Dialetica Da Malandragem e Pressupostos Salvo Engano... a Candido e R Schwarz
Cássia Eller: Malandragem
-
Upload
natalia-alves -
Category
Business
-
view
336 -
download
1
Transcript of Cássia Eller: Malandragem
Cássia EllerMalandragem
Cássia Eller foi uma cantora do rock brasileiro, que fez um grande sucesso
nos anos 90. Foi uma cantora de grandes polêmicas, e era homossexual
assumida. Gravou 11 álbuns nos seus 12 anos de carreira.
Morreu em 2001, aos 39 anos com 3 paradas cardíacas.
“Estranho seria se eu não me apaixonassepor você”
- Cássia Eller
Reza a lenda que "Malandragem", de Frejat e Cazuza. Cássia Eller
gravou e transformou a canção no seu quase hino/emblema.
Malandragem(Frejat / Cazuza)
Quem sabe eu ainda sou uma garotinhaEsperando o ônibus da escola, sozinhaCansada com minhas meias três quartosRezando baixo pelos cantosPor ser uma menina má
Quem sabe o príncipe virou um chatoQue vive dando no meu sacoQuem sabe a vida é não sonhar
Eu só peço a DeusUm pouco de malandragemPois sou criança e não conheço a verdadeEu sou poeta e não aprendi a amar
Bobeira é não viver a realidadeE eu ainda tenho uma tarde inteira
Bobeira é não viver na realidadeE eu ainda tenho uma tarde inteiraEu ando nas ruas, eu corto chequeMudo uma planta de lugarDirijo meu carro, tomo meu pilequeE ainda tenho tempo pra cantar, pra cantar
Eu só peço a DeusUm pouco de malandragemPois sou criança e não conheço a verdadeEu sou poeta e não aprendia amar
Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...
Garotinha, cansada de suas meias três quartos, o sujeito abre uma leve contradição: rezar por ser má. Ora, ser um poeta que
não ama e uma menina má que reza pelos cantos põe em choque exatamente a realidade do ser humano.
Quem de nós é um ser humano exemplar? Crianças, na impossibilidade de saber a verdade só nos resta dirigir o carro
(seguir em frente) e tomar pileques (desencanar), além de cantar. Afinal, cantar é rezar duas vezes. Cantar é manter-se vivo para além daquilo que teima em nos matar. Malandro, o sujeito da canção, sem príncipe, faz do canto um auto canto, para assim
manter-se suspenso no ar.
A canção narra o devaneio (quem sabe?) de um poeta que não
aprendeu a amar: vive a vida sem sonhos, bebendo as porções
generosas e cruéis que a realidade impõe.