CARACTERIZAヌテO FヘSICO-QUヘMICA E … · Caracterização físico-química e sensorial de...
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3, p.305-319, 2013 305
ISSN 1517-8595
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3, p.305-319, 2013
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE PÃO DE FORMA
CONTENDO FARINHA MISTA DE TRIGO E QUINOA
João Tomaz da Silva Borges1, Juliana Gonçalves Vidigal2, Natanielli Alves de Sousa e Silva3,
Mônica Ribeiro Pirozi4, Cláudia Denise de Paula5
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito da utilização de farinha mista de trigo
(FT) e quinoa (FQ) nas proporções de 100:0 (F0), 90:10 (F10) e 85:15 (F15) nas características
físico-químicas, tecnológicas e sensoriais de pão de forma. A utilização de 10% e 15% de FQ
alterou a composição química dos pães, com destaque para o aumento (p<0,05) nos teores de
cinzas, fibra alimentar e proteínas. Para esses pães seria permitida a alegação de “fonte de
fibras”, segundo a legislação brasileira. Esses pães apresentaram coloração mais escura; redução
(p<0,05) de volume geral e específico e maior firmeza (p<0,05), indicando enfraquecimento da
estrutura proteica da massa, com prejuízo para a capacidade de retenção de gases provenientes
da fermentação. Embora a adição de FQ tenha favorecido um discreto aumento nos teores de
alguns aminoácidos essenciais, não houve melhoria de qualidade proteica nos pães, tendo a
lisina como o primeiro aminoácido limitante. No teste sensorial (atributos aroma, cor, aparência,
sabor, textura e impressão global), os pães F10 e F15 obtiveram escores localizados entre os
termos “gostei moderadamente” e “gostei muito”, e atitude positiva quanto à intenção de
compra, indicando boa aceitação para ambas as formulações. Apesar de promover diminuição
da qualidade tecnológica dos pães de forma, a incorporação de até 15% de farinha de quinoa
mostrou-se promissora para comercialização em razão da aceitação do produto e seu conteúdo
em componentes nutricionais.
Palavras-chave: Farinha de trigo, farinha de quinoa, panificação, composição química,
aceitação sensorial
PHYSICOCHEMICAL AND SENSORY EVALUATION OF SANDWICH LOAF
CONTAINING WHEAT END QUINOA FLOUR
ABSTRACT
The present work aimed to determine the effect of mixing wheat flour (WF) and quinoa flour
(QF) in the proportions of 100:0 (F0), 90:10 (F10) and 85:15 (F15) on the physicochemical and
sensory characteristics of sandwich loaf. The utilization of 10% and 15% of QF mixtures altered
the breads chemical composition increasing the ashes, dietary fiber and protein. According to
the Brazilian regulations, these breads could be allowed to be sold under a “source fiber
product” claim. These breads showed darker crumb color, as well as a decrease in the total and
specific volume (p<0.05), and an increase in firmness (p<0.05), which indicated a weakening of
the gluten protein structure, and lower bread dough ability to retain the fermentation gases.
Although QF addiction has promoted a subtle increase in some essential amino acids contents,
there has not been any improvement in loaves protein quality and the lysine the first limiting
Protocolo 14-2012-42 de 25/04/2012 1 Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Professor, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Venda Nova do
Imigrante, ES. (E-mail: [email protected]). 2 Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Professora, Instituto Federal Fluminense, Bom Jesus do Itabapoana, RJ. (Email:
[email protected]). 3 Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil. (E-mail: [email protected]). 4 Ph.D. em Ciência de Grãos, Professora, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.(E-mail: [email protected]) 5 Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Professora, Departamento de Ingeniería de Alimentos, Facultad de Ingeniería, Universidad
de Córdoba, Colombia. (E-mail: [email protected])
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amino acid. In sensorial test (flavor, color, appearance, taste, texture and global impression),
loaves F10 and F15 have got scores between the terms “like moderately” and “like too much”
and a positive attitude regarding buying intention as a good acceptance for both formulations.
Even implying a decrease in the breads technological characteristics, the use of 85:15
wheat:quinoa composite flour stills shows potential for its production and marketing, due to its
nutritional improvement and acceptance.
Keywords: wheat flour, quinoa flour, sandwich loaf, physicochemical composition, sensory
analysis.
INTRODUÇÃO
A quinoa (Chenopodium quinoa
Willd.) é uma planta da família
Chenopodiaceae, originada da América do Sul
e, inicialmente, cultivada no Peru e na Bolívia.
Vários estudos têm sido desenvolvidos
objetivando desenvolver novas variedades
adaptadas a diferentes condições climáticas e
tipos de solo em regiões como Brasil, Estados
Unidos, Colômbia, Equador, Chile, Argentina,
Canadá, Índia, Inglaterra, Diamarca, Grécia,
Itália, dentre outros. É considerada um
pseudocereal, com estrutura e forma de
utilização semelhantes aos cereais, podendo
seu grão ser moído e transformado em farinha
(Nsimba et al., 2008; Pulvento et al., 2010;
Jacobsen, 2011; Stikic et al., 2012).
Comercialmente, o grão encontra-se
disponível nas formas integral ou polido,
farinhas e flocos, podendo ser consumido
cozido, em sopas, saladas, cereais matinais e
inúmeras outras preparações alimentícias, além
de produtos industrializados. Sua farinha pode
ser utilizada na elaboração de mingaus, pudins,
produtos de panificação e massas alimentícias
(Spehar, 2007; Chillo et al., 2009).
No Brasil, seu consumo é limitado em
virtude do alto custo do grão importado, do
desconhecimento da população, aos hábitos e
costumes tradicionais de cereais como arroz,
trigo e milho e a baixa disponibilidade de
cultivares adaptadas às condições locais.
Conforme Spehar (2007) e Vasconcelos et al.
(2012) é possível produzir quinoa em
condições brasileiras, pela facilidade de
adaptação da planta e resistência a condições
ambientais adversas. Sendo assim, o aumento
de sua produção encontra-se associado a
estudos que demonstrem possíveis formas de
utilização do grão bem como a comprovação
de suas características nutricionais e aplicações
tecnológicas.
Lopes et al. (2009) e Miranda et al.
(2011) estudaram a composição físico-química
da farinha de quinoa registrando teores de
12,14 % de água, 13,32 % de proteína, 5,12 %
de lipídios, 6,38 % de fibra alimentar, 3,46 %
de cinzas totais e 59,58 % de carboidratos.
O mérito principal desta matéria-prima
deve-se à sua composição em aminoácidos
essenciais, comparável à caseína, sendo,
portanto, considerada fonte proteica de boa
qualidade. É um grão rico em aminoácidos
sulfurados e lisina, geralmente deficientes em
proteína de cereais, apresentando também
quantidades relevantes de vitaminas como
tiamina, riboflavina, niacina e piridoxina
(Comai et al., 2007; Borges et al., 2010;
Miranda et al., 2011).
Outra vantagem de seu uso relaciona-
se à sua composição em minerais como cálcio,
fósforo, potássio, magnésio, ferro e zinco
presentes em quantidades superiores à maioria
daquelas de cereais (trigo, milho, arroz, aveia)
comumente consumidos no Brasil (Lopes et
al., 2010; NEPA, 2011; Stikic et al., 2012).
O valor biológico de sua proteína, seu
conteúdo em minerais e outros componentes
bioativos favorecem a aplicação desta matéria-
prima, tanto na fortificação de farinhas de
trigo, milho e tubérculos; como na elaboração
de produtos farináceos tradicionais ou isentos
de glúten (Nsimba et al., 2008), objetivando
melhorias na qualidade nutricional.
Para algumas populações, incluir
proteínas de alta qualidade em suas dietas
constitui um problema, especialmente para
pessoas que raramente consomem produtos de
origem animal e devem obter proteínas de
cereais, leguminosas e outros grãos. Mesmo
que a contribuição de proteínas desses
alimentos seja adaptada, as concentrações
insuficientes dos aminoácidos essenciais
podem contribuir para aumentar a prevalência
de desnutrição (Alves et al., 2008).
Diversos estudos têm sido realizados
no sentido de substituir parcialmente o trigo na
elaboração de produtos de panificação devido
às restrições econômicas, exigências
comerciais, enriquecimento nutricional, novas
tendências de consumo e hábitos alimentares
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específicos. Várias farinhas podem ser
misturadas à farinha de trigo para uso em
panificação, denominando-se tal mistura de
farinha mista ou composta (Gandra et al.,
2008; Angioloni & Collar, 2009; Gurgel et al.,
2010; Maciel & Farias, 2010; Silva et al.,
2010; Mohammed et al., 2012).
A perda de qualidade em pães,
decorrente do uso de sucedâneos da farinha de
trigo, pode ser explicada pela mudança na
estrutura do glúten. Desta forma, a realização
de estudos para determinar o efeito de farinhas
mistas no processamento e qualidade de pães
torna-se importante na compreensão dos
mecanismos pelos quais seus constituintes
interferem no desenvolvimento do glúten e
características físico-químicas, de maneira a
favorecer a aplicação de medidas corretivas
que melhorem as qualidades tecnológicas e
sensoriais dos produtos elaborados
(Mohammed et al., 2012).
Dentre os produtos de panificação, os
pães de forma são alimentos muito difundidos
e consumidos em todo o mundo, apresentando
boa aceitação por consumidores de todas as
faixas etárias (crianças, adultos e idosos) e
bastante acessíveis à população. São
importantes veículos nutricionais para o ser
humano, sobretudo quando são utilizadas em
sua formulação farinhas de melhor qualidade
nutricional, como é o caso da farinha de
quinoa, uma vez que a farinha de trigo branca
é obtida a partir do endosperma amiláceo do
grão, sendo grande parte dos nutrientes
retiradas do farelo (Dewettinck et al., 2008;
Bodroža-Solarov et al., 2008).
A qualidade de pães pode ser
determinada por análises físico-químicas
específicas, microbiológicas e sensoriais, além
de avaliação das características externas
(dimensões, volume específico, cor de crosta,
quebra e simetria), e internas do produto
(espessura de crosta; cor do miolo; tamanho;
número de alvéolos e textura do miolo; além
de aroma e sabor) (Lopes et al., 2007; Cauvain
& Young, 2009).
A farinha de trigo é um ingrediente
fundamental na indústria de panificação, por
possuir propriedades únicas de formação de
uma rede de glúten forte e coesa, capaz de
reter os gases formados durante a fermentação,
garantindo as características próprias do pão
(Pyler & Gorton, 2009; Suas, 2012).
Apesar de o trigo possuir propriedades
tecnológicas ideais para a produção de pão,
suas proteínas são consideradas de baixa
qualidade nutricional devido à deficiência em
aminoácidos essenciais. A utilização de
farinhas mistas tem como objetivo a
substituição parcial da farinha de trigo, visando
à melhoria da qualidade nutricional de
produtos alimentícios e para suprir a
necessidade dos consumidores por produtos
diversificados (Borges et al., 2010).
Este trabalho teve como objetivo
avaliar o potencial de utilização de farinhas
mistas de trigo e quinoa na produção de pão de
forma, por meio da avaliação de características
físico-químicas, tecnológicas e sensoriais.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas como matérias-
primas farinha de trigo especial (FT) e farinha
de quinoa (FQ) adquiridas no comércio de
Viçosa, Minas Gerais. As farinhas mistas
foram preparadas em misturadora vertical,
marca Brasil, modelo 56 RC 6504, com
batedor tipo gancho, pela substituição parcial
da FT pela FQ nas proporções de 100:00
(Controle, F0), 90:10 (F10) e 85:15 (F15). As
matérias-primas foram colocadas no tacho do
equipamento e mantidas sob agitação
constante, com o registro de velocidade
posicionado no número 2, segundo manual do
fabricante, por tempo de 10 minutos, para
garantir melhor uniformidade da mistura.
Produção dos pães
Para produção dos pães foram
utilizadas farinhas FT, F10 e F15, fermento
biológico fresco, açúcar refinado, sal refinado,
margarina cremosa com sal e melhorador em
pó, adquiridos no comércio local de Viçosa-
Minas Gerais e Venda Nova do Imigrante-
Espírito Santo.
Os pães F0, F10 e F15 foram
preparados utilizando método de massa direta,
sendo processados nas condições usualmente
utilizadas na Panificadora Líder Comércio e
Indústria Ltda, Venda Nova do Imigrante,
Espírito Santo (Tabela 1) (Cauvain & Young,
2009).
Tabela 1 - Formulações dos pães de forma obtidos a partir de
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farinhas mistas de trigo e quinoa em diferentes proporções.
Ingredientes (%) Pães*
F0 F10 F15
Farinha de trigo 100 90 85
Farinha de quinoa 0 10 15
Sal refinado 1,5 1,5 1,5
Açúcar refinado 6 6 6
Fermento biológico 4 4 4
Gordura hidrogenada 6 6 6
Melhorador 1 1 1
Ácido ascórbico 0,02 0,02 0,02
Leite em pó desengordurado 3 3 3
Água 55 56 56
*Ingredientes em relação a 100% do total de farinhas mistas (Baker’s, %).
Os pães foram preparados conforme as
seguintes etapas: a) mistura dos ingredientes em
Amassadeira G Paniz, modelo AE 40, com
batedor tipo espiral em duas etapas: na
primeira, foram misturados os ingredientes
secos, durante dois minutos e, em seguida, a
água foi adicionada. Após um minuto de
mistura, acrescentou-se a margarina,
prosseguindo a mistura por mais sete minutos,
até obtenção de uma massa lisa e homogênea;
b) cilindragem, utilizando-se de Laminador G
Paniz, modelo CSP 600; c) divisão, em Divisor
G Paniz, modelo DV 30; d) modelagem, em
Modeladora G Paniz, modelo MPS 350; e)
disposição em formas assadeiras para pão de
sal, com 5 tiras, 58 cm x 70 cm; f) fermentação
em Câmara Climática Venâncio, modelo
AC20T, a 40 ºC por 2 horas e; g) assamento,
em forno Tedesco, a gás, Mod. FTT 240, a 160
ºC por 18 minutos.
Avaliação físico-química dos pães
Composição centesimal
A determinação da composição
centesimal foi realizada segundo a metodologia
da AOAC, sendo água (Método 925-10, AOAC
1996), lipídios (Método 920-85, AOAC 1996)
proteína (Método 960-52, AOAC 1996), cinzas
(Método 923-03, AOAC 1996), fibra alimentar
(Método 985.29, AOAC 1997) e carboidratos
determinado por diferença [100 - (umidade +
lipídios + proteína bruta + cinzas + fibra
alimentar total)].
Determinação e quantificação de
aminoácidos indispensáveis
A determinação dos aminoácidos
fenilalanina, tirosina, histidina, isoleucina,
leucina, lisina, metionina, cistina, treonina,
triptofano e valina foi realizada nas amostras
dos pães F0, F10 e F15, previamente
desengorduradas e hidrolisadas com ácido
clorídrico (HCl) bidestilado 6 N, seguida de
derivação pré-coluna dos aminoácidos livres
com fenilisotiocianato (PITC), e a separação
dos derivativos feniltiocarbamil-aminoácidos
(PTC-aa) em coluna de fase reversa C18 (Pico-
Tag-3,9 x 150mm), com monitoração em
comprimento de onda em 254 nm. A
quantificação da amostra foi baseada na área de
cada pico de aminoácido, tomando como
referência a área do pico do padrão de
aminoácidos com concentração conhecida,
sendo que o padrão foi derivado nas mesmas
condições e, ao mesmo tempo que as amostras.
Para o cálculo do escore químico, os
valores do conteúdo de aminoácidos foram
expressos em mg de aminoácido por grama de
proteína e comparados com o padrão da
FAO/WHO (1985), para crianças de 2 a 5 anos
de idade.
Avaliação física dos pães
Cor do miolo
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A quantificação objetiva de cor foi feita
por meio de um colorímetro triestímulo, com
leitura direta de reflectância das coordenadas de
cromaticidade “L” (luminosidade), “a”
(tonalidades de vermelho a verde) e “b”
(tonalidades de amarela a azul), empregando-se
a escala Hunter-Lab. Neste sistema de cor,
corrigido pela CIELab, os valores L* variam de
zero (preto) a 100 (branco), os valores de a*
variam de -a* (verde) até +a* (vermelho), e os
valores de b* variam de -b* (azul) até +b*
(amarelo) (HunterLab, 1998). Os pães foram
divididos em três partes iguais, sendo utilizado
o terço médio em fatias de 25 mm de espessura.
Os valores correspondentes às coordenadas de
cromaticidade L*, a* e b* foram obtidos por
meio de leitura direta das fatias de pão
submetidas ao colorímetro.
Volume geral e específico
A massa dos pães foi determinada em
balança de precisão e expressa em gramas,
sendo o volume total (VT) obtido pelo método
de deslocamento de sementes (Método 10-05,
AACC, 2001) e o volume específico (VE) pela
divisão do volume do pão (cm3) pela sua massa
(g) (Stikic et al., 2012).
Firmeza
A análise de firmeza foi realizada nos
pães após uma hora do assamento, por teste de
compressão do miolo (Método 74-09, AACC,
1999), utilizando-se máquina universal de
ensaios mecânicos, Instron, modelo 3367, EUA,
2005, equipado com uma célula de carga de 50
N e um probe cilíndrico de 55 mm de diâmetro,
sendo o resultado expresso em Newton (N). Os
parâmetros utilizados foram 40% de taxa de
compressão, velocidade de teste 0,6 mm/s e
velocidade de retorno de 1 mm/s. Os pães
foram divididos em três partes iguais, sendo
utilizadas fatias de 25 mm de espessura obtidas
do terço médio de cada unidade.
Teste de aceitação sensorial e intenção de
compra dos pães
Os pães F10 e F15 foram avaliados
quanto à aceitação sensorial, considerando os
atributos aroma, cor, aparência, sabor, textura e
impressão global, utilizando-se de escala
hedônica, estruturada de nove pontos e intenção
de compra (Minim, 2010).
Amostras de ambos os pães foram
servidas monadicamente, a 138 julgadores não
treinados (consumidores), com idade entre 7 e
71 anos, de ambos os sexos, residentes na
cidade de Venda Nova do Imigrante-ES, sendo
convidados para realizar a análise com base no
hábito de consumir pães.
Delineamento experimental e análise
estatística
O experimento foi disposto no
delineamento inteiramente casualizado com 3
formulações (F0, F10, F15) e 3 repetições,
totalizando 9 unidades experimentais. Todas as
análises foram feitas em triplicata. Para
comparar as médias das análises físico-
químicas, de cor e de firmeza do miolo em
função do nível de substituição de FT pela FQ,
realizou-se análise de variância (Anova) e teste
de Dunnett (p<0,05). Os resultados do teste de
aceitação sensorial foram submetidos à Anova,
sendo as médias dos tratamentos comparadas
pelo teste F (p<0,05).
Todas as análises foram realizadas
utilizando o programa Statistical Analysis
System (SAS) (1996) versão 9.1, licenciado
para a Universidade Federal de Viçosa, Minas
Gerais, 2009.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Composição centesimal
Na Tabela 2 estão apresentados os
resultados da composição química dos pães F0,
F10 e F15. Pode-se verificar que a substituição
parcial da FT pela FQ aumentou (p<0,05) os
teores de cinzas, fibra alimentar total e proteína.
A composição de pães depende do tipo de
farinha e demais ingredientes (ovos, leite,
açúcar, gordura, dentre outros) utilizados em
sua formulação (Straumite et al., 2008).
Tabela 2 - Média (± desvios-padrão) dos teores de umidade, cinzas, lipídios, fibra
alimentar total, proteína e carboidratos dos pães F0, F10 e F15.
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Componentes (%) Pães
F0 F10 F15
Umidade 35,43 ± 0,50 35,59 ± 0,22ns 35,37 ± 0,39ns
Cinzas 1,57 ± 0,05 1,73 ± 0,06* 1,75 ± 0,05*
Lipídios 3,62 ± 0,11 3,46 ± 0,03ns 3,84 ± 0,16ns
Fibra Alimentar Total 3,21 ± 0,12 3,42 ± 0,07* 4,36 ± 0,011*
Proteína 12,43 ± 0,63 14,32 ± 0,26* 14,14 ± 0,52*
Carboidratos 43,74 ± 0,99 41,48 ± 0,53* 40,54 ± 0,71*
*Representa diferença significativa nas linhas, em relação a F0 pelo teste de Dunnett (p<0,05).
nsNão
significativo.
Diferenças observadas no teor de cinzas
são atribuídas aos minerais presentes em
quantidades superiores na quinoa. Lopes et al.
(2009) e Lamacchia et al. (2010) determinaram
o teor de cinzas na farinha desta matéria-prima
e obtiveram concentrações de,
aproximadamente, quatro vezes superior àquela
presente na farinha de trigo refinada.
Com relação aos teores de lipídios, não
houve diferença (p>0,05) entre as amostras,
cujos valores foram próximos àquele
estabelecido pela legislação para alimentos
sólidos com baixo teor de gorduras totais
(Brasil, 1998) e também obtidos por Moura et
al. (2009).
A presença de fibra alimentar nos
alimentos é de grande interesse na área da
saúde, já que têm sido relatados numerosos
estudos que relacionam seu papel com a
redução do risco de enfermidades como
diverticulite, câncer de cólon, obesidade,
problemas cardiovasculares e diabetes (Araújo
et al., 2009; Scharlau et al., 2009; Gonzalez &
Riboli, 2010; Kendall et al., 2010;
Kaczmarczyk et al., 2012). Por outro lado, a
utilização de farinhas ricas em fibras diminui a
qualidade de pães, comprometendo seu volume
e textura (Borges et al., 2011). Do ponto de
vista tecnológico, a fibra, especialmente a
fração insolúvel, interfere mecanicamente na
formação da rede de glúten, além de causar
ruptura de células de gás. Ambas as fibras
(solúvel e insolúvel) competem com as
proteínas formadoras de glúten pela água na
formulação, tornando-a indisponível para
hidratação e consequente formação da rede
proteica na massa (Noort et al., 2010; Rieder et
al., 2012).
Os produtos à base de cereais, como a
farinha de trigo, por exemplo, apresentam
grande variação quanto ao teor de fibra
alimentar, pelo fato de que esta se concentra,
em sua maior parte, nas camadas externas do
grão, as quais estão presentes nos produtos
integrais, mas ausentes, ou muito reduzidas, nos
refinados e seus derivados. Há, também,
bastante variação quanto a proporção de fibra
solúvel e insolúvel entre os diferentes cereais, e,
mesmo, entre variedades diferentes de um
mesmo cereal (Rieder et al., 2012).
De acordo com a ANVISA (1998), para
se declarar que um alimento é fonte de fibras
alimentares, o mesmo deve conter no mínimo
3% e o alimento com alto teor de fibras, no
mínimo 6%. Baseando-se nestes valores e nos
teores de fibra alimentar dos pães F10 e F15
(Tabela 2) pode-se dizer que ambos os produtos
são alimentos fonte de fibras. Resultados
semelhantes foram também obtidos por Danelli
et al. (2010) ao avaliarem a composição
centesimal de pão de forma à base de trigo e
quinoa em flocos em proporções semelhantes
ao presente estudo.
A substituição de 15% de FT pela FQ
aumentou (p<0,05) o teor de proteína total dos
pães, o que pode ser desejável do ponto de vista
nutricional, considerando que a quinoa supera
todos os cereais tradicionalmente consumidos
no Brasil, incluindo o trigo, tanto em
quantidade proteica, quanto em sua composição
em aminoácidos essenciais (Abugoch et al.,
2009; Vega-Galvez et al., 2010; Miranda et al.,
2011; Stikic et al., 2012).
Por outro lado, a presença de proteína
não formadora de glúten pode enfraquecer a
rede de glúten, reduzindo sua elasticidade e
viscosidade da massa, pela elevada competição
por moléculas de água, exigindo maior adição
desta à mistura, rompimento do complexo
amido-glúten e ligações cruzadas com grupos
sulfidrilas. Tais alterações foram observadas
por Ribotta et al. (2005), Maforimbo et al.
(2006) e Roccia et al. (2009), ao avaliarem a
influência da adição de outras fontes proteicas
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(lupin, soja e cacau) em mistura à FT nas
propriedades reológicas da massa. Segundo
estes autores, essas proteínas promovem,
também, uma interrupção na estrutura
tridimensional do glúten, aumentando sua
porosidade, prejudicando, com isso, a
capacidade de retenção de gases, o que,
juntamente com outros componentes da
mistura, ajudam a elucidar as alterações
observadas no presente estudo.
A elasticidade do glúten é atribuída,
principalmente, à glutenina pela resistência ao
rompimento. Este complexo proteico deverá
reter um conteúdo apropriado de grupos ligados
ao nitrogênio amídico para garantir sua
hidratação e formação de ligações de
hidrogênio, além do conteúdo e posicionamento
adequado de radicais sulfidrilas que se
convertem em pontes dissulfeto, garantindo a
correta conformação e tamanho molecular
(Lagrain et al., 2008; Zhao et al., 2010).
O aumento no teor dos diversos
componentes resultou na redução (p<0,05) dos
carboidratos totais dos pães F10 e F15. Isto
implica em menor teor de amido na formulação,
considerado ser este um importante carboidrato
presente na farinha de trigo, com considerável
função no processo de panificação por
contribuir na formação da estrutura,
consistência e textura do miolo e no aumento de
volume (Cauvain & Young, 2009; Pyler &
Gorton, 2009), além de desempenhar papel
relevante no envelhecimento de pães.
Os resultados de teor de carboidratos do
presente estudo encontram-se em acordo com
aqueles verificados por Lima (2007), Oliveira et
al., (2007) ao utilizarem farinha integral de
linhaça na elaboração de pães de forma e pão de
sal, respectivamente. Škrbic et al. (2009), de
maneira análoga, obtiveram redução no teor de
carboidratos ao produzirem pães a partir de
farinhas mistas de trigo integral e refinado.
Escore químico de aminoácidos
A composição em aminoácidos
essenciais das proteínas estudadas está
apresentada na Tabela 3. Os valores foram
divididos conforme recomendado pela
FAO/WHO (1985) para crianças de 2 a 5 anos.
O resultado para o escore químico de
aminoácido (EQ) encontra-se na Tabela 4. A
qualidade de uma proteína dietética é
dependente da sua constituição em aminoácidos
e da biodisponibilidade dos mesmos. O EQ
estabelece uma comparação entre o teor de cada
aminoácido indispensável da proteína teste com
o aminoácido correspondente de um padrão ou
uma proteína tomada como referência. O
padrão de referência mais utilizado é da
FAO/WHO de 1985 (FAO/WHO, 1991). O
aminoácido que apresenta o menor EQ é
considerado o limitante e uma proteína que
apresenta EQ maior que 1,0 para todos os
aminoácidos são considerados de alto valor
nutricional (Mahan & Scott-Stump, 2010).
Tabela 3 - Composição de aminoácidos essenciais das proteínas de F0, F10 e
F15 em comparação ao padrão da FAO/WHO (1985) para crianças de 2 a 5
anos.
Aminoácidos essenciais mg aminoácido/g proteína
Padrão
FAO/WHO F0 F10 F15
Fenilalanina + Tirosina 85,4 81,06 84,86 63
Histidina 26,88 30,67 28,97 19
Isoleucina 40,29 39,91 40,05 28
Leucina 73,23 69,43 70,52 66
Lisina 16,84 16,40 23,54 58
Metionina + Cistina 19,95 18,99 20,23 25
Treonina 25,08 29,32 28,27 34
Triptofano nd1 nd nd 11
Valina 47,19 47,80 47,40 35,00 1Não detectado.
Tabela 4 - Escore químico de aminoácidos das proteínas dos pães F0,
F10 e F15.
312 Caracterização físico-química e sensorial de pão de forma contendo farinha mista de trigo e quinoa Borges et al.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3, p.305-319, 2013
Aminoácidos essenciais mg aminoácido/g proteína*
F0 F10 F15
Fenilalanina + Tirosina 1,36 1,29 1,35
Histidina 1,41 1,61 1,52
Isoleucina 1,44 1,43 1,43
Leucina 1,11 1,05 1,07
Lisina 0,29* 0,28* 0,41*
Metionina + Cistina 0,80 0,76 0,81
Treonina 0,74 0,86 0,83
Triptofano nd1 nd nd
Valina 1,35 1,37 1,35
*Primeiro limitante. 1Não detectado.
A limitação da proteína dos pães é
relevante em se tratando dos aminoácidos
indispensáveis lisina, metionina, cisteína,
treonina e triptofano, quando comparados ao
padrão FAO/WHO. Pires et al. (2006) e Stikic
et al. (2012) verificaram que a lisina é o
aminoácido mais limitante da proteína de trigo,
presente em teores de 28 mg/g e 16,8 mg/g de
proteína, respectivamente, próximo ao
encontrado no presente trabalho para F0 e F10.
Esses valores são inferiores ao recomendado
pela FAO/WHO (1985), que é de 58 mg de
lisina por grama de proteína (Tabela 4).
Embora a adição de FQ tenha
favorecido um discreto aumento nos teores de
alguns aminoácidos essenciais, não foi
observada complementação efetiva entre as
fontes proteicas estudadas nos pães. A
complementação das proteínas ocorre de forma
que as deficiências de uma sejam compensadas
pelos excessos dos mesmos aminoácidos em
outras, dando à mistura valor nutritivo superior
ao de cada componente individualmente
(Guilherme & Jokl, 2005; Mahan & Scott-
Stump, 2010).
Avaliação física dos pães
Cor do miolo
Os resultados para as coordenadas L*
a* b* dos pães Controle, F10, F15 são
apresentados na Tabela 5. Os pães F10 e F15
apresentaram-se mais escuros quando
comparados ao Controle, o que foi demonstrado
pela redução gradual nos valores de
luminosidade, maior tendência ao amarelo e
vermelho, devido à presença de quinoa na
formulação, indicando que a presença de
pigmentação nessa matéria prima interferiu na
cor dos pães.
Tabela 5 - Luminosidade (L*) e coordenadas de cromaticidade a* e b* no
miolo dos pães de forma F10, F15 em comparação com F0.
Coordenadas de
cromaticidade
Pães
F0 F10 F15
L* 79,22 ± 1,05 77,70 ± 0,61ns 75,35 ± 0,53*
a* 0,93 ± 0,09 1,15 ± 0,15ns 1,37 ± 1,00*
b* 20,44 ± 0,85 22,55 ± 0,58* 23,16 ± 0,40*
*Diferença significativa, nas colunas, em relação a F0 pelo teste de Dunnett (p<0,05). ns
Não
significativo.
Os valores de L*, que indicam a
luminosidade da amostra na faixa de 100
(branco) a 0 (negro), não diferiram (p>0,05)
entre as amostras de pão F10 e F0. Porém,
pode-se observar que com o aumento na adição
de FQ (15%) quando comparados com o
controle, tendeu-se ao escurecimento,
enquanto que o pão com 10% de FQ
apresentou resultado inverso, ou seja, tendeu-
se ao branco.
Caracterização físico-química e sensorial de pão de forma contendo farinha mista de trigo e quinoa Borges et al. 313
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3, p.305-319, 2013
A coordenada a*, que indica a variação
de verde (-a*) a vermelho (+a*), é um
parâmetro importante para o estudo de
escurecimento, pois a cor marrom resultante da
degradação dos açúcares (reação de
caramelização) ou reações enzimáticas
(fenolases) representa uma combinação do
verde e vermelho. Um maior escurecimento é
representado por um tom mais avermelhado,
ou seja, maior valor de a*. A coordenada b*,
relacionada ao eixo que varia de azul (-b*) a
amarelo (+b*), demonstrou variações (p<0,05)
entre os pães F10 e F15, situando-se na faixa
positiva e com maior tendência para o amarelo
quando comparado a F0.
Resultados semelhantes foram também
obtidos por Gewehr (2010) e Alves et al.
(2010) ao utilizarem quinoa na elaboração de
pão de forma e pão de queijo, respectivamente.
Volume geral e específico
A substituição parcial de FT pela FQ
reduziu (p<0,05) o volume (geral e específico)
dos pães, conferindo-lhes textura mais firme,
indicando enfraquecimento da estrutura
proteica da massa, com prejuízo na capacidade
de retenção de gases (Tabela 6).
Tabela 6 - Efeito da substituição da farinha de trigo pela farinha de quinoa no
volume total (VT) e volume específico (VE) dos pães F10 e F15 em comparação
com F0.
Variáveis Pães
F0 F10 F15
VT (mL) 538,89 ± 10,85 455,56 ± 6,73* 403,33 ± 6,01*
VE (mL/g) 4,09 ± 0,17 3,40 ± 0,12* 3,02 ± 0,09*
*Diferença significativa, nas linhas, em relação a F0 pelo teste de Dunnett (p<0,05).
À medida que foi aumentando a
porcentagem de FQ na formulação, ocorreu
diminuição (p<0,05) de volume nos pães de
forma, o que está diretamente associado à
diluição do glúten e enfraquecimento de sua
estrutura. Conforme Švec & Hruškov (2010), o
comprometimento dessa estrutura proteica
implica em alterações das propriedades
viscoelásticas da massa que, por sua vez, não
consegue formar uma rede capaz de se
expandir, dar forma adequada ao pão e reter
com eficiência os gases formados pela
fermentação da massa, resultando, portanto, em
pães de menor volume.
Baixos volumes ocasionados pelo uso
de farinhas isentas de glúten, como a FQ do
presente estudo, foram também verificados por
Siddiq et al. (2009) e Mohammed et al. (2012)
ao utilizarem farinhas de gérmen de milho e
grão de bico em substituição parcial à FT na
elaboração de pães, respectivamente. Estes
resultados também podem ser atribuídos à
presença de fibra, principalmente insolúveis na
massa, que agem interrompendo fisicamente a
estrutura proteica, favorecendo perda de gases
na fermentação e no forneamento, conforme
verificado por Hu et al. (2009) e Morris &
Morris (2012).
A utilização de glúten, agentes
oxidantes, alguns emulsificantes e enzimas
melhoram a retenção dos gases, e,
consequentemente, o volume de pães,
minimizando desta maneira o efeito de
sucedâneos da FT em produtos de panificação
(Gandra et al., 2008).
Firmeza
A análise de firmeza demonstrou um
valor significativamente menor para o pão
Controle (79,66 N) em relação aos pães F10
(86,89 N) e F15 (101,26 N), respectivamente,
pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade.
Assim como o sabor, a textura é um importante
indicador de qualidade de um alimento. A
firmeza de pães de forma é a mais evidente
característica de textura observada pelos
consumidores, influenciando grandemente no
julgamento da aceitabilidade do produto
(Kowaslki et al., 2002; Cauvain & Young,
2009).
A firmeza de pães está relacionada com
a força aplicada para ocasionar uma deformação
ou rompimento da amostra, podendo ser
314 Caracterização físico-química e sensorial de pão de forma contendo farinha mista de trigo e quinoa Borges et al.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3, p.305-319, 2013
correlacionada com a mastigação humana. A
força máxima avaliada para produtos
panificados é dependente da formulação
(qualidade da farinha, quantidade de açúcares,
gorduras, emulsificantes, enzimas, adição de
glúten e melhoradores de farinha), umidade da
massa e conservação (tempo de fabricação do
produto e embalagem) (Luyten et al., 2004;
Esteller & Lannes, 2005; Pyler & Gorton,
2009). Geralmente pães com altos teores de
fibras, como observado no presente estudo,
apresentam-se com textura mais firme
(Alpaslan & Hayta, 2006; Oliveira et al., 2007).
Avaliação sensorial dos pães
Teste de aceitação
Ambos os pães contendo F10 e F15
apresentaram boa aceitação entre os provadores,
considerando os atributos aroma, cor, aparência,
textura e impressão global, com escores
localizados entre os termos “gostei
moderadamente” e “gostei muito”. Houve
diferença (p<0,05) entre as formulações apenas
para sabor (Tabela 7). Stikic et al., (2012)
também avaliaram a qualidade sensorial de pães
contendo quinoa e verificaram que
concentração superior a 15% alteraram o sabor,
deixando-o ligeiramente amargo.
Tabela 7 - Resultados da análise sensorial de aceitação para a
avaliação das amostras de pão de forma, considerado os atributos
aroma, cor, aparência, sabor, textura e impressão global1.
Atributos Pães
F10 F15
Aroma 8,06a 8,20a
Cor 7,83a 7,96a
Aparência 7,93a 7,94a
Sabor 7,74a 8,06b
Textura 8,17a 8,03a
Impressão Global 8,19a 8,10a 1
Médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem entre si ao nível de 5 % de
significância pelo teste de F.
Assim como os pães do presente estudo
foram considerados bem aceitos pelos
avaliadores, outros trabalhos realizados com o
intuito de verificar a viabilidade sensorial de
produtos contendo quinoa (Lorenz & Coulter,
2005; Castro et al., 2007; Lopes et al., 2009;
Kirinus et al., 2010; Da Silva et al., 2010;
SILVA et al., 2011), obtiveram resultados
semelhantes.
Intenção de compra
Pode-se verificar pela Figura 1 que os
consumidores apresentaram atitude positiva
quanto à intenção de compra para ambos os
pães.
Os consumidores apresentaram uma
atitude positiva (certamente compraria) quanto
à intenção de compra para ambas as
formulações. Dentre os 138 provadores,
71,74% e 69,57% revelaram que certamente
comprariam (escore 5) os pães de forma F10 e
F15, respectivamente. Apenas o pão F15
apresentou votação para as opções
provavelmente não compraria (2,90%, escore 2)
e certamente não compraria (0,73%, escore 1).
Estes resultados demonstraram interesse
dos consumidores pelos produtos, não tendo
sido observada, portanto, rejeição para
nenhuma das duas formulações. Conclusões
semelhantes foram obtidas por Calderelli et al.
(2010) ao avaliarem a qualidade sensorial de
pão à base de farinha de quinoa.
Caracterização físico-química e sensorial de pão de forma contendo farinha mista de trigo e quinoa Borges et al. 315
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.3, p.305-319, 2013
CONCLUSÃO
Houve melhorias no valor nutricional
dos pães de forma com o incremento nos níveis
de substituição da farinha de trigo pela farinha
de quinoa, promovido pelo aumento (p<0,05)
dos teores de cinzas, fibra alimentar total e
proteínas. Embora a adição de FQ tenha
favorecido um discreto aumento nos teores de
alguns aminoácidos essenciais, não houve
melhoria de qualidade proteica nos pães, tendo
a lisina como o primeiro aminoácido limitante.
Apesar de promover uma diminuição (p<0,05)
da qualidade tecnológica dos pães de forma
(cor, volume e firmeza), a incorporação de até
15 % de farinha quinoa foi promissora para
comercialização, pela sua aceitação, intenção de
compra e aspectos nutricionais.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq, Brasil) pela bolsa concedida e à
Panificadora Líder Comércio e Indústria Ltda,
Venda Nova do Imigrante, Espírito Santo, pela
colaboração no desenvolvimento deste estudo.
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(A) Certamente compraria. (B) Provavelmente
compraria. (C) Tenho dúvidas se compraria. (D)
Provavelmente não compraria. (E) Certamente não
compraria.
316 Caracterização físico-química e sensorial de pão de forma contendo farinha mista de trigo e quinoa Borges et al.
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