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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE - FaC CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ERIKA SILVA ALBUQUERQUE AUTISMO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA ANÁLISE SOBRE A CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO ESPAÇO ARAM FORTALEZA 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE - FaC CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

ERIKA SILVA ALBUQUERQUE

AUTISMO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA ANÁLISE SOBRE A CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO ESPAÇO ARAM

FORTALEZA 2014

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ERIKA SILVA ALBUQUERQUE

AUTISMO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA ANÁLISE SOBRE A CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO ESPAÇO ARAM

Monografia apresentada ao curso de graduação em Serviço Social do Centro de Ensino Superior do Ceará, outorgado pela Faculdade Cearense - FAC como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof. Ms. Jefferson Falcão Sales.

FORTALEZA 2014

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

A345a Albuquerque, Erika Silva

Autismo e educação inclusiva: Uma análise sobre a

concepção dos profissionais do Espaço ARAM / Erika Silva

Albuquerque. Fortaleza – 2014.

68f. Il. Orientador: Profº. Ms. Jefferson Falcão Sales.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Serviço Social, 2014.

1. Autismo. 2. Educação inclusiva. 3. Família. I. Sales,

Jefferson Falcão. II. Título

CDU 364:37

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ERIKA SILVA ALBUQUERQUE

AUTISMO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA ANÁLISE SOBRE A CONCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO ESPAÇO ARAM

Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: ____/ ____/____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof. Ms. Jefferson Falcão Sales (Orientador)

___________________________________________________ Prof.ª Esp. Talitta Cavalcante Albuquerque Vasconcelos

___________________________________________________ Prof.ª Ms. Valdícia Falcão Sales

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Eu não sou difícil de ler. Faça sua parte. Eu sou daqui, eu não sou de Marte. Vem cara, me repara. Não vê tá na cara, sou porta-bandeira de mim. Só não se perca ao entrar. No meu Infinito particular. (Infinito Particular - Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown).

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A todas as “Famílias Autistas”. (DEDICO)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me concedido força, fé e coragem para

pesquisar sobre uma temática tão especial na minha vida, contudo, é imensurável

minha satisfação em poder repassar meus conhecimentos e experiências, por meio

dessa pesquisa.

Ao meu irmão Maurício Albuquerque, o destaque principal desta pesquisa,

trago, aqui, meus sinceros agradecimentos, pelos ensinamentos que a presença

dele trouxe para nossa família e pelo amor incondicional em todos os momentos,

sendo ele, a inspiração desta pesquisa, em que a sua participação é de fundamental

importância para a construção deste trabalho. Sou imensamente orgulhosa de fazer

parte de uma família com a presença abençoada de um Autista.

À minha amiga Sumara Frota, pela ajuda nos momentos de desespero que eu

não sabia nem por onde começar minha pesquisa. Eu sou imensamente grata por

ter me ajudado e me dado força nesse momento tão importante para todas nós.

Obrigada por me escutar e por me receber em sua casa, para me orientar na

execução deste trabalho.

À minha Mãe Francisca Silva, pelo apoio, paciência e o carinho devotados a

mim, sempre acreditando em mim, quando, muitas vezes, senti dificuldades. Essa

vitória também é sua, por ser Mãe de um Autista e por sempre lutar e se dedicar em

defesa da causa.

Agradecer os profissionais do Espaço Aram e do LABRINJO por me

receberem e contribuírem para a construção deste trabalho tão importante na

conclusão de mais uma etapa da minha vida acadêmica. Este trabalho eu dedico a

todos vocês que colaboraram com seus conhecimentos e que compartilham essa

experiência dentro deste trabalho.

Às minhas amigas desde o início do curso, Thaís Vieira e Jamile Ramos,

pelos anos de amizade, companheirismo e paciência durante essa longa jornada.

Foram diversas as dificuldades, mas o momento de colhermos os frutos do nosso

esforço está bem próximo. Vocês são especiais e tenho orgulho de ter

compartilhado todos os momentos com vocês, seja dentro ou fora da faculdade.

A todos os professores (as) aos quais tivemos o prazer de aprender sobre

conhecimentos tão importantes e que serão levados por toda nossa carreira

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profissional. Vocês são os principais responsáveis por nosso sucesso como futuras

Assistentes Sociais.

A toda minha maravilhosa Banca, Professoras Talitta Albuquerque e Valdícia

Sales, as quais aceitaram o meu convite e acolheram a temática com tanto carinho e

dedicação. É uma honra dividir esse momento com vocês, onde eu compartilho

todas as minhas experiências durante a realização da pesquisa.

E finalmente ao meu Orientador Jefferson Sales, pai de duas filhas lindas,

uma pessoa admirável, que carrega uma abrangência de conhecimentos sobre o

autismo, em que consegue explicar e divulgar a temática de maneira exemplar.

Venho agradecer pela sua paciência e ajuda que foi de fundamental importância

para construção desse trabalho. Obrigada por me proporcionar grandes momentos

de aprendizagens sobre essa temática tão maravilhosa e encantadora.

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RESUMO

O Autismo é caracterizado como uma temática bastante recorrente em nossa sociedade, e sua discussão vem se desenvolvendo aos poucos no decorrer dos anos. O Autismo tornou-se um dos grandes desafios a ser enfrentado, no que diz respeito à garantia dos direitos básicos, previstos em lei. Este trabalho tem como objetivo central trazer a discussão sobre a análise dos profissionais do Projeto “Brincar para Incluir” do Espaço Aram em relação aos desafios e possibilidades existentes dentro do processo de inclusão escolar na perspectiva da pessoa autista, tendo como referência institucional a Clínica - Escola Espaço Aram. Os objetivos específicos contemplam: analisar a vivência dos profissionais com crianças autistas; perceber como acontece o processo da inserção de crianças autistas no universo escolar e compreender a relação entre Família, Autismo e Educação Inclusiva. A pesquisa traz enfoques teóricos sobre autismo, as leis direcionadas para este público, o autismo e as relações familiares, a Educação Inclusiva para crianças autistas, o contexto histórico e as políticas de Educação Inclusiva. Contudo, a pesquisa busca contemplar todos os objetivos previstos, embasando-se teoricamente por autores renomados na área do autismo e da educação inclusiva. A pesquisa é de caráter qualitativo, com base em referências bibliográficas, pesquisa de campo com coletas de dados, por meio de entrevistas semiestruturadas e pesquisa documental. A pesquisa foi realizada no período de fevereiro até junho de 2014, tendo como sujeitos da pesquisa quatro profissionais da Educação Física e da Pedagogia, inseridos nas atividades do Espaço Aram. Os resultados deste referente ensaio monográfico busca abrir a discussão sobre a importância da inserção escolar para pessoas com autismo independente da idade, cor e classe social, ou seja, distante de qualquer forma de preconceito e que venha proporcionar ao leitor uma reflexão crítica sobre a educação inclusiva na perspectiva da pessoa autista.

Palavras-Chaves: Autismo. Educação Inclusiva. Família.

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ABSTRACT

Autism is characterized as a theme very arising in our society and its discussion has been developing gradually over the years. Autism has become a major challenge to be faced with regard to ensuring the basic rights provided by law. This work has as main objective to bring the discussion on the analysis of professional Project "Playing to Include" Aram of space in relation to the challenges and opportunities within the school inclusion in the autistic person perspective, taking as reference the institutional Clinic - Aram Area school. The specific objectives include analyzing the experience of professionals with autistic children, realizing how does the process of integration of autistic children in the school environment and understand the relationship between Family, Autism and Inclusive Education. The research presents theoretical approaches to autism, laws directed at this audience, autism and family relations, Inclusive Education for autistic children, the history and the politics of Inclusive Education. However, the research seeks to address all the objectives set, if basing theoretically by renowned authors in autism and inclusive education area. The research is qualitative, based on references, field research with data collection through semi-structured interviews and documentary research. The survey was conducted from February to June 2014, with the four professional research subjects of Physical Education and Pedagogy, participated in the activities of Aram Area. The results concerning this monographic essay seeks to open a discussion about the importance of school integration for people with autism regardless of age, race, and social class, ie, away from any form of prejudice and that will provide the reader with a critical reflection on education inclusive perspective on the autistic person. Key Words: Autism. Inclusive Education. Family.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da Política de Inclusão no Ensino Regular ......................................... 48

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LISTA DE SIGLAS

AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente

ABA – Aplied Behavioral Annalysis (Análise do Comportamento Aplicado)

ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria

AMA – Associação de Amigos Autistas

APAE – Associação de Pais e Amigos Excepcionais

CADEME – Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais

CENESP – Centro Nacional de Educação Especial

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

IBC – Instituto Benjamim Constant

ISSEC – Instituto de Saúde dos Servidores do Ceará

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

LABRINJO – Laboratório de Brinquedos e Jogos

LANGEP – Liga Acadêmica de Neurologia-Genética-Psiquiatria

MEC – Ministério da Educação e Cultura

NAS – Núcleo de Atenção à Saúde

NASF – Núcleo de Apoio à Saúde das Famílias

NAED – Núcleo de Atenção Especial de Defesa à Inclusão

OEA – Organização dos Estados Americanos

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

PEAC – Picture Exchange Communication System (Sistema de Comunicação de

Troca de Figuras)

SEESP – Secretaria de Educação Especial

SON - RISE – Son - Rise Program (Método Educacional para Crianças com

Autismo)

SUS – Sistema Único de Saúde

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

TEA – Transtorno do Espectro Autista

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TEACCH – Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped

Children (Treinamento e Ensino de Crianças com Autismo e Outras

Dificuldades de Comunicação Relacionada)

UFC – Universidade Federal do Ceará

UNIFOR - Universidade De Fortaleza

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ........................................ 17

1.1 Aproximação com O Objeto Pesquisado ............................................... 17

1.1.1 Lócus da Pesquisa .................................................................................. 20

1.2 Especificidades da Pesquisa .................................................................. 24

2 ABORDAGEM TEÓRICA SOBRE O AUTISMO........................................... 28

2.1 A Definição sobre o Autismo .................................................................. 28

2.2 O Autismo no Brasil e as Leis. ................................................................ 32

2.3 O Autismo e a Família. ............................................................................. 36

3 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA .......................................................................... 41

3.1 Um Breve Contexto Histórico da Educação Inclusiva .......................... 41

3.2 Políticas de Educação Inclusiva: Avanços e Desafios ......................... 45

3.3 Espaço Aram: A Perspectiva da Educação Inclusiva para Crianças

Autistas, Uma Visão da Equipe Profissional ............................................... 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 57

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60

APÊNDICES .................................................................................................... 62

ANEXOS .......................................................................................................... 65

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa direciona-se à análise acerca dos desafios

referentes à educação inclusiva com perspectiva relativa à pessoa autista,

compreendendo como a equipe profissional da Clínica-Escola Espaço Aram em

parceria com o projeto “Brincar para Incluir” da Universidade Federal do Ceará –

UFC vivenciam os desafios dessa trajetória sobre a inclusão da criança autista no

âmbito escolar.

O objetivo da pesquisa é compreender a perspectiva dos profissionais

sobre a importância da Educação Inclusiva para crianças autistas, trazendo como

enfoques a questão da inserção e sua trajetória no universo das escolas, as

atividades que são realizadas pelos profissionais, as experiências absorvidas com

crianças autistas e suas avaliações sobre o trabalho realizado pelo Espaço Aram. A

pesquisa contempla em seus objetivos específicos analisar as vivências dos

profissionais com crianças autistas, entender o processo de inserção escolar e por

fim compreender concepções sobre educação inclusiva, família, autismo e leis de

direcionamento com enfoque na temática.

A partir do diálogo e das entrevistas com quatro profissionais da

Educação Física e da Pedagogia, os quais trabalham na Clínica-Escola Aram e no

projeto da UFC, proponho-me a compartilhar todas as opiniões sobre os aspectos

facilitadores e dificultadores sobre a convivência com uma criança autista, tendo em

vista que pesquisa está direcionada, desta forma, para diferentes posicionamentos,

enfrentamentos e cuidados voltados às crianças autistas. Seguindo essa lógica,

busco discutir a perspectiva do autismo com enfoque no cuidado e na inclusão

dessas crianças autistas dentro do ambiente escolar.

O interesse pelo tema surgiu por questões pessoais, por ter na família a

presença de um irmão autista, despertando-me, desse modo, o interesse de

pesquisar sobre a temática, tendo em vista que futuramente serei sua cuidadora e

também por aspectos próprios de conhecimento sobre o assunto que é de

fundamental importância para a compreensão dos desafios que são postos a todas

nós familiares de crianças autistas. Alguns autores costumam trazer o termo

“famílias autistas”, e é a partir de uma nova perspectiva sobre as mudanças de vida

e aprendizagem, relatadas neste trabalho, que focamos a presença que essas

crianças proporcionam para nós familiares e para toda a sociedade em geral.

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Por ter experiência familiar com uma criança autista, a compreensão

surgiu com maior facilidade sobre as ideias dos autores de referência na área. A

linguagem utilizada deve proporcionar ao leitor, mesmo sem experiência com um

autista, uma maior percepção acerca do assunto, com uma facilidade na leitura, à

luz desses autores. Todos os relatos descritos são elaborados a partir das

experiências de nossa mãe, Francisca Silva, por meio das quais ela, com sua

vivência, traz para esta pesquisa uma riqueza de conhecimentos de sua prática com

uma criança autista.

Durante o acompanhamento de todo processo escolar do meu irmão,

pude observar como a educação é importante para pessoas com autismo, ela ajuda

a socializar pessoas autistas e não autistas, para ambos conhecerem a realidade um

do outro, dentro dessas perspectivas foi de extrema importância a necessidade de

mostrar a sociedade o quanto a educação inclusiva, com foco em pessoas autistas,

é importante, reforçando nessa pesquisa a visão da equipe multiprofissional que

trabalha diretamente com a criança autista desde então nasceu à pesquisa deste

TCC.

O atual trabalho encontra-se dividido em três capítulos, o primeiro capítulo

é o de percurso metodológico, em que se busca trazer aspectos relacionados à

aproximação com o tema escolhido, explicitando a metodologia utilizada e a escolha

do espaço para a realização desta pesquisa. O segundo capítulo traz uma alusão

sobre o autismo e o seu contexto histórico, as leis desenvolvidas para pessoas com

deficiência e a importância do papel da família com uma criança autista.

No terceiro capítulo, faremos menção à educação inclusiva, fazendo um

resgate histórico sobre as políticas que envolvem a educação e a visão da equipe

profissional em relação à inserção de crianças autistas no ambiente escolar. Por fim,

é trazido de forma sucinta às análises e às compreensões, acerca das questões que

foram apreendidas durante a pesquisa, trazendo de forma clara e objetiva, o que se

pode concluir sobre os desafios dos cuidados à pessoa autista e sua inserção na

educação, correlacionando com as vivências dos profissionais do Espaço Aram,

trazendo como discussão as facilidades e dificuldades, definidas pelos mesmos,

acerca do autismo, suas formas de tratamento, inserção e os cuidados em geral.

Esse estudo bibliográfico foi vinculado em três categorias para

qualificação da pesquisa: autismo, educação inclusiva e família, trazendo todos

esses elementos de forma correlacionada. O que se espera da pesquisa é trazer um

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conhecimento mais ampliado sobre as discussões acerca do autismo e da educação

inclusiva, contribuindo para a compreensão e um olhar mais sensível da sociedade

perante as diversas abordagens que o mundo do autismo tem para nos revelar.

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1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Este capítulo trará ao leitor uma aproximação, em detalhes, da escolha da

temática e dos percursos que foram utilizados para chegar à conclusão da pesquisa,

mostrando traços das técnicas escolhidas e a metodologia abordada em maiores

detalhes.

1.1 Aproximação com o Objeto Pesquisado

Conforme referenciado na introdução deste trabalho, meu1 interesse pela

temática surgiu por uma motivação pessoal. Dentre os meus dois irmãos, um deles é

autista e tem 19 anos, e atualmente, mora com minha mãe no interior do Ceará, em

uma localizada conhecida por São Gonçalo do Amarante. Por apresentar essa

experiência de ter alguém próximo da família com autismo, foi o que me motivou

para pesquisar e compreender mais sobre esse assunto. Quando leio os autores

que abordam essa temática, identifico-me e relaciono-me com a realidade presente

em minha vida, essa articulação entre teoria e experiência prática, de lidar com a

presença de uma pessoa autista na família, faz com que a pesquisa se desenvolva

com mais facilidade dentro dessa perspectiva.

Segundo os relatos de nossa mãe, meu irmão ao nascer, aparentemente

era uma criança “normal” como todas as outras em seu comportamento. Teve seu

crescimento normal, sua amamentação ocorreu no período certo, emitiu os sons

fonéticos, começou a andar na idade certa, mas não engatinhou, contudo, o seu

desenvolvimento foi considerado normal até os 03 anos de idade, após isso, ele

regrediu em relação ao seu comportamento, foi então que nossa mãe percebeu que

havia algo diferente com meu irmão.

Ela conta que na época relatava aos médicos sua preocupação com o

meu irmão, explicando que havia uma mudança significativa nos comportamentos

dele e que estava ficando preocupada em relação a isso, mas simplesmente os

médicos ignoraram, por falta de experiência sobre o assunto ou por não querer dar o

diagnóstico, por achar que o quadro clínico poderia melhorar, não diagnosticando

1 Será utilizada a primeira pessoa neste tópico por se tratar de uma motivação pessoa da

pesquisadora.

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imediatamente como autismo, colocando o caso como um atraso normal e que iria

melhorar com o passar de seu desenvolvimento.

Pude constatar esse relato da minha mãe em relação às falhas dos

profissionais em detectar quando a criança está com Autismo, em uma palestra, no

mês de Abril de 2014, sobre o Autismo, realizada no auditório da Universidade de

Fortaleza – UNIFOR pelo então renomado Psiquiatra e Orientador da LANGEP -

Liga Acadêmica de Neurologia-Genética-Psiquiatria da UNIFOR (Universidade De

Fortaleza), Dr. André Luiz Santos Pessoa. Em seu discurso, levantaram-se essas

questões da dificuldade dos diagnósticos precoces e a falta de preparo profissional,

já visto em anos anteriores e que persiste até hoje, dificultando o desenvolvimento

da criança autista.

Quando nos deparamos com a realidade sobre a formação dos médicos,

percebemos que esta formação profissional, ainda, deixa muito a desejar, no que

tange às questões relacionadas à qualificação desses profissionais, no sentido de

identificar e diagnosticar uma pessoa com do autismo, portanto, ainda precisa-se

caminhar em direção a novas profissionalizações, devido ao surgimento de outros

tipos de categorias de deficiência que necessitam desse aparato. A falta de atenção

dos médicos em ouvir as famílias, muitas vezes também é um problema e faz com

que haja esse atraso do diagnóstico, isso se efetiva dentro dos relatos familiares e

observações feitas com os pacientes em clínica, concepção esta trazida pelo

palestrante do seminário para mostrar essa realidade.

Meu irmão passou por um longo processo de idas e vindas aos mais

diversos especialistas, foi um período de realização de uma série de exames para

detectar o que havia com ele. Nossa mãe conta que ele foi diagnosticado após

várias tentativas com diferentes profissionais de diversas áreas. Com outras

opiniões e possibilidades e outros olhares médicos dedicados e que buscavam

sempre pesquisar sobre diversos tipos de problemas, então, foi dado um parecer

final sobre o caso, isso ocorreu após os quatro anos de idade dele que foi

confirmado o diagnóstico de autismo pela ausência da fala, comportamentos

repetitivos e dificuldade em atender aos chamados. Somente após o surgimento

desses sintomas, característicos da pessoa autista, foi que os médicos identificaram

que pela idade não era normal esse atraso no comportamento.

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Nossa mãe sempre carregou com alegria e disposição a notícia sobre o

diagnóstico confirmado para o autismo, buscando sempre alternativas para que meu

irmão tivesse um tratamento adequado. Inicialmente, como toda mãe, houve uma

dificuldade, pois ela não sabia como prosseguir. Em vista disso, então, ela procurou

um apoio psicológico e pedagógico, para enfrentar essa situação e compreender o

que ela precisava fazer para ajudá-lo, idealizando permanentemente a melhora do

seu desenvolvimento social.

Na época de todo esse processo, entre idas e vindas aos médicos,

morávamos todos em Fortaleza, foi aqui, em Fortaleza, que meu irmão iniciou suas

atividades clínicas e escolares, em uma instituição conhecida como Projeto

Diferente, na qual havia uma equipe multiprofissional disposta a atender esses tipos

de casos. Assim sendo, ele foi encaminhado a esta instituição, através das

neurologistas que o acompanhavam na época. Ele passou grande parte de sua

infância nessa clínica-escola, então nossa mãe casou com outro homem, após

alguns anos do falecimento do nosso pai, decidiu morar com toda a família na

cidade de São Gonçalo do Amarante, e , consequentemente, ele deixou a

instituição.

Foi nesse período que nossa mãe procurou os apoios existentes para as

pessoas com deficiência no município de São Gonçalo, e o inseriu nos serviços que

a cidade disponibilizava. Nessa busca, encontrou a instituição chamada Casa de

Patrícia, a qual era uma instituição de acolhimento para esse perfil de público.

Neste local eram realizadas apenas atividades escolares. Ele passou muitos anos

por lá, porém ocorreu, no ano de 2010, o fechamento da instituição por falta de

recursos financeiros para a sua manutenção, por se tratar de uma ONG -

Organização Não Governamental, e o município de São Gonçalo do Amarante não

disponibilizar verbas suficientes para custear as ações que a instituição realizava.

Com a extinção desta ONG, a cidade passou um grande período sem

nenhuma atividade voltada para essa população, desse modo, com o apelo dos pais

e familiares por melhorias, em relação ao tratamento dessas crianças, jovens e

adultos, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, em parceria com o NASF, lançou

um projeto chamado NAEDI - Núcleo de Atenção Especial de Inclusão às Pessoas

com Deficiência, que atua dentro da cidade, prestando assistência a esse público,

através de atividades pedagógicas, realizadas semanalmente e que segue alguns

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requisitos básicos para inserção dessas pessoas (estar em acompanhamento

médico pelo NASF e regularmente matriculado no projeto).

Com a convivência com o meu irmão, podemos observar que no

comportamento cotidiano dele, é muito notável que ele é uma criança calma, não é

agressivo, nem é hiperativo, muito pelo contrário, ele é admirado por todos na

cidade, vizinhos, amigos e familiares por ser uma criança tranquila e alegre, sempre

sorrindo para todos que se dirigem até a nossa casa. As pessoas até brincam e

dizem: “Ele nem parece ser um autista”, pois ele tem um comportamento

aparentemente normal para quem não sabe do caso. Todavia isso acontece devido

ao tratamento que ele recebeu e recebe, e também pelo incentivo escolar ao qual

ele é estimulado.

Por isso, a escolha desta temática veio no intuito de aprofundar as

questões referentes aos desafios dos cuidados familiares à pessoa autista e à

inserção da criança com autismo no âmbito escolar, considerando que milhões de

famílias, Brasil a fora, vivem esse dilema cotidianamente, seja em casos na família,

seja de pessoas conhecidas. Porém, não há como fugir do autismo, já que estamos

inseridos em um contexto no qual o número de diagnósticos de autismo cresce

alarmantemente em todo o mundo. Segundo dados retirados da ONG (Organização

Não Governamental) “Autismo e Vida”, a ONU- Organização das Nações Unidas,

publicou que se estima existirem aproximadamente 70 milhões de pessoas afetadas

pelo autismo no mundo. No Brasil já são mais de 2 milhões e, nos EUA, a cada 68

crianças, 1 tem autismo, números estes alarmantes, o que confere esse crescimento

em relação aos diagnósticos do autismo.

1.1.1 Lócus da Pesquisa

Inicialmente, escolhi como local de referência em Fortaleza para realizar a

pesquisa, a Casa da Esperança, mas por motivos burocráticos, curto prazo de

realização e dificuldades de locomoção, até a referida instituição, resolve-se mudar o

local de realização do trabalho monográfico. Ao procurar outras instituições que

atendessem esse perfil de público, o qual direcionará a pesquisa, encontramos uma

instituição de atendimento às crianças com deficiência, próxima à minha residência,

o que facilitou o percurso planejado para execução da pesquisa e também para que

outras pessoas que terão acesso a esse ensaio monográfico possam conhecer esta

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instituição caso venha necessitar dela. A socialização de instituições deste porte é

muito importante para a sociedade, principalmente para as famílias com crianças

autistas que ainda não tem conhecimento sobre a rede de apoio existente em toda

cidade de Fortaleza.

A instituição pesquisada denomina-se Espaço Aram, a palavra Aram,

segundo a fundadora Isabelle Rabelo, origina-se do “Tupi-Guarani”, da língua

indígena, e significa Sol, dando a ideia de levar a luz a essas crianças (o Sol vem

denominado na logomarca da Instituição). O espaço atua no âmbito da educação

especial, com acompanhamento multidisciplinar aos alunos e ao público em geral.

As atividades desenvolvidas incluem a psicologia, fisioterapia, psicomotricidade,

educação física, pedagogia, fonoaudiologia, psicopedagogia e terapia ocupacional.

Está localizada na Rua Sólon Pinheiro, n.° 1850, Bairro de Fátima, Fortaleza-Ce, os

telefones para contato são: (85) 3214-5708 e (85) 8529- 3091.

A Clínica-Escola, como é caracterizada, foi fundada em 17 de Novembro

de 2006, nasceu com os objetivos da responsável que é Psicóloga e fundadora

Isabelle Rabelo, a razão dessa criação consiste analisar que a educação não seria

completa se os alunos com deficiência tendessem a se isolar da sociedade, que

muitas vezes tem preconceito contra tudo que não conhece. Ao longo de uma

experiência profissional como Psicóloga, com a clientela de pessoas com deficiência

e dos anseios das famílias em integrar seus filhos ao meio social, a fim de tornar-se

um ser produtivo e independente, levou a fundadora do Espaço Aram a desenvolver

um trabalho prestando atendimento clinico e pedagógico.

Segundo o histórico da instituição, o Espaço Aram passou a funcionar

com regularidade, sendo aberta aos alunos com interações educativas

especializadas, a família e a comunidade em geral, por apresentar uma demanda

na área especial. O objetivo da instituição é oferecer às pessoas uma educação

especial, como uma proposta séria e inovadora de escola, pautada nos mais

atualizados conceitos sobre educação especial. O Espaço Aram prioriza os

princípios da individualização (respeito as diferenças individuais, potencialidades e

limites pessoais), integração (participação das pessoas com necessidades

educativas especiais em seu ambiente, direito à socialização) e normalização

(proporcionar condições da vida compatíveis com a da sociedade a qual estão

inseridos).

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Ainda segundo o histórico apresentado pela instituição, o espaço oferece

ensino do Infantil III ao 5º ano, com salas divididas por especialidades e idades,

assegurando um planejamento de objetivos e estratégias de intervenção

diferenciadas de acordo com as necessidades dos grupos trabalhados. Como

complemento da proposta pedagógica, os alunos são atendidos por uma equipe

especializada. De acordo com a documentação disponibilizada, referente à

instituição, a equipe é composta por psicóloga, fonoaudióloga, educadores físicos,

psicopedagoga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicomotricista. É uma

instituição de caráter privado, tendo convênio apenas com o ISSEC - Instituto de

Saúde dos Servidores do Estado do Ceará.

O histórico da instituição afirma que, em média, são 6 a 8 crianças

atendidas por dia na instituição, trabalha-se, dessa forma, com um grupo pequeno,

tendo em vista que essas crianças precisam de um cuidado e uma atenção especial,

o que preserva essa quantia de integrantes diariamente atendidos. A instituição

acolhe crianças com autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral, TDAH e outros

tipos de deficiências, mas segundo o relato da fundadora, a escola só tem como

referencias 4 crianças autistas assistidas na instituição. O número total de alunos

não foi revelado durante a realização da pesquisa, sendo dificultoso o acesso de

algumas informações importantes para demonstração dos dados quantitativos neste

ensaio monográfico.

O espaço físico observado é bem agradável e aconchegante, os

compartimentos são bem divididos, contendo por escrito nas portas as informações

do que representam cada sala, sempre utilizando cores bem chamativas. Na

recepção, o que chamou atenção é que há uma mesa com brinquedos educativos,

para que as crianças se sintam à vontade, e muitos quadros espalhados que

expõem todas as artes realizadas pelas crianças, contudo, é um local bastante

organizado, arejado e bem localizado, que realiza um trabalho incrível de

ressocialização e reinserção dessas crianças, através de atividades educacionais e

interativas.

De acordo com a explicação de Isabelle Monteiro, existem os

atendimentos da parte clínica durante o período da manhã e durante a tarde são

realizadas as atividades escolares. Existem dois grupos semanais que são

realizados, um na Brinquedoteca da UFC - Universidade Federal do Ceará ou

LABRINJO - Laboratório de Brinquedos e Jogos, localizado no bairro Pici e os outros

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encontros são realizados na Praça Argentino Castelo Branco, no bairro de Fátima,

onde são realizados torneios de futebol com as crianças.

Segundo a Diretora da instituição a intervenção profissional no âmbito das

famílias, assistidas pelo Espaço Aram, acontece por meio do atendimento

psicológico, quando a equipe multiprofissional sente a necessidade de fazer essa

comunicação e aproximação com os pais das crianças. Ela também informou que

ainda não havia a formação de grupos de famílias, mas que isso poderia ser uma

possibilidade a ser analisada, já que é necessária essa articulação com as famílias.

Resgatando essa informação, é importante colocar em discussão e

pensar essa questão da família como um desafio a ser enfrentado pela instituição, já

que o tratamento do autismo deve abranger não só a criança, mas sim a família

toda, pois estes passam por uma sobrecarga emocional e psicológica muito forte e

constante, quem consegue entender esse processo em sua profundidade, é uma

família que apresenta uma criança autista em seu convívio diário, podendo dessa

forma, afirmar isso, por apresentar um irmão autista.

Voltando aos relatos dos sujeitos da pesquisa, as atividades lúdicas

realizadas pelos diversos projetos existentes na UFC, em parceria com o Espaço

Aram, fazem parte do roteiro semanal das crianças atendidas na instituição. A única

escola na qual os projetos atuam diretamente, é o Espaço Aram, sendo a única

instituição atuante desde o início com o Projeto “Brinquedoteca”. Atualmente, o

Espaço Aram está ligado ao Projeto “Brincar para Incluir”, onde as crianças tem

acesso as atividades lúdicas realizadas dentro do LABRINJO- Laboratório de

Brinquedos e Jogos.

Nosso foco de pesquisa voltou-se para os profissionais do projeto “Brincar

para Incluir” que fazem parte do Espaço Aram, dentro dessa sala, as crianças têm

várias opções de brinquedos, jogos, livros, revistas, bonecos, fantoches, casas de

bonecas, escorregadores, dentre outros brinquedos. As atividades realizadas no

projeto faz parte do planejamento escolar do Espaço Aram, em que as crianças

semanalmente se dirigem até a UFC para a realização das atividades. Autores como

Almeida, Junior e Silva (2011), explica como o processo do “Brincar” traz como

consequência para a inclusão escolar, educativa, social, ou seja, para a inclusão em

todos os seus sentidos.

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Para nós é no brincar que entendemos o valor da inclusão é nele que as crianças ou os indivíduos não percebem suas diferenças, se tem uma diferença eles não notam, eles se divertem , brincam e jogam e vão se interagindo sem perceber as outras competências e habilidades dos seus colegas. Acreditamos que este é um ponto chave para que aconteça a inclusão. O brincar infantil não determina as diferenças, pelo contrário ela cria uma ponte para inclusão e convida cada um para fazer parte do processo. A inclusão social e educacional é um processo que já começou e continuará, o Brasil, [...]desenvolve uma política de educação inclusiva cujos pressupostos filosóficos compreendem a construção de uma escola aberta e universal, um sistema educativo que respeita e valoriza a diversidade humana em uma perspectiva micro e macro. Assumir a diversidade pressupõe o reconhecimento do direito à diferença como enriquecimento educativo e social. Sabemos que todos somos diferentes e o que existe são pequenas oposições, ser diferente é normal ou deveria ser normal. (ALMEIDA, M. T. P; JUNIOR, M. C. e SILVA, A. C, 2011).

Sendo caracterizado como um espaço especial preparado para estimular

a criança a brincar, fazendo um resgate do lúdico na infância. Segundo Almeida

(2011) “O mundo da brinquedoteca proporciona à criança compreensão de muitas

coisas através do brincar, entre elas a compreensão de si, dos outros e do mundo.”

O acesso à variedade de brinquedos e jogos oferece a criança explorar, imaginar,

sentir e experimentar, dentro de um espaço estruturado e adaptado para todas as

crianças de diferentes idades e especialidades.

O LABRINJO- Laboratório de Brinquedos e Jogos tem como objetivo

fortalecer os vínculos entre teoria e prática pedagógica, conhecendo o universo

imaginário do brincar. É um espaço que reúne diversos brinquedos e materiais

pedagógicos possibilitando a interação e a transmissão do conhecimento, através de

atividades lúdicas, incentivando o processo educativo em geral e especial.

1.2 Especificidades da Pesquisa

Levando em conta os aspectos referidos no tópico anterior, a pesquisa

tem como base uma abordagem qualitativa. Goldenberg (2004) define que os dados

da pesquisa qualitativa objetivam uma compreensão profunda de certos fenômenos

sociais apoiados no pressuposto de maior relevância do aspecto subjetivo da ação

social. (p. 49). A autora diz que os dados qualitativos consistem em descrições

detalhadas de situações com os objetivos de compreender os indivíduos em seus

próprios termos.

Uma vez que nossa finalidade é compreender e perceber a visão da equipe

multiprofissional, ante a condição de acompanhar durante o processo escolar de

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uma criança autista, bem como a reflexão deles em relação a outros assuntos como

família e educação inclusiva, diante disso outra pesquisa que não seja a qualitativa,

não ofereceria requisitos para entrar na esfera do universo de valores e de direitos,

dos significados, por não permitirem à mensuração dos dados que queremos obter.

Corroborando com a reflexão anterior é preciso encarar o fato de que,

mesmo nas pesquisas qualitativas, a subjetividade do pesquisador está presente. Na

escolha do tema, dos entrevistados, do roteiro de perguntas, da bibliografia

consultada e da análise do material coletado, existe um autor, um sujeito que decide

os passos a serem dados.

Inicialmente a pesquisa veio a ser delineada, através de um levantamento

bibliográfico para organizar as fontes necessárias disponíveis para o delineamento

desta pesquisa. Diante do exposto Gil (2002) afirma que a pesquisa bibliográfica é

desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos. (p.44). Para isso, recorremos a livros, artigos, documentos

eletrônicos e documentos científicos do tipo: monografias, cartilha e boletim

informativos disponíveis em diversos sites, inclusive do Ministério da Saúde sobre o

autismo.

Juntamente com o levantamento bibliográfico utilizamos a pesquisa

documental para uma aproximação maior em relação ao tema; pesquisa que Cervo

(2007) descreve como sendo aquela:

[...] onde são investigados documentos com o propósito de descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. As bases documentais permitem estudar tanto a realidade presente como o passado, com a pesquisa histórica. (CERVO, 2007, p. 62).

A justificativa na escolha da pesquisa documental foi devido ao acesso a

documentos da instituição, relatórios das Leis disponíveis sobre educação inclusiva

e sobre a inserção de pessoas com deficiência na educação, todos sendo

importantes instrumentos de análise para esta pesquisa.

Foi realizada também uma pesquisa de campo, considerando como

aponta Gil (2002) no estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do

trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância de o pesquisador ter tido ele

mesmo uma experiência direta com a situação de estudo (p. 53). Esta pesquisa

decorre do contato direito com o objeto de estudo, a pesquisa de campo foi

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realizada no Espaço Aram, no respectivo momento foram elaborados entrevistas

para a coleta de dados.

A entrevista segundo Gil (1989) é a técnica em que o investigador se

apresenta frente ao investigado e lhe formulam perguntas, com o objetivo de

obtenção dos dados que interessam à investigação. (p. 113). Como técnica de

coleta de dados utilizamos a entrevista tipo semiestruturada que segundo Minayo

(2010) “[...] é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores,

realizada por iniciativa do entrevistador.” (p. 64). Foram aplicadas no total de quatro

entrevistas, sendo realizadas com voluntários do Projeto “Brincar pra Incluir” do

LABRINJO (Laboratório de Brinquedos e Jogos da UFC- Universidade Federal do

Ceará), em que há uma parceria com o Espaço Aram. Esse Projeto conta com a

participação dos profissionais da pedagogia, educação física e psicologia, aonde

eles atuam diretamente com as crianças inseridas no Espaço Aram, através de

atividades lúdicas.

A entrevista foi realizada com quatro sujeitos, em que estes que lidam

diretamente com crianças autistas. O critério de escolha da seleção dos mesmos foi

direcionado aqueles que estão diretamente ligados ao Projeto “Brincar para Incluir”,

sendo a via de acesso encontrada, com a oficialização e autorização, através do

termo de compromisso. No entanto seriam entrevistados seis profissionais, mas por

motivos pessoais, dois deles, tais como a psicóloga e fisioterapeuta, não puderam

conceder a entrevista, sendo realizada somente com os quatro profissionais, nos

motivando a compreender a visão deles em lidar com crianças autistas.

As entrevistas foram gravadas abordando as perguntas do questionário

disponível neste trabalho, em que se discutiam as ideias importantes referentes aos

desafios e possibilidades da inserção escolar de crianças autistas, perguntas estas

referentes à temática. Para manter o sigilo sobre a identificação dos entrevistados,

foram escolhidos nomes fictícios relacionados às siglas inglesas utilizadas nos

tratamentos de autistas e abreviações explicitadas dentro de referências

bibliográficas sobre a temática, portanto, foram entrevistados três profissionais da

educação física e um da pedagogia do Espaço Aram, inseridos também no Projeto

“Brincar para Incluir” da UFC.

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ABA - Aplied Behavioral Annalysis (Análise do Comportamento Aplicada).

Denominamos esse termo ao profissional de Educação Física, há dois meses no

projeto.

PEAC - Picture Exchange Communication System (Sistema de Comunicação de

Trocas de Figuras). Denominamos esse termo para o profissional de Pedagogia, há

04 meses no projeto.

SON- RISE - O the Son-Rise Program (Método Educacional para Crianças com

Autismo, desenvolvido por The Autism Treatment Center of America). Denominamos

esse termo para o profissional de Educação Física, há três meses no projeto.

TEACCH- Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped

Children (Treinamento e Ensino de Crianças com Autismo e Outras Dificuldades de

Comunicação Relacionadas). Denominamos esse termo para o profissional de

Educação Física, há um ano no projeto.

Levando em conta os objetivos da pesquisa, faremos menção a seguir

sobre o autismo e a criança em relação à importância da relação familiar e um breve

histórico sobre as leis que protegem e garantem os direitos dos autistas.

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2 ABORDAGEM TEÓRICA SOBRE O AUTISMO.

Este capítulo trará ao leitor uma abordagem sobre o a definição do

autismo e a sua classificação na categoria como pessoa com deficiência.

Concomitante, as leis que dão direto ao acesso à escola, saúde, abordando

também como destaque, a família e sua importância na vida de uma criança autista,

os cuidados e acompanhamentos necessários.

2.1 A Definição sobre o Autismo

A palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se para

si mesmo”. Marques (2000) afirma que o autismo pode ser definido como uma

condição ou estado de alguém que aparenta estar invulgarmente absorvido em si

próprio. A primeira pessoa a utilizá-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuer, em

1911, para descrever uma das características de pessoas com esquizofrenia, se

referindo ao isolamento social dos indivíduos acometidos.

Bereohff (1993) Apud Organização Mundial da Saúde - OMS (1994) traz

uma definição clara sobre o que é o Autismo:

Autismo é uma síndrome presente desde o nascimento e se manifesta invariavelmente antes dos 30 meses de idade. Caracteriza-se por respostas anormais a estímulos auditivos ou visuais, e por problemas graves quanto à compreensão da linguagem falada. A fala custa a aparecer, e quando isto acontece, notam-se ecolalia, uso inadequado dos pronomes, estrutura gramatical imatura, inabilidade de usar termos abstratos. Há também, em geral, uma incapacidade na utilização social, tanto da linguagem verbal como da corpórea Ocorrem problemas muito graves de relacionamento social antes de cinco anos de idade, como incapacidade de desenvolver contato olho a olho, ligação social e jogos em grupos. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1984, p. 3).

A Síndrome do Autismo demanda um estudo conjugado por parte de

profissionais de diferentes campos, não apenas pelo profundo desconhecimento em

que se encontra, apesar de todas as investigações científicas, como também pelo

fato de que a Síndrome do Autismo como afirma Teles (2001) teve o seu primeiro

diagnóstico pelos meados do século XX. Para a ciência como um todo, isto vem a

ser considerado pouco tempo para determinar as causas precisas desse fenômeno.

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“O Espectro Autista confronta à presença de sujeitos autistas cujas

manifestações podem variar de maneira considerável, comportando ou não a

possibilidade de recorrer às palavras, sem que estas correspondam a um verdadeiro

valor de troca identificável. O acento colocado pelos autistas na falta de contato

afetivo fundado no tátil bruto e no vazio de um estado de alucinação negativa

petrificado, que exclui o apoio no corpo, visa assegurar um sentimento-sensação de

continuidade de ser fora do laço ao outro.” (ALLOUCH, 2003).

Em 1943, o psiquiatra infantil austríaco Leo Kanner publicou um estudo

no qual observou 11 crianças que apresentavam isolamento extremo desde início da

sua vida, apego às rotinas, preferência por objetos inanimados em detrimento das

pessoas, ecolalia imediata e tardia, e inversão pronominal. Inicialmente ele formulou

a teoria de que estes sintomas seriam inatos àquelas crianças. (SILVA; GAIATO e

REVELES, 2012).

Já em 1944, Hans Asperger, pediatra austríaco com grande interesse em

educação especial, descreveu quatro crianças que tinham em comum a dificuldade

de se integrar socialmente em grupos. Ele denominou o problema de “psicopatia

autística”. (DOURADO, 2012). É curioso perceber que os dois autores tanto Leo

Kanner como Hans Asperger descobriram problemas semelhantes, praticamente ao

mesmo tempo, e os denominaram por um nome comum: autismo.

Conforme expõe a autora Dourado (2012):

As crianças descritas por Asperger possuíam habilidades intelectuais preservadas, dificuldades na comunicação não verbal, pouca capacidade empática e tendência a intelectualizar as emoções. Falavam de forma prolixa e formal. Ao contrário das crianças de Kanner, as de Asperger não eram muito alheias ao ambiente, desenvolviam uma linguagem perfeita, do ponto de vista gramatical, às vezes, precocemente. Asperger chamou atenção, desde o inicio, para a natureza genética da condição que descobriria e levantou hipótese de uma herança ligada ao sexo masculino. (DOURADO, 2012, pp 74 - 75).

Segundo Silva; Gaiato e Reveles (2012), a partir da década de 1960, é

que a psiquiatra inglesa Lorna Wing, cuja filha era portadora de autismo, passou a

publicar textos de grande importância para o estudo deste assunto, inclusive

traduzindo para o inglês os trabalhos de Hans Asperger, popularizando suas teorias.

Além disso, Lorna foi a primeira pessoa a descrever a tríade de sintomas: alterações

na sociabilidade, comunicação/linguagem e padrão alterado de comportamentos. O

objetivo desse conceito foi introduzir a ideia de que os sintomas relacionados a

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qualquer um dos três domínios citados podem ocorrer em variados graus de

intensidade e, portanto, com diferentes manifestações.

Na mesma década, o psicólogo comportamental Ole Ivar Lovass

introduziu a ideia de que as crianças com autismo aprendem habilidades novas,

através da técnica da terapia comportamental. Até então, o autismo infantil ainda

persistia como um subgrupo dentro das psicoses infantis e era considerada uma

forma de esquizofrenia, o que faz com que alguns profissionais desatualizados ainda

usem a denominação errônea de “psicose infantil” para se referir a esses pacientes.

(SILVA; GAIATO e REVELES, 2012).

Na década de 80, o autismo recebeu um reconhecimento especial,

diferente da esquizofrenia, proporcionando um maior número de estudos científicos,

recebendo a denominação de seu diagnostico de forma correta e com critérios

específicos. “Desde então, o problema passou a ser tratado como uma espectro,

como um distúrbio do desenvolvimento e não mais como uma psicose.” (SILVA;

GAIATO e REVELES, 2012, p. 162). O trabalho de Asperger somente tornou-se

conhecido em 1981. A síndrome de Asperger foi reconhecida como entidade clínica

a partir das publicações da CID 10 e do DSM – IV (AMERICAN PSYCHIATRIC

ASSOCIATION, 2000).

Presentemente, o Autismo é visto como a perturbação central de um conjunto de perturbações que partilhando numerosos aspectos da “síndrome central”, não correspondem a critérios exigidos para esse diagnóstico. De fato, considera-se a existência de um aspectro de perturbações, que alguns autores chamam de “Perturbações do Espectro do Autismo”. São vários os manuais que pretendem colocar todas as condições nessa característica de défices de interação social. (GERALDIS, 2005, p. 05).

Em 1994, uma Associação de pais, na França, reuniu quase mil

participantes, dentre os quais quase duzentos familiares estavam unidos em torno

do tema com o objetivo de melhor configurar o tratamento oferecido aos autistas.

O Autismo pode manifestar-se por atraso ou desvio no comportamento,

antes dos três anos de idade, em algumas áreas do desenvolvimento,

nomeadamente Geraldis (2005), expõe que nas áreas que ocorrem são na interação

social, na comunicação social, e no jogo simbólico ou imaginativo. Segundo o DSM

– IV (2000) no Autismo não existe nenhum período de desenvolvimento sem

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problemas. Porém, já têm sido relatados casos em que ocorreu 01 ou 02 anos de

desenvolvimento aparentemente normal.

O conhecimento atual do autismo, a partir de estudos e pesquisas,

explicam que a pessoas com autismo, elas têm uma percepção diferente da nossa e

conhecer o autismo pode nos trazer um aprendizado especial de compreender o

“mundo singular” na qual essas pessoas vivem e somente com o tempo é que os

sintomas do autismo vão se tornando mais evidentes, em que esses sintomas se

representam, através da dificuldade de se comunicar verbalmente ou não

verbalmente, acompanhado de um isolamento “distantes em seu mundinho

particular” (SILVA, GAIATO e REVELES, 2012).

Alguns autores explicam o autismo, a partir de diferentes teorias e

abordagens. Como estão explicitados logo abaixo:

Júnior e Pimentel (2000) fala que o autismo corresponde a um:

Quadro de extrema complexidade que exige que abordagens multidisciplinares sejam efetivadas visando-se não somente a questão educacional e da socialização, mas principalmente a questão médica e a tentativa de estabelecer etiologias e quadros clínicos bem definidos, passíveis de prognósticos precisos e abordagens terapêuticas eficazes. (JR e PIMENTEL, 2000; p. 03).

Bossa e Callias (1999), já traz uma nova fundamentação que se concebe

a criança autista como vivendo em um:

Estado mental caracterizado por insuficiente diferenciação entre estímulos vindos de dentro ou de fora do corpo e incapacidade para construir representações emocionais. Dessa forma, todo estímulo (social e não social) seria experiencializado como sendo fragmentado, impedindo a possibilidade de formação de uma experiência contínua, seja quando só ou na presença de outros. (BOSSA e CALLIAS, 1999).

Enquanto Mazet (1991) desenvolveu uma nova ideia sobre o autismo, a

partir de sua teoria evolutiva, explicando o autismo como sendo:

Um subgrupo das psicoses infantis e uma regressão ou fixação a uma fase inicial do desenvolvimento de não-diferenciação perceptiva, na qual os sintomas que mais se destacam são as dificuldades em integrar sensações vindas do mundo externo e interno, e em perceber a mãe na qualidade de representante do mundo exterior. (MAZET, 1991, p. 20).

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Fátima Dourado, referência dentro dos autores que estuda também essa

temática sobre o autismo, em seu livro Autismo e Cérebro Social (2012) explica

como o tema vem sendo ainda pouco discutido no país e os estudos estão pouco

aprofundados, já que o número de autistas vem crescendo mundialmente segundo

alguns estatísticos apresentados. A literatura referente ao autismo ainda deixa muito

a desejar, não existem muitas pesquisas em torno dessa área, isso ainda está em

processo de desencadeamento.

A autora Dourado (2012) em sua obra destaca:

Nesses meus trinta anos de autismo tenho convivido com muitos pais e aprendido bastante com suas histórias. A própria história do autismo, na realidade, tem sido escrita, em boa parte, por pais. Grandes cientistas do nosso tempo que têm se dedicado ao estudo do autismo são eles próprios, pais de autistas. (DOURADO, 2012, p.04).

Conforme Alves et al. (2010) a sociedade e família devem ter uma noção

do autismo quando ele está muito próximo:

Tentando entendê-los em sua forma de ser e assim tentar ajudá-los, propiciando tratamento em todas as áreas que precisem. O tratamento é basicamente feito de reabilitação: psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, escola, fisioterapia, musicoterapia e etc. Muitas pessoas relutam em levar a criança ao psiquiatra com medo de associação à loucura. (ALVES, 2010, p..11).

O autismo é um comprometimento permanente, crônico. Nenhum método,

afirma Dourado (2012), terapêutico ou medicamento até o momento tem se revelado

capaz de fazer frente aos sintomas básicos do autismo. Os autistas adultos, na sua

maioria, não conseguem levar uma vida com independência e autonomia. Hoje,

cada vez mais, surgem programas de intervenção precoce. A idade do diagnóstico

tem sido cada vez menor, o que traz repercussão no desenvolvimento das crianças.

2.2 O Autismo no Brasil e as Leis

No Brasil, o Dia Mundial da conscientização do Autismo tem conseguido

cada vez mais adeptos e pessoas engajadas. Em 2010, pela primeira vez, a data foi

lembrada no dia 2 de Abril com iluminações em azul (cor definida para o autismo) de

vários prédios e monumentos importantes. Entre esses monumentos estão: o Cristo

Redentor no Rio de Janeiro, a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras e o

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Viaduto do Chá em São Paulo e o prédio do Senado em Brasília. Isso ocorreu como

o marco de apoio no Brasil. (SILVA; GAIATO e REVELES, 2012).

Alguns eventos marcaram nossa história brasileira sobre o Autismo,

citaremos apenas dois como referência:

1. A primeira organização brasileira foi a Associação de Amigos Autista

(AMA), fundada oficialmente em 1983 em São Paulo, por um grupo de

pais, a maioria com filhos portadores de autismo.

2. Novembro de 1984 ocorreu o I Encontro de Amigos do Autista

promovido pela AMA, onde reuniu médicos e outros profissionais do país

que estudavam o autismo naquela época, e algumas instituições que

atendiam crianças com transtorno mental.

Até esses eventos, no Brasil não existia uma organização só para este fim

que era tratar de pessoas com autismo. Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012) três

mães fundadoras da AMA-Associação de Amigos Autistas foram até as instituições

na Europa e nos Estados Unidos para visitar locais de tratamento e trazer para o

Brasil uma metodologia mais especializada. Ainda hoje, a AMA é uma referência

para muitos brasileiros com transtorno e suas famílias. Hoje, no Brasil temos várias

instituições que são reunidas pela Associação Brasileira de Autismo (Abra), uma

entidade nacional que congrega associações de pais e amigos autistas no Brasil.

Em Fortaleza temos como referência de instituição conhecida por Casa

da Esperança. Segundo informações recolhidas do site da instituição, a Casa da

Esperança é entidade de caráter privado, que tem um papel importante com as

famílias de crianças com autismo em Fortaleza, fortalecendo o que Ribeiro (2013)

afirma sobre a importância da família no tratamento e nos momentos de atividade

das crianças autistas. A instituição atende gratuitamente via contrato com o SUS

crianças com autismo, também é uma instituição que se mantêm através de

doações.

O Núcleo de Atenção à Saúde (NAS) da Casa da Esperança2 é

credenciado pelo Sistema Único de Saúde, para realizar procedimentos de média e

alta complexidade, de acordo com a Portaria/GM No. 1.635 de setembro de 2002, do

Ministério da Saúde, que objetiva garantir o acompanhamento de pacientes com

transtorno mental e autismo, através de estimulação neurossensorial.

2 Disponível em:<http://autismobrasil.org/servicos/atendimento-multidisciplina.htm>. Acesso em: 5 dez.

2013, 20:17:00.

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Estimulação neurossensorial é o conjunto de atividades individuais de

estimulação sensorial e psicomotora realizadas por equipe multiprofissional, visando

à reeducação das funções cognitivas e sensoriais. Isso inclui avaliação, estimulação

e orientação relacionadas ao desenvolvimento.

De acordo com as informações retiradas do site o NAS recebe pacientes

de todo o país, em busca de diagnóstico e tratamento. No local são realizados

procedimentos de avaliação e diagnóstico, acompanhamento intensivo por equipe

multiprofissional e acompanhamento ambulatorial especializado para aplicação de

testes para psicodiagnóstico, terapia individual e em grupo, atendimento a

alterações motoras. O acompanhamento intensivo por equipe multiprofissional

especializada é o principal diferencial do serviço oferecido pela Casa da Esperança.

Este serviço é prestado através de três setores especializados e destinados a essas

pessoas com intervenções específicas: circuito de estimulação neurosensorial,

oficinas terapêuticas e vivencias terapêuticas.

Entrentatopara tornar todo esse processo do acolhimento em instituições

na realidade brasileira foram desenvolvidas Leis e políticas para pessoas com

espectro autista. Quando se trata do indivíduo autista, é importante analisar alguns

aspectos relevantes para o entendimento das suas especificidades.

Conforme Ortega (2009):

As políticas públicas possíveis para dar conta da neurodiversidade. As políticas propostas pelos grupos pró-cura já foram salientadas: acesso e financiamento de terapias comportamentais (especificamente ABA), contingenciamento de recursos para pesquisa genética e neuroquímica do transtorno, entre outras. No caso da neurodiversidade, a situação é um pouco diferente, entrando em muitos casos em conflito com os interesses dos grupos pró-cura. (ORTEGA, 2009, p. 20).

Teixeira et. al (2010) fala que em 2007, o Ministério da Saúde do Brasil

estabeleceu um grupo de trabalho para atenção aos autistas na rede do Sistema

Único de Saúde, mostrando a importância do tema. Um dos pontos discutidos no GT

foi o da necessidade de produção de conhecimento baseado em evidências

científicas para o encaminhamento das propostas de atenção aos transtornos do

espectro autista (TEA) e o conjunto de manifestações da qual o autismo faz parte.

Existe uma demanda urgente de evidências que contribuam para o

estabelecimento de programas de identificação e intervenção dos TEA no Brasil. A

elaboração de políticas públicas de saúde depende de resultados advindos de

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estudos com rigor metodológico que devem ser divulgados por meio de revistas

científicas, nacionais e internacionais, de qualidade.

Costa (2013) ressalva que há tempo atrás não haviam políticas públicas

específicas voltadas para as pessoas com autismo, e que, muitas vezes, os locais

destinados ao atendimento das pessoas com deficiência recusavam as pessoas com

autismo, justamente por elas não se enquadrarem como tal, segundo alguns

especialistas na área.

O autor referenciado acima ainda expõe que:

Estava claro que para os que não conheciam sobre o assunto que, a falta de políticas públicas originava-se na falta de reconhecimento da pessoa com autismo como pessoa com deficiência para fins legais. Ora, as extremas dificuldades vividas por essas pessoas, dificuldade na fala, na comunicação, na interação social não deixavam dúvidas de que eles eram pessoas com deficiência e que deveriam ser protegidos por legislação específica, que criasse políticas públicas adequadas à sua condição, viabilizando estratégias de atendimento voltado ao diagnóstico precoce, de encaminhamento para centros e encaminhamento para escolas adaptadas. (COSTA, 2013, p. 76).

Em novembro de 2007, entra em vigor no Rio de Janeiro a primeira Lei

Municipal no Brasil em defesa dos direitos às pessoas com deficiência, Lei Municipal

n.º 4.709. Sendo embargada pelo prefeito em 2008, então somente em 2009, com o

novo prefeito eleito, é que foi anunciada oficialmente a implantação de políticas

públicas para as pessoas com autismo. A cidade do Rio de Janeiro foi à primeira

implantar um tratamento especializado para os autistas, que com a Lei 4.709

deixavam de ser considerados doentes mentais e passam a serem deficientes

intelectuais. (COSTA, 2013).

Também já foi sancionada a Lei Federal n º 12.764/2012 - Lei Berenice

Piana pela atual Presidente Dilma Rousseff, essa Lei busca garantir que a

regulamentação seja amplamente debatida com a sociedade, aperfeiçoada, e acima

de tudo, que possa traduzir em conquistas ao segmento das pessoas com

deficiência, neste caso, as pessoas com transtorno do espectro autista. A maioria

que lutou pela aprovação da Lei eram pais e familiares com pessoas com autismo.

Segundo, Ulisses Costa (2012), autor do livro que conta a história da

aprovação da Lei n° 12. 764 e um dos pais que participou intensamente dessa luta:

“Era urgente que levássemos o problema das famílias das pessoas com autismo

para a esfera federal [...], para discutir sobre a falta de políticas públicas para os

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autistas e viabilizar uma Legislação Federal que os amparassem.” É nesse ideário

que o projeto de lei seguiu para o congresso, onde no dia 27 de dezembro de 2012,

foi aprovada com sucesso. A legislação prevê a instituição dos direitos voltados à

pessoa autista, a partir das diretrizes, artigos e incisos explicitados em lei.

Costa (2012) declarou seu agradecimento pelo sucesso da conquista,

explicitando seu orgulho por ser um dos participantes dessa intensa jornada a favor

dos autistas:

Deixamos esse LEGADO aos brasileiros e às brasileiras de nosso País, como um registro histórico de luta e resgate pelos direitos fundamentais à Cidadania e Dignidade das pessoas com autismo no Brasil; não fosse a determinação de pais, familiares, amigos e profissionais dedicados à causa, não teríamos alcançado êxito em nossa jornada. (COSTA, 2012, p.113)

Os direitos da pessoa com deficiência são os mesmos para qualquer

outro cidadão. Entretanto afirma Costa (2013), essas pessoas têm necessidades

específicas, pela sua própria condição, portanto, devem ser levadas em

consideração.

Apesar de todas as garantias previstas em lei, as pessoas com deficiência

continuam a vivenciar a exclusão e sofrer o preconceito. A lei, por si só não muda a

realidade social, o fato social. Porém, é muito importante o papel e apoio da família

em todas as áreas com a pessoa que tem deficiência, e é deste ponto que vamos

destacar seguinte.

2.3 O Autismo e a Família

O conceito de família é bastante complexo, portanto a família é, e foi,

objeto de estudos dentro de diferentes abordagens. Sociologicamente analisando, a

família é caracterizada como uma organização social com funções específicas, mas

isso pode variar de acordo com o tempo e espaço em que está situada. Essas

atribuições à família, de acordo com a perspectiva da sociologia clássica, é em

resposta a expectativa da sociedade.

Portanto, essa linha de pensamento tornou-se ultrapassada, pois

atualmente a composição de família pode apresentar novos rearranjos e novas

organizações de papéis com advento da sociedade moderna, havendo o que

GOODE (1960) chama de “reformulação dos atributos e funções estruturais da

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família”. O autismo quando detectado ainda criança as formas de cuidados são

mais específicos, contribuindo dessa forma para o crescimento e desenvolvimento

dessa criança em sociedade. Por isso, a importância da “família como protagonista”

(DOURADO, 2012) no sentido de compreender as dificuldades e a tentativa de

buscar estratégias que auxiliem no tratamento da pessoa com autismo.

A avaliação para um diagnóstico correto para Dourado (2012) deve se

iniciar a partir da compreensão da história de vida do paciente, desde a gravidez até

o momento atual daquela criança, em que os pais se esforçam para buscar um

apoio profissional para tirar suas dúvidas e, por fim, ter uma confirmação do que se

trata o perfil de comportamento daquela criança. Nos cuidados relacionados à

pessoa autista é perceptível a presença feminina (mãe) na maioria, liderando como

cuidadoras mais efetivas.

Segundo o artigo3 “O impacto do Autismo na Família”, publicado por

Sabrina Ribeiro, na Revista Autismo, em 2013:

Inicialmente com o diagnóstico a família vive momentos de angústia e medo, muita dessas famílias passam um longo período negando a realidade e isolando-se, buscando uma cura ou um milagre para o autismo. Após esse desequilíbrio da estrutura familiar, as famílias passam por um novo período que é o da aceitação, em que essas famílias passam a gerenciar melhor os conflitos, compreendendo melhor o autismo. Portanto, é nesse processo de aceitação que as famílias conseguem enfrentar o autismo com mais tranquilidade e começam a buscar recursos de tratamento. (

As famílias imaginam que pode haver um erro no diagnóstico e entram

em desespero procurando uma solução imediata para que a criança saia daquela

situação, buscando uma espécie de “cura” para o autismo. Então, diversas famílias

vivenciam essa mesma situação, por isso é preciso que os pais das crianças

autistas, busquem um novo olhar, uma nova perspectiva, não de forma negativa,

mas como o desafio a ser enfrentado. A família após a descoberta do autismo

vivenciam algumas fases como: a fase do choque, do luto, do choro, da negação e

por fim a fase aceitação e atitude. (SILVA, GAIATO e REVELES, 2012).

A compreensão sobre a importância do papel dos pais no tratamento é

parte específica no tratamento da pessoa com autismo, buscando compreender a

dinâmica familiar frente ao autismo, tendo em vista as limitações, as dificuldades e

3 Disponível em: <http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-1/o-impacto-do-autismo-na-familia>.

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as aprendizagens vivenciadas por essas famílias. A partir da análise de Sprovieri e

Assumpção Jr (2001) pode-se compreender que as relações familiares, de fato, são

naturalmente afetadas pela presença do autismo, mas essa visão negativista que se

instaurou sobre os cuidados às pessoas com deficiência, vem sendo desafiada de

uma forma bastante interessante, modificando aos poucos esses conceitos

pessimistas.

É possível observar mudanças significativas no que diz respeito à rejeição

e a culpabilização sobre os pais, contudo, estudos oficiais já revelam outras

opiniões, inserindo a posição dos pais não como “culpados”, mas como agentes

transformadores e incentivadores para o desenvolvimento e tratamento de crianças

autistas.

Seguindo ainda a linha de raciocínio de Sprovieri e Assumpção Jr (2001)

as atitudes familiares interferem no quadro de desenvolvimento emocional e

comportamental da criança autista. É necessário, porém, a adaptação de novas

mudanças no contexto familiar, alterando a dinâmica dessas relações. Sendo assim,

tais modificações só podem se efetivar se familiares e profissionais de saúde aderir

uma perspectiva diferente do que foi instaurado no senso comum sobre o autismo,

associado sempre como um “problema”.

É importante que os pais e profissionais tenham o hábito de pesquisar

sobre o autismo, não de forma geral, conforme Sprovieri e Assumpção Jr (2001),

mas em profundidade, buscando não somente nas leituras e bibliografias, mas

também, a partir da observação e percepção dos comportamentos do indivíduo,

procurando conhecê-lo a partir de pequenas atitudes ou manifestações que se

enquadram no autismo, por isso, é importante atentar-se não somente ao que a

criança faz, mas sim, ao que ela não faz.

É necessário à família se inserir na temática, buscando compreender

todos os processos comportamentais no autismo, as dificuldades diárias, a visão

distorcida e preconceituosa da sociedade, os diversos tipos de tratamento e os

custos financeiros, os recursos disponibilizados pelo governo e conhecimento sobre

as lutas em prol da defesa dos direitos relacionados à pessoa autista, preparando-se

assim para compreendê-la e ajudá-la, dentro de suas limitações.

Segundo DOURADO (2012) dentro do autismo as crianças, jovens ou

adultos, podem apresentar diversos tipos de comportamentos, definindo-se assim

uma escala de gravidade. A pessoa autista pode apresentar algumas características

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específicas, como: Isolamento, Dificuldade de interagir socialmente, Comportamento

repetitivo, dificuldade de se comunicar e se relacionar, reação ou estranhamento ao

ambiente, dentre outras alterações de comportamento.

Diante disso, para ajudar os autistas, é fundamental que a família e

amigos os tratem normalmente, por isso a importância da busca da orientação

profissional, leitura, filmes, dentre outras fontes de conhecimento, para a

compreensão sobre a temática. (DOURADO, 2012).

Pesquisar sobre essas experiências de famílias que convivem com

pessoas autistas proporciona compreender os contextos históricos, em que essas

famílias estão inseridas. Entretanto, esses cuidados vivenciados pelas famílias e

pela instituição dependem de um conjunto de medidas que precisam se

adequar a responsabilidade de cuidar de uma pessoa autista. Alguns estudiosos do

assunto explicam que as limitações que um filho autista apresenta, muitas vezes,

são vistas como perda para a família e que pode ameaçar a estabilidade familiar.

Mas com as vivências vão surgindo situações inéditas e imprevistas que

a família vai aprendendo a lidar com o autismo, apesar do preconceito ainda

existente na sociedade.

Ter em filho diferente requer mudanças radicais sobre a visão de mundo. Vemos-nos obrigados a reavaliar os valores. Ao encontrarmos uma realidade tão amarga, batemos de frente com o medo do desconhecido. Idealizamos um filho perfeito, e nisto não há mal algum. (NEBÓ e JAMBOR, 1999; p. 28).

A família tem um papel importante quando se tem uma criança com

autismo, ela se torna indispensável para o tratamento e para a caminhada ao longo

da vida na sociedade.

Compreender esse transtorno pode ser relativamente simples quando estamos dispostos a nos colocar no lugar do outro, a buscar a essência mais pura do ser humano e resgatar a nobreza de realmente conviver com as diferenças. E talvez seja esse o maior dos nossos desafios: aceitar o diferente e ter a chance de aprender com ele. (SILVA; GAIATO e REVELES, 2012, p. 20).

É a busca por novas alternativas faz com que a trajetória se torne menos

dolorida para essas famílias, pois a presença de uma pessoa autista dentro da

família requer cuidados redobrados, novas concepções sobre a diferença entre uma

família com autismo e outra sem autismo. (DOURADO, 2012).

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De acordo com Dourado (2012), a compreensão sobre essa diferença

começa a partir dos novos hábitos que devem ser adotados, a compreensão dos

códigos simbólicos e linguísticos entre pais e filhos autistas, as formas de tratar a

pessoa autista, o exercício da paciência que todos os integrantes da família devem

compreender e praticar, já que essas pessoas podem apresentar diversas

alterações de humor e comportamento. A família deve buscar enfrentar o

preconceito existente na sociedade, quando o autismo ainda é associado à loucura,

portanto, é importante que as “famílias autistas” obtenham esse senso crítico e

busque defender incessantemente os direitos à pessoa autista.

A família torna-se autista através da convivência com o autismo, dessa

forma, altera-se o modo de vida familiar, dedicando a maioria do tempo aos

cuidados dedicados à pessoa autista. Por isso, é importante conhecer e participar

do “universo particular” dessas crianças, buscando interpretar seus desejos e suas

habilidades principalmente quando se refere a sua inserção no âmbito escolar

através da educação inclusiva.

Segundo a Cartilha- Autismo: Uma realidade (ZIRALDO, 2013), o autista,

acima de tudo, são seres humanos que necessitam de atenção, respeito e

admiração, portanto devem ser incluídos ao meio social e escolar, estimulando-os a

acreditar em seu potencial, podendo ter sua contribuição social como qualquer outra

pessoa. Esse papel estimulador se inicia no âmbito familiar, quando a família em

parceria com os profissionais oferecem a oportunidade da criança se desenvolver,

confiando assim na sua capacidade e no seu talento.

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3 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Este capítulo trará ao leitor o percurso da educação inclusiva, através de

processo histórico, assim como as políticas que envolvem o processo da educação

inclusiva, e logo mais a visão da equipe profissional que aborda a temática da

educação inclusiva com foco na criança autista.

3.1 Um Breve Contexto Histórico da Educação Inclusiva

A Educação inclusiva compreende a Educação Especial dentro da escola

regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade

na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais

em algum momento de sua vida escolar.

A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas com

deficiência é uma atitude muito recente em nossa sociedade. Foi principalmente na

Europa que surgiram os primeiros movimentos pelo atendimento aos deficientes,

refletindo mudanças que se concretizam em mudanças na atitude dos grupos

sociais.

Foi aproximadamente no século XVII que as instituições iniciaram os

trabalhos de assistência com as pessoas com deficiência. Como exemplo, podem-se

citar as instituições São Vicente de Paulo e Irmãs de Caridade. Neste século

também houve um ressignificação do estudo baseado nas pessoas com deficiência.

O estudo passou a ser muito mais cientifico, surgindo assim diversos pensadores

como John Locke (1632-1704), Charles Michel Eppée (1712-1789), na época do

iluminismo o famoso Jean Jacques Rosseau (1712-1778), o pedagogo suíço que

promoveu um modo de pensar diferente e revolucionário na educação Johan

Heinrich Pestalozzi (1746-1820), entre outros pensadores. (REIS, 2010).

A partir daí a expansão dos estudos científicos para a prestação de

serviços às pessoas com deficiência, que se iniciou na Europa, cresce de tal forma,

dando origem a pesquisas nos EUA, Canadá ,até chegar ao Brasil na época do

Império.

Os movimentos em favor da educação para pessoas com deficiência

mostram-se que até o final do século XIX e diversas expressões eram utilizadas.

Mazzotta (2003) explica que eram usados termos para referir-se ao atendimento

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educacional às pessoas com deficiência: Pedagogia de Anormais, Pedagogia

Teratológica, Pedagogia Curativa ou Terapêutica, Pedagogia da assistência social,

algumas dessas expressões, ainda hoje, são utilizadas, a despeito de sua

impropriedade, segundo meu ponto de vista.

No período de 1850 a 1920, nos Estados Unidos, houve um aumento crescente das escolas residenciais, que eram um modelo europeu. Na última década do século XIX, entretanto, as escolas residenciais não eram mais consideradas instituições apropriadas para a educação do deficiente mental [...] em razão disso, começaram a serem desenvolvidos os programas de externato. (MAZZOTTA, 2003, p. 24).

Inspirados em experiências concretizadas na Europa e nos Estados

Unidos, alguns brasileiros, no século XIX iniciaram a organização de serviços para

atendimento aos cegos, surdos, deficientes mentais e deficientes físicos. Durante

um século, as providências que foram se caracterizando como iniciativas oficiais e

particularmente isoladas, refletindo o interesse de alguns educadores pelo

atendimento educacional de pessoas com deficiência.

Segundo o autor Mazzotta (2003) a ideia da inclusão social como:

A inclusão da “educação de deficientes”, da “educação dos excepcionais” ou da “educação dos especiais” na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e inicio da década de sessenta do século XX. (MAZZOTTA, 2003, p. 27).

O atendimento escolar especial das pessoas com deficiência teve seu

inicio no Brasil, como relata o autor acima, na década de cinquenta do século

passado. O autor ainda nos complementa que foi precisamente em 12 de Setembro

de 1854 que a primeira providência nesse sentido foi concretizada por D. Pedro II,

fundando na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial instituto dos Meninos Cegos. Mais

tarde, em 24 de janeiro de 1891, pelo Decreto n.º 1.320, a escola passou a

denominar-se Instituto Benjamim Constant (IBC), em homenagem ao seu ilustre e

atuante ex-professor de Matemática e ex – diretor, Benjamim Constante Botelho

Magalhães.

Na primeira metade do século XX, portanto, até 1950, havia quarenta estabelecimentos de ensino regular mantidos pelo poder público, sendo um federal e os demais estaduais, que prestavam algum tipo de atendimento escolar especial a deficientes mentais. Ainda, catorze estabelecimentos de

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ensino regular, dos quais um federal, nove estaduais e quatro particulares, atendiam também alunos com outras deficiências. (MAZZOTTE, 2003, p. 31).

No mesmo período, três instituições especializadas (uma estadual e duas

particulares) atendiam deficientes mentais e outras oito (três estaduais e cinco

particulares) dedicavam-se à educação de outros deficientes. No início do século XX

houve a fundação a Associação Pestalozzi (1926) – instituição especializada no

atendimento às pessoas com deficiência mental. Em 1954 é fundada a primeira

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, e em 1945 é criado o

primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação, o

Instituto Pestalozzi, por Hellena Antipoff. Em 1950 é fundada a Associação de

Assistência à Criança Defeituosa, AACD, a instituição é mantedora dos mais

importantes Centros de Reabilitação do Brasil.

É também no início do século XX, face às mudanças de pensamento em

relação à educação especial, Reis (2010) ressalta muito bem que os autores que

antes defendiam características das pessoas com necessidades como irreversíveis

sofrem uma modificação de pensamento e passam a rever o caráter inatista de seus

estudos. O que se examina é que a intervenção social é de suma importância para o

crescimento e desenvolvimento das pessoas com necessidades especiais. Foi então

que se ampliaram as instituições e locais que desenvolviam projetos para inserção

social e inclusão.

Na nova visão inculcada por movimentos sociais da década de 60 e 70 do século passado, a deficiência passa a ser tratada como uma resposta educacional e não meramente vista como caso orgânico ou de perfil clínico. A mudança feita pelo atendimento especializado pode englobar na escola variedades de dificuldades: físicas e cognitivas. Essa inclusão não é fácil. O acesso a todos deveria ser livre, não levando em consideração sua classe social, etnia, porém não é exatamente isso que vemos. Mesmo com um avanço que enfraqueceu os modelos e padrões de escolas da época, há uma dificuldade grande de inclusão para aqueles que sofrem de alguma deficiência. (REIS, 2010, p. 11).

O atendimento educacional às pessoas com deficiência foi explicitamente

assumido, a nível nacional, pelo governo federal, com a criação de campanhas

especificamente voltadas para este fim.

A primeira instituída foi a campanha para a educação do surdo brasileiro pelo Decreto Federal n.º 42.728, de 03 de dezembro de 1957. [...] Outra

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campanha foi instituída em 1960, por influencia dos movimentos liderados pela sociedade Pestalozzi e a associação de pais e amigos dos excepcionais com o apoio do Ministro da Educação e Cultura, pelo Decreto n.º 48. 961, de 22 de setembro de 1960 foi instituído a campanha nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais – CADEME. Também foi criada a o CENESP pelo Decreto n.º 72.425, em 03 de julho de 1973 com a finalidade de promover, em todo território nacional, a expansão e melhoria do atendimento aos “excepcionais”. (MAZZOTTA, 2003, pp 53, 57,58).

No final de 1992, após a queda do Presidente Fernando Collor de Melo,

houve uma reorganização dos Ministérios e na nova estrutura reapareceu a

Secretaria de Educação Especial – SEESP, como órgão específico do Ministério da

Educação e do Desporto (Lei n.º 8.490, de 19 de novembro de 1992). E quanto à

posição do órgão específico de educação especial na estrutura administrativa do

MEC, fica patenteada uma oscilação importante, no breve espaço de dois anos, tais

alterações refletem sem dúvida, opções políticas diferentes que, por sua vez, criam

desdobramentos nos campos financeiros, administrativo e pedagógico.

O Brasil destaca-se porque tem uma política educacional inclusiva, que

provoca, também, mudanças na estrutura da educação superior com a introdução da

Libras, como disciplina obrigatória em todos os cursos, que formam de professores e

fonoaudiólogos, bem como para a oferta de cursos de licenciatura e de bacharelado

em Libras.(BRASIL, 2002). Com a nova visão de que não se considera apenas a

deficiência encontrada em um indivíduo, e sim levar em conta o projeto educacional

que se faz para inseri-los na sociedade, pontos de vista antigos foram dissolvidos

para dar lugar a ideias novas que considera a criação de um ambiente favorável

para interferir nas suas dificuldades e trabalhá-las para que estas não sejam um

empecilho para o aprendizado.

A partir do Decreto n.º 6. 571/2008, que institui o atendimento educacional especializado, as ações são consolidadas com o estabelecimento da política de financiamento, não mais definida exclusivamente em razão do ingresso do aluno no sistema de ensino, mas a partir da disponibilização dos serviços da educação especial. Desse modo, o valor do Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério – FUNDEB destinado aos alunos matriculados nas escolas comuns de ensino regular passa a ser dobrado, quando estes também estiverem matriculados no atendimento educacional especializado, no turno oposto ao da escolarização. (BRASIL, 2002, p. 03).

Sem perder de vista os desafios a serem enfrentados pelos sistemas de

ensino, que ainda estão aprendendo a valorizar as diferenças, a reconhecer a

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singularidade de cada aluno, a possibilidade de construção de uma identificação

positiva com o ensino, através da educação inclusiva, contribuirá para a conquista

de espaços educacionais, sociais e culturais que fortaleçam a inclusão dos alunos

que possuem algum tipo de deficiência.

Confrontar o conceito de educação inclusiva com a terminologia empregada para definir as pessoas com deficiência é repensar não somente na terminologia utilizada para designar tais pessoas como também refletir sobre elas, pois, termos como mongol, doentes mentais entre outros, geram, consciente ou inconscientemente o preconceito. (REIS, 2010, p. 12).

Podemos, então, também observar que os pais tem sido uma importante

força para mudanças no atendimento a pessoas com deficiência, pois são eles que

estão dentro das mobilizações dos movimentos que modificam e dão novos

segmentos as leis. Os grupos de pressão por eles organizados tem seu poder

político concretizados na obtenção de serviços e recursos especiais para grupos de

pessoas com deficiência, particularmente para deficientes mentais e auditivos.

3.2 Políticas de Educação Inclusiva: Avanços e Desafios

Historicamente, observamos um rico avanço no que diz respeito às

políticas públicas, convenções, conselhos e declarações focalizando a questão da

educação especial e inclusiva. O comprometimento e a instrução da sociedade para

que inclua, sem preconceitos, as pessoas com necessidades especiais.

Neste sentido, temos como exemplo a Declaração Internacional de Montreal a qual se baseia na acessibilidade dos excluídos promovendo a inserção destes com políticas de inclusão, como também se encontram configuradas as demandas da inclusão na Declaração de Salamanca, das Nações Unidas englobando em suas ações a garantia de que a educação inclusiva faça parte do sistema educacional. (REIS, 2010, p. 18).

Na Constituição Brasileira Federal de 1988, há diversos artigos que lidam

com a inclusão. Quando fala que a inclusão é direito de todos e que o Estado deve

garantir a entrada dos alunos nas escolas, nos remete a noção de que, baseado nas

leis, todas as pessoas devem ter acesso à educação e devem se beneficiar com tal

direito.

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Art. 205 - Determina como um dos princípios para o ensino, a educação direito de todos e dever do Estado. art. 206 inc. I - igualdade de condições de acesso e permanência na escola. art. 208 V - acrescentando que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante - garantia de acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um. (BRASIL, 1988).

Reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) quando o

mesmo diz: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho” (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990). O ECA

no artigo cinquenta e quatro descreve sobre o processo pedagógico, mencionando

que, para aqueles com alguma deficiência, o atendimento e ensino será realizado

preferencialmente na rede regular.

Verifica-se esse processo conforme afirma Reis (2010):

Inclusão na Lei das Diretrizes e Bases (LDB) quando em um trecho instrui que o ensino deve se adaptar às especificidades do alunado e ao seu ritmo de aprendizagem. Esta premissa é ratificada pelo MEC quando este adverte que a educação de qualidade deve prestar serviço a todos. A LDB reafirma a ideia de que a inclusão das pessoas com necessidades especiais nas escolas regulares é importante para o desenvolvimento e aprendizado dos alunos. Nesta é colocado que, na medida em que for necessário, haverá reforço educativo, apoio especial para integrar tais pessoas já que a intenção é que todas tenham acesso à educação e as informações igualitariamente. (REIS, 2010, p.21).

Em 1990, com a participação do Brasil na Conferência Mundial sobre

Educação para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabeleceu os

primeiros ensaios da política de educação inclusiva.

Embora a educação especial tenha o amparo da referida lei, ressaltando

mais uma vez, a LDB n.º 9.394, 20 de dezembro de 1996 em seu capítulo V, Da

Educação Especial, art. 58, “Entende-se por educação especial, para os efeitos

desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede

regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. (LEI DE

DIRETRIZES E BASES N° 9394/96, Capítulo V, Art.58, 1996).

Observa-se que mediante a justiça, o direito do aluno com necessidades

educativas especiais e de todos os cidadãos à educação, é um direito constitucional.

Uma educação de qualidade para todos implica entre outros fatores a necessidade

de um redimensionamento da escola, no que consiste não somente na aceitação,

mas também na valorização das diferenças.

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A convenção da Organização dos Estados Americanos (OEA) de 26 de

maio de 1999, ocorrida na Guatemala, também é um dos exemplos de crescimento

de políticas públicas em relação à inclusão. Incluem em seus artigos, relatos contra

a discriminação em um parecer que diz que qualquer restrição que prive o

reconhecimento das pessoas com necessidades especiais de seus direitos está

cometendo uma forma de preconceito que não pode ser aceito.

Em 2008, foi lançada a Política Nacional de Educação Especial na

perspectiva da educação inclusiva e aprovada, por meio de emenda constitucional e

a convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência. De acordo com

a convenção, devem ser assegurados sistemas educacionais inclusivos em todos os

níveis. O Decreto n.º 6.571, de 17 de setembro de 2008, dispõe sobre o atendimento

educacional especializado. (BRASIL, 2002).

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva (MEC/2008) tem como objetivo assegurar a participação e a aprendizagem

aos alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas

habilidades nas escolas comuns de ensino regular, atendendo o princípio

constitucional da igualdade de condições de acesso e permanência na escola e

continuidade de estudos nos níveis mais elevados de ensino. De acordo com este

objetivo, a educação especial é definida como uma modalidade transversal a todos

os níveis, etapas e modalidades, que atua de forma complementar ou suplementar

ao ensino regular, disponibilizando serviços e recursos para as atividades de

atendimento educacional especializado e a promoção da acessibilidade nos

ambientes processos educacionais. (BRASIL, 2002).

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Gráfico 1 - Evolução da Política de Inclusão no Ensino Regular

Fonte: http://portal.mec.gov.br

Podemos observar, através do gráfico, disponível no site do Ministério da

Educação e Cultura – MEC, uma evolução da inclusão de crianças especiais na

educação, através do Decreto da Política Nacional de Educação em 2008. Esse

crescimento é reflexo da política implementada pelo Ministério da Educação, a qual

inclui programas de implantação de salas de recursos multifuncionais, de adequação

de prédios escolares para a acessibilidade, de formação continuada de professores

da educação especial na escola, além dos programas de Educação Inclusiva: Direito

à Diversidade. O propósito do programa é estimular a formação de gestores e

educadores para a criação de sistemas educacionais inclusivos.

A Declaração de Salamanca é um dos exemplos para tomar como base

as transformações que se fazem necessárias para que a inclusão de fato aconteça.

Na Declaração, fica expressa formalmente a inclusão de todos os alunos no ensino

regular, o qual é necessário um investimento nos planos pedagógicos e na estrutura

de um todo do espaço escolar dispor de elementos para promover o sucesso de

aprendizagem de todos.

O direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reconfirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expressar seus desejos com

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relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA).

No parágrafo 4º, a Declaração de Salamanca diz que a Educação

Especial incorpora os mais do que comprovados princípios de uma forte pedagogia,

da qual todas as crianças possam se beneficiar. Ela assume que as diferenças

humanas são normais e que, em consonância com a aprendizagem de ser adaptada

às necessidades da criança, ao invés de se adaptar a criança às assunções pré-

concebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem.

Ao adotar a prática inclusiva como objetivo das políticas públicas na

educação, os ambientes físicos devem estar preparados para receber esses

indivíduos e que a adequação desses espaços vai exigir um grande investimento em

infraestrutura e equipamentos, cujas verbas geralmente inexistem. A comunidade

precisa ser educada para receber, acolher, integrar e aprender a se relacionar com o

diferente. Com isso a possibilidade de que haja rejeição por parte dos demais

integrantes da sociedade se torna concreta. O professor precisa ter tempo para

refletir e adequar as suas práticas pedagógicas aos novos desafios sem

comprometer a qualidade de seu trabalho e qualificar-se também para por em

prática as políticas de inclusão social no âmbito escolar.

Dentre as áreas de atuação da educação especial, desatacam-se as

ações voltadas para processo educacional dos alunos com deficiência, como no

caso do autismo, contemplados nos últimos anos com o fortalecimento das políticas

inclusivas, desencadeadas pelo Ministério da Educação. O direito que os alunos

com autismo têm à matrícula na rede regular de ensino determina que as escolas

devam organizar-se para atender as diferenças linguísticas, assumindo novas

responsabilidades no desenvolvimento do processo educacional. (REIS, 2010).

Portanto, esta organização das políticas públicas na perspectiva da

educação inclusiva traz o acúmulo das conquistas dos movimentos sociais, das

pesquisas desenvolvidas pelas universidades e das experiências das escolas que

promovem o acesso e a aprendizagem de todos os alunos no ensino regular. Como

a educação inclusiva se trata de uma questão política, entendemos que, além de

inserir as pessoas com deficiência, é preciso dar subsídios para que estas tenham a

oportunidade de aprender como qualquer outra criança.

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3.3 Espaço Aram: A Perspectiva da Educação Inclusiva para Crianças Autistas, Uma Visão da Equipe Profissional

A escola adequada para receber crianças com suas especificidades e

suas particularidades investe em projetos a fim de auferir essa nova realidade, a

inclusão. Não convém dizer que a inclusão é somente para aqueles alunos com

deficiência física e cognitiva, cada educando deve ser envolvido na nova dinâmica

de inclusão. Isso nos remete a pensar em um currículo mais amplo para permitir o

desenvolvimento de todos. Crianças, adolescentes e adultos, enfim, estudantes em

geral, em sua trajetória escolar e/ou de vida, atravessam/atravessaram situações e

dificuldades capazes de exigir um atendimento especializado ou uma necessidade

educativa especial. (REIS, 2010).

Corroborando com o pensamento do autor alguns dos profissionais

ressaltaram a questão das dificuldades da questão que norteia o processo da

educação inclusiva e da escola e o investimento dos projetos, os entrevistados

estabeleceram que:

A gente ver a dificuldade dentro das escolas. Até na Faculdade não existe uma formação voltada para o sentido da educação, para crianças com deficiência. A disciplina que tinha educação especial para mim na faculdade era optativa. Ano passado houve uma mudança desse currículo da Universidade e só agora é obrigatória. Então resolvi fazer essa cadeira. Agora imagina eu depois de formada ter lidar dentro das escolas com crianças com deficiência, sem ter visto um pouco de teoria, sem ter me preparado, então eu tive que encarar isso e fui buscar me qualificar para atender melhor essas crianças. Eu acredito que a inclusão deve começar a ser ensinada com mais rigor dentro da Universidade/Faculdade. Os espaços educacionais também devem ser adequados para receber uma criança com deficiência e os profissionais devem estar preparados, porque daqui pra frente à questão da inclusão só tende a aumentar. (PEACH, Pedagogia).

Percebe-se nos relatos4 a visão do profissional sobre a questão da

qualificação dos profissionais ao se deparar com esta demanda, em que este

problema se remete a própria formação profissional que necessita modificar suas

metodologias de ensino, ou seja, é importante uma mudança de toda a sociedade. É

notável a indignação dos entrevistados quanto às problemáticas que envolvem o

processo de inclusão, principalmente em relação às crianças autistas.

4 Os relatos aqui transcritos preservam a identidade dos entrevistados e mantêm o estilo de

linguagem de cada entrevistado. As informações verbais concedidas serão identificadas pelos respectivos nomes fictícios seguidos das áreas de atuação.

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A gente entende a educação inclusiva como uma inclusão complicada, porque isso vem desde a formação do profissional. Tem um caso de um professor que presenciei que estava reclamando e perguntando “Como ele iria dar aula para uma criança daquela?”. A criança era deficiente auditiva, e pelo professor ser antigo, ele talvez não teve nenhuma aula sobre educação especial na sua formação, porque estava com dificuldades. Ver a inserção de criança com deficiência é muito mais difícil para elas, eu acredito, porque os professores não estão capacitados para aquilo, e às vezes também o espaço não está preparado. (SON-RISE, Educação Física).

Lima (2006) fala que a proposta da educação inclusiva causa,

inicialmente, impacto em muitas pessoas, como é visto no relato pessoa de Son –

Rise o impacto que a educação inclusiva acarretou na vida de um professor já

formado há muito tempo, podemos perceber que mesmo a história da educação

inclusiva como ressaltamos no tópico anterior ter avançado muitas pessoas não

tiveram oportunidades, ou até não despertaram para se envolverem com o processo

da educação inclusiva.

Lima (2006) ainda ressalva:

O impacto que a deficiência gera na maioria das pessoas é um golpe na sua onipotência, como incômoda sensação de saber que a Terra não é o centro do universo; é um planeta dentro do sistema, de uma galáxia. A sensação de controle, de autonomia e de poder é relativizada e “humaniza”. Neste sentido, o contato com a deficiência revela também a nossa fragilidade, o que muitas vezes não queremos ver. (LIMA, 2006, p. 14).

Diante disso, o profissional que está diretamente ligado à educação, terá

de encarar a educação inclusiva e aqueles que não estão preparados, devem buscar

se qualificarem aí entra a questão da divulgação, do Estado e da preparação para

esses profissionais lhe darem com a educação inclusiva.

O cotidiano escolar inclusivo é aquele que, respeitando as diferenças

constitutivas, consegue crescer e desenvolver sucessivos triunfos. O trabalho do

professor é árduo e complexo, deve prestar um grande esforço para que o

aprendizado seja significativo. (REIS, 2010).

Nesse projeto, em que faço parte é um momento lúdico, de divertimento, então isso contribui para a interação social deles. No entanto, mesmo assim temos que estar preparados para lidar com crianças deste porte, é um aprendizado de alguma forma, tanto para eles, como para nós. Acredito que para eles, é viver em sociedade, através da educação da brincadeira, do lúdico e para nós é uma experiência de aprender a lidar com a questão da diferença. (TEACCH, Educação Física).

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As relações dos professores com os alunos são de total influência afetiva

e esta se torna até garantia de ascensão no processo educacional, é de extrema

valia refletir, suas relações com os alunos, sua preparação, suas dificuldades e

desafios entrelaçados no cotidiano escolar. Vemos isso na fala de Teacch quando o

mesmo argumenta da influencia que estar convivendo com as diferenças, com

crianças diferentes.

A inclusão não é somente alocar alunos dentro da sala de aula, mas

também entender suas dificuldades propondo estratégias para vencê-las. Esse

questionamento foi colocado em pauta na fala de um entrevistado sobre o Espaço

Aram, a ressalva constitui sobre a questão do trabalho na instituição, constituindo os

direitos da inclusão social, através da educação, virando um espaço como exemplo,

vejamos a seguir:

O trabalho realizado pela Casa Aram é maravilhoso, é lindo. A gente ver que elas procuram outras parcerias, mostrando a criança que ela não tem só aquele espaço escolar, não fica naquele mesmo grupo de sempre. Elas praticam atividades como levar à praia, na brinquedoteca, e isso é muito importante para a interação social das crianças. O Espaço Aram está de Parabéns pelo trabalho executado, elas sempre procuram fazer coisas diferentes. A dedicação delas é muito grande com eles, a gente ver o jeito que elas cuidam e se portam com as crianças. Eles também gostam delas, a gente percebe a diferença quando a gente fala e elas falam, eles imediatamente dão atenção a elas, porque as crianças tem uma convivência diária com a equipe, isso é muito importante. As crianças autistas que temos como referencia são as do Espaço Aram e percebemos que elas os tratam adequadamente, fazendo de tudo pela inserção e a qualidade na vida escolar dessas crianças. (ABA, Educação Física).

Na fala de ABA percebemos que o Espaço Aram proporciona todo

processo de educação inclusiva, investindo na proporção de inserir de todas as

formas, através da educação e de atividades lúdicas para seus alunos especiais e

os demais em convivência com aquilo que é importante para o aprendizado deles.

Diante disso Reis (2010) argumenta que:

Valorizar cada especificidade do alunado, usar métodos e também a criatividade quando os métodos não forem suficientes para (re)descobrir o potencial de cada um é dar condição para que o trabalho produza resultados eficientes. Trabalhar com projetos políticos pedagógicos eficazes, propor transformações nos cursos de formação de professores incluindo disciplinas e/ou conteúdos mais específicos relacionados à educação especial e inclusiva é também muito importante. (REIS, 2010, p. 25).

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O educador, como ponte da prática educativa, ajuda a demonstrar aos

alunos que, por mais que haja diferenças, todos devem ser tratados com respeito e

que, perante a lei todos são iguais. Mediar, a fim de evitar discriminações existentes,

ter uma postura para batalhar contra o preconceito nas relações do grupo, pois é

presente e vivido nas escolas tais atitudes preconceituosas seja de religião, classe

social, cor de pele, etc.

Uma das questões norteadoras deste estudo ocorreu em relação ao que

os entrevistados compreendiam sobre a inserção de crianças autistas no ambiente

escolar. Nesse sentido, os sujeitos levantaram os seguintes questionamentos a

partir de sua visão sobre a criança autista e a educação:

Logo quando tive acesso às crianças autistas do Espaço Aram tive dificuldades, porque não tinha visto nada ainda sobre autismo. Eu comecei a ler um pouco sobre isso para saber como lidar com eles. Como são muito retraídos, não sabia como interagir com eles e com tempo fui conhecendo como eles se comportavam, comecei a entender o porquê de alguns serem muito quietos e outros mais agitados. E comecei a compreender a importância deles estarem no ambiente escolar. A educação para crianças autistas é muito importante para que eles venham aprender a viver em sociedade e a estarem preparados para o futuro, não é porque são autistas que eles não devem estar em uma sala de aula, eu apoio sim, eles estarem no ambiente escolar, portanto, nós é que temos que aprender a lidar com eles, buscar conhecimento, para não isolar esse publico da sociedade e da sala de aula. (ABA, Educação Física).

A aprendizagem deve acontecer baseada na cooperação, Reis (2010)

afirma que combatendo o preconceito e trabalhando a adaptação do currículo em

prol das particularidades da turma ou do grupo, vislumbrando a melhoria e o

sucesso em cada necessidade educacional. É imprescindível preparar os alunos

atuando diretamente nas dificuldades de cada um sem ignorar suas deficiências

nem as ampliando de forma que as aulas se focalizem apenas no aluno com

necessidades especiais. Podemos perceber na fala de Aba o que o autor Reis nos

quis trazer sobre o processo de aprendizagem, como no relato do mesmo por não

saber lhe dar com uma criança autista foi buscar preparação para isso, mantendo

uma base de cooperação onde ele iria conhecer a realidade daquelas crianças e as

mesmas a realidade daquele educador.

Em relação aos demais entrevistados, estabeleceram que:

Apesar de a criança autista ter uma característica de isolamento, a gente faz de tudo para inserir eles no contato direto com os outros alunos que não

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são autistas, fazemos de tudo para não haver diferença o processo de educação e para uma criança autista é extremamente importância, é bom para eles, é uma questão de socialização dessas crianças. Aqui no projeto sempre tem outros voluntários que brincam e interage com eles, isso é até uma forma de entrar no mundo deles, aprender com eles e vice versa. A gente sempre os leva para lanchar lá fora, para que eles possam ter contato com as outras pessoas. (PEAC, Pedagogia).

Os entrevistados no decorrer de seus depoimentos trazem uma percepção

ampliada, é possível perceber o seu comprometimento com os valores éticos e

educativos sobre a inclusão, inclusive de criança autistas, em que os mesmo já

interpretam e identificam essas características da criança autista. Essa compreensão

e visão aprofundada vistas por esses profissionais são de extrema importância para

elaboração de um trabalho exemplar com crianças autistas.

Inserir uma criança autista na escola aí é realmente uma inclusão, porque uma criança com deficiência que está no ensino regular, quando ele saem dessa escola, que é até o quinto ano, eles já são encaminhados para a outra escola, mas existem algumas que não querem receber, como as escolas profissionalizantes, que já tem uma exigência maior, então são mais difíceis de entrar, então tem que trabalhar com essa criança, com a sociedade e a questão da educação inclusiva. A criança tem estar inserida em todas as instituições de ensino, não deve excluir deve receber essa criança autista para dar continuidade ao processo de inclusão na vida dela. (TEACCH, Educação Física).

Silva (2012) diz que a criança com autismo poderá apresentar

movimentos estereotipados e repetitivos na sala de aula, esses comportamentos

ocorrem, muitas vezes, sem motivos e não trazem significados coerentes. As

crianças com autismo apresentam maior sensibilidade de sentidos. Nas falas de

Peac e Teacch podemos entender o processo dos movimentos estereotipados de

crianças autistas, em que muitas pessoas não entendem e nem compreendem, leva-

se a isso o fato de muitas escolas, como o caso das profissionalizantes, relatada por

Teacch, não aceitarem crianças autistas por não saberem conviver com os

significados que as crianças autistas trazem.

Os demais entrevistados, expuseram seu posicionamento sobre a criança

autista e a educação.

Cada criança autista aqui tem comportamentos diferentes, tem alunas que são muito animadas, conversam, dançam. Alguns têm medo, quando levantamos para cima com os braços, eles olham espantados. Cada criança tem o seu jeito e o seu momento, e a gente sabe qual o dia que a gente pode ou não interagir normalmente com eles. Essa alteração de humor são características dessas crianças com autismo. Mas no geral, são crianças

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muito carinhosas. Com tempo a gente vai aprendendo o que cada um gosta. A gente se apega muito a eles, aprendo muito convivendo com eles. Inserir eles na educação é muito importante, nós profissionais, portanto, é que devemos nos capacitar para receber essas crianças, pois é um direito delas viver em sociedade e estar na escola. (SON – RISE, Educação Física).

Percebe-se nessas entrevistas que os profissionais se dedicam com amor

ao trabalho realizado, isso influencia no modo de acolher essas crianças,

proporcionando-as esse momento de interação e troca de experiências que são de

grande valia para todos que estão inseridos no projeto.

A gente ver a dificuldade da inserção escolar de crianças autistas até mesmo quando a gente tá na Universidade e entende que não há capacitação dos profissionais. Fica difícil a inserção nas escolas, se nem os professores estão capacitados e adaptados para isso. Há muito a questão da própria família que já tem o receio de colocar essas crianças autistas no ensino regular. É uma coisa cultural e histórica, que se nega, e não acredita nas outras escolas. Os professores além de não estarem capacitados, não têm experiência e a gente sabe que até uma criança sem deficiência já exige um cuidado maior, imagina uma criança especial? O medo maior dos pais é sobre o que vai acontecer, o que vai ser daquela criança e as suas expectativas de futuro. Tem poucas instituições públicas que dê suporte para a criança e para a família, porque o tratamento envolve não só a criança, mas a família toda. (ABA, Educação Física).

A aceitação do diferente nem sempre é fácil. Muitos alunos e até mesmo

professores criam barreiras quando se trata de lidar com o diferente. Observa-se a

rejeição com o diferente em vários aspectos quando se trata de uma mudança ou

quando o assunto é suportar alguma situação que foge ao entendimento.

Frequentemente se gera um sentimento de recusa frente a uma condição nova e

para passar por situações que fogem ao conhecimento adquirido, inúmeras vezes o

preconceito se emprega pela limitação do conhecimento frente a tais situações. Mas

com os relatos dos entrevistados é possível perceber uma visão totalmente ao

contrário, é notável que o desafio do lidar com o diferente é totalmente prazeroso

para eles.

Observamos esse fato na Declaração de Salamanca no parágrafo 25:

25. Muitas das mudanças requeridas não se relacionam exclusivamente à inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais. Elas fazem parte de um reforma mais ampla da educação, necessária para o aprimoramento da qualidade e relevância da educação, e para a promoção de níveis de rendimento escolar superiores por parte de todos os estudantes. A Declaração Mundial sobre Educação para Todos enfatizou a necessidade de uma abordagem centrada na criança objetivando a garantia de uma escolarização bem-sucedida para todas as crianças. A adoção de

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sistemas mais flexíveis e adaptativos, capazes de mais largamente levar em consideração as diferentes necessidades das crianças irá contribuir tanto para o sucesso educacional quanto para a inclusão. As seguintes orientações enfocam pontos a ser considerados na integração de crianças com necessidades educacionais especiais em escolas inclusivas. Flexibilidade Curricular. (Declaração de Salamanca).

Um dos grandes desafios que se coloca a escola inclusiva são a

preparação, interação e conscientização da equipe pedagógica, bem como na

formação, participação e formação de professores, ainda que se façam necessários

programas de formação mais significativos para uma qualificação maior desses

profissionais. Pode-se verificar e considerar que, na visão dos profissionais, a

inclusão escolar é necessária para a efetivação da inserção das crianças com outras

que não tem autismo, garantindo assim os direitos das mesmas de estarem

inseridos em sociedade e na educação, para que isso ocorra e seja efetivado na

prática, ainda é necessária muita divulgação, conscientização e mobilização junto à

sociedade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A temática do Autismo vem sendo cada vez mais divulgada, no que se

refere aos debates sobre inclusão, processos de tratamentos, pesquisas recentes,

importância familiar, formas de enfrentamento aos diversos tipos de preconceitos,

dentre outras perspectivas que envolvem a temática e que merecem destaque e

repercussão. Mas ainda há uma dificuldade por parte da sociedade em compreender

o autismo, suas causas, suas abordagens, enfim todo o mundo complexo que a

questão do autismo implica. Apesar disso, aos poucos a temática do Autismo vem

conquistando os seu espaço nos debates públicos, o que identifica que, apesar do

desconhecimento de grande parte da população, vem conquistando sua

abrangência dentro do cenário social.

Compreender essas perspectivas do Autismo com enfoque na

importância da Educação Inclusiva para crianças autistas traz para nós, leitores, um

conhecimento maior sobre essas Políticas de Educação Inclusiva as quais envolvem

a perspectiva do autismo, a pesquisa também busca trazer informações sobre os

espaços de atendimento para esse perfil de crianças, as Leis de direcionamento

referentes à temática, e como o processo de inclusão vem se concretizando dentro

das escolas, dentre outras abordagens trazidas neste trabalho as quais contribuem

para ampliar nossos conhecimentos sobre a referida temática.

Neste ensaio monográfico, tratamos apenas um ponto deste o universo

magnífico do autismo. Levantamos aqui os desafios e as possibilidades referentes à

inserção escolar, a partir da concepção dos profissionais inseridos nas atividades do

Espaço Aram, em que estes trouxeram suas opiniões sobre a temática abordada.

Trouxemos também uma abordagem feita pelos autores de referência sobre o

autismo, no qual este trabalho foi embasado e fundamentado.

No tocante à educação inclusiva, ainda temos que lutar para a real e total

efetivação desse pressuposto dentro da sociedade, crianças com necessidades

especiais precisam estar no convívio com outras crianças, precisam conhecer o

mundo e precisam exercer o seu direito de estarem no ambiente escolar; direitos

estes conquistados no passado por diversos movimentos e até nos dias atuais não

são colocados em prática de maneira igualitária, havendo ainda a negação da

inserção de pessoas com deficiência nos espaços sociais.

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Seguramente não tenho o anseio de finalizar a discussão sobre a

inclusão. Debater sobre ela foi o objetivo principal desta monografia. Deixar em

aberto todo o debate para não fechar, nem esgotar o caminho para a inclusão foi a

aspiração e inspiração, uma vez que o caminho da inclusão tende a crescer e se

fortalecer ainda mais. Em uma sociedade tão preconceituosa como a nossa, a

pretensão foi demonstrar que a inclusão pode ser uma realidade nas escolas. A

finalidade foi deixar uma pesquisa que desse apoio para professores,

coordenadores, diretores, funcionários, pais, enfim, para todos aqueles que, muitas

vezes, estão desinformados ou pouco esclarecidos.

Acreditamos que as pessoas antes de ter necessidades educativas

especiais são seres humanos dotados de inúmeras possibilidades e com um grande

potencial a ser trabalhado. O pressuposto da pesquisa foi demonstrar a importância

do convívio com as pessoas com necessidades especiais, entendendo que pode

haver trocas de experiências válidas e, portanto, contínuas. Esse é o nosso ponto

crucial fazer com que a sociedade entenda que o autista precisa conviver em

sociedade, as pessoas com deficiência precisa conquistar seu espaço e são

merecedoras disso.

O trabalho foi baseado no pressuposto da inclusão escolar, em que a

inclusão é vista como uma troca de aprendizagens, para a qual todos são

educadores e educandos, aprendendo e ensinando em conjunto, mediados pelas

diversas questões que em sua grandeza, contém diversidades. Assim, aqui também,

permanece o desejo de modificar a estrutura da formação de professores, no âmbito

da inclusão. Tal formação, se voltada para um estudo baseado na inclusão de todos

que têm necessidades especiais, amparada pelo contexto social e a visão

diferenciada de mundo atual, cooperaria significativamente, para uma vivência de

inserção de todos na sociedade. Observamos que os profissionais entrevistados se

preparam para receber crianças autistas, como também outras crianças especiais,

mas no relato de alguns podemos verificar que ainda há o fato do descaso de alguns

professores em relação à inclusão, a educação inclusiva.

Estabelecer espaços escolares inclusivos e apropriar os espaços físicos

para atender a demandas de acesso de pessoas com deficiência na escola é criar

perspectivas de acolhimento aos alunos com necessidades especiais. Mas que não

somente venhamos repaginar o espaço físico, mas compreender que é preciso ter

competência e formação constante, tanto do professor, quanto do educador e

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daqueles que estão diretamente ligados à educação inclusiva, para que estes

possam entender que a educação de pessoas com necessidades especiais não

pode ser vinculada ao assistencialismo. Portanto, buscar uma aprendizagem de

sucesso com planos e metas, projetos políticos e pedagógicos elaborados com

qualidade para que os alunos obtenham o melhor desenvolvimento possível, dentre

eles os alunos com autismo, os quais foram os precursores deste trabalho.

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TELES, Marília Barroso. O Autismo é um jeito de ser: um estudo antropológico

sobre a construção de signos e significações identificadores do comportamento da pessoa autista. Universidade Federal da Bahia, 2001. ZIRALDO. Cartilha Autismo: Uma realidade. Disponível em:

<http://autismoerealidade.org/wp-content/uploads/manuais/cartilha-ziraldo-autismo-uma-realidade.pdf.>. Acesso em: 14 mar. 2014.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A -TERMO DE CONSENTIMENTO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (ENTREVISTA)

Convidamos o (a) Sr (a) para participar da Pesquisa “Autismo e Educação

Inclusiva: uma análise sobre a concepção dos profissionais da Escola Aram”, sob execução d@s pesquisad@res: Jefferson Falcão Sales (responsável) e Erika da Silva Albuquerque (participante), a qual pretende identificar a compreensão dos familiares e profissionais que trabalham com crianças com autismo sobre a inserção no âmbito escolar.

Sua participação é voluntária e dar-se-á por meio de entrevista, que consiste em respostas a perguntas apresentadas ao Sr (a). pelo pesquisador. A entrevista será realizada no Espaço Aram, com duração aproximada de 20 minutos, no dia previamente marcado, de acordo com a sua disponibilidade. Os depoimentos desta entrevista serão gravados com seu consentimento.

Não há riscos decorrentes da sua participação e o (a) Sr(a). possui a liberdade de retirar sua permissão a qualquer momento, seja antes, seja depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa e nem a sua consulta na Instituição.

Se o (a) Sr (a) aceitar participar, estará contribuindo para entender a possível melhoria dos serviços prestados à instituição tendo em vista a compreensão da realidade pesquisada.

Ressaltamos que tem o direito de ser mantido(a) atualizado(a) sobre os resultados

parciais da pesquisa. Esclarecemos que, ao concluir a pesquisa, será comunicado dos

resultados finais.

Não há despesas pessoais para o(a) participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será paga pelo orçamento da pesquisa.

Os pesquisadores assumem o compromisso de utilizar os dados somente para esta

pesquisa. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não

será divulgada, sendo guardada em sigilo.

Em qualquer etapa do estudo, poderá contatar os pesquisadores para o

esclarecimento de dúvidas ou para retirar o consentimento de utilização dos dados coletados

com a entrevista: Erika da Silva Albuquerque pelo email: [email protected]

Consentimento Pós–Informação

Eu,___________________________________________________________, fui informado sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

________________________________________ Data: ___/ ____/ ____

Assinatura do Participante

_______________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável

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APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Prezado, Prezada: afirmo que as respostas dadas serão utilizadas apenas

para fins acadêmicos, sendo constituintes da monografia em Serviço Social em

processo. Garanto que sua identidade será preservada por meio do anonimato,

conforme os princípios éticos em pesquisa.

ROTEIRO DE PERGUNTAS

Escolaridade:

Quanto tempo na Instituição:

Como você vê a Educação Inclusiva na atualidade para crianças com Autismo?

O que você entende por inclusão?

Como o Espaço Aram trabalha com a Inclusão?

Qual a importância da Família no acompanhamento de crianças autistas?

Pra você qual a importância da criança com Autismo com outras crianças sem

deficiência?

Quais fatores dificultam? E os que favorecem a inclusão?

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ANEXOS

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ANEXO A – FOTOGRAFIAS DA VISTA FRONTAL EXERNA DO ESPAÇO ARAM

Fonte: Acervo do Autor (2014)

Fonte: Acervo do Autor (2014)

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ANEXO B – FOTOGRAFIAS DE ÁREAS INTERNAS DO ESPAÇO ARAM

Fonte: <http://www.labrinjo.ufc.br>. Acesso em: 9 jun. 2014.

Fonte: <http://www.labrinjo.ufc.br>. Acesso em: 9 jun. 2014.

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Fonte: <http://www.labrinjo.ufc.br>. Acesso em: 9 jun. 2014.