leitoSam – sãoSan’ – são

Sandia – loucaSanhudo – furioso, terrível, medonho, maluco;

que tem sanha, fúria

Sano – são

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Saya = saia – vestimenta feminina (na idademédia, para sair ou receber estranhos, asmulheres usavam um manto sobre a saia)

Sazon – estação, ocasião, tempoSeiade – sejaSeed’ = seedo, sendo – forma do verbo seer,

sendoSeer – ser, estarSegrel – jogral e trovador que recebia

pagamento pela sua arteSemelha – parece, tem aspecto deSemelharã = semelharan – assentarão,

combinarão, parecerãoSen – juízo, sensoSenho – respectivoSenhor – senhoraSenheira = senlheira – sozinhaSenho = senho – respectivoSenhor = senhor – senhoraSenta – forma do verbo sentir, sintaSeve – forma passada do verbo ser, esteveSevi – passou-seSeym’ – sei-meSi – (pron., Sibi) siSi – (adv., Sic) assim‘si = assi – assimSim – siSirventês = sirvantês – cantiga que exprime

conceitos e idéias

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Siso – sentidoSobejo – demasiado, sobraSobrelo – sobre eleSobrepeliça – sobrepeliz, veste de padre

rezar missaSodes – sois, do verbo serSoen – forma do verbo soer, costumamSofrudo = sofrido – que sofreSogeito – sujeitoSoiia = soía – forma do verbo soer,

costumavaSol = só – somente, porémSoldo – importância paga, vencimentoSoo = sõo, som, son – forma do verbo ser, souSospiro – suspiroSso – souSsy – sim

— T —

Tã – tãoTalho – feitio, talhamentoTam – tãoTan – tãoTantamey = tant’ amei – tanto ameiTeer – ter (do latim tenere)Teest’ = tees-te – forma do presente do

indicativo do verbo teer, tens a ti

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Tença, tençan – disputa, peleja, discussãoem versos (ver: tençon)

Tenção – propósito, intençãoTençon – peleja, discussão em verso, disputa

entre trovadoresTercer – terceiroTerraa = terrá – teráTever = teuer – tiverTodolos – todos os (combinação do pronome

com o artigo, existe ainda todola)Tolheram – tiraramTorva – turvoTosquiavã = tosquiavan – pestanejavamTraje – forma do verbo traier ou trager, trazTralo – tra-lo, além de, atrás doTravo – entabulo, repreendo, sofro censuraTravar – censurar, acusarTravan – forma do indicativo presente do

verbo travar; censuram, acusamTreydes = treides – forma do verbo traer,

vindeTrobã = troban – forma do verbo trobare,

trovam, versejam, fazem trovasTrobar = trovar – cantar em trovasTrovou – inventou, censurou

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— U —

U – onde, quandoUn – umU u a – uma

— V —

Vã – vãoVaa – vaiVaan = vam – indicativo presente de ir, vãoVal – forma do presente do indicativo de

valerValha – acuda, venha em minha ajudaValia = valia – valor, merecimento,

importânciaVan – vãoVe = ven, uen – vem, indicativo presente do

verbo uiir, virVedes – vêVeend’ = vendo – forma do verbo ueer (lat.

Videre), vendoVeer – ver, vierVej’ = vejo – indicativo presente do verbo

ueer (lat. Videre), vejoVejan = vejan – vejamVejo = vejo – indicativo presente do verbo

ueer (lat. Videre), vejo

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Vejote – vejo-teVel – ou, pelo menos, sequerVel – pelo menos, sequer, ouVela – vê-laVelido – belo, formoso, bem talhadoVelido, velida – belo, formosa, bem talhadoVen – vemVentura – destino, felicidade, sorteVeo – forma do verbo vir, veioVerdad’ = verdade – verdadeVeremo’ = veremos – futuro de veer (lat.

Videre), veremosVerraa = verrá – futuro de uiir>vir, viráVertudes – virtudesVestiir = vestiir – vestirVia – caminhada, jornadaVigo – importante cidade da galíciaVilão = vilão – servo, camponês nascido no

feudo do fidalgo, homem ou mulher dopovo

Viv’ = vivo – vivoVolo – vê-loVolos – vo-los, vós osVolos = vo-los – forma átona resultante da

contração de vus (vos) com o pronome los(eles)

Vontade – afeto, amorVos = vos – vós

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Vosc’ = vosco – convoscoVoss’ = vosso – vosso, por amor de vósVoo = vou – indicativo presente do verbo irVus – vos, pron. Oblíquo

— X —

X’ = xe, xi – se

— Y —

Y = i – aí, nisso, lá, então

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Dom Denis, pela graça de Deus, Rey dePortugal e do Algarve, a quantos esta car-ta virem faço saber que eu recebo em mhaguarda e e mha enconmeda e so meudefendimeto todollos scollares questeverem no Studo de Coimbra e os quepera elle vieerem enquamto forem e veerempela elle, por que mando e defendo quenenhuu nom faça mal a esses scolhares neos feyra ne os traga mal, ca aquelle que offizesse pertarmeia os meus encoutos deseis mill soldos e o sseu corpo staria aamha merçee. E em testemunho d’esto dey aUniversidade dos Scollares d’esse Studoesta mha carta.

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108 coleção e-poket

Tipologia: Gatineau, corpo 12Formato: 100 x 170 mmNúmero de páginas: 110

Salvador, 2019

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Cid Seixas é profes-sor titular da Universi-dade Federal da Bahiae da Universidade Es-tadual de Feira deSantana. Publicou di-versos livros e cente-nas de artigos, tendoorientado dissertaçõesde mestrado e teses dedourorado. Antes dese dedicar ao ensino,trabalhou como jorna-lista, de onde vem suadeclarada preferênciapelos textos breves ede alcance pelo leitorcomum.

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Aqui são reproduzidas, reconstituin-do a grafia assistemática do século XIII,algumas cantigas de amor que são pos-teriormente discutidas através de pará-frases em língua portuguesa atual.

e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA

DO L IV RO DIGITAL

O TROVADORISMO

GALAICO-PORTUGUÊS

Parte II:

Cantigas de Amor

O TROVADORISMO

GALAICO-PORTUGUÊS