CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS ANOMALIAS DE...
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CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS ANOMALIAS DE DRENAGEM DA CARTA TOPOGRÁFICA DE RIO BOM – PR
Danieli Barbosa Araújo1 Karine Bueno Vargas²
1. INTRODUÇÃO
As bacias hidrográficas e consequentemente suas redes hidrográficas possuem
um caráter dinâmico, que resultam de uma série de fatores que agem de modo
interdependente como o clima, solo, rocha, relevo, vegetação, tectônica e uso e
ocupação do solo. Sendo esses os fatores que irão caracterizar e determinar as dinâmicas
das redes de drenagem (VARGAS, 2012, p. 13).
As redes de drenagens por apresentarem características tão dinâmicas, exige um
maior cuidado e estudo para compreender suas alternâncias, que mais tarde podem
refletir na vida útil da mesma. Assim, buscando entender as constantes modificações da
rede de drenagem, foi analisada a carta topográfica de Rio Bom- PR, na tentativa de
compreender particularidades como anomalias, padrões de drenagem, densidades de
canais que direta ou indiretamente poderá influenciar na dinâmica fluvial.
Assim, o objetivo do trabalho consiste em caracterizar e analisar a hidrografia
daárea, de modo a compreender seu significado hidrográfico e destacar suas
particularidades. Para tanto, as investigações e caracterizações que foram realizadas, se
1Aluna de graduação da Universidade Estadual de Londrina – email: [email protected] ²Professora colaboradora da Universidade Estadual de Londrina – email: [email protected]
basearam em um estudo de geomorfologia fluvial, possibilitando assim identificar o seu
contexto morfodinâmico e morfoestrutural.
O recorte de estudo refere-se ao Norte Central Paranaense, tendo como base a
carta topográfica de Rio Bom, na escala de 1: 50 000. A cidade de Rio Bom (figura
1)esta localizada na bacia do Ivaí, na microrregião de Faxinal, estando na transição do
Segundo para o Terceiro Planalto Paranaense(MAACK, 2012).
Figura 1- Localização da área de estudo. Fonte: Dal Santo (2012) adaptado por Danieli Araújo, (2014).
1. MATERIAIS E MÉTODOS
Primeiramente foi realizadoum levantamento bibliográfico a respeito do tema,
no intuito de contribuir com a temática da pesquisa. Posteriormente fez-se o
mapeamento da rede de drenagem, realizando a extração e digitalização da drenagem da
carta topográfica pelo Software Coreal Draw, gerando três produtos cartográficos
diferenciados.
O primeiro mapa, intitulado Mapa Hidrográfico, corresponde à representação da
área de estudo, nele está expostoàs informações contidas na carta topográfica de Rio
Bom, onde foi possível a produção de outros mapas e suas análises.No segundo mapa,
denominado Mapa de Hierarquia de Drenagem,foi utilizado o modelo de Strahler
(1952), que quantifica a hierarquização da drenagem. E por fim, o último mapa a ser
analisado e detalhado foi o mapa de Anomalias de drenagem, as quais foram
identificadas com base nos conceitos deanomalias de Howard, (1967).
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A drenagem da carta topográfica de Rio – Bom, encontra-se inserida na Bacia do
Ivaí, a qual se divide em alto, médio e baixo curso, e a área de estudo aqui analisada, se
insere no médio Ivaí.
De acordo com Alves (2011), a bacia hidrográfica do Ivaí:
“ tem grande importância econômica e ambiental para o Estado do Paraná. A
bacia é a segunda maior do Estado e ocupa uma área de 18,2% do território
paranaense, que corresponde a aproximadamente 3.512.026,97 hectares,
segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
(IPARDES, 2007). Os dados obtidos através do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2000), indicam que 21% da população do
Estado do Paraná encontra-se na área de estudo, que possui aproximadamente
1.990.000 habitantes, 78% dos quais estão concentrados na área urbana e
22% na zona rural”
Na tentativa de um maior e mais satisfatório avanço econômico, houve um
intenso desmatamento na região e a implantação de algumas atividades agrícolas,
industriais já provocaram sensíveis alterações. Essas alterações podem vir a repercutir
na estrutura e no desenvolvimento das redes de drenagem presentes nesta bacia, que
mais tarde poderá trazer perdas significativas a população que ali reside.
A geomorfologia fluvial se interessa pelo estudo dos processos de modelagem,
desvios de padrões, desenvolvimento e formas relacionadas ao escoamento de um rio,
que é a corrente continua de água, fonte de vida, e que constituem os agentes mais
importantes no transporte de materiais intemperizados.
Deste modo unindo o estudo das formações fluviais, ao estudo das águas
superficiais, dado pela hidrografia, conseguimos compreender alguns dos fenômenos e
características que ocorrem nos canais de drenagem.
4.1. Mapa Hidrográfico O primeiro mapa deste trabalho, (figura 2) representa o espaço de análise e
estudo desta pesquisa, no qual é possível visualizar as redes de drenagem que compõem
a carta topográfica, assim como a aglomeração dos canais de drenagem em partes
especificas da mesma.
A importância de se analisar os perfis e particularidades da rede de drenagem,
consiste na importância que a água, recurso natural, tem para nós, seres vivos. “ A água
é um recurso natural indispensável para a sobrevivência do homem e demais seres vivos
no planeta. (CARVALHO; SILVA, 2006p.3).
O mapa abaixo representa o recorte da área de estudo, e nele esta representado
todos os canais de drenagem que compõem a carta topográfica.Conforme Christofoletti
(1980), a rede de drenagem é o padrão formado pelos canais de água, rios, lagos, de
uma determinada bacia hidrográfica e são determinados, ou estruturados pelo declive,
topografia do relevo assumindo diversos padrões de drenagem.
Pode-se observar no mapa hidrográfico uma grande densidade de canais de
drenagem e sua concentração em alguns pontos específicos da carta, como na porção
noroeste e norte da carta topográfica. De acordo com autor supracitado, à medida que
aumenta o valor numérico da densidade, há diminuição quase proporcional do tamanho
dos componentes fluviais das bacias de drenagem. Por este motivo a maior parte dos
canais de drenagem é classificada como canais de primeira ordem, que são os canais
mais recentes de uma paisagem, estando em processo de desenvolvimento.
Figura 2 - Mapa Hidrográfico da carta topográfica de Rio Bom, Pr. Escala 1: 50 000.
4.2. Hierarquia de Drenagem A rede hidrográfica comporta variações e arranjos espaciais distintos entre seus
canais, que apresentam ramificações e funcionalidades diferentes dentro de uma bacia
hidrográfica. Esses arranjos distintos são alvo de estudo de alguns pesquisadores como
Horton, (1945), Strahler, (1952), Scheidegger, (1965)eShreve( 1996), os quais criaram
vários conceitos de padrões de quantificação da rede drenagem por ordem de canal, de
acordo com suas interligações com os interfluvios.
O modelo aqui utilizado para a identificação dos canais faz referencia ao modelo
proposto por Strahler (1952), que propõem a identificação dos canais por meio
numérico, ou seja, a hierarquia de drenagem. No mapa abaixo (figura 4),é possível
perceber sua proposta, identificando a presença de canais de primeira, segunda, terceira
e quarta ordem. A hierarquia fluvial estabelece um ordenamento de canais, onde as
drenagens de primeira ordem de acordo com autor representam os menores canais sem
tributários.
Os canais de segunda ordem, surgem da confluência de dois canais de primeira
ordem. Já os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois canais de segunda
ordem e assim segue para os demais canais. Nesta ordenação elimina-se o conceito de
que o rio principal deva ter o mesmo número de ordem em toda sua extensão
(MACHADO; TORRES, 2012).
Figura 4- Mapa de Hierarquia de Drenagem ( Strahler). Escala 1: 50 000
Com base nesta orientação,
de primeira e segunda ordem, que são os canais que se formaram recentemente, estãona
porção norte e noroeste da carta topográfica
apresentam concentrados, havendo uma d
extensão da carta.
4.3 Anomalias de Drenagem
As anomalias são caracterizadas por apresentarem mudanças perceptíveis na
atual estrutura de drenagem, como desvios bruscos no curso de um rio, interrupções e
Mapa de Hierarquia de Drenagem ( Strahler). Escala 1: 50 000
Com base nesta orientação, identificou-se que a maior concentração dos canais
de primeira e segunda ordem, que são os canais que se formaram recentemente, estãona
e noroeste da carta topográfica. Os canais de terceira ordem não se
apresentam concentrados, havendo uma distribuição regular do mesmo durante toda a
4.3 Anomalias de Drenagem.
As anomalias são caracterizadas por apresentarem mudanças perceptíveis na
atual estrutura de drenagem, como desvios bruscos no curso de um rio, interrupções e
se que a maior concentração dos canais
de primeira e segunda ordem, que são os canais que se formaram recentemente, estãona
. Os canais de terceira ordem não se
istribuição regular do mesmo durante toda a
As anomalias são caracterizadas por apresentarem mudanças perceptíveis na
atual estrutura de drenagem, como desvios bruscos no curso de um rio, interrupções e
formação de níveis isolados, curvas sinuosas. Um dos fatores que influencia na
composição das anomalias são as estruturas geológicas e as atividades tectônicas.
Na (figura 5) é possível identificar as principais anomalias
encontradasna carta topográfica de Rio Bom, como segmentos retilíneos, curvaturas
anômalas, drenagens radiais.
De acordo com Christofoletti(1974);
Os canais retos são aqueles em que o rio percorre um trajeto retilíneo, sem se
desviar significativamente de sua trajetória normal em direção a foz. Os
canais verdadeiramente retos são muito raros na natureza, existindo
principalmente quando o rio esta controlado por linhas tectônicas, como no
caso de cursos de água acompanhando limites de falha.
É possível observar na carta de Rio Bom, trechos retilíneos presentes em alguns
canais de drenagem, resultantes de processos anômalos. A concentração destes canais
tem destaque na parte sul da carta topográfica, sendo possível, também, encontrar
alguns agrupamentos na parte norte da mesma, em um total foram identificados 29
canais retilíneos. Estão geralmente associadas à fraturas, falhas, veios, diques e juntas
(VARGAS, 2012).
Também se identificou canais com curvaturas anômalas, os quais se apresentam
bem distribuídos pela carta. Uma pequena aglomeração das curvaturas anômalas são
encontradas no noroeste da carta topográfica. Segundo Vargas (2012), as curvas podem
ser consideradas anômalas quando estão transversais ao canal, provocando desvios e
curvas ao redor das feições ou bloqueio nos tributários, que são refletidos para uma
drenagem vizinha ocorrendo o abandono de canais. As curvaturas anômalas estão
associadas ao controle estrutural, e podem ser indicativos de tectônica recente ou
inversão de relevo.
Figura 4 - Mapa de Anomalias de Drenagem. Escala 1 : 50 000
As drenagens radiais ocupam cinco grandes áreas da carta, tendo sua
concentração localizada na porção norte da mesma. Os padrões de drenagens radiais e
sub-radiais são comuns nas áreas dos derrames ígneos e nos planaltos periféricos da
Bacia Sedimentar do Paraná, o que reforça sua origem lacolítica (VARGAS, 2012) .
A drenagem radial se apresenta composta por canais fluviais que se encontram
dispostas como o raio de uma roda, em relação a um ponto central. Tal formação pode
se dar por rebaixamento, ou por processos de soerguimento do relevo, fazendo com que
os canais de drenagem se concentrem em um ponto comum. A drenagem radial,
algumas vezes pode ser indicativo de domos que em alguns casos a sua origem “sugere
uma gênese associada à atividade intrusiva, com consequente elaboração de uma
abóbada topográfica (VARGAS, 2012)
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Os cursos dos rios vão, portanto, se alterando, modificando suas formas, se
adaptando e moldando estruturas no relevo. A essas novas formas e estruturas
chamamos de irregularidades ou anomalias, que ocorrem pela ação endógena e exógena
da crosta terrestre, dando novos rumos aos cursos dos rios, modificando seu perfil de
origem e os que dependem do mesmo.
Desta forma, entender as dinâmicas das bacias de drenagem, assim como os
agentes modeladores e modificadores de sua estrutura, acaba sendo de grande
importância tendo em vista que um fenômeno de desvio, torção ou morte de um canal
pode se dar devido a alterações crustais na morfologia do terreno. Percebendo, assim a
importância que a água apresenta a nós seres vivos, é fundamental todo estudo, análise e
medidas preventivas para conservação da mesma, assim como o entendimento evolutivo
dos corpos d’ água.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DAL SANTO. T. A aplicação de perfis de varredura na análise geomorfológica do relevo das bordas planálticas – Divisa entre o Segundo e Terceiro Planaltos Paranaenses. Monografia. UniversidadeEstadual de Maringá. Maringá, 2012. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. Edgard Blücher. São Paulo, 1980.
HOWARD, A. D. Drainage analysis in geologic interpretation: summation. Bulletin American AssociationofPetroleumGeologist, 51(11): 2246-2259, 1967. MACHADO, P. J. O. ; TORRES,F. T. P. Introdução a Hidrogeografia.Cengage Learning. São Paulo. 2012 p.43. STRAHLER, A. N. Hypsometric (areal-altitude) analysis of erosional topography.Geol. Soc. Am. Bull., 63:1117-1142, 1952. VARGAS, Karine Bueno. Caracterização morfoestrutural e evolução da paisagem da bacia hidrográfica do ribeirão água das antas – PR. 2012. 10 MAACK, R, Geografia Física do Paraná. 4.ed. Rio de Janeiro: J.Olimpio, 2012. 450p ALVES, CORREIA. Caracterização física da bacia hidrográfica do rio ivaí: uma abordagem dos aspectos da geologia, geomorfologia, pedologia e fitogeografia. Semana de Geografia. Maringá, 2011. Disponivelem :<http://www.dge.uem.br/gavich/downloads/semana11/Eixo3/Eixo3-03.pdf> . Acesso em 16/06/14.