CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … MUDANCAS NAS... · AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE...
Transcript of CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … MUDANCAS NAS... · AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE...
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
CHARLIANE DREINE AUGUSTO DE LUCENA
AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE SOCIABILIDADE NO NAMORO POR MEIO
DO WINDOWS LIVE MESSENGER
FORTALEZA - CE
2013
CHARLIANE DREINE AUGUSTO DE LUCENA
AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE SOCIABILIDADE NO NAMORO POR MEIO DO
WINDOWS LIVE MESSENGER
Monografia apresentada ao Curso de Jornalis-
mo do Centro Superior do Ceará, mantenedora
da Faculdade Cearense (FaC), como exigência
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Comunicação Social com habilitação em Jor-
nalismo.
Orientação: professor especialista Paulo Au-
gusto dos Santos Paiva
FORTALEZA (CE)
2013
CHARLIANE DREINE AUGUSTO DE LUCENA
AS MUDANÇAS NAS RELAÇÕES DE SOCIABILIDADE NO NAMORO POR MEIO DO
WINDOWS LIVE MESSENGER
Monografia apresentada como pré-requisito à
obtenção do título de Bacharel em Jornalismo,
outorgado pela Faculdade Cearense (FaC),
tendo sido aprovada pela banca examinadora
composta pelos professores.
Data da aprovação:___/___/___
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Professor Paulo Augusto dos Santos Paiva, Esp – UECE
Orientador
______________________________________________________________________
Professora Lenha Aparecida Silva Diógenes, Mestre – UFC
Examinador
______________________________________________________________________
Professor Denílson Albano Portácio, Mestre – UFC
Examinador
Ao meu namorado Lucas Fontenele que, em
vários momentos da minha vida, contribuiu
para o meu crescimento.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador prof. Paulo Paiva e à prof. Lenha Diógenes, pelo acompanhamen-
to essencial e constante.
Aos amigos Gardênia de Lima Ribeiro e Gilson Ribeiro, que foram um dos maiores
motivos para a escolha desta pesquisa.
“A Internet é a primeira coisa que a huma-
nidade construiu que a humanidade não en-
tende, a maior experiência de anarquia que
já tivemos.”
Eric Schmidt
RESUMO
Este trabalho aborda as novas formas de socialização nos relacionamentos amorosos mediadas
pelo aplicativo de bate-papo Windows Live Messenger. Por conta da internet, essa nova forma
de socialização tornou-se algo comum e uma nova cultura se formou dentro do ciberespaço.
Pierre Lévi, autor renomado, define o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela
interconexão mundial dos computadores e das memórias destes. Ao longo da pesquisa, foi
realizada uma breve contextualização da evolução de canais de comunicação, que se inicia
com a origem da carta e vai até a chegada do computador, apresentando ao final uma apresen-
tação sobre o aplicativo estudado. A partir de uma pesquisa qualitativa – por meio da técnica
da entrevista de profundidade - realizada com usuários do aplicativo, foi feita uma análise
com especialistas em comportamento e sociedade acerca das respostas dos entrevistados bus-
cando complementar a pesquisa. Através dela, constatou-se que esses novos relacionamentos
apresentam características semelhantes às relações presenciais, com exceção da não possibili-
dade dos indivíduos se tocarem.
Palavras-chave: internet. Relacionamento virtual. Socialização.
ABSTRACT
This study addresses the new forms of socialization in love relationships mediated through the
Windows Live Messenger application. Because of the Internet, this new form of socialization
has become commonplace, and it has formed a new culture within cyberspace. Pierre Lévi de-
fines cyberspace as "a communication space open by the worldwide interconnection of com-
puters and computer memories." Throughout the survey, we conducted a brief background of
the evolution of communication channels, which begins with the origin of the letter and goes
up to the coming of the computer. At the end of the survey we show a presentation on the
studied application. From a qualitative research — by means of a comprehensive technical in-
terview conducted with users of the application — an analysis was made by experts in behav-
ior and society on the answers received from the interviewees, aiming at adding more data to
the research. Through this analysis, we found that these new relationships have characteristics
which are similar to face to face relationships, except for the fact that the individuals in in-
volved in virtual relationships do not have the option of touching each other.
Keywords: internet. Virtual relationship. Socialization.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
1.1 Os primórdios da comunicação interpessoal ..................................................................... 12
1.2 A origem da carta .............................................................................................................. 13
1.3 O surgimento do telégrafo ................................................................................................. 14
1.4 A chegada do telefone ........................................................................................................ 19
1.4.1 O telefone móvel ............................................................................................................ 21
2 A NOVA TECNOLOGIA ................................................................................................... 23
2.1 Os computadores ................................................................................................................ 23
2.2 A Internet ........................................................................................................................... 25
2.2.1 Como a internet se universalizou .................................................................................... 26
2.3 O ciberespaço ..................................................................................................................... 27
2.4 A cibercultura .................................................................................................................... 30
3 RELACIONAMENTO VIRTUAL E O USO DO WINDOWS LIVE MESSENGER . 33
3.1 Principais aplicativos de bate-papo .................................................................................... 33
3.2 A utilização do Messenger como vínculo de relacionamento ............................................ 35
3.3 Observações sobre os novos relacionamentos na cultura virtual ...................................... 38
4 METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................................... 41
4.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................................. 41
4.2 Análise dos resultados ....................................................................................................... 41
CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 45
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................47
APÊNDICES .......................................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO
A escolha dessa pesquisa surgiu depois que uma colega de sala de aula me confessou
que estava noiva de um homem que nunca havia visto pessoalmente. Sei que namorar pela
Internet é algo muito comum nos dias de hoje, mas “noivar” através de um computador? Isso
sim era novidade para mim. Fiquei surpresa e questionei o motivo e tamanha paciência para
levar um namoro desse tipo seriamente à diante.
A partir daí, comecei a procurar pessoas que mantinham um relacionamento pela re-
de, pois acreditava que minha colega seria a única pessoa no mundo a namorar um homem
por cinco anos sem nunca o ter tocado. Encontrei muitas pessoas que mantém um relaciona-
mento assim. Pergunto-me onde estão os parques, os cinemas, os shoppings ou qualquer lugar
que casais de namorados costumam se encontrar. A tecnologia parece ter mudado radicalmen-
te certos comportamentos na sociedade.
A jornalista Alice Sampaio (2002) observou os namoros via web por dois anos e traz
uma conclusão pouco esperançosa para esses relacionamentos virtuais. Segundo ela, o amor
virtual existe mesmo, mas apenas na Internet. A autora afirma também que essa nova forma
de amar é uma ilusão, e que o único jeito de conhecer alguém é olhando cara a cara. Então,
como se explica o relacionamento da minha colega? Podemos dizer que a relação dela via
web, que durou tantos anos, é um caso de sucesso. Os dois só se conheceram pessoalmente
meses antes do casamento. O casal está junto há sete anos. Portanto, resolvi estudar essa ques-
tão e entender o porquê de hoje o computador ser uma ferramenta tão requisitada para conhe-
cer alguém.
O primeiro capítulo traz uma breve contextualização quanto às formas de comunica-
ção interpessoal. Será visto como se deu a troca de mensagens desde a época da carta até a
chegada do telefone. Veremos também como foi esse progresso e como foi a utilização desses
meios no decorrer das eras.
No segundo capítulo será explanado o surgimento do computador e da Internet. Ex-
plicaremos como tudo iniciou, as mudanças na comunicação por meio dessas ferramentas,
além de discutir os termos cibercultura e ciberespaço advindos dessa nova tecnologia. Ainda
nesse capítulo, será introduzido o comportamento dentro do ambiente virtual, assunto que será
mais abordado no capítulo seguinte.
O terceiro capítulo traz um breve histórico dos aplicativos de bate-papo que viraram ins-
trumento de comunicação entre pessoas no mundo todo. Mostraremos também como funcionam os
relacionamentos virtuais mantidos através do aplicativo de bate-papo Windows Live Messenger.
Além disso, acompanharemos depoimentos de pessoas que utilizam a ferramenta para namorar.
Já no quarto capítulo, explicaremos a metodologia usada na pesquisa para a coleta de in-
formações e apresentaremos a trajetória metodológica adotada para o desempenho desta monogra-
fia. Para que essa pesquisa pudesse obter os resultados esperados foi realizada a análise qualitativa e
dois tipos de técnicas. A primeira técnica, entrevista de profundidade, é “uma entrevista não
estruturada, direta, pessoal, em que um único respondente é testado por um entrevistador altamente
treinado, para descobrir motivações, crenças, atitudes e sensações subjacentes sobre um tópico”
(MALHOTRA, 2001, p. 163).
Essa entrevista foi feita através de um roteiro produzido com questões sobre o tema da
pesquisa. A segunda técnica é a observação participante que “faz uso dos sentidos para captar
aspectos da realidade” (OLIVEIRA NETTO, 2008, p. 38) objetivou observar o comportamento do
entrevistado no momento em que esta teclando.
1.1 Os primórdios da comunicação interpessoal
Desde seu aparecimento, o homem precisou se comunicar. Ao longo dos anos, novos
meios de comunicação foram surgindo. Alguns deles foram se modificando e outros extintos
na medida em que tudo se modernizava.
Antigamente a humanidade se comunicava através de sons e gestos em que através
destes as pessoas acabaram criando um modo para transmitir seus pensamentos e ideias. Nesta
época, essa comunicação era produzida entre pessoas do mesmo grupo. Segundo Lévi (1999,
p.144), “Nas sociedades orais, as mensagens linguísticas eram sempre recebidas no tempo e
lugar em que eram emitidas. Emissores e receptores compartilhavam uma situação idêntica e,
na maior parte do tempo, um universo semelhante de significação”. De acordo com o autor, a
comunicação entre essas pessoas evoluíam na mesma natureza em sua totalidade e com a
mesma influência cultural.
Essa prática foi responsável pelo aparecimento da linguagem por meio de palavras.
Lévy acredita que a escrita foi um marco para a comunicação interpessoal1, pois isso, fez com
que o pensamento de vários povos pudesse ser conhecido por todos através de pergaminhos,
papiros, livros etc.
A escrita abriu um espaço de comunicação desconhecido pelas sociedades orais, no
qual tornava-se possível tomar conhecimento das mensagens produzidas por pesso-
as que encontravam-se a milhares de quilómetros, ou mortas há séculos, ou então
que se expressavam apesar de grandes diferenças culturais ou sociais. A partir daí,
os atores da comunicação não dividiam mais necessariamente a mesma situação,
não estavam mais em interação direta (LÉVY, 1999, p. 114).
O mesmo autor explica que não era mais necessário ter um convívio com aquele
grupo para conhecer sua rotina e seus pensamentos. A comunicação interpessoal facilitou essa
interação entre os indivíduos. Lévy (1999) expõe também que a invenção do correio propor-
cionou uma melhoria no domínio da comunicação interpessoal quando pessoas de lugares
distantes tivessem a necessidade de trocar informações. O autor diz que desde a remota anti-
guidade na China, era comum o uso de cavalos e postos de troca para o envio de notícias de
um lugar para o outro. Essa forma de envio conhecida igualmente no Império Romano, termi-
naram esquecidas pela durante a alta Idade Média.
1 Termo geralmente reservado para situações nas quais apenas duas pessoas estão em comunicação (STRAU-
BHAAR, 2004, p.8).
Depois do século XV alguns estados europeus empregaram novamente a prática do correio
para os negócios do governo central. “Essas redes de comunicação serviam para receber notícias
recentes de todos os pontos do reino e para enviar ordens o mais rápido possível. Tanto no Império
Romano como na China, o correio jamais serviu para qualquer outra coisa”. (Lévy, 199, p. 124).
Porém, Lévy informa que a grande novidade para a comunicação a distancia só iria apare-
cer no século XVII com o modo postal com a utilização da distribuição do correio ponto a ponto, de
indivíduo para indivíduo distante e não apenas do centro para a periferia e da periferia para o centro
como exemplifica o autor. Lévi acredita que a chegada do correio como meio de comunicação entre
todos é originado de um movimento social. O correio no início era usado por pessoas comuns de
forma ilegal.
Posteriormente foi reconhecido e consagrado por conta do grande uso de indivíduos em de-
fesa dessa finalidade. Foi a partir daí que surgiram com mais força as correspondências econômicas
e administrativas, filósofos, cartas de amor etc. “O correio, como sistema social de comunicação,
encontra-se intimamente ligado à ascensão das ideias e das práticas que valorizam a liberdade de
expressão e a noção de livre contrato entre indivíduos” (Lévy, 1999, p.125). Em uma fase depois, a
Revolução Industrial proporcionou também a uso da eletricidade na invenção de novos dispositivos
de comunicação como o telégrafo e o telefone.
1.2 A origem da carta
Qualquer dicionário de língua portuguesa traz diversas expressões para o significado da pa-
lavra “carta”. Optamos pelo gênero “carta pessoal” 2.
Em uma matéria publicada no jornal Diário do Nordeste sobre carta pessoal, a historiadora
e mestre em História Geral, Paula Virgínia Pinheiro Batista (apud Maia, 2009), conta como o uso
da carta se propagou. A historiadora diz que a difusão aconteceu no século XIX, porém a prática de
enviar cartas deve-se a um grupo de filósofos gregos como Epicuro, Platão e Sêneca. A partir daí a
tradição epistolar foi adotada por romanos, como Cícero, mas foi no século XVII, na corte, que se
fortificou. Conforme a historiadora, o uso da carta era comum entre os letrados do século XIX, e no
século XX enviar cartas já era algo corriqueiro.
A partir daí surgiram as cartas familiares, de condolências, de agradecimentos, de descul-
pas. Ainda segundo Paula Virgínia, apareceram manuais epistolares explicando como escrever
cartas e a forma correta de uso dos pronomes.
2 “Veículo de comunicação individual e restrito, que não é redigida para conhecimento geral ou publicação”
(LEMOS, 2004, p.7).
Já o site dos Correios3, conta a origem e principalmente a difusão dela de outra for-
ma. De acordo com a empresa, o surgimento da carta é contado concomitantemente com os
serviços postais, ou seja, com os Correios.
Aqui, no Brasil, a história postal se inicia com a chegada de Pedro Alves Cabral em
1500. A carta escrita no país, também chamada de correspondência, foi escrita por Pedro Vaz
de Caminha e mandada ao Rei de Portugal, enviada pelas mãos de Gaspar de Lemos, coman-
dante da frota de Pedro Álvares Cabral. Pedro Vaz de Caminha contava com empolgação a
possibilidade de explorar a nova terra, e foi a partir daí que a correspondência ficou conhecida
como “Carta de Caminha”. Ela se tornou o primeiro documento oficial sobre o Brasil4.
O envio de correspondências como atividade postal aconteceu apenas em 25 de ja-
neiro de 1663, com a nomeação Alfredes Cavalheiro Cardozo ao cargo de Correio da Capta-
nia do Rio de Janeiro, o que originou o Correio-mor5 no Brasil. Nesse dia é comemorado o
dia do carteiro em todo o País.
Mais adiante, em 1822, o primeiro carteiro do Brasil, Paulo Bregaro entrega uma car-
ta da Imperatriz Leopoldina a Dom Pedro I, no dia 7 de setembro, às margens do Rio Ipiran-
ga. A correspondência tratava das novas exigências de Portugal ao Brasil. Por conta dessa
informação vinda de uma carta escriva pela Imperatriz, D. Pedro I declarou Independência,
destacando a importância da carta brasileira.
A ECT é hoje uma empresa ligada ao Ministério das Comunicações em que o capital
social é constituído integralmente pela União.
1.3 O surgimento do telégrafo
A criação da telegrafia elétrica e o seu desenvolvimento pelo mundo iniciada na
primeira metade do século XIX notabilizou um dos principais momentos de interação entre
pessoas. A velocidade com que as informações eram transmitidas poderia decidir o futuro das
guerras, por exemplo. A história do telégrafo (do grego: tele > distância e grapho > escrevo)
teve uma notável importância na evolução do sistema de comunicação. Por muitos séculos, o
telégrafo era considerado um meio de comunicação “à vista” chamado de telégrafo ótico.
3 Disponível em <http://www.correios.com.br/sobreCorreios/empresa/historia/default.cfm > Acessado em:
20/09/2012 4 Segundo o site dos Correios, “com este acontecimento, eternizado na história brasileira, estava sendo escrita a
primeira página do surgimento do correio no Brasil”. Além de propulsor para a comunicação humana, princi-
palmente no Brasil, a correspondência tornou-se documento histórico. 5 De acordo com o site dos Correios, o Correio-mor era um serviço postal criado pelo Rei de Portugal Dom Ma-
nuel I.
O processo de transmissão do telégrafo foi desenvolvido no início da década de 1790 pelo
engenheiro francês Claude Chappe. Consistia em transmitir letras, palavras e frases através de um
código visualizado a partir de três réguas de madeira articuladas colocadas na parte alta de um poste
ou edifício. Os primeiros usuários foram os cartagineses que apelavam à luz durante a noite e à
fumaça pelo dia no objetivo de transmitirem sinais à distancia. No primeiro modelo, as “instala-
ções” nas estações transmissoras e receptoras eram arquitetadas por dois vasos iguais com líquido,
com uma torneira para descarga posta na extremidade inferior e com um pequeno bastão fixo numa
boia.
No bastãozinho estavam reproduzidos em diferentes alturas os acontecimentos mili-
tares mais comuns (a imagem era a única forma de linguagem então conhecida).
Após ter comunicado o início da transmissão através de um sinal luminoso (opera-
ção repetida ao final da transmissão), a torneira era aberta na estação transmissora e
assim fazia-se descer a boia até o nível correspondente à imagem da notícia que se
pretendia transmitir. Uma operação idêntica realizada na estação receptora permitia
ler a notícia. Um método trabalhoso, mas de indiscutível engenhosidade, no qual já
estava presente o conceito de “sincronismo”, que será a base das futuras evoluções
do meio telegráfico (GIOVANNINI, 1987, p. 154).
De acordo com o mesmo autor, nos séculos seguintes, o telégrafo passou por mudanças
como, por exemplo, o uso das bandeiras, inseridas pelos gregos. Segundo o mesmo autor, a forma
diferente na posição das bandeiras e seu acoplamento em combinações estabelecidas antecipada-
mente, correspondiam a sinais alfabéticos, que com o uso de ambos tornava-se possível criar uma
mensagem.
Em 1792, o telégrafo começava a ser comercializado e a partir daí a sua utilização foi mais
intensiva. O físico Claude Chappe criou um modelo mais caprichado e delicado que “consistia em
uma treliça em que a extremidade superior estava colocada uma regreta6 de madeira com três
braços, que, ao serem movimentados dentro da convenção de um código preestabelecido, origina-
vam sinais correspondentes a letras, números e diversas indicações” (GIOVANNINI, 1987, p. 154).
Segundo o autor acima citado, a sorte do telégrafo de Chappe não se deve apenas ao talentoso
“sistema de regrata”, mas também ao acontecimento de a invenção da luneta ter virado possível a
leitura de mensagens a distancias consideráveis.
A história do telégrafo ótico mostrou como suas primeiras versões foram especiais para os
militares. A descoberta de Chappe aconteceu na mesma época em que um tumultuado da história
francesa acabou, posteriormente, a um apoio das ligações entre o telégrafo e as estruturas militares.
6 Significado de regreta: Pequena régua de madeira que o tipógrafo utiliza para estabelecer a altura dos granéis
ou das páginas. Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa; Editora Melhoramento, 2010.
“Muita gente afirma que as vitórias de 1793 e de 1794 foram devidas, em parte, à possibilida-
de – para as tropas francesas – de poder contar com um sistema de comunicação de que seus
adversários, ao contrário, não dispunham” (GIOVANNINI, 1987, p. 155).
Segundo Giovannini, o modelo de telégrafo criado naquela época alcançava cerca de
230 quilômetros. Porém, o aparelho não funcionava para grandes distâncias. Parece que o
telégrafo seria o principal e eficaz meio de comunicação da época. Mas Giovannini narra um
fato contrário ao acontecimento da época. O anúncio da derrota sofrida por Napoleão em Wa-
terloo7 talvez tenha sido levado a Londres, ineditamente, por um pombo-correio, pertencente
a Rothschild8. De acordo com o autor, esse fato ajudou bastante para as fortunas daquela fa-
mília, que demonstrou habilidade para utilizar a notícia financeiramente.
Esse período foi marcado por diversos sistemas de comunicação. A agência de in-
formações, a Havas, mesmo usando o telégrafo, permanecia usando os pombos-correios em
1840. Mesmo assim, a invenção de Chappe resistiu até 1852 e conseguiu revolucionar o apa-
relho atingindo agora 4.830 quilômetros, abrangendo 556 estações isoladas.
Enquanto isso, o telégrafo elétrico passou por seus primeiros testes. Giovannini in-
forma que Chappe teria participado da empresa, porém o nome ligado a procedência do telé-
grafo elétrico é o de P.Ch. Lesage de Genebra. Este que em 1754 conseguiu construir uma
amostra com 24 fios metálicos com um para cada letra, independentes entre si e cada um deles
colocados em comunicação com um eletroscópio. Todo esse processo era novo e muito sim-
ples, levou cerca de 90 anos para trazer resultados regulares, como podem ser definidos os
primeiros sistemas telegráficos impressos inseridos em 1840.
Essa fase aconteceu, por acaso, no final do século 18, com a obra de Galvani e de
Alessandro Volta. Tudo isso porque com a invenção da pilha, em 1800, estabeleceu-se a pri-
meira forma de bateria elétrica. Até 1820, a interação entre eletricidade e magnetismo conti-
nuou no anonimato. O elo só foi descoberto após a invenção de Volta em parceria com o gal-
vanômetro de J.S.C. Scheweigger. Este se tornou uma fase essencial para o conceito de telé-
grafo magnético. Com a criação do “aparelho de cinco agulhas” de CH. Wheatstone fez com
que novos inventários aparecessem como é o caso do telégrafo impresso originado deste. O
aparelho era abastecido de uma fita de papel sobre a qual o impulso elétrico permitia imprimir
7 Cidade localizada próxima a capital da Bélgica em que aconteceu a derrota de Napoleão para as tropas britâni-
cas na Batalha de Waterloo. A mensagem sobre a derrota enviada por um pombo-correio chegou mais rapida-
mente que a nova invenção, o telégrafo. 8 Membro do clã mais rico da Europa que ficou sabendo da derrota de Napoleão antes mesmo dos governos
inglês e francês.
o tipo transmitido. Em relação a velocidade de transmissão o aparelho poderia enviar e receber
cerca de 1.500 palavras por hora.
Durante toda essa história, o aparelho passou por mudanças significativas e mostrou um
grande avanço quanto sua funcionalidade, porém, não conseguiu prender a atenção do grande
público. As pessoas não tinham a criação e desenvolvimento do telégrafo como algo revolucionário
ou que poderia beneficiá-las de forma mais impactante. “Na metade do século XIX a expansão dos
Estados Unidos do Atlântico até o Pacífico trouxe para o governo federal norte-americano o
problema proeminente da questão do sistema de comunicação”.
De acordo com Giovanninni (1987), os processos alcançados no plano industrial, com re-
conhecimento no nordeste dos Estados Unidos, foram maiores e exigia uma estrutura mais
abrangente. Agora, a comunicação rápida era uma necessidade. Mas os projetos não ficaram
estagnados. Eles ficaram mais consistentes e extensos já que em 1852, na Inglaterra, a rede
telegráfica contava com 6.000 quilômetros de linhas. Enquanto a sociedade de Wheatstone
administrava o serviço telegráfico, os irmãos Jacob e John Brett que assumiam o posto de pioneiro
na experiência de vincular a Inglaterra e a França com um cabo telegráfico submarino. Depois de
muitas experiências sem sucesso, em setembro de 1851 eles conseguiram uma melhor colocação na
inserção dos cabos.
Em todo caso, o projeto de ligar países e continentes através de cabos telégrafos
submarinos passaria para a história como uma empresa épica. Uma experiência le-
vada a cabo em 1857 não deu certo, quando tudo parecia indicar que a meta estives-
se relativamente perto. O cabo partiu-se e perderam-se cerca de 564 quilômetros de
material colocado no mar para a ligação. Também fracassou outra tentativa feita em
1858; depois, a sorte resolveu estender a sua mão àquelas arrojadas e memoráveis
empresas. O mérito do sucesso definitivo devia ser atribuído, provavelmente, a
muitas pessoas, a começar pelos protagonistas das tentativas fracassadas. Porém, no
“livro de ouro” ficou um nome, aquele do já citado Field, ao qual está ligado o em-
prego e a utilização dos cabos telegráficos submarinos (GIOVANNINI, 1987, p.
158).
Alguns registros afirmam que as primeiras instalações tenham sido feitas em Toscana9. No
início, os jornais usavam essa comunicação apenas como uma prestação de serviço considerável não
muito confiável. O jornal La Gazzetta d’Itália usava o telégrafo apenas para se corresponder com
Roma, já o La Perseveranza, de Milão só usava apenas mensagens sumárias. Outros jornais como Il
Telegrafo, de Livorno, que deu o nome da nova criação para a comunicação tiveram mais
problemas. Os ministros Zanardelli e Barccarini ainda iriam liberar uma lei para que o serviço de
comunicação pudesse atuar de forma padronizada.
9 Região central da Itália em que o telégrafo foi usado para manter a comunicação dos membros do jornal La
Gazzetta d’Itália , publicado em Florença(cidade toscana), com a capital da Itália.
Esses acontecimentos, na Itália, serviram para explicitar a importância do encontro da
comunicação feita pelo telégrafo e sobre a mudança sofrida pelos jornais. Apesar da evolução,
essa ligação de “ponto a ponto” não era suficiente para a comunicação feita pelos jornais. Se-
gundo Giovannini “a codificação realizada na estação transmissora e a decodificação na esta-
ção receptora tinha aberto um caminho que – para o jornal de modo especial – tornava neces-
sário um percurso posterior, concluído segundo as próprias necessidades peculiares” (Giovan-
nini, 1987, p.159). Para o jornal, o sistema de código Morse (pontos, linhas e espaços corres-
pondentes as letras do alfabeto) trazia alguns problemas para o jornal.
A queixa maior era o fato de a transmissão só poder acontecer alternadamente. Outro
ponto era a dificuldade de encontrar pessoas que soubessem usar o sistema Morse. Isso sem
falar da velocidade das informações que era baixa. Pensando nesses pontos, um código inter-
nacional usado na transmissão a teletipo começou a ser utilizado. O sistema Baudot foi im-
plantado em 1874 e a velocidade das informações aumentou significativamente atendendo as
expectativas dos jornais.
O Morse atendia já naquele momento cerca de 30 palavras por minuto o que com o
Baudot eram 6.000 palavras por hora. Giovannini (1097) acredita que esse salto foi o precur-
sor para a introdução na telegrafia que se consolidou com a adoção do “Telex”. Esse termo
vem de teleprint e de exchange. Esses nomes foram resumidos em apenas “Telex” com o ob-
jetivo de mostrar que agora o modo de usar um instrumento válido para a transmissão e a re-
cepção tornou-se individual com um sistema de comutação de rede.
A colocação do teletipo ajustou-se com os primeiros anos do século XX juntamente
com novidades até mesmo em relação ao aparelho Baudot. Todo o processo de comunicação
com o teletipo era mais simples que qualquer sistema antes criado. Os símbolos alfabéticos,
os números e os símbolos gráficos correntes eram produzidos sobre um teclado similar ao da
máquina de escrever. A velocidade era algo revolucionário com cerca de 400 tipos por minu-
to, e recebidos por outra máquina igual em que os marteletes eram ativados automaticamente
pelos impulsos recebidos.
A máquina usada para transmitir essas informações produzia ao mesmo tempo uma fi-
ta larga, perfurada em cinco canais, que podia ser utilizada para retransmitir a mensagem.
“Como a alternativa à ligação “ponto a ponto”, ela passava a construir uma rede que colocava
o usuário em contato com uma central de comutação através da qual era possível estabelecer a
comunicação direta com qualquer outro assinante do serviço” (Giovannini, 1987, p. 161).
Para ele, todo esse acontecimento só poderia ter atingido sua real função para as agências de
notícias, organizações capazes de adequar informações e comentários de todo o mundo e
posteriormente transmiti-los aos jornais a elas ligados. O autor faz esse comentário por se referir a
Havas e seus pombos-correios.
1.4 A chegada do telefone
O telégrafo abriu caminhos para a comunicação. A informação tornou-se um produto que in-
teressava a muitos no mercado da notícia. Mesmo com todo avanço, para o mercado da informação,
os instrumentos tecnológicos ainda enfrentavam barreiras. A chegada do telefone mesmo vindo
após o telegrafo, também não animou muito. Giovannini (1987) cita trechos de uma nota oficial que
constituiu o memorando distribuído na preparação de uma reunião dos diretores da Western Union
Telegraph em 1887.
“Não ao telefone de Bell.
1) O telefone foi assim chamado por seu inventor, A. G. Bell, que acredita que,
um dia, haverá um deles instalado em todas as casas e em todos escritórios.
2) Bell nada mais é do que um ortofonista. Apesar disso, sustenta ter inventado
um instrumento de comunicação de imenso valor prático, que milhares de pes-
quisadores tentaram, em vão, realizar durante anos.
3) A idéia de instalar o seu instrumento em todas as casas e em todos os escritó-
rios (...) é pura fantasia (...). Seriam necessários investimentos astronômicos
para pôr em funcionamento a central só no que diz respeito aos imóveis, sem
falar das aparelhagens elétricas.
4) É por isto que o comitê considera ser de seu dever desaconselhar qualquer in-
vestimento no projeto Bell. Não colocarmos em dúvida que a sua invenção, em
circunstâncias especiais, poderiam mostrar-se útil, porém as previsões no tipo e
na escala que Bell ousa com tanta ingenuidade são, sem sombra de dúvida,
despropositadas”.
Quem apoiava a ideia descrita no trecho acima não imaginava que o telefone iria mudar
conceitos e proporcionar novos meios através dele. “O telefone é, ao mesmo tempo, um dos mais
antigos meios de comunicação e o mais atualizado. Muitas das tecnologias que hoje revolucionam o
mundo têm sua origem no sistema de telefonia pública” (Straubhaar, 2004, p.152). O autor acima
citado tenta explicar o motivo de tanto ceticismo quanto a invenção do telefone.
Primeiro é representado pela comutação automática, já conhecida no campo da telegrafia
apto a aceitar um sistema de comunicação de rede. Já o segundo, o autor conta que o uso de ondas
eletromagnéticas em condições de transmitir numa velocidade de 300 mil quilômetros por segundo,
tornava possível a comunicação entre regiões distantes praticamente ao mesmo tempo. Mas para a
comunicação a distancia acontecer e forma eficaz, o sistema de telefonia iria esperar ainda 50 anos.
O autor Giovanini explica que a primeira instalação para telefonia urbana foi exposta no
mesmo momento com a exposição na Filadélfia em 1987. Ainda em fase de experimentação, a 12
de fevereiro do ano seguinte, supervisionado pelo Instituto Essex de Salern, foi realizada a
transmissão telefônica de um discurso em Boston, afastado cerca de 22 quilômetros. A pri-
meira linha foi ativada na Inglaterra em 1880 entre Leeds e Branford. O serviço telefônico
público chega à Itália em 1881, entretanto a rede interurbana começou a se integrar depois da
aceitação da lei que acompanhava o orçamento do estado.
Segundo o mesmo autor, em consequência deste acontecimento, o Estado autorizou
a construção de três linhas que ligaria Turim a Milão, de Milão a Bérgamo e de Bérgamo a
Gazzaniga. Em 1903 a implantação das linhas ampliou-se. Foram realizadas coligações de
Roma a Gênova, Nápoles, Florença e Bolonha. Após um ano acontece a primeira ligação in-
ternacional entre Roma e Paris. Apesar do número de instalações terem sido pequenas ao lon-
go dos anos citados, o telefone já tinha mostrado sua importância.
As primeiras linhas telefônicas foram feitas com o mesmo processo técnico da tele-
grafia utilizando a matéria com circuito de fios únicos em ferro postos sobre os postes implan-
tados para o uso do telégrafo. Só que a escolha desse mesmo processo trouxe alguns proble-
mas. “as comunicações resultavam fortemente alteradas devido ao emprego da terra como
“condutor de retorno e à limitada capacidade de absorção dos circuitos em ferro” (GIOVAN-
NINNI, 1987, p. 165).
Com isso, começaram a usar circuitos completamente metálicos em fio de bronze
com um diâmetro de cinco milímetros, tendo resultados que levaram a cobrir distancias de até
mil quilômetros. Giovannini conta que não bastava ter o melhor material para a construção
dessas linhas. Algo deveria alavancar a qualidade das transmissões telefônicas. Foi daí que
introduziram a válvula termiônica com três eletrodos para melhorar a comunicação a distan-
cia. A válvula foi implantada pela primeira vez no circuito aéreo Nova Iorque-Chicago em
1914, com bons resultados. A válvula trouxe o que os pesquisadores mais precisavam que era
uma ferramenta capaz de repetir e de reforçar as fracas correntes transmitidas pela voz huma-
na.
Em 1925, na Itália, o sistema de telefonia já estava bem desenvolvido com 2.207 li-
nhas interurbanas para um aumento de 116.596 quilômetros na rede. A mídia agora só trocava
ideias por meio do telefone. Através dele, ela poderia sugerir pautas, pedir informações, rela-
tar um fato novo. Com toda essa facilidade acabaram aparecendo os primeiros escritórios de
correspondência.
1.4.1 O telefone móvel
Os telefones móveis foram os primeiros a serem usados em viagens a barco em 1919. Sen-
do que o primeiro serviço regular de comunicação móvel terrestre começou em 1933 para
funcionários de segurança pública. O serviço de telefonia móvel só foi liberado para o público em
1946. Segundo Straubhaar (2004), o processo da linha agia desde uma única antena central em cada
área metropolitana e tinha uma capacidade total de 46 conversas simultâneas. Ou seja, o quadragé-
simo sétimo usuário não recebia um sinal. Isso resultou em listas de espera por telefones móveis e a
insistência de permanecer tentando para finalizar uma chamada.
Em 1962, os telefones móveis ganharam novos serviços. Os beepers ou paging10
veio para
suavizar a grande demanda pelo serviço de comunicação móvel. Porém, os pagers não foram
suficientes para o crescente desejo das pessoas por telefonia móvel. Em conseqüência disso chega o
rádio celular nos Estados Unidos em 1978. “O rádio ganhou esse nome da prática de se dividir
grandes áreas de serviço em grupos de pequenas zonas, ou células, cada uma com apenas algumas
milhas de diâmetro” (STRAUBHAAR, 2004, p.164). Sendo frágeis os transmissores encontrados
em cada célula, é provável a reutilização das mesmas frequências de comunicação entre outros
usuários em partes distantes da mesma cidade. O mesmo autor afirma também que de acordo que o
movimento de uma célula para a outra, a chamada é transferida para a próxima antena na rede e
automaticamente atribuída a outro local.
Os telefones sem fio em união com o rádio celular proporcionou uma maior locomoção
para os usuários. Agora a comunicação iria onde estivesse a tecnologia chamada de rede de
comunicação pessoal, que faz com que os telefones sem fio trabalhem de forma parecida com o
rádio celular. A diferença é que as células de cada transmissor podem ser menores. Ou seja, esses
transmissores dos rádios celulares podem ter uma potência mais fraca, e isso torna os transmissores
menores, mais leves e mais baratos.
Para finalizar a evolução da rede pública de telefonia é necessário falar de um sistema que
consiste na integração da voz, transmissão de dados de alta velocidade e vídeo em um único espaço.
É que chamamos de rede de banda larga por proporcionar serviços que exigem um largo espectro de
freqüência de comunicação. Segundo Straubhaar (2005), serviços de banda larga incluem progra-
mação de televisão, telefones com imagens, gráficos de alta qualidade e imagens médicas de alta
resolução.
10
Pequenos receptores de rádio que monitoram um único canal de rádio transportado em conjunto com um som
de “beep” ou vibração quando seu número de identificação é transmitido (STRAUBHAAR, 2004, p. 164).
O produto usado para a construção física da banda larga é a fibra ótica. Em 1880,
Alexander Graham Bell ganhou a patente do photophone, sendo que o princípio das guias de
onda óptica foi descoberto dez anos anteriormente. Todavia, para essa invenção virar uma
experiência teve que esperar a criação do laser produzido pelos Laboratórios Bell em 1958.
“Lasers oferecem um potente raio de luz puro muito adequado às comunicações por onda de
luz” (Straubhaar, 2004, p.165). De acordo com o autor, o primeiro sistema comercial foi insta-
lado em1979, e dentro de dez anos a fibra ótica estava em grande utilização em redes de longa
distância chegando às redes telefônicas locais e às rede corporativas. Hoje, a fibra é encontra-
da em cabos transoceânicos, que é mais eficiente que as transmissões via satélite.
2 A NOVA TECNOLOGIA
2.1 Os computadores
A história do computador tem início com a Segunda Guerra Mundial em que os governos
procuraram desenvolver máquinas computadorizadas para decifrar códigos enviados pelas tropas
inimigas. Segundo Straubhaar (2004), o Serviço Secreto britânico criou o Colossus, o primeiro
computador digital11
capaz de decodificar mensagens alemãs. Mas como foi dito, essa máquina
apenas decifrava essas informações e havia a necessidade também de calcular tabelas de cálculos
matemáticos, além de auxiliar na mira de canhões e mísseis. Isso deu passe para a criação do
ENIAC, o primeiro computador de uso geral, lançado em sociedade entre o governo de Estados
Unidos e a Universidade da Pensilvânia no ano de 1946.
Os inventores do ENIAC, J.Presper Eckert e John Mauchly, por conta de um desentendi-
mento com a Universidade sobre a patente, desistiram da parceria e foram trabalhar para Remington
Rand Corporation, uma das primeiras líderes na indústria da computação. A dupla criou então o
UNIVAC, o primeiro computador comercial, tornado posteriormente produto da IBM.
A IBM é uma empresa que tem forte participação no desenvolvimento do computador. De
acordo com Straubhaar, ela entrou no mercado como um fabricante de equipamento eletroeletrônico
de tabulação para escritório. A empresa lançou alguns computadores como o Modelo 360 e o
Modelo 370. Mas foi em 1981 que a IBM resolveu levar a tecnologia para dentro dos domicílios
criando o computador pessoal (PC). O Altair foi o primeiro lançamento da empresa na linha de PCs,
mas apesar da nova ideia, ele não era convenceu muito.
O “verdadeiro” Altair não era muito impressionante; ele tinha capacidade de arma-
zenar apenas as primeiras quatro linhas de um parágrafo. O usuário não poderia digi-
tar nada com ele, de qualquer maneira, pois ele não tinha teclado ou monitor nem
software de processamento de texto – ou mesmo qualquer outro tipo de software pa-
ra tal fim. O usuário tinha de carregar cada programa na memória, conectando cha-
ves elétricas no seu painel. Tudo que o Altair podia fazer era jogar um joguinho
muito simples no qual o usuário imitava a repetição de luzes piscando em sequência
em seu próprio painel de controle (STRAUBHAAR, 2004, p. 187).
Apesar de todos os problemas e incapacidades, as pessoas gostaram da ideia de ter algo em casa
para usar a hora que quiserem. A indústria da computação pensou no PC como potencial de
mercado e começou a expandir. Diferentemente dos computadores digitais da época das guerras,
para o PC funcionar corretamente era necessário rodar um software12
. Straubhaar (2004) diz que foi
daí que apareceu William Gates, um calouro de Harvard que vendeu aos criadores do Altair uma
linguagem de computador. Com o sucesso, Gates, em parceria com um amigo, fundou a empresa de
11
Máquina que armazena e manipula informação na forma de código binário (1 e 0) (STRAUBHAAR, 2004, p.
184). 12
Consiste em programas e códigos que instruem os computadores sobre o que fazerem (STRAUBHAAR, 2004,
p. 195).
software Microsoft Corporation. E outras pessoas seguiram o mesmo exemplo dele, como
Steve Jobs e Stephen Worniak. A dupla abandonou a faculdade e começou a criar seu PC, o
Apple13
.
Perceba que todos esses computadores pessoais citados anteriormente não chegaram
perto do objetivo dos consumidores, com exceção a um: o Alto, desenvolvido entre 1972 e
1974, pela Xerox Corporation de Pablo Alto. Straubhaar conta que o Alto foi o primeiro com-
putador completo, bem parecido com o que conhecemos atualmente. O computador tinha
mouse e uma conexão de rede com velocidade rápida, denominada de Ethernet. Porém, os
consumidores não chegaram a aproveitar esse invento, pois a Xerox desistiu do mercado dos
PCs.
Podemos perceber que os primeiros computadores foram construídos com elementos
que resumiam apenas em programação, controle, sistemas complexos. Para Breton (apud Le-
mos, 2008, p. 102), “as máquinas cibernéticas vão tentar imitar o cérebro humano e simular
seres vivos (e maquínicos)”. Mas hoje o computador não é apenas uma máquina para calcular,
escrever ou substituir atividades humanas, ela é responsável por mudanças sociais e o objetivo
de seu uso vai muito além das redes de programação.
Segundo Lunenfeld (apud Santaella, 2003, p. 20) “isso fez da cibernética a alquimia
do nosso tempo e do computador seu solvente universal. Neste, todas as diferentes mídias se
dissolvem em um fluxo pulsante de bites e bytes”. Em seu livro, Santaella traz um texto da
obra de Lévy, em que resume em poucas linhas o que podemos encontrar quando utilizamos
um computador em conexão com a internet.
“Quando ligado às redes digitais, o computador permite que as pessoas troquem to-
do tipo de mensagens entre indivíduos ou no interior dos grupos, participem de con-
ferências eletrônicas sobre milhares de temas diferentes, tenham acesso às informa-
ções públicas contidas nos computadores que participam da rede, disponham da for-
ça de cálculo de máquinas situadas a milhares de quilômetros, construam juntos
mundos virtuais puramente lúdicos – ou mais sérios-, constituam uns para os outros
uma imensa enciclopédia viva, desenvolvam projetos políticos, amizades, coopera-
ções. Isso tudo, sem excluir aqueles que encontram nesse ambiente o lugar propício
para propagar ódio e enganação (LÉVY apud SANTAELLA, 2003, p. 103)”.
13
Primeiro computador fabricado pela empresa chamada na época de Apple Computer, Inc. A Companhia é
conhecida no mundo inteiro por fabricar produtos eletrônicos, computadores e computadores pessoais de alta
tecnologia.
2.2 A Internet
Tudo começou no fim da década de 1960 com o aumento dos serviços públicos de infor-
mação. O Departamento de Projetos de Pesquisas Avançadas da Agência de Defesa Americana
(DARPA) buscava criar um sistema que não fosse vulnerável a ataque nuclear. Foi então que em
1966 o diretor da DARPA resolver unificar os computadores em rede.
Santaella (2003) conta que a ARPANet surgiu em 1969 após ser criado um processador de
mensagens em um minicomputador na Universidade da Califórnia. O objetivo desse invento era
facilitar a troca informações entre os centros de pesquisas acerca de trabalhos científicos da época.
Porém, os membros da Universidade começaram a usar o sistema também para troca de conversas
pessoais.
Vimos até agora que o uso dos computadores em rede iria beneficiar tanto os milita-
res como os cientistas. Para atender as duas demandas, a DARPANet foi dividida em duas:
Arpanet, para fins científicos e Milnet, para fins militares. A ligação entre as duas ganhou o nome
de Darpa INTERNet, e depois de alguns anos outras redes surgiram também prometendo o mesmo
tipo de serviço, são elas a UUCP (em UNIX) e Usenet (Users Network). Esta última criou o sistema
de rede através de uma linha telefônica, similar ao que conhecemos hoje.
A Usenet teve um papel muito importante no universo on-line. Essa rede foi criada para
começar um fórum de discussão sobre computadores na internet. Esses fóruns são comuns até hoje,
muitas pessoas mantém relações de trabalho e estudo através da troca de ideias dentro desses canais.
A partir da criação de novas redes, o objetivo de interligar os computadores não parou de evoluir.
Surgiram então as redes CSNet (Computer Science Network) e a Bitnet (Because it’s time to
Network).
Mas até aí a interconexão dos computadores não era um marco na história. Segundo Santa-
ella (2003) isso aconteceu mesmo com a rede NFSNet ao juntar alguns investigadores americanos a
cinco centros com supercomputadores. Apesar da evolução, essa transmissão não aguentava a
interconexão em um sistema de comunicação mundial, afinal de contas, embora fosse um projeto
distante das criações inventadas, interligar o mundo acabou se tornando o objetivo da tecnologia de
redes. Isso, claro, depois que ela saiu da área militar e científica.
Mas esse último problema foi resolvido com o sistema UNIX. Segundo Santaella (2003)
este foi inventado pelos laboratórios Bell em 1969, porém apenas em 1983 que o uso foi mais
explorado. “O UNIX foi adaptado ao protocolo TCP/IP por pesquisadores de Berkeley. O TCP/IP
(Transmission Control Protocol/ Internet Protocol) é o idioma dos computadores na rede internet
(SANTAELLA, 2003, P. 87)”.
Para entendermos melhor sobre essa evolução devemos saber que o TCP/IP é uma
linguagem de comunicação de base da rede, ou seja, os computadores, ao se interligar, conse-
guem se compreender por meio dela. De acordo com a autora citada acima, o que faz essa
máquina ir além da comunicação entre pessoas é a facilidade que ela tem de codificar e deco-
dificar pacotes de dados que são transmitidos em velocidade rápida pela rede dentro do com-
putador.
Tão importante quanto falar da história da internet é explicar como ela funciona atu-
almente. A rede das redes é constituída por LANs (Local Area Nerwork ou Redes Locais),
MANs (Metropolitan Area Network ou Redes Locais) e WAN (World Area Network ou Re-
des Mundiais). Todas elas são conectadas por redes telefônicas, satélites, microondas, cabos
coaxiais e fibras óticas, autorizando a comunicação com computadores que utilizam regras e
acordos que permitem a conexão e a comunicação entre máquinas diferentes (LEMOS, 2009).
Quanto a navegação na internet, Lemos (2008) diz que ela oferece ferramentas com
espaços para o desenvolvimento de diversos dispositivos comunicionais, como por exemplo,
o e-mail, uma espécie de correio eletrônico e o WWW (World Wide Web), que permite a na-
vegação por páginas de informação, chamadas de Home Page ou Site.
O aplicativo de bate-papo é a principal ferramenta comunicacional discutida nesse
trabalho. No terceiro capítulo, será explorado como é o uso dessa ferramenta, como também a
finalidade, público e os mais aplicativos mais usados além do Windows Live Messenger.
2.2.1 Como a Internet se universalizou
Meios de grande audiência na Internet como blog, rede social ou até o e-commerce
costumam ser escolhidos como os principais responsáveis pela universalização da rede mun-
dial de computadores. Porém Santaella (2003) acredita que a internet iniciou sua universaliza-
ção a partir do momento que ela foi criada, pois a rede não era direcionada apenas para inte-
resses militares. Ela serviu as redes científicas, institucionais e pessoais se interligando não só
com o Departamento de Defesa, mas também com a Fundação Nacional de Ciência. Além
disso, as principais universidades vinculadas a pesquisas e núcleos de propagação de ideias
com ênfase em tecnologia tinha papel essencial dentro desse conjunto.
Já os jornalistas André Cardozo e Nara Alves, que escreveram a reportagem sobre a
história da internet14
para o portal IG, acreditam que a rede pode ter universalizado depois da
14
A história da internet. Disponível em <http://aniversario10anos.ig.com.br/historia+da+internet.html> Acessa-
do em: 25/10/2012.
criação da www (Word Wide Web). O sistema foi criado pelo físico inglês Tim Berners-Lee em
1990. Quando trabalhava no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), ele recebeu uma
proposta de inventar um sistema que simplificasse a troca de informações entre os pesquisadores da
instituição.
Depois de inventar a www, Tim Berners-Lee criou o primeiro navegador e todo o sistema
de localização de endereços eletrônicos, chamadas URLs, o protocolo HTTP e a linguagem HTML.
Depois da criação do físico, a web foi aos poucos sendo usada por outras universidades e, em
seguida se expandiu-se para todo o mundo.
2.3 O ciberespaço
A Internet trouxe novas formas de trabalho, estudo e sociabilidade. O mundo passou a se
interligar através do computador formando cultura virtual dentro de um só lugar: o ciberespaço. O
termo ciberespaço foi criado e empregado pela primeira vez pelo autor de ficção científica William
Gibson, em 1984, na obra Neuromancer15
. Segundo Gibson, (apud SANTAELLA, 2003, p.98) “o
ciberespaço é uma alucinação consensual experienciada diariamente por bilhões de operadores
legítimos... Uma representação gráfica de dados abstraídos dos bancos de cada computador no
sistema humano”. Ele descreve o ciberespaço como um espaço não físico em que várias informa-
ções circulavam de várias formas dentro de uma rede de computadores.
Lévi (1999) define o ciberespaço como o lugar de comunicação ampliado pela intercone-
xão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Posto isso, pode-se entender que
o ato dos usuários compartilharem arquivos e baixar programas, por exemplo, fazem parte do
ciberespaço, pois não é possível essa troca de arquivo sem a interconexão dos computadores. Ou
seja, a comunicação se dá através dessa interatividade de um PC ter a capacidade de se conectar a
outros de pessoas situadas em qualquer lugar do mundo.
Além disso, Lévi ressalta que o ciberespaço abrange sistemas de comunicação eletrônicos.
Segundo ele, isso inclui desde as redes de telefonia até as redes digitais. Se levarmos apenas em
consideração a definição de ciberespaço, ficará claro que tudo gira em torno dos computadores e da
Internet. Acredita, ainda, que tudo é válido se a informação for originada de fontes digitais ou
mesmo se for destinada a elas. Portanto, se levarmos em conta toda visão de Lévi em relação ao
ciberespaço, poderemos compreender que esse espaço vai muito além das redes digitais.
15
Livro de ficção científica que insere termos como "realidade virtual" e "ciberespaço". Disponível em
<http://www.infopedia.pt/$neuromancer> Acessado em: 19/11/2012.
Lemos (2008, p. 128) percebe o ciberespaço de duas formas. A primeira “como o
lugar onde estamos quando entramos num ambiente simulado (realidade virtual), e segunda
“como o conjunto de redes de computadores, interligadas ou não, em todo o planeta, a inter-
net”. Então, a definição é mais compreensível se observarmos dessa forma. Ora, se o ciberes-
paço é a ligação dos computadores, devemos imaginar também que toda apropriação da Inter-
net fará parte do ciberespaço. Além de saber que a junção dos computadores em rede é impor-
tante para o ciberespaço, mais importante também é perceber que tudo usado na internet (seja
de qual for a forma) fará parte desse espaço.
Segundo o mesmo autor, o ciberespaço é um lugar sem dimensões, um espaço de
elementos navegáveis de forma imediata e reversível. É algo caracterizado que pode estar em
dois lugares ao mesmo tempo, pelo tempo real e pelo espaço não físico. Como tudo que a In-
ternet oferece é através do computador e o ciberespaço possui um conjunto de tecnologias
diferentes capazes de simular diversos ambientes, daí o motivo do lugar ser especificado co-
mo não físico. O usuário participa da ação, permanece presente no ato, mas como ele não está
fisicamente no lugar o termo não físico não poderia ser diferente.
Este “não físico” se faz mais presente ainda nas relações de sociabilidade em que as
pessoas conversam, fazem amizades e até namoram pelo computador. Como a interação não é
produzida face a face e sim através de uma tela, a definição do espaço como não - físico é
mais compreensível. O espaço cibernético oferece informação em tempo real, porém no espa-
ço não físico.
Dentro do ciberespaço existem também diversas formas de interação e comunicação.
Colocarei aqui o significado de algumas delas. Lemos (2008) chamará essas formas de comu-
nicação de instrumentos comunitários. O e-mail (correio eletrônico) é uma das formas de co-
municação mais conhecida no ciberespaço. Com ele, os usuários podem enviar informações
escritas de forma prática e ágil. Isso sem falar na transferência rápida. O que poderia demorar
dias no correio habitual, no e-mail pode durar apenas alguns segundos. Lévy (1999, p. 94)
afirma que “cada pessoa ligada a uma rede de computadores pode ter uma caixa postal por um
endereço especial, receber mensagens enviadas por seus correspondentes e enviar mensagens
a todos àqueles que possuam um endereço eletrônico acessível através de sua rede”.
Outro papel do ciberespaço é a troca de dados. O autor citado diz que essa transfe-
rência de arquivo baseia-se na cópia de um pacote de informações de uma memória digital
para outra. Esses pacotes de informações podem ser imagens, textos, cópia de algum sistema,
vídeos dentre outros. A transferência ainda mostra seu tempo de duração conscientizando o
usuário o tempo que o arquivo demorará a ser concluído.
Dentro do ciberespaço existem ainda locais em que pessoas podem se conhecer, exibir
opiniões, conhecer novas culturas, conceitos ou acompanhar qualquer trabalho intelectual através da
troca de ideias instantâneas. Essas pessoas fazem parte de um grupo chamado de comunidades
virtuais. De acordo com Rheingold (apud Santaella, p.121, 2003) comunidades virtuais são “grupos
de pessoas globalmente conectadas na base de interesses e afinidades, em lugar de conexões
acidentais ou geográficas”. Ele enfatiza dizendo que nessas comunidades os participantes podem
fazer amizades, trocar experiências, brigar, compartilhar emoções, fofocar, encontrar amigos, jogar
jogos simples.
Santaella diz que nas comunidades virtuais os usuários podem fazer tudo que poderiam fa-
zer num encontro pessoal. A diferença é que tudo é feito por meio de uma tela. Para Brenda Laurel
(apud Santaella, 2003, p.122) comunidades virtuais são “as novas e vibrantes aldeias de atividades
dentro das culturas mais amplas do computador”. Este grupo é formado por indivíduos que tenham
o interesse de se conhecer pessoalmente ou não, além de divulgar seus interesses. Nas comunidades
virtuais as pessoas não se encontram apenas para fazer essa troca dessas informações. Muitos
usuários usam a rede pra conhecer pessoas a fim de iniciar um relacionamento amoroso.
Lévy (1999, p. 127) conta que essas comunidades são produzidas pela identificação entre
indivíduos: “uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimen-
tos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemen-
te das proximidades geográficas e das filiações institucionais”. Essa interatividade16
fez com que
pessoas se interessassem mais ainda pelo ciberespaço.
Com toda essa imensidão, não é difícil imaginar os diversos tipos de usuários de diferentes
culturas que navegam no ciberespaço. Os internautas passaram a procurar mais a Internet para
conhecer novas pessoas. Tudo isso se dá pelo fato do ciberespaço oferecer ambientes comunicacio-
nais para a troca de informações. Mas isso também não é exclusividade do computador. Esses
ambientes comunicacionais também podem ser formados através do telefone ou das cartas contanto
que haja troca de conhecimento entre os indivíduos.
2.4 A cibercultura
Para entendermos um pouco mais sobre essa cultura, devemos fazer uma explanação acer-
ca do significado do termo cibercultura e um pequeno percurso em sua história. De acordo com
Lemos (2008) o termo nasceu em meados de 1970 com o surgimento da microinformática. No
16
“O termo "interatividade" em geral ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informa-
ção”. (Lévi, 1999)
entanto, o que vai marcar a cibercultura além das novas tecnologias é o acontecimento ocorri-
do no meio dos anos 70, incentivada pela contracultura americana. O lema acionado foi:
“computadores para o povo”. Lemos acredita que a cibercultura é o resultado da união da so-
ciedade contemporânea e as novas tecnologias. Conforme afirmado, a sociedade busca cada
vez mais objetos tecnológicos fazendo com que a apropriação desses meios seja mais efetiva.
Para Santaella (2003), a natureza da cibercultura é primeiramente heterogênea. Se-
gundo a autora, os “usuários acessam o sistema de todas as partes do mundo, e dentro dos
limites da compatibilidade linguística, interagem com pessoas de culturas sobre as quais, para
muitos, não haverá provavelmente um outro meio direto de conhecimento” (SANTAELLA,
2003, p. 103). Com isso, a autora assinala que por essa questão a cibercultura é também uma
cultura que não possui centro, fundamentado em valor autônomo. A visão de Santaella vai ao
encontro do pensamento de Lévy quando ele relata que a cultura das redes é um universo sem
totalidade.
Outro ponto que a autora discute é em relação ao pensamento de que a cibercultura
não se limita apenas quando os usuários estão interconectados através de um computador.
Para ela, o ciberespaço e a cibercultura não se concentram apenas ao computador e que o nas-
cer da cibercultura está no microprocessador17
. Diante deste quadro podemos então pensar nos
celulares, palmtops e smartphones18
. Santaella afirma que essas formas de comunicação e
aparelhos tornaram-se indispensáveis à vida social e que se formam nas condições para a cria-
ção dessa cultura cibernética. Ou seja, a tecnologia advinda desses aparelhos portáteis, pro-
porciona mobilidade facilitando o contato com qualquer pessoa, a qualquer hora e lugar do
mundo.
Quando vários usuários entram na rede mais computadores vão se interconectando e
mais informações circularão na internet. Em virtude desse movimento de informações, a soci-
edade vai se adaptando a nova cultura, a digital. Lévy (1999) trata a cibercultura de forma que
quando mais pessoas participam do ciberespaço, mais ele se torna “universal”. Comentando
essa questão, o autor mencionado relata que o universo da cibercultura não tem restrições, ele
é livre, pois os usuários podem se apropriar do ciberespaço da forma que achar conveniente.
O autor chamará esse universo sem significação fundamental de “universal sem totalidade”.
Para esta afirmação, Lévy traz também alguns esclarecimentos:
17
Segundo Santaella (2003), o primeiro microcomputador surgiu em 1971, graças aos pesquisadores da Ifel,
sociedade de componentes eletrônicos.
18 Apesar de muitos aparelhos eletrônicos terem microprocessador, os únicos que poderão se conectar à internet
em qualquer lugar, além do computador, são este tipo de tecnologia portátil.
Não quero dar a entender, com isso, que a universalidade do ciberespaço é "neutra"
ou sem consequências, visto que o próprio fato do processo de iinterconexão já
tem, e terá ainda mais no futuro, imensas repercussões na atividade económica, po-
lítica e cultural. Este acontecimento transforma, efetivamente, as condições de vida
em sociedade. Contudo, trata-se de um universo indeterminado e que tende a man-
ter sua indeterminação, pois cada novo nó da rede de redes em expansão constante
pode tornar-se produtor ou emissor de novas informações, imprevisíveis, e reorga-
nizar uma parte da conectividade global por sua própria conta. O ciberespaço se
constrói em sistema de sistemas, mas, por esse mesmo fato, é também o sistema do
caos (LÉVY, 1999, p.77).
O fato de sabermos que o mundo virtual é o espaço em que podemos fazer o que deseja-
mos e sermos o que queremos, devemos então levar em consideração que o ciberespaço é realmente
um universo indeterminado. Ressaltando a opinião do autor, essa indeterminação continuará a ser
característica principal, pois a busca pela tecnologia cresce cada vez mais. Com isso, o ciberespaço
ganhará mais usuários, novas informações e até novas apropriações que irá interferir na cultura
digital.
Outro ponto tratado por Lemos (2008) é que, além do indivíduo estar presente em todo lu-
gar, ele procura se apresentar de forma cada vez mais invisível e bela possível. Este último é
relacionado ao lado estético, físico do indivíduo. Segundo Lemos, esse movimento aproximará a
tecnologia moderna do prazer visual e do compartilhamento social. De acordo com o autor as novas
tecnologias “tornaram-se vetores de experiências estéticas, tanto no sentido de arte, do belo, como
no sentido de comunhão, de emoções compartilhadas” (LEMOS, 2008, p.17).
Os relacionamentos virtuais propostos neste trabalho fazem parte dessa cultura. Estar
atrás da tela do computador, e procurando mostrar sempre algo perfeito, é recorrente das ações
estudadas na cibercultura. E nesse ponto o computador não é um agente de separação ou vilão do
relacionamento face a face que estávamos acostumados antes da chegada da internet. O autor
referido diz que a máquina pode servir como forma de colaboração recíproca e de solidariedade
múltiplas quando se trata de unir pessoas com o mesmo objetivo.
3 RELACIONAMENTO VIRTUAL E O USO DO WINDOWS LIVE MESSENGER
3.1 Principais aplicativos de bate-papo
Antes de falarmos sobre esses principais aplicativos é importante explicar a diferença
de chat dos aplicativos de mensagens instantâneas, já que até usuários desses dois serviços
confundem. Os chats são salas de bate-papo que permite conversa em tempo real entre os
usuários. Para utilizar, basta acessar uma sala em um endereço de internet e digitar um apeli-
do. A identidade do internauta é preservada, e é a partir daí, que muitos se sentem à vontade
para expressar suas vontades e segredos.
Já os aplicativos de mensagens instantâneas também oferecem a conversa em tempo
real, porém a identidade é revelada. Para ter acesso ao aplicativo, o usuário deve ter uma con-
ta com e-mail e senha, e a interação só pode ser feita apenas com usuários adicionados por
você.
O primeiro programa de mensageiros instantâneos foi criado pela empresa israelense
Mirabilis, chamado de ICQ. A sigla é um acrônimo para o termo inglês “I Seek You”, que em
português significa “eu procuro você”.
De acordo com a matéria publicada no site UOL19
, esse aplicativo se tornou rapida-
mente o programa de comunicação instantâneo mais conhecido no mundo chegando a 100
milhões de usuários registrados em 2001. Segundo a mesma matéria, esse número de usuários
é surpreendente, pois na época a Internet não tinha o número de internautas que existem hoje.
Com o ICQ era possível compartilhar arquivos, criar salas com diversos contatos
conversando simultaneamente, salvar o histórico das conversas, enviar mensagens mesmo
quando o contato estivesse offline, além de criar um perfil com suas informações.
Com o sucesso desse aplicativo, outros similares foram surgindo no mercado de tec-
nologia. O próximo a ficar conhecido foi o AIM – AOL Instant Messenger. Ele foi lançado
em 1997, e as ferramentas eram muito parecidas com o pioneiro. Em 2005, o aplicativo atin-
giu o número 53 milhões de usuários.
19
“Do ICQ ao Facebook: uma breve história dos mensageiros instantâneos” Disponível em
<http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/noticias/historia-dos-mensageiros-instantaneos> Acessado
em: 27/11/2012.
Em 1999 surgiu o serviço de comunicação instantânea da Microsoft, o MSN. Em 2005, a
empresa mudou o nome do aplicativo para Windows Live Messenger. Porém, os usuários ainda hoje
chamam o serviço de MSN. Este será o aplicativo escolhido para o desenvolvimento desta pesquisa.
Como seus antecessores, esse serviço de mensagem instantânea tem a finalidade de pro-
mover relações com contatos pessoais através de mensagens instantâneas. No aplicativo o usuário
adiciona apenas contatos que tem seu endereço de e-mail. Ou então pessoas que têm o seu endereço
podem adicioná-lo. “Você cria a sua lista de amigos e vê quando eles estão conectados, e pode
também procurar novos amigos segundo o perfil que preferir, no Brasil ou fora, para incluí-los”
(Sampaio, 2002).
Ressaltando o comentário da autora, a lista de contatos é feita sob sua comprovação, ou se-
ja, apenas contatos que você desejar adicionar. No Windows Live Messenger também é possível
participar de conferências em que vários contatos de sua lista podem conversar numa só janela
simultaneamente.
Além das características funcionais do aplicativo, devemos conhecer também as outras
funções que fazem as conversas se tornarem mais interessantes. Na tentativa de substituir o tom da
voz na mensagem que gostaria de enviar, que pode ser de surpresa ou dúvida, por exemplo, podem
ser usados os emoticons (expressões iconográficas que representam expressões faciais associadas ao
humor).
O serviço desde a sua criação passou por mudanças e foram criadas novas versões. A ver-
são atual é a Windows Live Essentials 2012. Uma das novidades dessa nova versão é o Painel de
Redes Sociais. Ele permite que o usuário entre em contato com qualquer pessoa enquanto confere as
atualizações com a rede social20
Facebook, por exemplo. As conversas pela webcam que antes a
imagem aparecia no canto esquerdo em um tamanho pequeno, agora pode ser feitas em tela cheia.
O aplicativo dispõe de um espaço ao canto esquerdo da tela em que o usuário pode colocar
uma imagem que é chamado de “imagem de exibição”. Alguns usam fotos próprias, outras imagens
com figuras de sua preferência, ou então as imagens que o aplicativo disponibiliza. Além disso, na
tela inicial em que também fica a imagem de exibição, os usuários podem colocar seu nome, ou até
um nick. Logo embaixo, há um espaço para os usuários colocarem frases pessoais. Muitos usam as
frases para colocar como estar se sentindo, como foi o dia ou até mesmo seu estado de espírito. Isso
20
Segundo Boyd e Ellison (apud REQUERO, 2009, p.102) “redes sociais foram definidas como sistemas que
permitem a construção de uma persona através de um perfil ou página pessoal, a interação através de comentá-
rios e a exposição pública da rede social de cada ator”.
pode render uma aproximação de algum contato para iniciar uma conversa ou então afastar
alguém que desejaria conversar.
3.2 A utilização do Windows Live Messenger como vínculo de relacionamento
Com as novas tecnologias, a possibilidade de conhecer alguém com apenas alguns
cliques e sem sair de casa é atualmente mais que tendência, é um jeito opcional de fazer rela-
cionamento.
“Eu adoro namorar pela Internet. Passo o dia todo trabalhando, à
noite estou na faculdade. Quando chega o fim de semana já estou
exausta pra ir pra balada e conhecer alguém. Pelo computador é mais
confortável. Estou na minha casa, não preciso me arrumar, me preo-
cupar com o horário, essas coisas”.
“Sair para conhecer uma mulher é meio complicado. As meninas são
cheias de ‘não me toque’ e eu não tenho paciência para passar aque-
las etapas de paquerar, dizer “oi”, perguntar se quer beber algo. As
pessoas dificilmente vão falar abertamente com você sendo um estra-
nho. Apesar de pelo o computador você ainda ser estranho, elas se
sentem mais à vontade por não estar falando com você pessoalmente.
Eu adoro isso”.
“Namorar pela Internet para mim é uma novidade. Antes dela você
namorava de uma forma. A paquera era as vezes silenciosa e estra-
nha. Tudo acontecia devagar. No computador tudo é diferente e diver-
tido. Você se ‘abre’ sem medo, conta como foi seu dia, manda beiji-
nhos na webcam. Eu acho super romântico e diferente. Quem não
gosta de sair da rotina?”.
Como descrito no tópico anterior, o aplicativo de bate-papo Windows Live Messenger, traz
diversas ferramentas para facilitar e melhorar a comunicação entre os usuários. A conversa
pode tomar rumos diferentes, como trazer picos de felicidade e raiva.
“O MSN é uma ótima ferramenta para você bater papo. Acho magní-
fico ver que a outra pessoa está digitando e fico ansiosa para saber o
que estar por vir. Acho lindo quando ele me manda uns emotions de
amor. Eu fico tão feliz! Dá vontade de passar horas e horas teclan-
do”.
“O aplicativo funciona como se fosse um quarto feito apenas para vo-
cês dois. Ninguém pode te ouvir e as palavras saem com mais natura-
lidade. O meu namorado mora em outro estado e nunca nos vimos
pessoalmente, mas acredita que nem sinto falta de conhecer ele fisi-
camente? Nossas conversas no MSN são tão mágicas que tenho medo
de isso acabar quando a gente realmente se conhecer. Eu prefiro do
jeito que está”.
“Às meu namorado me deixa chateada. Ele demora pra responder
minhas mensagens e muita coisa que ele escreve é confuso. Diz ele
que sou eu que interpreto errado, mas acho que ele não liga muito pa-
ra essa coisa de namoro virtual. Ele diz que curte mesmo é ficar con-
versando dentro do MSN”.
“Eu passo horas no MSN! Tenho cinco namoradas, uma em cada es-
tado diferente, e acredita que gosto de todas elas? São especiais pra
mim. Uma vez conversei com todas ao mesmo tempo, mas apesar do
MSN trazer esse benefício, é melhor não usar. Dá muito trabalho. Vai
que eu confundo o nome delas (risos)”.
Muitos jovens têm o mundo virtual como um lugar que podem criar novas personalidades e
modos de vida. Alice Sampaio (2002) dirá que os jovens se divertem criando personagens quando
navegam no ciberespaço. Mentir sobre sua personalidade ou físico para agradar e manter um
namoro virtual é comum na rede.
“É muito fácil conhecer alguém na Internet e começar a namorar. As
pessoas se interessam pelo o que é perfeito. Eu apenas tenho que co-
locar uma foto minha bem produzida e fingir ser um homem perfeito.
Posso dizer que sou alto, malhado e trabalho numa multinacional. Só
não dá para fingir o físico por muito tempo, porque elas gostam de
ver a gente na webcam. Como tudo na gente é mostrado em tempo re-
al, não dá para inventar muita coisa. Mas sobre sua personalidade
dá, sim. Eu sempre sou um homem romântico, paciente e bem sucedi-
do. Quem não quer um homem assim? Eu acho que elas sabem que
não é verdade, mas gosta dessa ilusão, porque tudo é maravilhoso. Eu
até gosto. É uma forma de namoro diferente”.
“Eu não nego que sempre digo ter cinco quilos a menos. Quero pare-
cer na Internet melhor do que sou na minha vida com as pessoas que
estão ao meu redor. Sei que isso nos faz parecer um casal perfeito”.
“Se o carinha tiver muitas qualidades, você vai teclando com ele to-
dos os dias e chega uma hora que vocês viram namorados. Sei que as
vezes nós mentimos sobre alguma coisa para a gente parecer melhor,
mas acho que faz parte de quem mantem um namoro na Internet.
Mentir faz parte. Mas nos relacionamentos face a face, as pessoas
também não mentem?”.
A sociedade atualmente exige muito formalismo quanto se trata do convívio social.
Essa dificuldade atrasa mais ainda relações sociais de intimidade, o que faz com que as pesso-
as se tornem mais carentes. Conversar pelo o MSN acaba se tornando uma fuga para aqueles
que desejam ter uma vida social mesmo sendo tão distante da vida cotidiana. O aplicativo faz
com que a relação afetiva seja bem mais simplificada, especialmente por pessoas com dificul-
dades de socialização.
“Eu nunca fiz sucesso com os garotos nem na escola e nem na facul-
dade. Era muito tímida, travada e não conseguia me enturmar. Quan-
do partir para o mundo virtual tudo mudou. Eu me sentia mais solta e
corajosa. Namoro com um rapaz há um ano. Quando conheci ele, a
gente nunca se olhava, mas depois que ele me adicionou no MSN, fi-
cávamos horas conversando. No outro dia, quando nos víamos nova-
mente na faculdade, a gente não conseguia se olhar ou chegar próxi-
mo um do outro. A gente se amava no computador, mas pessoalmente
era como se a gente fosse dois estranhos. Eu evitava passar por onde
ele andava. Só queria chegar em casa e entrar naquele mundo mara-
vilho. Ele agora mora em outro município e sinceramente não sinto
falta nenhuma de ver ele. Gosto que seja assim”.
3.3 Observações sobre os novos relacionamentos na cultura virtual
Quando a Internet não existia ou não era a realidade de poucos, a carta servia como canal
de comunicação e relacionamento. O processo era trabalhoso, pois era necessário escolher o papel,
a caneta, redigir a mensagem, escolher o envelope, selar e postar no correio. Tudo isso sem falar do
prazo para a chegada da correspondência. Com o uso do telefone, o processo da comunicação ficou
mais rápido e em tempo real, porém, quando os envolvidos moravam em estados diferentes, o custo
de uma ligação para fora de sua localidade era alto. A carta parecia ser a melhor solução.
Com a chegada da Internet e a universalização dela, o indivíduo teve a oportunidade de
agilizar todo esse processo. Não existe papel, necessidade de se deslocar ao correio e muito menos
esperar dias para o destinatário receber a mensagem. O e-mail passou ser forma mais rápida de
comunicação.
De acordo com a historiadora Paula Virgínia Batista, mestre em História Geral, as cartas,
por exemplo, não foram substituídas, elas foram adaptadas. Segundo ela, as cartas não são mais
apenas de papel e acredita também que o ritmo acelerado que vivemos hoje não permite o uso lento
do correio convencional.
Se as cartas não foram substituídas, mas sim adaptadas, será que manter um contato com
alguém por meio da internet diminuirá a procura dos encontros físicos? Lévi (1999) aponta que
dificilmente a comunicação por meio do computador substitua os encontros físicos. Ele exemplifica
falando que o cinema não substituiu o teatro, e nem as cartas de amor impediram os casais de se
beijarem. Para ele, esses encontros virtuais são na maior parte do tempo um complemento ou
apenas um adicional. O autor ressalta que “em geral é um erro pensar as relações entre antigos e
novos dispositivos de comunicação em termos de substituição”.
O relacionamento amoroso virtual constitui de uma relação em que dois usuários reais es-
tão conectados na Internet. O termo “virtual” na filosofia contrapõe-se a atual e não a real, e real
opõe-se a possível, ou seja, o real é provavelmente o “realizado”, e o atual é o virtual atualizado.
Nesta pesquisa, estes termos serão usados da forma mais conhecida pelos internautas. O relaciona
mento virtual será o mediado por meio do computador, e o relacionamento real é aquele feito
através do encontro físico.
Mas qual o motivo de muitos preferirem conhecer e manter um relacionamento na
web? Nicolaci-da-Costa (1998) expõe dois pontos. O primeiro é que a Internet traz a ilusão de
proximidade, conhecimento e familiaridade ao se tratar de distâncias geográficas. Segundo,
pela escapatória da realidade do mundo real, a partir do momento que essa não é ou não está
aceitável, torna-se parte do que está por trás do tão ostentado vício na rede, principalmente
nos chats.
Sampaio comenta que os namoros “virtual” e “real” partem de aspectos diferentes.
Segundo ela, no namoro “real” a imagem é a referência, pois o início de contato se dá através
do olhar a um corpo. “Entra em jogo, nesse momento, um padrão estético, uma forma de
comportamento que vai ao encontro das expectativas de quem se envolve no relacionamento”
(2002, p.319).
Já no namoro “virtual”, a referência para o primeiro contato são as palavras, ou seja,
as ideias daquele usuário. Depois desse momento, solicitar a imagem de quem está em contato
é algo primordial. Segundo a autora acima, se a foto do outro não agradar, haverá a interrup-
ção do relacionamento. Ela acredita que quando a relação na web inicia pelo físico, apelando
para o lado estético, a relação teoricamente sai do virtual para o cotidiano.
Se levarmos em conta esse último pensamento da autora citada, todos os relaciona-
mentos virtuais terão um aspecto mais real, pois segundo Semerene (1999), na maior parte das
vezes, os usuários que iniciam um relacionamento na web, pedem fotos do outro interlocutor,
e, mesmo nas conversas, os primeiros questionamentos são na maioria das vezes sobre carac-
terísticas físicas.
Mas será que esses afetos virtuais podem mesmo serem chamados de relacionamen-
tos? No livro, ‘Reinventando a cultura: a comunicação e seus produtos (1996)', o teórico da
comunicação, Muniz Sodré, afirma que envolvimentos amorosos via web são claramente um
relacionamento, pois interligam dois usuários em um processo comum.
Bauman (2004) concorda com o autor citado anteriormente, porém afirma que essas
relações devem ser vistas sob outra ótica. Segundo ele, essas relações no ciberespaço devem
ser entendidas como algo descartável, frágil, superficial e pouco autêntico.
Diferentemente dos 'relacionamentos reais' [leia-se modernos], é fácil entrar e sair dos 'rela-
cionamentos virtuais'. Em comparação com a 'coisa autêntica', pesada, lenta e confusa, eles
parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. Entrevistado a res-
peito da crescente popularidade do namoro pela Internet, em detrimento dos bares para sol-
teiros e das seções especializadas dos jornais e revistas, um jovem de 28 anos da Universi-
dade de Bath apontou uma vantagem decisiva da relação eletrônica: “Sempre se pode aper-
tar a tecla de deletar” (BAUMAN, 2004, p.12).
Ainda a partir da sua visão, o relacionamento virtual jamais será como o relacionamento
real. Ele afirma que os amores advindos da internet são agitados, fúteis e impossíveis de provocar
reflexão sobre si mesmo, como talvez aconteça com os relacionamentos face a face. Estar
constantemente em contato e com alto envio de mensagens é mais relevante que o próprio conteúdo
dela.
A busca pela fuga da sua realidade para entrar em outra é algo comum no ciberespaço. Era
como se o mundo (real) em que o indivíduo vive não tivesse sentido e que fosse necessário criar um
outro para a realização de seus desejos e fantasias.
4 METODOLOGIA DE PESQUISA
4.1 Tipo da pesquisa
A pesquisa apresentada utilizou o método qualitativo através de uma entrevista com
dez usuários do aplicativo de bate-papo residentes na cidade de Fortaleza, realizada no dia 5
de dezembro de 2012. Esses usuários são metade do sexo feminino e metade do sexo mascu-
lino, heterossexuais, com idades variando entre 18 e 28. A divisão dos sexos foi prevista para
saber se a opinião varia muito de acordo o sexo.
A pesquisa qualitativa deu a oportunidade tanto de se aproximar do objeto a ser estu-
dado como também de criar oportunidades para obtermos novos conhecimentos relacionados
ao tema. A análise qualitativa atua com o universo de significados, valores, crenças e atitudes,
obedecendo a um espaço mais intenso das relações, dos processos e dos fenômenos aos quais
não podem ser reduzidos à operacionalização variáveis (MINAYO, 2001).
O meio para conseguir informações dentro da pesquisa qualitativa foi a entrevista de
profundidade, com o interesse de obter mais informações sobre a realidade dos jovens que
usam o bate-papo. Foram dez perguntas abertas para cada participante. A entrevista foi produ-
zida por meio de um roteiro com tópicos a serem abordados com o pesquisado. Dessa forma,
a investigação adotada consistirá na análise da recepção com o intuito de compreender de que
forma os adolescentes se apropriam do mundo virtual.
Pierre Lévy (1999) faz lembrar um fator muito importante para o estudo da recep-
ção. Ele afirma que o receptor não é passivo à mensagem. No caso das conversas de namoro,
por meio do aplicativo há uma interação entre participantes e a conversa. À medida que um
fala o outro capta a mensagem e logo responde.
4.2 Análise dos resultados
Para acompanhar a análise, consulte o roteiro de entrevista em APÊNDICES. Foram
analisadas as informações obtidas a partir da aplicação do roteiro de entrevista realizado com
dez jovens de classe média, com faixa etária de 18 a 28 anos, sendo a metade desse número
do sexo feminino e a outra metade do sexo masculino. Com relação à primeira pergunta os
entrevistados mostraram que a internet é essencial no dia a dia deles, mesmo quando não es-
tão namorando virtualmente. Ela é utilizada também para outras atividades, como trabalho e
estudo.
Na segunda pergunta três entrevistados afirmaram que namoram virtualmente por conta da
distância, um pela falta de tempo, um pela praticidade, quatro por gostarem do aplicativo e o último
por acreditar que se sente mais desinibido por não se mostrar pessoalmente. Em uma entrevista com
o sociólogo Leonardo Caverna21
, ele diz que muitas pessoas preferem o virtual pela possibilidade de
trabalhar a imagem que querem mostrar.
O indivíduo cria uma imagem da pessoa que ele acredita ser perfeita.
Em um encontro físico, encobrir ou inventar determinados pontos de
sua personalidade se tornaria difícil, principalmente com pessoas que
dizem se expressar melhor através de palavras.
Vale discutir as respostas dos entrevistados que dizem preferir o namoro virtual por gostar
e aproveitar as ferramentas do aplicativo. Muita gente até leva o relacionamento via web como algo
comum quando o casal mora em estados diferentes. O encontro requer gastos financeiros e tempo.
Mas para quem mora na mesma cidade seria muito simples marcar um encontro. Ainda de acordo
com o sociólogo, no mundo virtual tudo está ao seu alcance. “Quando eles pensam em se vestir, sair
de casa, procurar um lugar para ficar, já faz com que eles prefiram ficar no computador. Já tem tudo
lá. O coletivo já não é mais essencial. Para eles, não é necessário se socializar com muitas pessoas
como antigamente”, diz ele.
Com a terceira pergunta podemos observar que a maioria dos entrevistados já teve mais de
dois relacionamentos virtuais. É visível que a prática é bastante comum nos usuários desse tipo de
serviço. Em entrevista publicada no site da revista Istoé 22
, o sociólogo Zygmunt Bauman diz que
"Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar". Ele afirma que o amor na sua forma “líquida” troca
a qualidade pela quantidade. Isso explica o motivo de um único indivíduo já ter se relacionado
várias vezes pela internet e o namoro não ter durado muito tempo. De acordo com os entrevistados,
os namoros acabaram em menos de um ano.
Na quarta pergunta, percebemos que a maioria dos usuários possui alguma atividade e não
deixa de fazê-la para estar conectado. Porém, assumiram que conseguem fazer duas atividades
enquanto estão teclando. Observa-se que, como os entrevistados não podem se desligar totalmente
do mundo real, eles fazem o que podem para estar conectados. Se a maioria, por mais que esteja
ocupado com outras coisas, passa o dia ou o fim de semana teclando, po
21
Licenciatura Plena em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
22 Disponível em:
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PA
RA+DURAR+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage > Acessado em: 08/01/2013.
demos ter uma ideia do número de horas gastos na internet com o namorado (a). Há um ponto
curioso nessas respostas. Nenhum dos entrevistados citou o convívio familiar como a única
coisa que não deixa de fazer para ficar na Internet. Nenhum deles falou que não deixa para
almoçar com a família, por exemplo. O que nos mostra é que o uso excessivo da rede pode
abalar o convívio social como se o virtual pudesse fazer esquece o mundo real. Em entrevista
com a psicóloga Viviane Mendonça23
, é importante que cada um saiba dosar o momento onli-
ne e o momento com a família e amigos. “A Internet veio para facilitar nossa vida e não para
estragá-la”, conta.
O tipo de conversa questionado na quinta pergunta é o mesmo de todos os entrevis-
tados. Todos contam como foi seu dia. São assuntos rotineiros, os mesmos que pessoas em
um convívio social comum compartilham, seja ao se encontrar ou em uma conversa rápida
pelo telefone. Não há um tipo diferente de conversa por estar no ciberespaço.
Em relação a sentimentos de ciúmes, saudade e raiva, perguntados na sexta questão,
notamos que são os mesmos sentimentos que um namoro face a face pode ter. Depois do sen-
timento de saudade, o ciúme é o mais citado entre os entrevistados. De acordo com a psicólo-
ga citada acima, o ciúme está presente de forma mais profunda nas relações virtuais. “A de-
mora em responder já é motivo de discussão. Internautas assíduos são pessoas geralmente
ansiosas, e em um namoro virtual o indivíduo exige atenção apenas para si”, diz ela.
Na sétima pergunta, abordamos uma questão que parecia impossível quando se trata
do virtual: o sexo. Na forma mais convencional, é necessária a presença de no mínimo dois
corpos para a realização do ato. Mas ainda segundo a psicóloga, o sexo virtual existe mesmo
sem a presença de outro ser. “Existe sim, mas nesse caso, o indivíduo relacionado será visto
apenas como estimulador em que a masturbação é a forma de se conseguir prazer,” aponta ela.
De acordo com os entrevistados, o uso da webcam é a ferramenta indispensável para a concre-
tização do ato, já que um parceiro pode ver o outro.
Na oitava pergunta, o uso do Windows Live Messenger é o canal indispensável para a
comunicação no namoro virtual, segundo os entrevistados. A interface do aplicativo traz cores
atraentes, com a possibilidade de trocar arquivos e ainda enviar emotions para suprir as ex-
pressões faciais (ou física).
A nona questão trata da opinião de pessoas próximas dos entrevistados em relação ao
namoro virtual deles. As opiniões se dividem. No caso do entrevistado Lucas, a família parece
achar a relação frágil. É compreensível, já que antigamente os relacionamentos eram bem
23
Psicóloga formada pela UNIFOR, psicanalista pelo IBMR (Instituto Brasileiro de medicina de Reabilitação) e
mestre em memória social e documentos pela UNRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).
diferentes. No caso da Beatriz, a família vê o relacionamento virtual como uma facilitadora para a
timidez dela. Ainda segundo a psicóloga Viviane Mendonça, os relacionamentos virtuais têm
ajudado pessoas com problemas de insociabilidade e timidez, mas ela garante que se a pessoa
permanece se relacionando bem apenas no virtual, pode estar ocorrendo algum problema mais sério.
“Se o indivíduo se sente melhor conversando através do computador, isso traz um avanço no meio
social dele, mas se essa melhora for apenas quando estiver conectado, ele pode ter seu convívio
pessoal ainda mais prejudicado”, conta.
A última pergunta trata da seriedade do relacionamento virtual. A maioria disse acre-
ditar que o namoro é algo sério. Os entrevistados deixam claro que um relacionamento à distância é
mais uma fantasia do que algo a se levar a sério. A impressão que temos é que o namoro só vale a
pena quando estão conectados. Quando perguntados o motivo, eles disseram que quando saem do
computador era como se a vida voltasse ao normal.
CONCLUSÃO
Este trabalho buscou mostrar as mudanças de sociabilidade de pessoas que namoram
pela Internet utilizando o aplicativo de bate-papo Windows Live Messenger. O intuito foi
apresentar o progresso na comunicação humana, em que a Internet se caracteriza como um
dos fatores primordiais para que essas mudanças. A comunicação entre pessoas e casais era
feita antigamente através da troca de cartas, e hoje ela acontece por meio da tecnologia e em
tempo real. Sendo o aplicativo de bate-papo o objeto dessa pesquisa, objetivamos de forma
geral ver como ele transformou as relações de sociabilidade nos relacionamentos amorosos,
além de como essa troca de mensagens instantâneas afeta na experiência amorosa dos usuá-
rios.
Com a pesquisa qualitativa, através da entrevista de profundidade24
, podemos com-
preender os motivos dos jovens se habituar e até preferir um namoro virtual. As causas foram
as esperadas. O aplicativo traz ferramentas capazes de divertir uma conversa a dois, criando
um espaço onde tudo parece perfeito: as belas palavras, a possibilidade de conversar por vídeo
em tempo real, os emotions etc. O aplicativo para os usuários funciona como se fosse um lu-
gar reservado para os dois, do mesmo jeito que um casal em um encontro físico poderia esco-
lher um quarto de hotel.
A troca de mensagem através do aplicativo muda a forma do casal se relacionar. De
acordo com alguns entrevistados, no bate-papo tudo parece perfeito. Alguns disseram que
preferem ficar no aplicativo por suas ferramentas do que usar outro meio de comunicação. Era
como se essas pessoas preferissem viver na fantasia, como se procurassem fugir de seus pro-
blemas e dificuldades do mundo real.
A maioria dos entrevistados afirma que o namoro virtual é algo sério para eles. Um
dos entrevistados diz que tudo que acontece em um relacionamento face a face acontece no
virtual. O uso da tecnologia hoje é tão comum que as novas gerações de jovens vão evoluindo
dentro da internet. Alguém com mais de 30 anos pode não levar o relacionamento pela web
seriamente, mas para quem cresceu na era da informática, é mais do que tendência, é o que
podemos viver sem sair de casa.
De todo o exposto, é evidente que os jovens mudaram sua forma de se sociabilizar.
Eles preferem ficar em casa ao invés de ir às ruas, ver várias pessoas e conviver com elas. Isso
resulta na sua vida social, o que acaba tornando esse indivíduo um alguém isolado fisicamen
24
A fala dos depoimentos e respostas do roteiro de entrevista foram transcritas da maneira que os entrevistados
pronunciaram.
te. Poderíamos dizer que a tecnologia é a grande responsável pela mudança comportamental da
sociedade moderna, tendo em vista que podemos fazer tudo de casa o que antes só poderia ser feito
fora dela. Hábitos como pagar uma conta, pedir uma pizza, ou ver um filme podem ser praticados
na sua sala de estar. Por que acreditar que com os relacionamentos, principalmente os amorosos,
seriam diferentes?
Outro ponto importante a visto foi o tempo que os usuários determinam para o namoro. A
faixa etária dos jovens escolhidos é uma fase em que muitos já possuem responsabilidades como
trabalho e faculdade. Segundo os entrevistados, eles não deixam essas atividades para teclar, mas
também não deixa de conversar virtualmente por conta disso. Eles preferem fazer suas atividades
diárias ao mesmo tempo em que estão conversando com seu parceiro (a). Não há horários e nem a
possibilidade em mensurar o número de horas. Para eles, ao ligar o computador o objetivo, além de
suas responsabilidades, é namorar via Internet.
Nos estudos foi possível perceber que o relacionamento virtual é levado como algo que
substituiu o relacionamento face a face. Acredito que a nova forma de se relacionar é mais uma
ferramenta de socialização. Na época das cartas, por exemplo, não se discutia o que era melhor, um
relacionamento por correspondência ou não. Temos a impressão que tudo que a tecnologia trouxe
foi para substituir. Ela veio para somar, para facilitar nossas atividades diárias.
Cada pessoa tem sua necessidade. Se ela se sente satisfeita em trocar palavras de amor por
um computador e não sente falta do toque físico o que há de diferente nisso? O que importa é se
seus objetivos estão sendo satisfatórios. Cabe a cada um escolher a forma de buscar isso. O
computador é a escolha de muitos.
BIBLIOGRAFIA
ALENCAR, M. A internet no Brasil. Disponível em:
<http://www2.uol.com.br/JC/conexaoweb/di110700.htm> Acessado em 5 dez.. 2012.
ANDERSON, P. As origens da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
BAUMAN, Zygmunt; Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro:
Zahar, 2004.
BOTERO, Ivan; CERQUEIRA, Renata; NOVAES, Antônio W.;TERRA, Carol. Mídias soci-
ais: perspectivas, tendências e reflexões. São Paulo: PaperCliq, 2010.
CADOZ, C. Realidade virtual. São Paulo: Ática, 1997.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: o poder da identidade. São Paulo: Paz e
Terra, 2002.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. vol. I, Socieda-
de em rede. São Paulo : Paz e Terra, 1999.
CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a
sociedade. Zahar, 2003.
COSTA, G. P. A cena conjugal. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
COELHO NETTO, José Teixeira. Semiótica, informação e comunicação: perspectiva. São
Paulo, 1989.
CANCLINI, Néstor García. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2007.
CORREIOS; Historia Postal. Disponível em:
<http://www.correios.com.br/sobreCorreios/empresa/historia/default.cfm> Acessado em:
20/09/2012
DIZARD, WILSON. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, Ed. 2000.
DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação.
São Paulo: Atlas, 2ª ed.; 2009.
GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas socieda-
des modernas. São Paulo: Unesp, 1993.
HARVEY, D. condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
PRADO, Adriana; Istoé Entrevista; outubro 2010. Disponível em:
<http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+
NADA+E+PARA+DURAR+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage> Acessado em:
08/01/2010.
JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar
e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
JOHNSON, Steven. Emergência. A vida integrada de formigas, cérebro, cidades e softwares.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
JAMESON, F. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1997.
KUMAR, Krishan. Da sociedade pós-industrial à pós-moderna. Rio de Janeiro, Jorge Zahar
Editor, 1997.
LEMOS; André. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura. Porto Alegre: Sulina, 4ª ed.,
2008.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
___________ O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1999.
__________ A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 2. ed. São Paulo:
Loyola, 1999.
___________ As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São
Paulo: Editora 34, 1993.
LINS, R. N. A cama na varanda: arejando nossas ideias a respeito do amor e sexo: novas
tendências. Rio de Janeiro: BestSeller, 2007.
MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3ª ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
MAIA, Janine. Troca de cartas torna-se mais afetiva com mundo digital. Ed. 9.965; Fortaleza:
Jornal Diário do Nordeste, p.16, novembro 2009.
MATTELART, Armand e Michèlle. História das teorias da comunicação. Tradução: Luiz Paulo
Rouanet. 6ª ed. São Paulo: Editora Loyola. 2003.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. Cambridge,
Cultrix, 1964.
MIELNICZUK, Luciana. Considerações sobre a interatividade no contexto das novas mídias. In:
LEMOS, André; PALACIOS, Marcos (orgs.) Janelas do Ciberespaço – Comunicação e
Cibercultura. Porto Alegre, Sulina.
NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. Na malha da rede: os impactos íntimos da Internet.
Rio de Janeiro: Campus, 1998.
NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. 2. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
OLIVEIRA NETTO, Alvim Antonio de; Metodologia da pesquisa científica. Guia prático
para apresentação de trabalhos acadêmicos, Florianópolis: Visual Book, 3º ed,; 2008.
RECUERO, Raquel; Redes Sociais na Internet; Porto Alegre: Sulina, 2009.
SANTAELLA, Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.
SANTAELLA, Lucia; Culturas e artes do pós-humano da cultura das mídias à cibercul-
tura; São Paulo: Paulus, 2003.
SAMPAIO, Alice; Amor na Internet – Quando o virtual cai na real; Rio de Janeiro: Re-
cord, 2002.
SEMERENE, Bárbara. Abrindo as Portas dos Salões Virtuais. In: PORTO, Sérgio Dayrell
(Org.). Sexo, afeto e era tecnológica: um estudo de chats na Internet. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 1999.
SILVA, J.M. da. Para navegar no século XXI. 2ª edição. Porto Alegre: Sulina/Edipucrs,
2000.
PISANI, F., PIOTET, D. Como a web transforma o mundo; A alquimia das multidões.
Ed. Senac, São Paulo, 2010.
THOMPSON, J.B; Ideologia e cultura moderna. Teoria social crítica na era dos meios de
comunicação de massa; Petrópolis: Vozes, 1995.
THOMPSON, John B. A mídia e a Modernidade: uma nova teoria social da mídia.
Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998.
TJARA, Sanmya F. Comunidades Virtuais: um fenômeno na sociedade do conhecimento.
1ª ed. São Paulo: Érica, 2002.
PÓVOA, Marcello. Anatomia da Internet - investigações estratégicas sobre o universo
digital. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2000.
WOLTON, D. “Pensar a Internet”. IN: MARTINS, F. M. e SILVA, J. M. (orgs) - A
Genealogia do Virtual: Comunicação, Cultura e Tecnologias do Imaginário. – Porto Ale-
gre:
Ed Sulinas, 2004.
APÊNDICES
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA
Qual a relevância da Internet na sua rotina?
Quais são os principais atrativos que o faz optar pelo namoro virtual?
Quantos relacionamentos virtuais você já teve? Quanto tempo durou?
O que você não deixa de fazer para namorar pelo computador? Quantas horas você fica
online?
Que tipo de conversa vocês têm?
Você tem sentimentos de ciúmes, raiva ou saudade?
Você não sente falta de sexo? Como supre essa necessidade?
Por que você usa o Messenger?
O que as pessoas do seu convívio social acham do seu relacionamento via Internet?
Você considera o namoro virtual algo sério ou é apenas uma forma de passatempo? Por
quê?
Fonte: elaborado pelo autor
APÊNDICE B – Pesquisa qualitativa (Entrevista em profundidade)
Qual a relevância da Internet na sua rotina?
Lucas: Ela é minha ferramenta de trabalho e comunicação. Dificilmente uso telefone. É tudo
pelo computador. Como todo mundo hoje é muito ocupado, dificilmente eu encontraria um
amigo na rua. É mais fácil encontra-lo online no MSN.
Sofia: Sem ela minha vida seria bem mais complicada. Não gostaria de nascer antes da sua
invenção (risos). Eu fico sem ar quando não estou conectada.
Beatriz: Fora os trabalhos da faculdade, a Internet para mim é apenas um meio de comunica-
ção. Se ela não existisse, eu usaria o celular e assim por diante.
Mateus: Ela faz parte dos meus hábitos. Com ela, posso ver o que irei fazer durante como
pesquisar um restaurante para almoçar, por exemplo. Ela é uma facilitadora.
Camila: A minha internet tem total importância. Sem ela como irei falar com meu namorado?
Nossa! Não ter é a mesma coisa que ficar solteira. Meu namorado mora longe, preciso usar a
webcam para ver ele!
Carlos: Eu uso muito no trabalho, mas como viajo muito, a Internet é a única coisa me deixa
ter uma namorada. Então, ela é importantíssima no meu dia-a-dia.
Juliana: Tudo que faço no meu dia é com a Internet. Está no notbook e no celular.
Fernando: Uso no trabalho, na faculdade, no meu lazer.
Ariana: Sem ela minha vida complicaria.
Gleydson: Daria pra viver sem ela, mas ficaria mais difícil. Então ela pra mim é importantís-
sima, porque facilita minha vida.
Quais são os principais atrativos que o faz optar pelo namoro virtual?
Lucas: Eu aproveito meu tempo. Se já estou fazendo as coisas do trabalho na Internet, eu
aproveito e entro no MSN pra conversar com minha namorada. Ela me disse que adora me ver
na webcam.
Sofia: O MSN é muito divertido! Você troca arquivos, usa emotions engraçados, ler frases e
histórias super legais. Os encontros cara a cara são muito chatos. É sempre o mesmo papo.
Parece namoro da época da minha avó.
Beatriz: Eu sou um pouco tímida, prefiro me expressar por palavras. Se além de falar eu tiver
que ver, me dá um nervosismo, sabe?
Mateus: Eu posso trocar palavras de carinho onde eu estiver, e ainda posso mandar mensagens
personalizadas com gráficos e musiquinhas. Ela adora! O que eu poderia mandar pra ela se
estivéssemos um olhando pro outro? Não seria a mesma coisa.
Camila: No meu caso é por não ter outra opção, mas mesmo assim, eu gosto de ficar no MSN. Eu
posso ver meu namorado, posso ouvir, mandar algumas coisas. Tudo é possível.
Carlos: No meu caso é a correria mesmo. Não tenho tempo de parar e me encontrar com ela. O
namoro virtual supre bastante coisa do namoro real.
Juliana: Não sei explicar. Só sei que é mais interessante.
Fernando: Tudo no virtual é surpreendente. Você nunca sabe o que vai acontecer, que foto a
pessoa vai mandar pra ti. O que ela vai escrever.
Ariana: É muito mais empolgante que um relacionamento face a face, e facilita pra quem mora
longe um do outro.
Gleydson: Pra quem mora em estados diferentes, como eu, é uma salvação.
Quantos relacionamentos virtuais você já teve? Quanto tempo durou?
Lucas: 6. O mais longo durou um ano.
Sofia: 2. O primeiro seis meses e o segundo estamos há sete meses.
Beatriz: 3. Oito meses, um mês (esse não deu certo mesmo) e nove meses.
Mateus: 1. Estamos juntos há um ano e meio.
Camila: 4. Onze meses, o segundo três meses, terceiro cinco meses e o atual há seis meses.
Carlos: 2. Primeiro três meses e o último oito meses.
Juliana: 7 (risos)! Todos duraram menos de um ano, menos o atual. Estamos há dois anos juntos.
Fernando: Só dois. Comecei com essa coisa de virtual há pouco tempo. O atual já tem seis meses.
Ariana: Esse é o primeiro. Estou gostando da ideia.
Gleydson: 2. Este último tem poucas semanas.
O que você não deixa de fazer para namorar pelo computador? Quantas horas você fica
online?
Lucas: Não deixo de ter minha boa noite de sono. Ficar a madrugada teclando não é comigo. Mas
durante o dia eu fico conectado direto. Faço as minhas coisas simultaneamente.
Sofia: Minhas obrigações, como estudar. Mas durante a noite eu fico direto conversando. Às vezes
pego até a madrugada.
Beatriz: Quando a conversa tá muito boa eu deixo até de ir pra escola. Viro a noite muitas
vezes.
Mateus: Não deixo de trabalhar, pois não tem jeito. Mas fim de semana eu fico o dia e a noite
inteira.
Camila: Eu deixo qualquer coisa porque meu namorado só pode ser visto pelo computador.
Ele é um pouco ocupado, mas o MSN dele fica aberto o dia todo. Sempre que ele pode fala
comigo.
Carlos: Não deixo meus horários virarem bagunça. Tenho hora para entrar e sair do MSN.
Agora, final de semana... Eu como eu cima do pc.
Juliana: Na verdade, eu consigo conciliar as coisas. Mas se não, acho que não deixaria de
trabalhar. Meu sustento, né? Fico o dia todo.
Fernando: Minhas obrigações, como trabalhar. Eu fico online no bate-papo o dia todo, mas
não é toda hora que fica conversando.
Ariana: Não deixo de comer e tomar banho. Tenho amigas que se esquecem do tempo. Nem
se alimenta direito.
Gleydson: Não deixo de fazer as coisas da faculdade. É mais importante que qualquer coisa.
Mas isso não acontece todo dia, né? Então tenho bastante tempo para teclar!
Que tipo de conversa vocês têm?
Lucas: Falamos de como foi nosso dia. Coisa normal.
Sofia: Eu digo toda hora o quanto gosto dele. Ele sempre retribui. Pergunto muito o que ele tá
fazendo.
Beatriz: A gente fala o que tá fazendo, o que tá sentido, falando dos problemas.
Mateus: Eu falo as coisas da faculdade. Peço ajuda em algumas coisas. Falamos como tá o
dia.
Camila: Falamos o que está acontecendo na minha cidade, na dele. Os planos para a semana.
Carlos: O que a gente faz durante o dia.
Juliana: Coisa de namorados. Como ele está, se tá com saudade...
Fernando: Só bobagem. Coisas do dia.
Ariana: Falamos sobre a gente.
Gleydson: Falamos sobre minha família, sobre a dela, amigos...
Você tem sentimentos de ciúmes, raiva ou saudade?
Lucas: Sinto saudade dela quando não estamos teclando. Era como se faltasse algo no dia. Por mais
que ela me ligue quando estou fora de casa ou do trabalho, eu sinto a necessidade de teclar com ela.
Sofia: Quando demora pra responder a gente começa a se chatear, né?
Beatriz: Sinto todos que você imaginar. Odeio quando some do MSN. Quando ele demora pra
responder fico achando que ele tá teclando com outra. Eu não gosto.
Mateus: Eu sinto saudade, mas às vezes fico com raiva porque ela insiste em interpretar tudo que
falo de forma errada. Daí acaba em briga, mas acho que ela gosta de discutir relação.
Camila: Sinto saudade demais. Espero o momento de ele voltar pro computador.
Carlos: Todos os sentimentos que já senti em um encontro pessoalmente eu sinto quando estou no
pc. Ciúme é o mais comum. A gente sempre acha que o outro tá conversando com outra pessoa.
Juliana: Claro. É um relacionamento como outro qualquer.
Fernando: sim. O namoro virtual gera esses sentimentos até mais que o namoro real. As pessoas
interpretam mal nossas palavras.
Ariana: Eu sinto normalmente. Ciúmes é muito comum. Quando marcamos de se encontrar no
Messenger, se ele não chegar no horário, já fico desconfiada.
Gleydson: Tem esses sentimentos e muitos outros. Na Internet tudo é muito intenso.
Você não sente falta de sexo? Como supre essa necessidade?
Lucas: Mas eu faço! Na Webcam! (risos)
Sofia: A gente dá um jeito quando nos falamos por vídeo.
Beatriz: Mas a gente faz sexo. Só que é apenas pelo vídeo.
Mateus: Quando sinto falta eu ligo a câmera. Não preciso contar como é, né?
Camila: O sexo virtual me satisfaz.
Carlos: Faz pela webcam. Mas quando quero algo diferente... Tipo, tocar outra pessoa de verdade,
eu saio com outra pessoa. Mas eu gosto de fazer isso pela “cam”.
Juliana: Só pela webcam mesmo.
Fernando: A ‘cam’ quebra um galho.
Ariana: Webcam mostra coisas fantásticas (risos)!
Gleydson: Webcam. Isso já supre.
Por que você usa o Messenger?
Lucas: Lá tem tudo. Vídeo, conferência e uns emotions legais.
Sofia: Adoro ver a mensagem. Fico imaginando o que pensou para escrever.
Beatriz: É divertido! Eu posso fazer várias coisas enquanto estou nele.
Mateus: O aplicativo tem muitas coisas legais. A conversa fica mais interessante.
Camila: Eu acho mais moderno. Eu tenho tudo nele.
Carlos: Não sei. Apenas adoro usar.
Juliana: É uma boa ferramenta para você conversar com outra pessoa.
Fernando: O aplicativo facilita nossa conversa e ajuda em muita coisa com a possibilidade de
se ver por vídeo.
Ariana: Se não fosse ele ia usar o que? O email? De jeito nenhum! A cartinha eletrônica já
foi a época.
Gleydson: Ele traz tudo que uma conversa precisa.
O que as pessoas do seu convívio social acham do seu relacionamento via Internet?
Lucas: Os que dão umas paqueradas na net, como meus primos, acham normal. Mas o pesso-
al mais velho como minha tia acha coisa de gente “sem futuro”.
Sofia: Minha família nem sabe. E só uma amiga minha sabe do meu namoro. Ela acha nor-
mal.
Beatriz: Minha família sabe que sou meio insocial, eles gostam disso. Acha que ajuda.
Mateus: Meus amigos acham normal. É uma boa saída para relacionamentos à distancia.
Camila: Todo mundo acha normal. Afinal, ele mora longe.
Carlos: Apesar de ser algo comum, muitos dizem que não é a mesma coisa que um encontro
pessoalmente. Perguntam se eu não sinto falta de tocar em alguém. Eu sinto, mas não tem
outro jeito.
Juliana: Minha mãe disse que é estranho, mas meus amigos acham normal.
Fernando: Meus amigos acham legal. Fica perguntando o que fazemos de tão bom na ‘cam’
(risos).
Ariana: Todos da minha idade acham normal, mas meu pais acham moderno demais. Eles
não acham que pode dar certo.
Gleydson: Acham coisa da nova geração. Eles não comentam muito. Todo mundo faz isso.
Você considera o namoro virtual algo sério ou é apenas uma forma de passatempo? Por quê?
Lucas: Não sei se teria futuro, mas eu gosto de ter um. No momento eu levo a sério.
Sofia: Eu acho sério, sim. Uma amiga noivou pela MSN e hoje está casada! Porque um relaciona-
mento na Internet é como outro qualquer.
Beatriz: Não penso em casamento, mas é sério. É uma forma mais moderna de amar.
Mateus: Sim, é sério, ué. Temos as mesmo compromissos de um relacionamento normal.
Camila: Claro que é sério. É apenas um jeito atual de amar alguém.
Carlos: Quando estamos conectados, sim. Quando saimos do computador eu vejo outras pessoas. É
outro mundo. Não falo para as pessoas que tenho uma namorada na Internet.
Juliana: Claro que é sério. Por que não seria? Só por causa do PC. Tecnologia é para essas coisas,
não?
Fernando: Quando estou conversando acho tudo incrível. Levo a sério.
Ariana: Não penso em futuro, mas eu o considero meu namorado.
Gleydson: Sim, é sério. Todos meus amigos sabem dela. Alguns riem. Dizem que macho precisa de
carne, mas eu não ligo muito.
APÊNDICE C – TELAS DE VISUALIZAÇÃO DO WINDOWS LIVE MESSENGER
Figura 1 – Tela de abertura do Windows Live Messenger
Fonte: Tela copiada do aplicativo
Figura 2 – Tela da janela de conversação
Fonte: Tela copiada do aplicativo