Carolina Caetano - Pin Hole Camera Project 2012 (portuguese).pdf

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DOSSIER DE PROJECTO Projecto Interdisciplinar Artístico “Silent Movie” Carolina Caetano - 3100530 Som e Imagem, 2º ano - 2011/2012 IPL - Escola Superior de Artes e Design - Caldas da Rainha

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DOSSIER DE PROJECTOProjecto Interdisciplinar Artístico

“Silent Movie”

Carolina Caetano - 3100530Som e Imagem, 2º ano - 2011/2012

IPL - Escola Superior de Artes e Design - Caldas da Rainha

ÍNDICE

Pré-Produção ............................................................................................................. 03! Ideias, lugares e formação de uma proposta para a criação de um dispositivo

Desenvolvimento ........................................................................................................ 06! Testes e soluções

Produção .................................................................................................................... 08! Concretização de uma ideia

Pós-Produção ............................................................................................................. 18! Objecto Audiovisual

Conclusões ..................................................................................................................... 20! Análise de resultados

Bibliografia / Webografia .................................................................................................. 21! Pesquisa e inspiração

Agradecimentos .............................................................................................................. 22

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PRÉ-PRODUÇÃO Ideias, lugares e formação de uma proposta para a criação de um dispositivo

! Após a visita ao espaço pré-definido para a escolha de três lugares (Campus 3), todo o branco predominante, em todas as estruturas que aqui vemos, transmitiu-me vontade de o trabalhar. Imaginei-o, de imediato, como um background de uma outra imagem sobressaindo nesse branco que, devido a uma observação fixa e prolongada, persistindo por momentos na retina, poderia ser projectada se posterior e imediatamente se olhasse para outra superfície, de preferência escura.! Desta forma surge a minha dificuldade em separar a primeira fase da terceira (lugares e propostas), ou pelo menos em separá-las na materialização de um raciocínio.! Pensei então que gostaria de escolher um lugar em que o contraste de branco (iluminado pelo sol) e escuro (coberto e não iluminado pelo sol) fosse bem perceptível e, para isso onde estas duas situações de iluminação estejam lateralmente justapostas. Os lugares que ponderei inicialmente foram sítios com arcadas: a fachada do Bloco A do Edifício Pedagógico 1 e a fachada do Edifício Santo Isidoro.!

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! Embora bastante decidida em relação ao assunto que queria abordar (a persistência retiniana) existiam dúvidas em relação ao que projectar, e aos resultados dessa projecção, pois qualquer que fosse o assunto escolhido, nestes lugares estabelecidos, a minha própria experiência na projecção de algo, que anteriormente observara fixa e prolongadamente, resultou em algo muito pouco satisfatório. Os assuntos observados para as tentativas de projecções foram ramos e folhas de árvores (ou outros objectos instalados nesses locais) contendo partes muito escurecidas pelas suas sombras e vistos de uma perspectiva em que se apresentariam diante de um fundo muito iluminado pela luz do sol e também as suas sombras nas paredes iluminadas dos edifícios. Ao projectar a imagem destes objectos, persistentes na retina, em espaços que sucedem de imediato os anteriores, escurecidos por arcadas, verifiquei que o resultado era uma mancha pouco definida, pouco interessante tendo em conta o objectivo pretendido. Tentei também que a projecção acrescentasse algo a uma imagem já contida nesses espaços escurecidos (por exemplo uma mancha), continuando com resultados insatisfatórios.! Depois de uma conversa com o professor orientador do projecto, surgiu a ideia de escolher um espaço completamente escuro onde fosse possível controlar a luz, ou a sua ausência, a black box, e utilizar um ecrã que conteria a imagem a ser seguidamente projectada (através da persistência retiniana) nesse espaço escuro.! Concentrei me então neste espaço, mas com uma nova dúvida: até que ponto teria interesse ver-se a projecção do negativo de uma imagem (sendo que o que persiste na retina é o negativo do observado) que fora imediatamente antes visionada?! Após várias pesquisas sobre a persistência retiniana, a formação da imagem (no espaço e no olho), a luz, fotografia e outras matérias relacionadas, percebi que, chegada a esta fase, já não me sentia presa à ideia que inicialmente quis desenvolver (trabalhar uma imagem através da persistência retiniana), mas sim ao último lugar resultante da minha procura, pela possibilidade que este apresenta, devido às suas características (ausência de luz / não imagem), de um controlo total da luz existente.!

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! Através deste conceito, agora o conceito base para o desenvolvimento do projecto, de controlar a luz existente num espaço, as pesquisas, inicialmente focadas na persistência retiniana agora mais na câmara escura, levaram-me à forma mais elementar da formação de uma imagem: a câmara obscura. Por querer, desde o início, que a fonte de luz originadora da imagem fosse o sol e não uma fonte artificial, a ideia de criar uma câmara obscura agradou-me. No entanto não queria ficar por aí pois, apesar de ser interessante, pareceu-me um pouco banal para um projecto criativo.! Mais tarde, durante uma pesquisa sobre imagens estereoscópicas ocorreu-me a ideia de que talvez fosse possível criar este tipo de imagens dentro da câmara obscura, de forma a poderem ser visualizadas em três dimensões e percebi, ao procurar, que já o haviam feito. Surge, desta forma, a minha proposta para este projecto: construir uma câmara obscura cujas imagens criadas no seu interior (através da luz solar vinda do exterior) possam ser vistas em três dimensões.! Nesta fase voltaram a surgir questões em relação ao lugar pois continuava a querer que a imagem criada fosse uma imagem cativante, parecendo-me então que uma sala do Bloco B do Edifício Pedagógico 1 seria, para este projecto, mais interessante do que a black box pois poderíamos ver a imagem (invertida) do Bloco A do Edifício Pedagógico 1.

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DESENVOLVIMENTOTestes e soluções

! Com o objectivo de fazer uma câmara obscura em que imagem criada no seu interior possa ser vista em três dimensões, pretendo, numa sala totalmente escura, criar duas entradas reduzidas de luz (tamanho ainda a definir) com a mesma cota e a cerca de 10 centímetros uma da outra (aproximadamente a distância entre os dois olhos humanos) e cobrir uma delas com acetato vermelho e outra com acetato verde, de forma a serem criadas, no interior da sala, duas imagens praticamente idênticas mas desfasadas, uma verde e outra vermelha. Ao usar uns óculos que no lugar das lentes contenham acetatos destas cores, com uma cor para cada olho, o observador verá uma imagem em três dimensões.! Como nunca construí nem estive numa câmara obscura quis começar por aí e experimentar fazê-lo dentro do meu quarto, embora as dimensões deste e das suas janelas sejam muito inferiores às das salas do Bloco B do Edifício Pedagógico 1. Com cartões tapei as janelas, isolei, tanto quanto possível, todos os sítios por onde entrasse luz e fiz um orifício (com cerca de 3 milímetros de diâmetro) num dos cartões. Como não foi possível obter escuridão total e devido ao facto da parede onde a imagem se criou ter armários e portas escuras, esta imagem não era nítida, quase não sendo possível distinguirem-se formas. No entanto, pondo uma folha branca bastante próxima do orifício criado para a entrada da luz, a imagem apresentou-se nítida neste novo suporte.! Achei que não valia a pena experimentar fazer um segundo orifício e avançar para a construção de uma câmara obscura com imagens em três dimensões pois verifiquei que este espaço de teste não reúne as condições necessárias para tal.

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! Pretendendo, então, transformar uma sala de aula numa câmara obscura comecei a pesquisa relativamente aos materiais a usar. Rapidamente percebi que isolar completamente uma destas salas, seria uma tarefa muito difícil, pois precisaria de um material completamente opaco não muito pesado (para tapar as janelas) e de arranjar uma forma de o fixar. Usar black out (material para isolar da luz) seria a opção mais segura, no entanto estas janelas são de uma dimensão muito grande e, para além de dificilmente conseguir arranjar um único pedaço que cobrisse as janelas, os custos sairiam do meu orçamento possível. Informei-me na escola se teria a possibilidade de requisitar algum deste material isolador percebendo que o único existente está a uso e, constantemente, a cumprir a sua função, de modo que não pode ser tirado do sítio.! Depois do teste que fizera no meu quarto, percebendo que qualquer entrada de luz seria bastante prejudicial para a formação da imagem, o meu principal objectivo seria que a imagem formada fosse o mais nítida e perceptível possível. Não só por opção estética, mas também por acreditar que seria uma mais valia para a minha intenção de construir uma câmara obscura em que se pudesse visualizar a imagem a três dimensões.! Queria que o resultado surpreendesse tanto pelo tamanho da imagem, como pela sua definição e luminosidade e, aliando estes factores determinantes à vontade de criar algo que pudesse também perdurar no tempo (o que não aconteceria com uma sala de aula transformada em câmara obscura), surgiu no meu pensamento a imagem de “uma caixa câmara obscura”. Grande o suficiente para que a sua presença tivesse força, mas não tão grande que a prendesse a um lugar.

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PRODUÇÃORealização de uma ideia

Material utilizado:

• Contraplacado (5mm)

• Ripas de madeira• Tinta preta mate

• Parafusos e anilhas• Fita-cola bi-adesiva almofadada

• Acrílico transparente (1mm)• Papel vegetal

• Réguas de plástico• Acetato translúcido azul e vermelho

• Cartão prensado• Lente (+2 dioptrias)

• Chapa metálica (0,5mm)• Papel autocolante aveludado preto mate

! O objectivo seria construir uma caixa paralelepipédica, de secção quadrada, com 120cm de comprimento e 80cm de altura e largura, dentro da qual me fosse possível controlar totalmente a entrada da luz, de forma a que a imagem do exterior se projectasse no seu interior. Esta projecção seria feita no papel vegetal, sustentado pelo acrílico, por sua vez preso a uma moldura, a 50cm das entrada de luz1 e o observador estaria do lado oposto, espreitando por dois orifícios, um para cada olho. A escolha do tamanho teve que ver com o factor enunciado anteriormente, de querer apresentar uma caixa grande, mas transportável.!

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1 Para uma imagem o mais nítida possível, seria necessário usar lentes graduadas junto à entrada de luz. A fórmula para se saber qual a lente necessária para determinada distancia é d(dioptria)=1/m(metros, distância em entre a entrada de luz e o plano de formação da imagem). Por, no fabrico das lentes, as dioptrias funcionarem por incrementos de 0.25 (a começar neste valor), a distância ideal entre a entrada de luz e o plano de formação da imagem, na minha câmara obscura, seria de 50cm, o que corresponde a uma lente de +2 dioptrias d=1/0,5m.

! Havia dois planos para que a imagem fosse visualizada em três dimensões. O de fazer dois buracos para a entrada de luz, pôr um filtro azul num e vermelho no outro, para que se formassem duas imagens, uma azul e outra vermelha, sobrepostas e quase coincidentes e pôr também um filtro azul num dos orifícios destinados à observação da imagem e vermelho no outro. Ou então o de dividir a caixa, longitudinal e verticalmente, de forma a que se formassem duas imagens, separadas por essa divisão que separaria também desde a projecção até aos orifícios para o observador, acreditando que o cérebro uniria as duas imagens, ligeiramente diferentes, numa só. Planificação para câmara obscura 3D através da clocação de acetatos:

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Resultado pretendido para câmara obscura 3D através da clocação de acetatos:

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Planificação para câmara obscura 3D através da divisão vertical e longitudinal da caixa:

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Resultado pretendido para câmara obscura 3D através da divisão vertical e longitudinal da caixa:

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! Para que o interior da caixa absorvesse a maior quantidade de luz possível, o primeiro passo foi pintar com a tinta preta mate as ripas de madeira e as placas de contraplacado (três placas de 120x80cm, para a base e laterais do comprimento da caixa, duas de 80x80cm, para as faces quadrangulares, uma de 50x80cm e outra de 68x80cm para a parte de cima da caixa, de forma a deixar uma ranhura de 2cm ao longo da largura, onde entra a moldura, paralela e a 50cm da face onde entra a luz).! Para vedar a entrada de luz e solidificar a estrutura, as ripas de madeira foram coladas com fita-cola bi-adesiva almofadada e aparafusadas ao longo de todas as arestas das placas. Foram também coladas e aparafusadas ripas de forma a poder-se colocar cartão a dividir o interior, vertical e longitudinalmente, criando duas imagens separadas.! A moldura foi feita com ripas de madeira coladas umas às outras, às quais se aparafusaram as réguas de plástico para fixar o acrílico e o papel vegetal.! Ao centro da face da entrada de luz foi cortado um rectângulo de cerca de 10cm de altura e 30 de largura de forma fixar no interior uma chapa metálica, forrada com papel aveludado preto mate, com os furos para a luz, cada um com 0,5cm de diâmetro.! O passo seguinte foi aparafusar as placas de contraplacado umas às outras para poder começar os testes.

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! O primeiro teste consistiu em filtrar um dos furos com acetato azul, o outro, a 20cm de distância, com acetato vermelho e fixar uma lente de +2 dioptrias à frente de cada furo. Na face em que se observa a imagem foram também filtrados os orifícios, fazendo corresponder cada cor ao mesmo lado (esquerdo e direito) que nos furos para a entrada de luz.

! As imagens que se formaram, azul e vermelha, ficaram muito separadas uma da outra, devido à distância entre os furos da entrada de luz.! Devido ao diâmetro de 6cm de cada uma das lentes, este seria o valor mínimo que poderia existir entre cada furo. Este valor não seria, provavelmente, suficiente para as imagens ficarem quase coincidentes e, antes de aproximar os furos e tapar os anteriores, achei que deveria experimentar dividir a caixa longitudinalmente, com os furos nesta primeira distância, para que se criassem duas imagens separadas e para separar a vista do olho esquerdo da do olho direito. Desta forma não teria que filtrar nenhum dos furos com cor, por isso retirei todos os acetatos, deixando as lentes.!

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! Verifiquei que desta forma, o cérebro não funde as duas imagens numa só e, o que vemos, são duas imagens separadas, iguais às que veríamos se não existisse uma divisão desde a imagem até ao observador. Percebi que desta forma não conseguiria criar uma imagem que pudesse ser vista a três dimensões! Restava-me o método dos acetatos, se quisesse manter esta ideia da imagem a três dimensões mas fiquei reticente em voltar a ele pois, depois de ter experimentado o segundo método (sem acetatos), percebi que a luminosidade da imagem seria muito menor que sem filtros e a experiência da cor dentro da caixa, que foi uma das coisas que mais me cativou na imagem, deixaria de existir.! Fiz então um terceiro teste, com apenas um furo ao centro da chapa metálica, à frente do qual fixei a lente (virada para o interior da caixa). A imagem que se formou preenchia toda a área do papel vegetal e era colorida e luminosa.!! Percebi que a partir da intenção de fazer algo cujo resultado era imprevisível, ideias por vezes um pouco complexas se foram simplificando, dando origem a um resultado simples mas muito mais apelativo e esteticamente agradável que os das ideias mais complexas.! Achei que a câmara obscura que construíra, ganhava pela nitidez, luminosidade, dimensão e cor da imagem e não por ser um dispositivo que nos permitisse visualizar a imagem em três dimensões. O lugar onde escolhi apresentar o meu dispositivo, o átrio do Edifício Pedagógico 1, é um lugar onde posso colocar a caixa de forma a que esta capte vários planos em profundidade, o que enriquecerá a imagem.

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Planificação para câmara obscura simples:

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Resultado de câmara obscura simples:

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PÓS-PRODUÇÃOObjecto audiovisual

! Durante a experiência de observação do interior do dispositivo, achei que o meu projecto ainda não estava concluído. Senti que devia registar a imagem que se formou no interior da câmara obscura.! Naquele momento, o que os limites do enquadramento me obrigaram a ver foi a imagem de algo que, por ter este limite de espaço, se apresentava distante de mim, fora do meu mundo. O mundo à minha volta, por sua vez, era composto apenas por sons. Sentindo este contraste, quis fixar no tempo a tranquilidade da imagem visualizada. Uma imagem que ganhava força não só pela sua nitidez, cor e luminosidade, mas também pela ausência de som dentro de campo. Assim surgiu, também, o nome para este projecto.

! Para a realização do objecto audiovisual, a fixação de uma imagem, que transporte o lugar para fora de si, foi colado papel fotográfico, reagente à luz (devido à camada de sais de prata nele contida), ao acrílico preso à moldura da caixa. Este papel é ortocromático (sensível a todas as cores à excepção do vermelho), por isso foi colocado dentro do dispositivo no interior do laboratório de fotografia, apenas com as luzes vermelhas acesas. Foi necessário transportar a caixa inteira para o interior do laboratório, pois seria muito difícil transportar apenas a moldura sem expor o papel à luz.! Depois de colada a primeira tira de teste, verticalmente ao centro da moldura, e de todos os orifícios que permitissem alguma entrada de luz estarem completamente vedados, transportei o dispositivo para o local que quis fixar e, destapando apenas o orifício da entrada de luz, para a formação da imagem, deixei o papel exposto durante trinta minutos.! Os sais de prata reagiriam à luz, sendo o resultado uma imagem a preto e branco, mas negativa, pois as superfícies de maior reflexão de luz acelerariam esta reacção, tornando o papel tanto mais escuro quanto mais luz recebesse.!

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! Após o processo de revelação2 da tira verifiquei que esta tinha estado exposta tempo de mais pois o resultado foi uma imagem completamente preta. Por ter uma lente junto ao furo da entrada de luz, dentro da caixa os raios luminosos tornam-se mais intensos e direccionados. Percebi que tinha que expor o papel muito menos tempo que trinta minutos.! O segundo teste foi feito com cinco minutos de exposição, resultando também numa imagem totalmente preta. O mesmo aconteceu com o teste feito para um minuto. Com receio de que pudesse existir alguma fonte de luz indesejada, revelei uma tira de teste com apenas dez segundos de exposição, para perceber o comportamento do papel com valores bastante mais reduzidos. Este foi o valor ideal para que a imagem ficasse registada no papel, com o detalhe e contraste pretendido. O passo seguinte foi colar uma folha de papel fotográfico de 50 por 60cm à moldura e realizar a captação do negativo do objecto audiovisual.! Para positivar uma imagem sobrepõe-se o negativo a uma folha de papel fotográfico novo, numa superfície plana, ambos com as partes reagentes em contacto e põe-se em cima destes um vidro para imobilizar e aplanar as folhas; usando um ampliador fotográfico e com o negativo por cima e o papel em branco por baixo, emite-se uma determinada quantidade de luz, durante um determinado tempo.! O ampliador que utilizei encontrava-se a cerca de 1m de distância do papel fotográfico e a sua lente com um valor de abertura de 2.8, para maximizar a quantidade de luz emitida. Para este processo utilizei também tiras de teste. ! Fiz vários testes de positivações, começando nos trinta segundos de exposição e acabando nos trinta minutos, valor que me pareceu o mais correcto para o positivo da minha imagem.

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2 dois minutos em líquido revelador (para se formar a imagem), um minuto no banho de paragem (para parar a revelação) e, pelo menos, cinco minutos no líquido fixador (para fixar a imagem), antes de ser lavada em água - valores que dependem consoante o papel utilizado e uso que os líquidos possam ter tido.

CONCLUSÕESAnálise de resultados

! O desenvolvimento deste projecto engrandeceu as minhas capacidades de criação artística, de análise crítica e de solucionar problemas e a realização do dispositivo reuniu, de forma harmoniosa, o esforço físico e mental da criação artística.! Relativamente ao dispositivo que evidenciasse uma imagem ou um som, fiquei bastante satisfeita com os resultados que obtive, possíveis graças ao rigor da construção e ao uso de uma lente junto ao furo da entrada de luz.! O objecto audiovisual não ficou perfeito, visto que o positivo deveria ter ficado com mais definição. Algumas áreas ficaram pouco nítidas, pois o papel com a imagem em negativo não se encontrava perfeitamente plano no momento da positivação.! Fazendo uma reflexão sobre todas as fases do projecto, creio que obtive um resultado bastante positivo pois criei um dispositivo que evidencia uma imagem e a ausência de som e transportei o seu lugar no espaço e no tempo, através do objecto audiovisual.

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BIBLIOGRAFIA, WEBOGRAFIAPesquisa e inspiração

Lugar:

Bachelard, Gaston - A Poética do Espaço. Martin Fontes, 1989

Persistência Retiniana:

http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=qA2brNUo7WA

http://faculty.washington.edu/chudler/after.html

http://psylux.psych.tu-dresden.de/i1/kaw/diverses%20Material/www.illusionworks.com/html/afterimage.html

Câmara obscura:

Flusser, Vilém - Filosofia da Caixa Preta. Conexões, Relume Dumará, 2002

Saldanha, Diogo - Encontro com o espaço do Fazer Fotográfico no Aqueduto das Águas Livres. EPAL 2004

http://www.youtube.com/watch?v=pOKqSlAOdhI

http://www.youtube.com/watch?v=qBt8ZERvE1Q&feature=fvwrel

http://www.designboom.com/weblog/cat/10/view/20561/garbage-bin-pinhole-camera-image-series-by-the-

trashcam-project.html

http://www.terryblackburn.us/Photography/3D/odds-n-ends/pinhole/index.html

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AGRADECIMENTOS

Agradeço toda a ajuda, acompanhamento e disponibilidade ao Joaquim Caetano, ao Bruno Marques, à Mariana Soares, ao Pedro Ca, à Eduarda Abrantes, ao professor Luís Aguiar, à Vanessa e ao Tiago. Agradeço também ao professor da Unidade Curricular de Projecto Interdisciplinar Artístico, Diogo Saldanha, cujo acompanhamento e brainstorming ao longo do projecto foram fundamentais para os bons resultados do mesmo.

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