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Caso clínico Febre de origem indeterminada Tereza Izabel Braga Dias Internato – ESCS – Pediatria Coordenação: Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde www.paulomargotto.com.br Brasília, 21 de abril de 2010

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Caso clínico Febre de origem indeterminada

Tereza Izabel Braga DiasInternato – ESCS – PediatriaCoordenação: Luciana Sugai

Escola Superior de Ciências da Saúdewww.paulomargotto.com.brBrasília, 21 de abril de 2010

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Anamnese

• G.E.R.K., masculino, 2 anos e 3 meses, natural de Brasília-DF, residente em Sobradinho.

• Queixa principal: febre há 8 meses.

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• História da doença atualMãe relata que há 08 meses criança iniciou episódios de febre aferida em 38ºC, dois a três picos ao dia, quase todos os dias, que melhora com uso de dipirona, sem queda do estado geral.Relata que criança foi internada no Hospital Regional de Sobradinho em 29/06/2009 para investigação, sendo interrogada pneumonia devido a borramento de área cardíaca à direita (relato do resumo de internação). Foi tratada com penicilina cristalina, com persistência da febre, sendo trocado o esquema antibiótico no 5º dia para azitromicina, apresentando resolução da febre. A azitromicina foi mantida por 5 dias.

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Após o tratamento, permaneceu assintomático por cerca de duas semanas, iniciando então episódios de hematêmese (conteúdo escuro, com coágulos, grande quantidade), associado com diarréia, 1 episódio/dia, por 2 dias. Mãe nega melena ou uso de qualquer medicação na época. Novamente foi atendido no Hospital Regional de Sobradinho, sendo prescrito ranitidina por 10 dias.Voltou a apresentar febre, sendo internado novamente para investigação em 12/08/2009. Recebeu alta em 14/08/2009 com orientação de fazer curva térmica no domicílio, com relato no resumo de internação de ter permanecido por 3 dias afebril. Na alta, foram prescritos mebendazol e sulfato ferroso e foi encaminhado ao ambulatório de infectologia do HRAS.

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Seguiu com picos febris praticamente todos os dias. Há 3 meses, associada à febre, iniciou episódios diários de dor abdominal referida em região umbilical, que também remite com dipirona. Nega náuseas, vômitos e alteração do hábito intestinal.Refere ainda que há 01 mês criança queixou de dor em tornozelo direito, apresentando dificuldade de deambulação e necessidade de se apoiar para andar, tendo a mãe notado edema junto ao maléolo interno, sem eritema ou dor à palpação. O quadro teve resolução espontânea após 3 dias. Nega trauma na ocasião.Faz acompanhamento ambulatorial no HRAS. Mãe traz últimos exames solicitados.

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• Revisão de sistemasMãe refere que criança teve ganho ponderal inexpressivo desde o início do quadro. Nega alteração das fezes, urina, apetite, padrão de sono ou do comportamento.

• Antecedentes fisiológicosNascido a termo, cesáreo devido a DCP, peso ao nascer de 4160g. Refere gestação sem intercorrências. Chorou ao nascer.Aleitamento materno exclusivo até 4 meses de vida, mamou até 1 ano e 8 meses.Refere desenvolvimento neuropsicomotor adequado.

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• Antecedentes patológicosApresentou pneumonia aos 5 meses, necessitando de internação hospitalar, sendo tratado com penicilina e amoxicilina com clavulanato. Nega cirurgias prévias, atopia ou transfusão sangüínea.

• Hábitos de vidaMãe refere que criança se alimenta bem, tem ingesta diária de frutas, legumes e verduras, cinco refeições diárias.Reside em casa de alvenaria com 8 cômodos, 4 pessoas no domicílio, em chácara. Refere vaca, cavalo, cachorro, papagaio e periquitos no domicílio e peridomicílio.Nega tabagismo passivo.

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• Antecedentes familiaresMãe 34 anos, saudável. Pai 34 anos, saudável. Irmão 6 anos, saudável. Tio paterno falecido aos 41 anos por neoplasia (ignora o sítio).Avó paterna falecida por neoplasia de pâncreas. Nega outras patologias na família.

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Exame físico

• BEG, afebril, descorado 2+/4, acianótico, anictérico, eutrófico. MV rude. Abdome sem viceromegalias. Faringe NDN. Pele NDN. Nuca livre.

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Exames complementares

• Hemogramahemáceas 4.81, hgb 8.4, hct 27.2, VCM 56.4, HCM 17.5, CHCM 30.9, RDW 19.1, hipocromia +/4, microcitose 2+/4, anisocitose 2+/4leucócitos 11.100, neut 60%, baso 0, eos 2%, bastões 0, linf 30%, mono 8%Plaq 386000.

• PCR: 3.82, VHS: 88mm• Glicose: 87• Uréia: 16, Creatinina: 0.5• Amilase: 68

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Exames complementares

• Bilirrubina total: 0.2, Bilirribina direta: 0.1• TGO: 33, TGP: 13• EAS: dens 1010, pH 5.5. CED 3p/c, leuc 2p/c, flora

bacteriana escassa, muco escasso, nitrito negativo.• Laudo de radiografia de tórax: normal.• Laudo de radiografia de abdome: moderada distensão

gasosa intestinal, com resíduos fecais (sobretudo em cólon esquerdo e reto), sem evidência de massa.

• Ecografia de abdome: pequena a moderada hepatomegalia com fígado de contornos lisos e textura homogênea, demais aspectos normais.

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Hipóteses diagnósticas?

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Febre de origem indeterminada

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Febre

• Febre é a elevação controlada da temperatura acima dos valores normais para o indivíduo.

• Temperatura normal???Idade, sexoVariação circadiana: 36,5 ºC pela manhã a 37,2 ºC à tardeAtividade física e temperatura ambientalAlimentaçãoEstado de hidratação, estresseLocal da aferição

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Febre

• Febre temperatura axilar > 37,2 a 37,7ºC• Estima-se que 20% a 30% das consultas pediátricas têm a

febre como queixa única.• Bancoe Veltri (1984): a palpação materna do filho é um

método útil e confiável de detecção de febre, que não deve ser subestimado.

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Critério de Petersdorf & Beeson

• Duração maior que 3 semanas• Febre maior que 38,3ºC em várias ocasiões• Ausência de diagnóstico etiológico após 1 semana de

investigação intra-hospitalar.

• 36% infecções, 19%, neoplasias, 13% doenças do colágeno, 7% sem dianóstico.

• Febre menor que 38,3ºC raramente se associou com doença grave.

• Febre de 4 semanas ou mais se associa em até 40% com doenças capazes de afetar seriamente a vida do paciente.

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Febre de origem indeterminada

• Temperatura axilar superior a 37,8ºC documentada em várias ocasiões.

• Duração mínima de 2-3 semanas.• Ausência de diagnóstico etiológico após 3 semanas de

investigação ambulatorial ou após 3 dias de investigação intra-hospitalar.

• Excluídos: imunocomprometidos, sintomas de doença auto-limitada do sistema respiratório.

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Termorregulação normal

• Temperatura central +- 37ºC• Termorreceptores centrais e periféricos sensíveis a frio ou

calor, sistema de condução aferente.• Centro termorregulador do hipotálamoHipotálamo anterior integração das informações aferentesHipotálamo posterior respostas efetorasNeurônios sensíveis à estimulação térmica no hipotálamo

posterior, na formação reticular e na região medular.

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Termorregulação normal

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Febre

• Pirogênios exógenos

• Pirogênios endógenos IL-1, IL-6, TNF, INF-alfa, IL-8, MIP-1, fator liberador de

ACTH

• Criógenos endógenos somatostatina, vasopressina-arginina, hormônio

estimulante de melanócitos gestantes e neonatos

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Febre

• COX-2 endotelial produção prostaglandina E2• Síntese de cAMP pelas células gliais• Ajuste do centro termorregulador do hipotálamo

Vasoconstrição redução da perda de calorTremores e calafrios produção de calorAumento da produção de calor pelo fígadoSensação de frio atitudes que visam reter calor

• Preservação do ritmo circadiano

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Febre• Sonolência, irritabilidade, astenia, mialgia, artralgia,

anorexia• Aumento das perdas insensíveis de água

(300-500ml/m2/1ºC/dia), depleção eletrolítica• Aumento do gasto energético (13%/1ºC), desnutrição,

caquexia, hipercalciúria, osteoporose• Anemia da doença crônica (TNF, hipotransferrinemia)• Teratogênese• Aumento do consumo de oxigênio, aumento da FC,

hiperventilação• Convulsão, lesão cerebral (>41,5 ºC)

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Febre

• Redução da reprodução microbiana e viral• Acelera a quimiotaxia dos neutrófilos e secreção de

substâncias antibacterianas• Aumento da produção e ação antiviral e antitumoral de

interferons• Estimulação das fases de reconhecimento e sensibilização

da resposta imunológica (macrófafos, linfócitos T)• Diminuição da disponibilidade de ferro• Produção de proteínas de choque térmico (proteção conta

a hipertermia e mediadores inflamatórios lesivos)

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Etilogia

• Infecções (30-50%)Epstein–Barr, citomegalovírus, hepatites por vírus A, B ou CBrucelose, ITU, osteomielite, bartonelose, endocardite, leptospirose, salmonelose, tuberculose, mastoidite, tularemia, sinusite, infeção dentária oculta, abscesso abdominal ou retroperitoneal, meningococcemia crônicaMalária, toxoplasmose, Chagas, calazarToxocara canis e T. Cati, yersiniose, filariose, esquistossomoseSífilis congênitaDoença da arranhadura de gato (Bartonella henselae)Coccidioidomicose, histoplasmose, paracoccidioidomicose

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Etiologia• Colagenoses/doenças auto-imunes (10-20%)

>6mesesArtrite idiopática juvenilLúpus eritematoso sistêmicoFebre reumáticaPoliarterite nodosaDoença de KawasakiDoença inflamatória intestinal Doença de Crohn

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Etiologia• Neoplasias (5-10%)

Febre isolada é rara.Hematológicas respondem por 80%.Febre de Pel-EbsteinDor óssea não articular, anormalidades hematológicas.Hepatoma, metástase hepática, neuromblastoma, sarcoma, retinoblastoma, carcinoma renal.Medicações antineoplásicas

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Etiologia• Febre medicamentosa (1,5%) Digitálicos

Utilizadas no tratamento de desordens neurológicas, cardiovasculares e neoplásicas, bem como antimicrobianos.Contaminação, ação citotóxica, produção de PGE2, mecanismos de regulação, hipersensibilidadeRash mobiliforme simétrico com eosinofilia (25%), doença do soro, dermatite esfoliante.

Início 7-10 dias após início da medicação.Resolução da febre 48-72h ou 3-5 meias-vidas após descotinuidade do uso.Retorno da febre poucas horas após reinício da droga.

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Etiologia

• Alterações da imunidade celular, neutropenia cíclica (21d)• Pancreatite• Sarcoidose• Hepatite crônica• Ricketsiose• Tromboembolismo pulmonar, tromboflebite, hematoma• PFAPA (febre, estomatite, faringite e adenopatia cervical

periódicos)• Síndromes hemorrágicas• Intoxicação

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Etiologia

• Febres periódicas hereditárias: febre familiar do Mediterrâneo (serosite), hiperimunoglobulinemia D, alterações da imunidade inata, familial cold autoinflammatory syndrome, síndrome de Muckle–Well, síndrome de inflamação multissistêmica neonatal

• Desidratação, displasia ectodérmica anidrótica, disautonomia familiar (Riley-Day)

• Tireotoxicose, feocromocitoma, insuficiência adrenal, diabetes insipidus

• Febre de origem central• Doenças metabólicas (etiocolanolona)

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Etiologia

• Febre de origem indeterminada benignaHipertermia essencial habitualFebre psicogênicaFebre factíciaMunchausen por procuração

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Diagnóstico

• Pediatrics (1993) – Quais perguntas devem ser obrigatoriamente feitas quando a queixa principal é febre?

Idade (faixa etária de risco) 20% Duração e intensidade da febre (>39,5 ºC, <36 ºC) 13,5%TremoresDiminuição do apetite (81%)Alterações no comportamento e na disposição (93%)Sintomatologia após diminuição da febre com antitérmicosSintomas localizatórios

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Diagnóstico

• História clínicaIdade < 6 anos infecções localizadas, ARJ, leucemia

> 6 anos tuberculose, DII, colagenoses, linfoma

Residência anterior e atual, viagens, hábitos pessoais, contato com pessoas com sintomas semelhantes ou com diagnóstico de doença contagiosa

Contato com animais

Aves: pneumonite de hipersensibilidade Fezes de aves e morcegos: histoplasmose Picadas de insetos: arboviroses, doença de ChagasBanhos em lagoas: esquistossomose

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Diagnóstico

• História clínicaCirurgias, colocações de próteses, doença dentária, doenças

crônicas, doenças imunodepressoras, transfusão de sangueHábitos alimentares, ingestão de alimentos incomunsIngestão e contato com terraCondições sanitárias, imunizaçõesUso de medicações, inclusive tópicasAntecedentes familiares, ascendência

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Diagnóstico• Exame físicoDocumentar a febre e sintomas associadosEstado geral, atividade, presença de sudorese, rash cutâneo,

petéquias, hemorragias periféricas

Exame oftalmológico

conjuntivitehemorragia conjuntival em petéquiascoriorretinitelacrimejamento, uveíteptosereflexos pupilaresreflexo corneano, ausência de lágrimas

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Diagnóstico

• Exame físicoExame da mucosa nasal, palpação dos seios da faceCandidíase, hiperemia faríngea, dentesAusculta cardíacaPalpação de cadeias de linfonodosPalpação de músculos, ossos e articulaçõesReflexos profundosExame da região perineal

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Diagnóstico• Exames laboratoriaisHemograma completoUrina 1, bacterioscopia, uroculturaTempo de hemossedimentação, proteína C reativaBioquímica (enzimas hepáticas, bilirrubinas, DHL)Hemocultura (aeróbios)Sorologias: Epstein Barr, citomegalovírus, toxoplasmose, calazar,

salmonelose, febre tifóide,brucela, paracoccidioidomicose, Chagas, tularemia, brucelose, leptospirose, ricketsiose, HIV, ASLO, VDRL

FAN, fator reumatóide, eletroforese de proteínas

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Diagnóstico• Exames laboratoriaisPesquisa de hematozoários em gota espessaPPD, pesquisa de BAAREPF, pesquisa de sangue oculto nas fezesExame da medula óssea com culturas para bactérias,

micobactérias e fungosExame do líquido céfalo-raquidianoBiópsiaBroncoscopia, laparoscopia, mediastinoscopia, endoscopia

digestivaTestes cutâneos (tricofitina, candidina, Aspergillus)

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Diagnóstico

• Exames de imagemRadiografias: tórax, seios da face, abdome.Tomografia computadorizada de tóraxUltra-sonografia e tomografia abdominal e pélvica Ressonância magnéticaEcocardiograma transtorácico e trans-esofágicoCintilografia com Gálio-67 ou Índio-111

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Febre de origem indeterminada

• TuberculoseCausa isolada mais comum.Formas miliar e extra-pulmonar (ganglionar, renal, hepática, intestinal, óssea)

• EndocarditeHemocultura negativa em 2-5%Próteses valvares, uso prolongado de antibióticos, usuários de drogas fungos

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Diagnóstico

• INFECÇÃO SIM PCR > 100mg/l, teste com naproxeno negativo,

leucocitose com desvio à esquerda NÃO duração superior a 3 meses

• NEOPLASIA SIM teste do naproxeno positivo, perda de mais de 1kg de

peso corporal por semana, eosinofiliaNÃO mialgia, artralgia, duração superior a um ano

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Diagnóstico diferencial

• Hipertermia: elevação da temperatura corporal com o centro termorregulador ajustado para temperaturas normais.

• Excesso de calor ambiental• Produção endógena de calor• Incapacidade de perda de calor (desidratação

hipernatrêmica, atropina)• Não responde a antipiréticos e os sintomas que

habitualmente acompanham a febre estão ausentes.

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Tratamento

• Evitar o uso de antimicrobianos como antipiréticos.• Hospitalização: impossibilidade de realizar exames

complementares ambulatorialmente, necessidade de observação mais cuidadosa do paciente, alívio da ansiedade dos pais.

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Tratamento

• Não existe risco na febre moderada, a não ser em crianças muito debilitadas, cardiopatas, com insuficiência respiratória ou suscetíveis a convulsão febril.

• Febre > 41ºC deve ser sempre tratada.• Meios físicos (banho, compressas), hidratação• Medicamentos antipiréticos• Não existe demonstração de que a terapia antipirética

aumenta o risco ou piora a evolução das infecções virais ou bacterianas comuns.

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Tratamento

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Tratamento

• Terapia empírica?Obscurecimento do quadro clínicoEfeitos colaterais

• Doenças graves rapidamente progressivas.• Doenças crônicas em que a maioria das possibilidades

diagnósticas foi excluída e em que a etiologia mais provável tem tratamento eficaz.

• Artrite reumatóide juvenil (salicilatos, fenilbutazona, corticóide), febre familiar do mediterrâneo (colchicina).

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Prognóstico

• Dependente da doença de base• Em 25% dos casos, nenhum diagnóstico é firmado após

extensa investigação.• Na maioria, a febre desaparece espontaneamente.

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Desfecho?

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Diagnóstico• Exames laboratoriaisHemograma: anemia hipocrômica microcítica (7.4 - 9.2), anisocitose,

poiquilocitose, leucocitose (17 - 21mil, 44 - 63%seg, 11-58%linf, 9-3%bastões, 1-2%eos, mono 0-10%)

Urina 1, bacterioscopia, urocultura – normaisPCR: 3.82, VHS: 88mmBioquímica em alteraçõesHemocultura – sem crescimento bacteriano Sorologias: toxolpasmose IgM e IgG negativos, CMV IgM e IgG

negativos, monoteste negevativo, calazar negativo, HIV não reagente, Epstein Barr IgG e IgM negativos

FAN não reagente, fator reumatóide <20, COOMB direto negativo

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Diagnóstico• Exames laboratoriaisEletroforese de hemoglobina: hemoglobina A1 98.1%, hemoglobina

A2 1.9%, hemoglobina fetal -. Hemoglobina S -, hemoglobina C -.Proteínas totais 7.4, albumina 2.67 g/dl (36.1%), alfa 1 0.54 g/dl

(7.3%), alfa 2 1.71 g/dl (23.1%), beta 1.07 g/dl (14.4%), gama 1.41 g/dl (19.1%), globulina 4.73, relação A/G 0.56.

IgA 166.8, IgG 1624, IgM 250.4, IgE 346, alfa-1 glicoproteína ácida 304, C3 184, C4 34.5

TSH 1.06PPD não reator (0 mm)EPF – negativo para protozoários e helmintosRelato de punção de medula óssea normal.

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Diagnóstico

• Exames de imagemEcografia de abdome: pequena a moderada hepatomegalia.Aguarda marcação de tomografia computadorizada de tórax.Infectologia pediátrica recomenda discutir novamente o caso

após sorologia para mononucleose.Reumatologia pediátrica relata que paciente não apresenta

critérios para doenças reumatológicas, sugere coleta de capsídeo viral para Epstein Barr.

Cirurgia geral recomenda investigação ambulatorial.Avaliação olftalmológica normal.

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Obrigada!