Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco

Conhecidas no Brasil por sua intensa aplicação na indús-tria farmacêutica, as áreas

limpas estão cada vez mais presentes nos estabelecimentos assistenciais de saúde, inclusive em uma situação que pode ser avaliada como uma tendên-cia de mercado, principalmente em hospitais de alto padrão localizados no grandes centros urbanos.

O Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco é um exem-plo da maior aplicação desse concei-to. Inaugurado em março deste ano, esse é o terceiro e maior hospital da rede, com 46 mil metros quadrados de área construídas, distribuídas em três subsolos e sete pavimentos, além do térreo e o mezanino, e oferece serviços de hospital geral, materni-dade, pronto-socorro e diagnósticos. O investimento total foi da ordem de R$ 140 milhões. Desse total, estima-se que R$ 40 milhões estão relacionados à implantação de um complexo sis-tema de ar-condicionado, incluindo todos os equipamentos, controles, projeto e instalação.

“A unidade concentra toda a nossa experiência no setor. O projeto arqui-tetônico traduz a cultura do hospital com grande qualidade de espaço e linhas arrojadas estruturalmente.

Segurança dos pacientes e dos profissionais da saúde

Carlos Sbarai

Para minimizar as possibilidades de infecções hospitalares, e como benefício adicional ampliar o conforto para pacientes e profissionais da saúde, o Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco investe na tecnologia de áreas limpas nos centros cirúrgicos e obstétricos

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Usamos o que de mais moderno existe no mercado nacional, visando atender com excelência as necessi-dades dos médicos e dos clientes. Nesse aspecto, a definição por con-troles rígidos de temperatura, de umidade, de assepsia do ambiente e de pureza do ar nas áreas mais críticas resultou na implantação do conceito de áreas limpas nos centros cirúrgicos e obstétricos e na central de esterilização de equipamentos”, explica Itamar Santos Costa, super-visor geral da nova unidade.

As 18 salas cirúrgicas e o centro obstétrico (nove salas de parto, qua-tro salas de pré-parto e duas salas de partos naturais) estão localizados no segundo pavimento do prédio, ocupando cerca de 1.100 metros quadrados, assim como a área de UTI e isolamento. Essas salas estão dispostas ao longo de corredores em forma de “u”, definido no projeto de modo a otimizar as instalações e a

circulação dos profissionais da saúde e dos pacientes. Os ambientes con-tam com cuidados especiais quanto ao piso e paredes (sem reentrâncias e rugosidades) para facilitar a lim-peza e diminuir a possibilidade de acumulo de pós e outras sujidades. No projeto específico de ar condicio-

nado, cada sala cirúrgica e obstétrica possui um sistema de tratamento de ar independente, mantendo sem-pre pressão positiva em relação ao ambiente de acesso às salas (cor-redor). As salas são separadas por paredes de alvenaria estanques. Esse conjunto de soluções, dentre outros,

Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco

faz das salas cirúrgicas e obstétricas ambientes conceituados como salas limpas ISO classe 7.

A maior quantidade de microor-ganismos encontrados nas salas de operação vem das pessoas que estão no ambiente e é resultado das ativi-dades desenvolvidas durante o pro-cedimento operatório. “Portanto, a tecnologia de área limpa, além de evitar a contaminação na sala, reduz a possibilidade de levar esses con-taminantes para outros ambientes”, observa Santos Costa. Ele explica ain-da que nas salas cirúrgicas são ado-tados fluxos de ar turbulentos (ou não-unidirecional) e que os pisos condutivos estão localizados apenas em torno da mesa cirúrgica, onde trabalha a equipe médica, e os equi-pamentos de ar-condicionado com filtragem absoluta se localizam no piso técnico e são específicos para cada sala (tanto do centro cirúrgico quanto do obstétrico), de forma que,

se houver contaminação ou necessi-dade de manutenção, a área afetada será bloqueada, evitando contami-nação cruzada e liberando as demais para os procedimentos.

“Estudos dos sistemas de distri-buição de ar nas salas de opera-ção e observações nas instalações

industriais das salas limpas indicam que a insuflação do ar pelo forro de forma descendente, sendo retirado pela parte inferior, é provavelmente o mais efetivo padrão de movimen-to do ar. A aplicação do sistema de insuflação pelo forro e exaustão pró-xima ao piso é de grande aceitação pela comunidade médica de infec-tologia, auxiliando na manutenção de uma melhor assepsia na mesa de operação, principalmente quando aplicado concomitantemente com insuflação em fluxo unidirecional e filtros HEPA”, conta.

O sistema de ar-condicionado mantém esses ambientes críticos a uma temperatura média de 19ºC (com tolerância de mais ou menos 2ºC) e umidade 50 % (com tolerância de mais ou menos 5%). Atendendo a legislação vigente, são efetivadas 15 trocas de ar por hora e todo o ar interno passa por um sistema de filtragem para somente depois

O centro cirúrgico e obstetríco, a UTI e a área de isolamento estão localizados no segundo pavimento ocupando cerca de 1.100 metros quadrados

Foto: Luiz Pelegrini / Ricardo Hara Estúdio

Vista geral de sala de cirurgia. Soluções e tecnologia aplicadas caracterizam ambiente como área limpa ISO classe 7

Hospital e Maternidade São Luiz

Inaugurado em 1938, como policlínica, o Hospital São Luiz é hoje uma rede de hospitais com 11 mil médicos credenciados, 4,5 mil colaboradores diretos e mais de 800 leitos. Por mês, a rede de três hospitais (Itaim, Morumbi e Anália Franco) faz cerca de 3 mil internações e 2 mil cirurgias, atende 25 mil pacientes no pronto-socorro, e realiza 50 mil exames dignosti-cos. Por ano, a maternidade faz nove mil partos. O São Luiz foi fundado pelos médicos Alceu de Campos Rodrigues, Renato Fairbanks Barbosa e Paulo Gomes Carneiro. Na ocasião,

eram 12 leitos, instalados no Itaim Bibi. Em 1940 a unidade se transforma no primeiro pronto-socorro da região para atender casos urgentes e emergenciais. A unidade ampliou sua capacida-de de atendimento para 80 leitos em 1963 e até a década de 80, o prédio construído na rua doutor Alceu de Campos Rodrigues funcionou como hos-pital e maternidade.

Com o objetivo de atender as novas demandas da comunida-de, em 1983 foi inaugurada a Maternidade São Luiz. Pioneiro, o São Luiz adotou o conceito de que o prédio da maternidade deveria

ser separado do hospital. Com isso, nascia também o conceito de hotelaria hospitalar no Brasil. A Unidade Anália Franco possui 279 leitos, sendo 180 aparta-mentos, seis suítes na materni-dade e uma no hospital, 36 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 37 leitos de UTI neonatal, oito leitos de UTI infantil e seis leitos de semi-intensiva neona-tal. A projeção é de que a nova unidade realize oito mil partos, 1,6 mil internações/mês, 1,3 mil cirurgias/mês, 20 mil atendimen-tos de emergência/mês e 20 mil atendimentos/mês no Centro de Diagnóstico.

Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco

ser lançado no meio externo. Outra exigência do projeto foi o controle e monitoramento dos filtros dentro dos ambientes críticos, garantindo maior segurança quanto ao grau de

limpeza da área e aumentando a vida útil dos equipamentos.

O supervisor da unidade Anália Franco do Hospital São Luiz, informa ainda que, com os equipamentos

de última geração utilizados na nova unidade, houve grande redução com os gastos com energia. “No pas-sado o sistema de ar-condicionado de um hospital era responsável por um consumo de energia equivalen-te a 55% do total. Hoje, com esse moderno sistema, o mesmo empre-endimento conso-me algo em torno de 35%. A redução é muito expressiva e precisamos tam-bém levar em con-ta que para atin-gir os parâmetros requeridos pelas áreas limpas, o sis-tema tem uma uti-lização ampliada se comparada com áreas de conforto”, explica Costa.

Integração

“Os principais desafios enfrentados para a instalação de áreas limpas no Hospital São Luiz são comuns a todos os projetos hospitalares”, observa Raymond Liong Houw Khoe, diretor adjunto da MHA Engenharia, empresa que conta em seu portfólio com diversos projetos de instala-ções hidráulicas, elétricas, eletrôni-cas e de climatização para hospitais, entre eles o Instituto do Câncer, Hospital Otávio Frias de Oliveira, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e o Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia do Rio de Janeiro (este último possui inclusive áreas ISO classe 5 no banco de tecidos para transplante). Segundo Khoe, um dos maiores desafios é a integração com o projeto de arquitetura, como, por exemplo, a localização de antecâma-ras e pass-throughs, e a escolha de acabamentos adequados de arquite-tura. Para o projeto de climatização, pode-se destacar o cuidado com a especificação dos condicionadores de ar e a construção e montagem de dutos e filtros terminais – visando a estanqueidade e assepsia requeridas na instalação.

Neste empreendimento, o enge-nheiro da MHA informa que a inte-

O sistema de

ar-condicionado

usado nesse

empreendimento

consome algo em

torno de 35% da

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Itamar Santos Costa, supervisor geral da unidade, na sala de controle do sistema de ar-condicionado

gração foi bastante simples, facilita-da pelo fato de que parte do pavi-mento superior ao pavimento de áreas limpas ter sido projetada para instalação de equipamentos e dutos. “Essa área técnica recebeu toda a rede hidráulica e de gases especiais, bem como transformadores e áreas

técnicas específicas das especialida-des de elétrica e telemática. Nesses casos, o piso técnico é uma reco-mendação importante que viabiliza a instalação e manutenção adequada dos equipamentos e instalações sem a necessidade de acesso dos profissio-nais de manutenção às áreas hospi-

talares críticas”, argumenta Khoe. Ele comenta que o uso de salas limpas é bastante restrito, pois normalmente a manipulação de produtos ou pro-cessos hospitalares que necessitam de ambientes classificados é feito em cabines de fluxo unidirecional ou de biossegurança. “Bancos de tecidos

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Quarto para o paciente Berçário

Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco

músculo-esqueléticos e bancos de pele humana são os que demandam obrigatoriamente o uso de áreas lim-pas, porém o conceito é utilizado em outras áreas críticas, como as salas cirúrgicas, para aumentar o grau de

assepsia do ambiente”, comenta. Na opinião de Jair Mendes, enge-

nheiro da Thermec, responsável pelo projeto e execução das instalações do ar-condicionado, o paciente é o principal beneficiário dessa estrutura.

“Com essa moderna estrutura adquirida pelo São Luiz, o risco de contaminação é praticamente zero. O ponto positivo e que foi o maior faci-litador da instalação das áreas limpas, foi o fato de esta ser uma obra totalmen-te nova e que desde o seu início previu essas instalações. Todos os pontos puderam ser plane-jados na fase de pro-jeto, gerando uma grande sinergia entre todos os profissio-nais envolvidos”, comenta Mendes, informando ainda que a Thermec já executou outras áre-as limpas nos hos-pitais CEMA/Villa-Lobos e Municipal de Barueri.

Automação do AC

A Central de Água Gelada do ar-con-dicionado, localizado na cobertura do prédio, é composta por três resfriado-res, com capacidade de 275 TRs cada um, quatro bombas de água gelada primárias e outras quatro secundá-rias. O empreendimento conta com mais de 50 condicionadores, sendo que 27 deles são destinados a manter o controle da temperatura e umi-dade nas salas cirúrgicas e de parto. Segundo informações da Microblau, responsável pela automação do ar-condicionado, esse sistema é atendido por 58 controladores microprocessa-dos, integrados em um único software supervisório, conta com 538 pontos de controle físicos e 2.000 pontos de

O hospital conta com mais de 50 condicionadores sendo que 27 são destinados a manter a temperatura das salas cirúrgicas e de parto

Corredor que dá acesso às salas cirúrgicas Área de esterilização

controle lógicos. O investimento em controles chegou aos R$ 400 mil.

Alguns outros cuidados chamam a atenção no projeto de controle dos sistemas de ar-condicionado, sempre atendendo aos requisitos de segurança hospitalar. Na área de isolamento, por exemplo, onde os leitos são destinados a pacientes com doenças ainda não diagnosticadas e com risco de contá-gio, o sistema garante que a troca com o ar externo seja de 100%. Nas áreas de conforto não individuais (como é o caso da área de coleta de leite mater-no), a temperatura oscila entre 19ºC e 22ºC, e nos consultórios médicos do pronto-socorro a temperatura é de 21ºC. Já nos berçários, a temperatura ideal é de 23ºC.

“Por toda a exigência de incorporar a excelência em todos os aspectos do projeto, o Hospital São Luiz – Unidade Anália Franco é hoje um referencial quanto ao controle de ar no ambiente interno”, finaliza Itamar Costa. u

Ficha Técnica – Hospital Maternidade São Luiz Unidade Anália Franco *

Projeto MHA Engenharia

Instalação do Ar Condicionado: Thermec-

Resfriadores da CAG Carrier

Bombas centrífugas KSB

Ventiladores Termodin

Variadores de Potência Loti

Filtros de Ar (bolsa/absolutos) Trox / Linter

Grelhas e Difusores D. Catelan / Trox

Dampers e caixas de filtros Thermec Industrial

Automação e controles Microblau

Válvulas combinadas e atuadores: Flow-Com

Transdutor de pressão / sensor de temperatura Microblau

* Informações fornecidas pelo Hospital São Luiz – Unidade Anália Franco