Casa Grande Senzala Prefacio

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  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    1/19

    Gilberto

    Freyre

    Casa-grande

     

    senzala

    Imrodugão

    â

    história

    da sociedade

    patriarcal

    no Brasil-

    l

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    ILBER

    YRE

    42

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  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    2/19

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    CIP-Bmu

    Cmlugz¡â‹›u¡-fome

    s|m1|cm

    Nncmnzl

    das Enimnâs

    de

    Livm.

    RJ.

    mm,

    Ginzno, 19001951

    wuz cm-gmuaz

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    W. smmzezmwmm

    lnzm

    mmúzgfuz

    ISBN

    3f»0l-05156-H

    Franmm

    da

    Cunha

    Tnmm

    de Mello

    I emu

    ~

    civimçm.

    :I

    Nem»

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    Emil.

    3.

    AM-:do

    Alves

    da Silva

    Freire

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    ‹ Fzzmniz

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    5.

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    Cunmçnzz

    muzzz

    I.

    11mm.

    MW” Rymud

    du

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    CDD

    M

    Ulysses Pemambumna

    de

    Mello

    uu-uzm

    CDU

    -

    9s|

    Cupyrighl

    © l992

    by

    Fundação

    Gilberto

    Freyre,

    Recife,

    PE

    Capà

    Evelyn

    Grumach

    Projexo

    gráco:

    Evelyn

    Grumach

    e

    Marcela

    Pcrroni

    Ilustrações

    de

    capa: lzs

    deux uzureawc,

    Paris,

    1723.

    Anciennes

    indes

    ucncs,

    Muscu

    de

    Ane

    Modema

    de Sãn

    Paulo.

    Assis

    Chateaubriand,

    SP

    Ilwmna

    Ianlalíørl.

    de

    Thomas

    Ender.

    Akãdemi:

    der

    Bildcnden

    Künstc,

    V|cna,1{usu-ia

    Dncnm

    exclusivos

    desta

    edição

    neservados

    pela

    [)IS'I`RIBUIDORA

    RECORD

    DE

    SERVIÇOS

    DE

    IMPRENSA

    S.A.

    Run

    Argentina

    171 - Rm

    de

    Ineiro,

    RJ

    ~

    20921-380¬ I`el

    :

    585-2000

    Ivnprcâw

    no Brasll

     

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    IIS-0I‹05664›2

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  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    3/19

     

    Troféu

    Novo

    Mundo,

    de

    São

    Paulo,

    por

    “obras

    notávcis

    em

    _

    -

    i ‹f›.......l.¬

    .¬ ..1.«.|..a¢

    |‹i-1.¡›z-

    woiwzizi,

    Rio,

    1934

    TÁBUA

    DA

    MArÉR|A

    o I .

    ` .

    I

    rüriiu /\i|i\||‹.lil»Wu|l

    L

    U

    A

    1957

    Prêiiiio

    de .Excclêiicia

    Literária,

    da

    Academia

    Paulista

    de

    Le-

    Uma introduçao

    a

    “Lasa-Grande

    ar Senzala ,

    mis,

    1961.

    Darcy

    R¡1,¢,¡-0

    11

    Prêmio Mach-.ido

    de

    Assis, da

    Academia

    Brasileira

    de

    Lecras

    prefádo

    3

    11

    ¢d¡§¡¡,

    ((;¡[[-,eng

    Fmym)

    43

    (conjunto

    de obra),

    1962.

      Prêmio

    MoinhoSantista

    de

    “Ciências

    Sociais

    em

    geral”,

    1964.

    Prêmlu

    Aspen

    do häümm

    Aãpem.

    E`U‹A`. 967

    lb I Características

    gerais

    da

    colonização portuguesa

    do

    Brasil:

    rêmio

    Internacian

    La

    Ma

    onniiia,

    Itãba,

    1969.

    fümnçãude

    smiedade ag1_á3)esmvOcmm:

    híbñda

    18

    Sociologia

    e História ,

    19731

    Troféu Diários

    Associados,

    por

    “maior

    distinção

    arual

    em

    Ar-

    Il O

    mdlgma

    na

    fmmaçao

    da

    famm

    bmsllum

    16°

    tes

    Plásticas ,

    1973.

    Prêmio

    Jabuti,

    da Câmara

    Brasileira

    do Livro,

    1973.

    lll O colonizador

    português:

    anrecedentes

    e predisposigões

    254

    Sir~‹

    “Cavaleiro

    Comandante

    do

    Império

    Britânico ,

    distin-

    ção conferida

    pela

    Rainha

    da

    Inglaterra,

    em

    1971.

    IV

    O escravo

    negro

    na

    vida sexual

    e de família

    do

    brasileiro 342

    Medalha

    Ioaquim

    N

    abuco,

    .Assembléia

    Legislativa

    do

    Estado

    de PÊf3fb“CU›

    1972-

    V

    O

    escravo negro

    na vida sexual

    e

    de

    família do brasileiro

    Medalha

    de

    Ouro

    Iosé Vasconcelos,

    Frente

    de

    Arniación

    (comímmção)

    454

    Hispanisia

    do México,

    1974.

    Educador

    do Ano, Sindicato

    dos

    Professores

    do

    Ensino

    Pri-

    mário

    e Secundário

    em

    Pernambuco

    e Associação

    dos

    Profes-

    Nom

    da

    Edmm

    (dadüs

    blombliogrâws

    de

    sores

    do

    Ensino

    Ocial,

    1974.

    Medalha

    Massangana,

    Instituto

    Joaquim Nabuco

    de

    Pesqui-

    Gllbem

    Freyre) 533

    535

    S0U3Í5›

    1974-

    Bibliografia

    de Gilberto

    Freyre 539

    Grã-Cruz

    Andrés

    Bello

    da Venezuela

    (1978).

      Grã-Cruz

    da

    Ordem do

    Mérito

    dos

    Guararapes

    do

    Estado

    de

    A história

    bibliográfica,

    HD BFBSÍÍ

    C U0

    l1\“d°›

    de

    Pernambuco

    _

    1978,

    Cara-Grand: êr

    Senzala 559

    Prêmio

    Brasília

    de Literzirura

    para

    Coniunro

    de Obra,

    Fun~

    _

    l

    ,

    _

    i _

    .

    ação

    Cultural

    do

    Dlsmw

    Fedemlv

    N79

    Seleçoes

    de

    Prefácios

    a vanas

    outras

    ediçoes deste

    livro

    Prêmio

    Moinho

    Recife,

    1980. em

    língua

    pomiguesa

    563

    g

     

    ãalha

    da

    Ordem

    do

    Ipiranga

    do

    Estado

    de São

    Paulo, em

    B¡b¡¡°gma

    511

    Gzâfczuz

    dz

    D. Alfonso,

    Ei sino

    (Espzzzizz, was).

    Izzdizz

    Remissivo

    611

    Grã-Cruz

    de Santiago

    da

    Espada (Portugal.

    1983).

    z

    ,

    l

    Gzõzcwz

    di

    múzm

    «io

    Méz¡zz›czpâb1zz.i»¢

    do miitiz-

    ao

    RI»

    hd”

    0“°“““ °°

    643

    CIÍÊ

    _

    1935

    Índice

    de

    Ilustrações 667

    (¡rãf(Iru1.da

    l.ôgi‹m

    1l | luiiiicur

    7 l¬`r;iii;ii,

    P986.

    w

    vi

    .

    7

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    4/19

    negras

    baianas,

    vendedora:

    de

    doces

    nas ruas das grandes cidades

    brasileiras.

    Seu

    parte e' de

    rainhas, exclama Gilberto.

    Uma:

    rainhas

    de

    luxo egarbe, erbelresa

    herdldica,

    graça

    de zalhc e ritmo

    no

    andar: Por cima das muitas

    saias-de-baixo. de

    linha

    alvo,

    a .raia

    nobre,

    adamarcada, de oom

    vivas. Orpeirorgordos,

    em pé,

    pare-

    cendo

    querer

    pular

    das rendas

    do

    cabeçãa.

    Íezéias,

    ƒigar, pulseiras. rodilha

    ou

    tur-

    bame

    muçulmano.

    Chinelinha na

    puma

    do

    pé.

    Estrelas marinbasdeprata.

    Bracele-

    tes de

    ouro. Umas rainhas.

    Buscando

    com

    muito

    zelo, ao longo

    das centenas de

    páginas

    de CG S,

    o

    leitor

    colhcrâ

    aqui

    e ali alguma

    referência

    ao

    negro

    multitudinário,

    comum,

    ordi-

    nário:

    ao

    negro quecom as vergonha:

    cobertaspor uma

    tanga

    foi o principal contin-

    gente

    trabalhador

    do Brasil.

    Muito

    poucas,

    na verdade. Pouquíssimas

    são

    suas

    anotações

    sobre este

    negro-massa, trabalhador

    do

    eiro.

    A notícia

    mais longa que

    Gilberto

    nos dá,

    e

    ainda assim

    parca, é da sua

    morte. Apenas

    conta que

    os

    negros

    ladinos,

    bons

    de

    serviço,

    que

    morriam

    no engenho, eram

    enrolados em

    esteiras

    e

    sepultados

    no

    cemitério dos

    escravos. Os

    novos,

    sobretudo na

    cidade,

    eram enter-

    rados

    mal-e-mal

    na areia

    da

    praia onde

    os cachorros e

    urubus os desenterravam

    sem trabalho

    para roerepiriicar.

    Isto

    quando

    não

    eramsimplesmente atado:

    a

    um

    pau

    e

    aríradoca

    mare.

    Eis

    tudo.

    Gilberto,

    porém,

    não

    nos desampara

    totalmente. Encontra,

    afortunadamen-

    te,

    na

    última

    página

    de

    CGâ'S,

    suciente

    espaço para

    nos

    dizer,

    com

    todas as

    palavras,

    que

    não foi

    toda

    de a@a

    a vida dar negros

    ermri/os

    dos

    rihonhôr

    e

    das

    rn:rÁc|o

    À 1^

    :o|çÃo

    Em

    outubro

    de

    1930

    ocorreu-me

    a

    aventura do

    exílio. Levou-me

    primeiro

    â

    Bahia;

    depois a Portugal,

    com

    escala

    pela África.

    O

    tipo

    de viagem

    ideal para

    os estudos

    e

    as

    preocupações

    que

    este ensaio

    reete.

    Em Portugal

    foi

    surpreender-me

    em fevereiro

    de l93l

    o

    convite

    da Universi-

    dade

    de Stanford

    para

    ser um

    dos seus visiting

    proďrmrs

    na

    primavera

    do

    mesmo

    ano.

    Deixei com saudade

    Lisboa,

    onde

    desta vez

    pudera familiarizar-me,

    em

    al-

    guns

    meses

    de

    lazer,

    com

    a

    Biblioteca

    Nacional,

    oom

    as coleções

    do Museu

    Etnológico,

    com sabores

    novos de

    vinho-do-porto,

    de

    bacalhau,

    de doces

    de frei-

    ras.

    Iuntando-se

    a isto

    o

    gosto

    de

    rever Sintra

    e os Estoris

    e o de abraçar

    amigos

    ilustres.

    Um

    deles, Ioão Lúcio

    de Azevedo,

    mestre

    admirável.

    Igual

    oportunidade

    tivera na

    Bahia

    -

    minha velha

    conhecida,

    mas só de

    visitas rápidas.

    Demorando-me

    em Salvador

    pude conhecer

    oom

    todo

    o vagar

    não

    as

    coleções

    do

    Museu

    Afro-baiano

    Nina

    Rodrigues

    e

    a

    arte

    do trajo

    das

    negras

    quituteiras

    e a decoração

    dos seus bolos

    e

    tabuleiros

    como

    certos

    encantos

    mais

    Íntimos

    da

    cozinha

    e da dogaria

    baiana

    que

    escapam

    aos

    simples turistas.

    Certos

    gostos

    mais finos da

    velha

    cozinha

    das

    casas-grandes

    que

    fez dos fomos,

    dos

    fo-

    hhã-'

    Íffflf-

    HMW 0-Y IIW

    1¢°-Wíldlmlm

    fmfd

    MW.

    mfvfwdv-›T›

    lfmlf-

    gões

    e dos

    tabuleiros

    de bolo

    da

    Bahia

    seu

    último

    e

    Deus queira

    que invencível

    nando-se

    mm err/as

    e porages

    dos rnandingueímr.

    O

    banan deu cabo

    de

    muizar.

    O

    barizo

    -

    a saudade

    da

    África. Houve os

    que

    de

    tão banzeirnsƒícaram

    kms,

    idiotas.

    Não morreram:

    mas

    ficaram

    perumdo.

    E sem achargooo

    na

    vida normal-entregam

    do-se

    a

    excessos,

    aburando

    da

    aguardenre,

    da maconha,

    marturband0‹.re.

    reduto'

    Deixo

    aqui meus

    agradecimentos

    as

    famílias

    Calmon,

    Freire

    de

    Carva-

    lho,

    Costa

    Pinto;

    também

    ao

    professor

    Bemardino

    de Sousa,

    do Instituto

    Históri-

    co, a

    Frei

    Filoteu, superior

    do

    Convento

    dos

    Pranciscanos,

    e

    ã

    preta

    Maria

    Inãcia,

    que

    me

    prestou

    interessantes

    esclarecimentos

    sobre

    o

    trajo

    das

    baianas

    e a

    decora-

    ção dos

    tabuleiros.

    “Une

    cuisine

    ez une poliresrel

    Gui.

    le:

    deux .tigmes

    de

    vieille

    tivili.‹a¢inri.. ,

    lembro-me

    de

    ter aprendido

    num livro

    francês. É

    justamente

    a

    me-

    lhor

    lembrança

    que

    conservo

    da

    Bahia:

    a

    da

    sua

    polidez

    e a da

    sua

    oozinha.

    Duas

    expressões

    de

    civilização

    patriarcal

    que lã

    se sentem

    hoje como

    em

    nenhuma

    ou-

    tra parte do

    Brasil.

    Foi

    a

    Bahia

    que

    nos

    deu

    alguns

    dos maiores

    estadistas

    e

    diplo-

    matas

    do

    Império;

    e

    os pratos

    mais

    saborosos

    da

    cozinha

    brasileira

    em lugar

    ne-

    nhum

    se preparam

    tão

    bem

    como

    nas velhas

    casas

    de

    Salvador

    e

    do

    Recôncavo.

    Realizados

    os cursos

    que

    por iniciativa

    do

    Professor

    Percy

    Alvin

    Martin

    me

    foram

    conados

    na

    Universidade

    de

    Stanford-

    um

    de conferências,

    outro

    de

    lerninãrio,

    cursos que

    me

    puseram

    em

    contato

    com

    um

    grupo de estudantes,

    mo-

    ças

    e rapazes,

    animados

    da

    mais

    viva curiosidade

    intelectual

    -

    regressei da

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    5/19

    Califórnia

    a

    Nova

    iorque por

    um

    caminho novo para mim:

    através do Novo Me- Eta como

    se

    tudo

    dependesse

    de

    mim

    e dos

    de

    minha

    geração;

    da nossa maneira

    xico, do

    Arizona,

    do Texas; de

    toda uma

    região

    que ao

    brasileiro

    do

    Norte

    recorda, de

    resolver questões seculares.

    E dos problemas

    brasileiros,

    nenhum

    que

    me

    in-

    nos seus trechos

    mais acres, os nossos sertões ouriçadosde

    mandacarus

    e

    de

    xiquc› quietasse

    tanto

    oomo o

    da

    miscigenação.

    Vi uma

    vez, depois

    de

    mais

    de três anos

    xiques.

    Descampados

    em que a vegetação parece uns enormes cacos

    de

    garrafa,

    de

    ` maciços de

    ausência

    do Brasil,

    um

    bando de

    marinheiros nacionais

    -

    mulatos

    e

    um

    verde duro,

    às vezes

    sinistro,

    espetados

    na areia

    seca.

    cafuzos- descendo

    não

    me

    lembro

    se do São

    Buda

    oudo Mina:

    pela

    neve mole

    Mas

    regressando

    pela

    fronteira mexicana, visava menos

    a

    esta sensação de

    de

    Brooklyn.

    Deram-me

    a impressão

    de

    caricaturas

    de homens. E

    veio-me

    à lem-

    paisagem sertaneja

    que

    a

    do

    velho Sul

    escravocrata.

    Este

    se

    alcança

    ao

    chegar

    o

    brança

    a

    ase de

    um livro

    de

    viajante

    americano

    que

    acabara

    de

    ler

    sobre

    o

    Brasil:

    Lranscontinental

    aos canaviais

    e

    alagadiços da

    Luisiana,

    Alabama, Mississipi, as

    “thernrƒidly

    mongrel

    upon

    of

    mar

    oƒrhepopulaiíøn”.

    A

    miscigenação

    resultava

    Carolinas,

    Virgínia

    -

    o chamado “deep South . Região

    onde

    o regime

    patriarcal

    naquilo.

    Falmu-nie

    quem

    me dissesse

    então,

    como

    em l929

    Roquette-Pinto

    aos

    de economia criou quase

    o mesmo

    tipo de aristocrata e de

    casa-grande, quase

    o arianistas do Congresso

    Brasileiro

    de

    Eugenia,

    que

    não

    eram

    simplesmente

    mula-

    mesmo tipo

    de

    escravo

    e de

    senzala

    que no norte

    do

    Brasil e em

    certos

    trechos do nos ou

    caiiizos

    os indivíduos

    que

    eu julgava

    representarem

    0

    Brasil,

    mas

    cafuzios

    e

    sul; o mesmo gosto

    pelo sofá,

    pela cadeira de balanço, pela boa cozinha,

    pela mu-

    mulatas

    doentes.

    lher,

    pelo cavalo, pelo jogo; que

    sofreu, e

    guarda as

    cicatrizes,

    quando não

    as feri- Foi

    o

    estudo

    de

    Antropologia

    sob

    a orientação

    do

    Professor

    Boas

    que primei-

    das abertas,

    ainda

    sangrando, do mesmo regime devastador

    de

    exploração

    agrária rome

    revelou

    o

    negroe

    o

    rnulato

    no seu justo

    valor-

     eparados

    dos traços

    de

    raça

    _-

    o fogo,

    a derrubada,

    a coivara, a “lavoura parasita da

    naturcza ,¡

    no

    dizer de os

    efeitos do ambiente ou

    da

    experiência

    cultural. Aprendi

    a

    considerar

    funda-

    Monteiro

    Baena referindo-se

    ao

    Brasd. A rodo

    estudioso da

    formação

    patriarcal

    e

    mental

    a diferença

    entre

    raça e

    cultum;

    a discriminar

    entre

    os

    efeitos

    de

    relações

    da

    economia escravocrata

    do

    Brasil

    impõe-se o

    conhecimento do

    chamado “deep

    puramente

    genéticas

    e os de

    influências

    sociais,

    de herança

    cultural

    e

    de meioi

    South”.

    As

    mesmas

    influências

    de

    técnica

    de

    produção

    e

    de

    trabalho

    -

    a

    Neste

    critério

    de

    diferenciação

    fundamental

    entre

    raça

    e

    cultura

    assenta

    todo o

    monocultura

    e a escravidão~ uniram-se naquela

    parte

    iriglesa

    da

    América como plano

    deste ensaio.

    Também

    no

    da

    diferenciação

    entre

    hereditariedade

    de raça

    e

    nas

    Antilhas e em

    Iamaica,

    para

    produzir

    resultados

    sociais semelhantes aos que hereditariedade

    de

    familia.

    se verificam

    entre

    nós. As

    vezes

    tão semelhante

    que

    varia

    o acessório: as

    diferen-

    Por menos

    inclinados

    que

    sejamos

    ao

    materialismo

    histórico,

    tantas

    vezes

    ças de língua, de raça e de forma de

    religião.

    exagerado

    nas suas generalizações

    -

    principalmente

    em trabalhos

    de

    sectarios

    e

    Tive

    :i

    fortuna

    de realizar pane

    da

    minha excursão pelo

    sul dos Estados

    Uni- ianaticos-

    temos

    que admitir

    influência

    considerável,

    embora

    nem

    sempre

    pre-

    dos na

    companhia de

    dois

    antigos colegas

    da

    Universidade

    de

    Colúmbia - ponderante, da tecnica

    da produção

    econômica

    sobre

    a

    estrutura

    das sociedades;

    Riiediger Bilden e

    Francis

    Butler Simkiris. O primeiro vem se

    especializando

    com

    na

    caracterização

    da

    sua

    fisionomia

    moral.

    É uma

    influência

    sujeita

    ã reação

    de

    o rigor

    e

    a

    fleuma de sua cultura germânica

    no estudo

    da

    escmvidão na

    América,

    outras; porém

    poderosa

    como

    nenhuma

    na capacidade

    de aristocratizar

    ou de de-

    em geral, e no

    Brasil,

    em

    particular;

    o

    segundo,

    no estudo

    dos

    efeitos da

    abolição ttiocratizar as sociedades;

    de

    desenvolver

    tendências

    para

    a poligamia ou

    a

    nas

    Carolinas,

    assunto

    que

    acaba

    de

    fixar

    em

    livro

    interessantissimo, escrito

    de

    nionogatnia;

    para

    a

    estratificação

    ou

    a

    mobilidade.

    Muito

    do

    que

    se

    supõe,

    nos

    colaboração

    com

    Robert

    Hilliard Woody: South Carolina

    During

    Reconmnion

    estudos

    ainda

    tão

    flutuantes

    de eugenia

    e de

    cacogenia,

    resiiltado

    de traços

    ou

    (Chapel Hill, 1932). Devo aos

    meusdois

    amigos, principalmente a

    Ruedigerl ilden,

    tiras hereditárias

    preponderando

    sobre

    outras

    influências,

    deve-se

    antes

    associarã

    sugestões

    valiosas para

    este

    traballio; e

    ao seu

    nome

    devo

    associar

    o de

    outro cole-

    pe-rsigrênziz, zu-zvés

    de

    gerações, de

    condições econômicas

    e sociais, favoráveis ou

    ga, Ernest

    Weaver,

    meu

    companheiro de

    estudos de Antropologia

    no

    curso

    do desfavoráveis no desenvolvimento

    humano.

    Lembra

    Franz

    Boas

    que, admitida a

    Professor Franz

    Boas.

    possibilidade da eugenia

    eliminar

    os elementos

    indesejáveis

    de

    urna

    sociedade,

    a

    O

    Professor

    Franz

    Boas

    É

    a

    figura

    de mestre de

    que

    me ficou

    até

    hoje maior

    iglzção

    eugenia; deixaria

    de

    suprimir

    as condições sociais responsáveis

    pelos

    pro-

    impressíio.

    Conheci-tt

    nos

    meus

    primeiros

    dias cm Colúmbia.

    Creio

    que nenhum lzm-izdm

    mim-Áveis _

    gente doente e

    mal nutrida; e persistindo tais condições

    estiithnte

    russo, dos rottiítiiticns,

    do

    século

    XIX,

    preocupou-se mais

    intensamente

    w¢¡¡¡;, ¿¢ nçwo

    g fmmzrinm

    os

    mesmos

    pmletai-iados.1

    pelos dest nt-

    ts

    ‹l.i

    |it't‹~|.|

    tl‹›

    t¡nz.~

    eu

    |i‹-Io» do

    lim-il

    na

    fase

    em

    que conheci

    Hu.

    No

    g,¡¡¡|' u

    ,,|¡¡¿,,

    cum 0,

    bmw),

    , ,,

    faça,

    de co,

    fomm¿,S¿,

    3 pm-¡¡¢¡_

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    6/19

    41

    Á

    ra metade

    do século

    XVI

    coirdicionadas,

    de

    um

    lado pelo

    sistema

    de

    produção

    m_

    mms

    vezes

    55° ¡¿¡-ibufdas

    5

    m¡¡¢¿gm¡¡5°_

    Emm

    num;

    ¡¡¡¡l¢5,

    O mm

    sup,-¡_

    É

    conômica

    -

    a monocultura

    latifundiária;

    do

    outro, pela

    escassez

    de

    mulheres

    rnento

    de víveres

    frescos,

    obrigando

    grande

    parte

    da

    populaçao

    ao

    regime

    de

    de

    rancas,

    entre

    os

    conquistadores.

    O

    açúcar

    não

    abafou

    as

    indústrias

    democrãti-

    eiêi-r¢i¡

    alimentar

    earurei-izadi,

    pelu

    nbuy;

    dopeixe

    sem

    C de

    farinha

    de ma¡¡di0¢¡

    cas

    de pau-brasil

    e

    dc peles,

    como

    esterilizou

    a terra,

    numa

    grande

    extensão

    em

    (3que

    depois

    se

    juntou

    a

    carne

    de charque);

    ou

    entãoao

    incompleto

    e

    perigoso,

    de

    olta

    aos

    engenhos

    de cana,

    para os

    esforgos

    de

    policrdtura

    e de

    pecuária

    E exigiu

    gêneros

    importados

    em

    condições

    péssimas

    de

    transporte,

    tais

    como

    as que

    preoe-

    ma

    enorme

    rrrassa

    de

    cscravos.Acriação

    de

    gado, com

    possibilidade

    de

    vida

    demo-

    deram

    a navegação

    a vapore

    o

    uso,

    recentissimo,

    dc câmaras

    frigoricas

    nos

    vapo-

    rática,

    deslocou-se

    para

    os

    sertões.

    Na

    zona

    agrária

    desenvolveu-se,

    com

    amonD‹

    res.

    A

    importância

    da

    hiponutrigão,

    destacada

    por

    Armitagef

    McCollurn

    e

    ultura

    absorvente,

    uma

    sociedade

    semifeudal

    ~

    uma

    minoria

    de

    brancos e

    Sinirnundgl

    e

    meenrernente

    par

    Esçudemƒ

    da furne

    çrôniez,

    originada

    não

    tanto

    rancarões

    dominando

    patriarcais,

    polígamos,

    do

    alto das

    casas-grandes

    de pedra

    da redução

    em

    quantidade

    como

    dos

    defeitos

    da

    qualidade

    dos alimentos,

    traz

    a

    cal,

    não

    os escravos

    criados

    aos

    magotes

    nas senzalas

    como

    os lavradores

    de

    prubleinzs

    indisiintzrnente

    chamado;

    de “decadência”

    ou

    “inferioridade”

    de

    ta-

    r

    partido,

    os

    agregados,

    moradores

    de casas

    de

    taipa

    e

    de

    palha*

    vassalos

    das

    casas-

    ças,

    novos

    aspectos

    e,

    graças

    a Deus,

    maiores

    possibilidades

    de solução.

    Salim.

    randes

    em

    todo o

    rigor

    da

    expressão.”

    iam-se

    entre

    as

    conseqüências

    da

    hiponutrição

    a

    diminuição

    da

    estatura,

    do

    peso

    encedores

    no sentido

    militar

    e técnico

    sobre

    as

    populações

    indígenas;

    edo

    perímetro

    torácica;

    deformações

    esquelêticas;

    descalcicação

    dos

    dentes;

    in.

    ominadores

    absolutos

    dos negros

    importados

    da

    África

    para o

    duro trabalho

    da

    suciências

    cirúidea,

    hiposária

    e

    gonadial

    provocadoras

    da

    velhice

    prematura,

    agaceira,

    os

    europeus

    e

    seus

    descendentes

    tiveram

    entretanto

    de transigir

    com

    fertilidade

    ein

    geral

    pobre,

    apatia,

    não

    mm

    infezundidnde,

    Exatamente

    0; traço;

    ndios

    e

    africanos

    quanto

    às relações

    genéticas

    e

    sociais.

    A escassez

    de

    mulheres

    de

    vidn egtéril

    e

    de sieg

    inferiur

    que

    geralmente

    se

    asseizinrn

    às

    5ub.rzç;,i¡;

    au

    rancas

    criou

    zonas

    de

    confraternização

    entre vencedores

    e vencidos,

    entre

    senho-

    sangue

    nnilditu

    das

    enzrnndzs

    “mens

    inferiuregã

    Não

    se

    devem

    esquecer

    outra;

    l S

    E ÊSUBVOS-

    Sem

    dfílfem

    de

    sff

    ffla

     

    õs

    _

    35

    4105

    ÊWWJS

    mm

    35

    mlhefes

    de

    influências

    sociais

    que

    aqui

    se

    desenvolveram

    com

    o

    sistema

    patriarcal

    e

    or

    -

    de

    “superiores”

    com

    “inferiores”

    e, no

    maior

    número

    de casos,

    de

    senhores

    ugerzvueratn

    de mlonizaçãoz

    a sífilis,

    porexemplo,

    responsável

    pornantos

    dos

    “mu.

    esabusados

    e

    sërdicos

    com

    escravas

    assivas,

    ado aram‹se,

    entretanto,

    com

    a

    ne-

    lztus

    dnentes”

    de

    ue fula

    uettz.Pintu

    e

    3 ue

    Ruedi

    Bilden

    atribui

    ande

    l

    Cl

    EC

    Ef

    essidade

    experimennada

    por

    muitos

    colonos

    de constituírem

    família

    dentro

    des-

    rmpgrtânein

    nn

    estudo

    da

    forrnnçãu

    brasileira,

    sas

    circunstâncias

    e sobre

    essa base.

    A miscigenação

    que largamente

    se

    praticou

    A inmçãu

    pari-inreal

    do Brasil

    expliezuge,

    tzintu

    nn;

    suas

    virtude;

    wmu

    nn;

    qui

    corrigiu

    a

    distância

    social

    que

    doutro

    modo

    se teria

    conservado

    enorme

    entre

    seus

    defeitos,

    menos

    em

    mrmos

    de

    “raça” e

    de “religião”

    do que

    em

    termo;

    ewnô.

    casa-grande

    e a mata

    tropical;

    entre

    a casa-grande

    e a

    senzala.

    O que a

    micos,

    de experiência

    de

    culturaedeorganizaçãodafamia,

    que

    foi

    aquia unida.

    onocultura

    latifundiãria

    e

    escravocrata

    realizou

    no sentido

    de aristocrarização,

    de

    eulunizadora,

    Economia

    e organização

    social

    que às

    vezes

    wntrariaram

    não

    xtremzrndo

    a

    sociedade

    brasileira

    em

    senhores

    e

    escravos,

    com uma

    rala e insigni-

    ,ir

    mural

    sexual

    ezuliea

    como

    as

    tendencias

    semitas

    do

    português

    aventureiro

    para

    icante

    lambujem

    de gente

    livre sanduichada

    entre

    os

    extremos

    antagônicos,

    foi

    ir

    merrancia

    5 O trâçd

    em

    grande

    parte

    contrariado

    pelos efeitos

    sociais

    da miscignação.

    A

    índia

    e a

    ne-

    Spengler

    salienta

    que

    uma

    raça

    nin

    ge

    transpor-tn

    de

    urn

    continente

    3

    outro;

    ra-mina

    a

    princípio,

    depois

    a

    multã.

    0

    ¢l1f0Ch,

    3

    qU¡\d1 3f°2›

    3

    Uífvflii mf

    serra

    preciso

    que

    se transportasse

    com ela

    0 meio

    sico.

    E reoorda

    a

    propósito

    os

    ando-se

    caseiras,

    concubinas

    e até

    esposas

    legítimas

    dos senhores

    brancos,

    agj-

    multados

    dos

    estudos

    de

    Gould

    e de Baxw-_

    C os

    de Boas,

    nu

    sentido

    da |m¡f0rml_

    ram

    poderosamente

    no

    sentido

    de

    democratização

    social

    no

    Brasil.

    Entre

    os

    lhos

    zação

    dz

    rndiz

    de estztrinr,

    do

    oernpu

    mediu

    de

    desenvolvimento

    e

    até,

    possivel-

    mestiços,

    legítimose

    mesmo

    ilegítimos,

    havidos

    delas

    pelos

    senhores

    brancos,

    sub-

    mente,

    a estrutura

    de

    corpo

    e

    da

    ibrma

    de cabeça

    a

    que tendem

    indivíduos

    de

    ividiu-se

    parte

    considerável

    das

    grandes

    propriedades,

    quebrando-se

    assim

    a for-

    vária; PmCed5¡-mas

    rfunidns

    ml,

    ,ii

    mesmas

    condições

    de “meio

    *§¡C0”,Y

    De

    con.

    ga

    das sesmarias

    feudais

    e dos

    latifúndios

    do

    tamanho

    de r=in0S~

    dições

    bioquímica:

    talvez

    mais

    do que

    físicas;

    as modificações

    por

    efeito

    possivel-

    Í-Ígämr

    3 l 00C\-\lf\1f-“I

    lflldiífl

    “W155

    Pmldos

    q“°

    *em 10mProme-

    mente

    de meio,

    veriiicadas

    em

    descendentes

    de

    imigrantes

    -

    como

    nos

    judeus

    Údüz

    3U3Vé5

    de

    §

     

    3§Õ

     

    5›

    3

    f°b“3Í

    5 3

    °fl¿ C¡¿

    da

    P°P“l3§ã°

    bmsllelfl

    “la

    ucilianuse

    alemães

    estudados

    por

    Boas

    nos Estados

    Unidosm-

    parecem

    resultar

    Säúde

    ÍHSÍÊVÊL

    ÍÍWCYU*

    “P¿ 3¡d“d 

    de

     “h“ll“ ›

    “l * l |›

    P“““Íh¡*§õ°5

    de cmxlme

    principzrlmenlc

    du que

    Wrssler

    clrailra

    dc influência

    du bioc/iemíful

    multar.

    Na

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    7/19

     

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    8/19

    “_f

    “f¡l“Íl°l“f“

    Cl”

    °35¡5'§“*“d“3dq“¡fÍ'f¿°5

    C°“l"=m°_5 f°Í

    am”

    “Nfd°§““\

    igrejas é

    qrre têm

    sobrevivido

    às casas~grandes.

    Em Maçangana,

    o

    engenho

    da

    e simplicidade

    fr-ancrscana.

    Fato

    que

    se explica

    pela identidade

    de

    rnçoes

    entre

    me¡¡¡¡¡¡¿-,e

    d¿ Nabuwv

    3 anúga

    c¡$¿_g¡ande

    dcsaparewu;

    esfa¡e¡0u_s¿

    3

    wnzala;

    :ma Casa

    de 5'

     

    h°f

    de =3BBh°

    efum

    °°¡;lV=â¡f°

    :Pim

    de

    ades de 55°

    l

     

    :°¡SC°-

    a capelinha

    antiga

    de São Mateus

    oontinua

    de pe

    com

    os

    seus

    santos

    e as suas

    arquitetura

    jesuirica

    e e igreja oi,

    não

    á úvi a, e

    nistome

    encontro

    inteiro

    ¿¡¡¡mmb¡¡,

    wfd mm

    ÍOSÕ M*'¡¡¡°

    FÍlh°›

    3

    °xPf°55¡°

    mals alla

    e emdlm

    A“1“¡“5“f°

    “°

    O costume

    de

    se enterrarem

    os mortos

    dentro de

    casa

    - na

    capela,

    que era

    Brasil °°l°“¡“l-

    Í““°n°Í°“

    WMWCUW

    3

    da

    °3”'8f““d ~

    Ê“3›

    P°¡ m› *guld

    urna puxada

    da casa

    -

    ê bem

    característico

    do espirito

    patriarcal

    de

    coesão

    de

    55" PfÕPf¡°

    ¡'¡Ím°z

    f“_¡'¡Íd°

    P3U'Í3fC3l›

    C

    ¢XP°f¡¡¡fe“f3f\d°

    lflf

    ¡¡°°°5.5Íd-"ide

    família.

    Os

    mortos

    continuavam

    sob

    o mesmo teto

    que os

    vivos. Entre

    os

    santos

    e

    que

    a puramente eclesiastica

    de adaptar-se

    ao

    mero,

    rndrvrdualrzou-see

    criou ra-

    as oms ¿w°m_

    Sum; e mortos

    emu

    afinal pane

    da

    famm

    Nas

    cmgas de

    mah

    ¡mP°“âl1°¡3 °l“°_3535?"

    d°m1“3_“d*_¡ 3

    ¡“¡l\"Y°¡““'diC°V=¡°

    *Ide 'ST'-'Il

    acalanto

    portuguesas

    e brasileiras

    as

    mães

    não

    hesiraram

    nunca

    em fazer

    dos seus

    $“el?l\;¡\d°'ll;¡°

    É f°[§°

    1°5“l¡;Ê]°›

    Ê

    \'°m°äd¡fl|;°3P::'^°l“

    ãilfsa

    d°:°›

    lhinhos

    uns

    irmãos mais

    moças

    de

    Iesus,

    com

    os mesmos

    direitos

    aos

    cuidados

    ,Um °› 5"   V¡°n

    ° em

    Ca 3 ffge

    0-

    PW

    “Cla 3

    1 3930 °m

    if'

    de

    Maria,

    às vigílias

    de

    Iosé,

    às paterices

    de

    vovó

    de Sant'Ana.

    A São

    José

    encarre-

    t:;a¿Í;:é:s:;gi;:;:

    Í ëagâ

    ga-se

    com a

    maior sem-cerimônia

    de

    embalar

    o berço

    ou a

    rede

    da criança:

    plo.

    Nadamais

    interessante

    que certas igrejas

    do interior

    do Brasil com alpendre

    na frente ou

    dos

    lados

    como

    qualquer

    casa

    de

    residência.

    Conheço várias

    - em

    Embah' I°s¿' embala'

    Pemambuco,

    na Paraíba,

    em São

    Paulo.

    Bem

    característica

    6 a

    de

    São

    Roque

    de

    cpf:

    3 senhora

    1930 Vem:

    Serinhaérn.

    Ainda

    mais:

    a capela do engenho

    Caieiras, em Sergipe,

    cuja

    fisionomia

    fc”

    lava'

    seu

    °“e"mh°

    6

    inteiramente doméstica

    E

    em

    São Paulo,

    a

    igrejinha

    de

    SãoMiguel, ainda

    dos

    “°

    rl“°h°

    de

    Belém'

    mmpos

    C°l°“¡¿¡5'

    E

    a

    Sant'Arra de

    ninar

    os

    meninozinhos

    no oolo:

    A

    casa-grande

    venceu no Brasil

    a

    Igreja,

    nos impulsos

    que

    esta a

    princípio

    manifestou

    para

    ser a dona

    da

    terra.

    Vencido

    o jesuíta,

    o

    senhor

    de engenho

    cou

    dominando a

    oolõnia

    quase

    sozinho.

    O

    verdadeiro

    dono

    do

    Brasil. Mais

    do

    que

    os

    Se“h°m Sam,Am›

    vice-reis

    e

    os

    bispos.

    “mal

    mim"

    mm;

    A forçaconcentrou-se

    nasmãos

    dos

    senhores

    nrrais. Donos

    das

    terras.

    Donos

    "de

    *We lidez

    dos homens.

    Donos das

    mulheres.

    Suas

    casas

    representam

    esse imenso

    poderio

    C

    que mamvllha'

    fcudal.

    “Feias e fortes."Paredes

    grossas.

    Alioeroes

    profundos. Óleo

    de

    baleia. Refe-

    re uma

    tradição nortisna

    que um

    senhorde

    engenhomais

    ansioso

    de per-petuidade

    Esta

    mmlm

    não

    se

    conteve:

    mandou matar

    dois

    escravos

    e

    enterrâ-los

    nos

    aliceroes

    da

    casa.

    O

    “¡°

    d°““°

    na

    “mai

    suor

    e

    às

    vezes

    o

    sangue dos

    negros foi o óleo

    quemais do que o

    de baleia aiudou

    d°m'^°

    “°

    “E390

    a dar

    aos alicerces

    das

    casas-grandes

    sua

    consistência

    quase

    de fortaleza.

    da

    Senhma

    Sa“¡'A¡13<

    Onëôgêczfárfnoƒinàj

    31:'

    If;

    rfíähêsí

    a:°J:“§:ilnl¿:lnÍz°;;:Ê

    95:

    503:;

    E

    tinha-se

    tania

    liberdade

    com

    os santos

    que era a eles

    que se confiava

    a

    geraí

     

    o,

    casas

    enormes

    ediacídas

    para atravessaí

    séculos

    comcçaraiira

    a

    esfgrelar-

    guarda

    dis “mn”

    de doce

    e

    dc

    melada

    comu as

    formigas:

    se de

    podres por abandono

    e falra de conservação.

    Incapacidade

    dos bisnetos ou

    mesmo

    netos para

    conservarem

    a

    herança

    ancestral.

    Vêem‹se

    ainda

    em

    Remambuoo

    Em l°“V°f

    55°

    B°"l°

    as

    ruínas

    do

    grande

    solar

    dos

    Barões de

    Mercês;

    nesre até

    as

    cavalariças

    tiveram

    qm

    ¡°

    Vmhm

    as f°fmlE“

    alicerces

    de ibrraleza. Mas

    roda essa glória

    virou

    monturo.

    No m de conrau as

    C5 dem”-

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    9/19

    escrevia-se

    num papelque

    se deixava

    à

    portado guarda-comida.

    E em

    papéis que de

    engenho

    apmundo

    :manhas '_

    do

    Padre?

    se gmdawm às lindas Ê às portas: nossos, ave-marias, gemendo lamentações, indicando lugares com botijas

    de di-

    Iesus,

    Maria, Iosé, nheiro. Às vezes

    dinheiro dos outros

    de que

    os senhores

    ilicitamente se haviam `

    rogai por nós

    que recorremos a vos.

    apoderado.

    Dinheiro

    que compadres,

    viúvas e

    até escravos lhes tinham

    entregue

    para guardar.

    Sucedeu

    muita

    dessa

    gente

    car sem

    os seus valores e

    acabar

    na

    d

    d

    t .

    ,

    . .

    ,

    . . .

    Quan O sk “dia

    de

    al' uma escura' uma mocdmha' *nm _AmÔm° misena devido

    a

    esperteza ou

    a

    morte

    subita

    do depositário.

    Houve

    senhores

    sem

    desse

    conta do objeto

    perdido.

    Nunca

    deixou

    de

    haver

    no patnarcalismo

    brasilei-

    ul

    .

    d

    al rd

    .

    d

    .

    d

    uh

    '

    d mais ue no ortu Ês erfeita intimidade com os santos O Menino se P os que, ami” O V

    mes

    para gua ar) npmmlse epms e :sua os c

    ro'

    am

    ,a q

    P

    gn

    ' P '

    desentendidos:“Vocêestá maluco? Deu-me lã alguma cousa para guardar? Muito

    Íesus

    so

    faltava

    engatinhar com os meninos

    da

    casa; lambuzar-se

    na

    goleia de

    . . _ .

    _

    _ .

    dinheiro enterrado sumiu-se

    misteriosamente.

    Ioaquim Nabuco, cnado

    por

    sua

    araça ou

    goiaba;

    bnncar

    com os

    muleques_ As freiras

    portuguesas, nos seus êxta- .

    _

    madrinha na casa-grande

    de

    Magangana, morreu

    sem

    saber que destmo tomara a

    ses, sentiam-no muitas vezes

    no

    colo

    bnncando com as

    costuras

    ou provando dos

    1

    .da 1 b uh 1 da I

    ourama para

    e e

    reuni

    pe a oa

    se ora,

    e provave mente

    enterra

    em

    a

    gum

    oceäb al, desvio de parede.

    ministro em Londres, um padre

    velho falou-lhe do tesouro

    aum

    os :“mS_e_mdi-Za Os _vw°s

    íçñvamfdnz

    Íflma

    lzamzfc

    os que

    Dona

    Ana Rosa juntam

    para o

    alhado querido. Mas nunca

    se encontrou

    “mms” jgoveman O C “gun O mais pos: ve 3 Vl a os °sÍ ne

    os”

    lsn_e os' uma libra sequer. Em várias casas-grandes da Bahia, de Olinda, de Pemambuco

    Em

    muita casa-grande conservavam-se

    seus

    retratos no

    santuãno,

    entre as

    ima-

    . _

    ._

    _ _ _

    se

    têm encontrado, em demolições ou escavaçoes, botqas de dinheiro.

    Na

    que foi

    gens

    dois santos, com direito à mesma luz votiva de lamparina de azeite e às

    mes- dos Pim:

    d,Ávüa Pim de carvalho, Bahia, achowse, de l

    mas

    ores

    devotas.

    Também

    se

    conservavam

    às

    vezes

    as tranças

    das

    senhoras,

    os

    de, ,verdadeira fo moedas de aum .

    Naum: des só

    tem

    cachos dos

    meninos

    que

    morriam

    anjos. Um

    culto doméstico dos mortos que

    lem-

    descncavado do chão

    ossos de

    escravos, justiçadospelos senhores

    e mandados

    en

    ra O os

    magos

    gregos e m_ma' °s'_ terrar

    no quintal, ou

    dentro

    de

    casa, ã revelia das

    autoridades.

    Conta-se

    que

    o

    Mas a

    casa‹grande

    patriarcal

    nao

    foi apenas fortaleza,

    capela,

    escola,

    ocioa, . _ _

    Visconde de Suaçuna,

    na

    sua

    casa-grande

    de

    Pombal,

    mandou

    enterrar

    no iardim

    santa

    casa,

    harém, convento de moças, hospedana. Desempenhou outra

    função

    mais

    de suphciado ordem de

    Suiusüça patriarcal

    Não É de

    ¡dm¡_

    im :tante na economia

    brasileira:

    foi

    também banco.

    Dentro das suas grossas _

    P0 rar.

    Eram senhores,

    os

    das casas-grandes,

    que mandavam matar

    os própnos

    lhos.

    paredes, debaixo

    dos

    tijolosgou mosaicos,

    no

    chão,

    enterrava-se dinheiro, guarda- um desm

    Patriarcas,

    Pedro vieira, já avô,

    descobm

    Bum mantinha

    vam-se `óias ouro valores. As vezes rdavam-se

    ôias

    nas ca elas enfeitando os _ _ _

    _

    _ _

    I ' '

    '

    relaçoes com a

    muoama de

    sua predileçao mandou

    mata lo pelo irmao

    mais ve

    _

    santos.

    Dai

    Nossas Senhoras

    sobrecarregadas ã

    baiana

    de tetéias, balangandãs,

    lho. “como Deus foi servido mandasse

    Enio:

    corações,

    cavalinhos,

    cachorrinhos

    e correntes

    de ouro. Os ladrões, naqueles tem- padre madjumr dt Canavíeka depoís de cumpñda ordem terñww

    pos

    piedosos, raramente

    ousavam

    entrar

    nas Capelase roubar os santos. E

    verdade

    Também

    fmdes

    desempenharam

    funções

    de

    banqueiros mk*

    um

    bo o le

    dor

    e

    outras

    das

    de São

    Benedito'

    mas

    sob

    o retexto

    _ _ _ _ _

    que

    mu u CSP n

    l i °

    P '

    mais. Muito

    dinheiro se deu para guardar

    aos li-ades

    nos seus conventos”

    duros

    e

    Ponderávd

    Para

    a epoca”

    de

    que “negro

    não

    devia

    ter wmv'

    Cum efeito' chegou a inacessíveis como

    fortalezas. Daí

    as lendas, tão comuns no Brasil,

    de

    subterrâneos

    proibir-se nos tempos coloniais, o uso de “ornaros de

    algum

    luxo” pelos

    negros.*.7 de dinheiro

    ainda dexntemh Mas foram Principalmente

    Por segurança

    e

    precaução wnm

    os corsários' contra os excessos

    demagógl'

    casas

    grandes

    que

    fizeram de bancos na economia

    colonial'

    e são

    quase

    sempre

    co

    o tra as te

    cia

    comunistas dos ind enas e dos africanos os andes _

    S'

    c_

    “_ n n S lg, ' gi' almas

    penadas

    de

    senhores

    de engenho

    que aparecem

    pedindo padres-nossos

    e

    proprieranos,

    nos

    seus

    zelos

    exagemdos

    de pnvativismo,

    enterraram

    dentro

    de casa mma

    as jóias e o

    ouro

    do mesmo modo que os mortos

    queridos.

    Os

    dois

    fortes

    motivos

    '

    _ _

    Os

    mal-assombrados

    das casas-grandes

    se manifestam por

    visagens

    e ruídos

    das

    casas-grandes acabarem

    sempre

    malassombradas

    com cadeiras

    de

    balanço

    se _ .

    que são quase os mesmos por rodo

    o

    Brasil.

    Pouco antes

    de desaparecer,

    estupida-

    halan imdo s izinhas sobre ti`‹›l‹›s soltos ue de manhã nin ém encontra;

    com _ _

    ,

    _

    Ç

    i l q gn

    mente

    dinamitada,

    a

    casa-grande

    de Megaípe, tive ocasião

    de recolher, entre os

    - ~ _ l ~ - i

    V

    f ;

    1 d

    h -

    _ _

    _

    arulho

    de pmuis

    e copm

    utendu de

    noite

    nos

    aparadores com

    a mas

    e

    :en n mondum dm lmdmgh hmm”

    de

    ummbmçõn hindu velho whrdo saw

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    10/19

    lo

    XVII.

    Eram

    barulhos

    de louça

    que

    se ouviam

    na sala

    de

    jantar;

    risos

    alegres

    de

    zação mais estável

    na

    América hispãnica;

    e esse

    tipo

    de civilização,

    ilustra-o a

    dança na

    sala de

    visira;

    tilintar

    de espadas;

    ruge-ruge

    de

    sedas

    de mulher;

    luzes arquitetura

    gorda,

    horizontal, das

    casas-grandes.

    Cozinhas

    enormes;

    vastas

    salas

    que se

    acendiam

    e se

    apagavam

    de

    repente

    por toda

    a

    casa;

    gemidos;

    rumor de

    de jantar;

    numerosos

    quartos para lhosehóspedes;

    capela;

    puxadas

    para

    acomo-

    eorrentes

    se

    arrastando;

    choro de

    menino;

    fantasmas

    do tipo

    cresce-míngua.

    As-

    rlação

    dos

    filhos casados;

    camarinhas

    no centro para

    a reclusão quase

    monásrzica

    sombrações

    semelhantes

    me informaram

    no

    Rio

    de

    Ianeiro

    e

    em São

    Paulo

    povoar

    das moças

    solteiras;

    gineceu;

    copiar;

    senzala. O estilo das casas-grandes

    - estilo

    os restos

    de casas-grandes

    do

    vale

    do

    Paraíba.

    E no

    Recife,

    da

    capela

    da

    casa-

    no sentido spengleriano-pode

    ter sido

    de

    empréstimo; sua

    arquitetura,

    porém,

    grande

    que

    foi de Bento

    Íosé

    da Costa,

    assegura-me

    um

    antigo

    morador

    do sítio

    toi

    honesta e

    autêntica.

    Brasileirinha

    da silva.

    Teve alma.

    Foi

    expressão

    sincera

    das

    que

    roda

    noite,

    â

    meia-noite,

    costuma

    sair

    montada

    num

    burro,

    como

    Nossa

    Se-

    necessidades, dos interesses,do largo ritmo

    de

    vida

    patriarcal que

    os

    proventos

    do

    nhora,

    uma

    moça muito

    bonita,

    vestida

    de branco.

    Talvez a

    filha

    do velho Bento

    açúcar e o

    trabalho eciente

    dos negros tornaram

    possível.

    que ele

    por

    muito

    tempo

    não

    quis que

    casasse

    com Domingos

    Iosé

    Martins

    igin- Essa

    honestidade,

    essa

    largueza sem luxo das casas-grandes,

    sentiram-na vá-

    d â tirania

    patriarcal.

    Porque

    os mal-assombrados

    costumam

    reproduzir as

    ale.

    nos dos

    viajantes

    estrangeiros

    que

    visitaram

    o

    Brasil

    colonial. Desde Dampier

    a

    grias,

    os sofnmentos,

    os gestos

    mais

    característicos

    da

    vida

    nas

    casas-grandes.

    Maria

    Graham.

    Maria

    Graham iioou encantada

    com as casas de

    residência

    dos

    Em

    contraste

    com

    o

    nomadismo

    aventureiro

    dos

    bandeirantes

    _

    em sua

    arredores

    do Recife e com

    as

    de

    engenho, do Rio de

    Ianeiro;

    a impressionoumal

    maioria

    mestiços

    de brancos

    com

    indios_

    os

    senhores

    das

    casas-grandes

    repre‹ ‹› número excessivo

    de gaiolas de papagaio e

    de

    passarinho penduradas

    por

    toda

    sentaram

    na

    formação

    brasileira

    a tendência

    mais

    caracteristicamente

    portuguesa,

    parte. Mas

    estes

    exageros

    de gaiolas

    de papagaio animando

    a vida

    de

    famia do

    isto é,

    pé-de-boi,

    no sentido

    de estabilidade

    patriarcal.

    Estabilidade

    apoiada

    no que

    hoje se chamaria

    oor

    local; e os

    papagaios

    tão

    bem-educados,acrescenta

    Mrs.

    açúcar

    ltlngenho)

    e n0

    negro

    (senzala).

    Não

    que

    estejamos

    a

    sugerir

    uma inter-

    Graham, que raramente

    gritavam

    ao

    mesmo

    tempo.”

    Aliás, em

    matéria

    de

    pretação

    étnica

    da

    formação brasileira

    ao

    lado

    da

    econômica. Apenas

    acrescentan- domesticação

    patriarcal

    de

    animais,

    d'Assier observou

    exemplo

    ainda

    mais ex-

    do

    a um

    sentido

    puramente

    material,

    marxista,

    dos

    fatos, ou

    antes,

    das

    tendências,

    pressivo: macacos tomando

    a bênção

    aosmuleques do

    mesmo

    modo que

    estes

    aos

    um

    sentido

    psicológico.

    Ou psicosiolõgico.

    Os

    estudos

    de

    Cannon,

    por

    um lado,

    negros

    velhos e

    os negros

    velhos

    aos

    senhores

    brancos.”

    A

    hierarquia das

    casas-

    e, por outro,

    osde

    Keith”

    parecem

    indicar

    que

    atuam

    sobre

    as sociedades,

    como

    grandes estendendo-se

    aos papagaios e aos macacos.

    sobre

    os individuos,

    independente

    de pressão

    econômica,

    forças

    psicosiológicas,

    A

    casa-grande, embora

    associada

    particularmente ao engenho de

    cana,

    ao

    suscetíveis,

    ao

    que

    se supõe,

    de

    controle

    pelas futuras

    elites

    cientificas-

    dor,medo,

    patriarcalismo

    nortista, não se deve

    considerar

    expressão exclusiva

    do açucar, mas

    raiva-ao

    lado

    das

    emoções

    de

    fome,

    sede,

    sexo.

    Forças

    de

    uma

    grande

    intensida-

    da monocultura escmvocrata

    e latifundiária

    em geral:

    criou-a no Sul

    o

    café

    tão

    de

    de

    repercussão.

    Assim,

    o

    Islamismo,

    no seu

    furorimperialista,

    nas

    formidáveis

    brasileiro

    como no

    Norte o

    açúcar.

    Percorrendo-se

    a

    antiga

    zona

    fluminense

    e

    realizações,

    na

    sua exaltação

    mística

    dos prazeres

    sensuais,

    terá

    sido não

    só a ex-

    paulista dos cafezais, sente-se,

    nos

    casarões

    em ruínas, nas terras

    ainda

    sangrando

    pressão de

    motivos

    econômicos,

    como

    de forças

    psicológicas

    que

    se

    desenvolve-

    das derrubadas

    e

    dos

    processos de lavoura latifundiária,

    a

    expressão

    do

    mesmo

    ram

    de modo

    especial

    entre

    populações

    do

    Norte

    da

    África.

    Do mesmo

    modo,

    o

    impulso econômico que

    em

    Pemambuco criou

    as

    casas-grandes

    de Megaípe, de

    movimento

    das

    bandeiras

    -

    em que

    emoções

    generalizadas

    de

    medo

    e

    raiva se

    Anjos,

    de

    Noruega,

    de

    Monjope,

    de

    Gaipió,

    de Morenos; e devastou

    parte consi-

    teriam

    afirmado

    em reações

    de

    superior

    combatividade.

    O português

    mais puro,

    derãvel da regiao

    chamada

    “da

    mata .

    Notam-se, e certo, variaçoes devidas

    umas

    que

    Sc xou

    cm

    senhor

    de engenho,

    apoiado antes no

    negro do que no

    índio,

    a diferenças

    e

    clima,

    outras a contrastes

    psicológicos

    e

    ao

    fato

    da

    monocultura

    representa

    talvez,

    na

    sua tendencia

    para

    a estabilidade,

    uma especialização

    psico‹

    latifundiâria ter

    sido, em São Paulo, pelo menos,

    um regime

    sobreposta,

    no

    m

    do

    lógica

    em contraste

    com

    a

    do

    Indio

    e a

    do

    mestiço de

    índio com

    portugues

    para

    a seculo

    XVIII, aoda

    pequena propriedade.” Não

    nos

    deve passar

    despercebido

    o

    mobilidade.

    Isto sem

    deixarmos

    de

    reconhecem

    fato

    de que

    em Pernambuco

    e

    no

    fato

    de

    que

    “enquanto os habitantes

    do Norte

    procuravam

    para habitações os

    lu-

    Recôncavo

    a

    terra

    se apresentou

    excepcionalmente

    favorável

    para

    a cultura

    inten-

    gates

    altos, os

    pendores das serras,

    os

    paulistas, pelo comum, preferiam

    as

    baixa-

    sa do

    açúcar

    e para a

    estabilidade

    agrária

    e patriarcal.

    das, as

    depressões

    do

    solo

    para ri edificação

    de suas vivendas [....]”.

    Eram

    casas,as

    A

    verdade

    6

    que

    em torno

    dos

    senhores

    de

    engenho

    criou-se

    o

    tipo

    de

    civili- paulistas, “sempre

    construídas

    cm terreno íngrcme, de forte plano inclinado, pro-

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    11/19

    do hrimnesas e viscondessas,

    satisl iziam-se em contar os

    segredos

    aopadre confessor

    tegldas

    d° V°m°

    5“ l›

    de m°d°

    Cm”

    ldd°

    de baixe

    °

    Pfédm

    tinha

    um anda

    ‹- Zi

    mucama

    de estimação;

    e a

    sua tagarelice

    dissolveu‹se

    quase

    toda

    nas conversas

    ¡e“°°› °

    que me da

    des” lad°

    apafêdcla

    de 5°b d°”

    sumfeende*

    ms casa

    com

    as pretas

    boceteiras,

    nas

    tardes

    de chuva

    ou

    nos

    rneiosfdias quentes,

    morosos.

    :ões

    do

    Sul

    um ar mais

    fechado

    e

    mais

    retraído

    do que

    nas

    casas

    nortistas;

    mas o

    i

    Debziiic

    se

    Procuiaria

    emie nós

    um diaiie,

    de

    iiana

    de

    casa

    meio de

    gossip

    nd

    gana,-0

    “terraço,

    de onde

    com a vista o

    fazendeiro abarcava

    todo o organismo

    da vida

    dos

    ingleses

    E dm

    nme_amei,¡C¿m¡

    dos

    iemims

    wioniaisyzø

    rural ,eomesmo

    do

    Norte;

    o mesmo

    terraço

    hospitaleiro,

    patriarcaleboin.Asala

    Em

    compensação

    a

    Inquisição

    eseaiieai-0,,

    some

    nossa

    vida

    ímjma da

    zm

    de jantar

    e

    a cozinha,

    as

    mesmas

    salas e

    cozinhas de

    convento. Os sobrados

    que,

    wiomail

    sobre as

    aiwvas eom

    “mas

    que

    em geiaj

    paeeeem

    ¡e,-

    sido de md,-di

    Vielddddse

    de Sãmms

    “O Rmem

    “PW

    Peqdem

    dde Venha

    Pafamdo

    em md°5°5

    mngendo

    as pressões

    dos

    adultêrios

    e

    dos

    coitos

    danados;

    sobre as camarinhas

    e os

    P°fe°5›

    VÍ5W 5e

    5

    beífd da água

    _

    em

    Ubambi 35°

    Sebaedãi

    Ang”

    dd*

    Reis

    quartos

    de santos;

    sobre

    as

    relações

    de brancos com

    escravos

    -

    seu olho

    enorme,

    _

    \ ee°fd3m

    °5 Pdedafeele

    de

    Rl° F° “°5°‹

    E às

    Vezesi

    “md

    “° N°“e›

    °“°°“

    indagador.

    As conssões

    e

    denúncias

    reunidas pela visitação do Santo

    Ocio

    às

    U dm 5e

    lyele

    °°m

    3-lPe“d e

    de

    dente

    _

    °°“Vld3d 5›

    d°°e5= ldmsdedas

    partes do Brasil” constituem

    material

    precioso para o estudo

    da vida sexual e de

    A história

    social da casa-grande

    é a

    história

    íntima de

    quase todo brasileiro:

    imiiia

    no

    Bmsii

    do seeiiio

    Xvi e

    XVII,

    ¡¡id¡eam_m,s

    a jdade

    das musas

    casa,-em

    da sua

    vida

    doméstica,

    conjugal, sob o

    patriarcalismo

    escravocrata e

    polígamo; da

    _ dale,

    quamme

    anos;

    o

    principal

    regalo e

    passatempo

    dos

    colonos

    _ o

    jogo

    de

    sua vida de

    menino; do seu

    cristianismo

    reduzido

    ã

    religão

    de

    família

    e inuen-

    Wmãoi 3 pompa

    deamáeiea

    das Peeeissões

    .__ homens

    vestidos

    de C,-¡5¡0

    3 de gu.

    eledd Peles

    efedleee dd

    5eÍWda‹ O e5“1d°

    de ldelddd mdme

    de

    dm

    P°V°

    *em

    ras da

    Paixão

    e devotos

    com

    caixas

    de doce dando de comer aos

    penitentes.

    Dei-

    alguma COUSG

    de

    ÍU °5P C§ã°

    Pmdsd

     

    05

    G°e°“ff

    °

    ehemdvm

    “ee

    mm”

    xam-nos

    surpreender, entre as

    heresias

    dos

    ci-isnãos-novos

    e

    das santidades,

    entre

    i/rui .

    O arquiteto Lúcio

    Costa

    diante

    das

    casas

    velhas de

    Sabara, São joão

    del-Rei,

    Os bmxe¿°s

    e as

    fems gaiatas

    deem,

    das

    ig-feias, mm

    geme alzgn

    ggnmdz

    pelo;

    Odm

    PfeÍ°›

    Marlene»

    das Velhas

    edsdsfmndes

    de Mmdsi fm

    3

    ÍmPfe55ã°que

    teve:

    iiltares, entoando

    trovase tocando viola,

    irregularidades

    navida doméstica

    e

    moral

    AA gente

    edmd

    que

    se ene°nU 3---

    E

    Se

    lembra

    de

    eddse

    dl-le

    3

    geme

    “dd”

    5°“be›

    L

    ristã

    da

    família

    -

    homens

    casados

    casarido-se

    outra

    vez com

    mulatas,

    outros

    mas que

    estavam lá

    dentro

    de nós;

    não

    sei-

    Proust

    devia

    explicar isso

    direito.”

    iiccando comia

    3 mmieza

    eem

    efebos

    da ten-a

    ouda

    Guiné,

    ainda mm-os

    mme.

    Nas

    casas-grandes

    foi até hoje onde

    melhorse

    exprimiu

    o caráterbrasileiro;

    a

    imiio

    com miiiheies

    a

    mipeza

    que

    em

    medema jmgaagzm

    Ciedm

    se chama,

    “O5”

    edndmddade

    edeldl N°

    e5md°

    dd

    sua metem*

    mim”

    de5PfeZa 5°

    t“d°

    °

    como

    nos

    livros

    clássicos, de felação,

    e

    que

    nas

    denúncias

    vem

    descrita com todos

    que a história

    política

    e militar nos oferece

    de

    empolgante

    por uma quase rotina

    1 is

    ife ir; iiesisocados

    iummin

    pelo

    pemeihe

    da

    Vi,.gem ;

    sam-as

    planejando

    enve.

    de

    Vida* mas

    de““ °

    desse

    edema e due

    memm se

    sem”

    °

    Came

    de “m

    P°V°

    ut-nar os

    genros;

    cristãos-novos metendo crucixos por baixo

    do

    corpo das

    mulhe-

    Estudando

    a

    vida

    domestica

    dos antepassados

    sentirno-nos

    aos

    poucos nos

    com-

    mi

    na momemo

    ,ia

    eópuja

    ou ¿e¡¡anda.0s

    nos u¡¡m§¡s¡

    sedhoms

    mandar-idg

    quei.

    Plee-“1

    e

    dl-“fd mem de Pf°e“ff 5e

    0

     eemP°

    PefdÍd° ‹

    0 -\ef°

    mem

    de “Os

    send*

    mar vivas, em

    fomalhas

    de

    engenho,

    escravas

    prenhes,

    as

    crianças estourando ao

    mos

    nos

    outros _ nos que

    viveram antes

    de

    nós;

    e em cuja vida

    se antecipou

    a

    Him,

    das chamas*

    nossa.

    É

    um

    passado

    que se estuda tocando

    em nervos; um

    passado que emenda

    Tambem

    houve_

    ism no seculo

    XV111

    e

    no XIX_

    esquiskõgs

    Pgpys de

    mm

    3

    Vídã

    de Cãd

    “mi “md

    ãvelfd de

    5e5d°dÍd3de›

    “dd

    “Pen”

    um eefdf

     

    d

    de

    meia-tigela,

    que tiveram

    a pachorrade colecionarem cadernos,

    gossipe

    mexericos:

    Peedl-dee

    Pelds

    3-“l“lV°5~

    t

    humavam-se “recolhedores

    de

    fatos .

    Manuel Querino

    fala-nos deles

    com

    rela-

    Íefdi

    e

    el¡“ °›

    qdendd

    ee Wneegde

    Peeem

    da mdmidede mesma

    Pd55dd°§

    ção

    El Bahia;

    Arrojado Lisboa,

    em conversa,

    deu-me notícia

    de

    uns

    cadernos des-

    5“fF“ee“dê l°

    nas 5 ”

    verdadeiras

    teddemdsi

    11°

    ee

    d V°mdde edeelfdi

    das sd”

    ¬t-s, relativos

    a Minas

    e

    em

    Pernambuco,

    na

    antiga

    zona rural, tenho encontrado

    exldfeesõee

    mais Sleefae-

    O

    que

     50 e fded

    em

    Pãdee edmd 0 Bfsdí deldí

    0

    dmfee

    traços

    de  recolhedores

    de fatos . Alguns

    “recolhedores de

    tos”,

    antecipando-se

    eldddd

    ebedfved

    05 Seãfedde

    Peeedids e

    de

    ffíl-Í›

    95*-¡C1d0

    1105

    l¡0fe§›

    0

    Plin

    aos

    pasriuins,

    colecionavam

    casos

    vergonhosos, que, em momento oportuno, ser-

    ellddlmeme

    me ml-dhelesi essa

    Vdmde de

    ee fevelafem

    dm °“d °5

    due n°5 Países

    viam para

    cinporczllhar

    brasões

    ou nomes

    respeitáveis.

    Em geral,

    exploravam-se

    Pmeesemee P¡°Ve

    0 e5Y“dÍ°5°

    de

    híelód

    Ídm de “N05 dÍÂfÍ0S›

    C°deeld5›

    mf

    .ii izrmiiiceiiiis

    do

    brunquidzide

    e de sangue

    nobre;

    des»encavava›se alguma remo-

    faiz lemÕf¡í*5›3Ue°bÍ°8 Â5›

    fdmffs

    dÍ°b¡°E Ée°e

    Cfeld que

    ãdmldd

    Bfesd

    i.i

    .ivo escrava ou

    mim:

    ou riu

    que cumpna sentença;

    avô

    que

    aqui

    chegara

    de

    um só diário

    escrito

    por

    mulher.

    Nossas avós,

    tantas delas analfabetas,

    mesmo

    quan-

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    12/19

    sainbcnito.

    Registravam-se

    irregularidades

    sexuais

    e morais

    de

    antepassados.

    Até

    iiiaçãu

    mais segura

    que os livros de viagem de estrangeiros

    -

    impondo-se,

    entre-

    mffsm de

    5

     

    h0fS

    uniu, muita

    discriminação entre os

    autores

    superciais ou viciados

    por

    preconcei-

    Outros

    documentos

    auxiliam

    o

    estudioso

    da históna

    íntima

    da

    família

    brasi- `

    iiis -- os Thévet, os Expilly,

    os

    Debadie-

    e os

    bons

    e

    honestos da

    marca

    de Lêry,

    leira:

    inventários,

    tais

    como os

    mandados

    publicar

    em

    São

    Paulo pelo antigo

    pre-

    llans Staden,

    Koster, Saint-Hilaire, Rendu, Spix, Martius, Burton,

    Tollenare,

    sidenre

    Washington

    Luís;

    cartas

    de sesmaria,

    testamentos,

    correspondências

    da

    (iiirdner,

    Mawe, Maria

    Graham,

    Kiddcr,

    Fletcher. Destes

    me

    servi largamente”

    Cone

    e

    ordens

    reais

    Í como

    as que

    existem

    em mss.

    na

    Biblioteca

    do Estado

    de

    valendo-me

    de

    uma familiaridade

    com

    esse

    gênero

    não sei se

    diga de literatura _

    Pernambuco

    ou dispersas

    por

    velhos

    canários

    e

    arquivos

    de família;

    pastorais e

    iiiuitos

    são

    livros mal

    escritos, porém deliciosos na sua candiira

    quase infantil-

    relatórios

    de bispos,

    como

    o interessantíssimo,

    de

    Frei

    Luís

    de Santa

    Teresa,

    que quedata

    dos

    meus dias

    de

    estudante;

    das

    pesquisas

    para

    a

    minha

    tese

    Social

    Lzď

    amarelece,

    em

    latim,

    copiado

    em

    bonita

    letra

    eclesiástica,

    no arquivo

    da Catedral

    in

    Brazil

    in the Midi: of tlie 19'* Century,

    apresentada em

    1923

    à Faculdade

    de

    de Olinda;

    atas

    de sessões

    de

    Ordens

    Terceiras,

    confmrias,

    santas

    casas

    como

    as

    Ciências

    Políticas

    e Sociais da Universidade de Colúmbia.

    Trabalho

    que Henry

    L.

    conservadas,

    inacessíveis

    e inúteis,

    no arquivo

    da

    Ordem

    Terceira

    de

    São

    Francis-

    Menckien

    fez-me

    a honra

    de

    ler,

    aconselhando-me

    que

    o

    expandisse

    em livro. O

    co, no

    Recife, e

    referentes

    ao

    século XVII;

    os

    Documentos

    Ifiremranrespam

    iz His-

    livro,

    que

    é este,

    deve

    esta palavra de estímulo

    ao

    mais

    antiacadêmioo

    dos

    críticos.

    zzíria

    c Corrumcr

    de

    São

    Paulo,

    de

    que

    tanto se

    tem servido

    Afonso de

    E.

    Taunay

    Volto à

    questão das fontes

    para

    reoordar os

    valiosos

    dados

    que

    se encontram

    para

    os seus

    notáveis

    estudos

    sobre

    a vida

    colonial

    em

    São

    Paulo;

    as

    Atas

    e

    o Regis-

    nas

    cartas dos

    jesuítas. O

    material

    publicado já

    ê grande;

    mas deve haverainda

    -

    ro

    Geral

    da

    Câmara

    de

    São

    hulo;

    os livros

    de assentos

    de

    batismo,

    óbitos

    e casa-

    lembra-me

    em carta Ioão Lúcio de Azevedo, autoridade no assiuito

    - deve haver

    mentos

    de

    livres

    e

    escravos

    e os de

    rol

    de

    famílias

    e

    autos

    de

    processos

    matrimo-

    .iinda na

    sede

    da Companhia muita cousa inédita. Os jesuítas

    não só

    foram

    gran-

    niais

    que se

    conservam

    em

    arquivos

    eclcsiásticos;

    os

    estudos

    de genealogia

    de Pedro

    des

    escritores

    de cartas-muitas delas tocando

    em detalhes

    íntimos

    da vida social

    Taques,

    em São

    Paulo,

    e de Borges

    da

    Fonseca,

    em

    Pernambuco;

    relatórios

    de

    .los colonos

    - como

    procuraram

    desenvolver

    nos

    caboclos e mamelucos,

    seus

    juntas

    de

    higiene,

    documentos

    parlamentares,

    estudos

    c

    teses

    médicas,

    inclusive

    .iIunos, o

    gosto

    epistolar. Escrevendo

    da

    Bahia

    em

    1552

    dizia

    o

    jesuíta Francisco

    as

    de doutoramento

    nas

    Faculdades

    do

    Rio

    de

    Ianeiro

    e da

    Bahia;

    documentos

    l'ires sobre

    as

    peregrinações dos meninos

    da

    terra ao

    sertão: “[....]

    o que eu não

    publicados

    pelo

    Arquivo

    Nacionalff

    pela

    Biblioteca

    Nacional,

    pelo

    Instituto

    His-

    iwtreverei porque o Padre

    lhes mandou que

    escrevessem

    aos meninos de

    Lisboa;

    e

    tórico

    Brasileiro,

    na

    sua

    Revista,

    e pelos

    Institutos

    de Sao

    Paulo,

    Pemambuco

    e

    da

    porque

    poderá serque suas cartas as

    vejais

    o não

    escreveiei

    [....]”. Seria

    interessan-

    Bahia.

    Tive

    a

    fortuna

    de conseguir

    não

    varias

    cartas

    do

    arquivo

    da

    imia

    it- descobrir essas

    cartas e ver

    o que

    diziam

    para

    Lisboa os

    caboclos do Brasil

    do

    Paranhos,

    que

    me foram

    gentilmente

    oferecidas

    pelo

    meu

    amigo

    Pedro

    Paranhos,

    rótulo

    XVI.

    Freqüentemente

    depara-se

    nas

    cartas dos jesuítas

    com

    uma informa-

    como

    o acesso

    a

    importante

    arquivo

    de

    família,

    infelizmente

    já muito

    danificado

    \.¡ii

    valiosa

    sobre a vida social

    no

    primeiro

    século

    de colonízçã; Sob

    0

    CODÍHIO

    pela

    traça

    e

    pela

    umidade,

    mas

    com

    documentos

    ainda

    dos tempos

    coloniais

    - o

    .IJ

    ciilriirzi

    européia

    com

    a indígena e a africana.

    O Padre Antônio

    Pires, Cm 0010

    do engenho

    Noruega,

    que

    pertenceu

    por longos

    anos

    ao capitãomor

    Manuel

    Tomé

    ili-

    1552,

    fala-nos

    de

    uma procissão

    de negros de Guiné em Pernambuco,

    ja orga-

    d

    l 5“5›

    Ci

    dfP0Í5›

    105 seus

    descedemes-

    sem

    Pam

    deselaf

    que

    esses

    restos

    de

    iiizados em

    confrana

    do Rosário, todos

    muito

    em ordem “uns traz

    outros com as

    velhos

    arquivos

    particulares

    fossem

    recolhidos

    às bibliotecas

    ou aos

    museus,

    e

    que

    ...gm

    Sempre

    zlevzrirzidzs,

    dizendo

    todos:

    Ora

    pro

    nobis”.

    O

    mesmo Padre

    Anú-

    os

    eclesiásticos

    e das

    Ordens

    Terceiras

    fossem

    convenientemente

    catalogados.

    Vá-

    iii‹› Pires,

    em carta

    de

    Pernambuco, datada de 2

    de

    agosto

    de l55l,

    refere-se aos

    nos

    documentos

    que

    permanecem

    em mss.

    nesses

    arquivos

    c bibliotecas

    devem

    ..,|‹iii0§ da igrrz

    de

    Duarte Coelho

    como

    melhor gente

    que

    de

    todas

    25

    Oi-l

    quamü

    “mes ser

    P“blÍ°ad°5›

    E

    Pena ¬ 5°l3'm¢

    ÍÍCÍÍD Obsëfvl'

    df PHSSHEHD

    _

    iapitanias ;

    outra carta informa que os

    índios

    a princípio

    “tinham

    empacho de

    que

    algumas

    YCVÍSUS

    de HÍSÍÔÚQ

    dfdlquem

    Páãlms

    C Páginas

    Ê

    Pllbll

     

    ão

    dc

    dizer

    Santa

    Iooçaba,

    que em

    nossa

    língua quer

    dizer-pelo Signal

    da Cruz,

    por

    discursos

    patrióticos

    e de

    crônicas

    literárias,

    quando

    tanta

    matéria

    de

    interesse

    lhe,

    pzrezer ziqiiilo

    g¿irirrioi1has .“

    Anchieta

    menciona

    os

    muitoã biCl10S

    rigorosamente

    histórico

    permanece

    desconhecida

    ou

    de acesso

    dificil

    para

    os estn-

    ¡,L-ç,,,¡h,¿¡¡m5

    qua

    zroi-mizririivam

    a

    vida

    doméstica

    dos

    primeiros

    colonos -cobras

    dwsus'

    |.ir.irac.is

    andando

    pelas

    casas e caindo dos telhados

    sobre

    as camas; “e quando

    os

    Para

    o conhecimento

    da

    Históna

    social

    do

    Brasil

    não

    talvez

    fonte de

    infor-

    |,., ,¢m

    ¿¢,p¢i-um

    M; zzhzm mm alii; mmliiglas

    no pgsggrw e nas Pei-nas

    E qua.

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    13/19

    do

    se

    vão

    a

    calçar

    pela manhã

    as

    acham

    nas botas”,

    e

    tantoAnchieta

    como

    Nóbrega

    ititus; das

    festas e

    procissões.

    Também os fixou

    a

    seu jeito,

    isso

    6,

    caricatui-ando-os,

    destacam

    irregularidades

    sexuais

    na

    vida dos

    colonos,

    nas

    relações

    destes

    com

    os

    ii

    poeta

    satírico

    do século

    XVIII,

    Gregório de

    Matos.

    E

    em

    memórias

    e reminis-

    indigenas

    e os

    negros,

    e

    mencionam

    o fato

    de serem

    medíocres

    os

    mantimentos

    da

    ‹ eiitias,

    o Visconde

    de Taunay, Íosé

    de

    Alencar, Vieira

    Fazenda,

    os dois Melo

    Mo

    terra,

    custando

    tudo “o

    tresdobro

    do

    que

    em

    Portugal .

    Anchieta

    lamenta

    nos

    na-

    mis,

    deixaram-nos

    dados valiosos.

    Romances

    de

    estrangeiros procurando

    retratar

    tivos,

    o

    que

    Camões

    já lamentara

    nos

    portugueses-

    “a

    falta

    de

    engenhos ,

    isto

    6,

    .t vida brasileira

    do

    tempo

    da

    escravidão

    existem alguns,” mas nenhum

    que

    valha

    de

    inteligência,

    acrescida

    do fato

    de

    não

    estudarem

    com cuidado

    e de

    tudo

    se

    levar

    grande

    cousa,

    do ponto

    de

    vista da

    história social. Quanto

    ã

    icoriogna

    da escravi-

    em

    festas,

    cantar

    e folgar;

    salientando

    ainda

    a abundância

    dos doces

    e regalos,

    zl.io

    e

    da

    vida

    patriarcal está magistralrnente

    feita

    por artistas da

    ordem

    de

    Hanz

    laranjada,

    aboborada,

    marmelada,

    etc.,

    feitos

    de

    açúcar.”

    Detalhes

    de

    um

    realis-

    lim,

    Zacarias

    Wagner,

    Debret,

    Rugendas;

    sem

    falarmos

    de

    artistas menores

    e

    mo

    honesto,

    esses,

    que se

    colhem

    em grande

    número,

    nas

    cartas

    dos

    padres,

    por

    mesmo

    toscos

    -

    desenhadores,

    litógrafos,

    gravadores,

    aquarelixms,

    pintores de

    entre

    as

    informações

    de

    interesse

    puramente

    religioso

    ou devoto.

    Detalhes

    que

    nos

    mt-votos

    -

    que

    desde

    o

    século XVI

    -

    muitos

    deles ilustrando

    livros

    de

    viagem

    esclarecem

    sobre

    aspectos

    da

    vida

    colonial,

    em

    geral

    desprezados

    pelos

    outros

    cro-

    rcpmduziram

    e

    fixaram,

    com

    emoção

    ou realismo, cenas

    de intimidade do-

    nistas.

    Não

    nos

    devemos,

    entretanto,

    queixar

    dos leigos

    que

    em

    crônicas

    como

    a

    iiiesrica,

    flagrantes

    de

    rua

    e

    de

    trabalho

    rural, casasfgrandes

    de

    engenhos

    e de

    de

    Pero

    de Magalhães

    Gandavo

    e a

    de Gabriel

    Soares

    de

    Sousa também

    nos

    dei-

    mins, tipos

    de

    senhoras,

    de

    escravos,

    de

    mestiços.”Dos

    últimos

    cinqüenta anos da

    xam

    entrever

    flagrantes

    expressivos

    da

    vida

    intima

    nos

    primeiros

    tempos

    de

    colo-

    iwcrtividão,

    restam-nos

    além de

    retratos a

    óleo, daguerreótipos

    e

    fotografias fixan-

    nização.

    Gabriel

    Soares

    chega

    a ser

    pormenorizado

    sobre as

    rendas

    dos

    senhores

    .Iii

    perfis

    ar-istocrâticos

    de

    senhores,

    nas suas gravatas

    de

    volta,

    de

    sinhá-donas e

    de

    engenho;

    sobre

    o

    material

    de

    suas

    casas

    e capelas;

    sobre

    a alimentação,

    a

    confei-

    siithá-moças

    de

    penteados

    altos,

    tapa-missa

    no

    cabelo;

    meninas no

    dia

    da

    primei-

    taria e

    docaria

    das casasfgrandes;

    sobre

    os

    vestidos

    das

    senhoras.

    Um

    pouco

    mais,

    r.i comunhão

    -

    todas

    de branco, luvas,

    grinalda,

    véu,

    livri.nho

    de

    missa, rosário;

    e teria

    dado

    um

    bisbilhoteiro

    quase

    da marca

    de

    Pepys.

    grupos

    de família

    -

    as grandes

    famílias

    patriarcais,

    com avós, netos, adolescentes

    De

    outras

    fontes

    de

    informações

    ou

    simplesmente

    de

    sugestões,

    pode

    servir-

    rlz-

    hatina

    de

    settiinatista,

    meninotas

    abafadas

    em sodas

    de

    senhoras

    de idade.

    se o

    estudioso

    da

    vida

    intima

    e

    da moral

    sexual

    no Brasil

    dos

    tempos

    de

    escravidão:

    Não devo

    estender

    este prefácio,

    que tanto se vai afastando do

    seu

    propósito

    do

    âlclore

    rural

    nas

    zonasr-nais

    coloridas

    pelo

    trabalho

    escravo;

    dos

    livros

    e

    cader-

    .lr simplesmente

    dar

    uma idéiageral do

    plano

    e

    do método

    do ensaio que se segue,

    nos

    mss.

    de

    modinhas

    e

    receitas

    de bolo,“

    das

    coleções

    de jomais;

    dos livros

    de

    «Lis

    condições

    em

    que foi escrito.

    Ensaio

    de

    Sociologia genética e de História

    so»

    etiqueta;

    e

    finalmente

    do romanoe

    brasileiro

    que

    nas páginas

    de

    alguns

    dos

    seus

    i

    i.rl, pretendendo

    fixar e

    às vezes

    interpretar

    alguns dos

    aspectos mais

    significati-

    maiores

    mestres

    recolheu

    muito

    detalhe

    interessante

    da

    vida

    e dos costumes

    da

    vos

    da

    fomiação

    da

    fãmílí

    li -'l5¡l

     

    l'3‹

    antiga

    familia

    patriarcal.

    Machado

    de Assis

    em Helena,

    Memória:Pó.i1umø.rde

    Brás

    O pmpógirg

    de

    condensar

    num só

    volume

    todo

    0

    trablll,

    050 0 °0ll5

     

    E“¡

    Cbf.

    Íílí Grlí.

    DOM

    CRIWHW

    C

    em

    0L\U'05

    df

    56115

    IUHIBHCCS

    E d°5

    5605

    ll*/X05

    iitii.-ltzmente

    realizar.

    O material esborrou,

    excedendo os limites razoáveis

    de

    um

    de

    contos,

    principalmente

    em

    Casa

    Velha,

    publicado

    recentemente

    com

    introdu-

    |¡vm,

    Fig; para

    um segundo

    o estudo

    de

    outros

    aSp

     

    CIDS

    dO

    3581-IDKO

    _

    11110 dl-lãs

    ção

    escrita

    pela

    Sr'

    Lúcia

    Miguel

    Pereira;

    joaquim

    Manuel

    de

    Maoedo

    n'A¡

    Vítí-

    ,¡,]m¡i¢

    dgggnvnlvimento

    ainda

    maior.

    m¢UlÍ£0Zf-\'›A

    Mffíbz

    0

    M0911

    L0f00,A›'MMÍÍlff¢-\'d¢MllfÍÍ¡¡, mmã

    F-l1Ei0§

    A

    interpretação,

    por

    exemplo,

    do

    l900

    brasileiro

    -

    das

    atitudes,

    das

    tendên-

    d

    5Íl13Zll15z

    de

    lÍd5›

    de

    m\1C15;

    l°5¿

    dC

    Alemã

    Em Mão

    U¢0'0Í.

    Slwt

    ‹ ias,

    dos preconceitos da

    primeira

    geração brasileira depois da bei do Ventre

    Uvre

    Dfmôí

    Fmíli Tronm

    da

    Ipê, Szmlto:

    de

    Oum.

    Para

    dl

    Gll

     

    FFQHCÍSCO

    Pic

    r

    ila debdrle

    de

    88

    -deve

    ser feita, relacionando-se

    as

    reações antimonárquicasda

    uheiro

    Guimarães

    na

    Hxlrrária

    de uma

    Moça

    Rim

    e Punição;

    Manuel

    Antônio

    de

    .

    [mig

    prnpfietái-ia,

    seus

    pendores

    burocráticos,

    3 nClën

  • 8/18/2019 Casa Grande Senzala Prefacio

    14/19

    das

    zonas

    mais

    intensamente

    beneficiadas

    pela

    imigração

    européia,

    se

    seguiu

    a

    vantcs

    dados

    iolclóncos

    sobre relações

    de

    senhores com

    escravos.

    Sozinho ou

    na

    abolição

    do

    trabalho

    escravo

    _

    ã escravidão

    e à

    monocultura.

    Estas

    continuaram

    t-umpanhia

    de

    Radio

    Paranhos

    e Cícero

    Dias, realizei

    excursões

    para

    pesquisas

    a

    inf