CARL ORF
-
Upload
nicke-kojanski -
Category
Documents
-
view
16 -
download
0
Transcript of CARL ORF
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
A aprendizagem musical por meio da utilização do conceito
de totalidade do sistema Orff/Wuytack
Luís Bourscheidt
Resumo: A presente pesquisa em andamento pretende coletar dados acerca da aplicação do
sistema Orff/Wuytack enquanto metodologia de ensino de música, com crianças entre 6 e 8 anos
de idade e sob o ponto de vista do seu desenvolvimento cognitivo e de suas habilidades
musicais. A hipótese deste estudo é que, partindo das atividades presentes neste sistema, e
tomando como referência o princípio da totalidade utilizado na aplicação destas atividades em
uma aula de musicalização infantil, aspecto fundamental para o sistema em questão, há uma
significativa melhora na aprendizagem musical dessas crianças, principalmente com relação à
aquisição melódica. Tendo como delineamento metodológico a pesquisa quasi-experimental,
busca-se refletir acerca das qualidades deste sistema enquanto proposta de ensino de música, no
âmbito da prática docente em educação musical. Dessa forma, presume-se que este princípio
possa ser adotado como estratégia de ensino de música, dentro de uma aula de musicalização
infantil.
Palavras-chave: Educação Musical, Cognição Musical, Sistema Orff/Wuytack.
1. Fundamentação teórica
1.1. O Sistema Orff/Wuytack e o
princípio da totalidade
O presente estudo pretende
verificar a utilização das atividades
presentes no sistema Orff/Wuytack
como proposta de ensino da música, em
diversos níveis e com diferentes
conteúdos musicais. Este sistema, que
foi criado pelo professor belga Jos
Wuytack partindo das idéias contidas na
obra escolar do compositor e educador
musical alemão Carl Orff, a Orff-
Shulwerk, pode ser considerado a
continuação da pedagogia Orff na
atualidade. Em seu sistema, Jos
Wuytack, que fora aluno e amigo
pessoal do próprio Carl Orff, define
uma série de princípios e metodologias,
diferentemente de Carl Orff, que, apesar
de elaborar um método amplamente
utilizado no mundo inteiro, não trata
especificamente de nenhum tipo de ponto
de vista metodológico, sendo necessária
a utilização de “fontes secundárias para
aprofundar esse entendimento” (Fonterrada,
2003, p. 146).
Jos Wuytack nasceu em Gent, na
Bélgica, em 1935. Atualmente é considerado uma das maiores autoridades mundiais
na pedagogia musical Orff, sendo convidado
a ministrar cursos de pedagogia musical
ativa em diversos países do mundo. O
seu sistema, objeto de análise do estudo
que segue, pretende que a criança
aprenda música fazendo música, desde
o seu primeiro contato com a
experiência sonora, tendo em vista que,
conforme prevê o sistema, deve sempre
haver uma adaptação das atividades do
sistema para a realidade e para o nível
de desenvolvimento em que a criança se
encontra, sendo assim, acessível a todas
as crianças. (Wuytack, 2005).
A metodologia em que o sistema
está embasado é construída a partir de
conceitos, que são designados “princípios”.
Um princípio fundamental para este
sistema é a totalidade. Este conceito
refere-se à maneira como se estabelece
a relação entre as partes e o todo dentro
do processo de ensino e aprendizagem
musical e em uma aula de música. É
possível entendê-lo, no entanto, de
acordo com dois tipos de análise. A
primeira delas, mais abrangente, estabelece
que “a música é uma totalidade entre
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
três formas de expressão: verbal, musical
e corporal” (Wuytack, 2005, p. 5). Nesse
sentido, a expressão artística através da
música só será possível com a inter-
relação entre a expressão musical –
referente à todos os elementos que
compreendem a experiência musical, –
a expressão corporal – caracterizada
principalmente pelo movimento e pela
dança – e, finalmente, pela expressão
verbal.
Uma segunda análise, mais
pontual, diz respeito à adequação da
totalidade à aula de música, seja na sua
elaboração ou na sua aplicação. Nesse
sentido, o conteúdo apresentando em
uma determinada aula deve ser
apresentado de maneira integral – com
início, meio e fim, – devendo envolver
também todas as formas de expressão
descritas acima (Ibid., p. 58).
Para exemplificar este aspecto,
tomemos como referência o aprendizado
de uma determinada canção. Conforme
a metodologia abordada, não é possível
que as partes da canção (melodia, letra e
acompanhamento pelos instrumentos
Orff, por exemplo) sejam aprendidas em
aulas diferentes. Os elementos devem
ser apresentados separadamente, mas
numa mesma aula de musicalização, e
sempre estabelecendo relações com o
todo – ou com a totalidade – da canção.
Assim, é mais conveniente que seja
aprendida uma canção mais curta ou
mais simples do que a não execução de
sua totalidade. Conforme Wuytack, esse
tipo de metodologia implica principalmente
numa satisfação por parte da criança, já
que a sua tomada de consciência com
relação à música representa, dentro do
conceito de totalidade, a realização de
um bom trabalho musical.
Além da totalidade, há outros
princípios fundamentais para o sistema.
São eles: atividade, adaptação, alegria,
arte, articulação, canto, comunidade,
consciência, criatividade, equilíbrio,
motricidade, movimento, a teoria, além
do envolvimento ativo e expressivo do
aluno frente à experiência musical
(Palheiros, 1988, 1998; Wuytack, 1970,
1982, 2005; Wuytack & Sills, 1994). É
possível destacar que, para o método
Orff/Wuytack, há uma grande preocupação
em desenvolver o sentido estético da
música e esta deve ser vivida de maneira
ativa, criativa e em comunidade. Wuytack
sugere que “o professor não é um mero
transmissor de conhecimentos; deve
saber comunicar com os alunos o prazer
de fazer música; adaptar os materiais à
idade e à personalidade das crianças, às
características do meio em que ensina”
(Wuytack, 2005, p. 5).
1.2. Aspectos cognitivos do desenvolvimento
musical infantil
Para entender como o princípio
da totalidade pode influenciar na
aquisição dos conhecimentos musicais,
foram investigadas algumas das principais
teorias do desenvolvimento musical
infantil (Gardner, 1997; Hargreaves &
Zimmerman, 2006; Sloboda, 1985;
Swanwick, 2000) e as suas relações
com os processos de aprendizagem
musical (Gordon, 2000) e de aprendizagem
geral (Vigotsky, 1994).
Para Gardner (1997), é comum
que a maioria das crianças, durante os
primeiros anos de vida, preste atenção
aos estímulos musicais ou sonoros e
responda a estes estímulos das mais
diversas formas, “embalando-se para
frente ou para trás, marchando, rolando
ou prestando uma grande atenção”
(Ibid., p. 203). O que varia, constata o
autor, é a idade em que a criança
manifesta-se, desde o balbucio para os
bebês pequenos, até o “brincar simbólico”
com qualquer uma das propriedades
musicais. Sloboda (1985), no entanto,
destaca que a primeira evidência de
consciência musical em uma criança
está na diferenciação entre as
seqüências de sons musicais e a
seqüência de sons não musicais. Assim,
segundo o autor, a consciência musical
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
efetivamente não poderia acontecer nos
primeiros contatos com o som, já que a
criança muito pequena apresenta
também reações à experiência sonora
não musical. Este pensamento se mostra
divergente do pensamento de Swanwick
(2000), que sugere o início da
consciência musical – e, portanto, de
um desenvolvimento musical a partir de
estímulos externos – quando a criança
começa a sentir prazer em ter
experiências sonoras.
A partir destas constatações, a
primeira parte do estudo discorre,
conforme as teorias desenvolvimentistas
mais recentes, acerca das possíveis
etapas em que o desenvolvimento
musical se fecha, tendo em vista a
necessidade de se estabelecer estruturas
objetivas e universais para realidades
muitas vezes subjetivas e individuais.
Este talvez seja o grande desafio do
estudo que segue, na medida em que
muitas teorias se apresentam divergentes,
e, de certo modo, contrárias umas das
outras.
Partindo do pressuposto de que
toda criança tende a responder aos
estímulos sonoros que recebe (Gardner,
1997; Sloboda, 1985; Swanwick, 2000),
são aqui esboçadas algumas teorias que
tratam do desenvolvimento musical
infantil. Apesar do fato de que, em
alguns momentos as teorias possam
parecer contraditórias, há alguns
denominadores comuns, o que torna os
textos que abordam esta temática
complementares.
Hargreaves & Zimmerman (2006)
definem o termo desenvolvimento de
maneira abrangente, como sendo as
mudanças nos padrões de comportamento
que ocorrem regular e invariavelmente
em todo ser humano, e que são decorrentes
de uma determinada idade. Essas
mudanças de comportamento, no entanto,
podem ser em conseqüência de uma
aculturação, que é espontânea em uma
determinada cultura, ou devido ao treino,
que está relacionado ao condicionamento
consciente à aquisição de determinada
habilidade. Portanto, é possível distinguir
aprendizagem musical de ensino musical,
sendo que a aprendizagem está relacionada
ao desenvolvimento inconsciente, enquanto
o ensino, à consciência. Os autores defendem
também que, na prática, tanto o treino,
que faz referência ao ensino, quanto à
aculturação, que está relacionada à
aprendizagem, são parte essencial do
desenvolvimento musical. Nesse aspecto,
tratam menos de estabelecer etapas para o
desenvolvimento cognitivo musical e
procuram abordar com maior ênfase os
processos evolutivos. Assim sendo, os
autores são categóricos em afirmar a
inexistência de estágios referentes às
etapas do desenvolvimento musical,
partindo do conceito piagetiano de
estágio, em que as etapas são vinculadas
especificamente a uma faixa etária.
Desse modo, conforme os autores, o
desenvolvimento deve distanciar-se de
modelos “fechados” em etapas de
desenvolvimento musical, pois o
aprendizado acontece como um todo e
deve aproximar-se “para uma maior
diversidade e especificidade na área.”
(Hargreavas & Zimmerman, apud
Álvares, 2005, p.65). Assim, os autores
preferem utilizar o termo fases, já que
eles próprios reconhecem a existência
de mudanças previsíveis, em termos de
desenvolvimento musical.
Numa análise conclusiva, Gardner
(1997, p.240) afirma que “a qualidade
das experiências e os sentimentos que o
artista comunica são de crucial
importância em qualquer objeto de arte.
Não é suficiente ser tecnicamente
competente: o artista precisa também ter
algo significativo para comunicar”, e
conclui dizendo que “uma vida inteira de
desenvolvimento está por trás de uma
obra prima.”.
A segunda parte desta revisão busca
coletar dados acerca da aprendizagem
musical. A partir de algumas teorias,
como a de Vigotsky (1994) e Gordon
(2000), que levam em consideração os
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
fatores psicológicos que influenciam na
aprendizagem musical, pretende-se
questionar de que maneira estes
aspectos poderão correlacionar-se com
as etapas do desenvolvimento musical.
Para Vigotsky (1994), por exemplo, o
ser humano está constantemente em
desenvolvimento e, portanto, a criança
começa a aprender muito antes da
aprendizagem escolar, já que ela possui
uma história de experiências sensoriais
e cognitivas anteriores ao ingresso na
escola. Assim, é possível concluir que
as crianças desenvolvem e aprimoram
seus conceitos em suas próprias
vivências e desde o seu nascimento.
Finalmente, ao final desta breve
revisão, é possível estabelecer alguns
pontos em comum entre as teorias
analisadas. Há um consenso de que,
basicamente, o desenvolvimento musical
infantil pode ser dividido em três
etapas, apenas alterando as idades e os
pontos de vista entre uma teoria e outra. É
evidente que teorias mais desenvolvimentistas
como a de Swanwick (2000), além de
refletir acerca dos conceitos para as
etapas do desenvolvimento, estejam
também eminentemente preocupadas
em estabelecer idades para estes estágios.
Outras, no entanto, buscam refletir
muito mais acerca das relações entre as
etapas do desenvolvimento musical e os
processos cognitivos que a subjazem,
como Gardner (1997) e Hargreaves &
Zimmerman (2006). Este último, apesar
de não apresentar um modelo como os
anteriores, mostra-se preocupado em
não necessariamente precisar idades,
mas sim, em discutir os processos de
aquisição de habilidades musicais.
2. Objetivos
Este trabalho pretende investigar
a aplicação do sistema Orff/Wuytack
enquanto metodologia de ensino musical,
com crianças entre 6 e 8 anos de idade
e sob o ponto de vista do seu
desenvolvimento musical.
Além disso, pretende-se, por meio
deste estudo, refletir sobre as qualidades
deste sistema enquanto proposta de
ensino da música, no âmbito da prática
docente em educação musical, tendo
como foco o princípio da totalidade, em
diversos níveis e com diferentes conteúdos
musicais. Ademais, busca-se descrever,
de acordo com o referencial teórico, os
processos de aprendizagem pelos quais as
crianças que farão parte do estudo
estiveram envolvidas relatando de que
maneira a metodologia do sistema em
questão foi utilizada na aplicação das
atividades propostas e de que maneira este
aspecto influencia no seu desenvolvimento
musical.
3. Método
O estudo utiliza como delineamento
metodológico a pesquisa quasi-experimental.
Dessa forma, pretende-se verificar a
aplicação destas atividades em uma aula
de musicalização infantil, com crianças
brasileiras entre 6 e 8 anos de idade e de
acordo com dois pontos de vista. O
primeiro tem o foco nas atividades que
compreendem o sistema e na sua
metodologia, ou seja, responde à questão
“quais atividades” utilizar e “como”
utilizá-las. Nesse caso, os dados
qualitativos são apresentados de maneira
descritiva. O segundo ponto de vista
tem o foco nas crianças e na relação
entre o seu desenvolvimento cognitivo e
o sistema em questão. Wuytack &
Palheiros (1995) entendem que a
experiência musical deve estar de acordo
com a etapa do desenvolvimento cognitivo
em que a criança se encontra e, por essa
razão, as atividades também devem
obedecer a este critério. Sendo assim, os
dados serão apresentados de maneira
quantitativa e de acordo com o delineamento
quasi-experimental, dispensando a
necessidade de um grupo de controle, já
que, nesse caso, entende-se a aplicação
das atividades presentes no sistema como
a variável independente da pesquisa.
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
Dessa forma, serão filmadas e relatadas
06 aulas onde os conteúdos serão
aplicados por um professor especialista,
devidamente treinado e familiarizado com
a metodologia do sistema Orff/Wuytack.
As atividades que farão parte
destas aulas foram ordenadas de acordo
com a progressão melódica proposta
pelo sistema. Esta progressão “inicia
por uma melodia de duas notas
(bitônica) e se desenvolve por etapas até
a melodia de sete notas (heptatônica). O
interesse pedagógico desta progressão
melódica reside numa mais fácil
assimilação e concsiencialização (sic)
das alturas relativas dos sons, por parte
das crianças” (Wuytack & Palheiros,
2000, p. 5). Para este estudo, no entanto,
a progressão sugerida por Wuytack e
Palheiros é apresentada até a escala
pentatônica, sendo que cada atividade
proposta compreende todos os parâmetros
que seriam avaliados posteriormente.
Assim, cada aula envolve especificamente
duas atividades que são apresentadas
conforme a metodologia do sistema
Orff/Wuytack e de acordo com o
principio da totalidade.
Em virtude da metodologia
escolhida, um teste será realizado na
primeira e na última aula. Nesse teste,
pretende-se avaliar a desenvoltura das
crianças – de acordo os mesmos critérios
avaliados na primeira parte desta pesquisa
empírica – frente a atividades muito
similares. O problema a ser estudado, ou
seja, as condições em que se dá a
aplicação deste sistema com crianças
brasileiras numa aula de musicalização
e a sua relação com o desenvolvimento
cognitivo/musical destas crianças, pode ser
testado, já que as variáveis dependentes
que compreendem os testes da pesquisa
são plenamente observáveis. São elas:
1. Desenvoltura vocal (afinação,
qualidade na imitação vocal);
2. Desenvoltura instrumental (postura,
manuseio das baquetas, qualidade
na imitação instrumental);
3. Aspectos rítmicos, na imitação
vocal e instrumental;
4. Aspectos melódicos, na imitação
vocal e instrumental;
5. Criação, num contexto de
improvisação musical.
É possível notar que, dentro
dessas categorias de análise, a imitação
– e, portanto, a maneira como este
processo ocorre na relação entre o
professor e os alunos – é um fator
importante, tendo em vista que para o
próprio sistema, a aprendizagem musical
e dos conteúdos musicais ocorre por
meio de processos imitativos, de acordo
com Wuytack (2005). Portanto, em um
primeiro contato com a música, a
criança aprende “de ouvido” e não pela
partitura musical. Para avaliar estes
parâmetros, serão escolhidos 03 juízes
externos professores especialistas em
educação musical, que avaliarão a
primeira e a última aula da coleta de
dados. Em termos de estrutura, estas
aulas terão atividades muito similares.
Dessa forma, os juizes poderão e emitir
valores quantitativos aos parâmetros
acima descritos, em uma escala de 1 a 5,
conforme o seu entendimento. Os dados
serão apresentados de modo descritivo,
já que as notas atribuídas pelos juízes
externos, além de dados quantitativos,
podem também ser analisadas de acordo
com uma perspectiva qualitativa. Para a
coleta de dados, as aulas serão filmadas
e posteriormente relatadas em um
caderno de dados.
Por fim, na terceira parte deste
estudo, os dados obtidos na pesquisa
empírica serão relacionados com a
revisão de literatura apresentada na
primeira etapa. Portanto, serão descritas,
em forma de relatório, as observações
referentes às 6 aulas que comportam o
estudo, as quais todos os aspectos acima
farão parte das observações. Dessa forma,
pretende-se descrever os processos de
aprendizagem pelos quais as crianças
que farão parte do estudo estiveram
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
envolvidas e de que maneira a
metodologia utilizada na aplicação das
atividades propostas influenciou no se
desenvolvimento musical.
4. Resultados e Conclusões
A presente pesquisa encontra-se
em andamento. No entanto, uma análise
preliminar dos dados e da fundamentação
teórica deste estudo sugere que o
desempenho musical das crianças é
sempre despertado a partir de estímulos
externos. Dessa forma, o principio da
totalidade pode vir a contribuir para
a aquisição melódica, já que este
compreende aspectos extramusicais
para a aprendizagem das canções, como
a fala e o movimento corporal. Por
outro lado, tendo também como base a
revisão de literatura, observou-se que o
contexto deve proporcionar o estímulo
musical inicial às crianças e, nesse
sentido, deve respeitar a individualidade
de cada criança, conforme pretende o
sistema em questão.
Paralelamente, foi possível evidenciar
algumas co-relações entre os tipos de
expressões presentes na totalidade e o
desenvolvimento destas habilidades nas
crianças, a citar o desenvolvimento motor,
o desenvolvimento verbal e, finalmente,
desenvolvimento musical.
Com relação às etapas do
desenvolvimento musical, Hargreaves
& Zimmermann (2006) sugerem uma
inevitável mudança nos padrões
musicais, apesar de não fechar as etapas
do desenvolvimento musical em idades
de forma pontual. Este aspecto, numa
análise preliminar dos dados também
pode ser observado, já que a resposta dos
alunos com relação à aquisição melódica
se mostrou mais eficiente nas últimas
aulas com relação às primeiras. Observou-
se também um interesse significativo
dos alunos com relação às atividades
musicais propostas, principalmente quando
as atividades envolviam aspectos rítmicos
aplicados por meio da utilização dos
instrumentos Orff. Além disso, foi
possível observar um crescente interesse
dos alunos envolvidos com relação à
criação por meio do improviso musical.
Finalmente é possível crer que os
resultados deste estudo apoiarão estudos
posteriores, frente à necessidade da criação
e manutenção de uma bibliografia em
língua portuguesa relacionada à psicologia
do desenvolvimento cognitivo/musical
infantil. Ademais, pretende-se divulgar
um sistema de pedagogia musical vigente
e ainda desconhecido por grande parte
dos possíveis interessados brasileiros,
tendo em vista a sua significativa
aceitação em diversos países do mundo.
5. Subáreas de conhecimento
O desenvolvimento paralelo da
mente humana e das artes musicais.
6. Referências bibliográficas
ÁLVARES, Sérgio Luís de Almeida.
Teorias do desenvolvimento cognitivo
e considerações sobre o aprendizado da
música. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL
DE COGNIÇÃO E ARTES MUSICAIS, 1.,
2005, Curitiba. Anais... [S.l.: s.n.],
2005. p. 63-71.
FONTERRADA, Marisa Trench de
Oliveira. De tramas e fios: um ensaio
sobre música e educação. São Paulo:
Editora UNESP, 2005. 345 p.
GARDNER, Howard. As artes e o
desenvolvimento humano. Tradução
de Maria Adriana Veríssimo Veronese.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. 362 p.
GORDON, Edwin E. Teoria de
Aprendizagem Musical: Competências,
conteúdos e padrões. Tradução de Maria
de Fátima Albuquerque. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2000. 513 p.
Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio 2008
HARGREAVES, D. J.; ZIMMERMAN,
M. P. Teorias do Desenvolvimento da
Aprendizagem Musical. In: ILARI, B.
(Org.). Em Busca da Mente Musical:
Ensaios sobre os processos cognitivos
em música – da percepção à produção.
Curitiba: Ed. da UFPR, 2005. p. 231-269.
PALHEIROS, G. B. Jos Wuytack, 30 anos
ao serviço da pedagogia musical. Boletim
da Associação Portuguesa de Educação
Musical, [S.l.], v. 59, p. 5-7, 1988.
PALHEIROS, G. B. Jos Wuytack, Músico
e Pedagogo. Boletim da Associação
Portuguesa de Educação Musical,
[S.l.], v. 98, p. 16-24, 1998.
SLOBODA, J. A. The Musical Mind: The
Cognitive Psychology of Music. Oxford:
Oxford University Press, 1985. 291 p.
SWANWICK, K. Música, pensamiento y
educación. Madrid: Ediciones Morata, 2000.
VIGOTSKY, Lev S.; LURIA, Alexander R.;
LEONTIEV, Alexis N. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. São
Paulo: Ícone Editora, 1994. p. 85-102.
WUYTACK, Jos. 3º Grau – Curso de
Pedagogia Musical. Porto: Associação
Wuytack de Pedagogia Musical, 2005.
82 p. (Apostila do curso).
WUYTACK, Jos. Actualizar as ideias
educativas de Carl Orff. Boletim da
Associação Portuguesa de Educação
Musical, [S.l.], v. 76, p. 4-9, 1993.
WUYTACK, Jos. Musica Viva I.
Sonnez...battez. Paris: A. Leduc, 1970.
WUYTACK, Jos. Musica Viva. Expression
rythmique. Paris: A. Leduc, 1982.
WUYTACK, Jos; PALHEIROS, Graça
Boal. Audição Musical Activa. Porto:
AWPM – Associação Wuytack de
Pedagogia Musical, 1995. 108 p. (Livro
do professor).
WUYTACK, Jos; PALHEIROS, Graça
Boal. Canções de Mimar. 3. ed. Porto:
AWPM – Associação Wuytack de
Pedagogia Musical, 2000.
WUYTACK, Jos; SILLS, J. Musica Activa.
An approach to music education. New
York: Schott SMC, 1994.