Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    FRANCISCO CNDIDO XAVIER

    Dissertaes Medinicas sobre importante questesque preocupam a humanidade

    Pelo esprito de Emmanuel

    Caro amigoSe voc tem condies de comprar livro faa-o pois estars ajudando variasinstituies de caridade.

    Muita Paz

    Que Jesus o abenoe

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    Explicando................................................................................................................................................................... 5A TAREFA DOS GUIAS ESPIRITUAIS .................................... .................... ..................... .................... ....................... 7I - AS ALMAS ENFRAQUECIDAS...... ........................ ................. ........................ ..................... .................... .............. 9

    O QUE O MODERNO ESPIRITUALISMO ............................................................................................................ 9NECESSIDADE DO ESFORO PRPRIO.............................................................................................................. 9A PRECE...............................................................................................................................................................10AOS ENFRAQUECIDOS NA LUTA ................ ..................... .................... ..................... .................... ......................10

    II - A ASCENDNCIA DO EVANGELHO................... ................. ........................ ..................... .................... .............11

    AS TRADIES RELIGIOSAS...............................................................................................................................11OS MISSIONRIOS DO CRISTO...........................................................................................................................11A LEI MOSAICA.....................................................................................................................................................12JESUS...................................................................................................................................................................12O EVANGELHO E O FUTURO...............................................................................................................................12

    III - ROMA E A HUMANIDADE.................................................................................................................................13ROMA EM SEUS PRIMRDIOS............................................................................................................................13O CRISTIANISMO EM SUAS ORIGENS ................................................................................................................13OS BISPOS DE ROMA..........................................................................................................................................14INOVAES E DOGMAS ROMANOS ...................................................................................................................14AS PRETENSES ROMANAS...............................................................................................................................15

    IV - A BASE RELIGIOSA................ ..................... ........................ ................. ........................ .................... ................16O TXICO DO INTELECTUALISMO......................................................................................................................16EXPERINCIA QUE FRACASSARIA ................ .................... ..................... ........................ ................. ...................16A FALIBILIDADE HUMANA....................................................................................................................................16O SUBLIME LEGADO............................................................................................................................................17

    RELIGIO E RELIGIES.......................................................................................................................................17SABEDORIA INTEGRAL E ORDEM INVIOLVEL..................................................................................................17V - A NECESSIDADE DA EXPERINCIA.................................................................................................................18

    O MOMENTO DAS GRANDES LUTAS ..................................................................................................................18OS PLANOS DO UNIVERSO SO INFINITOS...................... ..................... ........................ ................. ...................18O PROGRESSO ISOLADO DOS SERES...............................................................................................................19O FUTURO A PERFEIO.................................................................................................................................19O QUE SIGNIFICAM AS REENCARNAES ..................... .................... ..................... .................... ......................19

    VI - PELA REVIVESCNCIA DO CRISTIANISMO....................................................................................................20POCA DE DESOLAO......................................................................................................................................20A NORMA DE AO EDUCATIVA.........................................................................................................................20A FALHA DA IGREJA ROMANA ............................................................................................................................20O PROPSITO DOS ESPRITOS..................... ........................ ................. ........................ ................. ...................21

    VII - O LABOR DAS ALMAS ................ ........................ .................... ..................... ..................... .................... ..........22DIFICULDADES DA COMUNICAO....................................................................................................................22O TRABALHO DOS ESPRITOS............................................................................................................................22

    NECESSIDADE DO SACRIFCIO...........................................................................................................................22DESENVOLVIMENTO DA INTUIO.....................................................................................................................23

    VIII - A CONFISSO AURICULAR: ................ ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....24A CONFISSO NOS TEMPOS APOSTLICOS .................... ................. ........................ ................. ...................24A CONFISSO AURICULAR E SUA GRANDE VTIMA.................... ..................... .................... ..................... ....24REFORMA NECESSRIA.....................................................................................................................................25CONFESSAI-VOS UNS AOS OUTROS...............................................................................................................25

    IX - A IGREJA DE ROMA NA AMRICA DO SUL...................................................................................................26A GRANDE USURPADORA.................................................................................................................................26O CATOLICISMO NA EUROPA MODERNA..................... .................... ..................... .................... ..................... ....26A IGREJA CATLICA PROVOCANDO A POBREZA NO MUNDO .....................................................................27AMARGOS CONTRASTES...................................................................................................................................27O MUNDO TEM SEDE DE CRISTO ................ .................... ........................ ..................... .................... .............27

    X - AS PRETENSES CATLICAS.. ........................ ................. ........................ ..................... .................... .............29O CULTO RELIGIOSO E O ESTADO.................... .................... ..................... ..................... .................... ..........29

    SEMPRE COM CSAR................................. ..................... .................... ..................... .................... ......................30XI - MENSAGEM AOS MDIUNS..................... ..................... .................... ..................... .................... ......................31VIGIAR PARA VENCER.........................................................................................................................................31QUEM SO OS MDIUNS NA SUA GENERALIDADE ...................... ..................... .................... ..................... .......31AS OPORTUNIDADES DO SOFRIMENTO.............................................................................................................32NECESSIDADE DA EXEMPLIFICAO.................................................................................................................32O PROBLEMA DAS MISTIFICAES....................................................................................................................32APELO AOS MEDIUNS .........................................................................................................................................33

    XII - A PAZ DO LTIMO DIA...................................................................................................................................34OS QUE SE DEDICAM AS COISAS ESPIRITUAIS...........................................................................................34AS ALMAS TORTURADAS....................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....34A OUTRA VIDA....................................................................................................................................................35

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    ESPRITOS FELIZES............................................................................................................................................35AOS MEUS IRMOS............... ..................... ..................... .................... ..................... .................... ......................35

    XIII - AS INVESTIGAES DA CINCIA................... ................. ........................ ..................... .................... .............36O RESULTADO DAS INVESTIGAES .................... .................... ..................... ..................... .................... ..........36O FRACASSO DE MUITAS INICIATIVAS...............................................................................................................36O UTILITARISMO..................................................................................................................................................36OS TEMPOS DO PORVIR .................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ..........37

    XIV - A SUBCONSCINCIA NOS FENMENOS PSQUICOS............................. ..................... .................... .............38

    A SUBCONSCINCIA...........................................................................................................................................38O OLVIDO TEMPORRIO .................. ..................... .................... ..................... .................... ..................... ..........38AS RECORDAES ............... ..................... ..................... .................... ..................... .................... ......................39

    XV - A IDIA DA IMORTALIDADE ................ ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....40A IDIA DE DEUS ................... ..................... ..................... .................... ..................... .................... ......................40A CONSCINCIA..................................................................................................................................................40O ANTROPOMORFISMO .................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ..........41O CULTO DOS MORTOS .................. ..................... .................... ..................... .................... ..................... ..........41A EVOLUO DOS SISTEMAS RELIGIOSOS...................................................................................................41

    XVI - AS VIDAS SUCESSIVAS E OS MUNDOS HABITADOS................................................................................42ESPONTANEIDADE IMPOSSVEL........................................................................................................................42H MUNDOS INCONTVEIS...............................................................................................................................42MUNDO DE EXLIO E ESCOLA REGENERADORA............... ..................... ..................... .................... .............43O ESTMULO DO CONHECIMENTO...................................................................................................................43

    XVII - SOBRE OS ANIMAIS ............... ........................ ................. ........................ ..................... .................... .............44A SOMBRA DOS PRINCPIOS............................................................................................................................44

    OS ANIMAIS, NOSSOS PARENTES PRXIMOS...............................................................................................44A ALMA DOS ANIMAIS.......................................................................................................................................45TODOS SOMOS IRMOS........................ ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....46

    XVII - A EUROPA MODERNA EM FACE DO EVANGELHO....................................................................................47DORES INEVITVEIS ...........................................................................................................................................47AUSNCIA DE UNIDADE ESPIRITUAL ........................ .................... ..................... ..................... .................... .......47A PAZ ARMADA .................... ..................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....48SOCIEDADES EDIFICADAS NA PILHAGEM.................... .................... ..................... .................... ..................... ....48

    XIX - A CIVILIZAO OCIDENTAL................ ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....49POSSIBILIDADES DO ORIENTE................ ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....49O FANTASMA DA GUERRA..................................................................................................................................50NSIA DE DOMNIO E DE DESTRUIO.................. .................... ..................... .................... ..................... ..........50O FUTURO DAS GRANDEZAS MATERIAIS ............................. ................. ........................ .................... ................51

    XX - A DECADNCIA INTELECTUAL DOS TEMPOS MODERNOS................ ........................ .................... ................52PROFUNDA POBREZA INTELECTUAL..................... .................... ..................... ..................... .................... ..........52DITADURAS E PROBLEMAS ECONMICOS........................................................................................................52

    NECESSIDADE DA COOPERAO FRATERNA...................... ................. ........................ .................... ................53XXI - CIVILIZAO EM CRISE.................................................................................................................................54

    FASE DE EXPERIMENTAES............................................................................................................................54NA DEPENDNCIA DA GUERRA..........................................................................................................................54SENTENA DE DESTRUIO..............................................................................................................................55O FUTURO PERTENCER AO EVANGELHO ............................... ..................... .................... ..................... ..........55

    XXII - FLUIDOS MATERIAIS E FLUIDOS ESPIRITUAIS..........................................................................................56XXIII - A SADE HUMANA.......................................................................................................................................58

    A RENOVAQO DOS MTODOS DE CURA.................................. ..................... .................... ..................... ..........58OS PROBLEMAS CLNICOS INQUIETANTES ................. .................... ..................... .................... ..................... ....58MEDICINA ESPIRITUAL ................. ........................ .................... ..................... ..................... .................... .............59O MUNDO MARCHA PARA A SNTESE ................................................................................................................59

    XXIV - O CORPO ESPIRITUAL ..................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....60A VIDA CORPORAL EXPRESSO DA MORTE........................ ..................... ..................... .................... .............60INACESSIVEL AOS PROCESSOS DA INDAGAO CIENTFICA.................... .................... ..................... .............60

    RESPONDENDO S OBJEES..........................................................................................................................61ATRAVS DOS ESCANINHOS DO UNIVERSO ORGNICO ..................... ........................ .................... ................61O SANTURIO DA MEMRIA...............................................................................................................................62O PRODIGIOS ALQUIMISTA.................................................................................................................................62ALMA E CORPO....................................................................................................................................................62A EVOLUO INFINITA ................. ........................ .................... ..................... ..................... .................... .............63

    XXV - OS PODERES DO ESPRITO........................................................................................................................64OS MENDIGOS DA SABEDORIA...........................................................................................................................64INSUFICINCIA SENSORIAL..................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....64A INTIL TENTATIVA............................................................................................................................................65TUDO VIBRAO ESPIRITUAL ................. ..................... .................... ..................... .................... ......................65A MATRIA...........................................................................................................................................................65

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    XXVI - OS TEMPOS DO CONSOLADOR.................................................................................................................66A CONCEPO DA DIVINDADE................ ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....66A F ANTE A CINCIA..........................................................................................................................................66OS ESCLARECIMENTOS DO ESPIRITISMO.........................................................................................................67NS VIVEREMOS ETERNAMENTE................. ....................... ........................ ..................... .................... .............67

    XXVII - OS DOGMAS E OS PRECONCEITOS ..................... .................... ..................... .................... ......................68AES PERTURBADORAS..................................................................................................................................68CARACTERSTICAS DA SOCIEDADE MODERNA ................................. ..................... .................... ......................68

    A CINCIA E A RELIGIO.....................................................................................................................................68O TRABALHO DOS INTELECTUAIS......................................................................................................................69XXVIII - AS COMUNICAES ESPRITAS...................... .................... ..................... ..................... .................... .......70

    O MEDIUNISMO....................................................................................................................................................70A COMUNHO DOS DOIS MUNDOS ....................................................................................................................70O QUE REPRESENTAM AS COMUNICAES.................... ..................... ........................ ................. ...................71OS PLANOS DA EVOLUO ..................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....71

    XXIX - DO MODUS OPERANDI DOS ESPRITOS............... ..................... ........................ .................... ................72O PROCESSO DAS COMUNICAES..................................................................................................................72OS APARELHOS MEDINICOS............................................................................................................................72A IDEOPLASTICIDADE DO PENSAMENTO .................... .................... ..................... .................... ..................... ....73

    XXX - EVANGELIZAO AOS DESENCARNADOS .................... ................. ........................ .................... ................74A SITUAO DOS RECM-LIBERTOS DA CARNE....................... ..................... ..................... .................... ..........74AS EXORTAES EVANGLICAS .......................................................................................................................74A LIO DAS ALMAS............................................................................................................................................75ENSINAR E PRATICAR.........................................................................................................................................75

    XXXI - OS ESPRITOS DA TERRA.............................................................................................................................76ESPRITOS DA TERRA.........................................................................................................................................76COMO SE OPERA O PROGRESSO GERAL............................. ................. ........................ ................. ...................76OS PERODOS DE RENOVAO.................... .................... ..................... ........................ ................. ...................77MISSO DO ESPIRITISMO............... ........................ .................... ..................... .................... ..................... ..........77

    XXXII - DOS DESTINOS.................. ..................... ........................ ................. ........................ .................... ................78A VIDA VERDADEIRA .................... ..................... .................... ........................ ..................... .................... .............78A ESCOLHA DAS PROVAES............................................................................................................................78O ESQUECIMENTO DO PASSADO.......................................................................................................................79O HOMEM E SEU DESTINO..................................................................................................................................79A VIDA SEMPRE AMOR.....................................................................................................................................79

    XXXIII - QUATRO QUESTES DE FILOSOFIA........................................................................................................80DETERMINISMO E LIVRE-ARBTRIO....................................................................................................................80O TEMPO E O ESPAO........................................................................................................................................80ESPRITO E MATERIA ................ ..................... ........................ ................. ........................ ................. ...................80O PRINCPIO DE UNIDADE...................................................................................................................................81

    XXXIV - VOZES NO DESERTO................................................................................................................................82XXXV - EDUCAO EVANGLICA. ..................... ....................... ........................ ..................... .................... .............84

    O RESULTADO DOS ERROS RELIGIOSOS..........................................................................................................84FIM DE UM CICLO EVOLUTIVO............................................................................................................................84URGE REFORMAR............... ..................... ..................... .................... ..................... .................... ..................... ....84NECESSIDADE DA EDUCAO PURA E SIMPLES........ .................... ..................... .................... ..................... ....85FORMAO DA MENTALIDADE CRIST..............................................................................................................85

    XXXVI - AOS TRABALHADORES DA VERDADE.....................................................................................................87A FENOMENOLOGIA ESPRITA............................................................................................................................87A PSICOLOGIA E A MENS SANA........................................................................................................................87O PROGRESSO ANMICO ....................................................................................................................................88A TRAJETRIA DAS ALMAS.................................................................................................................................88AS REALIDADES DO FUTURO ..................... ..................... .................... ..................... .................... ......................88

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    Explicando...

    Lembro-me de que, em 1931, numa de nossas reunies habituais, vi a meu lado, pelaprimeira vez, o bondoso Esprito Emmanuel.

    Eu psicografava, naquela poca, as produes do primeiro livro medinico, recebidoatravs de minhas humildes faculdades e experimentava os sintomas de grave molstiados olhos.

    Via-lhe os traos fisionmicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida nasuavidade de sua presena, mas o que mais me impressionava era que a generosaentidade se fazia visvel para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma deuma cruz.

    s minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso guia:

    - "Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difuso dafilosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e s hoje me vs, na tuaexistncia de agora, mas os nossos espritos se encontram unidos pelos laos maissantos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu corao tem suas razesna noite profunda dos sculos . . ."

    Essa afirmativa foi para mim imenso consolo e, desde essa poca, sinto constantementea presena desse amigo invisvel que, dirigindo as minhas atividades medinicas, estsempre ao nosso lado, em todas as horas difceis, ajudando-nos a raciocinar melhor, nocaminho da existncia terrestre. A sua promessa de colaborar na difuso da consoladoraDoutrina dos Espritos tem sido cumprida integralmente.

    Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermdio, as mais variadas pginassobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciarsobre esta ou aquela questo, noto-lhe sempre o mais alto grau de tolerncia, afabilidadee doura, tratando sempre todos os problemas com o mximo respeito pela liberdade epelas idias dos outros.

    Convidado a identificar-se, vrias vezes, esquivou-se delicadamente, alegando razesparticulares e respeitveis , afirmando, porm, ter sido, na sua ltima passagem peloplaneta, padre catlico, desencarnado no Brasil.

    Levando as suas dissertaes ao passado longnquo, afirma ter vivido ao tempo deJesus, quando ento se chamou Pblio Lntulos.

    E de fato, Emmanuel, em todas as circunstncias, tem dado a quantos o procuram ostestemunhos de grande experincia e de grande cultura.

    Para mim, tem sido ele de incansvel dedicao. Junto do Esprito bondoso daquela quefoi minha me na Terra, sua assistncia tem sido um apoio para meu corao nas lutaspenosas de cada dia.

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    Muitas vezes, quando me coloco em relao com as lembranas de minhas vidaspassadas e quando sensaes angustiosas me prendem o corao, sinto-lhe a palavraamiga e confortadora.

    Emmanuel leva-me, ento, s eras mortas e explica-me o grande e pequeno porqu dasatribulaes de cada instante. Recebo invariavelmente, com a sua assistncia, um

    conforto indescritvel, e assim que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa damediunidade, em que somos ainda to incompreendidos.

    Alguns amigos, considerando o carter de simplicidade dos trabalhos de Emmanuel,esforaram-se para que este volume despretensioso surgisse no campo da publicidade.

    Entrar na apreciao do livro, em si mesmo, coisa que no est na minha competncia.Apenas me cumpria o dever de prestar ao generoso guia dos nossos trabalhos ahomenagem do meu reconhecimento, com a expresso da verdade pura, pedindo a Deusque o auxilie cada vez mais, multiplicando suas possibilidades no mundo espiritual, ederramando-lhe nalma fraterna e generosa as luzes benditas do seu infinito amor.

    Pedro Leopoldo 16 de Setembro de 1937.

    FRANCISCO CNDIDO XAVIER

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    A TAREFA DOS GUIAS ESPIRITUAIS

    Os guias invisveis do homem no podero, de forma alguma, afastar as dificuldadesmateriais dos seus caminhos evolutivos sobre a face da Terra.

    O Espao est cheio de incgnitas para todos os Espritos.

    Se os encarnados sentem a existncia de fluidos imponderveis que ainda no podemcompreender, os desencarnados esto marchando igualmente para a descoberta deoutros segredos divinos que lhes preocupam a mente.

    Quando falamos, portanto, da influncia do Evangelho nas grandes questes sociolgicasda atualidade, apontamos s criaturas o corpo de leis, pelas quais devem nortear as suasvidas no planeta. O chefe de determinados servios recebe regulamentos necessriosdos seus superiores, que ele dever pr em prtica na administrao. Nossas atividades

    so de colaborar com os nossos irmos no domnio do conhecimento desses cdigos dejustia e de amor, a cuja base viver a legislao do futuro. Os Espritos no voltariam Terra apenas para dizerem, aos seus companheiros, das beatitudes eternas nos planosdivinos da imensidade. Todos os homens conhecem a fatalidade da morte e sabem que inevitvel a sua futura mudana para a vida espiritual. Todas as criaturas esto, assim,fadadas a conhecer aquilo que j conhecemos. Nossa palavra para que a Terra vibreconosco nos ideais sublimes da fraternidade e da redeno espiritual. Se falamos dosmundos felizes, para que o planeta terreno seja igualmente venturoso. Se dizemos doamor que enche a vida inteira da Criao Infinita, para que o homem aprenda tambm aamar a vida e os seus semelhantes. Se discorremos acerca das condies aperfeioadasda existncia em planos redimidos do Universo, para que a Terra ponha em prticaessas mesmas condies. Os cdigos aplicados, em outras esferas mais adiantadas,

    baseados na solidariedade universal, devero, por sua vez, merecer ai a ateno e osestudos precisos.

    O orbe terreno no est alheio ao concerto universal de todos os sis e de todas asesferas que povoam o Ilimitado; parte integrante da infinita comunidade dos mundos, aTerra conhecer as alegrias perfeitas da harmonia da vida. E a vida sempre amor, luz,criao, movimento e poder.

    Os desvios e os excessos dos homens que fizeram do vosso planeta a manso tristedas sombras e dos contrastes.

    Fluidos misteriosos ligam a Deus todas as belezas da sua criao perfeita e inimitvel. Os

    homens tero, portanto, o seu quinho de felicidade imorredoura, quando estiveremintegrados na harmonia com o seu Criador.

    Os sis mais remotos e mais distantes se unem ao vosso orbe de sombras, atravs defluidos poderosos e intangveis. H uma lei de amor que rene todas as esferas, no seiodo ter universal, como existe essa fora ignorada, de ordem moral, mantendo a coesodos membros sociais, nas coletividades humanas. A Terra , pois, componente dasociedade dos mundos. Assim como Marte ou Saturno j atingiram um estado maisavanado em conhecimentos, melhorando as condies de suas coletividades, o vosso

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    orbe tem, igualmente, o dever de melhorar-se, avanando, pelo aperfeioamento dassuas leis, para um estgio superior, no quadro universal.

    Os homens, portanto, no devem permanecer embevecidos, diante das nossasdescries.

    O essencial meter mos obra, aperfeioando, cada qual, o seu prprio coraoprimeiramente, afinando-o com a lio de humildade e de amor do Evangelho,transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus pases, a fim de quetudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados,conforme as nossas narrativas do Infinito.

    EMMANUEL

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    DOUTRINANDO A F

    I - AS ALMAS ENFRAQUECIDAS

    Minhas palavras de hoje so dirigidas aos que ingressam nos estudos espiritistas,tangidos pelos azorragues impiedosos do sofrimento; no auge das suas dores, recorreramao amparo moral que lhes oferecia a doutrina e sentiram que as tempestadesamainavam... Seus coraes reconhecidos voltaram-se ento para as coisas espirituais;todavia, os tormentos no desapareceram. Passada uma trgua ligeira, houverecrudescncia de prantos amargos.

    Experimentando as mesmas torturas, sentem-se vacilantes na f e baldas do entusiasmodas primeiras horas e comum ouvirem-se as suas exclamaes: J no tenho maisf, j no tenho mais esperanas... Invencvel abatimento invade-lhes os coraes tbiose enfraquecidos na luta, desamparados na sua vontade titubeante e na sua inrciaespiritual.

    Essas almas no puderam penetrar o esprito da doutrina, vogando apenas entre asguas das superficialidades.

    O QUE O MODERNO ESPIRITUALISMO

    O moderno Espiritualismo no vem revogar as leis diretoras da evoluo coletiva. As suasconcepes avanadas representam um surto evolutivo da Humanidade, uma poca demais compreenso dos problemas da vida, sem oferecer talisms ou artes mgicas, coma pretenso de derrogar os estatutos da Natureza. Desvenda ao homem um fragmentodos vus que encobrem o destino do ser imortal e ensina-lhe que a luta o veiculo do seu

    progresso e da sua redeno.Traz consigo o nobre objetivo de enriquecer, com as suas benditas claridades, os homensque as aceitam, longe da vaidade de prometer-lhes fortunas e gozos terrestres, benstemporais que apenas servem para fortificar as razes do egosmo em seus coraes,agrilhoando-os ao potro das geraes dolorosas.

    NECESSIDADE DO ESFORO PRPRIO

    Pergunta-se, s vezes, por que razo no obstam os Espritos esclarecidos, que em todosos tempos acompanham carinhosamente a marcha dos acontecimentos do orbe, asguerras que dizimam milhes de existncias e empobrecem as coletividades,

    influenciando os diretores de movimentos subversivos nos seus planos de gabinete;inquire-se o porqu das existncias amarguradas e aflitas de muitos dos que se dedicamao Espiritismo, dando-lhes o melhor de suas foras e sempre torturados pelas provasmais amargas e pelos mais acerbos desgostos. Daqui, contemplamos melancolicamenteessas almas desesperadas e desiludidas, que nada sabem encontrar alm daspuerilidades da vida.

    Em desencarnando, no entra o Esprito na posse de poderes absolutos. A morte significaapenas uma nova modalidade de existncia, que continua, sem milagres e sem saltos.

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    II - A ASCENDNCIA DO EVANGELHO

    Nenhuma expresso fornece imagem mais justa do poder dAquele a quem todos os espritosda Terra rendem culto do que a de Joo, no seu Evangelho No princpio era o Verbo...

    Jesus, cuja perfeio se perde na noite imperscrutvel das eras, personificando a sabedoria eo amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando os seusiluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, assim comopresidiu formao do orbe, dirigindo, como Divino Inspirador, a quantos colaboraram natarefa da elaborao geolgica do planeta e da disseminao da vida em todos oslaboratrios da Natureza, desde que o homem conquistou a racionalidade, vem-lhefornecendo a idias da sua divina origem, o tesouro das concepes de Deus e daimortalidade do esprito, revelando-lhe, em cada poca, aquilo que a sua compreenso podeabranger.

    Em tempos remotos, quando os homens, fisicamente, pouco dessemelhavam dos

    antropopitecos, suas manifestaes de religiosidade eram as mais bizarras, at que,transcorridos os anos, no labirinto dos sculos, vieram entre as populaes do orbe osprimeiros organizadores do pensamento religioso que, de acordo com a mentalidade geral,no conseguiram escapar das concepes de ferocidade que caracterizavam aqueles seresegressos do egosmo animalesco da irracionalidade. Comearam a os primeiros sacrifciosde sangue aos dolos de cada faco, crueldades mais longnquas que as praticadas nostempo de Baal, das quais tendes notcia pela Histria.

    AS TRADIES RELIGIOSAS

    Vamos encontrar, historicamente, as concepes mais remotas da organizao religiosa na

    civilizao chinesa, nas tradies da ndia vdica e bramnica, de onde tambm se irradiaramas primeiras lies do culto dos mortos, na civilizao resplandecente dos faras, na Grciacom os ensinamentos rficos e com a simbologia mitolgica, existindo j grandes mestres,isolados intelectualmente das massas, a quem ofereciam os seus ensinos exticos,conservando o seu saber de iniciados no crculo restrito daqueles que os poderiamcompreender devidamente.

    OS MISSIONRIOS DO CRISTO

    Fo-Hi, os compiladores dos Vedas, Confcio, Hermes, Pitgoras, Gautama, os seguidoresdos mestres da antiguidade, todos foram mensageiros de sabedoria que, encarnando emambientes diversos, trouxeram ao mundo a idia de Deus e das leis morais a que os homensse devem submeter para a obteno de todos os primores da evoluo espiritual. Todosforam mensageiros dAquele que era o Verbo do Princpio, emissrios da sua doutrina deamor. Em afinidade com as caractersticas da civilizao e dos costumes de cada povo, cadaum deles foi portador de uma expresso do amai-vos uns aos outros. Compelidos, em razodo obscurantismo dos tempos, a revestir seus pensamentos com os vus misteriosos dossmbolos, como os que se conheciam dentro dos rigores iniciticos, foram os missionrios doCristo preparadores dos seus gloriosos caminhos.

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    A LEI MOSAICA

    A lei mosaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus. O protegido de Termutis, depoisde se beneficiar com a cultura que o Egito lhe podia prodigalizar, foi inspirado a reunir todosos elementos teis sua grandiosa misso, vulgarizando o monotesmo e estabelecendo oDeclogo, sob a inspirao divina, cujas determinaes so at hoje a edificao basilar da

    Religio da Justia e do Direito, se bem que as doutrinas antigas j tivessem arraigado acrena de Deus nico, sendo o politesmo apenas uma questo simbolgica, apta a satisfazer mentalidade geral.

    A legislao de Moiss est cheia de lendas e de crueldades compatveis com a poca, mas,escoimada de todos os comentrios fabulosos a seu respeito, a sua figura , de fato, a de umhomem extraordinrio, revestido dos mais elevados poderes espirituais. Foi o primeiro atornar acessveis s massas populares os ensinamentos somente conseguidos custa delonga e penosa iniciao, com a sntese luminosa de grandes verdades.

    JESUS

    Com o nascimento de Jesus, h como que uma comunho direta do Cu com a Terra.Estranhas e admirveis revelaes perfumam as almas e o Enviado oferece aos sereshumanos toda a grandeza do seu amor, da sua sabedoria e da sua misericrdia.

    Aos coraes abre-se nova torrente de esperanas e a Humanidade, na Manjedoura, noTabor e no Calvrio, sente as manifestaes da vida celeste, sublime em sua gloriosaespiritualidade.

    Com o tesouro dos seus exemplos e das suas palavras, deixa o Mestre entre os homens asua Boa Nova. O Evangelho do Cristo o transunto de todas as filosofias que procuramaprimorar o esprito, norteando-lhe a vida e as aspiraes.

    Jesus foi a manifestao do amor de Deus, a personificao de sua bondade infinita.

    O EVANGELHO E O FUTURO

    Raas e povos ainda existem, que o desconhecem, porm no ignoram a lei de amor da suadoutrina, porque todos os homens receberam, nas mais remotas plagas do orbe, asirradiaes do seu esprito misericordioso, atravs das palavras inspiradas dos seusmensageiros.

    O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrar, por algum tempo, a resistncia das trevas. Am-f, a ignorncia, a simonia, o imprio da fora conspirao contra ele, mas tempo vir emque a sua ascendncia ser reconhecida. Nos dias de flagelo e de provaes coletivas, para a sua luz eterna que a Humanidade se voltar, tomada de esperana. Ento, novamente

    se ouviro as palavras benditas do Sermo da Montanha e, atravs das plancies, dos montese dos vales, o homem conhecer o caminho, a verdade, a vida.

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    III - ROMA E A HUMANIDADE

    Meus caros amigos, alguns de vs, que aqui vos achais, possus dedicao e amor causa da Luz e da Verdade; lcito, portanto, procuremos corresponder aos vossosesforos e aspiraes de conhecimento, ofertando-vos todas as coisas do esprito, dentro

    das nossas possibilidades, para que vos sirvam de auxlio na escalada difcil da verdade.

    Numerosas so as falanges de seres que se entregam difuso das teorias espiritualistase que operam, na atualidade, o milagre do ressurgimento da filosofia crist, em suapureza de antanho. que chegados so os dias das explicaes racionais de todos ossculos que tendes atravessados com os olhos vendados para os domnios daespiritualidade, devidos aos preconceitos das posies sociais e sentimentos deutilitarismo de vrios sistemas religiosos e filosficos, desvirtuados em suas finalidades,em seus princpios.

    Nossos desejos seriam os de que a nossa voz fosse ouvida, veiculando-se a palavra daimortalidade sobre toda a Terra; todavia, no sero feitos em vo os nossos apelos.

    Por constituir tema de interesse geral para quantos mourejam nas fainas benditas doconhecimento da verdade, subordinei estas palavras epgrafe Roma e a Humanidade,a fim de levar-vos a minha pequena parcela de instruo sobre o Catolicismo que,deturpando nos seus objetivos as lies do Evangelho, se tornou uma organizaopoltica em que preponderam as caractersticas essencialmente mundanas.

    ROMA EM SEUS PRIMRDIOS

    Fundada em tempos remotssimos, por agrupamentos de homens que experimentavam a

    necessidade de recproca defesa e proteo mtua, edificou-se Roma, sobre as lendas deRmulo, do rapto das sabinas e outras. Habitada por indivduos acostumados rudeza,tornou-se populosa com os reforos de habitantes que constantemente lhe vinham dosncleos circunvizinhos, vindo a ser em breve a cidade que se transformaria na clebrerepblica, depois imprio, e que to fortemente predomina sobre os destinos humanos.

    Como, porm, no objeto da nossa palestra o estudo da Histria Universal,sintetizemos, para alcanar o nosso desiderato.

    O CRISTIANISMO EM SUAS ORIGENS

    Edificante a investigao, o estudo acerca do Cristianismo nos primeiros tempos de suahistria; edificante lembrarmos as apagadas figuras de pescadores humildes, grosseiros equase analfabetos, a enfrentarem o extraordinrio e secular edifcio erguido pelos triunfosromanos, objetivando a sua reforma integral.

    Afrontando a morte em todos os caminhos, reconheceram, em breve, que inmerosEspritos oprimidos os aguardavam e com eles se transformavam em anunciadores dacausa do Divino Mestre.

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    A histria da Igreja crist nos primitivos sculos est cheia de herosmos santificantes ede redentoras abnegaes. Nas dez principais perseguies aos cristos, de Nero aDiocleciano, vemos, pelo testemunho da Histria, gestos de beleza moral, dignos demonumentos imperecveis. Foi assim que, contando com a animadverso das autoridadesda filosofia em voga na poca, os seguidores de Cristo sentiram forte amparo na vozesclarecida de Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orgenes e outras sumidades do

    tempo.

    OS BISPOS DE ROMA

    Nos primitivos movimentos de propaganda da nova f, no possuam nenhumasupremacia os bispos romanos entre os seus companheiros de episcopado e a Igreja erapura e simples, como nos tempos que se seguiram ao regresso do seu divino fundador sregies da Luz. As primeiras reformas surgiram no quarto sculo da vossa era, quandoBaslio de Cesaria e Gregrio Nazianzeno instituram o culto aos santos.

    Os bispos romanos sempre desejaram exercer injustificvel primazia entre os seus

    coirmos; todavia, semelhantes pretenses foram sempre profligadas, destacando-seentre os vultos que as combateram a venervel figura de Agostinho, que se tornaraadepto fervoroso do Crucificado fora de ouvir as prdicas de Ambrsia, bispo de Milo,a cujos ps se prosternou Teodsio, o Grande, penitenciando-se das crueldadesperpetradas ao reprimir a revolta dos tessalonicenses.

    Desde o primeiro conclio ecumnico de Nicia, convocado para condenao do cisma derio, continuaram as reunies desses parlamentos eclesisticos, onde eram debatidostodos os problemas que interessavam ao movimento cristo. Datam dessas famosasreunies as inovaes desfiguradoras da beleza simples do Evangelho; ainda a, contudo,nesses primeiros sculos que sucederam implantao da doutrina de Jesus, destinadaa exercer to acentuada influncia na legislao de todos os povos, no se conhecia, emabsoluto, a hegemonia da Igreja de Roma entre as outras congneres. Somente noprincpio do sculo VII a presuno dos prelados romanos encontrou guarida nofamigerado imperador Focas, que outorgou a Bonifcio a primazia injustificvel de bispouniversal. Consumada essa medida, que facilitava ao orgulho e ao egosmo toda suanociva expansibilidade, tem-se levado a efeito, at hoje, os maiores atentados, queculminaram, em 1870, na declarao da infalibilidade papal.

    INOVAES E DOGMAS ROMANOS

    A doutrina de Jesus, concentrando-se fora na cidade de Csares, a permaneceu como

    encarcerada pelo poder humano e, passando por consecutivas reformas, perdeu asimplicidade encantadora das suas origens, transformando-se num edifcio de pomposasexterioridades. Aps a instituio do culto dos santos, surgiram imediatamente osprimeiros ensaios de altares e paramentos para as cerimnias eclesisticas, medidasaventadas pelos pagos convertidos, os quais, constantemente, foram adaptando a Igrejaa todos os sistemas religiosos do passado. O dogma da trindade uma adaptao daTrimrti da antiguidade oriental, que reunia nas doutrinas do bramanismo os trs deuses Brama, Vishu e Siva. verdade que as coisas inacessveis ainda vossa compreenso eque constituem os mistrios celestes, s vos podem ser transmitidas em suas expresses

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    simblicas; mas, o Catolicismo no pode aproveitar-se desse argumento para impor-secomo nica doutrina infalvel e soberana. Ele era uma escola religiosa, como qualqueroutra que busque nortear os homens para o bem e para Deus, mas que perdeu esseobjetivo, pecando constantemente por orgulho dos seus dirigentes, os quais raras vezessabem exemplificar a piedade crist.

    A histria do papado a do desvirtuamento dos princpios do Cristianismo, porque, poucoa pouco, o Evangelho quase desapareceu sob as suas despticas inovaes, Criaram ospontfices o latim nos rituais, o culto das imagens, a canonizao, a confisso auricular, aadorao da hstia, o celibato sacerdotal e, atualmente, noventa por cento dasinstituies so de origem humanssima, fora de quaisquer caractersticas divinas.

    AS PRETENSES ROMANAS

    Perdido o cetro da sua hegemonia na antiguidade, o esprito de supremacia perdurou,entretanto, na grande cidade, outrora teatro de todos os aviltamentos e corrupes daHumanidade. Foi dessa nsia, de operar um retrospecto da Histria, que nasceu

    provavelmente o desejo de o bispo romano arvorar-se em chefe do Cristianismo; o queRoma perdera, com o progresso e com a expanso dos povos, reaveria nos domnios dascoisas espirituais.

    E assim aconteceu.

    O Vaticano, porm, no soube seno produzir obras de carter exclusivamente material,tornando-se potncia de poder e autoridade temporais. Afogou-se na vaidade, obtendo oque procurava, porquanto tem o seu imprio na Terra, que ainda no o reino de Jesus.O seu fastgio, as suas suntuosas baslicas, as suas pomposas solenidades recordam opolitesmo e as dissipaes da sociedade romana e, quando o sumo-pontfice aparece emvossos dias na sdia gestatria, o retrato dos cnsules do antigo senado quando saiama pblico, precedidos de litores. O smile perfeito.

    Meu objetivo foi mostrar-vos a inexistncia do selo divino nas instituies catlicas. Todaa fora da Igreja, na atualidade, vem da sua organizao poltica, que buscacontemporizar com a ignorncia. O milagre que se operou nalguns espritos de eleio,como o divino inspirado da mbria, gerou-se da beleza do Evangelho e dos temposapostlicos, unicamente, porque, entre Jesus e o papa, entre os apstolos e os clrigos,h uma distncia imensurvel.

    O Vaticano conservar seu poderio, enquanto puder adaptar-se a todos os costumespolticos das nacionalidades; mas, quando o Evangelho for integralmente restabelecido,

    quando a onda de uma reforma visceral purificar o ambiente das democracias com aluminosa mensagem da fraternidade humana, desaparecer, no podendo ser absolvidona balana da Histria, porque ao lado dos poucos bens que espalhou est o pesoesmagador das suas muitas iniqidades

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    IV - A BASE RELIGIOSA

    No futuro, viver a Humanidade fora desse ambiente de animosidade entre a Cincia e aReligio e julgo mesmo que em nenhuma civilizao pode a primeira substituir a segunda.Uma e outra se completam no processo de evoluo de todas as almas para o Criador e

    para a perfeio de sua obra. As suas aparentes antinomias, que derivam, na atualidade,da compreenso deficiente do homem, em face dos problemas transcendentes da vida,sero eliminadas, dentro do estudo, da anlise e do raciocnio.

    O TXICO DO INTELECTUALISMO

    Nos tempos modernos, mentalidades existem que pugnam pelo desaparecimento dasnoes religiosas do corao dos homens, saturadas do cientificismo do sculo etrabalhadas por idias excntricas, sem perceberem as graves responsabilidades dosseus labores intelectuais, porquanto ho de colher o fruto amargo das sementes queplantaram nas almas jovens e indecisas. Pede-se uma educao sem Deus, oaniquilamento da f, o afastamento das esperanas numa outra vida, a morte da crenanos poderes de uma providncia estranha aos homens. Essa tarefa intil. Os que seabalanam a sugerir semelhantes empresas podem ser dignos de respeito e admirao,quando se destacam por seus mritos cientficos, mas assemelham-se a algum quetivesse a fortuna de obter um osis entre imensos desertos. Confortados e satisfeitos nasua felicidade ocasional, no vem as caravanas inumerveis de infelizes, cheias de sedee fome, transitando sobre as areias ardentes.

    EXPERINCIA QUE FRACASSARIA

    O sentimento religioso a base de todas as civilizaes. Preconiza-se uma educaopela inteligncia, concedendo-se liberdade aos impulsos naturais do homem. Aexperincia fracassaria. ocioso acrescentar que me refiro aqui moral religiosa, quedever inspirar a formao do carter e do instituto da famlia e no ao sectarismo docrculo estreito das Igrejas terrestres, que costumam envenenar, a no mundo, o ambientedas escolas pblicas, onde dever prevalecer sempre o mais largo critrio de liberdade depensamento. Falo do lar e do mundo ntimo dos coraes.

    No dia em que a evoluo dispensar o concurso religiosos para a soluo dos grandesproblemas educativos da alma do homem, a Humanidade inteira estar integrada nareligio, que a prpria verdade, encontrando-se unida a Deus, pela F e pela Cinciaento irmanadas.

    A FALIBILIDADE HUMANA

    Em cada sculo o progresso cientfico renova a sua concepo acerca dos maisimportantes problemas da v ida.

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    Raramente os verdadeiros sbios so compreendidos por seus contemporneos. Se ascontradies dos estudiosos so o sinal de que a Cincia evolve sempre, elas atestam,igualmente, a fraqueza e inconsistncia dos seus conhecimentos e a falibilidade humana.

    O SUBLIME LEGADO

    Diz-se que o pensamento religioso uma iluso. Tal afirmativa carece de fundamento.Nenhuma teoria cientfica, nenhum sistema poltico, nenhum programa de reeducaopode roubar do mundo a idias de Deus e da imortalidade do ser, inatas no corao doshomens. As ideologias novas tambm no conseguiro elimin-la.A religio viver entre as criaturas, instruindo e consolando, como um sublime legado.

    RELIGIO E RELIGIES

    O que se faz preciso, em vossa poca, estabelecer a diferena entre religio e religies.

    A religio o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religies soorganizaes dos homens, falveis e imperfeitas como eles prprios; dignas de todo oacatamento pelo sopro de inspirao superior que as faz surgir, so como gotas deorvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que caram. Muitas delas,porm, esto desviadas do bom caminho pelo interesse criminoso e pela ambiolamentvel dos seus expositores; mas a verdade um dia brilhar para todos, semnecessitar da cooperao de nenhum homem.

    SABEDORIA INTEGRAL E ORDEM INVIOLVEL

    Cabe-nos, pois, a ns que depois da morte j no encontramos nenhum ponto de dvida,exclamar para os que crem e esperam:

    - irmos nossos que confiais na Providncia Divina, dentro da escurido do mundo!...Do portal de claridade do Alm-Tmulo, ns vos estendemos mos fraternas!... Nossaspalavras correm pelo mundo como sopro poderoso de verdades. A morte no existe e oEsprito a nica realidade imutvel da existncia. Todas as Babilnias do passadojazem no p dos tempos, com as suas glrias reduzidas a um punhado de cinzas, masdentro do Universo mil laos nos unem. Sobre as runas, sobre os escombros dascivilizaes mortas e dos templos desmoronados, ns viveremos eternamente. Umajustia soberana, ntegra e misericordiosa, preside aos nossos destinos. Na Terra ou noEspao, unamos os nossos esforos pelo bem coletivo. Guardai convosco o sagrado

    patrimnio das crenas porque, acima das coisas transitrias do mundo, h umaSabedoria Integral e uma Ordem Inviolvel. Lutemos, pois, com destemor e coragem,porque Deus justo e a alma imortal.

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    V - A NECESSIDADE DA EXPERINCIA

    Em vossos dias, a luta a cada momento recrudesce sobre a face do mundo; inmerascausas a determinam e Deus permite que ela seja intensificada, em benefcio de todos osseus filhos. Todas as classes so obrigadas a grandes trabalhos, mormente aos trabalhos

    intelectuais, porquanto procuram, com afinco, a soluo da crise generalizada em todosos pases.

    Ponderando a grande soma dos males atuais, buscam elas remdios para as suaspreocupaes, espantadas com a situao econmica dos povos, cuja precariedade recaisobre a vida das individualidades, multiplicando as suas angstias na luta pelo pocotidiano.

    O quadro material que existe na Terra no foi formado pela vontade do Altssimo; ele oreflexo da mente humana, desvairada pela ambio e pelo egosmo.

    O Cu admite apenas que o mundo sofra as conseqncias de to perniciososelementos, porque a experincia necessria como chave bendita que descerra asportas da compreenso.

    Cada um, pois, medite no quinho de responsabilidades que lhe toca e no evite otrabalho que eleva para as Alturas.

    O MOMENTO DAS GRANDES LUTAS

    H quem despreze a luta, mergulhando em nociva impassibilidade, ante os combates quese travam no seio de todas as coletividades humanas; a indiferena anula na alma as

    suas possibilidades de progresso e oblitera os seus germens de perfeio, constituindoum dos piores estados psquicos, porque, roubando individualidade o entusiasmo doideal pela vida, a obriga ao estacionamento e esterilidade, prejudiciais em todos osaspectos sua carreira evolutiva.

    Semelhante situao no se pode, todavia, eternizar, pois para todos os espritos,talhados todos para o supremo aperfeioamento, raia, cedo ou tarde, o instante dacompreenso que nos impele a contemplar os altos cimos... A alma estacionria, atento refratria s pugnas do progresso, sente em si a necessidade de experincias quelhe facultaro o meio de alcanar as culminncias vislumbradas... Atira-se ai luta comdevoo e coragem. Vezes inmeras fracassa em seus bons propsitos, porm, nesseturbilho de incessantes combates que ela evoluciona para a perfeio infinita,

    desenvolvendo as suas possibilidades, aprimorando os seus poderes, enobrecendo-se,enfim.

    OS PLANOS DO UNIVERSO SO INFINITOS

    Para os desencarnados da minha esfera, o primeiro dia do Esprito to obscuro como oprimeiro dia do homem o para a Humanidade. Somente sabemos que todos ns,indistintamente, possumos germens de santidade e de virtude, que podemos desenvolverao infinito.

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    Podendo conhecer a causa de alguns dos fenmenos do vosso mundo de formas, noconhecemos o mundo causal dos efeitos que nos cercam, os quais constituem para vsoutros, encarnados, matria impondervel em sua substncia.

    Se para o vosso olhar existem seres invisveis, tambm para o nosso eles existem, emmodalidade de vida que ainda estudamos nos seus primrdios, porquanto os planos da

    evoluo se caracterizam pela sua multiplicidade dentro do Infinito.

    Aqui reconhecemos quo sublime a lei de liberdade das conscincias e dessaemancipao provm a necessidade da luta e do aprendizado.

    O PROGRESSO ISOLADO DOS SERES

    A Cincia, a Arte, a Cultura, a Virtude, a Inteligncia no constituem patrimnioseventuais do homem, conforme podeis observar; semelhantes atributos s se revelam, naTerra, nos organismos dos gnios, os quais representam a smula de extraordinriosesforos individuais, em existncias numerosas de sacrifcio, abnegao e trabalho

    constantes. Todos os seres, portanto, laboram insuladamente, na aquisio dessasprerrogativas, de acordo com as suas vocaes naturais, dentro das lutas planetrias.

    Paulatinamente, vencem imperfeies, aparam arestas, aniquilam defeitos em suasalmas, norteando-as para o progresso, ltimo objetivo de todas as nossas cogitaescomuns.

    O FUTURO A PERFEIO

    Integrada no conhecimento de suas prprias necessidades de aprimoramento, a almajamais abandona a luta. Volta s existncias preparatrias do seu futuro glorioso. Rene-se aos seres que lhe so afins, desenvolvendo a sua atividade perseverante e incansvelnos carreiros da evoluo.

    Em existncias obscuras, ao sopro das adversidades, amontoa os seus tesouros imortais,simbolizados nas lies que aprende, devotadamente, nos sofrimentos que lhe apuram asensibilidade, Cada etapa alcanada um ciclo de dores vencidas e de perfeiesconquistadas.

    O QUE SIGNIFICAM AS REENCARNAES

    Cada encarnao como se fora um atalho nas estradas da ascenso. Por esse motivo,o ser humano deve amar a sua existncia de lutas e de amarguras temporrias,

    porquanto ela significa uma beno divina, quase um perdo de Deus.A golpes de vontade persistente e firme, o Esprito alcana elevados pontos na suaescalada, nos quais no mais estacionar no caminho escabroso, mas sentir cada vezmais a necessidade de evoluo e de experincia, que o ajudaro a realizar em si asperfeies divinas.

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    VI - PELA REVIVESCNCIA DO CRISTIANISMO

    Irmos e amigos. Ainda para o estudo e a prtica do Evangelho, em sua primitivapureza, que tereis de voltar o vosso entendimento, se quiserdes salvar da destruio opatrimnio de conquistas grandiosas da vossa civilizao.

    POCA DE DESOLAO

    Tocastes a poca da desolao, em que os homens no mais se compreendem uns aosoutros. A morte de todos os vossos ideais de concrdia, a falncia dos vossos institutospr-paz requerem a ateno acurada da Sociologia e esta somente poder solucionar osproblemas que vos assoberbam, cheios de complexidades e transcendncia, com oestudo do Evangelho do Cristo, porm, no segundo os ditames da conveno social, queh muitos sculos vem transformando o ideal de perfeio do Crucificado num acervo deexterioridades, que os homens adotaram por questes de esnobismo ou de acordo comos interesses da faco ou da personalidade.

    Novos sistemas polticos, sobre as bases dos nacionalismos que vm criando no seio dospovos a terrvel autarquia, ou sobre os alicerces frgeis desse comunismo que objetiva aextino do sagrado instituto da famlia, apenas correro o orbe com a sua feio deideologias ocas, envenenando os espritos e intoxicando as conscincias.

    A NORMA DE AO EDUCATIVA

    O psiclogo, o pedagogista, o formados das novas geraes, para entrarem na arena daluta a prol do aperfeioamento de cada individualidade sobre a Terra, tero de buscar asua norma de ao dentro do prprio Cristianismo, em sua simplicidade inicial, se noquiserem que a Humanidade atinja a culminncia dos arrasamentos e das destruies.

    As religies literalistas passaram, desdobrando com as suas filosofias, sobre a fronte daHumanidade, um manto rico de fantasias e de concepes variadas, mas baldas deessncia e de esprito que lhes vivificassem os ensinamentos.

    A FALHA DA IGREJA ROMANA

    A Igreja Catlica, amigos, que tomou a si o papel de zeladora das idias e das realizaescrists, pouco aps o regresso do Divino Mestre s regies da Luz, falhoulamentavelmente aos seus compromissos sagrados. Desde o conclio ecumnico deNicia, o Cristianismo vem sendo deturpado pela influenciao dos sacerdotes dessa

    Igreja, deslumbrados com a viso dos poderes temporais sobre o mundo. No valeu amisso sacrossanta do iluminado da mbria, tentando restabelecer a verdade e a doutrinade piedade e de amor do Crucificado para que se solucionasse o problema milenar dafelicidade humana.

    As castas, as seitas, as classes religiosas, a intolerncia do clericalismo constituramenormes barreiras a abafarem a voz das realidades crists. A moral catlica falhou aosseus deveres e s suas finalidades.

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    A Espanha atual, alimentada de catecismo romano desde a sua formao, bem, com osseus incndios e depredaes de tudo o que fora feito, um atestado da falncia dosensinamentos ou da orientao de Roma para alcanar o desiderato do progressocoletivo e da tica social.

    No nos elcito influenciar os homens e as suas instituies. Todavia, podemos apreciar a

    influncia das idias sobre as massas, apreciando-lhes os resultados. o que desejamosevidenciar, solicitando vossa ateno para o complexo de fenmenos dolorosos, deordem social e poltica, que vindes observando h alguns anos. Fazendo-o, temos oobjetivo de vos demonstrar a que resultado conduziu os povos a deturpao da palavrado Cristo, e a necessidade de voltar-se o raciocnio individual e coletivo para acompreenso dos deveres que dela decorrem.

    O PROPSITO DOS ESPRITOS

    O nosso propsito, na atualidade, cooperar convosco pela obteno da paz e daconcrdia no seio da coletividade humana.

    Agora, filhos, j no so mais os homens os donos do trabalho, os senhores absolutos datarefa. Tomando por seus companheiros os de boa-vontade que se acham a no planeta,buscando o aprimoramento anmico e psquico onde a se encontrem, so os gnios doEspao que, sob a gide do Divino Mestre, vm proclamar, por entre as sociedadesterrenas, as consoladoras verdades, as grandiosas verdades.

    J agora, no mais se poder abafar o ensinamento no silncio escuro dos calabouos,porquanto uma nova concepo do direito e da liberdade felicita as criaturas.

    em razo disso que os tmulos falam, que os mortos voltam da sombra e do amontoadodas cinzas, para dizer-vos que a vida o eterno presente e que a imortalidade, dentro dosinstitutos da justia incorruptvel, que nos observa e julga, um fato incontestvel.

    Conclamando os homens, nossos irmos, trazemos a todos o fruto abenoado de nossaspenosas existncias, asseverando a cada um que o problema da paz e da felicidade estsolucionado no estatuto divino. Todas as nossas atividades objetivam a revivescncia doCristianismo na Terra, de modo que um templo se levante em cada lar e um hostirio emcada corao.

    Auxiliai-nos, trazendo-nos o concurso da vossa boa-vontade, de vosso querer; ajudai-nosem nossos propsitos benditos de reedificao do Templo de Jesus, de cujos altares osmaus sacerdotes se descuidaram, levados pelos cantos de sereia da vaidade e dos

    interesses do mundo.Que o Mestre abenoe a cada um de vs, fortalecendo-vos a f, para que possamos comEle, com a sua proteo e a sua misericrdia, vencer na luta em que nos achamosemprenhados.

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    VII - O LABOR DAS ALMAS

    Descerradas as pesadas cortinas materiais que a na Terra nos cobriam os olhos doEsprito, experimentamos, aliado s comoes de xtase diante da imensidade, o desejode comunicar a verdade a todas as criaturas. Como, porm, atingir semelhante

    desiderato?

    Obstculos inmeros se nos antolham, avultando o da falta de um estabelecimento diretoentre o plano material e o espiritual, que somente poderamos obter atravs de poderosamediunidade generalizada, capaz de registrar de maneira palpvel todas as maravilhas domundo psquico. Todavia, o porvir humano nos faz entrever essa ligao mais ntima dosEspritos, pertenam ou no ao orbe mental.

    DIFICULDADES DA COMUNICAO

    Na atualidade, quase todo fato medinico constitui o fenmeno, o mistrio, oacontecimento que exorbita das leis naturais, considerado, portanto, erradamente pelosseus observadores. Da o nascerem numerosas dificuldades para que muitas entidadesatuem de forma sensvel em vossas existncias. Mas, se lhes impossvel acomunicao direta, fcil a sua participao em vossos afazeres, estudos, pensamentose preocupaes. Os Espritos, prepostos a esse ou quele mister no seio da Humanidadee da natureza, formam um conjunto harmonioso e muito maior do que julgais.

    Rompido o lao que a une matria, um dos primeiros pensamentos da alma para osseres queridos que ficaram distncia, e a ansiedade de rev-los constitui um dos maissantos objetivos de suas aspiraes. Nem sempre isso lhes permitido, porquanto umaordem indefectvel preside s leis csmicas que so as leis divinas. Fazem tudo, porm,para que se tornem dignas da confiana superior, e assim que inmeras criaturas

    desencarnadas se entregam, em vossos ambientes, a misteres dignificantes e redentores.O TRABALHO DOS ESPRITOS

    Em vossa vida, tomam parte as entidades do Alm: sem que as vejais, perambulam emvosso meio, atuam em vossos atos, sem que os vossos nervos visuais lhes registrem apresena;

    Edificante observarmos o sacrifcio de tantos seres evolvidos que se consagram asagrados labores, no planeta das sombras, quais os da regenerao de individualidadesobcecadas no mal, operando abnegadamente a servio da redeno de todas as almas,atirando-se com destemor a tarefas penosas, cheios de renncia santificadora.

    NECESSIDADE DO SACRIFCIO

    Fora da carne, compreende-se a excelncia da abnegao e do sacrifico e prol deoutrem. A maioria das nossas obras pessoais so como bolhas de gua sabonada que sedispersam nos ares, porque, visando ao bem-estar e ao repouso do eu, tm como baseo egosmo que atrofia a nossa evoluo. Toda a felicidade do Esprito provm da

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    felicidade que deu aos outros, todos os seus bens so oriundos do bem que espalhoudesinteressadamente.

    Compreendendo essas verdades, muitas vezes aps as transformaes da morte, no asassimilamos tardiamente, porque, de posse das realidades prximas do Absoluto,concatenamos as nossas possibilidades, laborando ativamente na obra excelsa do bem

    comum e do progresso geral, encontrando, assim, foras novas que nos habilitam amerecido xito em novas existncias de abnegao que nos levaro s esferas felizes doUniverso.

    Venturosos so os raros Espritos que sentem a excelsitude dessas verdades na vidacorporal. Sacrificando-se em benefcio dos semelhantes, experimentam, mesmo sob acruz das dores, a suave emoo das venturas celestes que os aguardam nos planosaperfeioados do Infinito.

    DESENVOLVIMENTO DA INTUIO

    Faz-se mister, em vossos tempos, que busqueis desenvolver todas as vossas energiasespirituais foras ocultas que aguardam o vosso desejo para que desabrochemplenamente. O homem necessita das suas faculdades intuitivas, atravs de sucessivosexerccios da mente, a qual, por sua vez, dever vibrar ao ritmo dos ideais generosos.

    Cada individualidade deve alargar o crculo das suas capacidades espirituais, porquanto,poder, como recompensa sua perseverana e esforo, certificar-se das sublimesverdades do mundo invisvel, sem o concurso de quaisquer intermedirios.

    O que se lhe faz, porm, altamente necessrio o amor, o devotamento, a aspirao purae a f inabalvel, concentrados nessa luz que o corao almeja fervorosamente; esseestado espiritual aumentar o poder vibratrio da mente e o homem ter ento nascidopara uma vida melhor.

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    VIII - A CONFISSO AURICULAR:

    Interpelado, h dias, a respeito da confisso auricular, nada mais pude fazer que dar umaresposta resumida, de momento, adiando o instante de expender outras consideraesatinentes ao assunto.

    Padre catlico que fui, na minha ltima romagem terrena, sinto-me vontade para falarcom imparcialidade sincera.

    No ser a minha palavra que v condenar qualquer religio, todas elas nascidas de umainspirao superior que os homens viciaram, acomodando as determinaes de ordemdivina aos seus prprios interesses e convenincias, desvirtuando-lhes os sagradosprincpios.

    Todas as doutrinas religiosas tm a sua razo de ser no seio das coletividades, ondeforam chamadas a desempenhar a misso de paz e de concrdia humana. Todos os seusmales provm justamente dos abusos do homem, em amold-las ao abismo de suasmaterialidades habituais; e, de fato, constitui um desses abusos a instituio da confissoauricular, pela Igreja Catlica.

    A CONFISSO NOS TEMPOS APOSTLICOS

    Se verdade que, na poca do Precursor, os novos crentes adotavam o sistema deconfessar publicamente as suas faltas e os seus erros, tal costume diferia essencialmentede tudo quanto criou a Igreja Catlica, nesse particular, depois da partida, para o Alm,dos elevados Espritos que lanaram, com o sangue dos seus sacrifcios e com a maissublime renncia dos bens terrenos, as bases da f, as quais tm resistido ao bolor dossculos. A confisso pblica dos prprios defeitos, nos tempos apostlicos, constitua

    para o homem forte barreira, evitando sua reincidncia na falta. Um sentimento profundode verdadeira humildade movia o corao nesses momentos, oferecendo-lhe as melhorespossibilidades de resistncia ao assdio das tentaes, e semelhante princpiorepresentava como que uma vacina contra as lceras do remorso e das chagas morais.

    Todavia, os tempos decorreram e, no seu transcurso, observou-se a transformaoradical de todas as leis sublimes de fraternidade crist, anteriormente preconizadas.

    A CONFISSO AURICULAR E SUA GRANDE VTIMA

    A confisso auricular constitui uma aberrao, dentro do amontoado das doutrinas

    desvirtuadas do romanismo. E justamente a mulher, pelo esprito sensvel dereligiosidade que caracteriza, a maior vtima do confessionrio.

    Infelizmente, toda a srie de absurdos do inqualificvel sacramento da penitncia oriunda dos superiores eclesisticos, dos telogos e falsos moralistas da Igreja que,perversamente, criaram os longos e indiscretos interrogatrios, aos quais ter a mulher desubmeter-se passivamente, diante de um homem solteiro, estranho, que ela, inmerasvezes, nem conhece.

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    Os padres, geralmente, em virtude do seu desconhecimento dos sagrados deveres dapaternidade, no a vo interpelar no tocante s obrigaes austeras do governo da casa;ferem exatamente os problemas mais ntimos e mais delicados da vida do casal, violandoo sagrado respeito das questes do lar, dando pasto aos pensamentos mais injustificveise, s vezes, repugnantes. E o vu de modstia e de beleza que Deus concedeu mulher,para que ela pudesse mergulhar qual lrio de espiritualidade nos pntanos deste mundo,

    arrancado justamente por esse homem que se inculca ministro das luzes celestes. Muitasvezes, no confessionrio que comea o calvrio social da mulher. Dolorosos e pesadostributos so cobrados das catlicas-romanas, que, confiadas em Deus, se lanam aos psde um homem cheio das mesmas fraquezas dos outros mortais, na enganosa suposiode que o sacerdote a imagem da Divindade do Senhor.

    REFORMA NECESSRIA

    No podeis calcular as imensidade de crimes perpetrados sombra dos confessionriospenumbrosos, onde almas aflitas e fervorosas buscam consolao e conforto espiritual.

    O que se faz necessrio em vossos dias a reforma de semelhantes costumes. Quandoessa renovao no parta das autoridades eclesisticas, que ela possa nascer dosesforos conjugados de todos os esposos e de todos os pais, substituindo eles osconfessores junto de suas esposas e de suas filhas.

    Muitas vezes, quando procurado por conscincia polutas, que me vinham fazer o tristerelato de suas existncias repletas de deslizes, eu nunca me senti com autoridadebastante para ouvi-las.

    CONFESSAI-VOS UNS AOS OUTROS

    Todo esprito do Evangelho, legado pelo Mestre Humanidade sofredora, foi deturpadopelo homem, dentro dos seus interesses mesquinhos e das suas idias deantropomorfismo.

    Por isso, ns, que j trazemos o corao trabalhado nas mais penosas experincias,podemos declarar, diante da nossa conscincia e diante de Deus que nos ouve, quenenhum bem pode prodigalizar a confisso auricular ao esprito, sendo um costumeeminentemente nocivo, com seus caractersticos de depravao moral, merecendo,portanto, toda a ateno da sociologia moderna.

    Confessai-vos uns aos outros, buscando de preferncia aqueles a quem ofendestes e,quando a vossa imperfeio no vo-lo permita, procurai ouvir a voz de Deus, na voz da

    vossa prpria conscincia.

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    IX - A IGREJA DE ROMA NA AMRICA DO SUL

    A Igreja Romana movimenta-se na Amrica do Sul. Sentindo os perigos da Europa, ondeos produtos ideolgicos de novas doutrinas lhe criaram uma situao profundamente

    embaraosa, a organizao poltica do Catolicismo volta-se para a Amrica Meridional,onde os neolatinos, vivendo a existncia reflexa dos grandes centros ocidentais,trabalham ainda por adquirir uma personalidade coletiva.

    Os ltimos congressos eucarsticos na Argentina e no Brasil representam o apogeu dassuas atividades, no sentido de manter a sua falsa posio, custa de exterioridadesuntuosas, dentro daquela megalomania caracterstica das guias dominadoras doimprio romano.

    A GRANDE USURPADORA

    Vivendo custa da economia dos que trabalham, a Igreja Romana a atual usurpadorade grande percentagem do esforo penoso das coletividades.

    Sem dvida, a sua influncia no passado beneficiou a civilizao, muito embora tenhasido essa influncia saturada de movimentos condenveis, sombra do nome de Deus eem nome do Evangelho. As guerras santas, a inquisio, as renovaes religiosas dossculos pretritos, apiam a nossa assertiva. As obras beneficentes da Igreja esto aindacheias de sangue dos mrtires. Quase todos os bens que o Vaticano conseguiu trazer civilizao nascente fizeram-se acompanhar de terrveis acontecimentos.

    O CATOLICISMO NA EUROPA MODERNA

    A Europa moderna, pobre de possibilidades econmicas e compreendendo de perto aao defraudadora da Igreja Catlica, tornou-se campo quase estril para as suasexploraes. As tendncias da mentalidade geral para uma organizao econmica,sobre a base da justia que deve prevalecer em todas as leis do futuro, fizeram dospases europeus terreno imprprio para uma indstria religiosa. Com exceo da polticade Berlim e de Roma, outras nacionalidades europias custariam a tolerar essesmovimentos de audaciosas exploraes. A mstica fascista a nica que procura oamparo das iluses religiosas do Catolicismo, com o objetivo de manter a coeso popular,em torno da idolatria do Estado. Ainda agora, existem pronunciadas tendncias da novaAlemanha para que se crie, nos bastidores da poltica hitlerista, uma Igreja nacionalizada.

    Mas os pases democrticos, que se encaminham, com os seus estatutos de governo,para o socialismo cristo do porvir, sentiriam dificuldade em suportar tutelas dessanatureza. Trabalhadores por doutrinas libertrias, eles vm pagando com sangue os seusprogressos penosamente obtidos. Longe de ns o aplaudirmos a poltica nefasta de Stalinou a suas atividades nos gabinetes de Lon Blum ou de Azaa; apenas salientamos atendncia das massas para a liberdade, sacudindo o jugo milenar do Catolicismo, que a,pretexto de prosseguir na obra crist, apossou-se do Estado para dominar e escravizar asconscincias. A Igreja, se bem haja desempenhado misso preponderante no destinodesta civilizao que, na atualidade, toca ao apogeu, fez mais vtimas que as dez

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    perseguies mais notveis, efetuadas pelos imperadores de Roma antiga contra osadeptos da abenoada doutrina do Crucificado.

    A IGREJA CATLICA PROVOCANDO A POBREZA NO MUNDO

    Integrada no conhecimento dessas grandes verdades que a Europa de agora seapresenta como um campo perigoso para as grandes concentraes catlicas; e ossacerdotes romanos que, com escasso automatismo de sibaritas, bem compreendem quea viso dos seus faustos e de suas grandezas aulam o instinto terrvel das massas,trabalhadas pelas necessidades mais duras, reconhecendo, de modo extraordinrio, osmovimentos homicidas dos extremismos da atualidade, cujas lutas nefastas vmamargurando a alma dos povos. Ningum ignora a fortuna gigantesca que se encerra,sem benefcio para ningum, nos cofres pesados do vaticano; capitais que para eles secanalizam, com fertilidade assombrosa, ali repousam sem se converterem em benefciodos que trabalham, conquistando com penoso suro o po de cada dia. Os milhes de lirasque ali se arquivam, em detrimento da economia de todas as classes que produzem, tmapenas uma utilidade, que a do engrandecimento da obra sunturia do humildes

    continuadores de Jesus.

    AMARGOS CONTRASTES

    Enquanto h fome e desolao no mundo, Sua Santidade distribui bnos e ttulosnobilirquicos, compensados com os mais pingues tributos de ouro. As canonizaescustam verdadeiras fortunas aos pases catlicos. Para que a Frana conseguisse o altarpara a sua herona de Domremy, muitos milhares de francos foram arrancados economia popular. A Amrica do Sul ainda no conseguiu alguns santos do Vaticano, emvirtude da sua carncia de recursos financeiros consecuo de tal projeto. Enquanto ovaticano se entende com o Quirinal sobre as mais pesadas somas de ouro, destinadas satividades guerreiras, os padres se renem a e falam de paz; enquanto Pio XI se debruanos seus ricos apartamentos, passeando pelas suas galerias de arte de todos os sculose pelas vastas bibliotecas, exibindo a imagem do Crucificado nas suas sandlias, ouentregando-se ao repouso no Castel Gandolfo, h criaturas morrendo a mingua detrabalho, entregues a toda sorte de misrias e de vicissitudes.

    O MUNDO TEM SEDE DE CRISTO

    Inspirando-se na inteligncia de Leo XIII, que deixou a sua Rerum novarum como altodocumento poltico de conciliao das classes proletrias e capitalistas, Pio XI publicou a

    sua Quadragsimo anno, tentando estabelecer barreira s doutrinas novas, que vm prem xeque a falsa posio da Igreja Catlica. Alguns pases vm inspirando-se nessasbulas pontifcias, para a criao de dispositivos constitucionais, aptos a manter o equilbriosocial; todavia, importa considerar que a igreja impotente e suspeita para tratar dosinteresses dos povos. Na sua situao parasitria, no pode falar aos que trabalham esofrem, aprendendo nas experincias mais dolorosas da vida.

    A vossa civilizao sente necessidade da prtica evanglica, tem sede de Cristo, fome deidealismo genuinamente cristo e, diante desse surto novo de f das coletividades, nada

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    valem os congressos eucarsticos, porquanto chegado o tempo de se fecharem asportas da indstria da cruz. O Cristo ter de ressurgir dos escombros em que foimergulhado pela teologia do Catolicismo. O dogma conhecer o seu fim com o adventodas verdades novas e para esse movimento grandioso do porvir que os mortos vm daras mos aos vivos de boa-vontade.Que a Igreja Romana se transforme, buscando guardar a essncia dos exemplos terrveis

    desta ltima revoluo espanhola; que as provaes coletivas hajam chegado ao seutermo, sem necessidade de mais sangue, e de mais lgrimas e de mais vidas; que Romacompreenda tudo isso e esclarea os seus tutelados, antes que os escravos de suasiluses recordem de sacudir as algemas por si mesmos; que a lei de Jesus impere desdej, sem precisar das grandes dores que, por tantas vezes, tm lacerado o coraosofredor da Humanidade terrestre.

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    X - AS PRETENSES CATLICAS

    Achai possvel e, sobretudo, conveniente que a Igreja volte asagrar o chefe do Estado no Brasil?

    Em caso afirmativo, qual a Igreja caberia essa funo?Dever o poder da Repblica receber a sagrao de todos oscultos?

    As perguntas acima revelam o assunto palpitante dos interesses inferiores da Igreja deRoma na Amrica do Saul, mormente no Brasil, segundo as nossas consideraes emanterior comunicado.

    Motivam-nas algumas declaraes feitas ultimamente por um padre catlico,considerando a origem divina do poder sobre a Terra, tentando reconduzir o Estado santigas bases absolutistas e teocrticas.

    Decididamente, a igreja no esconde o seu propsito de escravizar ainda as conscinciashumanas e, com os seus continuados pruridos de hegemonia sobre todos os outroscultos, revela suas fundas saudades do Santo Ofcio, para algemar o pensamento doshomens s enxovias dos seus interesses.

    Em pleno sculo XX, fala-se na necessidade de se delatarem os crimes dos pais, dosesposos, dos irmos; preconiza-se a devassa das instituies, dos lares e dasconscincias. No ser surpresa para ningum, se os padres catlicos exumaremamanh, das cinzas da Idade Mdia para os dias que correm, o clebre Livro das Taxas,do tempo de Leo X, em que todos os preos do perdo para os crimes humanos estoestipulados.

    O CULTO RELIGIOSO E O ESTADO

    A evoluo dos cdigos polticos da Amrica do Sul deveria merecer mais respeito porparte dos elementos que se acham sob as ordens do Vaticano.

    Falar-se em sagrao do chefe do Estado pela Igreja Romana, aliando o direito divino sobrigaes polticas, depois de tantas conquistas sociais da Repblica, seria quaseinfantilidade, se isso no representasse algo de perigoso para os prprios cdigos denatureza poltica do pas.

    Nenhum culto, que se prenda a Deus pela devoo e por determinados deveresreligiosos, tem o direito de interferir nos movimentos transitrios do Estado, como esteltimo no tem o direito de interferir na vida privada da personalidade, em matria degosto, de sentimento e de conscincia, segundo as velhas frmulas do liberalismo. Hmuito tempo, os fenmenos do progresso poltico dos povos proscrevem essas nefastasinfluncias religiosas sobre a poltica administrativa das coletividades.

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    SEMPRE COM CSAR

    J o prprio Cristo asseverava nas suas divinas lies; - A Csar o que de Csar e aDeus o que de Deus.

    Mas, a Igreja Catlica Romana jamais ocultou sua preferncia pela amizade de Csar.

    Os tempos apostlicos, que ainda iluminam o corao da Humanidade sofredora, at ostempos modernos, pela sua unio com o Evangelho, foram muito curtos. No tardou quea organizao dos bispos romanos preponderasse sobre todos os ncleos do verdadeiroCristianismo, sufocando-os com as suas foras temporais.

    Inventaram-se todas as novidades para o ideal de simplicidade e pureza de Jesus e,desde pocas remotas, o Catolicismo bem retrato do farisasmo dos tempos judaicos,que conduziu o Divino Mestre crucificao. Amiga dos poderosos, em todos os tempos,bastilha do pensamento livre da Humanidade que tentou a civilizao crist, talvez, poresse motivo, que a Igreja, pela voz dos seus telogos mais eminentes, procurou semprerevestir o poder transitrio dos felizes da Terra com um carter de divindade. Batida pela

    demagogia cptica de todos os filsofos e cientistas que seguiram no luminoso caminhodas concepes liberais, retirada da sua posio de opressora para se transformar eminstrumento humilde de outros opressores das criaturas humanas, a Igreja, na suaassombrosa capacidade de adaptao, esperou pacientemente outras oportunidades parareaquisio dos seus poderes e de suas tiranias e as encontrou dentro da mstica doEstado totalitrio.

  • 8/7/2019 Chico Xavier-Emmanuel [Emmanuel]

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    XI - MENSAGEM AOS MDIUNS

    Venho exortar a quantos se entregaram na Terra misso da mediunidade, afirmando-lhes que, ainda em vossa poca, esse posto o da renncia, da abnegao e dos

    sacrifcios espontneos. Faz-se mister que todos os Espritos, vindas ao planeta com aincumbncia de operar nos labores medinicos, compreendam a extenso dos seussagrados deveres para a obteno do xito no seu elevado e nobilitante trabalho.

    Mdiuns! A vossa tarefa deve ser encarada como um santo sacerdcio; a vossaresponsabilidade grande, pela frao de certeza que vos foi outorgada, e muito sepedir aos que muito receberam. Faz-se, portanto, necessrio que busqueis cumprir, comseveridade e nobreza, as vossas obrigaes, mante