Casas que Transformam o Mundo

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 1

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 1

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2 CASAS QUE TRANSFORMAM O MUNDO – IGREJA NOS LARES

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 1

Casas que transformam o mundo

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2 CASAS QUE TRANSFORMAM O MUNDO – IGREJA NOS LARES

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 3

Casas que transformamo mundoIgreja nos lares

Wolfgang Simson

TraduçãoWerner Fuchs

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4 CASAS QUE TRANSFORMAM O MUNDO – IGREJA NOS LARES

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Simson, Wolfgang Casas que transformam o mundo : Igreja noslares / Wolfgang Simson ; tradução Werner Fuchs. --2. ed. -- Curitiba : Editora Evangélica Esperança,2008.

Título original: Häuser, die die Welt Verändern. Biografia. ISBN 978-85-7839-003-7 1. Igreja doméstica I. Título.

08-01077 CDD-262.26

Título do Original em AlemãoHäuser, die die Welt verändern

Copyright©1999 C&P Verlag Emmelsbüll, Alemanha

CapaLuciana Marinho

Foto da capaWalter Feckinghaus

RevisãoDoris Körber

Supervisão editorial e de produçãoWalter Feckinghaus

1ª edição brasileira - Abril de 20012ª edição brasileira - Fevereiro de 2008

Editoração eletrônicaMánoel A. Feckinghaus

Impressão e acabamentoImprensa da Fé

Publicado no Brasil coma devida autorização e com

todos os direitos reservados pelaEDITORA EVANGÉLICA ESPERANÇA

Rua Aviador Vicente Wolski, 35382510-420 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3022-3390 - Fax: (41) 3256-3662E-mail: [email protected]

www.esperanca-editora.com.br

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 5

Bom demais para ser verdade?............................................................................. 7

15 teses sobre a reencarnação da igreja ............................................................... 9

Por que e para quem foi escrito o presente livro ................................................ 19

1. A reinvenção da igreja .................................................................................... 27

Será que Deus não imaginou a igreja de forma bem diferente?

2. Igrejas nos lares na história ............................................................................ 63

Oprimidas em nome da religião organizada, proibidas, perseguidas e ridicularizadas. Será que apesar disso a forma originária da igreja se impõe?

3. A natureza das igrejas nos lares ...................................................................... 95

O que são, o que fazem, e como funcionam

4. O ministério quíntuplo .................................................................................. 115

Cooperação harmônica para a multiplicação de igrejas

5. Igrejas nos lares ou igrejas em células? ........................................................ 143

13 razões por que as igrejas nos lares são o caminho mais natural

6. Desenvolver uma estrutura à prova de perseguições .................................... 167

“Bem-aventurados sois quando vos perseguirem” – Como desenvolver uma mentalidade à prova de perseguições e como crescer cada vez mais quando pressionados

Casas que transformamo mundo

Sumário

Igreja nos lares

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6 CASAS QUE TRANSFORMAM O MUNDO – IGREJA NOS LARES

7. Nenhum avanço sem mudança ..................................................................... 189

A arte de mudar na corrida, ou: Como evitamos realizar o novo em virtude da força do antigo

8. Tirar as conseqüências .................................................................................. 203

O próximo passo depende de qual será o último passo que você dará

9. Q-E-Q ........................................................................................................... 229

Primeiro os valores e conteúdos, Depois os métodos, as estruturas e os planos,Bem por final o crescimento e os números: Como aprender a pensar nas categorias Qualidade – Estrutura – Quantidade

10. A bênção dos pais para uma nova geração ................................................. 261

Sobre a mobilização da descendência espiritual, ou: como transformar rebeldes em revolucionários

11. Modelos de multiplicação de igrejas .......................................................... 281

Como fundar uma igreja sem fabricá-la

12. Colocar nações em movimento .................................................................. 295

Como desenvolver uma massa crítica e deixar o sucesso por conta de Deus

Apêndice

Bibliografia recomendada ................................................................................ 310

Dawn International Network ............................................................................ 313

Sobre o autor .................................................................................................... 314

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 7

Bom demais para ser verdade?

IntroDução

O sonho de uma igreja que não apenas traz uma mensagem, mas que é uma mensagem

Meu pai era húngaro, mas cresci na Alemanha “cristã”, onde se vê uma igreja em cada esquina. Sempre tive a impressão de que deve existir algo de sensacional na igreja que Jesus fundou há 2.000 anos e a respeito da qual leio no Novo Testamento – mas por qualquer motivo não conseguia descobrir o que era!

Junto com muitos amigos e colegas sonhei a respeito de uma igreja que fosse tão simples como “um – dois – três” e, apesar disso, dinâmica. Sonhei a respeito de algo explosivo, que fosse capaz de deixar o mundo e nossos bairros residenciais de pernas para o ar. A igreja dos seguidores de Jesus como uma invenção sobrenatural, equi-pada por Deus com o dom da imortalidade. A igreja como uma ferramenta para que façamos discípulos de Jesus Cristo uns dos outros e transfiramos a sua vida uns para os outros. Igreja como algo realmente integral, onde muitas coisas convergem: graça e frutas, amor e riso, alegria e bombons, perdão e diversão, poder e – afinal, por que não? – também um pouco de papel.

Igreja como algo que não precisa de uma fortuna em dinheiro e que dispensa retórica religiosa, de controle e manipulação, sim, nem sequer de heróis carismáticos. Algo que seja decididamente não-religioso e que precisamente por isso é capaz de tocar profundamente. Um lugar em que as pessoas, de tão pasmas, não conseguem mais ficar caladas, e no qual podemos aprender como se vive. Uma igreja que não apenas traz uma mensagem, mas que é uma mensagem. Algo que se alastra incessantemente como um vírus, infectan-do tudo o que entra em contato com ele, até que a terra toda esteja coberta pelo conhecimento de Deus como as águas cobrem o mar. Uma igreja, cuja força é proveniente de seu inventor, que a equipou com um genial código genético espiritual – uma espécie de Dna celestial – que lhe permite trans-

Graça e frutas, amor e riso, alegria e bombons, perdão e diversão, poder e – afinal, por que não? – também um

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Bom demais para ser verdade?

Introdução

O sonho de uma igreja que não apenas traz uma mensagem, mas que é uma mensagem

Meu pai era húngaro, mas cresci na Alemanha “cristã”, onde se vê uma igreja em cada esquina. Sempre tive a impressão de que deve existir algo de sensacional na igreja que Jesus fundou há 2.000 anos e a respeito da qual leio no Novo Testamento – mas por qualquer motivo não conseguia descobrir o que era!

Junto com muitos amigos e colegas sonhei a respeito de uma igreja que fosse tão simples como “um – dois – três” e, apesar disso, dinâmica. Sonhei a respeito de algo explosivo, que fosse capaz de deixar o mundo e nossos bairros residenciais de pernas para o ar. A igreja dos seguidores de Jesus como uma invenção sobrenatural, equipada por Deus com o dom da imortalidade. A igreja como uma ferramenta para que façamos discípulos de Jesus Cristo uns dos outros e transfiramos a sua vida uns para os outros. Igreja como algo realmente integral, onde muitas coisas convergem: graça e frutas, amor e riso, alegria e bombons, perdão e diversão, poder e – afinal, por que não? – também um pouco de papel.

Igreja como algo que não precisa de uma fortuna em dinheiro e que dispensa retórica religiosa, de controle e manipulação, sim, nem sequer de heróis carismá-ticos. Algo que seja decididamente não-religioso e que precisamente por isso é capaz de tocar profundamente. Um lugar em que as pessoas, de tão pasmas, não conseguem mais ficar caladas, e no qual podemos aprender como se vive. Uma igreja que não apenas traz uma mensagem, mas que é uma mensagem. Algo que se alastra incessantemente como um vírus, infectando tudo o que entra em contato com ele, até que a terra toda esteja coberta pelo conhecimento de Deus como as águas cobrem o mar. Uma igreja, cuja força é proveniente de seu inventor, que a equipou com um genial código genético espiritual – uma espécie de dna celestial – que lhe permite transferir valores do céu para a terra e reproduzi-los aqui. Dessa maneira não apenas se

Graça e frutas, amor e riso, alegria e bombons, perdão e diversão, poder e – afinal, por que não? – também um pouco de papel.

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converte água em vinho, mas também ateus em apóstolos, policiais em profetas, motoristas de caminhão em educadores, carteiros em pastores e dignos anciãos da aldeia em radiantes evangelistas.

Essa igreja, assim sonho eu, é como uma família extensa espiritual – orgânica, não organi zada; centrada nos relacionamentos, não formal. Possui uma estrutura à prova de per-seguições, na qual nada é impossível. Ganha em estatura quando chora. Alastra-se mesmo debaixo do tapete. É capaz de florescer no deserto, respirar debaixo d’água, enxergar no escuro e multiplicar-se espontaneamente no caos.

Uma igreja que se multiplica como dois pei-xes e cinco pães nas mãos de Jesus, em que os pais voltam seus corações aos filhos e os filhos se volvem para os pais, em que as pessoas são os verdadeiros recursos e na qual apenas um único nome se destaca magnificamente: o Cordeiro de Deus.

Essa igreja ganha em estatu-ra quando chora. Alastra-se mesmo debaixo do tapete. É capaz de florescer no deser-to, respirar debaixo d’água, enxergar no escuro e multiplicar-se espontanea-mente no caos.

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Deus transforma a igreja e isso, por sua vez, transformará o mundo. Milhões de cristãos em todo o mundo sentem que uma nova e surpreendente Reforma está se aproximando. Afirmam: “A igreja como a conhecemos impede uma igreja como Deus a quer”. É admirável o grande número de cristãos que parece perceber que Deus está tentando dizer-lhes a mesma coisa. Desse modo forma-se uma nova cons ciência coletiva para uma revelação existente há milênios, um eco espiritual coletivo.

Estou convicto de que as 15 teses a seguir reproduzem uma parcela daquilo que “o Espírito diz hoje às igrejas”. Para alguns isso será apenas uma pequena nuvem no horizonte de Elias. Outros já se encontram no meio da chuva.

1. CRISTIANISMO COMO ESTILO DE VIDA, NÃO COMO SUCESSÃO DE EVENTOS RELIGIOSOS

Bem antes de serem chamados de cristãos dava-se aos seguidores de Jesus Cristo o nome de “o Caminho”. Um dos motivos era que eles literalmente haviam encon-trado o caminho de como se vive. O cerne da igreja cristã não é apropriadamente espe lhado por uma série de eventos religiosos em recintos eclesiásticos reservados especialmente para encontros com Deus, oferecidos por clérigos profissionais. Pelo contrário, está em questão o estilo de vida profético dos seguidores de Jesus Cristo no dia-a-dia, que como famílias extensas espiritualmente ampliadas respondem a perguntas formuladas pela sociedade – justamente no local em que isso é mais decisivo: em casa.

2. MUDAR O SISTEMA DAS “CATEGOGAS”

Depois da época de Constantino Magno, no século iv, as Igrejas Ortodoxa e Católica desenvolveram e sancionaram um sistema religioso que consistia de um templo

15 teses sobre a reencarnação da igreja

Introdução

A igreja como a conhecemos impede uma igreja como Deus a quer

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“cristão” (a catedral) e de um padrão básico de culto que imitava a sinagoga judai-ca. Dessa maneira, um sistema religioso não expressamente revelado por Deus, a

“categoga”, uma mescla de catedral e sinagoga, tornou-se a matriz dos cultos de todas as épocas subseqüentes. Tingido com um acervo gentílico de pensamentos helenistas que, p. ex., faz separação entre o sagrado e o secular, o conceito das catego-gas recebeu uma função de “buraco negro”, que suga pela raiz praticamente todas as energias de transformação social da igreja e que por séculos deixou o cristianismo absorto em si próprio.

É verdade que Lutero reformou o conteúdo do evangelho, mas é notório que ele deixou as estruturas e formas exteriores da “igreja” intactas. As comunidades livres libertaram do Estado esse sistema eclesiástico, os batistas o batizaram, os quacres o drenaram, o Exército da Salvação o enfiou num uniforme, os pentecostais o ungiram

e os carismáticos o renovaram, porém até hoje ninguém realmente o transformou. É precisamente essa hora que chegou agora.

3. A TERCEIRA REFORMA

Por ter redescoberto o evangelho da redenção “somente pela graça mediante a fé”, Lutero desencadeou uma Reforma – uma reforma da teologia. A partir do final do século xvii, movimentos de renovação como o Pietismo descobriram novamente o relacionamento pessoal do indivíduo com Deus. Isso levou a uma reforma da espiritualidade, a segunda Reforma. Agora Deus está avançando mais um passo, ao mexer com as formas básicas do ser igreja. Dessa forma ele desencadeia uma terceira Reforma, uma reforma das estruturas.

4. DE CASAS QUE SÃO IGREJA PARA IGREJAS NAS CASAS

Desde os tempos do Novo Testamento não existe mais algo como a “casa de Deus”. Deus não vive em templos, erguidos por mãos humanas. É o povo de Deus que constitui a igreja. Por essa razão a igreja está em casa no exato lugar em que as pessoas estão em casa: nos lares. É ali que os seguidores de Cristo partilham a vida no poder do Espírito de Deus, tomam refeições em conjunto e muitas vezes nem mesmo hesitam vender propriedade particular, repartindo as bênçãos materiais e espirituais com outras pessoas. Instruem-se sobre como se inserir melhor, enquanto ser humano, nas leis espirituais constitutivas de Deus em meio à vida prática – e justamente não por meio de palestras professorais, mas de modo dinâmico, no

As comunidades livres libertaram do Estado esse sistema eclesiástico, os batistas o batizaram, os qua-cres o drenaram, o Exército da Salvação o enfiou num uniforme, os pentecostais o ungiram e os carismáticos o renovaram, porém até hoje ninguém realmente o transformou.

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estilo de pergunta e resposta. É ali que oram, batizam e profetizam uns aos outros. É ali que podem deixar cair a máscara e até confessar pecados, porque conquistam uma nova identidade coletiva pelo fato de se amarem mutuamente, apesar de se conhe cerem e constantemente tornarem a se perdoar e se aceitar.

5. PRIMEIRO A IGREJA TEM DE ENCOLHER, ANTES QUE POSSA CRESCER

A maioria das igrejas cristãs simplesmente é grande demais para realmente pro-porcionar espaço para a comunhão. Foi assim que se tornaram “comunidades sem comunhão”. As comunidades eclesiais do Novo Testamento eram invariavelmente grupos pequenos, com cerca de 15 a 20 pessoas. O crescimento não acontecia pelo inchaço aditivo, formando comunidades eclesiásticas grandes, estacionárias e que lotavam catedrais com 20 a 300 pessoas, mas pelo crescimento multiplicativo da amplitude, apresentando características de um movimento. As igrejas nos lares se subdividiam quando tinham atingido o limite orgânico de cerca de 15 a 20 pessoas. Esse crescimento multiplicati-vo pela base possibilitou aos cristãos que também se congregassem para reuniões celebrativas que abrangiam a cidade toda, como, p. ex., nos salões do Templo em Jerusalém.

Em comparação com isso, a congregação cristã típica de hoje é um triste meio-termo: estatisticamente ela não é mais uma igreja no lar, mas tampouco já é um evento celebrativo. Dessa maneira, ela perde duas dinâmicas imaginadas pelo seu Inventor: a atmosfera familiar dinâmica e relacional e o mega-evento eletrizante com efeito de sucção.

6. DO SISTEMA DE UM PASTOR ÚNICO PARA A ESTRUTURA DE EQUIPE

Igrejas nos lares não são conduzidas, p. ex., por um pastor, mas acompanhadas por um presbítero e por um dono de casa sábio e atento à realidade. As igrejas nos lares são interligadas em rede, formando movimentos, pela conexão orgânica dos presbíteros com o assim chamado ministério quíntuplo (apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres), que circula “de casa em casa” pelas igrejas, como um saudável sistema de circulação sangüínea. Nessa atividade as pessoas com dons apostólicos e proféticos (Ef 4.11,12; 2.20) desempenham um papel fundamental.

Sem dúvida os pastores são uma parte importante de toda a equipe, porém não podem ser mais que um fragmento dela, “para capacitar os santos para o servi-ço”. Seu ministério precisa ser complementado pelos outros quatro ministérios,

A congregação cristã típica de hoje é um triste meio-termo: estatisticamente ela não é mais uma igreja no lar, mas tampouco já é um evento celebrativo.

15 TESES SOBRE A REENCARNAÇÃO DA IGREJA 11

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do contrário as igrejas não apenas sofrem de enfermidades de carência espiritual, devido à dieta unilateral, mas igualmente os próprios pastores não conseguem mover nada, ficando impedidos de se realizar em sua vocação.

7. AS PEÇAS CERTAS – MONTADAS ERRONEAMENTE

Num quebra-cabeça é essencial que as peças sejam montadas de acordo com o modelo certo, do contrário não apenas fica incorreto o quadro inteiro, mas tam-bém as diversas peças não fazem sentido. No cristianismo temos todas as peças à disposição, mas por tradição, lógica de poder e zelo religioso quase sempre as montamos erroneamente. Assim como existe H

2O nos três estados de agregação

(gelo, água e vapor) também os dons de serviço (Ef 4.11,12), como, p. ex., o do pastor, ocorrem de três formas, porém muitas vezes na forma errada no lugar er-rado. Eles congelaram como pedras por meio do clericalismo eclesiástico, correm

como água límpida ou ainda evaporam na falta de compromisso.

Assim como a melhor coisa é regar flores com água, também os cinco ministérios que fomentam a igreja (apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres) têm de reencontrar formas novas – e muito antigas – na igreja, para que o sistema todo comece a florescer e cada pessoa encontre um lugar apropriado no todo. Por isso a igreja não pode nem deve voltar atrás na História, porém precisa retornar à matriz original.

8. DAS MÃOS DOS BUROCRATAS ECLESIÁSTICOS AO SACERDÓCIO DE TODOS OS QUE CRÊEM

As igrejas do Novo Testamento nunca foram dirigidas por um “homem santo” ou “senhor pastor”, que se encontra numa ligação especial com Deus em substituição a outros e que regularmente alimenta consumidores relativamente passivos na fé, como se fosse um Moisés do Novo Testamento. O cristianismo assumiu das religiões gentílicas – ou, na melhor das hipóteses, do judaísmo – a categoria dos sacerdotes como um espaço amortecedor de mediação entre Deus e o ser humano.

Desde os dias de Constantino Magno a rigorosa profissionalização da igreja já pesou tempo suficiente como maldição sobre a igreja, subdividindo artificial-mente o povo de Deus em leigos infantilizados e clero profissional. Conforme o Novo Testamento há “um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (1Tm 2.5). Deus retém sua bênção quando profissionais da religião se imiscuem entre ele e o povo. O véu do Templo foi rasgado e Deus possibilita a todas as pessoas a terem acesso a ele diretamente por meio de Jesus Cristo, o único

No cristianismo temos todas as peças à disposição, como num quebra-cabeça. Mas por tradição, lógica de poder e zelo religioso quase sempre as montamos erroneamente.

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Caminho e Advogado. Já não precisam manter contato com ele de forma mediada e indireta através do representante de uma casta religiosa. A fim transportar para a prática o “sacerdócio de todos os que crêem”, que entrementes já foi impetrado há 500 anos pela primeira Reforma, o atual sistema de uma igreja profissionalizada e burocratizada terá de ser transformado radicalmente – ou afundará na irrelevância religiosa.

A burocracia é a mais diabólica de todas as formas de administração, porque no fundo levanta apenas duas perguntas: sim ou não. Nela dificilmente há espaço para a espontaneidade, a humanidade e a vida genuína cheia de variações. Essa forma estrutural pode ser adequada a empreendimentos políticos ou econômicos, porém não ao cristianismo. Deus parece estar em vias de libertar seu povo do cativeiro babilônico de burocratas eclesiásticos e de pessoas no exercício do poder religioso, bem como tornar a igreja novamente um bem comum. Faz isso ao colocá-la nas mãos de pessoas simples, chamadas por Deus para algo extraordinário e que, como nos dias de outrora, talvez ainda estejam cheirando a peixe, perfume ou revolução.

9. DAS FORMAS ORGANIZADAS PARA AS FORMAS ORGÂNICAS DE CRISTIANISMO

O “corpo de Cristo” é linguagem figurada para um ente profundamente orgâni-co e não para um mecanismo organizado. Localmente a igreja consiste de uma plura lidade de famílias espirituais extensas, que estão organi camente interligadas em uma rede. A maneira como cada igreja está ligada à outra constitui uma parte integrante da mensagem do todo. De um máximo de organização com um míni-mo de organismo é preciso passar novamente para um mínimo de organização com um máximo de organismo. Até aqui o excesso de organização muitas vezes sufocou o organismo “corpo de Cristo” como uma camisa-de-força – por medo de que algo pudesse dar errado. Contudo, medo é o oposto da fé, não representando exatamente uma virtude cristã sobre a qual Deus desejasse edificar sua igreja. O medo visa controlar – a fé sabe confiar. Por isso, controlar pode ser bom, mas confiar é melhor.

O corpo de Cristo foi confiado por Deus às mãos fiéis de pessoas que possuem um dom ca-rismático especial: são capazes de crer que Deus ainda mantém o controle da situação quando elas próprias já o perderam há tempo. Sem dúvida o ecumenismo político e as hie-rarquias denominacionais tiveram sua chance de mostrar resultados no passado, mas não obtiveram êxito. Hoje é necessário criar redes regionais e nacionais que se baseiam sobre a confiança, para que formas orgânicas de cristianismo possam ser novamente desenvolvidas.

De um máximo de organi-zação com um mínimo de organismo é preciso passar novamente para um míni-mo de organização com um máximo de organismo.

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10. CRISTÃOS ADORAM A DEUS, NÃO A SEUS CULTOS

Visto de fora, o cristianismo se apresenta do seguinte modo para muitas pessoas: pessoas santas dirigem-se, numa hora santa, num dia santo, a um prédio sagrado, a fim de participar de um ritual sagrado, celebrado por um homem santo em ves-timentas sagradas, em troca de uma oferta sagrada. Uma vez que essas promoções regulares, orientadas pelo desempenho e chamadas de “culto divino”, requerem muito talento organizativo e consideráveis recursos administrativos, os rituais formalistas e modelos de comportamento institucionalizados rapidamente se solidificaram em tradições religiosas. Em termos estatísticos, o tradicional culto dominical de uma a duas horas de duração, com cifras do porte de 20 a 300 visi-tantes, é extremamente voraz em termos de recursos. Apesar disso, produz bem poucos frutos na forma de pessoas que estejam dispostas a mudar de vida como discípulos de Jesus. Em termos econômicos, o culto tradicional é uma estrutura que exige muitíssimo investimento, mas produz poucos resultados.

Na História, o desejo dos humanos de adorar “corretamente” a Deus levou aos constrangedores denominacionalismo, confessionalismo e nominalismo. É um enfoque que desconsidera que os cristãos são chamados a adorar “em Espírito e em verdade” – e não a repetir, em pequenas e grandes catedrais, hinos costumei-ros. Essa mentalidade de programação, que se compraz em reiterar o proverbial “Amém” na igreja, ignora que toda a vida é pulsante, muda constantemente e é absolutamente informal.

Sendo o cristianismo “o caminho da vida”, ele é por natureza informal e espon-tâneo, e tão somente o violentamos por meio dos rituais religiosos repetitivos. O cristianismo precisa afastar-se das impressionantes celebrações teatrais em recintos eclesiásticos e recomeçar a viver de modo impressionante a vida cotidiana. É isso que verdadeiramente serve a Deus.

11. NÃO MAIS LEVAR O POVO À IGREJA, MAS A IGREJA AO POVO

A igreja está se transformando de volta, saindo de uma estrutura do “vinde” para uma estrutura do “ide”. Uma das conseqüências é que não se tenta mais levar as pessoas à igreja, mas a igreja até as pessoas. A missão da igreja jamais alcançará seu alvo se meramente adicionar acréscimos à estrutura existente. Ela unicamente acontecerá em termos multiplicativos por meio da expansão das igrejas na forma de fermento, inclusive entre grupos da população que ainda não conhecem a Jesus Cristo.

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12. A SANTA CEIA É REDESCOBERTA COMO UMA VERDADEIRA REFEIÇÃO

A tradição eclesiástica conseguiu a façanha de “celebrar” a santa ceia em doses homeopáticas, com algumas gotas de vinho, uma bolacha insípida e um semblante triste. No entanto, segundo a fé cristã, a “ceia do Senhor” é uma refeição subs-tancial com significado simbólico, não uma refeição simbólica com significado substancial. Deus está novamente afastando os cristãos das missas, de volta às mesas, de volta à refeição.

13. DAS DENOMINAÇÕES PARA A IGREJA DA CIDADE

Jesus deu vida a um movimento – mas o que apareceu foram empresas religiosas com redes globais, que comercializavam suas respectivas marcas do cristianismo, fazendo concorrência uma à outra. Por causa dessa subdivisão em nomes e marcas a maior parte do protestantismo perdeu sua voz no mundo e tornou-se politicamente irrelevante. Muitas igrejas estão mais preocupadas com especialidades tradicionais e discórdias religiosas dentro de seus muros do que com dar um testemunho perante o mundo em conjunto com outros cristãos.

Jesus jamais pediu aos seres humanos que se organizassem em denominações. Nos primeiros dias da igreja os cristãos tinham uma dupla identidade: eram se-guidores de Jesus Cristo, convertidos verticalmente a Deus. Em segundo lugar, congregavam com base na geografia, quando também se convertiam localmente uns aos outros, formando movimentos eclesiais. Não somente se ligavam em igrejas de vizinhança ou nos lares, nas quais partilhavam sua vida cotidiana, mas também expressavam sua nova identidade em Cristo – na medida em que as respectivas circunstâncias políticas o permitissem. Encontravam-se para cultos festivos de abrangência local ou regional. Neles celebravam sua unidade como movimento eclesial da região ou cidade e demonstravam um testemunho conjunto perante o mundo.

Deus está chamando o cristianismo de volta a essas dimensões. O retorno ao mo-delo bíblico da “igreja da cidade” – ou seja, uma nova credibilidade das igrejas nos lares dos bairros, aliada a cultos festivos de abrangência local ou regional, em que todos os cristãos de uma região se congregam regularmente – não apenas fomenta a identidade coletiva e credibilidade espiritual dos cristãos, mas também confere à igreja um peso político, e chamará a atenção que a mensagem cristã merece.

14. UMA MENTALIDADE À PROVA DE PERSEGUIÇÃO

Jesus, o cabeça de todos os cristãos, foi crucificado. Hoje seus seguidores estão tão ocupados com suas posições e seu papel respeitável na economia, política e sociedade, ou pior ainda, estão adaptados e quietos de forma tão pouco cristã‚ que quase não são mais notados.

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16 CASAS QUE TRANSFORMAM O MUNDO: IGREJA NOS LARES

Jesus diz: “Abençoados sois quando por minha causa as pessoas vos injuriarem e perseguirem” (Mt 5.11). O cristianismo bíblico é uma ameaça para o ateísmo e pecado gentílicos, para um mundo que foi dominado pela ganância, pelo ma-terialismo, pela inveja e pela tendência de crer em absolutamente tudo, a menos que esteja na Bíblia. Isso levou à aceitação social de comportamentos na esfera da moral, do sexo, do dinheiro e do poder que somente podem ser explicados na dimensão demoníaca. Até o momento o cristianismo atualmente conhecido não constitui um contraste para isso, mas em muitos países ele é simplesmente inócuo e gentil demais para que fosse digno de perseguição.

Quando, porém, os cristãos começarem a redescobrir os valores do Novo Testamento, a viver a vida resultante e perder a vergonha de dar nome, p. ex., ao pecado, o mundo em seu redor será atingido no cerne de sua consciência e reagirá, como de costume, com conversão ou com perseguição. Ao invés de construir para si ninhos em zonas confortáveis de presumida liberdade religiosa, os cristãos preci-sam preparar-se novamente para serem descobertos como réus principais e ovelhas negras. Nada mais farão que ser um estorvo para o humanismo universal, para a moderna escravidão do entretenimento e para a descarada adoração do Eu, o falso centro do universo. É por essa razão que cristãos despertos rapidamente sentirão as conse qüências do liberalismo fundamentalista e da “tolerância repressiva” de um mundo que perdeu suas normas absolutas porque se negou a reconhecer seu Deus Criador com seus padrões absolutos.

Em conexão com a crescente ideologização, privatização e espiritualização da política e economia, os cristãos obterão mais cedo do que esperavam uma nova chance para ocupar, ao lado de Jesus, o banco dos réus da sociedade do bem-estar. É bom que hoje mesmo já se preparem para o futuro, desenvolvendo uma mentali-dade à prova de perseguições e, em conseqüência, construam uma estrutura à prova de perseguições.

15. A IGREJA VOLTA PARA CASA

Qual é o lugar mais simples para uma pessoa ser santa? Ela se esconde atrás de um grande púlpito e, trajado com túnicas sagradas, prega palavras santas a uma massa sem rosto, desaparecendo depois em seu gabinete. E qual é o lugar mais difícil e, por isso mais significativo, para uma pessoa ser santa? Em casa, na presença de sua família, onde tudo o que ela diz e faz é submetido a um teste espiritual automático e conferido com a realidade. Ali todo o farisaísmo devoto está irremediavelmente condenado à morte.

As parcelas mais significativas do cristianismo fugiram do enraizamento na família como lugar flagrante do fracasso pessoal para salões sagrados, onde se celebram missas/cultos artificiais bem afastados do cotidiano. No entanto, Deus está em vias de reconquistar novamente para si as casas como locais de culto. Dessa forma a igreja retorna novamente às próprias raízes, ao lugar de onde ela

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procede, a um movimento de igrejas nos lares. Assim, a igreja volta literalmente para casa. Na última fase da história da humanidade, pouco antes do retorno de Jesus Cristo, fecha-se o círculo da história da igreja.

Quando cristãos de todos os segmentos sociais e culturais, de todas as situa-ções de vida e denominações sentirem em seu espírito um eco nítido daquilo que o Espírito de Deus diz à igreja, eles começarão a funcionar claramente como um corpo, a ouvir globalmente e agir localmente. Deixarão de pedir que Deus abençoe o que fazem e começarão a fazer o que Deus abençoa. Na própria vizinhança se congregarão em igrejas nos lares e se encontrarão para cultos festivos que abran-gem a cidade ou região toda.

Você também está convidado a aderir a esse movimento aberto e dar a sua própria contribuição. Dessa maneira provavelmente também a sua casa há de ser uma casa que transforma o mundo.

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SOBRE O QUE FALA ESTE LIVRO 11

cristãos em todo o mundo sentem que uma nova e surpreendente Reforma está se aproximando. Afirmam: “A igreja como a conhecemos impede uma igreja como Deus a quer”. É admirável o grande número de cristãos que parece perceber que Deus está tentando dizer-lhes a mesma coisa. Desse modo forma-se uma nova cons-ciência coletiva para uma revelação existente há milênios, um eco espiritual coletivo.

Estou convicto de que as 15 teses a seguir reproduzem uma parcela daquilo que “o Espírito diz hoje às igrejas”. Para alguns isso será apenas uma pequena nuvem no horizonte de Elias. Outros já se encontram no meio da chuva.

1. Cristianismo como estilo de vida, não como sucessão de eventos religiosos

Bem antes de serem chamados de cristãos dava-se aos seguidores de Jesus Cristo o nome de “o Caminho”. Um dos motivos era que eles literalmente haviam encon-trado o caminho de como se vive. O cerne da igreja cristã não é apropriadamente espe lhado por uma série de eventos religiosos em recintos eclesiásticos reservados especialmente para encontros com Deus, oferecidos por clérigos profissionais. Pelo contrário, está em questão o estilo de vida profético dos seguidores de Jesus Cristo no dia-a-dia, que como famílias extensas espiritualmente ampliadas respondem a perguntas formuladas pela sociedade – justamente no local em que isso é mais decisivo: em casa.

2. Mudar o sistema das “categogas”

Depois da época de Constantino Magno, no século iv, as Igrejas Ortodoxa e Católica desenvolveram e sancionaram um sistema religioso que consistia de um templo

15 teses sobre a reencarnação da igreja

introdução

A igreja como a conhecemos impede uma igreja como Deus a quer

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12 CASAS QUE TRANSFORMAM O MUNDO – IGREJA NOS LARES