Caracterização do chamado de alarme de Dasyprocta sp. e...

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Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento Caracterização do chamado de alarme de Dasyprocta sp. e Cuniculus paca (Rodentia, Caviomorpha) em cativeiro. João Gabriel Souza Silva Belém 2015

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Universidade Federal do Pará

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento

Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Caracterização do chamado de alarme de Dasyprocta sp. e Cuniculus paca

(Rodentia, Caviomorpha) em cativeiro.

João Gabriel Souza Silva

Belém

2015

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Universidade Federal do Pará

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento

Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Caracterização do chamado de alarme de Dasyprocta sp. e Cuniculus paca

(Rodentia, Caviomorpha) em cativeiro.

Belém

2015

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

da Universidade Federal do Pará como requisito para

obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Ecoetologia

Orientador: Profa. Dra. Maria Luisa da Silva

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COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Maria Luisa da Silva Universidade Federal do Pará

Departamento de Biologia Programa de Pós Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Orientadora

Profa. Dra. Ana Cássia Sarmento Ferreira Instituto Federal do Pará

Membro

Profa. Dra. Alda Henriques Loureiro Universidade Federal do Pará

Membro

Prof. Dr. Marcos Bentes Universidade Federal do Pará

Departamento de Psicologia Experimental Programa de Pós Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

Suplente

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―E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará‖

João 8:32

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AGRADECIMENTOS

Prof.ª Dr. Maria Luisa da Silva, pela sua orientação e sua imensa paciência.

Prof.ª Dr. Patrícia Ferreira Monticelli, pela coorientação e apoio logístico.

Prof. Dr. Jacques Marie Edme Vielliard (in memorian) por beneficiar a

humanidade com sua valiosa contribuição para a bioacústica.

Equipe do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica: Amanda Monte, Angélica

Rodrigues, Gabriel Melo, Ramirez Sena, Viviany Costa, João Lopes, Ana

Andrade, Victoria Silva, Iara Ramos, Rodrigo Matos e Danilo Arcoverde.

Agradeço imensamente o amor, o carinho e a compreensão de minha mãe Maria

do Socorro Silva e meu irmão João Eduardo Almeida.

Agradeço ao ―pedaço de Sol‖ que ilumina minha existência Edivânia Silva.

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Silva, J. G. S. (2015). Caracterização do chamado de alarme de Dasyprocta sp. e

Cuniculus paca (Rodentia, Caviomorpha) em cativeiro.

Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do

comportamento, Universidade Federal do Pará.

Resumo

Mamíferos sociais apresentam um comportamento vocal complexo e sofisticado, capazes

de enviar e receber informações precisas referentes ao ambiente e as interações em grupo.

A ordem Rodentia, maior dentre os mamíferos, contém espécies que desenvolveram

amplo repertório vocal para intermediar relações tanto intraespecíficas como

interespecíficas. Em situações de perigo, estes roedores emitem sinais sonoros específicos

conhecidos como chamados de alarme, que possibilitam a percepção e a possível reação

de luta ou fuga perante as ameaças, favorecendo uma defesa antipredador mais efetiva

para essas espécies. Neste contexto, descrevemos e comparamos os parâmetros acústicos

dos chamados de alarme de cutia (Dasyprocta sp.) e paca (Cuniculus paca), através de

análises sonográficas de suas vocalizações em cativeiro. Os registros dos chamados de

alarme de 16 indivíduos de Dasyprocta sp. e 6 indivíduos de C. paca foram realizados no

biotério da Universidade Federal do Pará, totalizando 87 minutos de gravações dos

chamados de alarme emitidos durante as observações nos respectivos recintos. A análise

bioacústica das 539 amostras do chamado de alarme de cutias demonstrou que a faixa de

frequência varia de 224 Hz a 978 Hz, com duração média de 898 ms. As 95 amostras do

chamado de alarme de pacas apresentaram faixa de frequência com variação de 340 Hz a

1280 Hz, com duração média de 1967 ms. As características sonoras desses chamados

indicaram que há uma predominância por frequências mais baixas do sinal acústico das

duas espécies, porém as pacas podem atingir frequências máximas e mínimas muito

maiores que as cutias, além de emitirem sinais de maior duração. A análise dos

componentes principais (PCA) revelou que os chamados de alarme das duas espécies são

diferenciados principalmente pela duração e frequência máxima dos sinais sonoros.

Palavras-chave: Bioacústica, chamado de alarme, roedores caviomorfo

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Silva, J. G. S. (2015). Characterization of alarm call of Dasyprocta sp. and Cuniculus

paca (Rodentia, Caviomorpha) in captivity.

Master thesis. Graduate program in theory and research of behavior, Federal University

of Pará.

Abstract

The social mammal present complex and sophisticate vocal behavior, they are able to

send and receive precise information about the environment and the interactions of the

group. The order Rodentia, the biggest among mammals, has species that developed

wide vocal repertoire in order to intermediate both interspecific and intraspecific

relationships. During threatening context, some rodents emit specific vocalizations

classified as alarm calls, these calls allow the perception of the threat and the possibility

of subsequent reaction such as fight or scape. These reactions in the context of threat

provide to these rodent species an effective defense against predation. In this context,

we described and compared the acoustic parameter of the alarm call of the agouti

(Dasyprocta sp.) and the lowland paca (Cuniculus paca) using the sonographic analysis

of their vocalizations recorded in captivity. We realized the register of the agonistic

calls of 16 individuals of Dasyprocta sp. and 6 individuals of C. paca in the vivarium

placed in the Federal University of Para in a total of 85 minutes of recording.

We recorded alarm calls during the social interactions that happened in their

respective cages. The bioacoustics analysis of the 539 alarm calls of the agouti

demonstrate that the frequency bandwidth varies from 224 to 978 Hz and the duration is

898 ms. The 95 alarm calls of the lowland paca analyzed presented frequency

bandwidth that varied from 340 to 1280 Hz, the mean of the call’s duration was

1967 ms. The sound characteristics of these so called indicated that there is a

predominance of lower frequencies of the acoustic signal of the two species, but the

pacas can reach high and low frequencies much larger than the agoutis, and issue of longer

duration signals. The principal components analysis (PCA) revealed that the alarm calls

of both species are differentiated primarily by the maximum duration and frequency of

the beeps.

Keywords: Bioacustics, alarm call, caviomorph rodents.

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Sumário

Agradecimentos........................................................................................................... I

Resumo....................................................................................................................... . II

Abstract..................................................................................................................... .. III

Lista de figuras e tabelas............................................................................................ IV

1 Introdução................................................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 4

2.1 Classificação taxonômica.................................................................................... 4

2.2 Distribuição geográfica e hábitats .................................................................... 5

2.3 Comunicação sonora animal e bioacústica....................................................... 6

2.4 Repertórios acústicos em roedores.................................................................... 9

2.5 Chamados de alarme......................................................................................... 11

3. OBJETIVO................................................................................. ................ 13

3.1 Objetivo geral....................................................................................... ..... 13

3.2 Objetivos específicos................................................................................. 13

4. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 14

4.1 Sujeitos experimentais e ambiente de estudo............................................. 14

4.2 Coleta e análise dos sinais acústicos............................................................ 15

5. RESULTADOS.......................................................................................... 16

6. DISCUSSÃO................................................................................................. 22

7. CONCLUSÃO........................................................................................... 24

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 26

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Indivíduos adultos da espécie Dasyprocta sp. criados em cativeiro..............03

Figura 02: Indivíduos adultos da espécie C. paca criados em cativeiro..........................04

Figura 03: Esquema demonstrando as relações filogenéticas da subordem

Hystricognathi, segundo a revisão de Woods & Kilpatrick (2005), destacando as

espécies C. paca e Dasyprocta sp. (adaptado de Alencar Jr, 2011)................................05

Figura 04: Mapa da distribuição geográfica da espécie Dasyprocta sp. (a), e distribuição

geográfica da espécie C. paca (b). Segundo Eisenberg (1989).......................................06

Figura 05: Local de alojamento e observação de animais. (a) Planta baixa

esquematizando o biotério da UFPA, (b) viveiro de Dasyprocta sp. e (c) viveiro de C.

paca.................................................................................................................................14

Figura 06: Representação sonográfica do chamado de alarme de Cuniculus paca (a) e

Dasyprocta sp. (b), evidenciando a frequência máxima, frequência mínima e duração

dos chamados.................................................................................................. .................17

Figura 07: Valores mínimos, máximos e mediana das durações dos chamados de

Dasyprocta sp. H (gl=6, N=539) = 52,704, e C. paca H (gl=2, N=95) = 45,356.........................18

Figura 08: Valores mínimos, máximos e mediana da faixa de frequência de Dasyprocta

sp. H (6, N = 539) = 156 e C. paca H (gl2, N = 95) = 29,4............................................18

Figura 9: Valores mínimos, máximos e mediana da frequência mínima de Dasyprocta

sp. H (6, N= 539) =207,7 (a), e C. paca H (2, N= 95) = 66,12...................................................19

Figura 10: Valores mínimos, máximos e mediana da frequência máxima de Dasyprocta

sp. H (gl = 6, N = 539) = 200 (a), e C. paca H (gl = 2, N= 95) = 104.............................................20

Figura 11: Análise dos componentes principais indicando a correlação positiva entre as

variáveis duração e frequência máxima dos chamados de alarme..................................21

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1. INTRODUÇÃO

Rodentia é a ordem que apresenta o maior número de representantes da classe

Mammalia (Eisenberg, 1989), sendo o continente Americano o mais rico em número de

gêneros e espécies (Cabrera & Yepes, 1960). A principal característica dos roedores é a

presença de quatro dentes incisivos, proeminentes e amarelados, de crescimento

contínuo durante toda a sua vida. Como processo natural de desgaste destes incisivos, os

animais passam boa parte do tempo roendo pedaços de madeira, objetos, troncos de

árvores e alimentos (Clark & Olfert, 1986). Seus representantes são adaptados

fisiologicamente e ecologicamente aos mais variados ecossistemas terrestres e a

comunicação sonora é um importante componente das interações sociais da vida em

grupo dos roedores (Emmons & Feer, 1997).

A cutia (Dasyprocta sp.) (Linneus, 1758), e a paca (Cuniculus paca) (Linnaeus,

1758), estão entre as maiores espécies de roedores existentes na região Neotropical

(Emmons, 1990). Possuem hábitos escavadores de esconder e posteriormente procurar

reservas de sementes dispersos em vários locais da sua área de vida, garantindo recursos

durante períodos de escassez de alimentos (Smythe, 1989; Dubost, 1988; Hallwachs,

1986). O armazenamento e conservação de alimentos para uso futuro permite controlar

a disponibilidade de alimento no espaço e no tempo, mantendo um fluxo contínuo de

alimento para a prole durante a estação reprodutiva (Vander Wall, 1990). Com isso,

desempenham importante função na manutenção da diversidade de árvores da floresta,

através da dispersão e predação de sementes e de plântulas (Fragoso, 1994; Pimentel &

Tabarelli, 2004; Guimarães et al., 2005), ao passo que os carnívoros regulariam as

populações de herbívoros e frugívoros (Terborgh et al., 2001).

Estes roedores possuem grande potencial econômico por constituírem rica fonte

de proteínas para alimentação o homem, principalmente indígenas e camponeses

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(Smythe, 1978). Nas últimas décadas tem-se verificado um aumento da demanda de

carne destes animais por ser muito palatável, o qual incrementou a caça predatória e o

comercio ilegal, gerando uma séria diminuição progressiva de suas populações em

seus habitats naturais (Altrichter, 2000). Atualmente são consideradas vulneráveis em

algumas áreas do território brasileiro, um status provocado pela caça e pressão

ecológica associada com a redução das florestas habitats (Bergallo et al, 2000). As

cutias e as pacas também são importantes na dieta de vários carnívoros, sendo

provavelmente a principal fonte alimentar de alguns felinos (Felis pardalis, Panthera

onca, Felis concolor e Felis yaguaroundi) e de quatis (Nasua nasua) (Smythe, 1978).

Os roedores do gênero Dasyprocta (cutias) (Figura 01), possuem porte

avantajado, para o grupo dos roedores, medem entre 40 a 60 centímetros de

comprimento e pesam cerca de 4 Kg, sendo as fêmeas maiores do que os machos

(Simpson, 1980). São animais de hábitos diurnos, adaptados à vida terrestre por uma

redução de dedos funcionais, sendo quatro nos membros torácicos e três nos membros

pélvicos. As unhas dos membros torácicos são ligeiramente arqueadas dando-lhes

capacidade de escavar, embora não sejam verdadeiros cavadores (Smythe, 1989). As

extremidades posteriores são bem maiores do que as anteriores, capacitando-as para

saltos (Cabrera & Yepes, 1960). Vivem em pares monogâmicos e permanecem com sua

prole até o final do período reprodutivo (Emmons & Feer, 1997). Atingem a maturidade

sexual aos seis meses de idade e possuem uma gestação que dura em média de 104 dias,

com dois filhotes por ninhada e partos distribuídos ao longo do ano (Guimarães, 1993;

Guimarães, 2000).

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Figura 01: Indivíduos adultos da espécie Dasyprocta sp. criados em cativeiro.

As pacas, (Cuniculus paca), ocupam uma variedade de habitats,

preferencialmente áreas florestadas próximas a cursos de água (Eisenberg, 1989).

Medem aproximadamente 80 centímetros de comprimento e podem chegar a pesar 13

Kg, perdem em tamanho apenas para a capivara (Matamoros & Pashov, 1984). Possuem

corpo longo e robusto, apresentam pelagem áspera, com coloração do dorso e cabeça

variando entre pardo-amarronzado, castanho-avermelhado ou castanho-escuro,

clareando em direção às laterais (Figura 02). Exibe um padrão de listras esbranquiçadas

em linhas laterais que se estende do pescoço até próximo à base da quase imperceptível

cauda.

Os dígitos são alongados, quatro nas patas anteriores e cinco nas posteriores, os

três centrais providos de garras fortes, e os dois marginais reduzidos, não tocando o

solo. A cauda é muito reduzida, quase imperceptível e nua. A pelagem do dorso e

cabeça varia entre o castanho-avermelhado e o castanho-escuro, ou cinza-escuro,

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clareando em direção às laterais, que apresentam um padrão de manchas arredondadas

esbranquiçadas em linhas longitudinais, algumas delas.

Figura 02: Indivíduos adultos da espécie C. paca criados em cativeiro.

É uma espécie territorial, noturna e solitária, forrageiam ao entardecer e no

crepúsculo (Beck-King et al., 1999). Ocasionalmente vivem aos pares durante as

estações reprodutivas, a gestação dura em média148 dias ocorrendo o nascimento de um

filhote duas vezes ao ano (Guimarães et al., 2008). Dentro do ambiente florestal são

consideradas importantes dispersoras e predadoras de sementes (Beck-King et al., 1999;

Janini, 2000), uma vez que se afastam dos locais de alimentação carregando os frutos e

não consumindo todas as sementes carregadas.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Classificação taxonômica

A cutia é um mamífero pertencente à ordem Rodentia, subordem Hystricognathi,

infraordem Caviomorpha, superfamília Cavioidea, família Dasyproctidae e ao gênero

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Dasyprota (Wilson & Reeder, 1993) (Figura 03). A revisão taxonômica mais abrangente

realizada até o momento (Iack-Ximenes, 1999) inclui neste gênero oito espécies

descritas de cutias que ocorrem no Brasil.

A paca, Cuniculus paca, é o terceiro maior roedor das Américas, pertencente à

ordem Rodentia, subordem Hystricognathi, infraordem Caviomorpha, superfamília

Cavioidea, família Cuniculidae e gênero Cuniculus. Essa família inclui apenas um

gênero e duas espécies de pacas, sendo que apenas uma delas é conhecida para o Brasil.

Figura 03: Esquema demonstrando as relações filogenéticas da subordem Hystricognathi, segundo a

revisão de Woods & Kilpatrick (2005), destacando as espécies C. paca e Dasyprocta sp. (adaptado de

Alencar Jr, 2011).

2.2 Distribuição geográfica e hábitats

A distribuição geográfica do gênero Dasyprocta vai de Veracruz no sul do

México, passando pela América Central, até o norte da Argentina, Paraguai, Uruguai e

todo território brasileiro (Eisenberg, 1989). Vivem em florestas úmidas e ocupam um

território com área estimada entre 4 a 8,5 ha (Eisenberg, 1989; Jorge & Peres 2005;

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Silvius & Fragoso 2003). Muito pouco é conhecido sobre o seu habitat (Smythe, 1978),

adultos raramente usam tocas, enquanto os jovens nascem geralmente próximos de uma

abertura ou algumas tocas cavadas por outros animais, nas quais refugiam-se para

abrigarem-se, exceto quando as fêmeas os chamam para amamentação (Eisenberg,

1989).

A paca (C. paca) é um roedor da região Neotropical cuja distribuição geográfica

ocorre desde o sudeste do México ao norte da Argentina, passando por todo território

brasileiro (Eisenberg, 1989) (Figura 04b). Emmons e Feer (1997) afirmam que a espécie

pode viver em florestas perturbadas, secundárias, decíduas, florestas de galeria, jardins e

plantações.

Figura 04: Mapa da distribuição geográfica da espécie Dasyprocta sp. (a), e distribuição geográfica da

espécie C. paca (b). Segundo Eisenberg (1989).

2.3 Comunicação sonora animal e bioacústica

A comunicação animal é criteriosamente estruturada pela transmissão de

informações de um emissor para um ou mais receptores que reajam a este estímulo,

(Grier & Burk, 1992; Krebs & Davies, 1996; Bradbury & Vehrencamp, 1998). Para

contextualizar e codificar as distintas interações entre emissores e receptores são

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utilizados sinais químicos e físicos como estímulos visuais, sonoros, olfativos, tácteis e

elétricos aos diferentes órgãos sensoriais (Redondo, 1994; Krebs & Davies, 1996). A

seleção de um tipo específico de sinal de comunicação não impede o uso complementar

de um sinal de outra natureza para propagar a informação no ambiente.

Muitos animais emitem sinais sonoros para enviar e receber informações de

forma mais rápida e eficiente dentro de um grupo, principalmente quando o ambiente

não favorece outros meios de comunicação (Hauser, 1996). O som é modelado por

ondas sonoras que propagam mecanicamente a energia em meio material, estruturado

pela interação de três parâmetros físicos: frequência, amplitude e duração

(Nepomuceno, 1977). Estes parâmetros não se apresentam isolados ou independentes

um do outro, sendo combinados e transmitidos como um código único que fornece a

informação correspondente à função biológica do sinal da comunicação sonora

(Vielliard, 1987).

Um sistema de comunicação acústica é caracterizado por uma ampla escala de

fatores correlacionados a contextos sociais e a códigos específicos da sinalização sonora

(Naguib, 2006). As pressões seletivas ocorridas às funções biológicas da comunicação

sonora animal permitiram o desenvolvimento de uma imensa variedade de sinais

sonoros e sistemas de comunicação, em um processo evolutivo similar ao ocorrido em

estruturas morfológicas (Wilson, 1975; Redondo, 1994).

Através da comunicação acústica é possível expressar estados comportamentais,

indicar fontes de nutrientes, intermediar atividades em grupo, emitir alarmes, resolver

disputas por território ou hierarquia, e sinalizar informações espécie-específicas

utilizadas na seleção sexual, o que permite maior diferenciação específica dos sinais

sonoros e eleva a complexidade da organização social do grupo (Hauser, 1996,

Bradbury & Vehrencamp, 1998; Naguib, 2006). Os diferentes repertórios acústicos

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desempenham funções comunicativas gerais, porém, nem sempre é fácil delimitar com

precisão o número de categorias contidas no espectro das emissões vocais (Palombit,

1992).

A bioacústica é o ramo da zoologia que estuda os diversos aspectos

comportamentais da comunicação sonora animal (Vielliard, 1987). No contexto

histórico-científico a bioacústica se firmou como ciência após os avanços tecnológicos

dos primeiros gravadores portáteis, datados do final dos anos 50, após a Segunda Guerra

Mundial, quando tais equipamentos se tornaram disponíveis para comunidade científica

(Vielliard & Silva, 2011). Este avanço permitiu maior precisão dos registros sonoros,

maior fidelidade do armazenamento de dados e as primeiras descrições sonoras animais,

estabelecendo o marco inicial da Bioacústica como instrumento de pesquisa. Nas

últimas décadas, a rápida evolução da informática aperfeiçoou e barateou os softwares

de gravação e armazenamento de dados, tornando os equipamentos compactos, com

maior capacidade de memória e preservando ao máximo as informações originais do

sinal (Palácios et al., 2009).

A bioacústica pode ser utilizada como ferramenta prática para estudos nas áreas

da etologia, neurociências, aprendizagem, ecologia, levantamento de fauna,

conservação, taxonomia e sistemática filogenética (Vielliard & Silva, 2011). Dentre os

inúmeros recursos metodológicos oferecidos pela bioacústica pode-se destacar a

possibilidade do monitoramento não invasivo durante o levantamento de fauna

(Márquez et al., 2011), gerar informações sobre padrões de dispersão e uso de recursos

por determinada espécie (Palácios et al., 2009) e a vantagem de ser muito mais barata

do que as análises genéticas para verificação de relações filogenéticas e mais precisas

do que as análises morfológicas, no caso de espécies que são quase idênticas

visualmente (Vielliard, 1997).

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Embora a Bioacústica tenha favorecido uma distinta documentação sonora da

biodiversidade de diversos grupos taxonômicos, ainda é subestimada enquanto

ferramenta de pesquisa e trabalho com mamíferos brasileiros. As pesquisas e

tecnologias brasileiras na área de monitoramento bioacústico estão muito aquém das

necessidades, possibilidades e benefícios que a ferramenta oferece para o uso e

conservação de espécies, tendo notável reflexo na carência de um bom acervo da

mastofauna brasileira.

2.4 Repertórios acústicos em roedores

Estudos relacionados ao repertório acústico de roedores têm revelado adaptações

comunicativas e enriquecido as discussões em torno da origem geográfica e das relações

internas entre os táxons desta ordem (Ebensperger & Blumstein 2006; Freitas 2006,

Marques 2009; Woods & Kilpatrick 2005). Categorizar os diferentes sinais

comunicativos do repertório vocal destes animais permite uma melhor compreensão

sobre o desempenho e os processos evolutivos envolvidos no comportamento acústico

das espécies. Desta maneira, a bioacústica tem sido uma ferramenta bastante utilizada

para elaboração de importantes hipóteses evolutivas sobre o comportamento vocal de

Roedores (Coulon, 1975; Arvola, 1974; Berryman, 1976; Ades et al., 1994; Tokumaru

2000; Monticelli, 2000). Um exemplo é o comportamento acústico nas relações sociais

da espécie silvestre de preá (Cavia aperea), e na cobaia (Cavia porcellus), espécie

domesticada que são marcadas por diferentes categorias de comportamentos que

envolvem modulações complexas de sinais sonoros (Berryman, 1976). Monticelli

(2005) identificou 10 amplas categorias acústicas nas espécies domesticadas, compostas

de sinais pulsados como o bater de dentes, o chamado de alarme de curta distância e o

chamado de corte, sinais compostos como os chamados de contato, chorinho, duas

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categorias de gritos, o chamado de alerta à distância além dos sinais exclusivos de

filhotes como o assobio de separação da mãe.

A capivara (Hydrochoerus Hydrochaeris) é a maior espécie de roedor vivente

(Nogueira-Filho, 1999), considerada especialista em habitas semi-aquáticos, sua área de

ocorrência está associada às bacias hidrográficas dos principais rios sul-americanos

desde o leste da Colômbia, Venezuela e Guianas, Uruguai, nordeste da Argentina e

Brasil (Ojasti, 1973; Mones & Ojasti, 1986). São animais que vivem em grupos de

tamanhos variados, com uma estrutura de interações sociais complexas e hierarquizadas

(Nogueira et al., 1999).

Barros (2009), acompanhando essa estrutura social complexa descreveu um

repertório composto por sete emissões vocais e uma emissão não vocal, dentre estas

emissões vocais estão o latido, um sinal de alarme emitido por adultos e subadultos que

desencadeava a postura de alerta no grupo; o estalido, emitidos durante o deslocamento

dos animais em grupo tanto na área de terra quanto na água; o ―có‖, uma vocalização

exclusiva de animais imaturos sexualmente, observada em contextos agonísticos

durante a alimentação quando dois ou mais animais disputavam o mesmo feixe de

capim boca a boca; e o grito, emitidos tanto por adultos quanto por filhotes durante o

manejo e captura dos indivíduos. O bater-de-dentes é a única emissão não vocal do

repertório destes roedores, produzida pelo entrechoque dos dentes superiores com os

dentes inferiores do animal, são emitidos em ocasiões agonísticas entre adultos durante

a alimentação, ou no encontro entre machos de grupos diferentes.

Outro grupo de roedores com o repertório conhecido pertence à espécie de mocó

(Kerodon rupestres), presente nas regiões de caatinga e cerrados brasileiros, são animais

sociais que vivem em grandes grupos dentro de afloramentos rochosos (Mares &

Lacher, 1987). Seu repertório acústico é composto por 12 sinais sonoros (Alencar Jr,

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2011), dentre eles estão o bater-de-dentes produzido em interações agonísticas; os

chamados de curta distância e estalidos, utilizados entre filhotes e adultos na

manutenção de contato e coesão do grupo durante atividades de exploração e

forrageamento; o choro, usados na regulação social, modulando o comportamento de

aproximação e contato por parte de um receptor; e gritos, emitidos em resposta a um

golpe recebido. Uma particularidade do mocó é o chamado de alarme que soa como um

latido, tal qual na capivara e na cutia (Smythe 1978; Barros 2009), embora seja menos

rouco e apresente uma estrutura tonal. Ele é eliciado pela presença de um potencial

predador.

2.5 Chamados de alarme

Chamados de alarme são comuns entre os animais terrestres e são caracterizados

pelas vocalizações emitidas por presas para alertar a presença de predadores (Eisenberg

1974). Estes sinais servem não apenas para alertar os membros da mesma espécie como

também desviar a atenção do predador ou desencorajá-lo o ataque (Ebensperger, 1998).

Os emissores destes chamados podem ter limites variáveis de excitação perante

um perigo, aumentando consideravelmente o risco de predação durante o chamado.

Individualmente, esta sinalização tem um alto custo para sobrevivência do emissor e

muitas vezes parecem beneficiar principalmente os receptores. Evidências sugerem que,

sob certas circunstâncias, os animais para reduzir o próprio risco de serem predados

evitam emitir sinais de alarme, porque ao fazê-lo se tornariam ainda mais vulneráveis

aos predadores (Blumstein, 1999). No entanto, este comportamento é mantido por

seleção natural, sugerindo que os benefícios em manter esta sinalização são maiores que

os seus custos (Macedónia & Evans 1993), quando coespecíficos fogem em segurança,

em resposta a uma chamada, o emissor ganha aptidão através de sua sobrevivência.

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Mesmo sendo potencialmente arriscado ao emissor, o reconhecimento destes

chamados é fundamental para a sobrevivência em grupo, pois fornece o reconhecimento

específico, mantem a coesão dos grupos e provocam uma melhor postura de alerta e

vigilância, desencadeando uma possível ação evasiva frente às ameaças (Fichtel &

Kappeler 2002; Furrer & Manser 2009).

As espécies de roedores são um excelente modelo para pesquisar a evolução do

chamado de alarme, pois emitem sinais sonoros quando localizam um predador em

potencial, o que fornece aos membros do grupo informações sobre os diferentes níveis

de perigos e urgência (Krebs & Davies, 1996; Ebensperger, 1998; Meuthen et al.,

2012). Estas emissões vocais são sinais de longa distância, funcionalmente, mais

eficientes para espécies diurnas, sociais ou coloniais, entretanto para a maioria dos

roedores que são de espécies noturnas, solitárias e semifossoriais, estes sinais são menos

eficientes. Chamando no escuro, quando um emissor não é capaz de avaliar o risco ou

controlar com precisão a sua própria vulnerabilidade, poderia expor os chamadores para

riscos excessivos com pouco benefício e pode, portanto, ser desfavorecida.

Compreender a utilidade adaptativa de comunicação de alarme tem sido uma

forte influência na explicação da evolução do comportamento social (Keller & Reeve,

2002), o reconhecimento, pelo pesquisador, destes chamados específicos permite

acessar informações mais precisas a respeito da comunicação acústica e da organização

social do grupo, possibilitando uma maior compreensão do significado adaptativo e os

custos de emitir estes sinais (Ehret 1980), mas, devido à insuficiência de dados

comparativos, é difícil saber o quão comum são esses sinais entre as espécies.

Embora sejam encontradas em diferentes sistemas florestais e em número

abundante, são poucos os trabalhos realizados no que diz respeito ao comportamento

acústico de cutia (Dasyprocta sp.) e paca (Cuniculus paca), em particular dos chamados

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de alarme. Neste sentido, o presente estudo é parte integrante do projeto intitulado

―Comunicação acústica em mamíferos terrestres neotropicais; descrição comparativa de

repertórios e uso da Bioacústica como ferramenta para estudo de populações naturais‖

(Processo FAPESP 2011/18253-7, EBAC, FFCLRP, USP). Visando contribuir para

uma maior compreensão do aspecto comportamental envolvido na comunicação sonora

dos roedores da subordem Hystricognathi (figura 01), este estudo descreve e compara os

parâmetros físicos da estrutura acústica dos chamados de alarme de pacas e cutias em

cativeiro.

3. OBJETIVO

3.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho foi descrever e comparar os parâmetros físicos da

estrutura acústica do chamado de alarme de cutias (Dasyprocta sp.) e pacas (C. paca),

em cativeiro.

3.2 Objetivos específicos

(1) Registrar emissões sonoras que constituam sinais de comunicação acústica de

espécies-modelo para Dasyprocta sp. e C. paca, incorporando tais dados à coleção do

―Arquivo de Sons da Amazônia‖ (ASA) e ao acervo ARQSOMA da Fonoteca César

Ades (EBAC, FFCLRP, USP).

(2) Descrever o comportamento vocal dos chamados de alarme das espécies expostos

durante as interações em suas baias.

(3) Realizar comparação intra e interespecíficas da estrutura acústica das emissões

sonoras registrados.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Sujeitos experimentais e ambiente de estudo

Os registros sonoros e comportamentais de Dasyprocta sp. e Cuniculus paca

foram coletados de animais adultos mantidos e adaptados em cativeiros (biotério). Os

animais utilizados neste estudo são pertencentes ao Criatório Científico da Universidade

Federal do Pará, que mantém em seu recinto 16 espécimes de cutia (sendo 13

pertencentes à espécie Dasyprocta leporina e 3 pertencentes a espécie Dasyprocta

prymnolopha) e 6 espécimes de paca. O biotério é formado por dois amplos corredores

que apresentam um total de 24 baias (figura 05), a composição das colônias varia de

dois a quatro indivíduos por baia, sendo que as cutias são alojadas em sete baias e as

pacas alojadas em três baias, os restantes das baias não estão sendo utilizadas.

Figura 05: Local de alojamento e observação de animais. (a) Planta baixa esquematizando o biotério da

UFPA, (b) viveiro de Dasyprocta sp. e (c) viveiro de C. paca.

(b) (c)

(a)

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Cada recinto é estruturado em alvenaria e são gradeados com tela de aço para

possibilitar a ventilação e a iluminação natural, medem 2,70 metros de altura; 1,35

metros de largura, e 3,30 metros de comprimento e possuiam um comedouro (0,4m X

0,2m). Devido as paca serem roedores de hábitos noturnos, em suas baias foi construído

uma estrutura de alvenaria com aparência similar a uma toca para que durante o dia

pudesse ficar abrigada.

4.2 Coleta e análise dos sinais acústicos

Os registros das interações sociais de cutias e pacas em suas baias foram

realizadas no período de janeiro de 2013 a março de 2014. Seguindo o paradigma de

Berrymam (1976), coletamos os sinais sonoros a partir de sessões de observação de 10 a

20 minutos de amostragem por baia, sem a manipulação direta dos animais, em horários

alternados e não regulares entre 6h00 e 18h00 horas, sendo realizadas três observações

em cada baia das duas espécies. Selecionamos as vocalizações emitidas sempre que os

animais eram expostos à presença do observador, esta situação provocava a emissão do

chamado de alarme o que desencadeava a automaticamente a postura de alerta dos

animais. Para todos os sinais sonoros coletados foram medidos os parâmetros físicos de

frequência mínima, frequência máxima, faixa de frequência e duração das emissões.

Para a gravação dos registros sonoros destes roedores, posicionamos um

microfone ultradirecional Sennheiser ME 66®

, conectado ao gravador digital

profissional Tascam DR-100®

(gravando em formato WAV e com taxa de frequência de

amostragem de 48 KHz), a aproximadamente 1 m do solo e a 2 m de distância dos

indivíduos observados. Paralelamente, utilizamos uma câmera filmadora Canon® Power

Shot para registrar e armazenar em formato de vídeo os contextos comportamentais que

acompanharam a emissão das vocalizações e o possível emissor.

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A digitalização e a produção de sonogramas do material coletado foi realizado

no Laboratório de Ornitologia e Bioacústica (LOBio), da Universidade Federeal do

Pará. Analisamos a estrutura acústica destes parâmetros com o uso dos programas

Avisoft SASLabPro (Avisoft Bioacoustic, Berlim), Raven 1.4 (Cornell Lab. Of

Ornithology, Ithaca, NY) e Adobe Audition 1.5. Para a análise descritiva dos dados,

todas as medidas foram armazenadas em tabelas do programa Excel (Microsoft Office

Versão 2010) e posteriormente integradas ao programa Statistica (Statsoft).

Para analisar a estrutura acústica dos chamados de forma generalista, agrupamos

as vocalizações de todos os indivíduos por baias e os renomeamos com um código

único, deste modo analisamos as vocalizações que representavam as colônias em que os

animais eram mantidos (Tabela 01).

Tabela 1: Composição das colônias de cutias e pacas do criatório cientifico da UFPA. O sexo dos animais

é indicado pelas letras F (fêmea) e M Macho. Os indivíduos foram codificados de acordo com as colônias

as quais pertenciam.

Espécie Indivíduos Código

Dasyprocta sp.

F22 M417 C1

F428 M411 C2

F426 M416 C3

F446F447M455M454 C4

F440 M439 C5

M444 M445 C6

F23 M311 C7

Cuniculus paca

F53 e M47 P1

F52 e M49 P2

F22 e M48 P3

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(a)

(b)

5. RESULTADOS

Descrevemos o chamado de alarme de pacas e cutias a partir dos dados obtidos

de três horas de gravações simultâneas de áudio e vídeo dos animais em cativeiro.

Medimos os parâmetros físicos de 539 chamados de alarme de Dasyprocta sp. e 95

chamados de alarme de C. paca (figura 07). Os chamados foram caracterizados por

vocalizações de baixa frequência e curta duração, apresentando um padrão de notas

graves assemelhando-se a rosnados guturais.

Figura 06: Representação sonográfica do chamado de alarme de Cuniculus paca (a) e Dasyprocta sp. (b),

evidenciando a frequência máxima, frequência mínima e duração dos chamados.

Analisamos os valores estatístico descritivos dos parâmetros temporais dos

chamados de alarme utilizando o teste de Kruskal-Wallis ( = 0,01), as vocalizações de

cutia apresentaram duração variando de 165 ms a 2918 ms com valor da mediana de

877 ms, H (gl=6, N=539) = 52,704, os valores da duração dos chamados de pacas

apresentaram variação de 404 ms a 7594 ms com valor da mediana de 1727 ms, H (gl=2,

Frequência máxima Frequência mínima

Duração

Frequência máxima

Duração

Frequência mínima

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N=95) = 45,356 (figura 07). Observamos que os indivíduos da mesma espécie

apresentam valores semelhantes de duração dos chamados, porém quando comparamos

as pacas com as cutias, observamos que as cutias possuem chamados de alarme mais

curtos e que as pacas podem emitir chamados de alarme de maior duração.

Figura 07: Valores mínimos, máximos e mediana das durações dos chamados de Dasyprocta sp. H (gl=6,

N=539) = 52,704, e C. paca H (gl=2, N=95) = 45,356.

As faixas de frequências dos chamados de alarme das duas espécies

apresentaram espectro de variação menores que 1 KHz, de 224 Hz a 978 Hz, com

mediana em 576 Hz para os chamados de cutia H (gl=6, N = 539) = 156,0, e variando de 340

Hz a 1280 Hz, com mediana de 724,5 Hz para os chamados de paca H (gl2, N = 95) =

29,4 (figura 08). Desta forma, verificou-se que os chamados de alarme de pacas atingem

uma faixa de frequência mais alta que os chamados de cutias.

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Figura 08: Valores mínimos, máximos e mediana da faixa de frequência de Dasyprocta sp. H (6, N = 539) = 156 e C. paca H (gl2, N = 95) = 29,4.

As emissões sonoras de ambas as espécies foram caracterizadas pela baixa

frequência do sinal sonoro emitido em suas vocalizações. O espectro da frequência

mínima dos chamados de cutias apresentou valor da mediana em 276 Hz

H (gl=6, N= 539) = 207,7, e a frequência mínima dos chamados de paca apresentou valor da

mediana em 80 Hz H (gl=2, N= 95) = 66,12 (figura 9). Estes valores demonstram que a

frequência minima dos chamados de alarme de pacas são maiores que as do chamado de

cutias, considerando tanto os valores máximos quanto as medias.

Figura 9: Valores mínimos, máximos e mediana da frequência mínima de Dasyprocta sp. H (6, N= 539)

=207,7 (a), e C. paca H (2, N= 95) = 66,12.

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Os valores da frequência máxima apresentaram valores de mediana de 665 Hz

para os chamados de cutia H (gl = 6, N = 539) = 200, e valor de mediana de 833 Hz para os

chamados de alarme de paca H (gl = 2, N = 95) =104 (figura 10). Podemos observar que os

indivíduos da mesma espécie apresentam valores semelhantes de frequência máxima

dos chamados, porém quando comparamos entre as espécies, verificamos que as cutias

tem chamados com menor frequência máxima, isto e, eles emitem chamados mais

graves.

Figura 10: Valores mínimos, máximos e mediana da frequência máxima de Dasyprocta sp.

H (gl = 6, N = 539) = 200 (a), e C. paca H (gl = 2, N= 95) = 104.

Para caracterizarmos a tendência de variação dos dados e verificarmos se

existem correlações entre os parâmetros físicos dos chamados de alarme de Dasyprocta

sp. e C. paca realizamos uma Análise dos Componentes Principais (PCA). Testamos a

significância entre os agrupamentos obtidos nas análises da PCA com um teste T de

variâncias separadas, pois as mesmas não são homogêneas (F = 8,54 p < 0,01), e

verificamos que as variáveis duração e frequência máxima dos chamados de alarme

foram positivamente correlacionadas (figura 11). Como podemos observar a partir da

primeira e da segunda componentes que explicam juntas 76% de variação nos dados, os

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dois grupos não se sobrepõe. O chamado de alarme de cutias está indicado pelo círculo

vermelho e os de paca pelo círculo azul, se os círculos estão separados significa que os

chamados são diferentes, nesse caso, só uma pequena parte do círculo está em

interseção, sugerindo que eles podem ser diferenciados pelo chamado. Com isso, os

grupos podem ser diferenciados pelo chamado e as variáveis mais importantes na

diferenciação deste chamado são a duração e frequência máxima.

Figura 11: Análise dos componentes principais indicando a correlação positiva entre as variáveis duração

e frequência máxima dos chamados de alarme.

Identificamos durante as observações a ocorrência de sinais visuais associados

aos contextos de emissão dos alarmes vocais caracterizados pela piloereção (eriçamento

dos pelos da região dorsal traseira), a imobilidade com postura de alerta e o foot

drumming (som produzido pelo bater das patas traseiras contra o solo), porém incluímos

em nossas análises apenas as características dos parâmetros físicos do sinal sonoro.

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6. DISCUSSÃO

Evidenciou-se durante este estudo que o chamado de alarme é uma vocalização

presente no comportamento destes roedores mesmo estando em condições cativa. As

características acústicas para discriminar os parâmetros físicos fundamentais desta

vocalização nas espécies de roedores Dasyprocta sp. e Cuniculus paca são

demonstradas na literatura de forma limitada em relação aos parâmetros físicos do sinal

sonoro, a maioria das descrições são onomatopeias pouco precisas (Smythe, 1978;

Meritt, 1983). Chamadas de alarme são sinais de longa distância, os valores encontrados

demonstraram que estruturalmente os parâmetros acústicos destes chamados são

compostos por sinais de baixa frequência e curta duração, possivelmente a faixa de

frequência entre 200 Hz a 1300 Hz é a mais eficiente para propagação dos chamados de

alarme destes indivíduos. Espécies de roedores que habitam a floresta apresentam

vocalizações de menor frequência que as espécies de habitats abertos para maximizar a

distância de transmissão, pois sons de baixa frequência podem contornar objetos e se

atenuam bem menos que os sons de alta frequência (Hanson 2001; Blumstein & Daniel

2004; Swan & Hare, 2008), além disso vocalizações de baixa frequência se propagam

de forma omnidirecional e alcançam maiores distâncias para comunicação (Bradbury &

Vehremcamp 1998).

As características estruturais dos diferentes chamados estão submetidas à

influência do meio em que são emitidos e também no modo como as ondas de som são

propagadas, alteradas e distorcidas (Brown et al. 1995). As análises bioacústicas de

nossos resultados corroboram estes resultados e indicam que há uma predominância por

frequências menores que 1 KHz nos chamados de alarme de cutia e paca. A frequência

dos chamados e a altura em relação ao solo na qual são emitidas são variáveis

importantes na atenuação do som, segundo Marten & Marler (1977) há uma faixa de

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frequência entre 500 Hz e 2000 HZ que recebe menos atenuação se emitidas numa

altura de até 1 metro do solo.

Considerando as condições ambientais dos animais em cativeiro a comparação

das emissões vocais das duas espécies demonstrou haver uma correlação positiva, na

Análise dos Componentes Principais (PCA), entre a duração e a frequência máxima dos

chamados das duas espécies indicando que estes parâmetros físicos, aliados aos fatores

ambientais em que estes indivíduos se encontram em seus ambientes cativos,

apresentam uma proximidade estrutural destes parâmetros físicos. Miller & Gottlieb

(1981), avaliaram os efeitos da domesticação sobre a estrutura acústica dos chamados

de alarme de patos selvagens (Anas platyrhynchus) e patos de uma linhagem

domesticada (Anas platyrhynchus domesticus), igualmente encontraram diferenças

estatísticas nos parâmetros da frequência dominante e duração das notas destes

chamados. Segundo Blumstein & Armitage, (1997), foram encontraram diferenças

significativas nos parâmetros da frequência máxima, faixa de frequência e frequência

dominante dos chamados de alarme de marmotas de barriga amarela (Marmota

flaviventris) de duas localidades distintas (Colorado e Utah, EUA).

Os chamados de alarme de cutias e pacas evocam respostas semelhantes em

situações de ameaças, registramos em nossas observações a associação de sinais de

comunicação visual, como a pilo ereção, sinais sonoros complementares como o ―foot

drumming‖ e o frequente comportamento de vigilância, com o olhar fixado no

observador mantendo a postura de alerta, estes sinais eram associados às emissões

sonoras das duas espécies e foram utilizadas como reforço para denotar maior

agressividade. A associação entre estes contextos permite uma maior compreensão do

significado dos sinais sonoros e possibilita o desenvolvimento de hipóteses sobre as

funções referenciais e motivacionais dos chamados.

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7. CONCLUSÃO

As pesquisas com o repertório acústico destas espécies consolidam uma

estrutura acadêmica voltada para o estudo da biologia de animais silvestres e sua

importância na região Amazônica, estabelecendo metodologias e produzindo bases

significativas para larguear pesquisas a respeito dos elementos comportamentais que

compõe. Um próximo passo de nosso estudo pode ser identificar as causas desse padrão

comportamental nas espécies de roedores e correlacioná-las a uma teoria fundamentada

em dados anatômicos e genéticos. Estes resultados beneficiarão a padronização e

categorização das notas do repertório vocal destas duas espécies, criando um código

específico, o qual futuramente poderá ser usado para comparação em outros trabalhos

de descrições acústicas de espécies de roedores diferentes, porém serão necessárias mais

pesquisas visando entender melhor a comunicação acústica dessas espécies, as

diferenças vocais entre indivíduos e as possíveis diferenças existentes dentro dos grupos

em vida livre.

Em um próximo estudo poderão ser testados a capacidade destes roedores em

discriminar entre as chamadas de alarme (vocalizações co-específicas desencadeada por

eventos alarmante) e as chamadas não-alarme (vocalizações acasalamento), utilizando

playbacks.

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